Sentimentos Marotos



Capítulo 4: Sentimentos Marotos


21 de Setembro de 1973...


No dormitório dos Marotos...


Sirius acordou bem disposto, afinal, era seu aniversário. Hoje estava completando 17 anos. Ao sentar-se na cama, viu uma pilha enorme de presentes ao lado de sua mesa-de-cabeceira. Todos os 112 presentes eram de suas fãs. “Elas me amam!” pensou o moreno sorrindo de orelha a orelha.


Quando Almofadinhas ia começar a abrir seus presentes, viu-se sendo jogado em cima da cama. Tiago pulara em cima dele.


- Parabéns seu cachorro velho! – brincou o moreno de óculos.


Remo e Pedro riam divertidos da cena. Assim que Tiago saiu de cima de Sirius, foram dar parabéns para o amigo. Os quatro divertiram-se com os presentes. Caíram na gargalhada quando Remo abriu um pacote que continha uma calcinha preta de rendinha.


- Danada essa garota! – exclamou Aluado extremamente corado enquanto atacava a calcinha na cabeça de Sirius.


Ao terminarem a farra, foram se arrumar e desceram para a sala comunal em seguida. Sirius sempre sentira-se uma celebridade, naquele dia então...Ele jurava ser uma celebridade, já que recebeu parabéns da escola inteira, praticamente. Várias garotas o barravam no corredor para perguntar do presente, se ele havia gostado, se ele gostaria de sair...


Mas havia algo que intrigara Sirius o dia todo...e os presentes de seus amigos? É claro que, para ele, a amizade era o melhor presente que ele podia receber...mas...Eles sempre lhe davam presentes “maneiros”. E do resto da turma? Lílian e as amigas? Rachel? Alice? Nicholas? Franke e Henri? Deles ele recebera um simples “parabéns”. Era como se nem se importassem direito.


- Ele está chateado. – comentou Tiago para Mel enquanto rumavam para o Salão Principal para jantarem.


- Eu sei. Ficou olhando para nós como quem espera algo mais. – sussurrou a loira, um tanto séria.


- Relaxa...aquele ali vai nos conceder o seu divino perdão quando ver a festa que preparamos hoje na hora do almoço. – disse Tiago animado.


A festa era apenas para a turma de sempre: Tiago, Remo, Pedro, Lily, Mel, Gabi, Rachel, Alice, Henri, Franke, Nicholas e, é claro, Sirius. Haviam preparado um ambiente que era a cara do aniversariante: ambiente de piscina! Havia uma bela piscina com formato oval de água cristalina no centro do que lembrava um jardim, um bar cheio de bebidas e a pista de dança era a piscina, já que todos podiam pisar na água que ficavam planando sobre ela. Bexigas negras flutuavam pelo ar, assim como as velas do Salão Principal.


Lílian, Mellissa e Gabrielle não se demoraram no salão. Rumaram rapidamente para o dormitório feminino para poderem se arrumar.


Gabi foi a primeira a ficar pronta. A garota optara por usar uma blusinha amarela de mangas ¾ , uma saia jeans clara que ia até seus joelhos e calçara uma sandália caramelo de salto plataforma. Deixara o cabelo solto e passara uma maquiagem de tom terra.


A segunda a ficar pronta foi Lily. A ruiva estava trajando uma blusinha de alcinhas finas de cor preta com detalhes em branco, uma calça capri, também preta com detalhes em branco na barra e calçara uma sandália preta super charmosa. Assim como Gabi, deixou o cabelo solto.


- Mel, sai logo daí. Vamos nos atrasar. – disse Gabi enquanto batia na porta do banheiro.


A porta abriu e por ela saiu a loira. Ela estava vestindo uma blusa azul celeste, de alças estilo princesa, uma calça jeans clara com bordados em fios brancos e calçava uma sandália de salto agulha do mesmo tom de sua blusa. Deixou o cabelo solto, como as amigas e passou uma maquiagem suave.


- Pronto. Vamos meninas.


As três saíram apressadas, carregando seus presentes em sacolas. Foram as primeiras a chegarem na Sala Precisa. Colocaram os presente próximos da piscina. Alguns instantes depois, Rachel e Alice chegaram.


- O Franke disse que Tiago está tendo trabalho com Sirius. – comentou Alice rindo.


- Por quê? – perguntou Lílian.


- Sirius se produziu todo porque marcou um encontro com uma garota, mas Tiago está tentando convencê-lo a dar uma volta com ele, Remo e Pedro. – respondeu Rachel.


Nicholas, Franke e Henri adentraram na sala rindo. Franke disse que Tiago e Sirius estavam quase saindo nos tapas na sala comunal da Grifinória e que tinha alguns alunos já fazendo apostas em quem iria vencer, mas que Remo interferira e eles e Pedro saíram do salão comunal.


- Eles já devem estar chegando. – disse Nicholas após colocar seu presente junto com os dos outros.


Dez minutos depois, os Marotos adentraram na sala. Todos gritaram “Surpresa!” e caíram na gargalhada ao verem os olhos de Sirius esbugalharem-se. Os amigos foram em fila para dar um parabéns mais caloroso ao amigo, que estava bem mais animado agora.


- Vocês não me enganaram. Eu sabia que vocês jamais deixariam meu aniversário passar de forma tão besta. – disse Sirius rindo divertido.


- Ah sim, claro, nós sabemos. – brincou Mellissa.


Sirius agradeceu pelos presentes “maneiros” que ganhara dos amigos. Aos poucos, foram se dispersando. Nicholas e Pedro ficaram no bar experimentando as bebidas diferentes que havia ali, enquanto que os casais rumaram para a pista para dançarem a rodada de músicas românticas que estava tocando. Os casais eram: Franke e Alice e Henri e Rachel.


Remo estava olhando ao redor e deparou-se com uma belíssima figura ao seu lado.


- Oi Gabrielle. – ele disse sorrindo suavemente.


Os dois não tiveram tempo de se falarem no decorrer daquele dia. Estavam ocupados demais tentando despistar Sirius.


- Oi Remo. – disse Gabi calmamente, com um sorriso carismático nos lábios.


O mestiço estava vidrado nela...Estava tão bonita naquela noite...Aquele olhar...Doce. Tudo nela era tão puro...Meiga e delicada...Frágil e forte ao mesmo instante. Sim...o bruxo estava apaixonado. Mas como...? Como aquilo acontecera? Fora agora? Não...Fora no dia anterior para ser mais exato. No momento em que olharam-se nos olhos pela primeira vez em anos.


- Hum...quer ir dançar? – perguntou a garota, que mal acreditava no que acabara de falar.


“O que eu estou fazendo?! Eu o chamei para dançar! O que está acontecendo comigo??” pensava Gabi enquanto ouvia um “Claro” vindo de Remo. E estremeceu quando sentiu a mão do rapaz segurar a sua delicadamente para guiá-la até a piscina. Pararam um diante do outro e olharam-se nos olhos novamente. Sorrisos surgiram nos lábios de ambos. Não demorou muito e os dois dançavam no ritmo lento da música.


Remo estava completamente fascinado por aquela menina...aquela mulher. Mulher que se pedisse para ele o impossível, ele seria capaz de fazer milagres e até mesmo sacrifícios para atender seu pedido.


“Seus olhos e seus olhares
Milhares de tentações
Meninas são tão mulheres
Seus truques e confusões
Se espalham pelos pêlos
Boca e cabelo
Peitos e poses e apelos
Me agarram pelas pernas
Certas mulheres como você
Me levam sempre onde querem.”



Lílian estava conversando aos sussurros com Mellissa sobre o novo casal: Remo e Gabi. A ruiva parara de falar abruptamente ao ver Sirius aproximar-se.


- Estou atrapalhando, garotas? – perguntou ele com aquele sorriso que destruía centenas de corações femininos.


- Não. – respondeu a ruiva imediatamente.


- Certo. Não vai se importar se eu puxar sua amiga para dançar, vai Lílian? – perguntou Sirius, sem tirar o sorriso dos lábios um instante sequer.


- Claro que não. – disse Lily sorrindo animada.


Mel sorriu um pouco sem graça e, antes de ir para a pista dançar com Sirius, lançou um olhar para a amiga...aqueles do tipo “Te mato depois”. A loira caminhou de mãos dadas com o maroto até a pista, ambos em silêncio. Assim que alcançaram o centro da pista...


- Ei...Vem cá... – sussurrou Sirius enquanto olhava nos olhos da garota e a puxava para mais perto de si, enlaçando-a pela cintura e sendo abraçado pelo pescoço em seguida.


Almofadinhas não conseguia desviar o olhar daqueles olhos de íris extremamente azuis...Olhos que o faziam mergulhar num oceano repleto de mistérios...E não conseguia resistir àquele mergulho tão profundo...E nem queria conseguir resistir...


- Obrigado pelo presente, Mellissa. – disse Sirius, puxando assunto.


Mel estava vidrada nos olhos cinzentos daquele rapaz. Por quê queria evitar dançar com ele? Era uma dança e mais nada, não era? Então...por quê olhara daquele jeito para Lílian? Por quê estremeceu ao sentir-se sendo envolvida pelos braços dele? Da primeira vez que se abraçaram ela não hesitara...por quê isso agora? A loira estava completamente confusa, mas não deixava aquilo transparecer de forma alguma.


- Fico feliz que tenha gostado da sua jaqueta de couro de dragão... – comentou ela sorrindo serenamente.


Sirius suspirou e sorriu suavemente enquanto começava a dançar com Mellissa. Se fosse outra garota, ele certamente não estaria nem dançando e sim se “atracando” com ela em um canto da escola. Considerava-se “esperto” por isso...mas...ela...Aquela loira...Não era uma garota...era uma mulher...mas diferente das outras. E ele? “Apenas um garoto perto dela...” pensou ele e suspirou novamente em seguida.


”Garotos não resistem
Aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu
Sempre tão espertos
Perto de uma mulher
São só garotos”



Tiago estava encostado no bar com Nicholas e Pedro, mas não prestava atenção na conversa dos dois rapazes. Seus pensamentos estavam voltados, assim como seu olhar, para uma certa ruiva. Respirou fundo e decidiu que ia falar com ela. Pegou duas garrafas de cerveja amanteigada e rumou até a borda da piscina, onde a garota encontrava-se sozinha, observando os casais dançando.


- Oi... – disse Tiago com a voz serena.


Lílian virou-se lentamente. Seu olhar encontrou com o do maroto...


- Oi Pot...Quero dizer, Tiago. – corrigiu ela rapidamente.


- Olha só...aprendeu. – bricou Tiago enquanto escondia as garrafas de cerveja amanteigada a suas costas. – Hum...gostaria de dançar, Lily? – perguntou ele sorrindo de orelha a orelha.


- Não. – respondeu a ruiva prontamente.


- Ah...eu sabia que responderia isso...Por isso trouxe isso. – disse o maroto calmamente, mostrando as garrafas e oferecendo uma delas para a ruiva.


Lily não conseguiu esconder um sorriso.


- Assim como sei que não dispensa cerveja amanteigada. – continuou o rapaz, insistindo em que ela pegasse a garrafa.


- Vindo de você...são outros tronquilhos. – comentou Lílian enquanto virava-se novamente para a pista e voltava a prestas atenção nos casais que dançavam.


O queixo de Tiago poderia ter chegado no chão, tamanha era sua indignação. Por quê ela agia assim com ele? Será que ele não demonstrava o suficiente que ela podia confiar nele? Será que ele a fazia descrer que ele não a faria sofrer?


“Dou minha cara a tapas por ela...E não é que ela bate mesmo??” pensou ele amargurado.


“Seus dentes e seus sorrisos
Mastigam meu corpo e juízo
Devoram os meus sentidos
Eu já não me importo comigo
E então são mãos e braços
Beijos e abraços
Pele, barriga e seus laços
São armadilhas e eu não sei o que faço
Aqui de palhaço, seguindo os seus passos.”



O maroto de óculos afastou-se dela, retornando para o bar.


- Outro fora, cara? – perguntou Nicholas em tom divertido.


Tiago não respondeu com palavras, apenas encolheu os ombros como quem diz “Fazer o que né?”. Depositou no balcão a garrafa que oferecera para Lílian e sentou-se no banquinho de pernas compridas. Abriu sua garrafinha e tomou um gole de cerveja amanteigada enquanto voltava a observar a garota.


Seu coração implorava enquanto sangrava...enquanto sentia tanta dor por desejar alguém...amar alguém que não estava, aparentemente, nem ligando.


“Cómo quisiera poder vivir sin aire...
Como eu queria poder viver sem ar
Cómo quisiera poder vivir sin agua...
Como eu queria poder viver sem água
Me encantaría quererte un poco menos.
Eu adoraria te querer um pouco menos
Cómo quisiera poder vivir sin ti.
Como queria poder viver sem você.”



“Pero no puedo, siento que muero,
Mas eu não posso, sinto que morro,
me estoy ahogando sin tu amor.
Me estou afogando sem o teu amor.”



Tiago ficava cada vez mais agoniado devido a situação em que seu coração fora posto. Ouvia as palavras de Mel invadirem sua mente... “Tiago...sei que vai conseguir conquistá-la”...E em seguida vieram as palavras de Sirius... “Desencana Pontas! Qual é hein? Tem muitas garotas na escola...É só escolher outra cara.”


Pontas balançou a cabeça suavemente, para afastar aquelas vozes de sua mente. Suspirou tristemente e deu mais um gole do líquido que aquecia seu corpo. Queria apenas tê-la para si...e só...Mas como?


“Cómo quisiera poder vivir sin aire.
Como queria poder viver sem ar
Cómo quisiera calmar mi aflicción.
como queria acalmar a minha aflição
Cómo quisiera poder vivir sin agua.
como queria poder viver sem água
Me encantaría robar tu corazón.
eu adoraria roubar teu coração.”



O rapaz não queria desistir de Lílian Evans...Mas...Se ela continuasse a não lhe dar uma chance...Suspirou...Sim, acabaria desistindo de um nós que existia apenas na imaginação e nos sonhos dele. Mas aquele pensamento...de desistência...Sabia que seria difícil esquecer aquela garota...


“¿Cómo pudiera un pez nadar sin agua?
como poderia um peixe nadar sem água?
¿Cómo pudiera un ave volar sin alas?
como poderia um ave voar sem asas?
Cómo pudiera la flor crecer sin tierra?
como poderia a flor crescer sem terra?
Cómo quisiera poder vivir sin ti.
como queria poder viver sem você.”



“Pero no puedo, siento que muero,
Mas eu não posso, sinto que morro,
me estoy ahogando sin tu amor.
Me estou afogando sem o teu amor.”



Tiago virou o restante do líquido goela abaixo. Sentiu o corpo queimar internamente. Fitou Lily mais uma vez, sentia até um pouco de raiva agora. Não dela...jamais conseguiria sentir raiva dela...mas de si mesmo, por não conseguir esquecê-la se não podia tê-la...


“Cómo quisiera...
como queria...
Cómo quisiera lanzarte al olvido
como queria poder te lançar ao esquecimento
Cómo quisiera guardarte en un cajón.
como queria te guardar em uma gaveta
Cómo quisiera borrarte de un soplido.
como queria te apagar com um sopro
Me encantaría matar esta canción
eu adoraria matar esta canção.”



Enquanto isso...


Uma nova música lenta começava a ecoar pelo ambiente. Mellissa estava tão envolvida com Sirius naquela noite...O perfume do rapaz a fazia flutuar para longe...


- Longe... – murmurou ela para si mesma de repente.


- O que disse, Mellissa? – perguntou Sirius num sussurro, contra o ouvido da loira.


A garota pareceu despertar. Soltou-o lentamente enquanto afastava a cabeça do ombro do maroto. Olhou-o nos olhos novamente e sorriu calmamente.


- Quase me esqueci...Sirius, desculpe, mas não posso ficar.


O rapaz piscou incrédulo.


- O...mas, por quê? – perguntou ele sem entender.


Será que ela não estava gostando de ficar ali com ele? Será que ele dissera algo que não devia? “ O que foi que eu fiz de errado???” pensou ele sem desafrouxar o abraço.


- Quase me esqueci...Marquei de encontrar o Amus...


Sirius segurou-se para não fazer uma careta. “Ele de novo!” gritava mentalmente. “Eles namoram, seu pulguento. O que mais você queria?” pensou enquanto a soltava.


- Tudo bem Mellissa. – disse ele sorrindo. – Obrigado por ter vindo...Pelo presente.


Sirius a acompanhou até a porta da Sala Precisa, após a garota ter-se despedido de todos. Assim que fechou a porta, girou nos calcanhares e foi caminhando até o bar com passos duros e uma expressão carrancuda. Ao se aproximar de Tiago, várias garrafas começaram a explodir, devido a sua raiva.


Nicholas e Pedro soltaram exclamações enquanto se afastavam no bar assustados com as explosões que, os casais na pista não perceberam. Tiago esquivou-se dos caquinhos de vidro que voaram na direção dele.


- Ei! Almofadinhas, controle-se! – exclamou o moreno de óculos, após fazer as garrafas voltarem a ficarem inteiras, com seus líquidos intactos.


- Eu vou matar...estraçalhar o Diggory! – exclamou Sirius baixinho.


- Ah...então é isso. – sussurrou Tiago que compreendera o que estava acontecendo.


- Aquele...


- Sirius...eles namoram. E, ao que me parece, está tudo indo bem entre eles. Então, faça um favor para eles e para você mesmo: deixe-os em paz, cara. Nós dois aqui sabemos que se você conquistar a Mel, vai ficar com ela uma semana...


- Pontas...


- ...e depois irá largá-la. – continuou Tiago, ignorando os protestos do amigo.


Sirius fechou a cara e sentou-se ao lado de Pontas. Será mesmo que aquilo aconteceria? Ele achava, sinceramente, que não. Do contrário, teria agarrado a loira há muito tempo, e sabia que aquilo bastaria para balançá-la a ponto de romper com o Diggory.


Do outro lado da piscina estava Lílian. A ruiva conversava animada com Nicholas, ignorando Pedro. Após alguns minutos ela sentiu que não tinha mais nada para fazer ali. Suspirou e começou a se despedir dos amigos. Para Tiago ela deu um mero “Tchau” e saiu da Sala Precisa, com destino dormitório.


Das três amigas, a única que permanecera na festa surpresa de Sirius fora Gabrielle. Dançara por quase duas horas com Remo. Sim, estava adorando ficar ali, com ele. Sentia-se...completa. Não queria se separar dele. Finalmente entendera que era ao lado dele, Remo Lupin, que queria ficar. Chegou a corar com aquele último pensamento.


Quando deu por si, já eram quase duas horas da madrugada. Todos estavam na pista, dançando músicas extremamente animadas, que os contagiava. Por mais que estivesse se divertindo, Gabi decidiu que era hora de voltar para o dormitório.


- Remo, eu vou indo. – disse ela.


Aluado parou de dançar, um pouco desapontado, mas entendia perfeitamente. “É tarde...Ela deve estar cansada...Precisa descansar.” Pensou enquanto a puxava para fora da pista, logo após a garota se despedir dos amigos.


- Onde você está indo? – perguntou Gabrielle arqueando uma sobrancelha.


- Te levar até a sala comunal...Está tarde. Não é bom andar sozinha pela escola a essa hora. – respondeu Remo com simplicidade.


Ambos sorriram abertamente e saíram de mãos dadas da festa. Em silêncio, foram caminhando cautelosamente até a Torre da Grifinória. A Mulher Gorda não ficou nem um pouco alegre de ser acordada tão tarde. Mal sabia ela que seria acordada ainda mais algumas vezes.


A sala comunal estava deserta e fracamente iluminada pelas chamas que bruxuleavam na lareira principal. Remo acompanhou Gabrielle até o pé da escada que levava para o dormitório feminino. Abaixou a cabeça e ficou observando as mãos entrelaçadas.


- Remo...obrigada por tudo. Adorei a noite. – disse a garota, quebrando o silêncio.


Aluado ergueu a cabeça e olhou-a nos olhos. Sentia o coração bater fortemente contra o peito. Uma vontade louca de beijá-la tomou conta dele. Então, ajeitou uma mecha do cabelo da garota atrás da orelha com a mão livre.


- Gabrielle... – começou ele num sussurro quase inaudível.


Gabi sabia o que estava por vir. E não queria esperar mais...Não podia esperar mais...Sentia que acabaria enlouquecendo de não atendesse ao pedido de seu coração, sua alma. Aproximou-se mais de Remo, enquanto fechava os olhos lentamente.


Lupin tremia levemente. Como era possível? O que estava acontecendo? Quando o rapaz deu por si, já estava beijando Gabrielle. Sentir o roçar dos lábios dela, o toque suave da língua...o sabor doce...Abraçou-a mais fortemente. O coração batendo mais rápido. Uma sensação simplesmente extraordinária.


Quando pararam de se beijar, olharam um nos olhos do outro. Não disseram uma única palavra por longos segundos.


- Boa noite...Remo... – sussurrou Gabi, sorrindo carismática.


- Durma bem...


A garota virou-se para a escada e a subiu, sem olhar para trás. Sentia-se leve. Sim, estava delirantemente apaixonada, como nunca antes. E aquilo estava bastante visível, pois entrara sorrindo como uma “boba alegre” no dormitório.


Lily já estava com as vestes de dormir. Encontrava-se deitada na cama, lendo um livro de Feitiços. Ao ver Gabi sorrindo daquela forma, abriu um sorriso de orelha a orelha. Largou o livro na mesa-de-cabeceira e levantou-se apressada. Pronta para bombardear a amiga de perguntas.


- Gabi! Até que enfim! Pela sua cara...então...? – perguntou a ruiva, eufórica.


Gabrielle olhou para a amiga e atirou-se na cama, rindo divertida.


- Isso mesmo Lily...


- Então...Então...vocês estão...juntos? – perguntou Lílian sentando ao lado da morena.


- Bem...creio que sim...


- Como assim? – perguntou a ruiva arqueando uma sobrancelha.


- Bom...ficamos dançando a festa inteira. E ele me trouxe até o salão comunal...e...bom...Nós...nós...


- Vocês o que?! – exclamou Lily cheia de espectativas.


- Nós nos beijamos! – disse Gabrielle animada. – E foi o melhor beijo da minha vida!


Lily soltou um gritinho e pulou em cima de Gabi. As duas rindo divertidas
Apenas pararam quando a porta do dormitório se abriu e por ela entrou uma Mellissa cabisbaixa. Sentaram-se apreensivas na cama da morena.


- Mel? – chamou Lily receosa.


- O que você têm? – perguntou Gabi preocupada ao ver a expressão de desapontamento na face da amiga.


A loira suspirou e sentou-se na cama de Lílian, ficando diante das amigas.


- O Amus não apareceu... – sussurrou a garota, suspirando em seguida. – Eu não sei o que eu fiz...Ele está tão diferente...


Lily e Gabi entreolharam-se. Odiavam ver Mel chateada daquela forma. Ainda mais ela, que era a mais animada, cuja alegria as contagiava sempre. Sentaram-se ao lado da amiga, uma de cada lado.


- Mel...talvez o Filch o pegou quando ele estava indo te ver... – sugeriu Gabrielle.


Mellissa encolheu os ombros. Ficou em silêncio por alguns instantes, submersa em seus próprios pensamentos. O que deixou Lílian e Gabi completamente agoniadas.


- Fala com a gente Mel... – pediu a ruiva.


- Não há o que dizer, Lily... – disse a loira num suspiro. – Bom, vou tomar um banho.


Vinte minutos depois, as três estavam deitadas, cada uma em sua cama. Sabiam que nenhuma estava dormindo, mas preferiam fingir que estavam. Sentiam que cada uma tinha muito no que pensar, refletir. Pela manhã, colocariam tudo em pratos limpos.


“Nem tive tempo de falar para a Mel que estou com o Remo...mas...tadinha...Está arrasada por causa do Diggory.” Pensava Gabrielle enquanto revirava-se na cama. “Ah...mas amanhã eu vou contar tudo para ela. Sei que ela vai ficar ao menos um pouquinho feliz. Talvez ajude a levantar o astral dela.” Os olhos da garota chegaram a brilhar ao lembrar de Lupin. Sorriu discretamente e agarrou-se a um travesseiro, imaginando que fosse ele...então...adormeceu.


Outra que tinha um maroto nos pensamentos era Lílian. “Não posso ficar perto dele...Sei que não conseguirei resistir aos encantos do Tiago...E isso não pode acontecer em hipótese alguma! Ou...ou senão... acabarei como as tantas outras garotas...” pensou a ruiva com amargura.


E outra que estava amargurada era Mellissa. Amargurada...chateada...decepcionada. “O que aconteceu? Onde está o Amus que eu encontrei no cruzeiro? Aquele que era super carinhoso...atencioso...” pensava a loira com os olhos cintilando por causa das lágrimas. Não o amava, nem estava apaixonada. Mas gostava dele. Não podia negar. Ele a fez tão feliz naquelas semanas.


Enquanto isso, Remo Lupin estava na sala comunal, com os pensamentos vagando por um certo dormitório enquanto aguardava a chegada dos amigos.


A imagem de Gabrielle era nítida em sua mente. E só de pensar nela, um sorriso nascia em seus lábios. Os olhos brilhavam, tamanha era a emoção que sentia. O coração disparava. Lhe faltavam palavras agora para descrever aquela onda gigantesca que trazia e levava sentimentos tão profundos, tão intensos.


Aquela menina tão especial...como será que ela reagiria ao saber que ele, Aluado, era, na verdade, um lobisomem, e não um simples bruxo. Seu coração estava calmo em relação àquela questão pois de alguma forma, algo lhe dizia que ela não se importaria com o fato de ele ser um lupino. E, certamente, aquilo o deixava extremamente seguro de que tudo ficaria bem entre eles.


Na Sala Precisa, Franke, Alice, Rachel e Henri ainda dançavam animados. Estavam elétricos. Riam divertidos dos movimentos desengonçados de Franke, que, é claro, ele fazia propositadamente, já que se tratava de um ótimo dançarino. Tiago, Nicholas e Pedro conversavam entusiasmados sobre, obviamente, quadribol. Discutiam táticas e lances famosos. Pedro apenas concordava com o que Pontas dizia.


Sirius, que estava no auge de sua irritação novamente, viu que se ficasse ali acabaria explodindo todas as garrafas que havia no bar. Começou a se despedir e agradecer rapidamente aos amigos que restavam na festa e tratou logo de sair da sala. Estava novamente irritado porque lembrara-se que, enquanto ele estava ali, Mellissa devia estar em algum canto da escola com o maldito Diggory.


Almofadinhas foi andando sem emitir ruído algum. Ia cortando caminho até a sala comunal da Grifinória com extrema facilidade, já que conhecia todas as passagens secretas daquele castelo.


Quando estava passando por um corredor, parou de andar abruptamente ao ouvir um risinho. Olhou ao redor. Viera de uma sala de aula, cuja porta estava entreaberta. “Deve ser um casal idiota” pensou ele enquanto dava um passo para prosseguir seu caminho rumo a sala comunal, mas parou ao ouvir a voz de um rapaz que, ultimamente, desejava esganar.


Aproximou-se silenciosamente da porta e espiou pela fresta. Arregalou os olhos ao ver Amus Diggory abraçado com uma garota que, decididamente, não era Mellissa Hawking. Reconheceu a garota. Era a ex dele. “Eu sabia que você não era perfeito!” exclamou Sirius mentalmente. Então, veio a raiva. Ele estava enganando Mel. “ Esse canalha...” pensava o maroto enquanto, sem mais nem menos, adentrava na sala, acendendo a luz com um gesto da varinha.


Sirius ficou satisfeito em ver a cara de assustado de Diggory. A garota o largou na hora, completamente constrangida.


- Ora ora...Diggoy.


- Black...


Amus murmurou algo para a garota. Sirius supôs que ele pediu para que ela fosse embora, o que ele achou ótimo, pois queria trocar uma palavrinhas com Diggory.


- Seu canalha. Como ousa trair a Mellissa?! – perguntou o maroto, furioso.


- Ei, Black, dobre a língua quando falar co...


- Falo com você da forma que eu quiser.


Se fosse possível, faíscas teriam saído dos olhos de ambos. Amus avançou contra Sirius, que guardou a varinha. Não ia usar feitiços para se defender. Queria ter o prazer de socar aquele patife. E foi o que fez, pois antes que Diggory se aproximasse muito, o maroto rapidamente o socou, como fazia com os balaços.


Amus cambaleou para trás, vendo estrelinhas. Ao se recuperar, viu que Sirius agora apontava a varinha para seu peito.


- É melhor você contar amanhã para a Mellissa o que está aprontando, do contrário eu mesmo o farei. – disse Sirius firmemente.


- Você não ousaria!


- Espere para ver então! Está avisado, Diggory.


E, sem dizer mais nada, Sirius retirou-se da sala com um ar triunfante. Aquele sim tinha sido um presente de aniversário mais que maneiro.

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