A volta dos que(realmente) não
- Ótimo agora sim você a matou! – disse Harry.
Ron observava tudo com os olhos quase que saltando de suas órbitas. Rapidamente tratou de fechar a porta do quarto que esteve aberta todo o tempo. Novamente olhou para Violet no chão e voltou seu olhar para Harry, como que pedindo ajuda.
- Tá bem, a gente vai conseguir... Seja lá o que for! – disse Harry olhando para Ron. – Vamos, ajude-me a levá-la ao carro.
- Como? Há, até aparece que... Harry, isso não vai dar certo. Simplesmente não vai! – disse Ron, que no instante seguinte foi convencido pelo olhar sério do amigo.
- Anda logo, Ron! – disse Harry fazendo com que Ron a pegasse pelas pernas até o carro.
Colocaram-na no banco traseiro e foram na frente. A estrada estava mal iluminada e havia poucos carros. A cada freada, Harry podia sentir a cabeça de Violet batendo atrás de seu assento. Guiava o volante com toda a tranqüilidade que tinha, a o contrário de Ron que ficava a todo o momento perguntando a mesma coisa.
- E a minha mãe Harry? O que ela dirá? – disse o ruivo pela vigésima vez.
- Escuta Ron, se você me perguntar isso outra vez... É só a gente fazer silêncio, entendeu? Amigos para sempre, não importa o que houver! – disse Harry agora olhando para o amigo.
- Não importa... Não importa o que houver! – disse Ron tomando coragem, para depois, no momento seguinte, perdê-la como se alguém a roubasse dele.
Depois de duas horas, chegaram a casa. Ainda estava de noite. O relógio marcava três horas e meia. A casa estava totalmente escura, exceto pela luz do luar que iluminava fracamente quase todos os cômodos. Harry entrou primeiro para se certificar de que ninguém estaria acordado, principalmente Sra. Weasley.
Foi ao quarto dos filhos e lançou um feitiço na porta que impedia de, caso eles fizessem algum barulho, ouvirem alguma coisa. Fez o mesmo na porta da mãe de Ron e desceu correndo, em seguida subiu novamente para ver se a luz esverdeada que cobria a porta ainda estava lá e em seguida deu um grito bem forte, o que quase matou Ron de susto.
- Tudo certo. – disse ele para Ron que tentava, com muita dificuldade, tirar o corpo de Violet do carro.
- Percebi Harry! Não se preocupe... – disse ele, fazendo Harry rir.
Já na sala, colocaram o corpo na mesa e começaram a procurar o livro que Harry fazia os remédios. Após o terem achado, Harry não encontrava o que queria, pois nenhum feitiço era capaz de reviver os mortos, assim como poções. Nem mesmo remédios mágicos.
Porém, como o livro era de Magia Antiga, acharam uma receita meio obscura e sinistra, de acordo com Ron. O primeiro passo era fazer uma estrela na testa do indivíduo com...
- Sangue de cabra! Tem certeza? – disse Ron ao ouvir Harry.
- Tenho sim. Pode olhar. – disse Harry mostrando o livro para o amigo.
- Você tem isso aqui? – perguntou Ron.
- Claro que não, né Ron? Eu sou do ramo de remédios, e não de pecuária. – disse Harry olhando pela janela e em seguida consultando o relógio em seu pulso.
- Tive uma idéia! Tem chantily?
- Tenho, mas bem pouco e...
- Não importa. – disse Ron indo para a cozinha e quando voltou, trazia consigo um spray de chantily. – Toma. Você faz.
Harry fez uma estrela cuidadosamente na testa de Violet, e no final, sem resistir, comeu um pouquinho. Em seguida, leu o segundo passo, que era dizer o feitiço e ao mesmo tempo espetar uma agulha em cada olho do corpo.
- Como é? Tem certeza que realmente é isso? – perguntou Ron, novamente.
- Ron...
- Tá legal. Tá legal, já entendi.
- Certo, vou pegar as agulhas. – disse Harry.
Quando voltou, entregou uma agulha a Ron, que deveria enfiar no olho esquerdo. Logo após, começaram a repetir o feitiço baixinho e indo a direção aos olhos de Violet.
- She’Ol Nergar Farrek. She’Ol Nergar Farrek.
- She’Ol Nergar Farrek. She’Ol Nergar Farrek.
Uma rala e fina chuva começava a cair do céu, deixando os cômodos ser iluminados com os clarões dos relâmpagos. Aos poucos, se aproximavam dos olhos da mulher, que estavam fechados. No instante que se seguiu, Violet abriu os olhos rapidamente, revelando-os avermelhados e acinzentados, sem o brilho de vida que costumava ter.
- Seu desgraçado! Seu miserável, idiota! Eu te mato! Eu vou te matar, ah eu vou! Eu vou. – disse ela com as mãos ao redor do pescoço de Ron.
- Harry! Harry ajuda! Ajuda... – disse Ron, que começava a ficar avermelhado, que nem a cor de suas madeixas ruivas.
Nem mesmo viva Violet estava tão “viva”. Demorou muito para Harry conseguir afastar os dois, pois Violet não o largava de jeito maneira. Quando começou a se afastar um pouco da mesa, Violet foi soltando Ron aos poucos, até cair no chão junto com Ron, que estava pendurado no ar pelas mãos de sua ex.
Ron tossia tentando respirar normalmente e Harry checava o pulso de Violet. Olhou para Ron que ainda tinha o rosto avermelhado e confirmou que Violet havia “morrido novamente”.
- É... Agora vamos enterrá-la. Não temos mais opções. – disse ele levantando-se.
- Aqui? No seu jardim?
- É! A menos que você queira colocar o corpo da sua namorada...
- Ex-namorada. Lembre-se do “ex” Harry. – interrompeu Ron tristemente.
- Da sua ex-namorada na casa do vizinho. – disse Harry pegando os braços do corpo.
- Seria mais fácil. O problema iria deixar de ser nosso. – disse Ron pegando as pernas.
Levaram-na para o jardim, cavaram um buraco, ou melhor, as pás cavaram, já que Harry lançou um feitiço nelas. Em questão de minutos, havia uma grande cova no jardim localizado perto da hortinha de Harry. Jogaram o corpo bruscamente no buraco e no instante seguinte as pás terminaram todo o trabalho.
Estavam enlameados até a cintura. A chuva havia piorado e os relâmpagos haviam cessado. Correram rapidamente para dentro da cozinha sem olhar para trás.
- Ótimo. Sujamos a cozinha toda. – disse Harry olhando para o chão, que estava cheio de pegadas de lama. – Vem, vamos pegar os rodos.
- Rodo? Que é isso? – perguntou é isso? – perguntou Ron. – É manual ou..
- É isso aí: sem magia. – disse Harry trazendo dois rodos em cada mão.
- Pelo amor de Deus Harry... Você está deixando de ser bruxo é? – disse Ron pegando aquela “coisa” e analisando-a.
- Eu só estou tentando viver uma vida normal Ron. Só isso. – disse Harry começando a puxar a sujeira para um canto.
- “Só”? Você chama de “só isso”? Harry, embora eu tenha poucas...
- Habilidades? – interrompeu Harry.
-... eu uso magia. – disse Ron pegando sua varinha e balançando-a, fez a sujeira de seus pés e dos de Harry desaparecerem, junto com o resto da lama que Harry limpava. – Viu?
- Eu não posso dizer que não ajude, mas eu...
- Ah, qual é Harry. Você é um bruxo, e isso nunca vai mudar. Aceite o que você é, para aceitar as outras coisas da vida, cara. – disse Ron colocando a mão no ombro do amigo.
- Onde é que você aprendeu isso? – perguntou Harry.
Ron apenas fez uma cara de reprovação, o que deixou Harry mais surpreso ainda. Era incrível. Até mesmo Ron havia amadurecido, e ele... Bom, filhos não quer dizer amadurecimento quer? Para Harry significava responsabilidade. É possível uma pessoa ser responsável sem ser madura o bastante? E é possível o contrário?
- Harry, eu estou com um mau pressentimento. Olha só. – disse Ron apontando para a Lua. – Olhe o círculo vermelho!
- Escuta, vamos ficar calmos e fingir que nada aconteceu certo? Eu digo pra sua mãe que você chegou de madrugada e só. Vai dar tudo certo! – disse Harry pegando dois copos.
- Mas ela vai notar lago de diferente no jardim. Tenho certeza! – disse Ron pegando o copo.
- Não vai não! A chuva com certeza vai disfarçar. – agora Harry tinha nas mãos um litro de leite e biscoitos.
- Ah é. Eu me esqueci. Ainda bem! – disse ele dando um longo suspiro e em seguida tomou um gole de leite.
Ficaram ali conversando até o amanhecer. As horas passaram um pouco rápido. Conseguiram ver o nascer do sol e o carteiro passando de casa em casa. O entregador de jornais hoje era o filho mais novo de Harry, George. Harry esperou uns minutos e foi acordá-lo.
- Tio Ron! – disse ele ao ver Ron.
- Fala pivete? Como você anda? Cresceu um pouquinho hein! – disse ele cumprimentando o “sobrinho”.
- Você sempre fala isso quando vem visitar a gente. – disse ele pegando um biscoito.
- Se prepara que daqui a pouco tempo você tem que ir George. – alertou Harry.
- Pode deixar pai. – disse George pegando a mão cheia de biscoitos e depois subiu as escadas.
- Desde quando ele entrega os jornais? – perguntou Ron olhando para o vidro vazio de biscoitos.
- Começou mês passado... – disse ele rindo em seguida. – “Pai”... Eu já sou pai! Às vezes eu me esqueço que cresci.
- Depois você se acostuma. – brincou Ron, fazendo Harry sorrir.
Logo depois da saída de George, Lily levantou-se e nem bem havia acordado e soltou gritos de felicidade ao ver Ron. Por ter mais idade, se dava melhor com Ron do que George. Afinal, Ron ainda era uma criança por dentro, como seu grande amigo Harry.
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Mais tarde, novamente na cozinha, Harry e Ron estavam preparando o almoço. Ou melhor, Harry estava preparando o almoço e Ron tentava acompanhá-lo. Desde que Faye faleceu, ele encarregou-se de tudo. Lavava, cozinhava, trabalhava e ainda conseguia tirar uma folga para ficar mais tempo com os filhos.
De acordo com o resto da vizinhança, era o pai “perfeito”. Todos o elogiavam não só pela aparência, mas pelo seu exemplo, sua conduta de vida. Mas, graças ao bom Deus, ninguém sabia de seus segredos, ninguém conhecia Hary Potter, o Menino-Que-Sobreviveu ninguém via um bruxo. Embora muitos afirmassem que já viram alguns fatos curiosos em sua casa.
Ninguém os visitava com medo. E era numa hora dessas que Harry se perguntava se toda aquela cordialidade era medo ou respeito.
- Harry, pensando bem, você não acha que ‘tá meio cedo pra fazer almoço não? – perguntou Ron.
- Ron, até a comida ficar no ponto demora! Nunca reparou sua mãe preparando o almoço não? – perguntou Harry.
- Posso responder por ele? – disse a voz de Sra. Weasley. – Como vai Ron? Que horas chegou? Dormi tanto assim?
- Bom dia mamãe. Cheguei de madrugada. – disse ele dando um abraço na mãe.
- Bom dia Sra. Weasley!
- Bom dia Harry, querido! Desculpe-me. Mas Ron, por que tão tarde da noite? Por que não ligou antes que assim todos nós teríamos nos preparado e...
Harry tentava conter o riso. Era até que engraçado, pois mal a mãe viu direito o filho e já começava a dar sermão. As coisas nunca mudam, e isso até que era bom. Para Harry, às vezes, nem tanto.
Sra. Weasley não notou nada de diferente no jardim, para alívio dos outros dois. Nem mesmo eles, pois estranhamente um par de sapatos havia aparecido no mesmo lugar onde haviam enterrado o corpo de Violet. Quando Harry notou, já era hora do almoço.
- Ron, tem como você vir ver uma coisinha? – disse Harry sério.
- O que é pai? – perguntou Lily.
- Nada não filha, fica tranqüila.
- Eu também fiquei curioso. O que é? – perguntou Ron, deixando Harry mais nervoso.
- Vem logo! – disse ele entre os dentes.
Quando foram ver os sapatos, depois de uns pequenos minutos eles começaram a afundar! Justamente no local onde a mulher havia sido enterrada! Ron ficou olhando boquiaberto e exclamou:
- Oh Meu Deus! Afundou! Você viu não foi Harry? Oh não... E se o chão estiver desabando? Oh meu Deus! – disse ele, sem saber, rodopiando como um cachorro atrás do rabo.
- Ron, toma vergonha nessa cara! – disse Harry dando um tapa na cara de Ron. – Não está acontecendo nada. Fica tranqüilo!
- Certo. Vou tentar.
Mas Harry, infelizmente, estava totalmente errado. Claro que ninguém sabe do futuro, mas ele podia arriscar sua vida de que algo ruim estava vindo. Algo perigoso demais. Algo como...
- Com licença. Desculpem-me, mas aqui é a casa de... – disse uma voz atrás deles.
Harry imediatamente se virou, reconhecendo vagarosamente aquela voz.
-... Harry Potter? – disse Hermione.
- Hermione? – disseram Harry e Ron em uníssono.
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