Rumores da Guerra
Harry surgiu sobre um gramado úmido perto de algumas plantas que davam para uma pequena colina. Harry reconheceu o local.
Não fora muito longe dali que ele tinha viajado através de uma Chave de Portal para o Campeonato Mundial de Quadribol.
Olhando para o outro, viu ao longe o lugar que tanto esperava ver: A Toca.
Por um momento, Harry pensou em Duda. O que tinha acontecido com ele? Em todos as brigas que tivera com o garoto durante seus (horríveis) dez anos na casa dos Dursley, nunca tinha ocorrido algo tão brutal. Mas Harry sabia que aquilo não vinha da natureza de Duda. Lembrou-se então das Maldições Imperdoáveis e da Maldição Imperius.
Com certeza, Duda estava enfeitiçado. Mas por quem? Afinal, segundos antes ele estava falando com Harry para ele ir embora. Mas logo depois pediu-o para ficar parado e começou a arremessar-lhe facas. Havia mais alguém na casa dos Dursley. Mas como Harry não notara sua presença? Não poderia ser nenhum dementador que estivera ali. Ele perceberia sua presença.
'Um Comensal da Morte' - pensou Harry. - 'Tiraram minha varinha e agora querem minha pele a qualquer custo'.
Como uma lembrança forte, Harry lembrou-se de Snape gritando para os demais Comensais da Morte para deixarem Harry. Voldemort 'trataria dele'.
Mas por que alguém lançaria a Maldição Imperius para Duda tentar matá-lo? E com facas?
Não seria muito mais prudente simplesmente atacar Harry diretamente, sem precisar dominar ninguém com a maldição?
Harry pensou nisso por alguns instantes, confuso com a situação.
'De qualquer forma, parece que eu não poderia ficar lá por mais tempo. Eu estaria deixando os Dursley sob risco de morte.' - ele pensou. E foi sincero, pois apesar de tudo o que passara com a familia de sua tia Petúnia, ele não lhes desejava algo como a morte, nem de longe. Esses sentimentos pertenciam a Voldemort.
Harry livrou-se de seus pensamentos por alguns instantes e tornou a olhar para frente.
Seguiu caminhando a passos largos até a casa. Uma lua cheia banhava a casa com uma iluminação branca e resplandecente.
Chegando próximo a porta, viu-a abrir-se antes de tocá-la. A cara de Rony surgiu olhando-o rapidamente.
'Eu sabia que era você!' - disse Rony. 'Ouvi você chegar cara'.
Harry parou por um instanet.
'Rony, você sabe que deve-se agora sempre perguntar sobre alguma coisa pessoal antes de abrir a porta!!!' - veio uma voz de dentro da casa, que Harry reconheceu sendo da Sra Weasley, e a porta se fechou instantaneamente.
'Tá bom, mãe, tá bom.' - Harry ouviu Rony dizer de dentro da casa. 'Harry, vou te perguntar algo que só você saberia. Qual é o nome do novo Ministro da Magia?'
'RONY!!!!' - gritou a Sra Weasley. Harry não pode deixar de emitir um breve sorriso.
'Ok, ok, mãe...' - e Harry ouviu Rony falar sussurando agora, de trás da porta. - 'Harry, qual é o presente que eu mais odeio ganhar no Natal?'
'O suéter da sua mãe' - falou Harry, sorrindo. -' E você, Rony, quantos dedos tinha seu querido amigo animal?'
'Rony parou por um momento. E logo lhe veio a resposta. Era sobre Perebas que estava falando.
'Nove.'
Rony abriu a porta e Harry entrou.
'Oh, desculpe, Harry, você sabe, é preciso tanta segurança agora, ainda mais que...' - e parou a frase no momento em que Harry deduziu que ela iria comentar sobre Dumbledore.
'Tudo bem, Sra Weasley.' - disse Harry.
Harry viu alguém descendo as escadas apressadamente e avistou Gina correndo para encontrá-lo.
'Que bom que você veio!' - ela falou, beijando-o nos lábios.
'Não se preocupe. Vai ficar tudo bem.'
'Harry, eu te avisei que era perigoso ficar por lá! Oh meu deus, por quanta coisa que você tem que passar!!!' - disse a Sra Weasley.
'Eu desejei isso. E será assim daqui para a frente...infelizmente.' - disse Harry, olhando para baixo.
Todos o fitaram por um breve instante. Mas então Harry levantou a cabeça.
'Onde estão Fred e Jorge? E Arthur? E... Gui?'
'Fred e Jorge estão dormindo! Arthur ainda não chegou do Ministério. Muito trabalho agora, você sabe. E... Gui, está hospitalizado no Hospital Mungus. Ninguém pode visitá-lo. Ele...ele está sendo mantido sozinho num quarto, com cuidados e poções para tentar reverter o caso. Mas acho...acho que ele não terá como voltar ao normal.'
E então a Sra Weasley soltou algumas lágrimas, limpando em seu avental.
'Bem, agora que vemos que você está seguro aqui, vamos comemorar o seu aniversário!!' - falou a Sra Weasley.
'Feliz Aniversário!' - todos gritaram.
'Valeu...obrigado pessoal.' - disse Harry com um sorriso.
'Não tivemos tempo de lhe comprar nada, cara.' - disse Rony.
'Eu fiz um cartão para você, Harry. Iria lhe mandar pela minha coruja pela manhã. Vou buscar para você.' - disse Gina, saindo da sala e subindo as escadas.
Harry sentou-se na cadeira a sua frente e olhou atentamente ao seu redor.
O relógio apontava novamente todos os integrantes da família Weasley para PERIGO MORTAL.
Rony puxou Harry para um lado, e falou-lhe:
'Cara, a sua varinha...'
'Se foi. Não há como resgatá-la, Rony'.
'Mas nós precisamos! Digo... você precisa da sua varinha!' - sobressaiu-se Rony.
'Não dá... eu tenho que comprar outra, quem sabe com o Sr Olivaras.'
'Olivaras não está mais no Beco Diagonal, lembra-se?'
Harry lembrou-se e o fitou por um instante.
'É verdade...' - ele falou - 'Mas podemos arranjar uma em algum lugar no Beco Diagonal. Deve ter.'
'Você não entende! Cada um precisa da SUA varinha, Harry! É algo que nasce com o próprio bruxo, como se parte de sua alma estivesse ligada a uma determinada varinha. Olivaras tinha o dom de perceber a mais adequada e a mais correta para cada um.'
'O que você quer dizer?'
'Quero dizer que seus feitiços não serão os mesmos sem a sua varinha! Mesmo você usando uma outra, ela não carrega as qualidades referentes a você!'
'Mas... não há como recuperar a minha varinha! Os dementadores a levaram!'
'Harry, você quer encarar Você-Sabe-Quem, não é?' - disse Rony - ' Pois queira ou não, eu irei com você para ajudá-lo e irei aonde for necessário ir. Você PRECISA da sua varinha! Acredite em mim! Sem ela, como quer derrotar Você-Sabe-Quem?'
'Voldemort, Rony!'
'Não quero falar o nome dele. Você sabe disso.' - Rony respondeu, estremecendo.
'Quanto mais nós nos recusarmos a falar seu nome, mais poderoso ele fica. Pois é do medo das pessoas que ele alimenta a sua vitória!' - gritou Harry.
Rony ficou chocado e o fitou por alguns instantes.
Harry envergonhou-se um pouco por ter gritado e falou:
'Venha comigo. Vamos conversar no quarto. Há algumas coisas que preciso lhe contar. '
Os dois começaram a subir as escadas que levavam ao quarto de Rony, logo abaixo do sótão onde encontrava-se o antigo vampiro da família Weasley.
Harry e Rony entraram no quarto e fecharam a porta.
'Onde está Hermione?' - perguntou Harry.
'Está com os pais dela. Você sabe... com a volta de... - ele olhou de volta para Harry - Você-Sabe-Quem e a morte de Dumbledore - os pais dela perceberam que as coisas não andavam bem no mundo dos bruxos. Preferiram ficar com ela.'
'E os outros? Tem notícia de Luna? Neville?'
'Não. Nenhum, Harry. Mas acho que todos estão em suas casas. Você não lê mais o Profeta Diário? Está todo mundo desesperado. Ataques por toda a parte dos Comensais da Morte.'
Harry sentiu novamente um ódio crescer em seu interior.
'Se Dumbledore estivesse vivo...' - falou Rony. - 'todas as pessoas teriam mais confiança. Hermione me falou isso.'
'E ela está certa.' - pensou Harry.
Olhando ao seu redor, Harry viu um pequeno enfeite que, Harry não sabia explicar, lembrara-lhe Fleur.
'Onde está a Fleur?' - perguntou.
'Está no hospital. O casamento deles foi adiado. Parece que Gui está tendo alguns efeitos colaterais um pouco diferentes de um.... digamos... meio-lobisomem comum.'
'No hospital? Mas a sua mãe disse que ninguém pode visitá-lo'. - falou Harry.
'Sim. Mas Fleur quer ficar lá à espera. Ela está em certo estado de choque. Nada do que dizemos fez ela muda de idéia.' - respondeu Rony.
'Mas... que sintomas são esses que surgiram em Gui?'
Rony abrira a boca para responder quando a porta se abriu e Gina entrou segurando um cartão em suas mãos.
Harry olhou-a e a agradeceu pelo cartão de aniversário.
'E também tenho isso para você'. - disse Gina, tirando algo do bolso. - 'Fred e Jorge me deram esta tarde. Eles voltaram a morar conosco porque nosso pai pediu. Ele não queria que os dois ficassem sozinhos no Beco Diagonal'.
Harry pegou uma pequena pedra vermelha que lembrava-lhe uma espécie de Lembrol.
'O que é isso? Harry já ganhou um Lembrol, Gina!'- falou Rony.
'Isso não é um Lembrol, idiota.' - respondeu a garota, voltando-se para Harry novamente. 'Fred disse que ela funciona como uma espécie de alarme quando alguém indesejável se aproxima'.
'Ah é? E o que ela faz? Cai no dedão do pé do cara quando um Snape-da-vida aparece na sua frente, para avisar que ele chegou?' - perguntou Rony.
Gina ignorou o irmão.
'Ela emite um som agudo quando alguém que você não quer por perto se aproxima.'
'Ótimo. Me dê uma dessas e você ouvirá um barulho sempre que entrar em meu quarto sem bater na porta.' - falou Rony.
'Obrigado, Gina. Gostei dela... é muito útil.' - disse Harry.
Retribuiu-lhe dando-lhe um beijo novamente. Rony revirou os olhos e fixou seu olhar em Piti, sua coruja, como se fosse a coisa mais bela que já tinha visto.
'Gina, você lembra o que eu te disse sobre nós dois, não? Não podemos ficar juntos.' - falou Harry.
'É. Não podemos, Harry.' - ela respondeu. E saiu pela porta sem dizer mais nada. Harry parecia confuso. Será que ela não entendera que se ficasse perto dele, Voldemort poderia utilizá-la para atraí-lo, assim como fizera com Sirius no passado? Harry não queria mais isso. Era por isso que ficara sozinho na rua dos Alfeneiros. Não queria ninguém mais envolvido a isso. E Rony e Hermione também encontravam-se nessa lista.
'Rony... preciso lhe contar algo. Sobre o dia em que... - Harry parou por um segundo, como se relembrasse toda a noite em que o fato ocorrera - ..Dumbledore se foi.'
Rony o fitou preocupado. Ele desejava não tocar no assunto. Mas fora Harry quem levantara a questão.
'Você não nos contou onde você esteve com ele antes daquilo acontecer.' - disse Rony.
Rapidamente, Harry lembrou-lhe sobre os Horcruxes e sobre a imortalidade de Voldemort.
'Bem, Dumbledore acreditava que naquela caverna havia um dos Horcruxes, e fomos até lá para tentar destruí-lo.' - disse Harry.
'Mas como ele descobriu isso?' - perguntou Rony.
'Não faço idéia. Mas ele sabia. Havia um líquido esverdeado sobre o Horcrux. Não podíamos tocá-lo nem retirá-lo com magia. Era preciso bebê-la.'
'Bebê-la? Você teve que fazer isso?' - falou Rony assustado.
'Não. - e nesse momento Harry sentiu-se como se uma pedra se encontrasse em seu estômago - Dumbledore a tomou. Sacrificou-se por mim. Queria que eu pegasse o medalhão.'
Rony parecia estupefato.
'Dumbledore sentiu-se terrivelmente mal, e tive de ajudá-lo a sair da caverna e aparatei até Hogsmeade. Foi aí que vimos a Marca Negra.'
Rony tornou-se a sentar em sua cama e ficou com os braços segurando sua cabeça, prestando atenção.
'Nós voamos em vassouras até o castelo...' - começou a dizer Harry.
'...e Snape o encontrou e o matou.' - completou Rony.
'É... mas quando olhei no bolso de Dumbledore, vi que o medalhão não era o verdadeiro Horcrux e vi este bilhete.' - Harry então tirou do malão um bilhete amassado e mostrou-o a Rony. Rony leu-o do início ao fim duas vezes.
'Quem é R.A.B?' - perguntou.
'Não faço idéia.' - respondeu Harry.
'Isso está muito estranho... quero dizer, não era só Snape,Você-Sabe-Quem e Dumbledore que sabiam da existência da profecia?' - perguntou Rony.- 'como esse cara pode falar ATÉ QUE O SEU IGUAL O ENCONTRE - se ninguém mais sabia sobre isso?' - indagou Rony.
'É o que me pergunto.' - disse Harry.
Houve um instante de silêncio entre eles.
'Hogwarts não abrirá esse ano. Eu vou procurar os Horcruxes e destruir para sempre Voldemort.' - disse Harry.
Rony, temeroso, mas decidido, respondeu:
'Nós iremos com v...'
'NÃO! Eu sei que vocês querem me ajudar, mas não há maneira. Eu preciso fazer isso sozinho. Voldemort vai tentar atingir vocês para me atingir. Eu preciso que vocês não venham comigo.'
'Harry, ouça! Eu já vi você enfrentar muitas coisas e não quero ficar para trás. Todos estamos sob perigo em QUALQUER lugar agora! Eu quero acabar com Você-Sabe-Quem também. Todos queremos. E se você acha que eu vou agir que nem aquelas pessoas que pensam que só porque Dumbledore morreu, é hora de perder as esperanças, está muito enganado!' - disse Rony.
Harry o olhou e encarou o amigo. Ele percebeu que Rony estava sendo completamente sincero.
'Se você não quiser, eu irei mesmo assim. Você não irá me segurar.'
'É, parece que não.' - disse Harry, agora sorrindo. - 'Mas, e seus pais? Não vão querer que você se afaste'
'Eu sou de maior, já. Sei me cuidar. Eles não podem mais me proibir.' - disse Rony.
Harry levantou-se lentamente e foi até a janela. Ele viu a lua cheia sobre as estrelas e voltou-se para Rony.
'Ok, então. Pois acho que amanhá partiremos daqui.'
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