Esperanças...?
Mel respirou fundo pela milésima vez. O Quartel General dos aurores estava mais uma vez em suas mãos, e ela totalmente atulhada de trabalho.
Dois dias depois do aniversário de Harry, Mitchell tinha sido demitido (intimamente Mel comemorava) pelo simples fato de que suas intervenções não estarem dando muito certo e a opinião publica achar que ele não estava se empenhando pra deter Voldemort (como se todo o empenho possível não fosse pouco) e Mel tinha sido encarregada de manter o Quartel em ordem até que o novo chefe dos aurores fosse demandado.
- por favor Frank, leve aqueles garotos pra te ajudar na investigação sobre a morte de Bartilda McMillian... dê a eles o que fazer...! – Mel falava enquanto juntava pilhas de relatórios
- O que não vai ser difícil por que temos muito o que fazer por aqui. – Frank sorriu pra amiga – você vai enlouquecer não vai?
- Totalmente! – ela riu pra não chorar – sabe, isso não é pra mim. Eu queria mesmo era estar lá fora...!
- Quando vão empossar o novo chefe?
- Acho que amanha a tarde.
- Já tem um nome então?
- Pelo o que o ministro me disse sim, mas infelizmente não me falou quem é.
- Você, como eu, deve estar torcendo pelo Olho-tonto não?
- É obvio! Ninguém melhor do que ele. Só não diga isso em voz alta, por que se ele ouvir, vai te mandar ir a merda!
- Ele quer esse cargo tanto quanto você né? – Frank não pode diexar de rir
- Exatamente. Sabe, por essas e outras que Charlie faz falta. Ele adoraria assumir o cargo. – ela parou de juntar papel e suspirou.
- Você tem um palpite de quem vem..?
- Acho que sim. “Sem querer” eu ouvi...– ela sorriu marota – o ministro comentando o nome de Rufo Srcimgeour... mas não tenho certeza... você sabe, nunca entendi muito bem esse negócio de política e nem quero entender...! Hei! O que estamos fazendo aqui?! Vai trabalhar Frank! – ela riu – não podemos perder tempo conversando!
- Ok chefinha, ok! – ele falou isso só pra irritá-la e sentiu uma bola de papel recém feita acertar sua cabeça enquanto ele saia.
- E a propósito, como está meu afilhado? – ela gritou pra ele que saia
- Lindo e bem, graças a Merlin! – Frank gritou de volta, virando num corredor pra procurar os “projetos de aurores” que era como eles chamavam os alunos que ainda estavam começando.
- Mel? – James entrou pela sala da irmã, procurando ela em meio às pilhas e pilhas de relatórios.
- Tô aqui! – ela gritou enquanto reunia alguns montes no chão, agaichada atrás da escrivaninha.
- Ah, que lugar interessante pra te encontrar minha irmã! – ele riu, se agaichando pra encara-la.
- Por que você não deixa de gracinha e me ajuda hein? – ela entregou um monte de papel nos braços dele, enquanto se levantava com mais um monte.
- Você já falou com Alvo como te pedi?
- Há algumas horas e ele concordou finalmente. – James tinha pedido a Mel que ela convencesse Dumbledore a deixar que Sirius fosse o fiel do segredo do Feitiço Fidelius, que eles iriram realizar no ouitro dia, pela manhã. Dumbledore se prontificava a, ele mesmo, ser o fiel do segredo, mas James insistiu que queria Sirius. – você sabe que ele estava preocupado pro bem de vocês, não sabe?
- Mel, você não pode estar me falando que Alvo desconfia que Sirius pode estar...
- A única preocupação de Alvo – Mel interrompeu – é a de que há um espião entre nós. Só isso.
- E com certeza não é o Sirius! – James disse veemente
- Com certeza não é, mas não custa nada estar prevenido! – ela parou um pouco e encarou o irmão – Ele só está preocupado, meu irmão. E eu sei que você também.
- Estou, é claro que estou. – James se jogou numa cadeira à frente da escrivaninha – não consigo parar de pensar nisso nem um minuto. E eu sei que o Sirius como fiel do segredo vai ser mais do que seguro. Eu me sintirei mais seguro se ele for fiel do segredo. Pra mim o Sirius é um irmão, uma pessoa que eu sempre confiei muito.
- Eu sei. – Mel sorriu pra ele
- Confio tanto que deixei ele “casar” com você! – James riu, depois seu rosto tornou a ficar sério – e sei que o Almofadinhas preferiria morrer a contar onde nós estamos agora – James e Lily tinham se mudado pro povoado de Godric’s Hollow depois do “acidente” na noite do aniversário de Harry – sei que ele vai proteger o Harry da maneira que for necessária.
- Ele me disse isso ontem. – Mel falou se sentando na frente do irmão, uma pilha de relatórios caindo do seru colo quando ela ficou com os olhos cheios de lágrimas – me disse que vai proteger o Harry de qualquer jeito, que vai protege-lo como ele não conseguiu proteger o Tony...
James ficou alarmado com aquilo, olhou pra Mel preocupado:
- ele disse isso...? que não conseguiu proteger o Tony...?
- disse. – Mel limpou uma lágrima – que coisa! Eu só choro agora! – se levantou rapidamente, catando papel – e o que a gente tá fazendo aqui?! Tá vendo por que eu não sirvo pra esse cargo: pra cada pessoa que vem aqui eu fico meia hora conversando! Vai trabalhar James!
- Tô indo chefinha! – ele disse se levantando rapidamente e saindo “correndo” da sala dela. Mas antes que ele saísse uma bola de papel atingiu sua cabeça.
Sirius e Mel chegaram em casa pouco antes da meia noite. Mel estava totalmente cansada, e se jogou no sofá assim que o avistou. Por um tempo ficou quieta, ouvindo o silencio da casa, enquanto Sirius reforçava os feitiços que a protegiam.
Mel se pegou pensado que aquela casa não devia estar quieta e calada daquela maneira, e sim bagunçada e barulhenta, com o som e o cheiro do bebê deles espalhado por ela. Onde estaria Tony...?
Disfarçou o olhar tristonho sorrindo pra Sirius quando ele a olhou, se levantou e se jogou nos braços dele:
- você deve estar muito cansada. – ele disse acariciando o rosto dela
- de mais! Mas nada que um beijo não resolva.
Instantaneamente ele a beijou, um beijo longo e apaixonado.
- sinto falta do tempo que tínhamos pra ficar juntos.... – ele disse olhando o relógio em cima da lareira da sala – olha só... já é meia noite..!
- que tal a gente tomar um banho juntos e depois irmos dormir...? – ela propôs um pouco mais animada
- bem... – ele sorriu maroto, mesmo tendo a expressão cansada e preocupada – dependendo da tempratura desse banho, não sei se depois a gente vai poder ir pra cama... não pra dormir...!
- sabia que eu adoro quando você ri assim...! – ela disse contemplando o rosto dele.
- assim como?
- Com essa cara de safado! – ela disse quando eles começaram a ir em direção ao quarto.
Sentados juntos na banheira, um de frente pro outro, Mel ensaboava os cabelos negros de Siruis, fazendo bastante espuma com o xampu, e os colocando pra cima formando uma espécie de “moicano”. Parou um pouco, enxaguou as mãos e o observou: estava com o olhar parado e distante:
- pensando em que meu amor...? – ela pediu suavemente
- na execução do feitiço, amanhã. – ele respondeu vagamente, puxando-a mais pra perto pela cintura. – acho que devemos nos esconder depois que estiver tudo feito. Ir pra um lugar mais distante, mais seguro.
- Já estava estranhando a gente ficar tanto tempo nessa casa. – ela disse depois de dar um pequeno beijo nele – me acostumei com essa vida “cigana”.
- Mas eu espero que tudo isso acabe logo. E que Harry fique bem.
- Ele vai ficar. Eu sei que vai.
- Mel, às vezes você fala as coisas com uma convicção que quase me convence. – ele sorriu pra ela, - quase.
Mel riu, levou as mãos ao cabelo que estava enrolado em um coque precário no alto da cabeça e o desfez, deixando os cabelos longos e claros caírem, batendo pouco abaixo da sua cintura. Se inclinou na banheira e os molhou, pegou um pouco de xampu e começou a ensaboa-los.
Ela observou Sirius e viu que ele voltou a ter a expressão distante e pensativa.
Ela suspirou, imaginando que nada que ela fizesse poderia tira-lo daquele transe, ele só ficaria melhor depois que o feitiço tivesse sido completado. Ela se inclinou na banheira mais uma vez, pra enxaguar os cabelos. Quando se sentou Sirius não estava mais na banheira. Enrolado precariamente numa toalha ele a olhava com um ar empolgado.
- o que aconteceu?! – ela perguntou um pouco assustada
- tive uma idéia Mel e preciso ver se o James aprova!
- Idéia?! Do que você tá falando Sirius?!
- Um blefe, Mel, um plano diferente!
- Sirius, vou pedir mais uma vez: do que você está falando? – ela se levantava da banheira, se enrolando numa toalha.
- Do feitiço Mel, nós podemos fazer um blefe!
- Com o feitiço? – ela estava ficando meio tonta com aquilo, entrou no quarto e viu Sirius se vestindo
- Mel, Voldemort vai vir atrás de mim quando o feitiço estiver feito se temos mesmo um espião entre nós! Mas e se fizermos um blefe: deixar eles pensando que eu sou o fiel do segredo quando na verdade o fiel é outra pessoa!
- Que outra pessoa Sirius??? – ela estava ficando alarmada com a conversa
- Rabicho! – ele falou exultante – ele está de certa forma um pouco afastado de nós e Voldemort nunca vai pensar que ele pode ser o fiel!
- Sirius... não...! Alvo nunca vai concordar com isso!
- Mas ele não precisa saber! Por isso seria um blefe Mel!
- Eu não gostei nada dessa história. Há um espião entre nós Sirius, isso pode vazar e o rabicho é um...
- Um alvo fácil? – Sirius sugeriu sorrindo enquanto colocava a capa – por isso é brilhante Mel! Voldemort nunca pensaria que Lily e James usariam um alvo fácil como rabicho! E nós podemos protege-lo depois que o fetiço estiver pronto.
- Não..! – Mel foi até ele e o puxou pela mão. – Sirius, deixe como está....!
- Mel, eu vou ver o que James acha, ok? Só isso, nós vamos conversar. – ele a sentou na cama. – fica aqui em casa e me espera, tá? – deu um beijo rápido nela.
- Sirius...! – ela chamou quando ele saia pela porta do quarto – o cabelo...!
Ele ainda ostentava o penteado “moicano” totalmente recheado de espuma do xampu.
- ah...! – ele riu se observando no espelho e com um aceno de varinha o cabelo estava seco e sem espuma.
Mel ficou um tempo olhando pros lados, preocupada. Depois ouviu passos no corredor e Sirius voltou ao quarto. Estava num estado de completa empolgação, e se jogou sobre Mel, num abraço e num beijo que fizeram com que ela caísse deitada na cama. Se beijaram longamente de maneira apaixonada. Quando se separaram ele acariciou o rosto dela e sorriu:
- eu te amo muito Mel. Mais do que eu imaginei ser possível um dia. – beijou a testa dela – você é minha vida.
- E você a minha. – ela respondeu com certo ar preocupado. – por que você voltou..?
- Não sei... – ele sorriu levemente – eu precisava falar isso. Agora, me prometa uma coisa – ele se levantou, saiu de cima dela – não saia daqui ok? Me espere voltar.
- Claro. – ela se levantou, o beijou mais uma vez – aonde você pensa que eu vou?
- Não sei, - ele deu os ombros, saiu pelo quarto – te amo.
E eles trocaram olhares apaixonados, intensos. Sorriram. E pouco depois estavam sozinhos, cada um em um caminho, separados.
Depois que Sirius saiu Mel se secou, vestiu uma camisola e secou o cabelo. Abriu a janela do quarto e sentiu uma brisa fresca entrar. Deitou-se na cama, observando o teto. Tanta coisa rondava sua mente.
Pensou em Harry, em Neville... em Tony. Pensou em como Sirius se sentia fracassado pelo desaparecimento do bebê. Pensou que daria sua vida se fosse preciso pra ter seu filho nos braços mais uma vez.
Foi quando uma coruja entrou pelo quarto e deixou um pedaço de pergaminho cair sobre Mel. Segundos depois já tinha ido embora.
Ela pegou aquele papel e o olhou por um longo tempo. Então resolveu abrir.
Você deve estar pensando em seu filhinho agora.
Dizem que você pensa nele o tempo todo.
Por que não vem atrás de mim e eu posso lhe mostrar onde sua criança está.
Acredito que o seu coração de “mamãe” deve estar em frangalhos por não ver seu filho vivo e bem como eu vejo todo dia, por não poder ver os olhinhos azuis dele brilharem como eu vejo. Venha encontrar o seu amado Tony, Melanie...
Com amor...
Sua “priminha”.
Ela não ousava assinar, mas Mel podia sentir a loucura e o sarcasmo presentes naquelas palavras e sabia que eram de Bellatrix. Sentiu certo ódio lhe subir a cabeça, mas ao mesmo tempo uma esprança incrível quando leu e releu as palavras: vivo e bem e olhinhos azuis. Ela sempre sentiu que seu filho estava vivo, ela tinha certeza que Tony não morrera naquela noite macabra há quase um ano atrás, e agora via uma pequena esperaça, depois de todas as buscas, de o reencontrar.
Seu coração se encheu com essa idéia e ela começou a imginar seu filho correndo até ela, os bracinhos abertos, sorrindo...
Ela nem mesmo viu enquanto se vestia, sua mente se enchendo com cenas felizes dela trazendo o filho de volta pra casa, de o entregando nos braços de Sirius e vendo Sirius se alegrar com aquilo.
Sentiu certo receio enquanto pensava que Bellatrix com certeza queria alguma coisa com aquilo, ela não seria tao boazinha. Sabia que podia ser uma armadilha, mas não conseguia afastar a esperança de encontrar Tony.
Colocou uma capa sobre os ombros de qualquer jeito e saiu da casa, parando na porta por um instante, indecisa.
Fechou os olhos e se lembrou mais uma vez, do endereço que tinham escrito na carta, que seria onde ela deveria encontrar Bellatrix e sentiu um certo arrepio lhe passar.
Respirou rápida e profundamente várias vezes, pensando no que fazer, quase ficando tonta com tanta agonia.
Quando tocaram seu ombro.
- você ainda está aqui. – uma voz seca e fria. Os olhos negros que ela conhecia tão bem e ela se sentiu irritada e agradecia por encontrar com Severo – fiquei sabendo do plano a menos de minutos e vim ver se você ainda estava aqui.
- Plano...? – ela perguntou com voz fraca
- É uma armadilha Mel. – ele disse simplesmente a mão ainda no ombro dela
- Não... – ela recuou alguns passos, tentando manter firme na sua mente a esperança de encontrar o filho – ela está com meu filho. Bellatrix o levou e está com ele.
- Melanie, seu filho está morto.
- NÃO! – ela gritou, fechou os olhos, focalizando Tony na sua mente – o Tony não está morto!
- Bellatrix não está com ele. Ela está agindo sob ordens do Lord, ele quer que ela e Lucio raptem você. Leve você a ele.
- Claro e você veio aqui me avisar, por que é muito bonzinho! – ela assumiu um ar sarcástico
- Mel, eu nunca quis que te machucassem.
- Qual das vezes você não quis que me machucassem? Sinto muito, mas todas elas falharam!
- Mel, não vá. É uma cilada! – ele deu mais alguns passos em direção a ela, mas ela recuou mais ainda.
- Não é! Severo, você ficou furioso quando soube que eu estava grávida do Sirius! Você nunca quis que o Tony nascesse! Você me ameaçou, eu lembro!
- Mel, eu jurei lealdade. Eu jurei te ajudar, lembra? Na frente de Dumbledore...! – Ele começou a achar que ela podia estar delirando.
- O problema Severo.... – ela o encarou – é que você jurou e quebrou o juramento, você afirmou e mentiu tantas vezes pra mim que agora eu não sei de mais nada!
- Eu não estou mentindo! – ele ficou chateado, quase gritou. – Bellatrix me disse que matou o seu filho!
- NÃO! – Mel gritou de volta, saindo da varanda da casa, andando em direção a rua.
- Mel! – ele correu até ela, a segurou pelo braço – não vá!
Rapidamente a espada foi desembainhada e encostada na garganta de Severo:
- você não pode me impedir Severo. – ela disse firme, apesar de tremer um pouco as mãos.
- Por favor...
- Me desculpe Severo. Mas eu não posso ignorar isso. Eu tenho que rever meu filho! – ela puxou a varinha e apontou pra ele – me desculpe por isso...!
E ela o estouporou. Deu mais alguns passos e aparatou.
Era um lugar estranhamente macabro onde tinham marcado o “encontro”. Uma espécie de parque deserto e mal cuidado, árvores moribundas e brinquedos quebrados que rangiam estranhamente, mesmo não havendo vento nenhum pra faze-los se movimentar.
O lugar parecia deserto, exceto por uma figura encapuzada parada silenciosamente perto de um balanço. Tinha um “pacotezinho” de panos colocado dentro de uma cesta que a pessoa segurava. O “pacotezinho” lembrava muito um bebê adormecido.
Mel foi se aproximando lentamente.
- solte a espada priminha. – a mesma voz irritante de Bellatrix.
Mel tirou a bainha da espada da cintura e a colocou no chão. Com um movimento da sua varinha Bellatrix afastou a espada do alcance de Mel.
Mel deu mais uns passos esprançosos em direção a cesta com o bebê. Bellatrix soltou uma risada maligna:
- Não, não, não... – ela se afastou alguns passos pra trás – não vai ser tão fácil assim...!
- O que você quer Lestrange? – Mel tentou manter a voz fria
- O que eu quero...? – ela riu de novo – a varinha. Coloque-a no chão também. Quero você totalmente desarmada pra mim, Mel!
- Isso vai ser complicado Bella. – Mel resmungou sarcástica – mesmo sem a espada e a varinha eu tenho meus poderes.
- Não pense que eu não cogitei isso... – Bellatrix murmurou pra si, sorrindo.
- Meu filho. Me entregue meu filho Lestrange. – Mel estendeu os braços pro bebê.
- Esse bastardinho nojento...? – Bellatrix balançou displicentemente a cesta na mão – sabe por que eu estou te devolvendo esse nojentinho Gray? Por que ninguém suporta esse sangue-ruim asqueiroso na família. Ninguém.
- Me entregue meu filho Bellatrix! – Mel gritou com raiva agora
- Tudo bem... – ela estendeu a cesta pra frente – venha buscar.
Meu correu em direção a cesta, mas assim que encostou a mão sobre os panos na cesta e encarou o olhar de Bellatrix ela viu que Severo não mentia. Era tudo um plano.
Ela tocou os panos na cesta e instantaneamente seu corpo paralisou: aquilo não passavam de pedaços de panos amaldiçoados que a petrificaram assim que ela encostou.
Mortalmente assustada ela soltou o pacote que caiu no chão se deserrolando num amontoado de panos, quando ela viu aparecer ao seu redor vários comensais. Bellatrix ria descontroladamente, achando graça da cena. Olhou pra Mel e disse debochadamente:
- seu filho está perdido há muito tempo Mel! Não há como você o achar!
Mel sentiu ódio lhe queimando por dentro, e com isso reuiniu cada parte de força que ainda tinha e, com seus poderes, fazendo força metalmente como nunca antes, ela “puxou” sua espada até ela.
Assim que o metal frio encostou na sua mão, Mel sentiu que seu corpo se desbloqueou de uma maneira que ela não sabia explicar. E percebeu que os Comensais não gostaram nada daquilo.
Ignorando toda e qualquer coisa a sua volta ela se concentrou em se proteger seu corpo dos feitiços que eles lançavam atraves de um campo de energia e de atacar, com o fio da espada, cortando e mutilando, o maior número de Comesais que pudesse.
Resistiu por um tempo, atacando cegamente, até que sentiu o campo de energia se romper e ela foi atingida pela maldição da dor. Virou-se rapidamente, em meio aos seus próprios gritos de dor, pra quem tinha lhe acertado e deferiu um golpe de espada, mas alguém foi mais rápido que ela. Com um feitiço repeliram a espada da direção do Comesal e a direcionaram pra Mel. Sem que ela pudese evitar, perdendo o controle da espada, ela foi atingida na barriga. Sentiu a dor do corte e o sangue quente molhar suas vestes. Foi atingida então repetidamente pela maldição da dor.
Fechou os olhos, desfalecendo e na sua mente a única coisa que se passava era o rosto de Sirius, ele falando pra ela não sair de casa. Falando que a amava...
Ela caiu no chão devagar, as mãos espalmadas na barriga, tentando conter o sangue. Os olhos semi-abertos vendo os comensais a sua volta, ouvindo a risada de Bellatrix.
A dor era tamanha que ela tinha impressão que desmaiaria logo.
Bellatrix se aproximou dela, pisou em seu tórax e se abaixou: tinha percebido o brilho do cordão prateado com o camafeu. Riu e puxou o colar do pescoço dela, o arrancando:
- que comovente...! – ela disse com desdem, abrindo o camafeu e observando as fotos – mas pra onde você vai não tem necessidade alguma de carregar isso...!
Jogou o colar ao lado de Mel, onde já estava a espada ensangüentada. Mel não tinha forças sequer pra se virar e pega-lo de volta. Seus olhos iam se fechando fazendo com que a escuridão a envolvesse. Lutava pra não sucumbir a isso, mas era impossível. A dor era insuportável. Fechou os olhos. E a ultima coisa que ouviu foi a voz de Bellatrix:
- levem-na.
Em sua mente viu Sirius sorrindo.
- Sirius... – ela consegiu murmurar antes de perder os sentidos. E de alguma forma ela sabia que aquilo não era um chamado. Era uma despedida.
Quando Sirius voltou pra casa estava satisfeito consigo mesmo: a seu ver o plano que tinha bolado era perfeito e James concordava. Subiu as escadas cantarolando animadamente, se sentindo animado como não se sentia há muito tempo e entrou no quarto chamando por Mel. Ficou levemente alarmado quando viu a janela aberta e ninguém dentro do quarto. ficou mais alarmado ainda quando deu alguns passos em direção a cama e viu dois pedaços de pergaminho em cima dela.
Pegou um deles e reconheceu a letra de Mel:
Sirius, meu amor...
Eu sei que você me pediu pra ficar em casa, e eu sei que tudo o que está escrito nessa outra carta pode ser um enorme blefe e uma armadilha (o que provavelmente é), mas não posso deixar de arriscar! É nosso filho! É a chance de traze-lo de volta!
Por favor, não se zangue muito comigo. Te amo. Mel
Sentindo um grande temor se passar por ele Sirius pegou o outro pergaminho e o leu.
- não Mel...! – ele murmurou aterrorizado – por favor...!
Saiu correndo pela casa.
Pouco tempo depois ele, acompanhado de James e muitos aurores, chegou ao local do fatídico encontro: uma cena der total devastação. Se antes os brinquedos estavam quebrados agora jaziam em pequenos pedaços, evidenciando que houvera briga, havia marcas de sangue em muitos deles e, no meio de tudo, no centro do parque Sirius percebeu algo que o fez parar.
James ao seu lado estava tão pálido quanto ele quando viu a espada e a corrente de prata jogados ao lado de uma grande poça de sangue:
- eles a levaram...! – Sirius sussurrou, estarrecido.
Depois ele deu alguns passos e se agachou perto da espada: ela estava coberta de sangue, os desenhos entalhados totalmente vermelhos como se fossem pequenos sulcos cheios de tinta. O camafeu e a corrente estavam meio imersos no sangue, perdidos no meio daquela mancha vermelha que enfeitava macabramente o chão.
- eles a levaram James...! – ele disse de novo enquanto recolhia a espada e o camafeu
- Sirius... se ela perdeu todo esse sangue... – James controlava as palavras, o que era dificil sendo que ele sentia uma imensa vontade de chorar diante daquela devastaçao e da ideia que tentava expressar pra Sirius – ela não pode estar viva...!
- Finalmente eles conseguiram tira-la de mim... – ele continuou falando, alheio ao que o amigo lhe dizia – usaram a memoria do nosso filho pra fazer isso, eles sabiam que a Mel iria até o inferno pra rever o Tony se fosse possível...
- Não há nenhum corpo por perto... – um dos aurores disse pra James em tom baixo
- Recolham um pouco desse sangue. Temos que analisar pra saber se é dela... – demosntrando um autocontrole incrível James deu mais algumas ordens aos aurores, depois voltou pro lado de Sirius que ainda estava ao lado da poça de sangue, agarrado a espada e ao camafeu, suas mãos agora tão vermelhas quanto eles. James colcou a mão no ombro de Sirius.
- Acabou não foi...? – Sirius disse repentinamente, olhando pra James. – eles conseguiram. Eu nunca mais vou vê-la não é...?
James pigarreou pra afastar o soluço anunciando o choro que queria vir. Depois encarou o amigo:
- não sabemos se ela está realmente... morta Sirius... temos que... procurar.
- Voldemort conseguiu... – Sirius murmurou – acabou com a minha vida.
No dia seguinte, pela manhã, eles tinham confirmado que todo aquele sangue era de Mel. James, por mais que quisesse relutar, deu a morte da irmã como certa. Sirius por sua vez, como estava desde que tudo tinha acontecido, simplesmente não disse nada: deixou o olhar vagar e ficar perdido em sua imensa dor.
Mesmo com o acontecido, pouco depois eles acabaram realizando o feitiço Fidelius, da maneira que Sirius tinha bolado e então arrumraram um lugar pra Sirius se esconder, e depois pra rabicho.
Depois de tudo certo eles deixavam a casa dos Potter. Rabicho saiu apressado, um pouco assustado e amedrontado, mas parecendo exultante com o que acabara de fazer. Sirius deu uma ultima olhada em Harry antes de sair: o afilhado brincava calmamente no tapete da sala junto com um monte de brinquedos. Acariciou a cabeça do menino, abraçou Lily e James o levou até a porta.
- tem certeza que vai ficar bem sozinho...? – James perguntou, preocupado.
Sirius acenou que sim. olhou pra Harry mais uma vez:
- ela ia ficar feliz se soubesse que ele está seguro agora.
- Ia... – James disse com a voz rouca, sinal de quem tinha chorado bastante.
Sirius concordou com a cabeça. Depois abraçou o amigo:
- até mais James...
E saiu andando.
Ele já tinha se afastado o suficiente da casa pra poder aparatar, mas alguma coisa o emplia a continuar andando. Essa “alguma coisa” era o mesmo culpado por ele sentir que ele sabia que não mais veria Mel. Era algo que ele não sabia explicar, mas lhe dava a certeza de que não teria mais a oportunidade de entrar em casa e encontra-la deitada na cama, sorrindo pra ele daquele jeito tão doce como ela sempre fazia...
*Sheets of empty canvas
Untouched sheets of clay
Were laid spread out
Before me as her body once did
De alguma maneira, ela só poderia ser alcançada agora atraves das memorias felizes que ele tinha, dos dois juntos... ele não tinha certeza de que ela estava morta, mas ele sabia que se Voldemort não a matasse a usaria pra trazer cada vez mais devastação. E ele sabia que Mel não compartilharia dos planos de Voldemort por livre e espontânea vontade nunca, sabia que ela preferiria morrer. Ele não mais a veria. Por mais que doesse e fosse triste de constatar, ele sabia que não encontraria Mel de novo. E saber isso era o mesmo que sentir como se todo o ar que ele respirasse tivesse mudado e agora fosse pesado e difícil de colocar pra dentro, que doesse enquanto ele respirasse...
All five horizons revolved
Around her soul
As the earth to the sun
Now the air I tasted and breathed
Has taken a turn
Era estranho pensar que ele nao mais a faria sorrir. Era estranho que eles não poderiam mais compartilhar tudo como vinham compartilhando as coisas atraves dos anos: as alegrias, tristezas, derrotas e conquistas...
Ela tinha sido atraves de todo aquele tempo a pessoa que o fazia seguir em frente e passar por cima dos problemas. Ouvir a gargalhada dela e pensar que ela nunca desistia das coisas que queria era o que o mantia vivo atraves de toda aquela guerra. E agora... como seriam as coisas...?
Ooh, and all that I taught her
Was everything
Ooh, I know she gave me
All that she wore
O que tinha sido todo aquele tempo? O que tinha sido todos aqueles dias que passaram juntos...? o que tinha sido toda sua vida e o que seria de agora pra frente...? Sirius sentia como se uma densa nuvem negra pairasse sobre ele, o levando a mais profunda escuridão...
And now my bitter hands
Shade beneath the clouds
Of what was everything?
All the pictures have all
Been washed in black
Tattooed everything
Pensou que só uma coisa poderia o fazer seguir em frente agora. Pensou em seu afilhado e em como, desde os primeiros momentos de vida de Harry tinha prometido protege-lo. Era o que Mel ansiava fazer também. Lembrou-se do rosto do garoto e sua risada inocente. Por mais que ouvir aquela risada não o alegrasse, não fizesse que sua dor se dissipar, era ela que o manteria em frente... pronto pra enfrentar o que viesse agora...
I take a walk outside
I’m surrounded by
Some kids at play
I can feel their laughter
So why do I sear?
Sirius parou um momento, se sentindo tonto com tantos pensamentos… Observou a rua vazia, algumas folhas secas sendo levadas pelo vento. Por que a Mel? Por que sua família tinha sido despedaçado daquele jeito...? Por que tanta dor...?
Ooh, and twisted thoughts
That spin round my head,
I’m spinning,
I’m spinning, How quick the sun can
Drop away
Infelizmente, por mais que ele perguntasse nao haveira resposta. O que lhe restava agora era continuar e ver o que aconteceria. Por mais que toda a sua vida estivesse sendo tragada, levada atraves de um redemoinho de acontecimentos negros ele não tinha outra alternativa a não ser esperar e ver o que o destino estava preparando pra ele... A essa altura do campeonato, desde que Harry estivesse a salvo ele não se importava com mais nada... estava cansado...
And now my bitter hands
Cradle broken glass
Of what was everything?
All the pictures have
All been washed in black
Tattooed everything
All the love gone bad
Turned my world to black
Tattooed all I see
All that I am, All that I will be
Deu mais alguns passos incertos: engraçado como sempre tinha tido certeza de tudo que ele era e que um dia poderia ser. Mas agora, pela primeira vez na sua vida se sentia sem rumo, desnorteado... Sem Melanie...
I know someday you’ll
Have a beautiful life
I know you’ll be a star
In somebody else’s sky
But why, why, why can’t it be
Can’t it be mine?
Ele que sempre tinha dado um jeito de ter tudo o que queria, tinha perdido a unica coisa que realmente importava na sua vida: ela. Ela que tinha sido sua, tao interamente sua por um longo tempo e agora...
Respirou fundo parando de andar. Deu um sorriso dolorido, enquanto imaginava o rosto dela:
- parece uma piada não...? que tudo tenha acabado assim... – ele murmurou pro vento. Respirou firme tentando se manter forte. Deu uma ultima olhada ao redor, a casa de James e Lily ao longe e antes que as lágrimas começassem a borrar sua visão ele aparatou.
All the love gone bad, turned my world to black, tattooed all I see, all that I am, All that I will be…
Dois dias depois...
Era o fim de uma terça feira nublada e sem graça. Um dia estranhamente triste e atribulado para Dumbldore, apesar de que, pra toda comuniadade bruxa, tinha sido um dia de comemorações por um grande feito.
Ele passou os olhos pela Rua dos Alfeneiros, totalmente silenciosa. Um vento um pouco mais forte passou por ele arrastando um pedaço de jornal que veio bater aos pés de suas vestes. Ele se abaixou e o pegou: como ele imaginava era um exemplar do Profeta Diário que algum bruxo descuidado deixara por ali. Observou momentaneamente as manchetes: “Aquele-que-não-deve-ser-nomeado encontra o seu fim” e mais abaixo “Harry Potter: o menino que sobreviveu”.
Sentiu-se imensamente triste quando observou, mais abaixo, pequenos dizeres que anunciavam “Melanie Gray ainda desaparecida, Ministério cogita a possibilidade de que a auror está morta”.
Tudo tinha tido um fim, Dumbledore pensou.
Guardou o jornal.
Olhou a rua e apalpou a capa, procurando alguma coisa. Encontrou o que procurava no bolso interno da capa e o tomou na mão.
Ergueu no ar o objeto que parecia um isqueiro e apagou o lampião mais próximo.
Tudo tinha acabado, ele pensou mais uma vez, pelo menos por enquanto...
Fim.
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*musica: Black
Banda: Pearl Jam
Album: Ten, eu acho...
Bem essa musica perdida no meio da fic tem certa explicação... é que desde o começo do casal Mel/Sirius eu ouvi muito essa musica pra me inspirar... é uma letra meio triste que fala de perda e eu, na minha mente doentia achei que ficaria legal aí... espero que tenha tido um efeito bom. Se alguem se interessar depois eu posto aqui a tradução.
É o fim amigos... agradeço a todos que tiveram a paciencia de ler até aqui e que tenha sido uma distração pra voces ler essa fic. Muitos abraços a todos.
PS.: tenho projetos pra uma continuação, mas só o farei se alguem se interessar, comentem, ok?
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