Tropeço
Harry já estava acostumado com os deveres de monitores de Rony e Hermione. Era normal ficar sozinho, e até gostava. Quando, naquela noite, Rony estava saindo para fazer a ronda e Hermione achou melhor acompanhá-lo, Harry sabia o por quê: ela não acreditava realmente que ele era capaz de fazer nem a ronda direito se fosse sozinho.
Mas mesmo que ela se esforçasse para não dar broncas nele, era realmente difícil se controlar. Principalmente quanto às gracinhas de Fred e George, com as quais ela tinha que lidar sozinha graças à covardia de Rony.
- Acho que está tudo bem por aqui. Podemos voltar para a sala comunal agora. - Disse Rony apressado, enquanto terminavam de olhar pelo salão principal.
- Você não consegue fazer nada direito mesmo, não é? O que houve? Está com fome denovo? – Reclamou Hermione em um tom malicioso.
Rony encarou as paredes do corredor, encarou Hermione, franziu a testa e contraiu os lábios. Hermione olhou para ele.
- Ah Rony, por favor! Você não está com medo, não é?! – Disse surpresa quando percebeu o gesto do amigo. - Que belo monitor você é. Ainda bem que eu vim com você... – Concluiu em tom de desaprovação.
Rony estava tão distraído que respondeu automaticamente. - É fácil dizer isso quando não é você que está... - mas parou repentinamente, percebendo o que ia dizer.
- Que não estou o que Ron? - Falou Hermione irritada, sem nem imaginar o que estivera prestes a ouvir.
- Nada. – Consertou rapidamente. – Afinal, o que falta a gente fazer pra podermos voltar? – Disfarçou.
- Acho que já terminamos. – Suspirou insatisfeita – Vamos então, antes que você comece a chorar! – Rosnou enquanto tomou a direção para as escadas.
Hermione subia batendo os pés atrás dele, e Rony sabia que ela estava brava. Mas nem se importava com isso, muito menos com as grosserias que ela estava dizendo a ele. Queria logo ver a cara de alguém. Qualquer um serviria, desde que não precisasse mais ficar sozinho com Hermione. Achava que ainda não tinha se curado totalmente da “alergia” que tivera do bichento.
Quando estavam quase chegando ao fim, o lance de escadas fez menção de se mover.
- Mione anda logo ou vamos ter que fazer uma volta enorme! – Disse Rony preocupado, enquanto apressava o passo na tentativa de sair da escada antes que ela saísse do lugar. Hermione correu atrás dele, mas suas pernas eram bem menores do que as de Rony.
- Rony, deixa pra lá, a gente pega outro caminho... – Disse ao perceber que não ia alcançar o amigo.
- Anda Mione, eu te ajudo, ainda dá tempo. – Rony falou impaciente.
- Agora vai ter que dar, né? Eu é que não vou ficar andando sozinha por aí. – Reclamou Hermione apressando-se.
- Não precisa, a gente consegue. – Ao dizer isso, ele chegou ao último degrau, e precisou dar um pequeno pulo para não perder o equilíbrio, pois apesar deste ainda estar encaixado no pavimento, estava se movimentando para o lado.
Hermione, que estava alguns passos atrás dele, resmungou algumas palavras perdidas, e Rony pode discernir “teimoso” no meio delas. Então ela chegou ao último degrau.
- Ah não Ron! eu vou cair de cara no chão! Volta você pra cá. – Disse olhando para o piso se movendo à sua frente.
- Anda logo Mione, ou ela vai desencaixar! – Disse impaciente. - Dá aqui a sua mão que eu te puxo. É só dar um pulinho!
Hermione pensou por um minuto, e achou melhor tentar do que ter que dar a volta pelas masmorras sozinha. – Ta bom - E deu a mão a ele desconfiada. – Conta até tre...
Mas nesse momento, Rony a puxou com força e ela tropeçou na divisão entre o pavimento e o degrau, tendo que se apoiar sua outra mão no peito de Ron para que não caísse de cara no chão. Ele automaticamente segurou suas costas com a outra mão quando viu que ela ia cair, enquanto mantinha apertada a outra contra a dela.
A escada já estava quase ancorando em outro pavimento longe deles, mas os dois ainda estavam imóveis na mesma posição. Seus rostos ficaram tão próximos que podiam sentir sua respiração tocar a pele um do outro.
Os lábios de Hermione se descolaram na tentativa de forçar o ar a entrar, mas ainda assim ela continuava sentindo que ele faltava. Os olhos de Rony a encaravam tão sem, e ao mesmo tempo tão cheios de expressão quanto os de Hermione. Estavam tão perto que seus olhares conversavam, deixando transparecer o pavor que aquilo estava causando nos dois. E o mais estranho é que mesmo assim eles estavam ali, sem conseguir se mover um milímetro para longe.
A mão dela tocando sua blusa pareceu aquecer seu corpo inteiro de uma forma que Rony nunca havia sentido antes. De repente, a vontade de voltar para a sala comunal passou completamente. Mas tampouco queria continuar ali. Seu coração estava batendo descontroladamente e sua mente estava completamente vazia. Sentia uma necessidade incontrolável de chegar mais perto... tudo o que queria era tocar aqueles lábios, que lhe diziam querer exatamente o mesmo.
O barulho de uma outra escada batendo onde eles estavam pareceu despertá-los do transe em que se mantinham imersos. Mas eles somente se afastaram quando ouviram passos no corredor do pavimento onde a escada em que eles estavam tinha ido parar.
Hermione rapidamente largou a mão dele, firmou os pés no chão e se afastou de Rony, que deu um rápido passo para trás. Rony engoliu e se afastou também, encarando seus pés. Completamente sem saber o que dizer, Hermione tentou disfarçar:
- Eu, Eu... te disse que não dava tempo! – Virou-se em direção ao próximo lance de escadas que precisavam subir.
Antes que Rony pudesse pensar no que dizer, ele ouviu uma voz maliciosa:
- Vejam só! Que bonitinho! O pobretão e a sangue ruim fazendo patrulha juntinhos! - Disse Malfoy, cujos passos eles haviam ouvido há alguns segundos.
Hermione nem ouviu o que Malfoy disse e continuou andando o mais rápido que pode.
- Aposto que a trouxe junto pra te proteger, não é Weasley? Não teria coragem de patrulhar o castelo sozinho! - Ele ria agora.
Rony estava absorto demais para dar alguma atenção a ele. Ignorou-o propositalmente e foi atrás de Hermione. Rapidamente ele percebeu que a vontade de voltar à sala comunal voltou. Procurou manter uma distância segura da garota, mas apressou o passo. Ela teve a impressão de que ela estava pensando o mesmo, pois suas pernas pareciam maiores graças à velocidade em que andava.
Quando Harry viu o retrato da mulher gorda se abrir, e Hermione entrar, chegou a se assustar. A amiga estava muito pálida e tinha uma das mãos na testa. Encarava o chão com os olhos muito abertos e respirava ofegante.
- Hermione que houv... - Antes que Harry pudesse fazer qualquer pergunta, ela passou direto por ele, foi em direção das escadas e sumiu.
Ele virou-se novamente para o retrato da mulher gorda muito confuso, quando viu outra pessoa entrar com exatamente a mesma expressão. Ia fazendo também o mesmo percurso quando Harry se levantou decidido que Rony ia ter que lhe contar o que tinha acabado de acontecer.
- Pára, Pára! – Disse, se colocando na frente de Rony. – O que aconteceu?
Rony levantou os olhos para ele com cara de quem tinha acabado de chupar um limão. – Nada – Tentou dizer, mas mesmo assim sua voz falhou.
Harry percebeu que Rony estava estranho e o fez sentar no sofá. – Cara, respira. Isso. Agora me conta: O que você e a Mione viram?
Rony pareceu cair em si. Olhou para Harry e pensou que talvez não fosse uma boa idéia lhe contar o que tinha acabado de acontecer, pois assim teria que contar por que ele estava tão aterrorizado.
- Nós, bem... O Malfoy, ele... Disse algumas coisas... – Tentou achar as palavras.
- Disse o que? – indagou Harry.
- Acho que algo sobre... eu a Mione fazendo ronda juntos... e sangue ruim... eu acho.... – Tentava lembrar o que ele havia dito, mas não conseguia. Não tinha nem prestado atenção.
- Cara, vocês entram na sala comunal desse jeito por que o Malfoy disse algo pra vocês, que você nem se lembra o que era? – Perguntou Harry desconfiado.
- É que... foi tão desprezível que... eu até tentei esquecer, sabe. - Disfarçou.
- Hum. – Resmungou Harry.
- Eu acho que vou dormir agora. Noite Harry. - E subiu bem depressa em direção ao seu dormitório. Precisava dormir logo e esquecer aquilo.
Suas pernas ainda estavam bambas. Seu coração ainda parecia que ia sair pela sua boca. Mas mesmo que se forçasse a não pensar, as peças começaram a se juntar na sua cabeça. Aquilo explicava seus repentinos ataques de fúria quando ela falava do Krum, e também justificava seu excesso de preocupação por ela, e até seu senso de proteção, que ele também não tinha reparado que existiam.
Hermione dava socos no travesseiro. Seu rosto estava vermelho de raiva. Pensava como Rony podia ser tão rude de fazê-la pular daquele jeito!?
Seu pensamento mudou de lugar, e de repente, ela lembrava do hálito quente que ela sentira, e da vontade imensa que aquela boca lhe despertara... da vontade de beijá-la...
Imediatamente enfiou a cabeça de volta no travesseiro e gritou. – Pára com isso sua burra! Ta louca?! O que você pensa que está pensando?!
Respirou. “Não foi nada. É só uma vontadezinha de esbofetear a cara dele. SÓ. E vê se dorme. DORME, ta ouvindo?”. Criticava a si mesma em seus pensamentos.
E AÍ? O QUE ACHARAM??? NÃO FICOU MUITO FORÇADO? COMENTEM, OK? BEIJOS
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!