Encanto



Capítulo 3: Encanto


Hogwarts, 17 de setembro de 1973.


No dormitório feminino do sétimo ano da casa dos leões...


- Andem! Vamos nos atrasar! – exclamou Mellissa.


- Rachel e Alice já foram? – perguntou Lílian enquanto terminava de pentear o cabelo.


- Há séculos...


O que estava acontecendo era o seguinte: o aniversário de Sirius estava chegando, era no dia 21 de setembro, e, para surpreendê-lo, queriam dar uma festinha surpresa para ele. O problema era que Sirius simplesmente não desgrudava de ninguém da turma, então, na noite anterior, tramaram que deixariam Sirius dormindo e iriam todos para o Salão Principal mais cedo.


Lily correu apressada para a porta. A garota estava vestindo uma blusinha rosa claro de mangas compridas e de tecido bem molinho e uma saia jeans.


- Gabi? Vamos. – disse Mel.


A loira estava usando uma calça preta com fendas nas laterais externas que iam até os joelhos e uma blusinha de alcinhas finas da cor azul marinho. Logo atrás vinha Gabrielle. Esta trajava uma calça capri branca e uma blusinha amarela, estilo frente-única.


Assim que chegaram no salão comunal, que ainda estava praticamente deserto devido ao horário, rumaram direto para a saída guardada pelo quadro da Mulher Gorda. As três desataram a correr, achando que estavam atrasadas, em direção ao Salão Principal. Entretanto, quando chegaram, viram que não estavam atrasadas, pois lá estavam, da turma, apenas Alice, Franke, Nicholas, Henri e Rachel, ou seja, faltavam chegar ainda Tiago, Remo e Pedro.


Ao se aproximarem do grupo, foram cumprimentando os amigos e acomodando-se à mesa da Grifinória.


- Onde estão Tiago, Remo e Pedro? – perguntou Gabrielle.


- Ainda não desceram. Mas já devem estar chegando. Quando eu passei lá no dormitório deles, eles estavam terminando de se arrumarem. – comentou Franke.


No dormitório dos Marotos...


- Ele está se mexendo! – guinchou Pedro baixinho, que fora encarregado de vigiar o sono de Sirius.


- Rabicho, quieto! – exclamou Tiago.


Remo saiu do banheiro, já estava pronto. O rapaz estava vestindo uma calça jeans escura e uma blusa regata branca. O moreno de óculos, Tiago, usava uma blusa de mangas compridas cinza e azul escuro e uma calça jeans.


- Melhor irmos, Pontas...Os outros devem estar a nos esperar já. – comentou Remo em voz baixa.


- O que faço se o Sirius acordar? – perguntou Rabicho.


- Não deixa ele acordar. Bata com força na cabeça dele se for preciso.


- Tiago! – repreendeu Remo, olhando-o perplexo.


- É modo de dizer, Aluado. Vamos. E Rabicho, não esquece, só deixa ele descer depois da metade do café da manhã.


- Está bem...Está bem.


Alguns instantes depois, os dois marotos já estavam no Salão Principal, reunidos aos demais da turma.


- Onde está o Pedro? – perguntou Nicholas.


- Ficou no dormitório para vigiar o Sirius. – respondeu Remo.


Tiago pediu a atenção de todos, já que as garotas conversavam entre si e Franke e Henri falavam sobre quadribol. Todos viraram-se para o maroto, esperando que ele começasse a falar.


- Bom, como sabem, dia 21 é o aniversário do Sirius...


- Ta Potter, sabemos disso. Vamos falar da festa. – resmungou Lily, que estava mal humorada já que estava com sono agora.


- Claro, Lily. – disse Tiago abrindo um sorriso, pois a sua querida “ruivinha” falara com ele.


Mellissa e Remo notaram o sorriso que surgira nos lábios do rapaz e acabaram sorrindo também. Para eles, o amor que Tiago nutria por Lily era bastante visível. Certo, talvez a escola inteira soubesse, até mesmo Dumbledore, mas Lílian parecia ser cega, por algum motivo, não queria ver...


- Gente, tudo bem, adorei a idéia da festa e tal. Mas...tem um detalhe. – começou Alice.


- Qual? – perguntou Remo.


- O lugar em que daremos a festinha. – respondeu a garota, como se aquilo fosse óbvio.


Tiago e Remo trocaram olhares significantes. Sim, eles sabiam o local perfeito...mas, durante 7 anos...7 anos...aquele local era somente dos Marotos. A Sala Precisa era o paraíso para eles, tanto que eles a apelidaram de Sala das Mil Maravilhas. É...era hora de compartilhar com outros amigos aquela sala.


- Temos o lugar ideal para isso. – disse Tiago.


- A Sala Precisa. – comentou Remo tranqüilamente.


Todos olharam de um maroto para outro, com pontos de interrogação em suas faces. Pontas e Aluado sorriram e começaram a falar, resumidamente, das utilidades da sala secreta. Mesmo o resumo deixara o grupo extremamente fascinado e interessado na sala.


Se puseram a acertarem todos os detalhes da festa. Nada podia dar errado. Tiago queria que o amigo visse e sentisse o quão importante ele era para as pessoas, pois fora somente ele, Pontas, que vira o estado verdadeiro de Sirius Black no momento em que deixara seu lar e sua família para trás. E nesses dois últimos anos ele sempre fizera de tudo para ver o amigo bem, até o incentivara a comprar a moto voadora naquelas férias de verão.


Aos poucos, o salão foi enchendo-se de alunos e professores. Quinze minutos após o início do café da manhã, as portas do salão foram abertas estrondosamente por Sirius, que adentrara no local com passos duros enquanto segurava contra a têmpora direita um pedaço de carne crua. E, é claro, Pedro andava atrás dele, com um saco de gelo no nariz.


- Pontas, seu miserável! Que belo despertador arrumou para mim! – exclamou Sirius ao se aproximar dos amigos que, “estranhamente”, pararam de falar com a sua aproximação.


Tiago fez sua melhor cara de inocente e abriu um sorriso.


- Seu paspalhão, não me venha com esses sorrisos. Rabicho contou que você mandou-o me “fazer dormir” com um soco na cabeça. – disse o moreno de olhos cinzentos enquanto largava-se na cadeira ao lado do melhor amigo.


- Que estranho...não me lembro de ter especificado a maneira como ele deveria fazer você acordar... – disse Tiago segurando o riso.


- O que houve com você, Pedro? – perguntou Remo enquanto ajudava o amigo a sentar-se.


- Sirius me deu um murro no nariz depois que eu o cutuquei. – choramingou o loiro.


- Cutucão pesado o seu, não? – comentou Sirius olhando para o amigo um tanto raivoso.


O salão encheu-se pelo farfalhar de milhares de asas. Era o correio-coruja. Conforme os alunos e professores recebiam um exemplar do Profeta Diário, expressões de raiva ou medo surgiam nas faces de cada um. Isso porque a notícia da primeira página continha duas fotos. Uma era do velório de três aurores, abaixo da foto vinha um pequeno texto falando sobre quem eles eram. Em seguida vinha a segunda foto, que era a da Marca Negra pairando sobre o telhado da casa de um dos aurores.


Mas de todos os presentes do Salão Principal, Mellissa era a única que empalidecera horrivelmente. “Lord das Trevas mata aqueles que entram em seu caminho e tentam impedi-lo de concretizar seus planos sombrios...” lia ela enquanto o jornal tremia em suas mãos.


- Mel? – chamou Lily baixinho, ao notar o estado da amiga.


Todos da turma ficaram olhando para a loira, preocupados, pois sabiam que ela ficara abalada daquele jeito porque seus pais eram aurores...e dos bons, já que sempre que podiam, acabavam com a farra de Lord Voldemort.


- Eu...eu vou me trocar...Daqui a pouco começa o treino de quadribol. – disse Mel enquanto largava o jornal na mesa.


Lílian e Gabrielle logo se levantaram para acompanhar a amiga.


- Meninas...eu...gostaria de ficar sozinha um pouco. – pediu a loira.


As duas garotas concordaram e voltaram a sentarem-se, tudo bem que a contra gosto, já que queriam ficar com a amiga, mas respeitavam o desejo dela. Ficaram observando-na rumar cabisbaixa para a porta do salão e em seguida sair do mesmo.


A ruiva sentira uma mão tocar seu ombro e acariciá-lo carinhosamente, como quem consola e dá forças. Olhou para o dono da mão, que estava sentado ao seu lado agora.


- Não se preocupe...Ela vai ficar bem. – sussurrou Tiago.


Pontas não deu um de seus sorrisos marotos. Nem mesmo olhou para Lily com vontade de agarrá-la e tê-la para si. Ao contrário. Seu sorriso era verdadeiro, e a ruiva sabia disso, e nos olhos dele podia ver um mar de ternura somente para ela...


- Obrigada...Pott...


- Me chame de Tiago...por favor. Potter fere meus ouvidos. – brincou ele para descontrair.


Lílian apenas sorriu discretamente e voltou a atenção para suas panquecas com cobertura de chocolate.


Tiago, Sirius, Franke, Henri, Nicholas e Rachel, ao terminarem de tomar café da manhã, despediram-se de Lílian, Gabrielle, Remo, Pedro e Alice, pois, como Mellissa dissera, eles tinham um treino de quadribol ainda de manhã.


O time rumou para o vestiário, e lá ficou completo, porque Mel já estava lá. Parecia um pouco melhor, mas ainda não o bastante, afinal, aquilo a prejudicou nos treinos. A loira não jogara com tanta vivacidade como costumava jogar. Decididamente não tivera um bom desempenho.


Tiago a compreendia, por isso não ficava cobrando nada de sua melhor artilheira. Ele pediu para pausarem um pouco e aproveitou para ir falar com a amiga.


- Mel?


- Desculpe, Tiago. Estou jogando pessimamente. É que...não estou com cabeça para....o treino... – disse a loira, completamente sem graça.


- Não se preocupe... – começou ele enquanto acariciava o rosto dela delicadamente. - ...Faz o seguinte, desce, tome um banho lá no vestiário para relaxar um pouco...E almoce, mocinha. A senhorita não comeu nada no café. Lembra? Saco vazio não pára em pé.


Ambos riram divertidos das palavras que o maroto proferira. Mellissa ficou extremamente grata e retirou-se logo em seguida.


- Vamos lá, pessoal. Temos tempo ainda. Vamos treinar esse goleiro aqui. – disse Tiago dando tapinhas no ombro de Franke.


O rapaz posicionou-se diante das balizas para poder defender os gols dos artilheiros. Enquanto isso, Sirius voou até o amigo, Pontas.


- Pontas, meu camarada...


- Ihhhhhh....quando você vem com esse “camarada”... – brincou Tiago, sorrindo marotamente.


- Me libera desse treino, vai. – pediu Almofadinhas.


- Mas...Sirius...seu cachorro preguiçoso...Nem treinamos direito...


- Vai Tiago...É para o bem de seu camarada aqui e de uma loirinha linda que você acabou de dispensar.


- Sirius...a Mel namora...E não quero que você destrua o namoro dela, fique com ela uma semana e depois a descarte, como sempre faz...


- Eu disse alguma coisa, Pontas? Não vou destruir o namoro dela...Só queria me aproximar um pouco mais dela...Só isso... – disse Almofadinhas sorrindo de orelha a orelha.


Tiago tomou da mão do amigo o bastão de batedor e ficou aponta para o nariz dele.


- Se fizer algo, arrebento esse focinho velho aí. – disse Tiago.


Apesar de estarem sorrindo, ambos sabiam que estavam falando sério. Tanto Sirius em não destruir o namoro de Mellissa, quanto Tiago em arrebentar o “focinho velho” de Almofadinhas.


- Posso, então capitão? – brincou Sirius.


- Ai. Vai logo antes que eu me arrependa.


Os dois começaram a rir.


- Vou indo. Tenho uma donzela para animar. – brincou novamente o maroto.


Sirius despediu-se dos outros e desceu para o vestiário. Ao entrar, caminhou silenciosamente até a porta do banheiro feminino, que estava fechada. Podia ouvir o barulho do chuveiro. “Ela está tomando banho...” pensou ele enquanto rumava para o banheiro masculino. Queria tomar um banho também.


Quando o maroto saiu do banheiro, praticamente meia hora depois, viu que a porta do banheiro feminino estava aberta. “Droga! Ela já foi! Preciso achá-la....Já sei! O Mapa...” pensava ele enquanto disparava para fora do vestiário. Porém, ele não precisou nem mesmo entrar no castelo. Encontrara Mellissa no jardim.


Mel estava sentada e recostada no tronco de uma árvore que Sirius jamais reparara, mas agora, olhando bem, era belíssima. Observou a loira de longe. Parecia séria e pensativa. Respirou fundo. Sim, estava com medo de ir até ela e falar ou fazer algo que colocasse todo a perder. Mas...tudo o que? O que ele tinha medo de perder? “Minha chance com ela...” pensava o maroto enquanto caminhava até ela.


- Oi, Mellissa. – disse ele após se aproximar.


A loira, que estava submersa em seus próprios pensamentos, não havia reparado na presença dele. Virou o rosto e fitou-o atentamente. Como era charmoso...


- Olá, Sirius...Hum...Tiago finalizou o treino? – perguntou ela, arqueando uma sobrancelha.


- Não. Eu é que pedi para o “major” me dispensar. – brincou o rapaz, que recebera em troca um sorriso da garota.


- Entendo...Ahn...Sente-se... – disse Mel.


Mais do que imediatamente Sirius o fizera. Acomodou-se ao lado dela. Uma lufada do doce perfume da loira invadiu suas narinas. “Que delícia...” pensava ele enquanto continuava a observá-la. Viu que o sorriso dela ia sumindo enquanto ela olhava para o lago.


- Está assim por causa da notícia, não? – perguntou ele, com um tom de voz sereno.


Pela primeira vez, Sirius não tinha como objetivo conquistá-la. É claro que pensava naquela idéia. Mas no momento, o que queria mesmo era vê-la sorrindo como nos dias anteriores.


- Sim... – respondeu a loira num suspiro. – Estou com medo....Meus pais...


- São os melhores aurores do Departamento dos Aurores. Tenho certeza que Voldemort preza pela própria vida, então...ele não fará nada. – disse Sirius sorrindo serenamente.


Aquelas palavras apaziguaram o coração perturbado da loira. Ela nunca conversara à sós com o maroto. E às vezes nem mesmo sentia vontade, já que ela sempre o vira como um destruidor dos corações femininos...Mas, se soubesse que ele era daquele jeito...


- Obrigada, Sirius. – disse a loira sorrindo irradiante.


- Não precisa agradecer...


Sirius parou de falar quando viu-se envolvido pelos braços delicados da garota. Sim! Ela o abraçara! Mais do que imediatamente o maroto retribuiu o abraço. Uma brisa morna tocou-os com suavidade naquele instante...Estava tudo tão...calmo...


Sirius estava adorando, e estranhou quando Mellissa o soltara. E foi só entender o por que no minuto seguinte: Amus estava se aproximando.


- Mel...eu te procurei por toda parte. – disse o loiro enquanto ajudava a namorada a se levantar.


Sirius levantou-se logo em seguida e apertou a mão de Amus, num cumprimento. Não sabia porque, mas havia colocado boa parte de sua força naquele simples aperto de mão.


- Ei...devagar, Black. – brincou Amus enquanto o fazia soltar sua mão.


Sirius forçou um sorriso.


- Bom...nos vemos depois, Sirius. – disse Mellissa sorrindo abertamente.


- Certo... – murmurou o maroto enquanto observava a loira ir embora abraçada ao capitão do time da Lufa-Lufa.


“Cretino! Estragou tudo! Miserável!” praguejava Sirius mentalmente enquanto voltava a se sentar. Estava indo tudo tão bem... “Ele tinha que chegar....” pensou o maroto completamente estressado. O que o fizera acalmar-se foi mais uma lufada do perfume de Mellissa, que ficara impregnado em sua camisa com o simples abraço que ela lhe dera.


- Ah Mellissa...preciso me aproximar mais de você...Ver o que esconde...Desvendar seus mistérios... – sussurrou Sirius para si mesmo.


“Vou continuar desse jeito...Amizade...E seja o que o Sirius aqui conseguir...” pensou ele, já voltando a sorrir marotamente.


Enquanto isso, atrás das estufas...


Mellissa estava sentada entre as pernas de Amus, recostada no peito do loiro. Este ficava acariciando com carinhos as mãos delicadas da garota enquanto sussurrava contra o ouvido da mesma palavras doces...promessas...


- Obrigada Amus...por estar aqui... – sussurrou a loira enquanto virava um pouco o rosto, fazendo com que os lábios de ambos se encontrassem.


Fecharam os olhos e se entregaram a mais um beijo. Sim, estavam gostando um do outro...Ainda estavam no segundo degrau da escada do relacionamento. Aquela famosa escadinha...Curtir...Gostar...Adorar...Se apaixonar...e por fim, Amar...


~*~*~*~


Na manhã do dia seguinte, 19 de setembro...


- Velho, é melhor você nem ir assistir as aulas hoje. – comentava Sirius enquanto observava Remo.


Lupin estava pálido, aparentemente havia pego uma gripe muito forte. Estava completamente derrubado. O rapaz encontrava-se jogado de qualquer jeito na cama. Isso porque era dia de lua cheia. Sempre fora assim...


- Eu trago as lições para você. – disse Tiago.


Remo apenas agradeceu com o olhar. Estava fraco, até mesmo para falar. Passou o dia inteiro na cama. Os amigos levavam-lhe comida nas horas das refeições. Faziam-lhe companhia quando podiam, para conversarem, deixar o lobisomem à par dos acontecimentos na escola.


Quando estava anoitecendo, Remo, com a ajuda dos amigos, rumou para a enfermaria. Madame Pomfrey, como de costume, encarregou-se de levar o rapaz até o Salgueiro Lutador.


- Boa noite, querido. – disse a enfermeira.


Lupin forçou um sorriso e escorregou para dentro do buraco que havia entre as raízes da árvore. Seguiu arrastando-se pelo corredor escuro que levava a um dos cômodos da Casa dos Gritos. Travava um batalha psicológica com o lobo que existia dentro dele, mas, como todas as outras vezes, o lobo o vencera, deixando-o privado de sua inteligência, raciocínio...


Em Hogsmead, aqueles que estavam dormindo, acordaram e tremeram com o uivo aterrorizante que vinha da casa amaldiçoada...


Caminhando sob quatro patas agora, Remo fitava tudo com atenção. Podia sentir a presença de seres por perto. Animais...E os conhecia. Seguindo seu faro aguçado, encontrou os animais na sala da casa...Um cervo...Um cão...Um rato. Jamais fizera mal àqueles animais...Eles lhe faziam companhia...


Em fila indiana, foram saindo da Casa dos Gritos, prontos para mais um passeio cuja única testemunha era a lua que brilhava irradiante no céu e iluminava com graciosidade a terra.


~*~*~*~
O rapaz abrira os olhos lentamente. Sua visão estava embaçada e as coisas ao seu redor demoraram um pouco para entrarem em foco. Sabia bem onde se encontrava...Era ali que amanhecia após uma longa noite sob a luz da lua cheia. Respirou fundo. A mesma dor no corpo...


- Querida, pode levar essa poção naquele leito para mim? Preciso ir ver o pulso daquela garotinha...


Remo ouviu Madame Pomfrey proferir aquelas palavras. E tinha quase certeza que ela se referia ao SEU leito. “Quem será que ela mandou vir me dar a poção de reanimar?” perguntou-se mentalmente. A resposta veio logo a seguir: Gabrielle Slaughter.


Gabi havia ido buscar uma poção para curar dor de cabeça à pedido de Lily. A morena estava usando naquela manhã ensolarada de domingo uma blusinha amarela com detalhes em cor de rosa, uma calça capri branca e calçava uma sandália branca. O cabelo estava preso em um rabo de cavalo.


Os olhares deles encontraram-se. Ambos completamente surpresos.


- Remo...


- Gabrielle, o que faz aqui? – perguntou o maroto enquanto sentava-se na cama, ficando recostado no travesseiro.


- Buscar uma poção para a dor de cabeça de Lily... – comenta enquanto coloca um pouco da poção num copo. - ...E Madame Pomfrey me pediu para entregar isso...


Remo agradece e bebe a poção. Aos poucos, a tonalidade de sua pele ia voltando ao normal, as dores no corpo iam passando...


- Tiago e Sirius contaram que você estava gripado...por isso não foi às aulas... – disse Gabi, querendo puxar assunto.


Ela nunca ficara à sós com ele. Nunca nem mesmo pensara em um motivo para querer ficar à sós com Remo Lupin. Eram apenas colegas, mais nada. Mas agora estava...tão diferente...


- É...amanheci adoecido... – dizia Aluado mas parara.


Ambos olhavam nos olhos um do outro. Através daquele olhar, viram que no coração de cada um havia um segredo...E sabiam...e sentiam...que não importava qual fosse aquele segredo...Aquilo jamais estaria entre eles.


”And I'd give up forever to touch you
E eu desistira da eternidade para te tocar
'Cause I know that you feel me somehow
Pois eu sei que de alguma maneira você pode me sentir
You are the closest to heaven that I'll ever be
Você é o mais próximo do paraíso em que eu jamais estarei
And I don't want to go home right now
E eu não quero ir para casa agora
And all I can taste is this moment
E tudo que vejo é este momento
And all I can breathe is your life
E tudo que respiro é sua vida
'Cause sooner or later it's over
Porque mais cedo ou mais tarde isso iria acabar
I just don't want to miss you tonight
Eu só não quero sentir sua falta esta noite”



Quase um minuto se transcorreu e não quebraram o contato visual. Ambos agora expressavam fascínio...encanto...


Remo sabia que seu segredo jamais seria bem-visto pelas pessoas, ao menos grande parte delas não o aceitariam na sociedade. Mas aquilo nunca o incomodara, muito menos agora. Sabia que, se contasse para aquela garota sobre a maldição que carregava consigo, ela não o rejeitaria...poderia confiar nela.


“And I don't want the world to see me
E não quero que o mundo me veja
'Cause I don't think that they'd understand
Pois não acho que eles compreenderiam
When everything's made to be broken
Quando tudo é feito pra não durar
I just want you to know who I am
Eu quero apenas que você saiba quem sou eu”



Remo e Gabrielle ficaram constrangidos quando Madame Pomfrey abriu os biombos, atrapalhando aquele momento tão significativo para os dois.


- Já bebeu a poção, Remo? – perguntou a enfermeira analisando-o.


- Sim, Papoula. – respondeu o rapaz completamente corado.


Ele e Gabi não sabiam para que direção olhar. Ficaram extremamente desnorteados.


- Certo. Srta. Slaughter, aqui está a poção para sua amiga. – disse Madame Pomfrey enquanto entregava um frasco de vidro para a garota.


- Obrigada, Papoula.


- De nada. Agora vá. O sr. Lupin precisa repousar.


Gabrielle concordou. “Ele está doente...precisa descansar...” pensava enquanto saia rapidamente da enfermaria. “Nem me despedi dele...Que boba que eu sou...Ai Gabrielle, sua idiota!”. Decididamente aquele olhar mexera com ela. E aquilo ficou bastante visível já que a garota não se concentrara nem um pouco quando fora até a biblioteca com as amigas para fazer os deveres.


Lílian e Mellissa notaram que a amiga estava diferente. Suspirava, ficava com o olhar perdido e chegava a sorrir do nada. A ruiva e a loira trocaram olhares significativos e resolveram que conversariam com a morena antes de dormirem.


Enquanto isso, na sala comunal da Sonserina...


Narcisa e Bellatrix haviam acabado de adentrar no antro das serpentes. As irmãs caminharam, com o costumeiro ar superior e nariz empinado, até os namorados. Estes estavam sentados em duas poltronas diante de uma lareira. As duas eram observadas por muitos dos alunos que ali estavam.


Lúcio e Rodolphus pararam de falar ao verem as garotas aproximando-se. Cada um puxara sua respectiva namorada e acomodaram-nas em seus colos.


- Eu estava comentando com Lestrange sobre a carta que recebi de nosso mestre. – comentou o loiro.


Bellatrix endireitou-se no colo de Rodolphus e fitou o cunhado com atenção, esperando que ele continuasse a falar.


- Ele ficou satisfeito com o MEU desempenho e o de Lestrange, sendo assim, já nos considera seus fiéis seguidores.


- E quanto à mim e Bellatrix? – perguntou Narcisa encarando o namorado com frieza.


- Disse que vocês não fizeram nada, portanto ele irá enviar uma missão para as duas. – disse Rodolphus.


Bellatrix virou-se para encarar o namorado. Fitou-o com desprezo. Ali era um querendo derrubar o outro. Um querendo provar ao Lord das Trevas ser melhor que o outro.


- Não fiquem nervosinhas...víborazinhas...Eu e Lestrange sabemos que conseguirão cumprir a missão que será dada à vocês. – disse Lúcio com a voz arrastada.


Narcisa olhou para a irmã. Levantaram-se e saíram da sala comunal conversando aos sussurros.


- Não se preocupe, Bella...Nós conseguiremos mostrar ao mestre quem são suas verdadeiras seguidoras. – resmungou a loira.


Às onze e meia da noite, no dormitório feminino do sétimo ano da Grifinória...


Lily, que já estava com um pijama de calça azul e blusinha de alcinha no mesmo tom da calça, Mel, que estava usando uma camisola vermelha de cetim, e Gabi, cujo pijama era um shorts rosa e uma blusinha também rosa, eram as únicas no dormitório, já que Rachel e Alice ainda estavam na sala comunal conversando com os amigos. As três garotas estavam reunidas na cama da ruiva.


- Vocês sabem que Amus anda estranho ultimamente... – dizia Mellissa, mas fora interrompida por Lílian.


- Por falar em estranho...Gabi, o que você têm hoje? Está o dia todo suspirando...sorrindo de repente... – comentou a ruiva.


Mel virou-se para encarar Gabrielle. Esta ficou muito desconcertada com o comentário da amiga, contudo, não podia esconder o motivo daquilo, afinal, eram suas amigas.


- É que...


E começou a contar o que havia ocorrido na Ala Hospitalar. Dissera com detalhes sobre os sentimentos que invadiram-na no momento que olhara nos olhos de Remo...


- Ele...me encantou...


Lily e Mel pularam em cima da amiga, gritando coisas do tipo “Ahhhhhhhhhh a Gabizinha está gamada!”. As três riram divertidas e fizeram até mesmo guerra de travesseiros. Rachel e Alice, ao entrarem no dormitório, foram atingidas por travesseiros e participaram da farra.


Foram se deitar quando eram praticamente duas horas da manhã, e ainda assim, Lily, Mel e Gabi permaneceram acordadas, cada uma submersa em seus próprios pensamentos.


“Ele foi tão gentil ontem no café...Tão diferente do que costuma ser...Não aquele imbecil com titica de coruja na cabeça...Era o Tiago e só...” pensava Lílian enquanto recordava-se da maneira atenciosa com que Pontas a tratara. “Se bem que hoje...Bem...mal nos falamos hoje...Afinal, ele foi ver o Remo nas horas das refeições e nas aulas eu não abro a boca já que presto atenção” pensava ela sorrindo divertida.


“Ele estava tão estranho hoje...Distante...Mal me beijava...Será que eu disse ou fiz algo que ele achou ruim? Mas eu não me lembro de ter feito nada...”. Mellissa estava desconfiada de Amus. O rapaz sempre fora caloroso com ela...e hoje fora tão frio... “Muito estranha essa história...Amanhã irei conversar direitinho com o Sr. Diggory.”.


Quanto à Gabrielle, bem...a garota estava sonhando acordada praticamente. “Como nunca parei para conversar com ele antes? Ele me pareceu alguém tão amável...Não que eu não achasse isso, mas...hoje foi diferente...” pensava a garota com um brilho no olhar.


E não era somente ela que estava acordada com esses tipos de pensamentos. No dormitório dos marotos, Remo também pensava em Gabi. Não conseguia dormir tamanha era sua euforia.


Euforia que parecia estar sugando de Tiago... “Lily...juro...prometo que farei o que estiver ao meu alcance para mostrar o quanto eu gosto de você...Só espero que você me dê uma chance para fazê-lo, pois...do contrário...Acabarei desistindo de nós...” pensava o moreno desanimado.


Outro maroto que estava acordado era Sirius. O rapaz passava as noites tentando arquitetar algum plano para ficar com Mellissa, mas o “idiota” do Diggory parecia não ter defeito algum! “Não é possível! Eu me recuso a acreditar que ele não faça alguma coisa de errado...” pensava Almofadinhas.


Aquilo estava se tornando uma obsessão para o rapaz. Estava sempre pensando nisso. Nem quando estava com uma garota conseguia parar de pensar nisso. Sim, por mais que ele quisesse ficar com Mellissa, não estava disposto a ficar sozinho enquanto não o conseguisse. Era típico de Sirius.


O único que estava dormindo, e roncando, era Pedro. Porém, o rapaz fora dormir com a cabeça repleta de pensamentos. Estava agoniado, pois Rodolphus Lestrange não fora falar com ele sobre Lord Voldemort. Será que ele não o aceitaria como sevo? Aquela pergunta atormentou Rabicho até nos sonhos...










N/A: Gente, desculpa a imeeeeeeeeeeeensa demora para atualizar a fic. Mas está aqui o 3º cap e espero que gostem ^^. Mesmo se não gostarem, comentem e dêem suas opiniões, combinado? Acessem, se tiverem interesse, o blog para visualizarem a capa desse capítulo. Agora que as aulas estão acabando ficará mais fácil para eu atualizar a fic, enton antes de dezembro eu posto o 4º cap, certo? Beijos gente.
PS: Meninas que comentaram: bigaduuuuuuuu adorei os coments. E valeu também o pessoal que votou na fic = )

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