Tentativas



Já era tarde e Rony estava sentado na longa mesa da sede da Ordem da Fênix, e pelo silêncio total que pairava, parecia que ele era o único acordado. Sua mãe há muito tinha se entregado e ido dormir. Por mais que ela tentasse disfarçar, Rony sabia que estava muito preocupada com seu pai e ele podia ver a cara triste que ela escondia por trás do sorriso de sempre.

Mas ele mesmo não estava pensando no seu pai. Estava lá, olhando para o nada há horas se preocupando com o natal que logo chegaria. Ano passado esse tipo de preocupação sequer passou pela sua cabeça. Dar um presente a Hermione era tão fácil! Por que de repente tinha ficado tão difícil?, Rony se preocupava. E mesmo que soubesse a resposta, não repetiria nem para si mesmo. Só queria dar a ela algo especial, algo que a fizesse lembrar dele .

- Lembrar de mim... que coisa realmente estúpida! Nem perca seu tempo tentando, idiota! - Rony murmurou. Enfiou a cabeça no meio dos braços e ali ficou. Estava tão perdido que nem ouviu os passo que desciam pela escada. Hermione vinha distraída e deu um grande bocejo quando chegou ao pé da escada. Quando abriu os olhos novamente, prendeu a respiração e ficou estática: Rony estava sentado na mesa.
Em total desespero, ela tentou se virar sem fazer nenhum ruído antes que ele a visse, mas acabou tropeçando no tapete e despertando Rony, que olhou para os lados assustado. Hermione, que ficou de costas para ele, xingava a si mesma e se torturava por ter que se virar e encarar o inimigo.

- Hemione? – Disse Rony com cara de quem tinha gostado da surpresa. – o que você está fazendo aqui?

- Eu... bem... – ela não podia dizer que queria um copo d’água ou ele iria se oferecer para acompanhá-la. Não. Tinha que sair rápido dali. – eu ouvi um barulho e... vim ver se tava tudo bem. Já que está, então, até amanhã! – Disse com um sorriso amarelo e se virando novamente.

- Não! – Disse ele desapontado. – Quero dizer, por que você não toma uma cerveja amanteigada comigo? – O que ele estava fazendo, não sabia. Só sabia que queria tentar.
Hermione olhava para ele atônita. Não conseguia mover um dedo sequer. Rony tinha se levantado rapidamente e revirava os armários a procura das garrafas.

- Eu acho melhor... – Hermione tentou fugir novamente. Não deu certo.

- Então, eu só preciso lembrar daquele feitiço pra gelar, bem, como era mesmo... – Disse encabulado encarando as duas garrafas que tinha acabado de equilibrar na mesa. Murmurou algumas palavras e as duas garrafas rodopiaram na mesa, congeladas.

Ele olhou das garrafas para Hermione, em seguida para algum lugar para se esconder. – Bem. Acho que está meio frio hoje para sorvete, não é? – Disfarçou, ainda determinado a fazer algo. Novamente não deixou Hermione falar. Ela o encarava com um olhar carinhoso de pena, mas era incapaz de mover-se um centímetro.

- Acho que um leite seria uma boa não é? – Novamente dirigiu-se aos armários e procurou alguma coisa dentro deles. Conseguiu colocar a garrafa sobre a mesa, mas quando foi pegar os copos, deixou um deles escorregar e fez uma manobra enorme para pegá-lo. Chega. Era o fim. Hermione não iria ver mais fiasco naquela noite, prometeu a si mesmo.

- Olha Ron, eu agradeço muito... mas... eu só queria ver se estava tudo bem mesmo... – Disse muito nervosamente, tropeçando de novo no tapete, mas se levantando rápido o suficiente para evitar que Rony viesse ajudá-la. Não acreditava o quanto Rony ficava lindo atrapalhado daquele jeito. Tomaria sorvete de cerveja amanteigada com todo o prazer, mas não deixaria ele perceber por nada no mundo. Fazia um esforço enorme para controlar seus próprios pés, que ainda assim teimavam em lhe desobedecer, se batendo nervosamente contra os degraus.

- Boa noite Ron... – Disse com a voz trêmula.

- Boa noite. – Repondeu Rony para si mesmo. Desmoronou-se no banco da velha mesa de madeira e balançou a cabeça para si mesmo, esquecendo os copos, a garrafa e os armários a sua volta. Respirou fundo e perdeu-se em seus pensamentos.

- Imagina que ela iria querer ficar aqui com você Ronald. - Reprimiu a si mesmo. - Que você não é capaz de fazer nem um feitiço direito, ela já sabia, mas nem pegar um copo você consegue! – Infelicidade era pouco para o que sentia naquele momento. Achava-se um fracassado, queria conseguir fazer alguma coisa direito. Qualquer coisa... E então se lembrou que o natal estava logo ali. Era exatamente o que ele precisava...


*

- Ei Roniquinho! O espírito do natal baixou em você por acaso? – Disse Fred no tom de zombaria de sempre.

- Quando é alguma mudança brusca pra melhor você não vem culpar a gente, não é? – Retrucou Jorge.

Rony fechou o sorriso largo que estava ostentando desde a manhã de natal, e arregalou os olhos. – Não se atreva a falar...

Todos que estavam na mesa tomando café da manhã com eles, prestavam atenção agora em Rony, que tinha ficado da cor das maçãs da fruteira em questão de segundos.

- Nos atrever a que? – Desafiou Fred

- A contar do seu ataque de esquisitice no início do ano? – Jorge completou muito irônico. Desviou o olhar fulminante de Rony e olhou para o resto da mesa. Ameaçou abrir a boca e olhou de novo para Rony. Ele sempre teve a impressão que seus irmãos tinham entendido muito bem o que estava acontecendo com ele naquela época, ainda que ele mesmo tivesse demorado um bom tempo para descobrir. Seus irmão sempre foram mais espertos do que ele, mas nem por isso ia deixar eles lhe entregarem naquela hora.

- Talvez por que eu tinha meus motivos disse rapidamente, encarando os gêmeos. – eles pareceram entender do motivo que ele estava falando, já que os dois murcharam rapidamente depois que Rony apontou a sua mãe com o olhar.

- Ah não! Vocês não vão parar agora, não é? Deixaram todos curiosos! – Disse Tonks inocentemente.

- Deixa, eles devem ter os segredinhos deles. – Disse Hermione parecendo aborrecida. Rony gelou em sua cadeira. Será que ela tinha percebido? Mas se tivesse, pelo jeito que agia não parecia ter gostado da idéia...

- Ah... Vocês começam a história e não terminam. Isso não é justo! Estamos todos precisando de umas risadas, não é? – Continuou Tonks enquanto passava creme na torrada e olhava para Lupin e Sirius que estavam na mesa também.

Aos poucos cada um foi se levantando e saindo. O dia não reservava muitas expectativas, provavelmente os jovens teriam que se empenhar em limpar a casa. Em muito momentos parecia bem melhor ter ficado em Hogwarts do que estar na Ordem. O único que andava com o humor inabalável era Rony. Nem mesmo as implicâncias dos gêmeos há dias estavam sequer arranhando o sorriso que tinha se instaurado na cara dele desde o natal.

Quando todos estavam subindo, Gina deu um jeito de puxar Rony de lado.

- Que foi Gina? – Resmungou, parecendo mais com o Rony de sempre.

- Bem... é que eu preciso te falar uma coisa. – Disse Gina um pouco encabulada.

- Ta diz logo, ué! – Rony não deu muita atenção.

- Rony, onde é que você tava com a cabeça de ... bem ... é que ... – Gina parecia procurar as palavras. Rony a encarou.

- O que você ta falando? – Disse Rony confuso

- Olha... – Gina suspirou e encarou o irmão – Eu sei que não é da minha conta. Mas eu estou muito curiosa pra saber por que você comprou aquilo de presente de natal para a Mione.

Rony congelou. Precisava desconversar, se Gina achou estranho, o que Mione teria pensado? Será que ela sabia mesmo? Será que o que ela disse na mesa era um sinal...? – Bem... eu só quis dar algo diferente!...

- Mas precisava ser tão diferente daquele jeito? – Indagou Gina com um ar de piedade.
- Ora! Eu sei que não é o tipo de coisa que se compra de presente normalmente... mas eu só queria quebrar o hábito. Nada mais! – Rony concluiu gaguejando.

- Bem... por mais estranho que eu ache o que você fez, o que eu realmente não consigo entender é o que a Mione faz... – Gina pareceu confusa.

- O que é que ela faz?? – Rony perguntou assustado. - Ela pareceu gostar quando me agradeceu! - Disse em tom de protesto.

- Fica usando aquilo... como se fosse maravilhoso! – Gina falou com cara de nojo.

- Mas o que tem de errado ela usar um perfume? – Rony perguntou em um misto de alivio e indignação.

- Perfume?! – Gina encarou o irmão icrédula – Quer dizer que você quis comprar um perfume?

- Como assim quis? Eu comprei! É disso que você estava falando, não é? – Rony perguntou ainda mais confuso.

- A menos que você considere essência de bafo de leão uma fragrância agradável... aquilo não é um perfume Rony! – Gina tentava explicar sem chatear o irmão.

- Não é “bafo de leão”! Você leu errado! É essência de dente de leão! Uma flor! – Disse em protesto.

- Não Rony. Eu acho que você eu errado. O cheiro daquilo não parece nada com flor nenhuma, mesmo se tratando de uma flor com esse nome! Onde você comprou aquilo? – Gina pareceu compadecida agora.

- No beco diagonal! A moça da loja me deu o frasco pra cheirar! Era bom! - Rony parecia muito convencido de que a irmã estava cometendo um mal entendido.

- E bem... quanto custou? – Disse Gina cautelosamente.

Rony abriu um sorriso enorme. – Ah! Eu tenho muita sorte, sabe irmãzinha, a moça não resistiu ao meu poder de persuasão e me deu um descontão! Era o perfume mais caro da loja e saiu baratinho... – Disse cheio de si.

- Eu acho que ela não resistiu a sua cara de inocente Rony! Você viu ela colocando o frasco eu você cheirou dentro da sacola? – Gina parecia ter entendido o que aconteceu.

- Não. Mas eu li o frasco antes dela embalar! Estava escrito “dente de leão”! Afinal, o que você está querendo dizer, ein? Você deve ter sentido cheiro de outra coisa e está aqui me fazendo perder tempo! – Rony resmungou.

- De fato está escrito isso no frasco Rony. A diferença é que não é essência da flor dente de leão e sim essência de dente de leão mesmo ! Ta escrito em umas letrinhas miúda “para poções potentes”. Dá pra sentir aquele cheiro daqui quando a Hermione abre aquele frasco! – Gina encenou uma cara de nojo.

A cara de Rony ficou branca de repente. Sua expressão confiante de até agora se desmanchou rapidamente e ele franziu as sombrancelhas, olhando fixamente para o nada.
- Rony? Rony o que foi? – Gina olhava para o irmão paralisado com compaixão. – Olha... tudo bem, a mulher te enganou, mas pelo menos você não gastou muito, não é? Ainda sobrou pra comprar um livro ou coisa assim pra ela, né? Eu explico o que aconteceu...
Mas o que Gina disse pareceu piorar a situação. Rony amargou ainda mais a cara e cuspiu algo que lembrava ...“todas”...“minhas”...“economias”... Gina lamentou.

- Bem. Não pode ser tão ruim, não é? Ela vai acabar usando para alguma coisa. Ela disse que gostou, não gostou? – Gina tentava consola-lo. mas não ia adiantar. Lembrou-se das palavras de Hermione. “Obrigada pelo perfume. É bem diferente ...” Que legal! Ela tinha se dado conta do cheiro “incomum” e achava que ele tinha escolhido pra ela...

- Rony, olha, não fica assim... Veja bem... Ela vai usar nas aulas de poções tenho certeza! Pelo menos vai ser um presente útil. – Gina disfarçou, tentando ignorar as vezes que tinha visto Hermione tentar passar a tal essência em si mesma. Como ela mesma não tinha agüentado, ainda guardou o frasco com o maior cuidado debaixo do travesseiro. Achou que se falasse isso para Rony ele provavelmente teria um enfarte. Bem, na verdade, achou que ele teria um enfarte de qualquer jeito.

Rony saiu andando sem falar mais nenhuma palavra, a frustração estampada em seu rosto tão claro quanto um carimbo. Será que ela não ia acertar nenhuma? Sentia-se novamente um imprestável. Com era idiota! Estava feliz achando que finalmente tinha conseguido impressioná-la. Agora tinha certeza que tinha conseguido, mas bem longe de ser do jeito que ele queria.



TADINHO!!! ATÉ EU FIQUEI COM DÓ DELE. MAS FOI SÓ DESSA VEZ EU EU JUDIEI TANTO ASSIM... HEHEHE... DESCULPEM A DEMORA, EU JURO QUE ESTOU TENTANDO, MAS MEU TEMPO TÁ CURTÍSSIMO ULTIMAMENTE... E MESMO QUEM JÁ COMENTOU NÃO TEM PERDÃO SE NÃO COMENTAR, EIN?? QUERO SABER O QUE ESTÃO ACHANDO.

BEIJÃO!!

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Comentários (1)

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