A Ordem de Voldemort



Bellatrix caminhou lentamente em direção a porta de ferro que acabara de surgir em meio a rua em que se encontrava. O pôr-do-sol encaminhava-se para o horizonte e ninguém mais estava andando pelas ruas do Lago Grimmauld. Ela recebera as ordem diretas de entrar na casa e tentar recuperar um objeto que, aparentemente, parecia ter uma importäncia grande para o Lorde Negro.
'Vá até lá e procure pelo medalhão do qual lhe avisei' - fora a última mensagem recebida de Voldemort para ela.
Com a morte de Sirius, a casa dos Black aparentemente havia sido passada para a posse de Harry. Estranhamente, Bellatrix também conseguia entrar na casa como se fosse a sua própia. Ela descobrira isso a mando de seu mestre nos últimos meses. Ela não sabia o motivo de tanta importância dada pelo Lorde Negro àquela casa, mas sabia que devia obedecê-lo e que havia alguma razão para aquilo tudo.
'Tanto eu como aquele maldito Harry Potter fomos selados com a posse da casa. Que ironia.' - pensou Bellatrix.
Andando pelo gramado úmido do verão, olhou ao redor para ver se algum trouxa estava por perto e abriu a porta da casa. Uma escuridão reinava do lado de dentro e um silêncio mortal dominava o hall de entrada.
'Bem, está exatamente como o Lorde Negro disse que estaria.... vazio.' - pensou ela.
Virando-se para o lado, viu uma grande escadaria que levava aos andares superiores. Mais a direita havia um corredor que, aparentemente, levava a cozinha.
‘Lumus!’ – gritou Bellatrix.
Quando a chama de luz rompeu de sua varinha, um grande lustre brilhante pôde ser visto no teto. Quadros espalhavam-se pela parede. A casa parecia ter sido abandonada a algum tempo.
‘A famosa casa dos Black – pensou Bellatrix, dirigindo-se a escadaria – A casa de meus antepassados.’
Subindo degrau por degrau, prestava atenção aos quadros e a qualquer sinal do objeto que procurava. Ela precisava encontrar de qualquer maneira aquele medalhão que lhe fora pedido. Precisava se redimir do fracasso que tivera com a captura de Harry Potter na Toca. E só conseguiria isso achando o medalhão que Voldemort pedira para ser encontrado naquela casa. Embora não soubesse o que ele significasse, Bellatrix iria fazer de tudo para encontra-lo.
Rodeada de pensamentos, Bellatrix parou no meio da escada quando estava subindo. Parecia ter ouvido algum som vir do hall de entrada logo abaixo. Tirando sua varinha do bolso, voltou-se e estava começando a descer quando sentiu um pequeno calafrio percorrer-lhe o corpo.
‘Quem está aí? Apareça, verme!’ – gritou.
Silêncio. Não houve resposta a sua pergunta.
Dando uma última olhada para baixo, tornou a subir as escadas, chegando no andar superior. Havia quartos empoeirados com pequenas camas e algum ou outro armário naquele andar. Bellatrix revirou os cômodos apressamente em busca do medalhão.
‘Mas afinal, onde ele foi colocado? Aliás, quem o colocou nessa casa?’ – perguntou-se.
Percorrendo agora o último andar, nada encontrou além de alguns objetos antigos e alguns pertences pessoais da família Black. Não havia nem sinal de algum medalhão ou algum lugar onde ele pudesse estar escondido. Terrivelmente, um sentimento de desespero atingiu-lhe o peito. O que lhe aconteceria se, em mais uma missão, ela falhasse? O que Voldemort pensaria dela e como a trataria se a visse voltar de mãos vazias novamente?
Quando ela estava saindo de um dos cômodos superiores, imaginando idéias e novos lugares para tentar procurar novamente o medalhão, um som inconfundível de alguém andando no assoalho de madeira chegou-lhe aos ouvidos. Sem saber como reagir àquilo, escorou-se em uma parede apontando a varinha em direção a porta do cômodo.
‘Lague a sua varinha, Bellatrix.’ – disse uma voz que a mulher logo reconheceu.
‘Snape! O que você está fazendo aqui?’ – perguntou-lhe então.
‘Adivinhe. - disse Snape, saindo das sombras da escuridão do corredor e entrando no quarto.
Bellatrix mirou-o nos olhos. Havia algo de estranho nele. Algum tipo de olhar que ela não compreendeu naquele momento.
‘Me vigiando, é? – indagou Bellatrix. – Agora que você virou o `fiel comensal` de Voldemort, não?’
‘Você realmente não entende muitas coisas. – disse Snape, com um sorriso sinistro entre os lábios.’
‘Não entendo? Eu estou fazendo o meu trabalho, Snape! – disse Bellatrix, aos berros - Um trabalho que me foi destinado! Um trabalho digno de uma REAL fiel do Lorde Negro. Uma fiel que ficou presa em Azkaban por anos a espera da volta de seu mestre, diferente de pessoas como você que ficaram para trás permaneceram do outro lado enquanto o mestre estava derrubado.’
‘Já lhe expliquei o motivo do meu distanciamento, Bellatrix. Aliás, eu acreditava que a morte de Dumbledore pudesse lhe provar isso.’
‘Ah, claro. Você fica anos sem estar do lado do mestre e quanto ele retorna, aproveita a deixa e mata Dumbledore como se pudesse se redimir facilmente do que fez. E mesmo assim, o Lorde Negro o tem novamente como o seu ‘fiel escudeiro’.’
‘Acredito que você está longe de ter direito de julgar quem Voldemort considera um ‘Comensal fiel’.’ – disse Snape, um novo sorriso crispando-se em seu rosto.
Bellatrix apontou o dedo para Snape.
‘Você! Você é a culpa de tudo isso! Até você ‘reaparecer’, tudo estava bem!’
‘Voldemort tem preferências por Comensais que realmente o ajudem e não ponham em riscos seus planos, Bellatrix – disse Snape ironicamente – E não aqueles que fracassam em suas tarefas. Você falhou na captura da profecia, mas Voldemort lhe deu uma nova chance, diferente de Lucio Malfoy. Embora você achasse que pudesse recuperar a antiga confiança do mestre em você, você se deparou comigo e temeu o meu retorno e o seu possível esquecimento, não é mesmo?
Bellatrix o olhava, perplexa. Ao final das contas, o que ele acabara de lhe dizer era a mais pura verdade.
Idiota. Você devia estar morto tal qual aquele velho maldito! – gritou Bellatrix.’
Snape apontou a sua varinha para o rosto da mulher. Bellatrix recuou alguns passos, embora estivesse alerta e segurando sua própria varinha firmemente na mão.
‘Sabe, você realmente mostrou-se imprestável. Presumo que ter buscado a captura de Harry na casa dos Weasley sem o mando de Voldemort tenha lhe conferido uma imagem totalmente perturbadora ao Lorde, não? Mesmo sem o mestre lhe ter dado autorização para conferir aquele ataque, você procurou pegar o garoto, parecendo se esquecer dos vários membros da Ordem no local!’
‘O que eu fiz ou deixei de fazer, não lhe importa! – disse Bellatrix, seus olhos queimando de fúria. – Eu estava tentando recuperar a minha importância e o reconhecimento merecido por mim!’
Snape soltou uma gargalhada fria e alta no cômodo, que pareceu expandir-se para todas as dimensões da casa.
‘Reconhecimento merecido, você diz? Tudo o que você fez foi quase arruinar os planos de Voldemort. E, é claro, Voldemort não deixa passar as coisas a limpo.’ – disse ele.
‘O que você quer dizer?’ – perguntou Bellatrix, agora com um tom preocupante em sua voz.
Mas Snape silenciara. Estava observando os móveis antigos e empoeirados ao seu redor. Virando-se para o lado e deixando os cabelos oleosos caírem pela sua face, Snape recomeçou a falar, agora com outras feições surgindo em seu rosto.
‘É estranho estar de volta na sede da Ordem da Fênix.’ – disse ele.
‘A sede? – perguntou Bellatrix, perplexa – ESTA era a sede da Ordem? Aquela que você procurava a todo custo não revelar aonde ela estava?’
Snape tornou a olhar para ela.
‘Aquela que Voldemort não quis que eu revelasse a sua localização, você quer dizer. – disse calmamente Snape – Sim, esta era a sede da Ordem. Ninguém mais usa a casa faz um tempo.’
‘Mas... a sede da Ordem era exatamente a casa dos Black?’ – disse Bellatrix, tentando raciocinar o máximo que podia.’
Snape ficou calado por alguns segundos, como se pensando em algo ou recordando-se de memórias que vinham daquela casa.
‘Exato. E o lugar onde VOCÊ veio procurar o medalhão. Mas, como eu presumi que seria, você não o encontrou.’
E, apontando a varinha para Bellatrix, disse:
‘Crucio’.
Bellatrix caiu ao chão repentinamente, gemendo e gritando de dor como se estivesse levando facadas em todos os pontos de seu corpo. Uma dor que de tão insuportável que era, dominou-lhe a alma e os sentidos.
‘Você falhou pela última vez e pôs em jogo os planos de Voldemort. Segundo as ordens de Voldemort, você precisa ser eliminada. E, acredite minha cara, muitos ainda terão surpresas em relação a toda essa história. Ela terá um fim logo, Bellatrix. Pena você não poder ver o que o tempo aguarda para os futuros dias de glória e a queda do que deve ser vencido e destruído.’
E, com um último olhar para o rosto da mulher, gritou:
‘AVADA KEDAVRA’.
O silêncio tornou a invadir a casa dos Black no momento exato em que o corpo de Bellatrix caiu estirado ao chão, morto.

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