Capítulo III
Capítulo três
Harry caiu pesadamente no sofá
branco, o que resultou de um estado quase imediato de sono; como aquilo era
confortável e sua coluna agradecia. Já era quase onze horas da noite e ele
conseguia livrar-se de Marta dizendo que tinha que buscar o filho no colégio;
porém, depois, teve que driblar uma quantidade demasiadamente grande de carros
congestionados nas estradas e ruas; aquela gente não tinha mais nada para fazer
exceto atrapalhar quem quer chegar cedo em casa por causa do trabalho?
Levantou-se abruptamente e resolveu
olhar o quarto do filho; ele já estava dormindo e segurava entre os dedos pálidos
um retrato que Harry logo identificou como sendo dele... um sorrido brincou em
seus lábios suavemente; conseguira... o filho amava-o e tinha admiração por
ele. Com todo o cuidado, ele saiu do quarto, encostando a porta ao passar.
Seu quarto era logo do lado e ele já
entrou desabotoando a camisa e livrando-se dos sapatos jogando-os para o canto.
Tirou a camisa e aproveitou para passar as mãos pela barriga, sentindo alguns pêlos
ralos roçarem seus dedos. Sentou na cama e foi desafivelando o cinto para tirar
a calça quando sobressaltou-se. O quarto estava escuro o que impossibilitava-o
de enxergar alguma coisa, exceto as sombras turvas dos objetos que ele já
decorara onde se encontravam devido aos meses que morava ali. No meio daquele
breu, uma silhueta encontrava-se sentada em sua cama e ele só conseguiu percebê-la
pelo respirar pesado ocasional. Ligou a luz.
- Hermione?
- Desculpe, Harry - Ela soluçou, uma
lágrima prateada brotando de seu olho castanho e rolando por sua face
lentamente. -, eu... não devia...
- O que você está... - começou ele
e rapidamente voltou o cinto para o lugar e puxou uma camisa para cobrir-se.
- Não precisa disso - disse ela,
serena. -, não tem nada aí que eu já não tenha visto...
Um silêncio interminável estendeu-se
e Harry voltou a sentar-se fitando-a direto nos olhos.
- Hermione, olha... já acabou... você
melhor do que ninguém, sabe disso... você... não pode sair entrando no meu
quarto no meio da noite... acabou. Quantas vezes eu vou ter que repetir?
- E quantas vezes vou ter que repetir
que te amo, poxa? - exclamou ela, os olhos brilhando de lágrimas. - Eu sinto
sua falta, ok? Eu não posso controlar isso. Todos os dias eu busco o Peter no
colégio, faço a nossa janta. Eu não consigo te ver só como um simples amigo,
Harry.
- Mas tem
que ver, Mione - disse ele, calmamente. -, se eu faço isso, é para te
proteger...
- Proteger de que? - exclamou a moça,
irritadamente.
- De sofrer...
- Acredite, eu sofro muito mais sem te
ter...
- Você sabe que Kirsten pode voltar
e...
- Eu te amo, Harry - disse ela. -, e não
me importa Kirsten, Fulaninha ou quem quer que seja. Eu quero que o mundo exploda,
porque só o que me importa é você.
Uma veia na têmpora de Harry vacilou
e ele sentiu as mãos trêmulas sobre os joelhos magricelas; o rosto rosado de
Hermione agora brilhava de lágrimas e os cabelos estavam agitados, dando-lhe um
certo ar de doente. Mas ele a amava, sabia disso. Mas sabia mais ainda que não
podia voltar para ela. Não daria certo. Tudo seria como antes... Kirsten
voltaria, ele daria outra chance para ela e tudo iria por água abaixo. Até
hoje não tinha completa certeza de seus sentimentos... se amava-a ou se amava a
Kirsten.
Mas agora, diante da garota, seu coração
chegava a balançar suavemente, acelerando-se e desacelerando-se com a mesma
velocidade de uma lâmpada queimando e podia sentir uma pontada de culpa e dor
batendo dentro de si.
- Não dá, Mi - sussurrou ele com a
voz mais suave possível.
Ela ergueu os olhos e inclinou-se para
frente, aproximando-se dele.
- Até quando isso vai acontecer? -
perguntou, calmamente.
Ele não disse nada, apenas encarando
firmemente os olhos castanhos dela. Por um momento ou dois eles ficaram
silenciosos, Harry conseguindo sentir o hálito dela em seu rosto, o óculos
embaçando momentaneamente; e então, no segundo seguinte, o que pareceu uma
cena em câmera lenta, ela inclinou-se para frente e ele sentiu seus lábios
tocarem.
Harry vacilou e então, seus dedos
correram para os cabelos cheios dela, segurando-lhe o rosto com ternura e
sentindo a sua língua penetrar sua boca... as salivas tranformaram-se em uma só
e eles pareciam flutuar no céu conforme o beijo ficava mais cálido.
Hermione envolveu-o com os braços,
sentindo seus seios comprimirem com o peitoral másculo dele. Alguns segundos
depois, eles deitaram-se na cama, o beijo prolongando-se calidamente; a moça pôde
sentir o volume pressionando sob a calça dele e sorriu enquanto beijava-o.
Finalmente... finalmente conseguira... como ansiara aquilo... como esperara por
aquilo por tempos e tempos... mas então conseguira. Ganhara-o novamente!
E então ele desvencilhou-se e o
momento mágico parou abruptamente.
Hermione abriu os olhos ainda úmidos
e então encarou-o silenciosamente, esperando para ver se ele iria expulsá-la
de seu quarto ou dizer que ainda a amava e que queria fazer amor com ela. E então,
quando ele abriu a boca, ela sentiu o coração explodir dentro de si.
- Hermione... eu... eu não vou dizer
que não te amo... mas... não dá... agora, eu gostaria que você saísse do
meu quarto, por favor...
O estômago dela desabou no chão,
crispando-se dolorosamente.
- Com licença - sussurrou, em silvos
baixos.
A garota encaminhou-se para a saída
e, ao bater a porta à suas costas, os olhos antes marejados de lágrimas,
transbordaram, fazendo com que lágrimas salpicassem por seu rosto até a blusa
branca de seda que usava. Será que ele não conseguia entender que ela o amava?
Nunca amara alguém assim... nunca conseguira encontrar alguém assim, exceto o
seu Harry... mas então ele simplesmente descartava-a, dizendo que queria protegê-la.
Era realmente preferível viver aquele amor, independente dos perigos que fosse
correr... ela o amava e agora tinha plena certeza disso.
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