Capítulo II
Capítulo dois
Harry empertigou-se em sua cadeira, as
costas confortavelmente ajustadas ao espaldar fofo; fitou rapidamente sua
escrivaninha e espantou-se com a quantidade de papéis que espalhara por ela;
mas logo lembrou-se que a maior parte estava ali apenas para enfeitar e dizer
que estava "cansado de tanto trabalho
em sua vida..." quando na verdade, aquilo não passava de bilhetes que
Marta, a moça ao seu lado, ocasionalmente o dava, convidando-o para um almoço
ou jantar após o horário de trabalho.
Claro que ele recusava
intermitantemente todos os convites afinal, o filho ansiava por sua chegada cada
dia em casa...
Harry repousou o rosto nas mãos,
cansadamente e então sorriu; conseguira finalmente um emprego e aquele parecia
verdadeiramente promissor; pelo menos o salário era um pouco maior do que o auxílio-desemprego
no qual era obrigado a apresentar-se semanalmente a algumas pessoas que
avaliavam se precisava ou não do dinheiro. O filho, agora, já crescera e até
ia à escola à tarde; quando Harry não podia buscá-lo, Hermione o ajudava...
Eles não haviam se acertado ao todo;
ele a amava e tinha plena certeza disso mas, alguma coisa puxava-o de volta a
terra, afinal, fora praticamente casado com Kirsten e, querendo ou não, era
preso a ela. Desde que ela fora embora, tudo parecera tão complicado mas ao
mesmo tempo, cada partícula de sua vida melhorara.
Ele e o filho estavam vivendo
verdadeiramente bem; Hermione mudara para sua casa, onde dormia em um quartinho
ao qual reformaram; Harry conseguira finalmente jogar sua garrafa de bebida
fora.
- Você já conseguiu uma vez -
dissera Hermione, os olhos marejados de lágrimas de raiva. -, não vai deixar
cair nisso de novo... veja o exemplo de Kirsten e onde isso a levou!
Ele ergueu os olhos verdes para ela
com suavidade; ela tinha razão. Girando o olhar para o lado, conseguiu ver
Peter; o garotinho crispara-se na poltrona, quase aterrorizado com a cena que
acabara de presenciar. Harry quase derrubara todos os objetos da sala depois de
tragar quase uma garrafa inteira de whisky.
- Você tem razão - ele disse a
Hermione, fazendo com que ela sorrisse calmamente.
Naquela vez eles fizeram uma grande
busca por bebidas alcoólicas e no final do dia haviam conseguido achar quase
dez garrafas de whiskys, tequilas, vodkas e champanhas; Hermione aproveitou e
levou tudo para uma adega e voltou com um maço de dólares, que aproveitaram
para comprar comida e roupas quentes por causa do inverno.
E agora cá estava ele, ganhando cerca
de três mil libras por mês; Harry movimentou com cautela o mouse, fazendo com
que o preto que estivera ali dissipasse dando lugar à cores que foram tomando
lugar até formarem uma pasta de documentos.
Sua atenção foi logo tomada por uma
moça que acabara de entrar pelas portas duplas abertas; ela vinha abraçada a
uma pasta branca entupida de papéis; pelo que Harry percebeu, ela era
demasiadamente bonita. Os cabelos dourados cascateando sobre o ombro e pelas
costas, dois enormes e exuberantes olhos azuis e uma boca carnuda escarlate de
batom; as unhas que seguravam com firmeza a pasta eram igualmente escarlates,
parecendo uma dezena de garras prontas para capturar sua caça.
Mas o que mais chamou sua atenção não
foi sua beleza estonteante mas sim um hematoma roxo azulado que revelava-se
sobre o olho esquerdo e o qual tentara disfarçar com uma maquilagem rosada.
- Não para de olhar para ela - disse
uma voz ao seu lado. -, o que há? Vai se interessar por Paula Rice agora? Ela
é casada pelo o que eu saiba.
Harry desviou os olhos para os papéis
empilhados em sua mesa e começou a mexer com uma certa impaciência neles.
- Claro que não. - disse,
rapidamente. -, ela é bonita mas... - ele parou e depois encarou Marta com
seriedade. -, você viu aquela mancha no rosto dela?
- Ah... vi - disse ela, pensativa. -
mas não deve ter sido nada. Provavelmente foi pegar alguma coisa no alto e o
objeto caiu sobre seu olho.
- É, pode ser - murmurou Harry,
vagamente. -, mas eu duvido muito...
Um silêncio interminável estendeu-se
entre os dois e então, finalmente, Marta cortou-o com severidade.
- Mas o quer que seja não interessa a
você, Potter... por que não pára de querer sonhar um pouco... hum... jantar
hoje à noite, o que acha?
- Quantas vezes vou ter que dizer que
não, obrigado? - disse ele, impacientemente.
- Por que não pára de pensar na
loira gostosona e começa a olhar para as pessoas ao seu lado que
verdadeiramente gostam de você?
Ele ergueu os olhos sorridentes para
ela e sentiu uma enorme vontade de repetir o não,
obrigado, mas simplesmente murmurou um:
- Hum... talvez, quem sabe?
- Potter, desde que você começou a
trabalhar aqui eu tento levar você para sair - ela disse, exasperada. -, ao invés
de ficar recusando poderia ser um cavalheiro e aceitar, não é? Conheço
diversos restaurantes franceses e italianos ao qual adoraria conhecer...
- Hum... se fosse para ser cavalheiro,
quem convidaria seria eu e não você, Marta - respondeu ele, sorrindo.
- Pois então convide - disse ela,
esperando com ansiedade que finalmente o momento ao qual esperara chegaria.
- Não, obrigado.
- Ah, Potter - Marta bufou com raiva e
voltou-se arrastando para a sua mesa, onde jogou-se pesadamente na cadeira e
passou a rabiscar freneticamente em um caderno de couro, o punho quase voando
sobre as folhas brancas.
Harry ergueu novamente os olhos verdes
e procurou a mulher que causara aquela conversa, porém, não a encontrou...
Quem seria ela?
Perguntas assim assolaram-o pelo resto
do dia em que ele fingiu trabalhar enquanto jogava Freecell e Copas e comia uma
barra de chocolate branco.
N/A: Pq a Nath ficou me perguntando
a cada segundo se eu ia ou não postar o capítulo e então agora tah aí neh
@_@ ja ne \o\
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