Agonia e Disfarce

- Mas isso é tão injusto!! – Hermione suplicou pela décima vez. Sabia que não ia adiantar nada, sabia também que o Prof. Dumbledore estava certo. O ataque ao Sr. Weasley e o sumisso de cinco alunos durante a madrugada já haviam dado trabalho suficiente ao diretor. Mas ela não podia evitar. Ainda que soubesse que a Umbridge provavelmente estivesse plantada na porta da sala naquele momento, esperando um motivo para arranjar confusão, não conseguia ser sensata. Estava sentindo um impulso enorme de esquecer tudo, quebrar as regras e ir direto para o largo Grimmauld, 12.

Mas ao invés disso, abaixou a cabeça e concordou, quando o diretor lançou-lhe mais um olhar e disse:

- Tenho certeza que seus amigos estão tão ansiosos para revê-la quanto a senhorita, e ficarei encantado de acompanhá-la, srta. Granger, até o noitibus esta noite, para que possa dar-lhe o apoio que tanto deseja - Como sempre, Dumbledore parecia ler seus pensamentos, e por mais que essa idéia a aterrorizasse em uma situação normal, naquele momento ela sequer tentou disfarçar.

Quando saiu do escritório do diretor, se deu conta de que a aula da manhã já tinha acabado. Se dirigiu até o salão principal, mas não foi preciso mais que uma garfada para que Hermione desistisse de almoçar. A comida não tinha gosto de nada. Apoiou o rosto nas mãos e perdeu-se em seus pensamentos.

Alguns momentos depois, ela sentiu uma mão encostando em suas costas e ouviu uma voz distante. - Não se preocupe Hermione...

- Como é que eu não vou me preocupar...? – Hermione falou tão aflita que nem se deu conta do que estava fazendo. – isso deve estar acabando com e...

A cara incrédula de Parvati apareceu a sua frente e trouxe a garota de volta a realidade. Ela ficou ali com a boca aberta por uns segundos tentando completar a frase de um modo não comprometedor. – Eu... eu quero dizer...

- Você leva essa coisa de exames muito a sério, sinceramente. – A mistura de piedade e estranheza do rosto de Parvati lembrava alguém que lidava com algum tipo de doente mental. - Por que não vamos até a sala comunal, eu posso fazer uma poção anti ansiedade pra você antes da aula da tarde. Se você ficar pensando em notas até o início do semestre, não vai aproveitar as suas férias.

- Ah, é claro – Hermione pareceu aliviada. – Eu acho que vai ser bom sim. Eu posso parar de pensar em notas um minuto, não é...? – Difarçou com um sorriso amarelo. Sinceramente achava que mesmo que tomasse um caldeirão inteiro, nenhuma poção tranqüilizante a faria se sentir menos angustiada naquele momento.

Nem as bombas de bosta lançadas no corredor por primeiristas, nem o zero que ganhou na aula de poções, e nem o sorriso de total satisfação na cara do Malfoy murmurando “St. Mungus” pareceram incomodar Hermione. Provavelmente ela ia ter se irritado com tudo isso se tivesse percebido. Parvati chegou a pensar que tinha pesado a mão na poção e dopado a amiga sem querer. Mas a partir do momento em que Dumbledore anunciou o encerramento do Trimestre depois do jantar, Hermione pareceu passar de um estado quase vegetativo para um nervosismo frenético.

Foi a primeira a sair da mesa, e quando os primeiros alunos estavam chegando na sala comunal da Grifinória, ela já estava descendo dos dormitórios com o malão pronto. Cada minuto, desde o momento em que atravessou o portão de Hogwarts, até ver o rosto de Tonks e Lupin enquanto descia do Noitibus, os batimentos de seu coração aumentavam desesperadamente, fazendo-a pensar que ele estava querendo sair pela sua boca.

Tentava sufocar sua vontade o máximo que pudesse, e isso parecia só piorar aquela sensação. Cada vez que engolia aquele sentimento, o formigamento em seu estômago subia pelo seu peito e acabava em um nó na sua garganta.

- Como estão todos? – Hermione perguntou antes de sequer dizer oi.

- Ta tudo bem agora. Acho que vocês vão poder aproveitar as férias sem mais más notícias, espero! – Disse Tonks no tom animado de sempre, enquanto se encaminhavam até a porta sede escondida da Ordem.

- Que bom. – Disse Hermione não muito satisfeita.

Até que finalmente ouviu aquela voz no meio de tantas que vieram lhe cumprimentar. Aquela, tão familiar e tão esperada. “Finalmente, ein? Estava achando que ela não ia mais chegar!” Ainda que estivesse distante, pareceu sobrepor qualquer outro som, e o simples relance daqueles cabelos vermelhos fez o nó de sua garganta doer ainda mais, e ela deu um grande suspiro na tentativa de se manter sóbria.

- O que você está fazendo aí parada ainda? Ve... – Um enorme sorriso se abriu a sua frente, que Hermione pensou que ia demorar a ver denovo.

- Ela está tentando entrar, e agradeceria se você saísse da frente. – Disse no tom mais áspero que pode, enquanto Sirius carregava seu malão para o quarto de Gina.

Rony demorou alguns segundos para assimilar o corte, e pareceu profundamente aborrecido. Muito mais do que o normal, ela não pode deixar de perceber.

- Que bom ver você também! Sua meiguice é contagiante, sabia? – Disse ironicamente, enquanto Hermione passava rapidamente por ele, evitando os seus olhos esperançosos escondidos debaixo daquela cara carrancuda.

- Você não devia estar esquiando, de qualquer maneira? – Rony continuou ironizando.

- É eu devia. Pelo menos assim eu teria um pouco de paz. Afinal esquiar é muito bom, ainda mais para mim, que já tenho bastante jeito com a coisa. – Hermione tentou parecer convincente.

- Ainda bem que você está aqui! Eu e o Rony já estávamos preocupados. – Gina disse animada dando um abraço em Hermione, que tossiu nervosamente ao ouvir isso.

- Isso foi só por que o Harry está lá em cima trancado desde ontem sem querer falar com ninguém. – Respondeu rapidamente - Nós achavamos que você podia falar com ele, Mas talvez não seja uma boa idéia, quem sabe você termine de convencê-lo a sair voando com o bicuço pela janela. – Disse Rony em um tom não muito agradável.

- Onde ele está? – Hermione falou rapidamente antes que Rony fosse contestado por Gina, que o encarava com um olhar surpreso de não-foi-isso-que-voce-me-disse.

- Lá em cima. – Disse Gina ainda olhando para Rony e imitando seu tom ironico. – Não era isso que eu estava pensando, mas talvez você pudesse mesmo falar com ele. – virou-se para a amiga - Ele ouviu uma conversa e agora acha que é perigoso. Estamos tentando falar com ele há dias para tirar essa idéia absurda da cabeça dele, mas fica nos evitando, sequer desce para comer.

- Bom, eu vou falar com ele então. – Virou-se o mais rápido que pode e subiu a escada, agradecendo pelo pretexto de sair de perto daqueles olhos profundamente verdes que a encaravam.

- A gente te espera no quarto, mamãe mandou uns lanches pra lá. – Gina disse, subindo um pouco depois dela.

- É, quem sabe ele se identifique com você, já que você está com um humor tão bom quanto o dele! – Gritou Rony.

Hermione pareceu não ter ouvido, mas o barulho pés batendo com os degraus e tropeçando entre si, denunciavam outra coisa.



E AÍ, GOSTARAM? E DA CAPA, O QU E ACHARAM? COMENTEM, EU ESTOU ME ESFORÇANDO PARA POSTAR O PROXIMO LOGO MAS ESTOU BEM SEM TEMPO...

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