Leonard Grinauld
Na manhã do dia seguinte, Harry acordou sobressaltado e sentou-se em sua cama. Havia vozes lá embaixo. Vozes de várias pessoas.
Harry virou-se para o lado. Rony continuava dormindo. Vestindo-se, ele abriu a porta do quarto e começou a descer as escadas lentamente, até que ouviu uma voz de uma mulher que Harry reconheceu ser de Tonks.
Parado na escada, começou a prestar atenção nas vozes que ouvia vindo diretamente da cozinha.
'..mas, Arthur, eles vieram de muito longe! Eles sabiam o tempo todo onde poderiam nos achar! - falou Tonks
'Tonks, eles são armas poderosas que bruxos comuns não podem defender-se! É necessário de três a quatro bruxos para conseguir dominar um deles! - sussurrou alguém que Harry logo percebeu ser o Sr Weasley.
Houve um momento de silêncio.
'Existem ainda os dementadores - falou uma outra pessoa. - Eles estão a comando de Voldemort, depois que saíram de Azkaban.'
'Eu sei, Lupin, eu sei.' - disse o Sr Weasley, dando um suspiro. ' Os dementadores podem ser um problema ainda maior que os os gigantes.'
Mais um momento de silêncio.
'Arthur, o que está acontecendo?' - perguntou Molly.
Com mais um suspiro, Arthur começou a falar.
'O Ministério. Todas as pessoas... elas estão desesperadas. Acham que os tempos de trevas e mortes retornará.'
'Se continuar do modo que está, continuará.' - falou Lupin.
'Mas precisamos reunir as forças. Tentar lutar de alguma forma. Deus do céu, se todos ficarmos parados, trancados em nossas casas, é óbvio que o pior tenderá a ocorrer.'
'...ainda mais agora que Snape passou para o lado de Voldemort.' - continuou Lupin. - 'Ele deve ter contado todos os segredos da Ordem a Voldemort.'
' A casa no lago Grimmauld não é mais segura. Snape deve ter lhes contado sobre a antiga casa dos Black.' - falou o Sr Weasley.
' A Ordem vai ser liderada pela Minerva. Ela vai encontrar algum lugar para reunirmos a Ordem e pormos em prática os planos.' - falou Tonks.
Todos nesse momento viraram-se para a sala. Um barulho na madeira acabara de ser ouvido. Harry havia pisado num degrau e provocado o barulho.
'Venha, Harry. Saia daí. Já sabemos que você está aí.' - falou uma outra voz que Harry não percebera encontrar-se na cozinha também.
Aparecendo na cozinha, Harry olhou para os integrantes da Ordem que lá estavam. Num canto, mirando-o cautelosamente, estava Olho-Tonto Moody. Do outro lado, Arthur e Lupin estavam sentados na mesa, aparentemente comendo alguma coisa.
Tonks estava parada na parede oposta, juntamente com a Sra Weasley. Harry reparou que Tonks estava com um novo penteado, rosa-choque, que mudara totalmente o seu visual do ano anterior.
'Olá, pessoal.' - disse, desanimado, Harry.
'Harry, precisávamos falar com você!' - falou Arthur.
'O que aconteceu?' - ele perguntou.
'O que aconteceu? Você nos pergunta o que aconteceu, Harry?' - falou Lupin.
Harry então compreendeu o motivo.
'Você é atacado por sete dementadores, eles lhe roubam a varinha e nada aconteceu?'
'Eu sei... eu vou tentar resgatá-la o mais breve possível'.
Todos ficaram em silêncio.
'Você não pode tentar resgatá-la, Harry. Ela já deve estar nas mãos de Voldemort a uma hora dessas' - Tonks voltara a falar.
'Que importa? Eu preciso tê-la de volta... mesmo sendo Voldemort quem está com ela.' - falou Harry, cabisbaixo.
'Você está louco? Você diz querer enfrentá-lo mas parte como louco para cima dele, sabendo que existem diversos aliados agora que estão ao seu redor?' - gritou Moody.
'Harry, existem Comensais da Morte por toda a parte... dementadores, como você bem viu... além de gigantes espalhando-se pela Inglaterra e outras forças ainda desconhecidas. Não há como você recuperá-la sozinho!' - falou calmamente o Sr Weasley.
'... bem, eu não estaria sozinho.' - falou Harry, lembrando-se do que dissera Rony na noite anterior.
' Não importa se você for levar seus amigos ou não, Harry. É loucura...' - tornou a falar Lupin - 'Venha, hoje a tarde iremos comprar a sua nova varinha no Beco Diagonal... é só uma temporária até você reencontrar a sua.'
O almoço na casa do Sr Weasley havia ocorrido de forma meio silenciosa. Gui fora mencionado várias vezes e a sua recuperação estava sendo discutida sobre a mesa. Fred, Jorge e Gina haviam discutido sobre novos utensílios a serem criados para a Loja de Logros de utilidade semelhante a pedra que Gina dera a Harry na noite anterior.
'Eles estão fechando todas as lojas.' - disse Fred.
'É. No Beco Diagonal... - continuou Jorge - São poucas as lojas que continuam a abrir nesses tempos difíceis.'
'E vocês ainda continuam lá?' - perguntou Harry.
'Mamãe diz que não quer a gente por lá mais. Mas conseguimos convencê-la a ficar um ou dois dias da semana por lá. Você sabe... apesar de tudo, duvido muito que os Comensais da Morte façam um ataque direto no Beco Diagonal. É uma grande concentração de bruxos que se encontra lá.'
Harry teve que concordar. Lembra-se das muitas pessoas andando de lá para cá e as dviversas lojas que se estendiam pela rua.
Gina lançou um olhar a Harry e disse:
'Você vai continuar aqui em casa?'
Harry se surpreendeu com a pergunta. Ele não queria lhe dizer que talvez fosse embora com Rony depois de ter comprado a sua varinha.
'Não sei, Gina. Tenho algumas coisas a fazer fora daqui. Acredito que não poderei ter minha varinha de volta tão cedo. Então, antes de tudo, quero descobrir o q eu sempre tive curiosidade de conhecer...'
Fred, Jorge, Gina e Rony voltaram-se para Harry.
'E o que seria?' - perguntou Rony.
'Ver o túmulo de meus pais.'
Quando Harry olhou para a grande rua do Beco Diagonal naquela tarde, ele ficou abismado.
Das muitas lojas que lá eram encontradas e que Harry antigamente podia admirar sues itens a venda pelas vitrines, poucas estavam abertas ao público.
Mais a frente, dois bruxos fechavam as portas de suas lojas com encantamentos disparados de suas varinhas.
Do outro lado, pessoas andavam olhando para todos os lados, como se estivessem a beira de ser atacados por um lobisomem a qualquer momento.
Harry virou-se para o Sr Weasley.
'Aonde estamos indo?' - perguntou.
'Para a casa de Leonard.' - respondeu Arthur - 'Leonard Grinauld. Antigo construtor de varinhas. Pouca gente o conhece.'
'Nunca ouvi falar dele.' - disse Harry.
Lupin deu uma breve risada.
'Ah, você não ouviria falar dele. Ele praticamente se aposentou, sabe. Depois que Olivaras tomou a liderança da concorrência, Leonard se reteve e passou a trabalhar no Caldeirão Furado.'
'No Caldeirão Furado? Talvez eu já o tenha visto.' - disse Harry.
'Acredito que não, Harry. A não ser que você seja mais guloso que seu primo Duda para invadir a cozinha.' - falou Arthur, sorrindo.
'Na cozinha? Você quer dizer que ele...'
'...passou a ser um pequeno cozinheiro do Caldeirão Furado. Serviços banais, digamos assim.'
Harry ficou pasmo.
'Leonard virou um cozinheiro???' - perguntou ele.
'Sim. Mas deixemos isso de lado. Acredito que ele tenha algumas varinhas ainda guardadas de sua antiga produção. Venha, vamos, talvez ainda o encontremos na pensão.'
'Pensão? Pensei que íamos ao Caldeirão Furado.'
'Não, não. Ele trabalha só à noite. De dia mora numa pensão perto da loja de Fred e Jorge.' - disse Arthur.
Caminhando apressadamente pela rua, Harry viu a loja de Logros trancada com cinco cadeados e uma grossa corrente em torno da porta. Pensou se aquilo era a única coisa que a protegia.
Ao lado, havia um cartaz que dizia:
'Abrimos nas sextas e sábados. Por favor, mantenha distância ou você se sentirá como se tivesse comido um Vomitilha'.
Harry não consigou deixar de sorrir.
Mais a frente, viu algumas pessoas conversando discretamente em um canto, de modo silencioso e estranho. Harry fitou-os. Quando as pessoas o viram, arregalaram os olhos e foram até sua direção.
'É ele! É ele! É ele quem irá nos salvar!' gritou uma mulher para um homem ao seu lado. 'É Harry Potter, o predestinado!'
A mulher agarrou-o pelo braço. Harry tentou desvencilhar-se rapidamente.
'Salve-nos. Você tem esse dom, garoto! Salve-nos da morte!' - ela falou.
'Saia daqui. Venha Harry.' - disse apressadamente o Sr Weasley.
Harry acompanhou o Sr Weasley e voltou-se para trás há tempo de ver novamente as pessoas se renunindo e lançando-o olhares esperançosos.
'Não dê ouvidos a eles, Harry. Você não tem de fazer nada.' - disse o Sr Weasley.
Mas Harry sabia que ele estava errado. As pessoas estavam certas. Ele fora predestinado a matar Voldemort. As palavras da profecia de Trelawnay reverberaram em sua mente nesse momento.
Mais a frente, Harry viu uma pequena loja de mantimentos e um homem a sua frente vendendo alguns jornais. Harry não lera o Profeta Diário daquele dia.
'Um momento, Sr Weasley.' - disse Harry.
Entregando algumas moedas ao vendedor, olhou a capa do jornal. A notícia da capa estava intitulada da seguinte forma:
ATAQUES CERCAM A VILA DE LITTLE WHINGING
POUCOS SOBREVIVERAM
‘Você terá tempo de lêr as notícias, Harry – disse o Sr Weasley tocando-lhe no ombro – Agora, vamos entrar’.
Harry olhou para onde o Sr Weasley acenara com a cabeça e viu uma pequena casa de madeira, quase impeceptível em meio às diferentes lojas (antigamente atrativas) que circundavam a pensão.
‘Aí é onde fica Leonard?’ – perguntou Harry.
‘É, Harry. Quarto 16. Peça para entrar. Diga que você é Harry Potter. Ele lhe deixará entrar, você sabe.’ – falou o Sr Weasley.
‘Você não vem comigo?’
‘Não, não. Preciso resolver uns assuntos para o Ministério. Preciso ir até o Gringotes. Há uma certa confusão por lá. Muitas pessoas tentando retirar o dinheiro do banco. Bem, Harry, vejo-o depois. Até logo.’
E ele saiu apressadamente dali, deixando Harry olhando atentamente a pequena pensão.
‘Bem, vamos lá.’ – pensou Harry.
Entrando por uma pequena porta com um sino em cima, Harry entrou num aposento pequeno, repleto de fumaça. Mirando a sua frente, viu um pequeno balcão, onde um homem velho, com um pequeno chapéu, estava fumando um cachimbo e sentado em uma pequena poltrona, de olhos fechados.
‘Oi...desculpe incomodar, mas... Leonard mor...’ – começara Harry, mas o homem acordara de seu transe e um sobressalto e o vira.
‘Harry! Harry Potter! Meu Deus! Harry Potter na minha pensão! Nunca esperava por esse dia!’ – começou a dizer o homem, fazendo uma reverêcia a Harry.
‘Obrigado. – disse Harry sem jeito -, mas eu gostaria de falar com...’
‘Você pode falar com quem quiser, meu garoto! Você é o nosso salvador!’
Encabulado, Harry terminou sua frase:
‘Gostaria de falar com Leonard. Leonard Grimauld. Ele está?’
‘Sim, sim, ele está. É só subir a escada ali no fundo, está vendo?’ – falou o homem rapidamente.
Harry começou a subir as escadas. Voltou-se para o número 16 que estava pendurado precariamente em uma porta e a bateu.
Ouviu o som de um gato miar do outro lado.
‘Quem está aí?’ – perguntou uma voz grave e forte do outro lado.
‘Harry Potter. Preciso pedir um favor a você.’ – falou Harry.
Uma porta se abriu, revelando um homem de barba espessa, cabelos grisalhos e uma roupa com alguns pequenos furos ao redor do corpo.
‘Eu...eu não acredito no que meus olhos estão vendo! Harry... Harry Potter! Entre...entre, meu rapaz! – falou o homem.
Quando Harry entrou no aposento, percebeu que seu tamanho não era muito maior que o seu quarto na casa dos Dursley. Junto ao quarto, havia uma pequena cozinha, com pia e fogão, onde algo borbulhava numa panela sob o fogo e uma colher mexia rapidamente sobre a mistura.
‘O que trás você aqui, jovem rapaz?’ – falou Leonard sorrindo.
‘Eu preciso que você me mostre algumas de suas antigas varinhas. Preciso comprar uma para mim.’
Leonard desmanchou o sorriso da cara.
‘Você...ainda tem elas?’ – perguntou Harry.
Leonard caminhou até o seu fogão e começou a mexer com a própria mão a mistura que se encontrava na panela.
‘Há muito tempo que deixei de fazer varinhas, meu garoto.’ – falou Leonard.
‘Eu sei. Mas Arthur Weasley disse que você ainda devia guardar alguma de suas varinhas’ – falou Harry.
Leonard emitiu algum som inaudível pela boca e voltou-se então para Harry.
‘Por que você está precisando de uma?’
‘A minha foi roubada... por Voldemort.’
Leonard estremeceu ao ouvir aquele nome e quase deixou a mistura que estava sobre a panela cair.
‘Você-Sabe-Quem lhe tirou a varinha? Meu Deus, o que será de você sem ela? Estamos perdidos!’ – falou Leonard.
‘Eu preciso de uma temporária para mim. Gostaria muito que eu pudesse obter uma das suas.’
‘Ok, garoto. Eu lhe mostrarei. Você tem sorte de eu as ter guardado, mais como recordação do que outra coisa... eu gostava tanto do meu trabalho, você vê... mas aquele Olivaras – Leonard soltou outro som inaudível aqui – arruinou com meus negócios...’
‘Acho que Olivaras não tinha essa intenção, Leonard.’
‘NÃO DEFENDA AQUELE SUJEITO!’ – gritou o homem.
Harry afastou-se um pouco.
Leonard, recompondo-se, andou até a sua cama e retirou uma velha caixa de madeira de baixo dela.
‘Aqui, garoto. Pegue uma.’
Harry olhou atentamente as varinhas. Haviam em torno de uma dúzia espalhadas pela caixa, de diferentes tamanhos e estilos. Pegando-as atentamente, Harry resolveu escolher a mais parecida com a sua última.
‘Rim de explosivim, você vê. Muito trabalhada essa varinha.’
Harry olhou para sua varinha tentando identificar aonde estava o rim de explosivim nela quando o Sr Weasley entrou apressado pela porta, sem nem bater.
‘Harry! Venha! Aconteceu alguma coisa! Temos que voltar! Depressa!’ – gritou ele.
Harry assustou-se. O Sr Weasley estava segurando seu braço, como se estivesse sentindo uma dor terrível.
Olhando mais atentamente, viu algo no braço do Sr Weasley que nunca vira na vida. O desenho de uma pequena fênix estava colocada em seu pulso. E ela estava vermelha, como se estivesse em chamas.
‘Venha, Harry! Aconteceu alguma coisa em casa! Acho que alguém está atacando... – o Sr Weasley arregalou ainda mais os olhos – a nossa casa! Vamos!!!’ – gritou.
Harry saiu correndo com o Sr Weasley pelo corredor da pensão.
‘Da próxima vez, me pague algum dinheiro, ouviu?’ – gritou Leonard quando Harry passou apressado pela porta.
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