Aniversário
- bom dia Enzo! – ela chamou uma vez. Viu Sr. Nino andar pela plataforma do arco, um certo olhar tristonho. – Enzo...?
Mel desceu alguns degraus e colocou o copo de café num canto. Olhou em volta: havia uma profusão de papéis com anotações dela e de Enzo sobre as “experiências” que vinham fazendo. Juntou alguns que estavam em lugares estrategicamente ruins do chão (tapando a passagem até a plataforma) e se sentou em um dos degraus.
- se você está aqui Sr. Nino, isso quer dizer que Enzo também chegou. – Ela tinha adotado a mania de conversar com o gato. Sirius estava ficando divertidamente preocupado com isso. – e então...? Fizemos alguns progressos com os ratos que passamos através do arco ...? Algum voltou...? Não, né...? – o gato miou exasperado – eu sei... você detesta ver boa comida desperdiçada...!
Mel juntou mais alguns papéis e fez um montinho, que segurou colocando o copo de café em cima:
- Enzooo...? – ela chamou meio cantado - dove è, amico? – arriscou algumas palavras em italiano, que tinha aprendido com ele naqueles meses de convivência.
Sr. Nino resolveu sentar-se ao colo dela, atirando-lhe olhares suspeitos. Arranhou o braço esquerdo de Mel.
- é impressão minha ou você está querendo me dizer alguma coisa Sr. Nino...? – Mel ergueu uma sobrancelha – por favor, não comece a falar agora, ou eu vou ter que ir direto ao St. Mungus e pegar um atestado de insanidade mental no mesmo minuto...!
O gato arranhou o braço esquerdo de Mel e apontou a cabeça pro mesmo lado:
- um... envelope...? – Mel viu finalmente um envelope azul claro lacrado, em cima de uma pilha de papéis.
Foi até lá e o tomou nas mãos. Estava endreçado a ela. Abriu cautelosamente e leu :
- ah não...! não...! Enzo!
Saiu correndo do Departamento de Mistérios em busca do Ministro da Magia.
Lady Gray
Sinto que nenhuma das experiências que temos feito tem me levado aonde eu quero ir. É intrigante...! Eu sempre tive as respostas que quis (mesmo que as inventasse), mas elas estavam sempre ali. Desde que começamos a trabalhar com o Portal tenho sentido a terrível tentação de me jogar contra ele e saber onde finalmente ele vai dar.
Me peguei detalhando a idéia hoje pela manhã. Você, minha querida assistente, me ajudou a desvendar algumas particularidades do portal (mesmo ainda estando totalmente cética a respeito da minha teoria de que ele é um “portal”), e tanto quanto eu sabe que só terei a resposta que quero se atravessar e ver com meus próprios olhos...
Veremos o que esses velhos olhos verão então...!
Lá vou eu querida, a essa inevitável e excitante viagem!
Se eu conseguir uma maneira de voltar, nos veremos de novo. Se não saiba que adorei trabalhar com você.
Abraços eternos de seu chefe e amigo...
Lorenzo Damazzio.
PS.: Cuide de Sr. Nino pra mim, certo? Você sabe como ele é sentimental.
PS2.: Deixei um documento em anexo lhe liberando do cargo e lhe dando os direitos autorais de tudo que escrevemos até agora. E tivemos melhoras, acredite (sei que agora você deve estar resmungando algo como “duvido”), a última tentativa deu certo (aquela que envolvia o feitiço convocatório), e quando cheguei um dos camundongos haviam voltado. Se ele não está mais aqui é por que o Sr. Nino deu as “boas vindas”, se é que você me entende.
- ele se foi. Simplesmente se jogou contra o arco. – Mel soltou a carta sobre a mesa de Sirius, no quartel genral.
- O que o ministro disse...? – ele perguntou a abraçando. Ela parecia chocada.
- Disse que vai avisar a família e que foi uma perda muito grande, mas que é um caso de suicídio claro, disse que Enzo nunca foi muito certo da cabeça...!
- E realmente não era...! – James murmurou.
- Eu simplesmente estou pasma...! – Mel olhou o gato sobre a mesa de Sirius. Sr. Nino parecia desolado. – nunca imaginei que ele faria isso.. .!
- Você não pode tentar traze-lo de volta...? – o tom de voz de James era totalmente descrente.
- Nada daquilo funciona...! Nenhuma das experiências deu certo...! – ela respondeu – E também, mesmo se funcionasse, sem as anotaçoes tudo fica mais difícil...!
- O que aconteceu com as anotações...? – Sirius perguntou
- O Ministro mandou queimar tudo... disse que é perigoso de mais. Mandou lacrar a sala. Disse que agora ninguém mais entra lá...! – ela suspirou. – o que eu vou fazer com o Sr. Nino...?
- Levamos pra casa... – Sirius deu os ombros – já temos o velho Snuffles, qual vai ser o problema de ter mais um...?
- Sua casa vai ficar parecendo um zoológico Mel... – James riu maroto olhando pro amigo – dois gatos e um cachorro...!
- Num enche Pontas...! – Sirius fingiu que ia tacar o tinteiro em James.
- Acho que, com a meu “de novo” recém adiquirido poder de “sub chefe” dos aurores, vou me dar um dia de folga. Eu preciso ir pra casa... – ela suspirou, pegou o gato nos braços. – o dia já foi longo de mais pra mim...!
- E olha que são só dez horas da manhã... o dia apenas começou.
- Sabe, fico pensando... – Mel deu um beijo de despedida em Sirius – você que se transforma em um grande cão negro que parece um Sinistro e mas o augoro de morte nessa história sou eu..! Todo mundo que chega perto de mim morre!
- Deixa de ser lesa Mel! – James deu um leve abraço na irmã. – vai descansar por que daqui a tres dias é o aniversário de um ano do seu sobrinho e a Lily vai querer ajuda!
- Eu fico feliz em ajudar...! – Mel já estava quase na porta – vai me destrair um pouco!
Sirius estava mais do que certo quando disse que o “o dia estava apenas começando”.
Quatro horas depois que Mel chegou em casa recebeu uma coruja e saiu correndo, em direçao a casa do irmão.
- quando aconteceu...? – Ela perguntou quando James abriu a porta, com Harry no colo.
- Há uma hora.
- Como ela ficou sabendo...?
- Ela chegou na casa deles, pra levar o Harry num passeio e Petúnia estava lá. Com a noticia.
- Tem alguma coisa a ver com...
- Aparentemente nada a ver com Voldemort. Disseram que foi um acidente de carro, os dois estavam voltando de um passeio no campo e... aconteceu...
- Pobre Lily...! – Mel olhou o irmão – nós sabemos o quanto é ruim... perder os pais... ela está no quarto?
- Sim... disse que ia se trocar pro velório. Por isso te pedi pra vir aqui, pra ficar com o Harry. Não quero o levar pra um velório... é mórbido de mais pra um bebê...!
- Tudo bem, claro! – Mel recebeu o sobrinho nos braços.
- Vou enviar uma carta a Mitchell explicando a situação...
- Hei, não precisa. – ela fez um ar desdenhoso – não lembra que agora eu sou de novo a “chefinha”... – fez careta: ela detestava o cargo – não se preocupe com isso.
- Ah é, chefinha...! – ele riu – vou subir, então.
- Demore o tempo que precisar Jay, - Mel olhou ele se afastar – você sabe que a única coisa que ela precisa agora é de você...!
Três dias depois, mesmo com o fatídico falecimento dos pais de Lily, a festa de aniversário de Harry aconteceu.
Realmente não queriam chamar muito a atenção para ele, mas não resisiram a tentação de comemorar esse momento. O jardim da casa dos Potter foi repentinamente decorado com algumas mesinhas redondas, com brinquedos coloridos, uma mesa central, grande, colorida, cheia de bolos, doces e etc.
Como Lily ainda estava abalada pelo acontecimento Mel se encarregou dos preparativos e Sirius ajudou, ou pelo menos tentou, enquanto dava palpites um tanto atrapalhados.
- tudo ficou lindo Mel...! – Lily disse ao avistar a preparação: a decoração “de Quadribol” e falsos pomos de ouro sobrevoando as mesas, o bolo central na mesa que possuía alguns jogadores de caramelo em miniatura se movimentando por sobre o bolo que tinha formato de campo de Quadribol – tudo perfeito!
- Meu sobrinho merece. – Mel deu um sorriso pra amiga, elas se abraçaram. – eu só queria que o Tony estivesse aqui também...!
- Eu também queria...! – Lily tinha voz de quem queria chorar.
- Olha que coisa! – Mel se afastou limpando as lágrimas que tinham caído e sorrindo – eu não quero fazer você chorar...! – ela olhou pros lados, procurando um pretexto pra mudar de assunto, e achou quando McGonagall adentrou o jardim junto com Dumbledore – olha, lá vem mamãe e Alvo...!
Afastou-se de Lily pra falar com eles. Os abraçou, guardou os presentes que eles traziam a Harry e deixou que eles fossem cumprimentar James e Lily.
Mais ali à frente Sirius segurava o afilhado nos braços enquanto conversava com alguns convidados, e Mel se sentou em uma das mesinhas e ficou observando aquela cena.
Tocou o pescoço e sentiu a fina corrente prateada, e a puxou: segurou o camafeu que ela possuía e o abriu, olhando as pequenas fotos lá dentro: de um lado Sirius, do outro uma foto de Tony, poucos dias depois de nascido.
Sentiu uma dor tremenda ao ver a foto do filho, pensando que ele já teria um ano e ela não tinha a menor idéia de onde ele estaria, como estaria sendo tratado, se teriam feito uma festa pra ele assim como Harry estava tendo a sua agora...
Sentiu uma mão em seu ombro, olhou pra cima e encontrou o rosto de sua mãe. McGonagall se sentou ao lado dela e a abraçou.
- onde ele está mamãe...? – Mel disse dolorosamente.
- Oh Mel...! – McGonagall passou a mão no rosto dela, acariciando.
- Eu não vou chorar hoje. Não vou chorar hoje! – ela disse rigidamente pra si, e se levantou – olha mamãe, é rabicho. Eu vou cumprimenta-lo e já volto.
Andou apressadamente até ele. Eram raras as vezes que ela encontrava com rabicho, quase nunca ele estava no meio deles e quando aparecia ficava relativamente nervoso e um tanto quieto. Assim que eles se viram ela recebeu um abraço:
- como vai Mel? – ele perguntou quando se afastaram.
- Bem, - ela mentiu – e você...? De blusa de frio nesse calor..? – ela achou aquilo estranho – estamos em pleno verão rabicho...!
- Ah, sabe como é... – ele ficou um pouco nervoso, e aquela estranha sensação de que uma nuvem negra pairava sob seus olhos ocorreu em Mel de novo. – um pouco de gripe e eu estou sentindo frio. Ah, lá está o Sirius com o Harry... acho que vou ver o aniversariante... – ele começou a andar – com licença Mel...!
- Mel! – Lupin chegava a festa, com um sorriso amigável nos lábios. – tudo bem...?
- Bem sr. Lupin...! – ela deu um abraço no amigo – e você...?
Lupin deu os ombros, olhou pra Sirius que entregava Harry pra Lily:
- indo.
- Você tá pensando no Tony não tá...?
- Estou. – ele disse realmente se lembrando do rostinho do afilhado. – estou.
- Eu também. É inevitável. – ela suspirou, depois riu, vendo Harry tentar pegar um dos falsos pomos de ouro que sobrevovam a mesa, por cima do ombro de Lily que o segurava. Olhou Lupin – acho que já sei o que o Harry vai ser quando crescer!
E eles foram se juntar a Sirius.
Lily e James estavam radiantes ao lado do filho, em meio aos convidados. Apesar de ainda abatida, Lily buscava forças no bebê e conseguia sorrir facilmente quando os olhos verdes de Harry se encontravam com os dela ou quando de alguma maneira ele fazia uma gracinha.
James aproveitava a ocasião pra alardear pra todo mundo que Harry realmente era sua cara.
Enquanto cantavam os parabéns pro bebê Mel teve que sugerir que Lily amarrasse Jay ao pé da mesa, ou ele se inflaria de felicidade e sairia voando.
Foi uma tarfe feliz. Com os amigos envolta, Mel paparicando Neville, seu afilhado, que praticamente não saiu do seu colo, todos esquecendo os problemas mesmo que momentaneamente.
Com o entardecer veio o fim da festa. As pessoas começaram a ir embora e o jardim aos poucos foi voltando a ser como era antes, com Mel, Lily James e Sirius arrumando tudo a acenos de varinha.
Quando entraram na casa a noite já tinha caído. Lily deixou Harry se empanturrar com um pedaço de bolo grande de mais pra ele, e o menino usava as mãozinhas pra comer, sendo que no fim havia mais bolo nas suas mãos, braços, cabeça, cabelos e na cadeirinha em que ele estava do que ele realmente havia comido.
- tá uma beleza...! – Lily riu gostosamente olhando o filho.
- Ele ta parecendo o próprio bolo agora. – James riu - acho melhor arrumar as coisas pra dar um banho nele.
- Você pode fazer isso...? – Lily pediu, dando um beijo no marido – tenho que terminar de arrumar a cozinha.
- Claro. – James pegou Harry e entregou pra Mel – fica com ele enquanto arrumo as tudo lá em cima?
- Pode deixar comigo! – Mel segurou o bebê um pouco longe de si – que delícia...! olha, tive uma idéia – ela olhou maliciosamente pra Sirius, que estava sentado num sofá ali perto – o que você acha Harry de nós presentearmos seu padrinho com um pouco de bolo...?
- Hei, nem vem !!! – Sirius se encolheu no sofá quando Mel trouxe o menino pra perto dele. Harry parecia entender a brincadeira e esticava os bracinhos cheios de bolo pro rosto do padrinho. – ele tá todo sujo de...! Ahhhh!
- Bolo! E agora você tá também...! – Mel gargalhava. Ela tinha colocado Harry no colo de Sirius e mais do que depressa ele tinha se jogado contra ele lambuzando todo o rosto do padrinho com bolo.
- Engraçadinho! – Sirius sentou Harry no sofá ao seu lado e riu pra ele. Depois pegou a varinha e apontou pra si, se limpando. – é melhor eu ajudar o seu pai – ele dizia pra Harry – e te limpar um pouco antes do banho ou ele vai ficar uma hora pra conseguir tirar todo esse glacê de você! – apontou a varinha pro afilhado.
Antes que Sirius falasse o feitiço pra limpar um pouco o menino Harry agarrou a ponta da varinha com a mão e tentou levar a boca:
- Harry, não. – Sirius tentava se manter sério – isso não é pra morder!
Ele puxou a varinha da mão do menino calmamente e tentou de novo. Harry repetiu o gesto e dessa vez mordeu a ponta da varinha. Mel rolava de rir da cena e Sirius também não agüentou muito, começou a rir também.
- moleque custoso! – Mel riu o pegando no colo. Ouviu James gritar pra ela levar ele pra cima, pro banho. – é melhor mesmo, ou James vai demorar realmente um século pra desgrudar todo esse açúcar!
Ela deixou o menino aos cuidados do pai e quando ia descendo as escadas passou o olhar pela janela da sala. E não gostou nada do que viu.
- Mel, será que você pode me.... – Lily vinha da cozinha e parou na frente da porta da sala. Ela não teve tempo de completar a frase, por que nesse exato momento Mel se jogou contra ela e a empurrou de volta pra cozinha.
Sirius que olhava aquilo espantado percebeu o por que segundos depois: a porta explodiu em chamas e depois disso alguns seres encapuzados foram vistos.
- mas que saco! – Sirius resmungou puxando a varinha no bolso – nem no dia do aniversário do garoto vocês dão descanso!
- Lily sobe e dá o fora com o James e o Harry. – Mel desembainhava a espada e criou um capo de proteçoa ao redor de Lily pra leva-la em segurança até o andar de cima – eu e o Sirius vamos os atrasar pra vocês fugirem!
- Mas... – Lily tentou contestar, vendo Sirius ser cercado por Comensais
- Lily, isso lá é hora de contestar?! VAI!!!
Sem pensar muito Lily subiu as escadas e Mel, achando até divertido ter alguns comensais pra machucar naquela noite, partiu pra briga.
Mais tarde, todos eles salvos e inteiros, principalmente Harry (que ainda tinha uma certa quantidade de glacê preso ao cabelo), se encontravam no ministério. Dumbledore tinha vindo de Hogwarts ao saber do atentado e se reuniu a eles, com uma expressão bem preocupada.
- Isso está ficando insuportável, Alvo. – James reclamou observando Lily que terminava de limpar o filho do banho mal acabdo usando alguns feitiços – simplesmente insuportável!
- Eu entendo James. E estevi pensando, já há algum tempo, que talvez tenhamos de tomar medidas mais drásticas.
- Medidas mais drásticas...? – Mel perguntou desviando sua atençao do curativo que fazia num pequeno corte na testa de Sirius pra olhar Dumbledore – que tipo de medidas...?
- Talvez um feitço, extremamente complexo, mas muito seguro também.
- O Feitiço Fidelius. – Lily completou, enquanto terminava de limpar Harry e o tomava no colo.
- Exato Lily. – Dumbledore disse, a olhando satisfeito – exatamente esse feitiço.
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