O Signo do Dragão
Harry olhou a cena estupefato. Lupin apontava a varinha diretamente para o peito de Fenrir. O lobisomem estava agachado ao chão, aparentemente enraivecido pela intromissão e preparado para desferir um ataque. Harry não sabia exatamente se Fenrir estava prestes a atacar ou se estava medindo suas chances diante da varinha empunhada de Lupin.
Continuando a andar, Harry embrenhou-se pelas árvores, à procura de uma proteção. Porém, ainda conseguia ouvir as vozes e os urros que vieram logo em seguida da clareira. Harry virou-se novamente.
Fenrir havia partido para agarrar a cabeça de Lupin e ter-lhe ferido mortalmente. Lupin, então, mirou a ponta de sua varinha e gritou:
'Petrificus Totalus!'
O lobisomem caiu ao chão estatelado. Suas patas e garras uniram-se ao corpo e ele ficou ali, no chão, parado como uma aranha morta.
Harry correu de volta para a clareira apressadamente. Lupin estava aproximando-se do corpo, um olhar fixo ao lobisomem, provavelmente pensando em algum ataque mortal que pudesse matá-lo, agora que o mesmo estava imobilizado.
Harry pulou sobre alguns gravetos e raízes e entrou na clareira novamente.
Lupin olhou então para o garoto e disse:
'Harry! Eu disse para você fugir! - gritou Lupin - saia daqui! É muito perigoso!'
Nesse instante, porém, uma das patas do lobisomem arremessou-se para o lado e chutou a varinha de Lupin para longe. Segurando com uma das garras no chão, tomou impulso e atirou-se para a frente, tentando morder nervosamente Lupin na altura de seu pescoço.
Ambos rolaram pelo gramado da clareira. Harry ergueu a sua varinha. Ele precisava fazer algo. Porém, ele não conseguia distinguir entre Lupin e Fenrir. Eles estavam rolando de forma rápida e Harry não podia lançar um feitiço.
'Saia daqui! Saia, Harry!' - gritou Lupin no momento em que Fenrir mordia-lhe o ombro. 'AHHH'
Harry sentiu um ódio crescer dentro dele.
Não! Ele não iria fugir! De todos os seus anos em que enfrentara os perigos e barreiras que o destino o colocara em sua frente, todos sempre diziam para Harry fugir. Mas ele estava cansado disso. Ele queria enfrentar. Queria vingar-se de todo o mal causado por Voldemort e os Comensais da Morte. E se Harry não enfrentasse Fenrir, ali e naquele momento, ele nunca poderia enfrentar Voldemort.
Com esse pensamento em sua cabeça, Harry correu até o lado onde a varinha de Lupin fora atirada no momento em que Fenrir lançava uma de suas garras na altura do estômago de Lupin e outro berro invadiu a clareira. Harry pegou a varinha de Lupin e estava correndo para lhe entregar quando parou repentinamente.
Havia de algo de errado. Fenrir havia parado de desferir os ataques e olhava, ajoelhado, para sua presa logo abaixo, deitado ao chão.
Foi então que Harry viu. Olhando para o céu, viu as pesadas nuvens que antes formavam uma grande escuridão sobre a floresta dissiparem-se e formarem uma pequena abertura, pela qual surgiu a iluminação de uma grande lua cheia.
Por uma fração de segundo, Harry imaginou o que poderia estar acontecendo.
'Mas... não pode ser...Lupin sempre toma a... - Harry estava começando a pensar. Mas então, algo desviou todo o seu pensamento e certeza.'
Fenrir fora arremessado no ar a uma enorme distância e batera com o corpo numa das árvores, caindo de uma forma bizarra no chão.
Quando Harry voltou seu olhar para a presa, viu Lupin começando a criar pêlos pelo corpo, garras saindo de suas mãos e feições horripilantes transformando-lhe o corpo.
Lupin acabara de se transformar em um lobisomem.
Harry vira a mesma cena pouco mais de três anos antes, quando conhecera seu tio Sirius. Porém, naquela vez, havia membros da Ordem por perto.
Agora, Harry estava diante de dois lobisomens que poderiam agir de forma incontrolável. Definitivamente, ele precisava sair dali.
Foi então que ele escutou uma voz conhecida vindo de trás da clareira.
'Harry! Harry! Venha rápido! Saia daí!'
Rony, Harry não conseguia entender, estava parado atrás de uma árvore alta e chamava Harry com o braço. Temeroso, Harry lembrou-se da armadilha que acabara de cair, em que Gina, aparentemente não passava de uma ilusão. Seria Rony outra dessas armadilhas?'
Voltou-se então para o lado onde encontrava-se Fenrir. Lupin levantou-se do chão e uivou para a escuridão. Sua forma estava totalmente diferente do normal e mortalmente ameçadora. Com uma velocidade impressionante, partiu para a direção onde Fenrir estava. Os dois agarraram-se e soltaram urros enquanto tentavam se atacar ora com as garras, ora com mordidas ou patadas.
Fenrir parecera ter levado um ataque sério em sua perna e estava sangrando muito. Enraivecido, agarrou as patas de Lupin e o atirou para o outro lado da clareira.
Lupin caiu no chão e olhou para o seu inimigo.
'Parece que será uma luta de igual para igual' - falou ele, uma voz extremamente grossa e horripilante.
Partindo novamente para a direção de Fenrir, Lupin saltou segundos antes de Fenrir atravessar-lhe uma garra em seu pescoço, e caiu cruzando as suas próprias garras no peito de Fenrir. Sangue caiu pelo chão novamente.
'Essa luta é grande demais para mim'. - pensou Harry.
Olhou para Rony. Tentou medir se as feições pareciam realmente ser as de seu amigo Rony.
'O que há com você, cara? Saia daí!' - disse o garoto. Harry atendeu ao chamado e saiu da clareira sem olhar para trás.
Ambos começaram a correr em direção à Toca.
'O que está acontecendo aqui? Onde está Gina?' - perguntou apressado Harry.
'Gina está dentro da casa. Sempre esteve lá. Lupin e eu sabíamos que eles tentariam te atrair para a floresta...' - começou a falar Rony enquanto corria - 'Lupin está tão desapontado... aquele maldito.... como Hermione pode gostar...'
Harry não estava entendendo o que Rony estava dizendo.
'Venha, vamos logo' - e virou a direita, na direção que, Harry percebeu, certamente não os levariam à Toca.
'Aonde estamos indo, Rony?'
'Eu tive de deixar o... bem, você sabe, aquele que tinha hã...'matado o Bicuço' no terceiro ano'. - respondeu Rony
'Macnair, o carrasco??? - perguntou Harry, surpreso. Harry sabia que Macniar era um Comensal da Morte também, mas não o imaginava ver naquele ataque.'
'Esse mesmo! Lupin e eu estivemos lutando com ele e conseguimos imobilizá-lo e deixá-lo inconsciente. Mas foi aí que ouvimos um uivo vindo da floresta e Lupin percebeu que um lobisomem estava por perto. Resolveu averiguar.'
Passando por outros galhos distorcidos pelas árvores, Harry percebeu que as árvores estavam se tornando cada vez mais esparsas. Eles estavam distanciando-se do coração da floresta.
'Bem, depois eu ouvi outros uivos e berros. Quis ajudar e deixei Macnair lá.'
'Você o deixou sozinho? - perguntou, incrédulo, Harry.'
'É. Ele não iria acordar com os feitiços que Lupin o lançara.'
Como resposta irônica ao que acabara de dizer um feitiço veio disparado da mata, acertando em cheio Rony no peito. A sua varinha fora atirada para longe. Harry e Rony então viraram-se para o lado e viram um homem saindo das sombras.
'Você subestima muito as pessoas, garoto.' - falou de modo rude um homem que Harry logo percebeu ser Macnair. Ele estava barbudo e segurava sua varinha apontada para os dois.
Harry, sem nem cogitar esperar mais um segundo, apontou a sua própria varinha e gritou:
'Expelliarmus!'
Um raio vermelho foi disparado dela, mas Macnair defendeu-se do feitiço.
'Chega dessa brincadeira estúpida. Você, garoto miserável, Voldemort irá cuidar pessoalmente.' - rosnou o carrasco, apontando a sua cabeça para Harry.
'Mas você - continuou ele - merece morrer.'
Um sorriso surgiu na boca de Macnair e ele pareceu estar se concentrando.
'AVADA KED...' - começou a dizer o carrasco, mas antes que pudesse completar o feitiço, ele foi arremessado pelo ar, batendo a cabeça numa das árvores, sangue escorrendo-lhe do nariz.
Harry e Rony voltaram-se para trás para ver quem havia lançado feitiço estuporante em Macnair.
Hermione estava parada com a varinha apontada para os dois, seus cabelos esvoaçantes sendo banhados pela luz do luar.
- Mione!' - gritou Rony, deixando escapar um largo sorriso.
'- Harry! Rony! Vocês estão bem? - começou a falar a garota - Harry! O que é isso no seu corpo? Você está sangrando!'
Harry olhou para sua perna e seu braço. Embora o sangue já estivesse coagulado, ele sabia que perdera bastante sangue.
'É... Fenrir me atacou.' - disse ele.
'Fenrir??? O lobisomem que fez aquilo com o Lupin?' - perguntou, incrédula, Hermione'.
Harry confirmou com a cabeça, ao mesmo tempo que lembrava-se da cena pavorante da Sra Weasley caída ao chão e Arthur lutando desesperadamente com Bellatriz.
‘Meu Deus! Acabei de me lembrar! – Harry disse impaciente, agora virando-se para Rony – A sua mãe! Ela...ela foi atacada pela...Bellatriz’
Rony estava estupefato. Harry viu uma chama repulsiva surgir nos olhos de Rony quando ele ouviu a notícia.
'A MINHA MÃE ESTÁ MORTA?' - gritou Rony. E, instintivamente, correu e chutou o corpo de Macnair com raiva, estirado ao chão.
'Não, Rony!!! Não sabemos se ela está morta!' - gritou Harry, embora a sua vontade era a de também chutar o carrasco - 'Acalme-se!'
'Rony! Você precisa ir agora para lá! Harry, vá junto com ele!' - falou Hermione.
Harry virou-se para a garota.
'Você vai ficar aqui sozinha com ele?' - perguntou, aflito, Harry. 'Acho que eu sei me virar, Harry. Vá com Rony até lá! Eu cuido de Macnair.' - falou Hermione.
Rony parecia estar entrando em um acesso de desespero e fúria. Estava andando sobre o gramado, pensando no que poderia ter acontecido à sua mãe.
'Eu vou matar quem fez isso a ela!' - gritou Rony.
Harry tinha o mesmo sentimento dentro de si. Não pela possível morte da Sra Weasley, mas também pela morte de seu padrinho Sirius. Fora ela quem o fizera cair no véu. Fora ela que tirara o sonho de Harry morar com alguém que gostava. Bellatriz era alguém a quem Harry tinha tanto ódio e desprezo quanto Snape.
'Eu vou com você, Rony. Sua mãe não está morta!' - falou Harry, tentando acalmar Rony e falando aquelas palavras tanto para o amigo como para si mesmo. Ele precisava acreditar que ela estava viva.'
Harry aproximou-se de uma área livre de árvores e apontou o seu braço para o céu.
'Accio vassoura!' - ele gritou, apontando a sua varinha para um lugar distante, em que suspeitava estar a Toca.
Harry continuava concentrado no feitiço. Sabia que era uma longa distância, mas ele já fizera algo semelhante no passado, no Torneio Tribuxo. Rony levantou a sua varinha e fez o mesmo. Ambos ficaram esperando as vasssouras chegarem até eles, enquanto Hermione foi até o corpo de Macnair e tentou encontrar uma forma de deixá-lo imobilizado novamente. 'Que tipo de Comensal da Morte é tão estúpido a ponto de ser derrotado por uma garota?' - perguntou Rony, enraivecido com o fato de sua mãe estar em perigo.
Hermione parecia não ter ouvido o comentário do garoto. Harry compreendera que ela não iria começar uma briga. Não dessa vez, enquanto Rony estava passando por aquele desespero.
De repente, alguma coisa sobrevoando o céu começou a deslizar para o solo. Uma vassoura pousou, então ao lado de Rony.
Harry surpreendeu-se. Mesmo ele tendo lançado seu feitiço antes de Rony, não fora a sua vassoura aquela que chegara primeiro. Harry levantou o seu olhar para a própria varinha e lembrou-se das palavras de Rony:
'Cada varinha guarda as qualidades de quem o possui. Seus feitiços não serão os mesmos com outra varinha!'
Parecia que Rony estivera certo. Rony ergue-se rapidamente na vassoura e disse:
'Eu vou na frente. Não posso perder tempo, Harry.' - e, com um impulso, saiu voando pela copa das árvores em direção ao céu nublado.
Harry voltou-se para Hermione.
'Cuide dele. Não desgrude o olhar dele. Ele já fugiu uma vez. Pode fugir de nov...' - dizia Harry quando sua vassoura pousou lentamente ao seu lado, assustando o garoto.
'Eu sei, Harry. - disse Hermione aproximando-se dele - E... Harry, quantas vezes preciso lhe lembrar de ajustar seus óculos quando eles forem quebrados?' Harry surpreendeu-se novamente. Com o desespero que lhe ocorrera do ataque de Gina e da transformação de Lupin, esquecera-se totalmente que não estava usando seus óculos e eles estavam guardados, quebrados, em seu bolso.
Pegando-os na mão cuidadosamente, Harry disse:
'Esqueci deles.'
Hermione apontou a sua varinha para os óculos e gritou:
'Reparus!'
Os óculos voltaram a se encaixar na posição normal novamente. Harry, agradecendo a Hermione, subiu em sua vassoura, tomou um impulso no chão e saiu voando o mais rapidamente que pode em direção à Toca.
Passando por cima das árvores que cobriam a floresta, Harry tentou avistar a casa dos Weasley ao longe. Nada. Não conseguia enxergá-la. Virando-se mais para a esquerda, avistou uma pequena casa ao longe. E, para o assombro de Harry, havia uma chama vermelha cobrindo a casa.
'Não pode ser... - pensou Harry - fogo! A Toca está queimando!'
Curvou-se sobre a vassoura e aumentou a sua velocidade para chegar o mais rápido possível até lá. Harry pensava se os membros da Ordem ainda estavam dentro da casa e se eles morreriam vivos.
'Não...eles não podem morrer. Eles são os membros da Ordem!' - pensou Harry. Mas simultaneamente a esse pensamento, outro de maior proporção invadiu-lhe a mente. Lembrou-se da maçaneta com o símbolo da serpente e a chama verde cobrindo a casa, impedindo qualquer pessoa de entrar ou sair dela.
'Será... não...não é possível'
Concentrando seu olhar para a frente, continuou voando em direção à casa até que ele viu alguma coisa surgir a sua frente.
Em pleno ar, há uma altura de mais de cento e cinquenta metros, uma forma estranha começou a se materializar no ar. Uma forma branca que aos poucos ia revelando o contorno de uma pessoa. Harry tentou desviar, ergueu sua vassoura para cima, mas neste exato momento algo aconteceu. A vassoura de Harry começou a desobedecer os comandos de Harry.
O garoto arregalou os olhos. A vassoura estava dando meia-volta e indo diretamente à luz branca que pairava no ar. Aumentando de velocidade a cada instante, Harry percebeu que não havia escapatória. Alguém, ou alguma coisa, havia azarado a sua vassoura. E Harry sabia que essa mesma pessoa era aquela que estava diante dele, emanando um brilho branco de maior intensidade a cada segundo que ele se aproximava.
Foi então que Harry, perdendo o equilíbrio, caiu de sua vassoura e mergulhou para o abismo de árvores que estavam logo abaixo.
'Vou morrer.' - pensou ele -'Vou morrer!'
Caindo, Harry batia nas árvores, arrancando galhos e folhas. Elas não aliviariam a sua queda.
Porém, quando Harry estava prestes a chocar-se com o chão, sentiu braços agarrarem-lhe no ar rapidamente e colocarem-no em cima da vassoura em que o estranho dirigia.
'Rony!' - pensou Harry, de olhos fechados, percebendo o que ocorrera.
Quando abriu os olhos viu alguém totalmente diferente de Rony. Alguém estranhamente familiar, mas que Harry não conseguia se lembrar daonde o tivera visto. Cabelos oleosos caiam-lhe nos ombros e um grande casaco cobria o seu peito. Harry conseguiu divisar apenas um pequeno colar com um pequeno desenho antes de desmaiar nos braços de seu ajudante. Um signo de um dragão.
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