Visiveis Corpus
Harry parou estupefato com o que ouvira. Embora Rupert tivesse dito pertencer a um grupo nomeado como R.A.B., que lutava contra as trevas, ele acabara de dizer que lera a sua mente enquanto dormia, sem nem ao menos Harry ter conhecimento disso.
'O que você fez? O que você tentou descobrir de mim?' - perguntou Harry, pensando até que ponto ele poderia revelar seus segredos mais íntimos a uma pessoa que ele acabara de conhecer.
Rupert olhou-o e deu um breve sorriso antes de começar a falar.
'Calma. Digamos que li apenas o suficiente.'
Harry afastou-se por um breve momento. O olhar de Rupert deixou Harry preocupado e temeroso.
'Suficiente para quê? Do que é que você está falando?'
Rupert levantou-se e caminhou até Harry, pondo-lhe a mão em seu ombro. Havia ali um pequeno gesto que parecia, de certa forma, querer acalmar Harry Rupert sabia que o garoto recebera uma avalanche de informações, e desconhecia a sua reação se soubesse dos fatos principais.
'Venha. Vamos descer. Este quarto está nos sufocando.'
Harry olhou-o cautelosamente e o seguiu pela porta para um corredor escuro e sombrio logo após. Seguindo Rupert pelo corredor, Harry observava as paredes ao seu redor repletas de quadros dos mais diversos tipos. Em um deles, um bruxo diante de uma casa de pedra acenou-o com uma varinha. Do outro lado, um quadro com duas crianças sobre um gramado estava pendurado com um pequeno prego na parede. Uma das crianças parecia estar perseguindo a outro com um objeto em sua mão que Harry não conseguiu reconhecer.
‘Não tente entender estes quadros, Harry. Eles vivem mudando. Ainda outro dia as duas crianças estavam pulando cordas juntas.’ – disse Rupert, com um breve sorriso, voltando-se para trás.
Descendo um lance de escadas, Harry viu-se entrar em uma pequena sala, onde diversas estantes repletas de livros estavam dispostas ao lado das paredes. Mais a frente, uma mesa redonda de madeira cobria todo o restante do espaço daquele cômodo, e Harry percebeu que havia uma espécie de recipiente em cima dela.
‘Fique aqui, Harry.` - disse o homem.
Caminhando lentamente até a mesa, Rupert retirou algo do bolso e colocou-o dentro do recipiente em cima da mesa. Repentinamente, os livros começaram a sair de seus lugares e a mover-se, através do ar, até outros lugares de outras estantes. Harry abaixou-se antes de um livro chocar-se contra sua cabeça. Uma pequena lembrança veio-lhe em mente de pouco mais de cinco anos atrás quando ele tentara recuperar a Pedra Filosofal e tivera que passar por uma espécie de obstáculo onde diversas chaves voavam ao seu redor e ele tinha de encontrar a chave certa para destrancar uma porta. Olhando para a frente, agora, Harry teve a leve impressão de que a cena era a mesma, com a diferença de que agora o que estava voando de lá para cá não eram chaves e sim, livros.
Rupert, de olhos fechados, parecia estar aguardando alguma coisa. Mas então, quando todos os livros haviam trocado de posição, um deles voou na direção de Rupert e caiu diante dele, encaixando-se no recipiente. O homem retirou o livro e voltou-se para Harry.
‘Segurança. É sempre importante quando se quer esconder segredos.’ – disse ele calmamente.
Andando a passos firmes, folheou algumas páginas do livro e parou logo em seguida, como se tivesse achado algo que estivesse procurando.
‘Aqui, Harry. Este livro é dos mais secretos livros relacionados ao R.A.B.. Ele guarda alguns dos segredos mais fortes do nosso grupo secreto. Retirei ele de minhas prateleiras para lhe mostrar uma pequena foto de algo que você precisa saber antes de começarmos a nossa jornada.’
‘Nossa jornada?’ – perguntou Harry.
Rupertir mirou-o nos olhos e acenou com a cabeça.
‘Você não espera sair por aí sozinho, não é mesmo? Eu irei com você. E destruirei até o último dos Horcruxes.’
Harry afastou-se alguns passos.
‘O que tenho que fazer cabe apenas a mim. E a ninguém mais.’
‘Ah... mas seria muita tolice de sua parte acreditar nisso. Você não é capaz de enfrentar sozinho o poder de Voldemort’ – disse Rupert rapidamente, com uma voz tensa e fria.
‘Posso não ser capaz. Mas irei enfrentá-lo da mesma forma!’ – gritou Harry, enraivecido.
Rupert franziu a testa por um instante antes de recomeçar a falar, agora com uma voz um pouco mais grave e profunda.
‘Existem mais pessoas além de você que querem se vingar de Voldemort, Harry. Você não é o único a perder pessoas queridas por culpa dele. Meu pai morreu por causa de Voldemort e minha irmã caiu na escuridão. Eu perdi toda a minha família, tal qual você’
Harry pensou em responder, mas ficou quieto. Ele sabia que aquilo era verdade e que não tinha o direito de pedir aquilo a Rupert. Porém, ele não esperava por isso. Embora Rupert fosse uma pessoa importante e tivesse participado do R.A.B., Harry queria envolver o menor número de pessoas possível em sua jornada.
Antes de Harry voltar a falar, Rupert continuou seu comentário.
‘Há motivos que você ainda não entende, Harry. Impulsos gerados por forças muito maiores que minha vontade. Acredito que meu destino deve seguir ao seu lado e ajudá-lo caso necessite.’
Harry não sabia o que responder. Apenas acenou com a cabeça, concordando. Rupert sorriu.
‘Eu sabia que você iria aceitar. – disse ele – Agora, Harry, dê uma breve olhada nessa foto.’
E, alcançando o livro a Harry, o homem observou os olhos do garoto penderem sob a página e piscarem as pálpebras rapidamente.
‘O que... mas... eu já vi isso!’ – disse Harry rapidamente, voltando-se para Rupert.
‘Sim, você já viu. Você a viu naquela noite no ataque à casa dos Weasley.’
Harry tornou a olhar para a foto. Havia um pequeno espectro de luz brunca movendo-se rapidamente sobre uma casa. Uma luz radiante que parecia aos poucos formar os contornos de uma pessoa humana. Harry lembrou-se então da luz branca que azarara sua vassoura e o fizera cair de uma altura de mais de cem metros em direção ao chão.’
‘O que é isso? Quem é essa pessoa?’ – perguntou Harry.
‘Você saberá, Harry. O que posso lhe adiantar é que você não conhece a pessoa que está nessa foto. Porém, você já viu essas mesmas feições espectrais antes, naquela noite. Não consegue suporn nenhuma pessoa que possa ter sido?’ – falou Rupert calmamente.
Harry continuou a observar a foto, então, associou o livro dos segredos do R.A.B. com tudo o que o homem a sua frente lhe dissera sobre sua família.
‘É Bia! É a sua irmã, Rupert!” – falou ele, estupefato.
‘Exato. – disse o homem, segurando o ombro de Harry. – Você deve presumir que...’
Mas Rupert parou de falar repentinamente. Um pequeno som abafado de algo chocando-se contra a madeira chegou aos ouvidos dos dois. Havia, certamente, alguém ou alguma coisa do outro lado da casa, vindo de um corredor diante do cômodo onde eles estavam.
‘Acho que não estamos sozinhos, Harry.’ – disse Rupert, tirando a varinha do bolso.
Harry prendeu a respiração, e procurou olhar para todos os lados para ver se encontrava algum sinal de quem ou o que produzira aquele ruído. E então, lembrou-se do som de algo se movendo perto a janela do quarto logo acima e associou o que Rupert dissera.
‘Rupert... só pode ser... os Comensais da Morte acharam você!’ – sussurou Harry, puxando a sua própria varinha também.
Rupert aproximou-se do garoto e fechou os olhos. Harry observou-o lentamente e viu o pequeno colar com o signo do dragão em seu peito começar a brilhar, emitindo um pequeno brilho avermelhado pela sala. Ainda de olhos fechados, Rupert apontou a varinha para um canto de uma parede e gritou:
‘Visiveis Corpus!’
Um jato de luz vermelha rompeu de sua varinha e chocou-se contra alguém que materializou-se no ar, repentinamente. Harry pulou para o lado e olhou a pessoa que acabara de surgir diante deles. Era um homem barbudo, com uma capa preta ao seu redor e uma varinha em punhos, como se estivesse momentos antes prestes a desferir um ataque mortal contra um deles.
‘Os truques invisíveis – disse Rupert ao homem – Você não está sozinho’.
O homem então apontou a sua varinha e gritou:
‘Expelliarmus!’
Rupert desviou o feitiço com um aceno da varinha e puxou Harry para perto de si.
‘Segure em mim, Harry. Não há chances de sobrevivermos aqui.’ – disse ele rapidamente, enquanto fechava os olhos e concentrava-se novamente.
Harry sentiu novamente uma força intensa em seu umbigo voltar-se contra ele enquanto via o espaço ao seu redor girar sob seus pés.
Quando Harry tocou o chão, percebeu que estava em um lugar completamente diferente do anterior. Às escuras, ele pôde apenas perceber que estava deitado dentro de uma caixa de madeira retangular. Desesperado, procurou alguma maneira para sair daquele lugar. Socou a madeira algumas vezes e nada aconteceu. Instintivamente, procurou a varinha que estava em seu bolso. Ele precisava sair dali de alguma forma. Afinal, em que lugar Rupert tinha tentado aparatar junto com ele? E, aonde ele estava agora?
O garoto, sem compreender o que estava acontecendo, guardou a sua varinha e esperou. Houve um momento longo de silêncio até ele ouvir um pequeno som diferente vir de algum lugar mais ao longe.
O som de alguém caminhando por um piso de madeira ecoou sobre o ar. Eram passos leves e lentos que pareciam estar a cada instante se aproximando mais de onde o garoto estava. Harry concentrou toda a sua atenção para tentar ouvir os passos e, então, ouviu a caixa onde ele estava começar a ranger.
Sem esperar mais, Harry falou:
'Rupert! O que houve? O que está acontecendo?'
Mas quando ele estava terminando de dizer essas palavras, uma pesada tampa de madeira foi retirada de cima da caixa e Harry viu que a escuridão no lado externo era tão intensa quanto no lugar onde ele se encontrava. Mas, afinal, quem havia retirado a tampa?
'Rupert, está aí?' - gritou ele.
Nada. Mais um breve momento de silêncio e, então, uma figura fantasmagórica surgiu sobre a superfície da caixa de madeira. A figura possuía olhos vermelhos que saltavam de sua face e penetravam a alma como se estivessem arrancando a alegria e a esperança de vida a cada segundo que se passava.
Harry, perplexo e desesperado, virou-se para o bolso e retirou novamente a varinha dali. Porém, quando tornou a voltar-se para cima, a figura havia desaparecido e a escuridão havia tomado novamente o local. Sem esperar nem mais um instante, Harry ergue-se e colocou lentamente a sua cabeça para fora da caixa de madeira.
A escuridão era intensa. Girando a varinha no ar, Harry olhou ao seu redor tentando achar vestígios que revelassem a sua localização e, ao mesmo tempo, encontrar a criatura que vira momentos antes.
‘Quem está aí? – gritou o garoto – Responda!’
Mais um instante de silêncio e nada aconteceu. Girando a varinha e mirando o aposento ao seu redor, Harry percebeu que estava em um pequeno local cheio de caixas de madeiras, vassouras antigas e objetos estranhamente parecidos com os utensílios utilizados por trouxas.
Foi então que, repentinamente, o foco de luz de sua lanterna caiu sob uma figura esquelética que se encontrava escorado do outro lado da parede. A figura era alta e pálida, como se ficado anos sem ver a luz do sol. Harry virou-se rapidamente para visualizar a caixa onde estivera antes e compreendeu. Ele, o tempo todo, estivera dentro de um caixão! E o que estava na sua frente era...
‘Não dê mais um passo a frente! – gritou Harry, mirando o vampiro a sua frente.’
‘Você está com medo, Harry? Por que?’ – disse a criatura, de forma estranha e aterrorizante, com um sorriso em sua boca.
A mente de Harry trabalhava a mil.
‘Como ele sabe meu nome? Ele me reconheceu através da cicatriz?’ – pensou o garoto.
‘Não interessa. Fique onde está. Você é um vampiro.’
A criatura retirou o sorriso de sua face e começou a se mover lentamente, através das caixas, em direção a Harry.
‘E daí que eu sou um vampiro, Harry? Você não costumava ser assim no passado, garoto. Você costumava respeitar os outros.’ – disse ele.
Harry deu um passo para trás e gritou:
‘Fique onde está! Eu não sei quem você, como também nem ao menos sei aonde estou!” – disse o garoto.
‘Preciso me concentrar. Preciso usar o Luminoscence para sobreviver!’ – pensou Harry.
A criatura continuava a se aproximar do garoto, como se não tivesse ouvido as suas advertências.
Afinal, o que estava acontecendo? Que lugar era aquele onde Rupert aparatara com ele?
Então, Harry apontou a varinha para a criatura e concentrou-se no feitiço que aprendera com o Livro do Príncipe Mestiço, de Snape.
‘Luminoscen...’ – ele começou a gritar. Porém, nesse instante, algo aconteceu e Harry parou de falar o feitiço.
Ele ouviu um ranger da madeira embaixo de si e deparou-se com o chão abrindo-se diante de seus pés. Sem poder reagir àquela situação inesperada, tentou segurar-se ao chão antes de cair pelo buraco surgido no aposento.
Quando Harry tocou o chão novamente, sentiu uma de suas costelas deslocaram-se e sua varinha cair de sua mão, rolando pelo piso.
‘Harry! O que você estava fazendo?’ – ele ouviu então uma voz conhecidíssima.
Rony estava parado diante dele, observando-o com uma varinha em sua mão. Mais ao lado, Hermione estava postado na frente de uma parede olhando-o com um grande sorriso em sua face.
‘Rony... aquele... eu não acredito!’ – disse Harry.
Rupert surgiu diante dos olhos de Harry nesse instante e, com um giro da varinha, apontou para o buraco no teto de onde Harry caíra e as madeiras voltaram a se colocar em seus devidos lugares.
‘Você quase matou nosso vampiro. Aquele que sempre esteve no sótão. Ele não lhe atacaria, Harry.’ – disse Rony, puxando o amigo pela mão e erguendo-o do chão.
‘Eu... eu não sabia... ‘ – disse ele, cabisbaixo.
Rony soltou um breve sorriso e apertou a sua mão, como sempre fizera antigamente.
Hermione caminhou em sua direção e deu-lhe um forte abraço antes de começar a falar.
‘Não importa, Harry. Como você está se sentindo? Está melhor? Estivemos o tempo todo tentando mandar cartas à casa dele – disse ela, apontando a cabeça para Rupert – mas você esteve inconsciente por alguns dias. Somente alguém com muita experiência poderia ter cuidado tão bem de alguém ferido por um lobisomem.’
Harry olhou Rupert pelo canto do olho e viu o homem sorrindo e caminhando em sua direção. Ele podia jurar ter visto um pedaço da corrente com o signo do dragão brilhar, escondido, no canto de seu pescoço momentos antes.
‘Desculpe, Harry, acho que me perdi um pouco no momento de aparatar.’
E, pelo olhar do homem a sua frente, Harry compreendeu que ele não queria tocar no assunto, na frente dos outros, a respeito do ataque que tinham acabado de sofrer na casa de Rupert
‘Foi um ferimento de raspão, mas ele me cuidou muito bem, Mione. – disse Harry, voltado-se para a garota e sorrindo por poder estar de volta à Toca – Melkor guarda muitos segredos.’
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!