R.A.B
Harry estava tentando compreender o que o homem acabara de dizer. As palavras de Melkor estavam ressoando em sua mente, munindo seus pensamentos de incertezas e dúvidas. R.A.B era na verdade um grupo?
'Espere aí. Quer dizer que VOCÊ e mais duas pessoas tem o conhecimento da profecia?' - perguntou, incrédulo, Harry.
'Sim. Não só da profecia em si, mas de muitas coisas.' - disse Melkor.
Harry ergue-se da cama. Os raios de sol vindos da janela iluminaram uma face de surpresa e indignação. Dumbledore havia lhe dito que somente ele e Harry tinham conhecimento da profecia. Como podia aquele homem diante dele saber dela?
'Foi você quem destruiu o Horcrux que estava naquela caverna?' - perguntou o garoto.
'Não. Foi outro dos integrantes do grupo. O mais importante deles. Mas, antes de mencioná-los, gostaria de lhe explicar o que significa, em si, o grupo R.A.B.' - disse Melkor.
Caminhando lentamente pelo quarto, Harry viu o homem abrir uma das portas de um armário e procurar por algo em seu interior.
Melkor virou-se para ele mostrando um pequeno desenho em um papiro de uma espécie de escala onde cada degrau era preenchido pelo nome de três pessoas.
'Em primeiro lugar, R.A.B. nem sempre teve esse nome. A cada geração e a cada nova formação do grupo, o seu nome muda compondo então as iniciais dos nomes de cada integrante.'
Harry olhou fixamente para o papiro e a escala de gerações e disse:
'Mas, há algo errado, senhor. Seu nome é Melkor, e mesmo assim R.A.B. nao possui nenhuma letra que coincida com M.'
Melkor mirou-o atentamente nos olhos novamente.
'Meu nome verdadeiro não é Melkor. Uso este nome para esconder a minha verdadeira identidade. Voldemort está atrás de mim, óbviamente, e você não pode enxergar o quão fina é a linha sobre a qual minha vida está caminhando.' - disse seriamente o homem.
'Você está sendo perseguido porque... o integrante do seu grupo encontrou o Horcrux?' - perguntou Harry.
'Não, Harry. A magnitude dos atos desse grupo secreto é baseada numa ação conjunta. O que um faz, significa que todos o fizeram ou desejavam que aquilo fosse realizado.' - disse Melkor.
Harry olhou para a face do homem a sua frente e seus olhos fitaram o pequeno colar com o signo do dragão que estava em seu pescoço. Como se Melkor tivesse reparado o desvio do olhar do garoto para seu colar, começou a falar:
'Este colar é o símbolo de nosso grupo. São colares especiais, Harry. São passados de geração a geração para pessoas que o mereçam. Os colares escolhem quem os usará. Somente para quem o colar achar merecedor de seu uso, ele fornecerá o seu poder. Não é qualquer pessoa que possui a capacidade de usá-lo. Para quem não tiver sido escolhido por ele, o colar de nada pode servir além de um simples adorno.'
'Esse colar possui um poder?' - perguntou Harry, assombrado.
'Sim. Ele possui o poder de tornar as coisas fáceis, óbvias, e acima de tudo, possíveis para um bruxo, Harry'.
'Mas, o que o colar e o seu grupo tem a ver com tudo isso? - perguntou o garoto.'
'Ah... já chegaremos lá também. Primeiro, acho que preciso lhe dizer quem são os outros dois membros do grupo.' - disse Melkor - 'Um deles é meu pai. O outro, aquele que causou todo o mal aquela noite na Toca, era a minha irmã.'
Harry parou estupefato com a notícia. A pessoa que tivera feito todos aqueles feitiços para que Harry caisse em sua armadilha era na verdade a irmã de Melkor? Como poderia ser?
'Os outros membros são os seus próprios familiares???' - perguntou ele.
'Sim. Os colares foram-nos destinados para que pudessemos formar a nova geração do grupo. Só que não sabíamos que isso iria ser o fracasso de nossa família e o fim da evolução gradativa dos grupos, meu caro.'
Melkor aproximou-se de Harry mais ainda. Parecia estar tenso e Harry pôde ver nitidamente em seus olhos uma certa tristeza e cansaço, que aos poucos iam tornando-se mais evidentes.
'Esse grupo secreto existe há mais tempo do que você imagina. Várias gerações já foram seus integrantes e ele tem um único propósito de existir: lutar contra as Trevas e qualquer ameaça que se coloque tanto ao mundo mágico como ao mundo dos trouxas simultaneamente' - disse o homem.
'Mas... esse não é o trabalho que a Ordem faz?' - perguntou Harry.
'Bem, sim. Mas esse grupo tende a agir através de espionagens e uso de poderes excessivos, poderes esses ganhos pela utilização dos colares. Sendo um grupo secreto, ele pode agir de forma anônima e ao mesmo tempo procurar derrubar aos poucos os tempos de escuridão que se aproximam.' - disse Melkor - 'A Ordem preocupa-se em conseguir trancar e eliminar as barreiras, mas, bem, todos sabem que a Ordem existe, ou já ouviram falar. A Ordem apenas mantém em segredo os seus integrantes. Diferente de nosso grupo, que até a sua própria existência era escondida.'
'Era? Por que você disse 'era'? Não é mais?' - perguntou Harry.
'Não, meu garoto. Não é mais. E este é o momento que devo lhe contar sobre os acontecimentos que resultaram nesse caos.' - disse o homem, seriamente, e tornou a sentar-se na cama.'
Harry estava tenso. Recebera uma avalanche de informações em menos de meia hora, e sabia que estava ainda longe de saber toda a verdade. Lembrava-se da forma branca e,aparentemente, incorpórea que azarara sua vassoura e o fizera cair em direção a floresta. Harry já estava abrindo a sua boca para falar algo quando Melkor o interrompeu.
'Bem, meu nome, em primeiro lugar, não é Melkor, como já lhe disse. É Rupert Golven.'
Harry tentou se lembrar daquele nome. Embora nada lhe viesse a mente, Harry sempre tivera a impressão de que vira o homem a sua frente em algum lugar.
'O nome de meu pai é Angrel Luminastar Golven. Minha irmã se chama Bia Golven. E aí está a formação do nome de nosso grupo atual, como você bem mesmo deve ter reparado: R.A.B.. Rupert. Angrel. Bia.'
'Mas... Rupert... eu não entendo. Eu vi o bilhete de seu grupo em sua caverna. Lá dizia algo do tipo: 'Quero que saiba que fui EU quem descobriu seu segredo' como se fosse alguém único que estivesse lá, escrevendo aquela mensagem.'
'Você não prestou atenção no que eu lhe disse, Harry? Todos os atos que nós realizávamos eram considerados como de um acordo estabelecido entre os três membros do grupo. É razoável, para tanto, utilizarmos esse tipo de comentário, não individualizando cada membro e sim, considerando-os como se fossem um só, com um só pensamento.'
'De qualquer forma, como vocês descobriram esse segredo de Voldemort? Como vocês descobriram a existência dos Horcruxes?' - perguntou Harry.
Melkor, nesse instante, parou de falar e apenas ficou encarando o garoto. De repente, virou-se para o chão e começou a falar como se estivesse envergonhado de algo que havia feito.
'Harry. Por favor, você precisa entender isso. Nós sabíamos que Voldemort havia retornado. Dumbledore havia falado aos quatro cantos do globo da notícia e, embora o Ministério da Magia tenha contradito tudo o que Dumbledore dissera, eu sabia que ele estava certo. Não só eu sabia, como meu pai e minha irmã também.' - começou a falar Rupert, agora de pé novamente.
'Nós tinhamos que agir, entende? E precisávamos de algo que poderia nos fornecer informações sobre Voldemort. O caso é que nos tornamos Comensais da Morte, Harry.'
Harry parou assombrado.
'VOCÊ É UM COMENSAL DA MORTE?' - gritou Harry.
'Não, não mais. Por favor, entenda Harry. Deixe-me que eu continue minha história.'
Mas Harry já estava enraivecido e pulou a frente de Rupert. Sua raiva dominando-lhe o corpo e um nojo repulsivo crescendo-lhe pelo corpo.
'Se você disse que Dumbledore deixou de em você, então também não posso confiar.'
'HARRY! PRESTE ATENÇÃO ANTES DE TER PENSAMENTOS ERRÔNEOS SOBRE MIM!' - gritou Rupert. Sua voz tornou-se extremamente grossa e ameçadora na forma como lhe disse.
Rupert afastou-se alguns passos, ainda olhando para o rosto de Harry.
'Desculpe-me. Você não tem culpa. O fato é que precisávamos fingir estar do lado de Voldemort para que conseguissemos informações a seu respeito e pudessemos agir posteriormente.'
'Como se Voldemort fosse acreditar em vocês! Ele é o Mestre da Legiliminência! - gritou Harry.
'Oh, sim - disse Rupert - mas esta é uma das belezas desses colares. Eles permitiram-nos usar e modoficar nossos pensamentos para que Voldemort não descobrisse a verdade lendo nossas mentes. Ninguém mais conseguiria fazer isso no mundo sem o uso dos colares.'
'Você quer dizer que através desse colar você conseguia enganar Voldemort?' - perguntou Harry, incrédulo, parecendo não acreditar.
'Não. Não há como enganar Voldemort. O que estou dizendo é que pudemos ganhar tempo suficiente para descobrirmos coisas importantes dele. Alguns dos segredos que ele não cobrava esforços para manter escondido.'
Harry entendeu na hora o que Rupert quisera dizer.
'Os Horcruxes.' - disse o garoto.
'Exatamente, Harry. Os Horcruxes. Pois bem, vou lhe resumir a história. Soubemos dos Horcruxes e corremos para tentar destruí-los o mais rápido que pudemos. Foi então que fomos até aquela caverna onde você esteve com Dumbledore o ano passado.'
Rupert pareceu aumentar suas feições de tristeza e angústia em seu rosto. Com certeza, algo terrível acontecera naquele dia em que ele mesmo estivera na caverna.
'Meu pai chamou aquele lugar de Lago dos Mortos, quando o viu' - disse Rupert.
'E não há nome mais adequado' - pensou Harry, lembrando-se, tristemente, da caverna. Havia pessoas mortas no pequeno lago que separava as paredes da caverna de um pequeno altar com o Horcrux de Voldemort. E esses mesmos cadáveres eram os que erguiam-se para matar quem tivesse ousado roubar a alma de Voldemort, no centro do lago.
‘Bem – disse Rupert, uma lágrima escorrendo-lhe do olho – Você sabe o que tivemos de fazer. Um de nós tinhamos de nos sacrificar. Um de nós precisava beber a poção. Que ironia do destino. Um grupo unido, mentalizado como a agirem como um só, estavam diante de uma situação onde cada um deixava de ser parte de um todo. Onde um de nós tinha de se sacrificar pelos outros dois.’
Harry lembrou-se terrivelmente de Dumbledore pedindo-lhe para que não parasse de dar-lhe a poção para ele beber. Lembrava-se dos berros e gritos vindo de sua face rosada, e o seu olhar angustiado através dos seus óculos de meia-lua.
‘Por que você está me contando tudo isso? Por que? – gritou Harry.’
‘Deixe-me terminar a história, garoto.’ – disse pacientemente Rupert – Acho que a penseira pode nos ajudar.’
Harry olhou para onde Rupert estava apontado e viu a bacia com um líquido borbulhante em cima da escrivaninha, a mesma que vira anteriormente, quando acordara.
‘Você também possui uma penseira?’ – perguntou Harry.
‘Sim, agora venha.’
Puxando a varinha de seu bolso, Rupert caminhou até onde a bacia se encontrava. Pegando-a e colocando-a no centro da cama, o homem encostou a varinha em sua cabeça e uma pequena onda cristalina começou a envolvê-la imediatamente. Harry ficou observando a cena enquanto Rupert colocava suas lembranças na penseira.
‘Pode entrar, Harry. Vou logo depois de você’.
Harry olhou-o atentamente, desconfiado. Aquelas eram as mesmas palavras de Dumbledore, sempre que Harry entrara na penseira.
Virando-se para baixo, curvou-se sobre a bacia e mergulhou a face no líquido borbulhante.
Quando Harry tocou no chão ao seu redor, uma onda de aflição envolveu-lhe. Ele estava na caverna, no meio do círculo de pedras onde ele estivera com Dumbledore. E ali encontrava-se Rupert, com um casaco marrom caindo-lhe pelo corpo. Ao seu lado, um homem aparentemente velho olhava a bacia calmamente. Virando-se para o outro lado, Harry reparou no corpo de uma mulher que só poderia ser de Bia. Ela possuía uma beleza incrível e estava parada, olhando ao seu redor com os olhos arregalados. Seus cabelos lisos e pretos caiam-lhe pelos ombros. Rupert surgiu ao seu lado, observando a cena juntamente a Harry.
‘O que devemos fazer?’ – perguntou o Rupert antigo.
‘Não podemos tocar na poção – disse Angrel. Isso é magia típica do Lorde Negro. Ela só pode ser letal.’
Houve um momento de silêncio.
‘Precisamos tomá-la. – disse Rupert – Um de nós precisa fazer isso para alcançar o Horcrux. Eu consigo vê-lo através da poção, pai!’
Rupert aproximou-se do altar e olhou ao seu redor.
Foi então que Harry fitou Bia por um instante e viu o seu olhar. Ela estava com uma expressão perturbadora, como se ao mesmo tempo parecesse desesperada e arrependida por estar ali. Uma nuvem negra encobria o seu olhar e ela mirava fixamente o altar e a poção.
Foi então que Harry surpreendeu-se ao ouvir a sua voz pela primeira vez. Era uma voz suave, mas que Harry percebeu imediatamente o tom perturbador que ela estava usando para falar.
‘Beba, papai. Beba a poção. Beba por nós.’
Rupert virou-se indignado para ela.
‘O QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO??? POR QUE ESTÁ MANDANDO O NOSSO PAI BEBER A POÇÃO?’ – gritou ele.
‘Não estou mandando. Estou pedindo. Ele é o nosso pai. Tem de sacrificar-se por nós.’ – respondeu Bia.
Rupert parecia estar sem fala. Não acreditava no que estava ouvindo de sua irmã. Angrel não havia falado nada até agora. Estava de olhos fechados, e seus filhos estavam um de cada lado.
‘Por que você está falando desse jeito, Bia? Você NUNCA foi assim!’ – gritou Rupert.
‘Eu falo a verdade. – disse Bia e virou-se para o pai. – Pai, beba a poção.’
Rupert, assombrado, virou-se para Angrel.
‘Não a escute, pai. Se é para alguém se sacrificar aqui, esse alguém não será você! Como você ousa, Bia...Como você ousa escolher o nosso pai simplesmente porque lhe convém? VOCÊ...VOCÊ NÃO TEM UM PINGO DE COMPAIXÃO? VOCÊ NÃO AMA O SEU PAI?’
Bia não respondeu. Parecia estar decidida em alguma coisa.
‘Beba, pai. – continuou ela.’
Rupert virou-se para o altar. Pegou a taça que envolvia a poção e preparou-se para virar em sua boca quando Angrel segurou-lhe o braço.
‘Ela está certa. Eu devo me sacrificar por vocês e pelo Horcrux.’ – disse Angrel.
‘NÃO, PAI! EU VOU BEBER ELA! FIQUE ONDE ESTÁ.’
Harry pôde divisar um leve sorriso surgindo na face de Bia. Como ela poderia sorrir diante a morte de seu pai? Como poderia ela ser tão fria, a ponto de pedir-lhe tal ato? Harry percebeu naquele instante como Voldemort tinha a grande capacidade de causar a discórdia entre os seus inimigos. Esse era um dos grandes trunfos que ele possuía.
‘Rupert – começou a dizer o velho homem – Você precisa viver. O grupo continuará. Deixem que o meu colar escolha o próximo representante. Eu preciso acabar com este Horcrux.’
‘Mas, pai... – começou a dizer Rupert, com os olhos cheios de lágrimas.’
Porém, Angrel já havia começado a beber a poção do altar, com as próprias mãos. Uma dor incrível pareceu dominar-lhe o corpo e ele caiu de joelhos ao chão.
‘PAI!!! – gritou Rupert.’
Bia estava parada, olhando para os outros dois. Então, seu olhar vagou para a poção que ainda existia na taça no altar.
‘Ele precisa continuar a beber’ – ela disse. E, friamente, segurou a poção entre as mãos, em forma de concha e levou-a a boca de seu pai.
‘NÃO! PARE! A ESCURIDÃO ESTÁ DIANTE DE MEUS OLHOS! PARE..... PARE....POR FAVOR! EU NÃO QUERO BEBER!– gritou Angrel.’
‘PARE COM ISSO! NOSSO PAI NÃO SUPORTA MAIS!’ – gritou Rupert.
‘Ele precisa beber. – disse ela. – Precisa terminar de beber a poção. Precisa se sacrificar.’
E, quando ele preparava-se para impedi-la de entregar a poção a Angrel, ela apontou o dedo para Rupert, um colar com um signo de um dragão brilhando em seu pescoço, e gritou:
‘Longineus Tormentus!’
Rupert foi lançado para perto do lago e ficou ali, estatelado ao chão, girando o corpo incontrolavelmente.
Harry estava estupefato com o que estava acontecendo diante de si. O que Bia estava fazendo, afinal?
‘Agora, beba, papai. – disse ela, entregando mais da poção a Angrel.’
Em meio ao desespero e aos gritos horripilantes do velho, Harry viu Bia terminar de dar-lhe a poção e tornar a olhar para o altar.
Angrel estava debilitado, caído ao chão, agonizando.
‘Você precisa entender, Rupert – disse Bia, aproximando-se do altar e segunando um grande medalhão em suas mãos – Você precisa entender que o Horcrux é o que mais importa aqui.’
Rupert parou de girar e caiu de costas para o chão. Correndo para tentar ajudar o seu pai a se recuperar, ele viu Bia com o medalhão em suas mãos, olhando-o atentamente, como se fosse uma relíquia. Bia colocou-o em seu bolso e pegou um pequeno papel com um medalhão diferente, colocando-o no altar. Harry percebeu o ódio crescente no rosto de Rupert. Ele sabia que, por mais que alguém tivesse de ser sacrificado, Rupert o teria feito no lugar de seu pai.
‘Rupert... – começou a falar lentamente Angrel, caído ao chão, aos braços do seu filho – salve o nosso grupo. Salve-nos das Trevas. Salve-nos de Voldemort... – e deu uma grave tossida – Confio em você.’
Repentinamente, ele abriu os olhos e levantou-se com a varinha em punhos.
‘Fujam! Vocês dois!’
Mortos-vivos estavam saindo do lado a todo instante, cercando-os. Bia estava aterrorizada com o que estava acontecendo. Rupert olhou dos mortos-vivos para Angrel. Seu pai estava se sacrificando mais uma vez, obtendo os últimos resquícios de força que ainda existiam nele.
Com o colar brilhando em seu pescoço, Angrel disparava feitiços para todos os lados, esforçando-se ao máximo.
‘FUJAM, EU DISSE! O COLAR ESCOLHARÁ O PRÓXIMO DO GRUPO! FUJAM!!!’ – gritou Angrel, tirando o colar de seu pescoço e atirando-o para Rupert.
Harry estava olhando aquela cena parecida com o que ele vivera meses atrás quando uma voz surgiu ao seu lado.
‘Está na hora de voltarmos’ – disse Rupert, os olhos cheios de lágrimas.
Harry sentiu seu corpo desmanchar-se e surgir novamente no quarto da casa do homem. Ele estava de pé agora, muitos pensamentos cobrindo-lhe a mente.
‘Por que sua irmã está fazendo tudo isso? Por que ela desejou que seu pai morresse? E por que agora ela está nos atacando se você mesmo disse que haviam tornado-se Comensais da Morte com o único propósito de espionar Voldemort?’ – gritou Harry.
‘É isso que venho tentando lhe explicar a um bom tempo. E preste atenção, pois não gostaria de repetir toda a verdade que irei lhe contar.’ – começou a dizer Rupert, sentando-se na cama e olhando diretamente nos olhos de Harry.
Harry voltou-se para o lado. Rupert parecia transtornado com o assunto. Havia ocorrido algo com sua irmã, Harry sabia, mas não podia imaginar o que levara Bia a atacá-lo aquela noite na casa dos Weasley. Segundo Rupert, o grupo secreto R.A.B. havia sido criado para defender o mundo bruxo e o trouxa das Trevas e da Magia Negra. Por que Bia estava realmente se aliando aos Comensais da Morte?
'Harry... muitas coisas aconteceram depois daquilo que você acabou de ver na penseira' - disse Rupert - 'Muitas coisas mesmo. Você deve ter imaginado que depois do que aconteceu na caverna, houve um certo distanciamento entre mim e Bia.'
'Mas ela pegou o medalhão! E... se ela agora faz parte dos Comensais, o medalhão deve ter voltado a Voldemort!' - gritou Harry.
'Não. O medalhão ficou comigo. Eu retirei das mãos dela e o guardei mais tarde. Aparentemente, ela se arrependeu disso mais tarde. De qualquer forma, Bia, naquela época, estava transtornada com alguma coisa. Acredito que ela estava sendo ameaçada por Voldemort e que o nosso grupo havia sido descoberto.'
'Mas... se Voldemort tivesse descoberto que vocês pertenciam a um grupo de espiões dentro dos Comensais da Morte, ele iria matá-los!'
'Ah... ocasionalmente sim, Harry. Mas, diante dos fatos ocorridos, acredito que Voldemort descobriu o poder dos colares. E descobriu também que o seu alcance só era destinado àqueles que os merecessem. Obviamente, Voldemort nunca conseguiria fazer uso do colar. Para ele, o colar não passaria de um adorno, sem poder e sem diferenciação.'
Harry mirou-o por um tempo e pensou:
'Ele não está querendo dizer que Bia é inocente! Eu vi os olhos dela e o seu sorriso na penseira!'
Rupert levantou-se, como se tentando prestar atenção em algum som que tivesse ouvido do andar abaixo. Mas, depois de alguns segundos, voltou-se novamente para Harry.
'Existem algumas dúvidas. E creio que existem duas possibilidades. A primeira é a de que Bia estava sendo ameçada e mantida viva por Voldemort porque ele queria fazer uso, através dela, do colar com o signo do dragão.' - recomeçou a dizer Rupert - 'E a segunda, é que Bia passou para o lado das Trevas por plena vontade própria. Em todos os casos, nós nunca mais se falamos.'
Rupert curvou-se e olhou para o chão. Certamente, aquilo não era o que Angrel planejara, pensou Harry. O garoto então caminhou até a janela e olhou para fora. A casa onde eles estavam ficava em cima de uma colina. Logo abaixo, muitas árvores percorriam um caminho de terra que seguia descendo a colina até um pequeno vilarejo mais abaixo.
'Onde estamos?' - perguntou Harry.
'Little Whinging'. - disse Rupert.
Harry parou por um instante. Já ouvira falar do nome daquele vilarejo, mas não sabia certamente aonde. Repentinamente, a lembrança veio-lhe a mente.
'Little Whinging! Eu vi o nome desse jornal quando fui ao Beco Diagonal! A notícia dizia que estava havendo um ataque aqui! Mas não cheguei a ler a reportagem.'
'É. Parece que alguns Comensais invadiram o vilarejo. Algo me diz que estavam a minha procura.' - disse tristemente Rupert, virando-se em direção a janela, aonde estava Harry.
'Isso é, digamos, algo normal agora. E é por isso que acredito que Voldemort tem o conhecimento dos colares, da minha identidade, e do grupo secreto R.A.B.' - disse calmamente Rupert, como se estivesse cansado de tudo que estava acontecendo nos últimos tempos.
'Mas... se Bia estivesse sendo vigiada e ameaçada por Voldemort, ela poderia usar o colar contra ele.'
'Bem, Harry. É por isso que acredito numa mescla das duas possibilidades. Bia estava mudando da última vez que a vi. Acredito que ela tenha se tornado uma Comensal da Morte por vontade e obsessão por poder, algo que ela espera ver diante de Voldemort. Um sentimento de cobiça por poder que o próprio colar criou diante de seus olhos. E é por isso que digo, Harry, que estes colares, apesar de se tornarem bençãos nas mãos de quem os usa, foram a ruína de nosso grupo e dos laços que nos uniam.' - disse Rupert, novas lágrimas surgindo em seus olhos.
Harry tornou a olhar a janela. Jurava ter ouvido algum barulho agora do lado de fora. Uma espécie de toque contra algum tipo de madeira. Curvando-se para ela, olhou para a paisagem cortada por um sol que se encaminhava para o horizonte. Náo havia ninguém ali.
'Há ainda muitas coisas a lhe dizer, Harry. Coisas que também lhe dizem respeito. Sobre o Horcrux encontrado. Sobre Bia. Sobre o motivo de eu estar lhe contando o segredo do R.A.B..Mas antes, vamos seguir com alguns de seus planos' - disse Rupert.
Harry virou-se, encarando o homem que estava a sua frente.
'Você quer ver o túmulo de seus pais, Harry. - começou a dizer Rupert percebendo o olhar perplexo do garoto a sua frente - E, caso se pergunte como eu sei disso, acho que preciso lhe contar que li a sua mente enquanto você dormia e descobri algumas coisas das quais precisava saber.'
E, novamente, o colar do signo do dragão pareceu brilhar no pescoço de Rupert.
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