Briga de Familia



Ficar fora de Hogwarts nas férias foi muito estranho. Ela estava tão acostumada com o lago, com Hagrid, com a cozinha do castelo, com a biblioteca e com o escritório de Dumbledore que amanhecer no seu quarto na casa de Anthony foi muito estranho.
E se ficar na mesma escola que James estava sendo complicado, ficar na mesma casa então estava se tornando impossível, ele implicava com coisas como a hora que ela acordava até em que lugar na casa o gato dela estava. E ela não ficou atrás também, deu um jeito de revidar tudo de toda maneira que podia. Eles brigavam, se xingavam, só não se batiam por que Anthony não permitia.
Anthony, por sua vez, estava tendo muito trabalho pra poder aparta-los. Estava tremendamente decepcionado com os dois e falava isso a cada minuto, ele andava bem atarefado com o trabalho e não ficava em casa muito tempo, só mesmo durante os finais de semana que tinha tempo disponível pra conversar com os dois e tentar faze-los ficar mais quietos. Mel não tinha gostado muito dessas conversas.
Assim que eles chegaram James contou ao pai, com riqueza de detalhes, os problemas que eles haviam tendo por causa da amizade de Mel com Severo de maneira que, a primeira coisa que Anthony veio conversar com ela foi o fato de que ela deveria obedecer James e se afastar de Severo.
- qual o problema...? eu não entendo... – ela disse desolada pelo seu pai também ter entrado nessa cruzada que James tinha arrumado.
- Eu conheço a família de Severo Snape, filha e não é o tipo de gente que quero perto de você.
- Mas por que...?! – ela ficou indignada ao ouvir aquilo
- Talvez você não entenda, mas são pessoas estranhas. – Anthony parecia preocupado ao falar isso – muito estranhas. O pai dele... bem... é uma pessoa tremendamente violenta e possui... – ele suspirou – eu não quero entrar em detalhes Mel, mas só obedeça a James.
- A família de Black também não é das mais amigáveis não é?! – ela tentou se defender.
- Sirius é um bom garoto, ele não tem muito em comum com a família dele
- Mas você não conhece Severo, como você pode dizer se ele é bom ou mal?! – ela perguntou com uma voz quase chorosa
- James me disse o bastante pra que eu pudesse perceber. – ele respondeu categórico e não deu mais espaço pra dialogo.
Portanto agora ela tinha ordens pra não chegar mais perto de Severo. “tudo bem... ele não vai chegar perto de mim mesmo” Ela pensou melancólica.
E essa não tinha sido o único momento que ela se sentiu magoada por uma conversa de seu pai.
De uma outra vez ela tinha ouvido ele e Elizabeth conversando no escritório dele. Era tarde, estava uma noite muito quente e ela tinha se levantando pra buscar água pra colocar na jarra que ficava em seu quarto por que ela tinha conseguido acabar com tudo. quando passou na porta do escritório ouviu seu nome e parou, quase prendendo a respiração pra ouvir o que eles conversavam:
- James me disse dos poderes que Mel tem. – Elizabeth falava – você não se sente assustado por pensar que não pode controlar o que ela faz com eles...?
- O que você quer dizer...? – Anthony perguntou meio alarmado – ela está aqui há quase um mês e não vi que ela tenha usado seus poderes pra nada.
- É, mas ela pode ficar invisível não é...? e se ela fica escutando as nossas conversas...?
- Ela não faria isso Elizabeth. – Anthony disse calmamente.
- O que me preocupa é que não foi você que a educou! – ela disse mais incisiva – ela foi criada num orfanato de trouxas e depois foi pra Hogwarts, então nós não sabemos que tipo de educação ela teve.
- Dumbledore a educou. – ele defendeu – e acho que isso é o bastante não?
- Eu só não me sinto confortável. – Elizabeth continuou
Mas Mel não quis ouvir mais nada. James tinha toda liberdade de vestir sua capa de invisibilidade e entrar no quarto dela pra xeretar e quem levava a fama era ela. Começou a se sentir tão deslocada que não via a hora de voltar a escola.
Outro grande problema era a convivência da coruja de James com o gato de Mel. Snuffles estava se sentindo bem preso naquela casa, por que estava acostumado a perambular nos terrenos de Hogwarts e tinha desenvolvido manias bem desagradáveis como perseguir Arquimedes e tentar forçar amizade com ele pra ter o que fazer.
Mel tentava controlar Snuffles como podia, mas o gato era bem custoso. Numa tarde, quando fazia exatamente um mês de férias, Mel pensava que teria um momento de paz durante aquele dia (ela já havia discutido umas três vezes com James) enquanto respondia a uma carta de Lily, mas estava enganada. Ela ouviu repentinamente piados de coruja misturados com miados desesperados e barulho de algo quebrando, quando viu Snuffles sair correndo do quarto de James com o menino quase acertando um chute no gato.
- você vai machuca-lo! – Mel gritou e saiu correndo pra defender o seu bichinho. Pegou o gato quando ele ia a direção a escada.
- ele é que está querendo machucar o Arquimedes! – James bufou de raiva. – tira esse bicho idiota daqui!
- Ele não é idiota, é só um gato! – ela gritava
- Um gato assassino! Você devia ter deixado esse imbecil em Hogwarts! – James gritou de volta.
- O que está acontecendo aqui?! – Elizabeth apareceu na escada. Tinha sua varinha na mão e parecia aborrecida – vocês estão me deixando louca com essas brigas!
- James tentou chutar o Snuffles! – Mel disse a ela chateada
- Só por que ele está tentando jantar o Arquimedes! – James gritou e apontou pra coruja ensandecida que piava assustada em seu poleiro
- Ele não sabe o que faz! – Mel justificou ao irmão – ele está acostumado a brincar de caçar alguns pássaros em Hogwarts!
- Então você deveria ter o deixado lá! – James gritou – ou melhor: você deveria ter ficado lá!
- Eu não estou feliz em passar o verão com um idiota como você! – Mel rebateu
- Vocês dois não comecem! – Elizabeth disse de maneira severa olhando firmemente para Mel
- Eu acho que a idiota da história é outra pessoa! – James disse cínico – não sou eu que ando com as pessoas mais estranhas do colégio!
- Você se acha muito popular não é? – Mel disse desdenhosa
- Pelo menos meus amigos não correm de mim! – James alfinetou
- Mas pelo menos a Lily não me disse que tem NOJO de mim! – Mel rebateu aos gritos
- Cala a boca Melanie! – ele gritou roxo de raiva
- Parem os dois! – Elizabeth tentou gritar mais alto que eles. Ainda olhava Mel e parecia ficar mais nervosa a cada minuto.
- Você não pode me dizer o que fazer! – Mel respondeu a James.
- Eu só esperava que você tivesse o bom senso de manter essa boca calada e não incomodar ninguém com suas criancices e desculpas bobas como “ele só é um gato!” – James disse imitando uma voz fina de menina
- E eu esperava que você parasse de ser arrogante! – ela disse ficando furiosa de vez. E tudo que ela queria falar a James há muito tempo saiu de sua cabeça de uma vez, sem que ela pudesse evitar – você só é um menino mimado que acha que o mundo gira em torno de você, que acha que todos devem prestar total atenção na sua vida e nas suas vontades enquanto os outros que se lasquem pra lá! Você não enxerga um centímetro alem do seu próprio umbigo James!
- O que é isso...? – Anthony, que chegava mais cedo em casa naquele dia, perguntou fracamente ao ver aquela cena.
- Você não saberia distinguir algo realmente importante nem se estivesse a um palmo do seu rosto por que você estaria ocupado de mais em pensar qual a próxima piadinha engraçada que você vai soltar pra chamar atenção dos outros! - Mel continuou sem dar atenção ao pai
- Cala a boca! – uma furiosa Elizabeth gritou pra Mel. A menina se calou e encarou a mulher furiosa que ia a direção a ela – você não tem o direito de falar assim do MEU filho, dentro da MINHA casa! Você fique calada por que você não é nada se comparado a ele menina! Você é só uma garotinha revoltada com a vida que acha que todos devem ter pena de você, mas eu não tenho que te aturar por que você não é NADA minha!
Mel sentiu uma lágrima quente escorrer pelo seu rosto quando Elizabeth terminou de soltar sua fúria. Seu corpo estava imóvel e somente Snuffles se mexia nos seus braços. James observava sua mãe com tamanho susto nos olhos que não se mexia também.
- Elizabeth...! – Anthony soltou um sussurro indignado e foi em direção a Mel
Mas a menina ainda sem desgrudar os olhos da mulher, que agora parecia um pouco confusa e um tanto arrependida, deu passos trôpegos até o seu quarto e fechou a porta antes que alguém pudesse impedir. Sentada num canto do quarto, encostada na parede e com o rosto afundado nos braços que estavam sobre a cadeira da penteadeira ela chorou até que o cansaço a vencesse e ela caísse no sono.



Acordou ouvindo batidas na porta. Não respondeu. Não queria ver ninguém, não queria falar com ninguém, só queria ficar quieta, calada, sozinha. Estava cansada de brigas e de discussões. Queria só um pouco de paz. Bateram novamente.
- Mel...? – ela ouviu uma voz diferente a chamar – Mel... sou eu Sirius...
Se assustou ao ouvir isso. o que Sirius estaria fazendo ali? Passou a mão no rosto e ajeitou os cabelos presos no alto da cabeça e abriu a porta lentamente, usando seus poderes, sem se levantar do canto escuro do seu quarto sentada no chão. Sirius entrou no quarto escuro que só estava iluminado pela luz da lua que entrava pela janela aberta e deixou a porta meio aberta. Sentou-se silenciosamente ao lado dela e ficou em silêncio por alguns segundos.
- dia ruim não é? – ele perguntou finalmente
- é... – ela respondeu num sussurro.
- Pra mim também... – ele disse no mesmo tom.
- Fugiu de novo? – ela perguntou com sua voz meio rouca, tanto pelo choro quanto por ter ficado um longo tempo calada.
- Acho que foi de vez agora. – ele explicou – minha mãe disse que se eu saísse de casa hoje eu não precisava voltar mais. E eu estou aqui não estou?
- E o que você vai fazer agora? – ela perguntou arregalando os olhos pra ele. a situação dele estava um tanto pior
- Pedi abrigo aos Potter. – ele disse e sorriu tristemente – ou melhor, James pediu por mim. eles pareceram felizes em me aceitar.
- Sorte sua. – ela disse amargamente se encolhendo mais – eles não estão tão felizes comigo.
- Foi só uma briga, todos estavam nervosos. - Sirius disse em tom pacificador. – James ficou chateado com o que aconteceu.
Ela ficou calada.
- A Sra. Potter parecia envergonhada pelo que disse. – ele continuou
Mais silencio ainda.
- e Sr. Potter está bem triste por tudo.
- ele te mandou aqui não foi? – ela falou finalmente
- é. Disse que eu era alguém neutro e que pra mim você abriria a porta. – Sirius respondeu – mas eu também vim por que gosto de você. Não acho que você mereça ficar aqui mofando nesse quarto. – ele sorriu pra ela, que se encolheu mais um pouco. Uma mecha do cabelo de Mel caiu sobre seus olhos e Sirius a colocou atrás da orelha da menina num gesto carinhoso. – eles querem falar com você. – ele continuou – James está envergonhado e isso é algo raro. Eu o conheço há 6 anos e nunca tinha visto alguém conseguir faze-lo ficar envergonhado.
Ela ficou calada. Olhou pra um ponto qualquer da parede na sua frente.
- vamos. – Sirius disse. Estava de pé, exatamente sob a luz da lua que entrava pela janela. Seus cabelos cobriam parcialmente seus olhos e ele sorria levemente ao estender a mão à menina – anda, levanta daí e vem comigo. Antes que o encanto dessa noite passe e eu volte a ser o menino chato que você fala que eu sou!
Ela sorriu timidamente e segurou a mão dele que a ajudou a se levantar e eles saíram daquele quarto.


Assim que botou o pé fora do quarto Anthony veio conversar com ela. A levou até o escritório onde Elizabeth esperava por eles e tiveram, os três, uma boa conversa. Anthony parecia ter ficado bastante chateado com a esposa pela explosão de raiva que ela tinha despejado sobre Mel. E Elizabeth parecia arrependida, mais por ter chateado o marido do que por ter magoado a garota, mas mesmo assim pediu desculpas a Mel e a abraçou e falou que aquilo não se repetiria. Mel quis se desculpar também por ter falado tudo o que tinha dito sobre James. E Anthony recebeu as desculpas da menina, mas acrescentou:
- Mel, James foi o nosso primeiro filho e foi uma criança muito desejada, esperada e amada, mas ás vezes por amor mais se erra do que se acerta. Eu venho dizendo a Liz – ele disse dando uma olhada a esposa que parecia chateada novamente ao ouvir aquilo – que nós mimamos muito James, talvez nós tenhamos o deixado passar da medida, mas temos consciência de que ele é uma pessoa boa... só precisa amadurecer um pouco!
E Mel começou a desconfiar que seu irmão poderia ser bom mesmo quando o encontrou a esperando no meio da escada, sentado num degrau. Ela o observou por um instante e depois se sentou ao lado dele esperando, calada, que ele falasse:
- Desculpe-me. – ele começou – eu sei que você me acha um idiota 100% do tempo... mas dessa vez eu exagerei.
- Eu não te acho idiota 100% do tempo. – ela disse sem olha-lo, brincando com o babado da saia que vestia – só não sei por que você gosta de se parecer um idiota sempre que está na frente dos outros.
- Eu não precisava ter falado tudo o que eu disse a você. Não queria que você tivesse ficado em Hogwarts. Na verdade eu só estava chateado até hoje com tudo o que aconteceu no colégio por causa do Seboso e quis descontar.
- Eu acho que nós deveríamos por um ponto final nisso. – ela sussurrou – por mais que eu tente ele não vai voltar a falar comigo e você podia parar de encher o saco dele.
- Eu não vou ficar quieto se ele vier me azarar. – James impôs suas condições – mas eu posso tentar resistir a tentação de fazer isso só por diversão.
- E me desculpe... – Mel disse e ainda cabisbaixa – por ter falado tudo aquilo sobre você.
- Eu sei que quase metade daquilo é verdade. – ele falou com um sorriso maroto nos lábios – mas... bem, eu tenho 16 anos, tenho que aproveitar não é? Não posso ser imaturo pro resto da minha vida, mas posso ser até sair de Hogwarts!
- Só tente não magoar os outros com isso. – ela disse quase sem querer.
- É uma coisa que eu vou tentar. – ele disse e abraçou a irmã – talvez possamos voltar com a vida normalmente: eu te enchendo o saco e você revidando mas sem nos insultarmos daquele jeito.
- Aceito, desde que você pare de entrar no meu quarto e ficar fuçando nas minhas coisas! – ela disse sorrindo pra ele.
- Como você sabe?! – ele perguntou rindo
- Bem, quem mais estaria interessado em pegar e ler as cartas que Lily manda pra mim hein? – ela riu – você deveria deixa-las no lugar que as encontrou!
James sorriu levemente corando.

A partir de então as coisas começaram a tomar um rumo diferente. James tinha continuado a ser peste como sempre, mas suas brincadeiras eram menos ofensivas, pelo menos era o que Mel estava percebendo. A casa, com a presença de Sirius, estava tão engraçada (pra não dizer bagunçada) que o clima ruim que ainda existia entre Mel e Elizabeth quase não era percebido.
Eles gastaram o resto das férias de várias maneiras: jogando quadribol no quintal (e às vezes James e Sirius deixavam que Mel participasse), conversando com os vizinhos (alguns deles eram de Hogwarts), passeando por lugares como Londres e o Beco diagonal, ou simplesmente ficando em casa e jogando conversa fora todo mundo junto.
A única preocupação de Mel é que ela achava que estava começando a se sentir de maneira estranha com relação a Sirius. De repente se sentia mais acanhada quando estava perto dele mas de alguma maneira ela procurava sempre estar perto dele. Ela sabia que poderiam falar que ela era bem mais “adulta” com relação a vários assuntos como rejeição e preconceito, e Dumbledore vivia falando isso, mas quando se tratava de sentimentos para com garotos ela se sentia um total desastre. Não sabia com quem conversar sobre isso e às vezes mandava, em suas cartas a McGonagall, algumas linhas sobre o assunto. Falava com Lily também, mas estava ainda muito envergonhada pra poder falar muito. E o pior era que James parecia Ler na mente dela o que estava acontecendo. Tinha a terrível mania de deixa-la sem graça perto de Sirius sempre que podia e fazia isso com mais freqüência quando estavam com o pessoal do povoado, adolescentes da idade deles que moravam por ali e se encontravam sempre.
A casa dos Potter ficava num povoado nos arredores de Londres que tinha mais bruxos que trouxas, mas a convivência era pacifica e sem problemas. Muitos dos adolescentes que viviam ali estavam freqüentando Hogwarts e nas férias costumavam se encontrar pra conversar e se divertir juntos no parque que ficava no coração do povoado ou na sorveteria.
Mel percebeu que Lindsy, uma garota da Grifinória, da mesma classe de James e Sirius passava muito tempo com eles quando apareciam por lá.
Nas primeiras vezes James não quis que Mel fosse com eles pro povoado, mas como ela insistiu ele acabou desistindo de tentar ignorá-la. Ficar no meio deles era interessante quando ela não era o alvo das piadas e ela queria desfrutar da companhia de Sirius. Numa tarde ela procurava por ele, com um pretexto qualquer, só pra saber onde ele estava quando encontrou James conversando com Calton, um menino da idade deles, mas trouxa.
- você viu o Sirius, James? – ela perguntou tentando se fazer de desentendida – eu queria saber se ele sabe onde está Snuffles – isso era mentira. Ela tinha acabado de ver o gato – ele controla melhor o meu gato do que eu. – isso era verdade. Snuffles parecia adorar e obedecer muito a Sirius.
- Aahh... – James disse com um sorriso diabólico no rosto – vi sim, ele tá bem ali, depois daquelas árvores. – James disse apontando um lugar perto do parque. Calton abafou umas risadas.
Inocentemente Mel desceu a rua e observou as arvores, entre uma folha e outra os cabelos negros do menino estavam brilhando a luz do sol e deu a volta nas árvores que estavam muito juntas umas das outras para falar com ele e teve um susto. Ele não estava sozinho. Lindsy estava com ele. E eles estavam se beijando.
Mel levou um susto e tentou sair dali sem ser percebida, mas tropeçou num galho de arvore e caiu fazendo um estrondo. Ficou invisível instantaneamente e quando Sirius e a menina se viraram pra olhar o que tinha acontecido não viram nada.
- Mel...- Sirius murmurou
- O que? – Lindsy perguntou intrigada
- Nada... deve ter sido um esquilo caindo das arvores... – ele disse ainda abraçado a menina.
Odiando secretamente seu irmão e se lembrando do sorriso demoníaco que ele tinha dado a ela, Mel ficou visível de novo e colocou o sorriso mais feliz que conseguiu por na cara passou por James cantarolando como se nada tivesse acontecido.
- achou Sirius...? – James perguntou a ela quando ela subia a rua em direção a sua casa.
- Aaah, não. – ela disse distraidamente, rindo ainda, mas se roendo por dentro – ele deve ter saído de lá, não o encontrei..!
E rumou pra casa.
Quando Sirius e James voltaram pra casa, na hora do jantar, Mel tinha preparado uma espécie de vingança com relação a James. Eles entraram em casa conversando e rindo enquanto Mel estava debruçada na janela da sala.
- o que você está fazendo aí? – Sirius perguntou a observando
- esperando uma carta. – ela disse sorrindo distraidamente enquanto alisava os pelos do gato que estava em seu colo.
- Carta...? – James perguntou ficando aceso, lembrando de Lily – de quem...?
- Lily... – Mel disse ainda olhando o céu escuro.
- O que foi? – James aproveitou pra zoar – mandou um bilhetinho pra sua amiga dizendo que estava de coração partido e está esperando a resposta consoladora dela?
- Hein...? – Mel se fez de desentendida
- Você foi até o parque hoje à tarde Mel? – Sirius perguntou com um sorriso nos lábios.
- Ahh... fui, tava te procurando e procurando Snuffles... – ela disse olhando o gato – mas não achei nenhum dos dois... ah! Aí vem você Archie! – a menina disse esperando a coruja de James pousar no parapeito da janela. Pegou o pergaminho que estava na perna da coruja.
- O nome é Arquimedes – James corrigiu – e quem deixou você usa-lo?
- Papai... – ela respondeu abrindo o pergaminho e lendo. Anthony passava pela sala naquele momento. – Papai! – Mel o chamou – Lily acabou de responder, disse que tudo bem se eu passar o fim de semana lá!
- Ótimo. – Anthony disse – eu te levo amanhã pela manhã como combinamos. Agora venham jantar vocês três. – ele disse saindo da sala.
- Você vai pra casa da Evans?! – James perguntou abobalhado
- É... – ela disse sorrindo diabolicamente pro irmão, como ele tinha feito mais cedo – eu tinha convidado pra vir passar esse fim de semana aqui em casa, mas ela disse que não viria por sua causa! Sabe como é... ela te odeia...!
James ficava vermelho de raiva, tinha certeza que isso era uma vingança de Mel.
- e também, no domingo é aniversário dela – Mel disse indo a direção da sala de jantar. – e vai haver uma festa. Um monte de gente de Hogwarts vai estar lá, Linton por exemplo...! é uma pena você não poder ir não é...?


O fim de semana na casa de Lily deixou Mel no mínimo aliviada. Elas conversaram longamente e Lily tentava fazer com que Mel entendesse o que estava acontecendo com ela e Sirius. Lily parecia um pouco preocupada com esse inicio de paixão e não quis contar a Mel o por que:
- não é relevante. – Lily disse a amiga
E Mel esqueceu aquilo. Ainda não estava o bastante convencida de que estava gostando de Sirius, mas começou a imaginar que poderia ser isso sim. E percebeu que já fazia quase um mês que ela não se preocupava com Severo. Mel acabou ficando quatro dias a mais na casa de Lily. Adorou os pais da menina, eles eram realmente gentis apesar de não estarem nada habituados com o mundo mágico que a filha deles adentravam. Lily não havia contado aos pais que Mel era uma meio gray, achava que era muito difícil pra eles entender aquilo, e realmente seria pelo fato deles nem cogitarem a existência das gray, e Mel não usou seus poderes nenhuma vez. Mas ela se sentiu estranha, aquilo estava sendo como voltar a sua época de trouxa e ela achou engraçado. Só o que não era engraçado era Petúnia, a Irmã de Lily. Uma menina mimada e sem um pingo de magia na sua vida (em todos os sentidos que essa frase pode ter). ela implicava com tudo que Lily fazia e não gostou nada de Mel:
- to começando a achar que meu irmão é fichinha perto da sua! – Mel disse numa tarde
- eu prefiro a minha! – Lily disse categórica.
Quando Anthony voltou pra buscar a filha as meninas se despediram não muito tristes por que a volta a Hogwarts estava próxima.
Quando voltou pra casa encontrou James e Sirius jogados no sofá da sala, calados, quietos, com cara de tédio.
- realmente adorável sua amiga! – Anthony comentava com Mel sobre Lily quando eles entravam em casa
- Lily é muito legal mesmo. – Mel sentenciou rindo, mas seu sorriso foi acabando quando viu os dois naquele estado. – o que o senhor fez com eles? – Mel perguntou ao pai – deu tranqüilizantes?
- Não. Acho que por mais que eles neguem – Anthony disse rindo e levando a mala de Mel pra cima – eles acham essa casa um tédio sem você!
- Não fique convencida. – James disse mal humorado – não é por isso.
- É por que então? – Mel perguntou tendo a estranha certeza que ele mentia
- Uma semana pra voltar a Hogwarts. – Sirius disse sem muita convicção.
- Aaah! – ela disse rindo e se sentando ao lado de Sirius que estava jogado no meio do sofá com os pés sobre a mesa de centro – achava que vocês se divertiam tanto em Hogwarts!
- Mas... bem... – Sirius começou – é que... e então? Como foi na casa da Evans? – ele desviou a conversa.


No outro dia eles pareciam bem mais animados já na metade da manhã quando eles estavam sentados no quarto de James com os meninos discutindo sobre quadribol e Mel lendo o semanário das bruxas enquanto tentava fazer com que Snuffles ficasse quieto e não atacasse os girinos que James tinha em um aquário:
- quieto Snuffles! – ela disse ralhando com o gato sem sucesso, ele ainda tentava escalar a parede – dá pra ficar quieto Snuffles?!
- Quieto Snuffles! – Sirius disse uma só vez e o gato se aquietou e foi se sentar no colo do menino.
- Como você consegue?! – Mel perguntou indignada, tirando os olhos da revista. – ele só te obedece!
- Isso se chama moral! – Sirius disse rindo – coisa que você não tem com ele.
- Aaaaah! Não acredito. – ela disse voltando à revista – e o gato ainda é meu...!
- Melanie? – Elizabeth apareceu na porta do quarto – desça aqui um minuto, Dumbledore quer ver você. E vocês dois, - ela disse aos meninos – desçam pra cumprimentar o diretor também!
Mel largou a revista num salto e correu pela casa em direção a sala de estar onde o homem de barbas e cabelos prateados estava sentado conversando com Anthony, que estava em casa por causa de uma folga.
- Alvo!!! – ela disse se jogando em um abraço no colo do diretor – eu estava com tanta saudade!!!!
- Eu também Mel! – o diretor disse retribuindo o abraço – aquela escola ficou desolada sem sua presença! Minerva não para de reclamar que você está longe!
James e Sirius estiveram na sala brevemente e cumprimentaram rapidamente o diretor deixando que ele continuasse sua conversa com o pai, mas Mel não arredou pé. Interrompia a conversa pra perguntar coisas de Hogwarts e sobre McGonagall e sobre Hagrid, e sobre o castelo até que Anthony não agüentou:
- Filha, acho que nenhuma pedra ousou sair do lugar depois que você deixou Hogwarts! – ele riu – está vendo Alvo, eu estava certo. Ela não vai descansar enquanto não for de volta pra escola com você hoje!
- E eu não vou ficar triste em leva-la. – Dumbledore sorriu – acho que agora eu vou ter que te persuadir a dividir comigo a paternidade dessa menina pra sempre! – ele falava em tom paternal.
- Isso quer dizer que eu vou com você?! Hoje?! – Mel disse empolgadissima
- Se você quiser. – Anthony disse – tinha combinado isso com Alvo, achei que você gostaria de ficar na escola um pouco antes das aulas!
- É claro que eu quero!!!!!! – Mel ficou radiante. Abraçou e beijou seus dois “pais” e correu pro quarto, pra arrumar suas coisas.
- Partimos assim que você estiver pronta. – Dumbledore acrescentou vendo a menina subir as escadas
Empacotou tudo e ajeitou as coisas, o que não foi muito difícil por que muitas ainda estavam arrumadas por ela ter ido ficar um tempo com Lily. Arrumou as coisas de Snuffles e se trocou rapidamente. Enquanto trançava o cabelo, sentada em sua penteadeira ela chamou Sirius aos gritos:
- Sirius!!! – ela gritava enquanto penteava o cabelo. – vem aqui!!! Por favor!!!!
- Que foi...? – ele apareceu na porta do quarto e observou o malao arrumado e Mel se preparando pra sair. – aonde você vai?
- Hogwarts! – ela disse animada
- Você bebeu? O trem parte só daqui a uma semana! – ele disse rindo
- Eu sei seu bobo! – ela riu - eu vou com Dumbledore! Vou ficar uma semana lá antes de todo mundo, num tava agüentando de saudade!!! Você pode pegar o Snuffles e coloca-lo na gaiola pra mim?
- Mas você acabou de chegar! – Sirius disse num tom mais alarmado do que ele esperou e depois se corrigiu falando em um tom mais calmo – quero dizer... você está se divertindo nessas férias mais do que eu e James...
- Por favor, pegue Snuffles pra mim tá bem...? – ela pediu de novo e abriu seu guarda roupa. – eu ainda tenho que guardar essas vestes...!
Meio relutante ele fez o que a menina pediu e depois levou o malao e o gato pra sala, onde Dumbledore esperava por ela. Ficou sentado na sala com James, Anthony e Dumbledore e parecia um tanto aborrecido. Mel desceu as escadas com todos a observando. Ela ajeitava a saia azul levemente rodada que ia até um pouco abaixo dos joelhos e vestia uma blusa no estilo “camponesa” que era amarela com detalhes coloridos. Seus cabelos longos estavam presos em uma trança raiz e ela trazia uma capa nas mãos.
- Estou pronta! – ela disse parando no ultimo degrau.
- E está linda. – Anthony disse encantado com a própria filha. Ele sorriu e foi até ela tirando-a do degrau num abraço e a rodopiando levemente no ar até coloca-la de novo no chão. A menina dava boas risadas enquanto ele fazia isso. – e vou sentir sua falta por aqui.
- Eu volto logo papai. – ela disse o olhando com carinho.
- Isso é pelo seu aniversário – ele disse entregando a ela uma sacolinha que fez barulho de moedas ao ser tocada. – e espero que James cuide de que você tenha um bom aniversário em Hogwarts.
- Ah claro! – James disse com tom de quem preparava algo – nós pretendemos sim uma boa festa!
- Eu acho que pretendentes é o que você vai ter esse ano querida. – Anthony disse ainda a contemplá-la. Sirius parecia tão enfeitiçado pela presença da menina quanto Anthony – é melhor seu irmão ficar de olho em você.
- Pai...! – Mel disse levemente envergonhada.
Mel foi até Elizabeth que espiava toda a despedida da porta da sala e a abraçou numa rápida despedida, depois foi até James e o abraçou também, e quando chegou em Sirius hesitou por um instante mas depois o abraçou também. O menino viu numa fração de segundos os olhos azuis e risonhos da menina virem de encontro a ele, suas faces se tocaram por um segundo e quando ela tirou os braços que estavam envolta do pescoço dele aquela imagem parecia gravada em sua mente.
- vejo vocês daqui a uma semana! – Mel disse aos dois e partiu ao lado de Dumbledore.


E voltar a Hogwarts foi pra ela e principalmente pra Snuffles a sensação mais maravilhosa do mundo. Mal chegou e soltou o gato que correu em direção a cabana de Hagrid, provavelmente pra ver o guarda-caça que o adorava. Mel tirou os sapatos e andou descalço pela grama por um instante, ficou longamente olhando a superfície prateada do lago e depois juntou suas coisas correndo pra abraçar Minerva que a observava parada na escada de pedra que levava pra dentro do castelo.
- Mãe! – a menina disse a ela. Tinha a convencido depois de muita conversa que era assim que queria chamá-la. – senti muito sua falta!
- Eu também querida! – a professora disse a enlaçando num abraço.
Mel dedicou todo aquele dia a colocar a conversa em dia com a professora. Contou com detalhes a estadia conturbada na casa do pai e contou como tinha sido sua convivência com James e da ida à casa de Lily terminando ao mencionar Sirius. Elas tiveram uma breve conversa sobre o garoto e Mel percebeu que era melhor deixar aquilo de lado. McGonagall parecia tão envergonhada com o assunto que achou melhor deixar. Depois do jantar no entanto a menina tinha estado por alguns momentos no quarto da professora, pegando alguns pequenos presentes que ela tinha ganhado e ia se despedindo quando a professora a chamou timidamente:
- sim... – Mel respondeu distraidamente ao chamado
- querida... sente-se... – McGonagall parecia deslocada. Mel sentou-se em sua cama e a professora pôs-se a andar de um lado para o outro. – acho.. que... – ela pigarreou – agora que você está prestes a fazer quinze anos... bem... – ela pigarreou de novo – talvez seja hora de termos uma conversa de... err... mulher pra... mulher. – ela parou olhando a face indagativa de Mel – eu imaginei que talvez Elizabeth Potter fizesse isso por você ser enteada dela, mas parece que não...
- Se é o que eu to imaginando... – Mel disse rindo levemente sem conseguir se conter – eu acho que a diretora do orfanato já teve uma conversa bem esclarecedora comigo antes de eu vir pra cá... sabe... – Mel riu um pouco mais claro agora, e imaginou uma maneira de dizer o que estava pensando sem ser muito explicita. Tinha medo que a professora se escandalizasse. – acho que... bem... os bebês não são feitos de maneira diferente por aqui... ou são...?!
- Não... bem não são... – McGonagall disse muito vermelha sentando-se ao lado da menina – mas... assim como as trouxas têm suas... tem seus meios de... bem... evitar... que os bebês sejam feitos... acho que nós também temos nossas maneiras e são um tanto... ahh... diferentes. A verdade é que... agora você está uma linda menina.. ah, quase mulher e... não muito longe você vai começar a se envolver com garotos apesar de que eu tenha uma idéia bem fixa de que você ainda é muito nova, mas... – ela pigarreou mais uma vez – você está crescendo. E... logo, daqui a dois anos, quando você sair daqui, será uma mulher adulta. E acho que... é meu dever sendo a pessoa que você escolheu pra ser como sua... Mãe... – ela disse e sorriu com certo orgulho – eu tenho que conversar isso com você.
- Certo. – Mel disse tentando conter as gargalhadas que vinham a ela ao ver aquela mulher tão recatada falando assim com ela. - Tudo bem.
E a conversa se estendeu até tão tarde da noite que Mel acabou dormindo no quarto da professora e deixando a arrumação do seu quarto para o outro dia.

Ela aproveitou o máximo que pode a escola vazia, mas não muito tempo depois os alunos inundaram aquele lugar com sua presença.

O inicio do quinto ano foi difícil, mas no sentido educacional da coisa. Ficou feliz por ter todos por perto, estava com muita vontade de ver Frank e Alice e queria ter certeza, mesmo que de longe, que Severo tinha passado bem o verão (ela ficou preocupada depois que seu pai disse que o pai de Severo era violento). Mas o quinto ano era terrível. Estava apavorada quando, a cada nova sala que entrava, os professores começavam a falar dos NOM’s.
Ela tinha um secreto desejo de se provar nessas provas: James tinha conseguido ótimas notas em todos seus exames e sem fazer esforço e Mel queria provar que podia ser tão boa quanto ele.
Ela tinha adorado estar em Hogwarts de novo durante a semana que antecedeu a chegada de todos, mas rever Sirius foi uma sensação tão boa que ela não podia descrever. Mas ali ela tinha mais coisas a se preocupar do que seus sentimentos pra com o menino. Falar com Severo era uma delas. E no sábado de manhã ela pegou as torradas e taças de suco e rumou pra árvore na beirada do lago. Esperou um longo tempo, sem nem ao menos tocar nas torradas mas ninguém apareceu. “fico aqui até a hora do almoço se for preciso, mas ele vai ver que eu não desisti!” Mel pensava firmemente quando alguém parou do seu lado.
- ele não vai vir. – Mel olhou pra cima e encontrou o rosto bonito de Sirius. – Desiste Mel.
- Eu não desisto nunca. – ela disse firme olhando Sirius. Ela cruzou os braços – eu vou espera-lo até que ele venha me ouvir!
- Ele não vai vir por que ele é um covarde seboso que não dá valor a ninguém! – Sirius disse sentando-se na frente dela.
- Eu já te pedi pra não chamá-lo assim....! – ela disse cansada passando a mão pelo rosto. – eu estou ficando cansada de tudo isso...! foi James que te mandou vir aqui?
- Não. Ele está ocupado demais perseguindo Evans pra chamá-la pra sair mais uma vez. Teimosia deve ser uma coisa de família não é? – ele riu e pegou as torradas.
- Não Sirius! – Mel disse tentando pagá-las de volta
- Ele não vai vir Mel! – Sirius disse abocanhando a torrada – esse suco pode congelar aqui que ele não vai aparecer!
Mas ele fechou a boca e a figura distante de Severo apareceu na ponta oposta do jardim parecendo rumar para o lado em que Mel estava. Ao avistar arvore com Sirius e Mel sentados embaixo ele parou. Um grupo de meninas que riam e conversavam alto vinham passando entre ele e Mel e Sirius. Quando elas passaram por ele Severo deu mais uma rápida olhada pra menina e deu meia volta.
- Tá vendo?! – Ela disse pegando o cálice de prata e tacando na pedra mais próxima, suco voou pra todo lado - por que você tinha que estragar tudo?! ele ia vir aqui! – ela olhou furiosa pro lado das meninas que tinham sentado um pouco a frente e olhavam Sirius e sorriam descaradamente. Lindsy estava entre elas. – por que você não vai ficar com a sua namoradinha?!
- Ela não é minha namorada. – Sirius disse calmamente sorrindo e uma chama quente de esperança brilhou no coração de Mel que parecia meio gelado desde que tinha visto o beijo dos dois - ... ainda! – Sirius completou e a chama apagou repentinamente.
- Eu... eu não sei o que você viu nela! – Mel disse sem se conter – quer dizer, Lily diz que ela é uma chata e ainda por cima metida!
- Ela é bonita. – Sirius disse acenado pra Lindsy – muito bonita.
- E é isso que conta pra você?! – Mel perguntou abobada
- É.... – ele respondeu meio pensativo – pra você não?
- Isso não é como o primeiro item da minha lista! – Mel respondeu ficando mais chateada
- Não? – ele perguntou parecendo se divertir com a conversa – o que é o primeiro item da sua lista então? Como um garoto tem que ser pra te conquistar?
- Ele tem que ser, em primeiro lugar, totalmente diferente de você e do meu irmão! – ela disse furiosa pegou as taças de prata que estavam jogadas por ali e saiu sem olhar pra trás.


- me desculpe! – Mel disse quando bateu em alguém que estava andando calmamente pelo corredor pelo qual ela marchava em fúria repetindo mentalmente as palavras “eu odeio o Black”, eu odeio o Black” tentando se convencer disso – Ah, Remo! – ela disse tentando ficar menos furiosa – é você! Como vai?
- Bem e você...? – Lupin perguntou percebendo que ela estava alterada. – tá tudo bem...?
- Tá...! – ela respondeu nada convincente – quer dizer.. não... eu só... – ela suspirou – quero ficar longe do Black!
- Almofadinhas fez alguma coisa com você? – ele perguntou desconfiado
- Não, nada. – Mel tentou sorrir e desviou o assunto. – como foi o verão?
- Bem. foi tudo bem... – ele disse e pareceu meio sem graça de repente – eu estava mesmo te procurando. – ele enfiou a mão nos bolsos da veste e tirou um embrulho. – queria te entregar isso, como agradecimento.
- Agradecimento...? – Mel perguntou sem entender pegando o pacote – eu não fiz nada!
- Fez sim. Você concordou prontamente em... – ele pareceu escolher as palavras - guardar meu segredo. Fez isso antes mesmo de Dumbledore pedir a você e eu queria agradecer de alguma maneira. abra. – ele sorriu apontando o embrulho, Mel desfez o papel de presente e encontrou um canudo, abriu a tampa e um rolo grosso de pergaminho saiu de dentro dele. – meu pai conhece alguns estudiosos bruxos que estavam fazendo pesquisas sobre bruxos que tem antecedentes Grays, e conseguiram mapear algumas características de seus poderes. Isso é como um manual... coisas que eles descobriram sobre como controlar os seus poderes. – ele riu vendo a menina ficar com cara de boba ao desenrolar o início do pergaminho – achei que podia ser útil pra você e meu pai conseguiu pra mim.
- Remo isso é... Maravilhoso! – ela disse e abraçou o menino. Depois voltou a olhar o pergaminho – é ótimo! Nem sei como te agradecer!!
- Não precisa... – ele disse sem graça – só continue sendo tão... legal como você tem sido.
- Eu realmente adorei, muito obrigada! – ela sorriu olhando nos olhos dele – você conseguiu alegrar meu dia sabia??!
- Que bom... – ele disse timidamente corando – bem... acho que vou procurar James e os outros...
- E eu vou a sala comunal, começar a ler! – ela disse feliz. Se aproximou do menino e deu um leve beijo na bochecha dele. – obrigada mais uma vez Remo!
E saiu dali, sentindo-se encantada com o gesto dele.


Na semana que se seguiu Mel estava bastante relutante em se encontrar com James por que o aniversário dela seria no sábado próximo, quando eles teriam um novo fim de semana em Hogsmade e ela tinha combinado que se encontraria com Lily, Frank e Alice no três vassouras para comemorarem, mas estava sem saber o que fazer com James. Se ele fosse, o que era inevitável, seus amigos iriam com ele e ela não queria ver Black (ela tinha evitado encontrar-se com ele e conseqüentemente com Lindsy, pois os dois estavam sempre juntos, por toda a semana). E também colocar James e Lily na mesma mesa do bar não seria nada prudente. Mesas voariam quando os dois começassem a brigar. E ela passou a semana inteira tentando propor um plano alternativo a seu irmão, que eles se encontrassem depois, em outro lugar do povoado, pra comemorarem sozinhos, mas não teve coragem. E na manhã de sábado quando desceu as escadas do dormitório feminino James esperava por ela:
- feliz aniversário Mel!!! – ele disse abraçando a menina de uma maneira muito semelhante a que o pai deles fazia – espero que você esteja preparada pras comemorações que a gente arrumou! – ele disse apontando Sirius, Remo e Peter que estavam sentados em poltronas logo ali, perto deles.
- Eu... – ela tentou começar mas foi interrompida por Peter que veio em sua direção estendendo um presente.
- Parabéns Mel! – o menino disse feliz ao receber um abraço dela – espero que você goste da lembrancinha!
- Obrigada Peter...! não precisava se incomodar!! – ela disse olhando o pacote um pouco sem graça. Remo vinha atrás dele. ela prontamente deu um longo abraço nele. – seu presente é maravilhoso! – ela disse ainda segurando as mãos do menino quando se soltaram – eu já li um bom pedaço do pergaminho e tem sido muito interessante!
- Fico feliz que você tenha gostado. – Lupin disse saindo do caminho pra que Black que se encaminhava pra Mel pudesse abraça-lo.
- Parabéns! – ele disse estendendo os braços pra abraça-la mas ela rapidamente agarrou a mão do menino num simples aperto de mão
- Obrigada Black! – ela disse e se virou rapidamente pra James que observava a cena – mas sabe James eu queria falar com você sobre o que eu planejei pra fazer hoje...!
- Não se preocupe, nós estamos com tudo pronto! – o irmão disse rindo – a primeira atração do dia é a caça ao Seboso! Nos vamos pega-lo e amarra-lo numa arvore pra que ele possa falar com você!
- E querendo ou não ele vai falar! – Sirius disse com um sorriso maldoso nos lábios.
- Não! – ela disse – vocês não vão encostar nele!
- Por que não...? – Peter perguntou rindo – essa vai ser a graça do dia!
- Não vai não! – Mel disse tentando não se descontrolar e se virando pra James – olha, eu só quero um dia normal, sem brigas e confusões. E eu tinha combinado... – ela começou – me encontrar com Lily, Frank e Alice no três vassouras...
- Você não ia me chamar...? – James perguntou num tom mais de acusação do que de pergunta.
- É claro que ia! – Mel disse se fazendo de ofendida, mas acrescentou com cara de lerda – eu ia só fazer uma sugestão pra que....
- Seu querido e estúpido irmão não interrompesse não é? – James perguntou querendo ficar com raiva.
- Não é isso! – ela disse e olhou rapidamente pra Black. Suspirou e voltou a encarar James – é que você sabe: quando você e a Lily ficam juntos só dá bagunça! Vocês brigam de minuto em minuto! É pior que eu e você!
- Evans... – ele disse baixinho com um sorriso sincero nos lábios. De repente se tornou sério – olha, eu juro que não vou encher o saco da Evans, eu vou ficar calado e quieto. E os caras ali também – ele disse apontando os amigos – sem nem encostar no Seboso.
- E você nem vai tentar agarrar a Lily...? – Mel perguntou desconfiada
- Não...! – ele disse rindo do seu jeito debochado de novo – eu tinha pensado nisso, mas como você descobriu antes que eu fizesse, eu juro que não tento!

Pouco mais tarde Mel, Lily, Frank e Alice estavam sentados conversando numa grande mesa no meio do Bar Três vassouras quando a porta se abriu repentinamente e o lugar se encheu da alegria de James e sua trupe. Lily soltou um gemido de agonia e se virou pra Mel.
- eu não pude evitar! – Mel se defendeu antes que ela falasse nada – e ele prometeu que não vai agarrar você! – ela disse e viu Lily fazer cara de espanto – quer dizer, encher seu saco! – ela se corrigiu
- tudo bem... – Lily suspirou observando James e seus amigos virem se sentar com eles
E por incrível que pareça James se comportou tão normalmente que Mel achou ele não podia simplesmente estar em seu estado normal. Cumprimentou todos (“bom dia Evans, como vai?” ele perguntou em tom polido quando se dirigiu a Lily) e sentou-se calmamente entre eles conversando com Frank e Alice enquanto os outros se entrosavam.
Logo eles conversavam como se estivessem estado juntos a vida inteira daquele jeito: como amigos.
Frank, James e Sirius conversavam sobre algumas maneiras diferentes de fazer da vida de Filch um inferno e sobre como trapacear ao cumprir as detenções com Peter rindo e dando palpites nos assuntos, Remo e Lily discutiam sobre um trabalho de transfiguração que McGonagall tinha passado pra eles enquanto Mel e Alice falavam brevemente sobre como garotos só falavam de coisas realmente fúteis quando se encontram (se mirando, é claro, no exemplo de James, Frank, Sirius e Peter).
- talvez só o Remo tenha algo consistente dentro da cabeça! – Mel disse rindo quando a porta do bar se abriu na frente deles chamou sua atenção e ela viu, nada feliz, que Lindsy e suas risonhas amigas entravam e iam a direção a Sirius. – Ah não... – ela murmurou.
- Bem, o melhor jeito de fazer isso é deixar com que Filch te pegue e você solta mais algumas bombas de bosta depois que... – Sirius parou abruptamente de falar vendo Lindsy parada ao seu lado. – oi Lindsy. – ele disse com um sorriso sem vergonha. Todo mundo da mesa observava aquela conversa agora.
- Eu fiquei te esperando! – A menina o acusou sem ao menos cumprimenta-lo direito – você disse que me encontraria perto da Dedosdemel hoje!
- Eu me esqueci. – ele disse não parecendo nem um pouco preocupado. Sorriu de maneira bem sedutora pra menina e disse – é que hoje é aniversário da Mel.
- Aah. – Lindsy disse com olhar de desprezo em direção à menina, depois acrescentou a Sirius – depois que você sair daqui então me encontre no castelo. – o tom era mais de ordem do que de convite.
E ela bateu em retirada mas Mel pode ouvir ela e uma amiga falando:
- você não está com ciúmes? Ele te largou lá pra ficar com essa menina! – a amiga perguntou a Lindsy
- daquela pirralhinha? – Lindsy disse com desdém – não mesmo. Ele me disse que ela é como uma irmã pra ele...
- bem... – Mel comentou rindo sarcasticamente quando elas saíram do bar – muito simpática sua amiga Black!
E a mesa voltou as conversas que tinham sido interrompidas rindo do gracejo de Mel. Mas a menina não tinha estado nada feliz com aquilo.
Logo após, Madame Rosmerta, dona do Bar veio a eles falando que tinha um presente pra Mel, deixado por McGonagall e com um aceno de varinha ela fez um grande bolo confeitado vir a eles e pousar no meio da mesa já com as velas acesas.
- aaahhh! – James riu – então a gente vai ter que cantar parabéns!
- Nem pense James! – Mel disse – não to a fim de passar vergonha!!
- Mas o que seria do seu aniversário se você não passasse vergonha? – Sirius perguntou rindo e olhou para os outros – vamos gente, de pé que é pra ficar mais chamativo! O bar inteiro tem que ver!
- Não! – Mel disse rindo, mas desesperada – sério, não!
- Ah Mel! – Lily riu – é só uma brincadeira! Todo mundo passa por isso uma vez por ano!
- É, mas nenhum de vocês passa por isso com metade de Hogwarts assistindo! – Mel se defendeu citando que nenhum deles fazia aniversário durante o ano letivo.
- Evans, você poderia me dar licença? – James perguntou educadamente. – eu gostaria de ficar ao lado da Mel. Assim eu posso chamar mais atenção pra ela enquanto canto aos gritos “parabéns pra você ...”!
- Tudo bem... – Lily riu e se afastou pra ele passar, mas de repente ficou séria imaginando que nunca tinha conseguido ficar tanto tempo perto de James sem querer mata-lo. Teve um choque quando constatou que o menino era bem gentil quando queria, e engraçado... – o que eu to pensando...? – ela murmurou
- Sim Evans...? – James perguntou por que ela tinha falado aquilo no exato momento que James passava por ela na mesa.
- Nada... – Lily murmurou e tentou sorrir pra Mel.
Mal James se ajeitou ao lado da irmã e já estava liderando um animado coro que cantou e recantou parabéns a você a todos pulmões enquanto Mel tentava se esconder debaixo da mesa.
- Não vale ficar invisível! – Alice disse rindo em meio às vozes
E quando eles se cansaram sentaram de novo deixando Mel vermelha de vergonha, em pé cortando o bolo e colocando em pequenos pratos que Madame Rosmerta também tinha deixado ali.
- e o primeiro pedaço Mel, pra quem vai? – Peter perguntou animado
- é, pra quem...? – Sirius perguntou a olhando nos olhos.
- Ah, pra mim! por que eu me amo! – ela gracejou sem olha-lo – to brincando... só que eu ainda não sei... – ela pensou – vocês todos são ótimos mas... não sei. – ela sorriu e encarou Lupin - Remo me deixou muito feliz sábado passado e eu gostaria de retribuir de alguma maneira. não sei se isso ajuda, mas... – ela estendeu o pedaço ao menino. Sirius observava quieto – fico muito feliz com sua amizade viu?!
- Obrigado!... – o menino disse tão surpreso que sua voz quase não saiu
- Bem, como eu não sou importante... – James disse se fingindo de ofendido – me dá o segundo pedaço e fica quieta.
Mel continuou entregando os pedaços de bolo e quando estava pensando que ela só queria que mais uma pessoa estivesse ali, a porta do bar se abriu e aquela pessoa entrou: Severo ficou meio atordoado quando viu Mel em sua pequena festa no meio do bar e parou no meio de seu trajeto. Malfoy e as irmãs Black estavam com ele e pararam observando a cena também.
- mmmm... – Narcisa, irmã de Bellatrix, que vinha de braços dados com Malfoy fez uma careta de repugnância –esse bar vem apresentando uma péssima clientela!!
- Não, não Severo! – Bellatrix disse rindo descaradamente, olhando pra Mel e falando o mais alto que podia ao agarrar o braço do garoto e puxa-lo pra fora do bar – vamos sair daqui logo antes que o ar fétido desse lugar contaminado com todos esses sangues-ruins juntos possa te afetar de novo!
- Hei Bellatrix! – Mel não deixou por menos. Passou na frente da mesa e riu com sarcasmo ao levantar um pedaço de bolo na mão – aceita um pedaço?! Vem, a festa tá ótima!!! Amiga!
- Sujeitinha nojenta! – Bellatrix ainda disse antes de sair do bar com Severo e os outros, com um olhar de puro nojo destinado a Mel.
- Nem eu sei tratar meus familiares tão bem! – Sirius riu olhando Mel voltar ao seu lugar.
- Menina idiota! – Lily e James disseram juntos, ambos jogando olhares chateados em direção a porta. Lily percebeu que os dois tinham falado juntos e corou levemente quando os olhos castanhos muito brilhantes de James se fixaram nos seus. Eles pareciam estar numa mesma sintonia naquele dia.
- Festa badalada a minha não?! – Mel disse rindo, achando graça de tudo aquilo. Só ver Severo sair de lá arrastado por aquele tipo de gente é que não era agradável.
- Talvez da próxima vez que a porta abrir seja um trasgo querendo te esbofetear até a morte! – James disse rindo – do jeito que vai!
- É, mas tudo bem! – Mel sorriu orgulhosa olhando todos seus amigos reunidos – isso aqui tá bem legal mesmo! – ela fechou a boca e a porta se abriu mais uma vez. – será que eu disse cedo de mais? – ela se perguntou olhando a porta se abrir e um menino da Corvinal entrar.
- É só Ian Müller. – Lily disse a ela. – você se lembra dele? Amigo do Mark!
- Ah, sim! – Mel sorriu e voltou a se sentar. Ela começava a conversar com todos normalmente quando percebeu que tinha alguém pardo ao seu lado
- Melanie? – Ian a chamou e a menina teve um choque por ouvi-lo falar seu nome – eu vim lhe dar os parabéns... – ele falava como se a conhecesse há anos, e não só de vista. Era alto de ombros largos e tinha os cabelos muito loiros e os olhos muito verdes, uma boca bem corada e que chamava atenção. – eu sei que você não deve estar entendendo nada, mas eu ouvi a Evans falando ao Mark que era seu aniversário hoje e não pude deixar de vir te ver. – ele colocou a mão no bolso da veste e tirou um delicado pacote, era fino e longo e o estendeu a Mel.
- Obrigada... – Mel disse se levantando e pegando o pacote ainda meio boba. – eu realmente não sei como... agradecer...
Ele sorriu lindamente:
- eu só espero que a partir de agora nós possamos nos conhecer melhor, eu venho te observando a muito tempo e... – ele se aproximou dela e disse em seu ouvido – além de ser linda você é muito corajosa e interessante.
Mel só sorriu ficando muito vermelha e não pode falar nada. Ian sorriu pra ela depois que se afastou e, num gesto rápido, deu um beijo no rosto dela e saiu do bar.
- o que deu nesse cara?! – Sirius perguntou de repente depois que Ian saiu
Mel se sentou lentamente, abriu o suave papel de seda que cobria o pacote e abriu a pequena e fina caixa: um bracelete feito com dois fios muito delicados de prata que eram unidos por uma letra M que tinha sido entalhada em pedra azul semitransparente.
- Mel, isso é lindo! – Alice disse se inclinando na mesa pra ver o presente.
- Ele... o que... ele... gosta de... mim? – Mel perguntou abobalhada olhando pra Lily
- É o que parece! – Lily sorriu – bem que eu sempre percebi que ele me perguntava muito sobre você!
- Mas ele é muito abusado não é não? – Sirius perguntou a James. – ele chega aqui e fala assim como se a conhecesse há séculos!!
James ficou olhando de Mel pra Lily sem saber o que falar. Também se sentiu estranho com relação a esse súbito interesse de um garoto por sua irmã.
Mas Mel se sentiu de repente tão lisonjeada não importou se aquilo era estranho ou não, simplesmente pediu a Peter, que estava mais próximo a ela, a ajudasse a colocar o bracelete e passou o resto do dia o acariciando levemente quando se lembrava de Ian.


Aquilo foi tão inesperado que nos dias seguintes quando Mel se encontrava com Ian nos corredores da escola ela sentia seu rosto ficar quente de vergonha, mas sempre parava pra falar com ele e o menino não se despedida dela nunca sem antes dar um beijo no rosto da menina.
Lily ficou impressionadíssima com essa atitude de Ian, mas andava mais impressionada ainda com o comportamento de James. Ele estava mais centrado, foi o que Mel percebeu. O seu irmão não tinha nem de longe deixado se ser engraçadinho e deixado de fazer piadas, mas tinha parado um pouco com a terrível mania de rir da desgraça dos outros. Não estava nem um pouco disposto a parar de receber detenções, mas não as recebia mais por ter pendurado alguém de cabeça pra baixo em um lustre e deixado lá indefinidamente. E lentamente Lily ia percebendo isso e ia percebendo o quanto James era adorável quando queria ser.
Muito disso se devia ao comportamento de James com Mel. Ele tinha se tornado um irmão mais prestativo e carinhoso depois da briga que tiveram nas férias e parecia um tanto ciumento também.
Mas não era pra menos: Mel estava sendo freqüentemente abordada por garotos que mais do que rapidamente pegava livros ou qualquer coisa que ela deixava cair, se prontificavam em a acompanhar nas aulas em dupla e a chamavam sempre a ir a Hogsmade. Ian estava sempre a procurando. Lupin também estava passando muito tempo com Mel: a ajudava nos deveres que os alunos do quinto ano tinham de sobra e a auxiliava sempre que podia com as matérias mais difíceis.
A verdade era que Mel tinha mostrado totalmente sua beleza naquele ultimo verão e os garotos de Hogwarts pareciam perceber isso.
Só que o garoto que ela queria que percebesse parecia bem mais interessado em outras garotas: Sirius.
E por pequenos detalhes como o excesso de pressão com relação aos NOM’s, esse desinteresse de Sirius por ela e também o afastamento cada vez mais claro de Severo Mel parecia cada vez mais cansada e triste. Severo nem sequer destinava um olhar a ela e estava cada vez mais próximo de Malfoy.
“Graças a Merlin esse Maldito Lucio Malfoy sai daqui nesse ano!” ela pensava quando viu o garoto de olhos cinza e cabelos loiros passar por ela, Frank e Alice que estudavam juntos sob uma arvore no jardim no sábado à tarde. O dia estava frio, mas as chuvas ainda não tinham começado, então o jardim ainda era um lugar calmo pra se fazer os deveres e praticar os feitiços que tinham a praticar.
Mel suspirou e tentou se concentrar na tarefa de trato de criaturas mágicas sobre unicórnios, mas, sem sucesso jogou o caderno sobre a grama levantando o olhar e observando algumas pessoas que andavam por ali. Sirius passou com seu irmão, Lupin e Peter. Eles riam despreocupadamente como se não tivessem mais nada a fazer.
Mel não entendia por que Sirius não podia gostar dela. Não sabia qual problema ela tinha. Ela tinha tentado se concentrar em outro garoto (Ian, por exemplo) mas ele não saia de sua cabeça nem a custa de promessa.
“talvez eu não seja tão bonita quanto a Lindsy”. Ela imaginou e se virou pra Frank que enchia seu pergaminho fazendo o dever de Defesa Contra as Artes das Trevas:
- Frank, você me acha bonita? – ela perguntou com a sinceridade de quem fazia a pergunta a um velho amigo.
- O que...? – Frank se fez de desentendido e depois olhou rapidamente pra ver se Alice prestava atenção na conversa. A menina estava compenetrada praticando o feitiço de desaparecimento numa lesma de jardim. – Mel, eu acho que não preciso responder isso não é? – ele riu e viu que Mel não parecia entender – olha em volta Mel, metade dos garotos do Hogwarts gostariam de te chamar pra sair, mesmo que essa mesma metade te ache meio... má... – ele disse falando do receio que certas pessoas ainda tinham sob a figura de Mel – eles adorariam te levar a Hogsmade!
- Isso não diz muita coisa. – Mel disse totalmente sem auto confiança e olhou pro pergaminho.
- Mel, não tem espelho no dormitório feminino não?! – Frank disse tentando anima-la. pegou o rosto da menina e o levantou a olhando nos olhos. – você é linda!
- Mel...? – James a chamou olhando com cara de poucos amigos pra Frank que soltou o rosto de Mel no mesmo instante. – posso falar com você?
- Claro. – ela disse se levantando do chão e deixando suas coisas. eles se afastaram um pouco e pararam no meio do gramado pra conversar. – que foi...?
- Eu só queria saber se você está bem. – ele disse a observando. Há dias ela parecia abatida e chateada – por que você não parece bem!
- Tá tudo bem... – ela suspirou de novo. Olhou Sirius que estava sentado em algum lugar ali perto rindo graciosamente. – eu só estou um pouco cansada.
- Você não parece só cansada. – James disse não convencido – tem alguma coisa a ver com Almofadinhas...? – ele perguntou seguindo o olhar da menina que ainda estava sobre o seu amigo.
- Não! – ela respondeu rápido desviando o olhar – não é nada James...! eu só estou chateada... com muita coisa pra fazer... queria que o Natal chegasse logo... – ela parecia carente – queria ver papai...
- Você gosta mesmo do Sirius então?! – James perguntou rindo agora. Parecia não ter ouvido o que ela disse – eu achava que era só uma paixonite!
- Eu não gosto dele! – Ela retrucou ficando nervosa – não gosto! Ele é só um menino exibido! – Mel disse pouco convincente.
- Quem diria! Mel e Almofadinhas! – James riu ignorando-a ainda – isso é engraçado!
- Eu não gosto dele! – Mel quase gritou e James parou de sorrir
- Eu não queria te chatear... – James disse vendo-a ficar mais triste e nervosa. – eu só achei...
- Achou errado! – Mel disse quase fazendo cara de choro e saindo dali correndo.
- Mel...! – James chamou mas não achou prudente ir atrás dela.
- O que você fez com ela?! – Lily perguntou chegando até James, parecendo chateada. Tinha visto os dois conversando
- Nada! – James se defendeu encarando a menina. – eu só vim perguntar o que ela tinha e ela não pode conversar comigo!
- Ela está tão estranha! – Lily disse e sua raiva passou. – eu estou ficando preocupada com ela!
- Eu percebi isso também. Muito quieta, calada. Nem implica mais comigo, nem nada... você imagina o que pode ser...?
- Sim... – Lily disse meio pensativa – mas você não pode ajudar se é o que eu estou pensando. Ninguém pode. Sabe James... – Lily começou a falar mas corou vendo como tinha o chamado – Potter! – ela se corrigiu – a Mel é um pouco inexperiente quando se fala em alguns sentimentos... mas não sei se alguém pode ajuda-la.
- Isso ela só pode resolver com suas próprias experiências não é? – James perguntou olhando Lily muito fixamente.
- É. Isso. Mas talvez algum apoio nós possamos dar. – ela disse e corou mais ainda por usar a palavra nós.
- Se você puder me guiar. – ele disse e sorriu de seu jeito maroto – eu não consigo entender vocês garotas às vezes! E Mel é uma garota!
Lily observou um pouco o rosto sorridente de James e estremeceu ao pensar o quanto ele era bonito. Depois suspirou.
- Só a Mel mesmo pra me fazer ficar aqui, falando com você. – ela abaixou o rosto, encarando o chão – me procure quando você quiser. Talvez juntos nós possamos ajuda-la. – ela o encarou parecendo decidida de repente – mas eu to fazendo isso pela Mel, ouviu?!
- Tudo bem Evans. – James disse encantado com ela, parecendo imaginar que ela deveria estar se rendendo a ele finalmente – tudo bem...
James se afastou dali e sentou-se pouco distante de onde Mel estava. Observava Lily, que estava junto de sua irmã, sonhadoramente quando seus amigos vieram falar com ele:
- Falou com Mel, pontas? – Lupin perguntou sentando-se ao lado do amigo
- Não... não direito! – James viu Frank sentado ao lado de Mel e se lembrou – a única coisa que eu consegui ouvir foi Longbottom falando que Mel é linda! – ele parecia enciumado agora – parece que todos os garotos dessa escola resolveram achar isso ao mesmo tempo! Até você aluado – James apontou o amigo – até você tem ficado perto de mais da minha irmã pro meu gosto!
- Mas Mel é uma garota encantadora! – Rabicho disse corando.
- A verdade Pontas, é que só você e o almofadinhas ali... – Lupin apontou Sirius que estava sentado um pouco afastado deles e parecia sombrio ao ouvir a conversa – ainda não tinham percebido que Mel é uma das meninas mais lindas da escola!
- Não mais que Evans! – James disse prontamente
- Claro que pra você a Evans é melhor! A Mel é sua irmã! – Rabicho disse sabiamente.
- Mas o almofadinhas também deve ter uma opinião de uma menina melhor não é almofadinhas?! – James perguntou rindo pro amigo – Talvez a Lindsy?
- Lindsy é uma menina chata e ainda por cima metida. – Sirius disse lembrando-se das palavras de Mel – não acho que ela seja melhor que a Mel.
- Você terminou com ela? – Lupin perguntou
- Nem começamos... – Sirius disse ainda sombriamente. Fixou o olhar em Mel por um tempo.
- É... parece que o Hall de “Enfeitiçados pela Melanie” aumentou mais um pouco agora! – James cochichou pra Rabicho e aluado e eles começaram a rir


Numa noite pouco antes do Natal James andava despreocupadamente pelos corredores do castelo, indo em direção aa salão comunal da Grifinória. Estava um pouco cansado do treino de quadribol daquela noite, mas vinha assobiando alegremente, com a lembrança na cabeça de que poderia ver Lily quando chegasse ao salão,. Mas pouco antes de virar num corredor ouviu vozes alteradas e parou escutando. Parecia um briga e ele não soube se interrompia ou se tomava outro caminho.
- me larga, você tá me machucando! – uma menina falava irritada
- não te largo até você me ouvir! – um garoto falava alto como se quisesse que o mundo ouvisse - você não pode simplesmente falar que não quer me ver mais, tem que haver uma explicação.
- A explicação é que você se mostrou um garoto bruto e autoritário depois que nos conhecemos melhor! – a menina esbravejou – e eu não sou sua propriedade pra você ficar mandando e desmandando quando quiser!
- Você é minha namorada!
- Eu nunca disse que era sua namorada e não sou! Me larga! – a menina gritou ofegante da força que fazia pra se soltar
- Solta ela agora Linton! – James apareceu no começo do corredor. Tinha reconhecido a voz de Lily muito rapidamente e não iria deixar que ela fosse machucada. Ia na direção ao garoto da Corvinal com a varinha em punho e o rosto dominado pela fúria. – Solta ou você vai se ver comigo!
- Então é isso? – Linton perguntou a Lily parecendo muito irritado – você me deixou pra ficar com o menino que você xinga cinco vezes ao dia?!
- Não! O Potter não tem nada a ver com isso! – Lily disse ainda tentando se soltar. – mas se você quer saber eu te acho dez vezes pior do que ele!
- Impedimenta! – James bradou com a varinha apontando pra Linton e ele não pode sequer pensar em pegar sua varinha.
- Obrigada...! – Lily disse indo a direção a James massageando o braço que Linton estava machucando. – mesmo.
- Tudo bem... – James disse falando de maneira controlada mas ainda olhando com ódio pra Linton caído no chão. – idiota... – ele murmurou
- Vem, vamos sair daqui antes que alguém encontre esse lixo no meio do corredor... – ela disse jogando os cabelos pra trás e andando pelo corredor, James a olhava encantando, a seguindo como se seguisse algo sagrado.
- Por que ele estava te tratando assim? – James perguntou ainda sentindo raiva correr por suas veias.
- Por que ele é um idiota. – Lily disse e suspirou e abaixou a voz – se você não tivesse aparecido eu não sei o que ele teria feito. Obrigada de novo...
- Tudo bem... – ele riu daquele jeito esperto que ele sempre fazia – eu só gostei do jeito que você o ofendeu: “você é dez vezes pior que o Potter”!
- Desculpe... – Lily disse envergonhada – é só que...
- É o costume né? – ele riu
- É... – ela murmurou.
- Tudo bem. eu já me acostumei! – ele riu e eles foram juntos conversando até entrarem no salão comunal.
Mel estava sentada em uma mesa junto de Lupin e Sirius. Ela fazia um trabalho de poções e Lupin a ajudava com Sirius observando tudo de perto. Quando eles entraram no Salão Sirius estranhou e disse:
- Evans... e Pontas... juntos? – ele perguntou a Mel parecendo surpreso.
- O que ele fez com ela?! – Mel perguntou mais surpresa ainda. Soltou suas coisas e correu até Lily – você está bem...? – Mel perguntou cuidadosa quando chegou perto da amiga.
- Ah, claro! – Lily sorriu timidamente olhando James e o agradeceu mais uma vez.
Depois ela e Mel subiram pro dormitório das meninas e ela pode contar tudo o que tinha acontecido. Mel ficou agradavelmente chocada quando Lily admitiu que haveria uma chance de James ser um garoto “brilhante e adorável”.


O Natal não trouxe muito alivio como Mel imaginou que traria. Mesmo indo pra casa ela levava consigo muitos deveres e somente quando ela embarcou no expresso de Hogwarts que se lembrou que Sirius também iria pra casa de seu pai.
Chegando ela não teve muito tempo pra conversa e não pode desfrutar muito da companhia do seu pai e de seus tios. Esse ano somente Janette e Marius estavam lá, eles e seus filhos: Judy e Julian. Judy pareceu um pouco chateada por Mel não dar a devida atenção a ela, mas entendeu que a prima tinha muito o que fazer.
Mas a verdade é que ela também não estava muito convencida de que queria ficar no meio de todo mundo. Ela simplesmente deixava o pensamento vagar enquanto fazia suas tarefas e demorava muito mais tempo do que demoraria normalmente em seu quarto por isso.
Numa noite ela estava nesse estado de transe sentada no parapeito da enorme janela de seu quarto, com um livro e um pedaço de pergaminho no colo, simplesmente vagando em seus pensamentos quando Sirius entrou em seu quarto:
- muita coisa pra fazer ainda? – ele perguntou chegando perto da janela. A luminária que iluminava o quarto tinha a luz de uma chama azul saindo por pequenos buracos em forma de estrelas e luas. Os olhos de Sirius pareciam brilhar mais intensamente por causa dessa luz.
- Não... – Mel disse o olhando e apontando um pedaço de pergaminho em cima da cama – já terminei...
- Então por que você não está lá embaixo com todo mundo? – ele perguntou sentando-se na beirada do parapeito também. – o que você tá fazendo aqui?
- Pensando... na vida. – ela disse hesitante. Depois emendou a frase batida – saudade de Hogwarts.
- Você ama mesmo aquele lugar não é...? – Sirius perguntou sorrindo levemente.
- É. – ela sorriu um pouco sem muita vontade. A verdade era que estivera ali nos últimos minutos pensando nele.
- Mas um dia você vai ter que sair de lá definitivamente... – Sirius disse olhando pro céu através da janela. Pequenos flocos de neve caiam.
- Não necessariamente... – Mel disse olhando o céu também – eu posso me tornar professora de lá...
- Ou criar raízes e se tornar uma árvore não é...? – ele perguntou e não parecia brincar, estava sério – do jeito que você tem feito ficando plantada embaixo daquela arvore esperando pelo Seboso é bem provável...
- Você só me procura pra falar mal dele é...? – ela perguntou chateando-se
- Não... – ele respondeu sem graça. – me desculpe. É que eu não acho que ele mereça receber tanta importância da sua parte.
- Eu gosto dele... – Mel suspirou.
- Gosta como? – Sirius perguntou
- Ele é importante por ser a primeira pessoa que me acolheu como uma amiga. Isso significa muito pra mim.
- Então você não realmente gosta dele não é? – ele perguntou olhando pra luminária com o olhar fixo.
- Ele é meu amigo. – ela disse voltando à atenção ao pergaminho em seu colo. Tinha começado a escrever uma carta ao menino que estava a sua frente, falando de seus sentimentos, mas sabia que nunca iria ter coragem de entregar. Eles ficaram em silencio por um tempo.
- E Ian Müller...? – Sirius perguntou
- Ele é um garoto maravilhoso...! – Mel respondeu sem muito entusiasmo. Ian era ótimo, mas não sentia por ele nada comparado ao que sentia por Sirius. Com Ian as coisas pareciam mais de momento, ela adorava estar com ele, mas se estava longe dele não sentia nada especifico, não ficava lembrando dele a todo momento. Mas com Sirius...- eu gosto dele sim. – Mel disse e não soube por que. O que ela tinha planejado falar era: eu gosto de você Sirius. Mas isso ainda estava entalado em sua garganta. – acho que eu realmente gosto dele! – ela disse de novo e ficou espantada consigo: seu cérebro e sua boca não deviam estar funcionando na mesma sintonia.
- Só espero... – Sirius disse se levantando da janela e saindo do quarto rapidamente. Parecia não estar a fim de conversar agora – que ele seja bom o bastante pra você....
- Não... – Mel disse baixo de mais pra que ele ouvisse e ficou vendo o menino sair do seu quarto e fechar a porta atrás de si. – você merece morrer Melanie! – Ela disse morrendo de raiva dela mesma. – MORRER!!!!



Na manha de Natal ela acordou e se sentou na cama olhando o pequeno amontoado de presentes que tinha sido deixado ali, nos seus pés. Abriu o primeiro pacote que tinha o presente de Judy: um diário cor de rosa com plumas espalhafatosas saindo dele. visualmente o presente não agradou muito, mas pareceu útil a Mel quando ela leu as instruções de Judy que explicavam que ele só abriria com o comando da voz de Mel e de ninguém mais e poderia até mesmo atacar as pessoas que tentassem abri-lo com feitiços.
Abriu o presente de seu pai e de seus tios, ficou encantada com o presente de James (um álbum com fotos dos dois e lugares a serem preenchidos com outras fotos, por que ele sabia que ela adorava colecionar fotos – dos outros).
Mas ficou um longo tempo observando o ultimo pacote. Tinha um pequeno bilhete escrito “Mel, Feliz Natal. Sirius.” Ela hesitou um minuto mas rasgou o papel de presente e o abriu: um pano de veludo que envolvia um objeto. Abriu o embrulho e olhou um tempo sem entender o que Sirius queria lhe dando um espelho de mão feito de prata levemente envelhecida.
Era muito bonito, era verdade, era oval com um cabo longo, desenhos florais entalhados na sua borda, o cabo também estava todo entalhado em desenhos e tinha duas pedras preciosas incrustadas bem no meio: um rubi e uma esmeralda.
Ela ficou observando por um tempo e só depois viu um pedaço de pergaminho dobrado ao meio que estava no pano que tinha envolvido o presente. Abriu-o e leu:

Mel
Eu fiquei imaginando o que você gostaria de ganhar e resolvi optar por isso. é uma das poucas coisas que eu trouxe comigo de casa, e é bem interessante. Costumam chamá-lo de “Espelho das Saudades” e funciona mais ou menos como uma penseira.
Foi quase um método cientifico o que eu usei pra te dar isso: observei que você anda com muito o que pensar e isso pode te ajudar a clarear as idéias. Suas lembranças podem ser depositadas nesse espelho se você mentaliza-las e colocar o dedo indicador sobre o rubi. E você poderá vê-las e analisa-las.
Não sei se isso ajuda, mas espero que você o use pra se lembrar do que você gosta e esquecer aquelas pessoas de que você não gosta (já que quando você as deposita no espelho elas “somem” da sua cabeça) . O chato aqui por exemplo.
Pra trazê-las de volta é só tocar com o mesmo dedo sobre a esmeralda.
Espero que seja útil.
Feliz Natal
Sirius Black.

Mel simplesmente não acreditou no que leu e resolveu experimentar. Aquilo parecia só mais uma brincadeira de Sirius. Então ela pensou em algo e tocou levemente o rubi no cabo do espelho. Assutadoramente ela se viu conversando com Sirius umas noites atrás, sentados na janela de seu quarto como se visse um filme dentro da moldura oval. Rapidamente ela tocou a esmeralda e tudo aquilo voltou a sua cabeça. Ela se levantou correndo com o espelho na mão e nem se lembrando de colocar o roupão sobre a camisola, abriu a porta e ia em direção ao quarto de Sirius e James quando a porta se abriu. James saiu de lá sorrindo e conversando com o amigo, que parecia alegre também. Estavam já vestidos propriamente para o café da manhã e pararam quando viram Mel:
- Bom dia Mel!! Feliz Natal! – James disse indo até ela e a abraçou – gostei do teu presente!
- Que bom... – Mel disse com o olhar vidrado em Sirius que estava atrás deles, encostado na parede do corredor. Mel se soltou do irmão sem dizer mais nada e parou na frente de Sirius
- É... mmm... – James pigarreou piscando pra Sirius – acho que vocês têm que conversar... – e saiu dali deixando os dois sozinhos.
- Sirius...! – ela disse conseguindo se desengasgar um tempo depois que James saiu. Ela estendeu o espelho a ele e disse num suspiro – é lindo!
- Que bom que você gostou. – ele sorriu levemente – não sabia se ia agradar.
- É ótimo... – ela o olhou nos olhos – quero dizer... eu sempre me enrolo com meus pensamentos então ter algo assim seria maravilhoso...
- Agora você tem. – ele disse observando Mel de cima em baixo. A camisola lilás com pequenas flores estampadas deixava os ombros e parte do colo da menina a mostra e acabava um pouco acima do joelho.
- Eu não posso ficar com ele...! – Mel disse com dificuldade. – ele é algo de família, é algo bem precioso! E era seu! Eu não posso ficar com ele...
- Claro que pode... – ele disse abaixando seu olhar pro chão. Parecia não querer encarar Mel durante muito tempo. Muito menos do jeito que ela estava ali: só de camisola, os olhos azuis brilhando e a face um pouco corada pelo calor das cobertas que ainda a pouco cobriam a menina. – eu te dei não foi...? não é tão precioso assim e pelo fato de ser de família, o Sr. e a Sra. Potter, James e você são minha família agora!
- Mas.... – Mel pensou em argumentar mas foi interrompida por ele
- Eu vou ficar ofendido se você não aceitar. – Ele disse categórico e pareceu querer sair dali, mas Mel se precipitou e o segurou em um abraço.
- Obrigada Sirius... – ela disse com os braços em volta do pescoço dele. Sirius era dois palmos mais alto que ela, e ela estava na ponta dos pés para abraça-lo. O menino a envolveu com os braços pela cintura e eles ficaram ali por alguns segundos. Depois se soltaram sem querer se soltar. Mel sorriu sem graça ao perceber que estivera ali falando com ele e o abraçando só de camisola. – acho melhor voltar ao meu quarto e vestir uma roupa decente!
E ele a acompanhou com um triste olhar até ela desaparecer atrás da porta de seu quarto.



No meio da tarde do ultimo dia do feriado do Natal Mel se sentou na varanda da casa, escondida sob uma capa grossa de lã como se esperasse alguém. Tinha um sorriso maroto nos lábios. As coisas não pareciam muito melhores agora: ela continuava preocupada com os NOM’s e com Severo, mas tinha passado alguns dias com seu pai e tinha ganhado um lindo presente de Sirius.
O menino parecia levemente mais quieto que o normal nos últimos dias, mas parecia um pouco mais prestativo com Mel por algum motivo que ela não conseguiu entender naquele momento. As coisas não estavam 100% melhores, mas alguém naquela casa iria ficar muito feliz naquela tarde. E esse alguém abriu a porta procurando por sua irmã:
- Mel, o que você tá fazendo aqui?! – James perguntou fechando a porta da sala atrás dele e puxando a capa contra o corpo e colocando o capuz. – tá muito frio!
- Senta aqui e fica quieto.... – Mel disse vagamente com os olhos no horizonte. James se sentou ao lado dela e olhou pra frente tentando entender o que a irmã estava olhando.
E ela olhou o relógio umas 5 vezes nos dez minutos seguintes que eles ficaram ali, calados olhando a rua cheia de neve.
- Mel, já tá enchendo o saco. – James disse chateado – o que você tá fazendo aqui?!
- Esperando alguém... – Mel disse distraída
- Jura?! – ele perguntou sarcástico – eu sei que você está esperando alguém, mas quem?!
- Espera James... – ela disse com um sorriso nos lábios
- Ok, quando você sair desse transe estranho, volta pra dentro. – ele disse se levantando
- Fica aqui! – Mel disse o segurando na varanda. – espera. Seja paciente.
- Olha eu não sei se você sabe, mas eu detesto essas “surpresas”! – ele disse sentando-se se novo e fechando a cara.
- Ahh! – Mel riu – aí vem eles!
- Eles quem...? – James perguntou observando o carro que vinha em direção a casa deles.
- Ela. A Lily! – Mel disse rindo e encarando o irmão
- Lily está vindo pra cá?! – James disse com o rosto se desenevoando rapidamente – por que?!
- Os pais dela vão viajar e não podem leva-la a estação amanhã e eu sugeri que ela viesse ficar aqui e podemos ir todos juntos pra escola amanhã! – Mel disse feliz e se levantou arrumando a capa.
James pareceu não saber o que fazer ou onde ficar quando o carro parou na porta da casa e Lily desceu acompanhada de seus pais. Ela parecia linda, vestia uma calça em um tom amarronzado de tecido aveludado, uma blusa de amarela com detalhes coloridos e por cima um sobretudo de um tom de verde muito similar ao dos seus olhos. Estava com os cabelos amarrados com os cachos caídos sobre o ombro esquerdo e colocava sua bolsa no outro ombro. Mel sorriu para ela e desceu as escadas da varanda cumprimentando alegremente o Sr e a Sra Evans. James ficou primeiro parado primeiro degrau da escada com um sorriso meio débil no rosto, e então a porta atrás deles se abriu e Anthony veio acompanhado de Elizabeth e Sirius, que olhava aquela cena meio espantado:
- Sr. e Sra. Evans! – Anthony disse e se dirigiu a eles, cumprimentando calmamente o casal que ele tinha conhecido ao deixar Mel na casa deles. Elizabeth se juntou a eles e os cumprimentou também enquanto Mel e Lily trocavam algumas palavras. – eu quero apresenta-los aos meus filhos mais velhos... – Anthony disse chamando James e Sirius pra mais perto. – esses são James e Sirius.
- Ele se parece muito com o Sr. – Sr. Evans disse a Anthony enquanto apertava a mão de James. – são da mesma idade de Lily não?
- Ahh... sim. – James respondeu parecendo menos atordoado – estamos no mesmo ano em Hogwarts.
- Espero que a estadia de Lily não seja incomodo. – Sra Evans disse a eles – realmente não queremos causar nenhum transtorno.
- Não de maneira alguma! – Elizabeth disser sorrindo. – ela é muito bem vinda. Na verdade eu e estava bastante curiosa pra poder conhece-la. Melanie e James falam muito nela!
James ficou levemente corado quando Lily o encarou ao ouvir isso.
- e a quanto mais gente em casa melhor! – Anthony disse animado. Ele adorava pessoas em sua casa e toda aquela agitação.
O pai de Lily pegou o malão dela dentro do carro e James fez questão de carrega-lo pra dentro. Pouco depois, quando Lily se despediu dos pais e eles se foram, Mel entrou com a amiga em casa seguida de Anthony e Elizabeth.

- Mel essa casa é enorme! – Lily riu entrando no quarto de Mel e colocando sua bolsa sobre a cama. – é linda!
- É sim. – Mel sentou-se na cama e tirou os sapatos ficando só de meia. – papai adora ter todo mundo da família por perto, por isso ele comprou uma casa tão grande.
- Bem... – Lily sentou-se e tirou os sapatos como Mel – sua família deve ser bem... – ela hesitou – rica. – ela parou um segundo e depois acrescentou rápido – é só uma observação, por que você e James são tão simples, quero dizer, não ficam se exibindo como alguns em Hogwarts fazem!
- Ah, eu cresci em um orfanato e depois fui pra Hogwarts... não faz muita diferença pra mim, mas quando cheguei aqui também me admirei de James não ser um idiota esnobe. Ele era só um idiota.
- É.. é verdade... – e a menina se admirou mais uma vez com James. Secretamente, é claro.
- Sabe... isso aqui vai ser bem divertido... – Mel murmurou
- O que..? – Lily perguntou inocente
- Nada.... – Mel disse rindo.
A estadia de Lily na casa dos Potter fez James se comportar de uma maneira nunca antes vista nem por seus pais.
James não se mancomunou com Julian pra encher o saco de Judy nenhuma vez, foi gentil e prestativo, e não fez nenhuma brincadeirinha sem graça com Lily ou Mel nenhuma vez.
As meninas por sua vez aproveitaram a trégua de James e Sirius (que estava muito quieto também) pra colocarem os últimos acontecimentos em dia durante a noite que antecedia a ida a Hogwarts elas ficaram quase a noite toda conversando e Mel contou a Lily o que tinha dito a Sirius sobre gostar de Ian e sobre o presente dele:
- você percebeu o que esse presente quis dizer...? – Lily perguntou a amiga, ela estava de camisola deitada na cama que o pai de Mel tinha conjurado pra que ela passasse a noite
- não... – Mel disse devagar – quer dizer... talvez ele quisesse me falar pra...
- pensar melhor! – Lily disse entusiasmada. – talvez ele também goste de você Mel!
- Eu ainda duvido... – ela suspirou – eu simplesmente não sei...
Já no quarto ao lado James tinha passado a noite toda se revirando de um lado para o outro na cama atordoado com o fato de que a menina que sempre tinha povoado seus sonhos estava dormindo no quarto ao lado, tão perto dele. Ele chamava Sirius de minuto em minuto,pra resmungar que não conseguia dormir e pra explicar com detalhes o por que, o que acabou não deixando o garoto dormir também.
- será que não dava pra trocar não...? – James disse aos sussurros pra um Sirius que mais estava dormindo do que acordado, quando o relógio já marcava quatro e meia da manhã – você vai pra lá com a Mel e ela manda a Lily pra cá...?
E na manhã da partida de volta pra Hogwarts tanto elas quanto os meninos estavam sonolentos e um pouco desanimados pela noite mal dormida. Mel chegou a mesa de café da manhã acompanhada de Lily no horário correto, mas bocejando longamente ao dar bom dia ao pai, o que Lily fez em seguida:
- com sono...? – Anthony perguntou servindo as meninas de suco.
- Um pouco...- Mel disse pegando o copo de suco – ficamos conversando até mais tarde.
- Vocês não parecem as únicas a estar com sono. – Elizabeth disse chegando à mesa com James e Sirius atrás dela - tive que usar sua técnica do copo com água gelada Melanie.
- Bom dia... – James disse tentando não parecer mal-humorado
- Dia... – Sirius disse simplesmente tentando conter um bocejo.
James se sentou na cadeira exatamente a frente de Lily e ficou por um tempo contemplando a menina antes de começar a comer. Anthony o observava atentamente.
Quando todos saiam da mesa depois do café, Anthony pediu que Mel ficasse um pouco.
- quero falar com você. – ele disse a filha e esperou que os outros se afastassem (James se prontificando a ajudar Lily com o malão dela que estava no quarto de Mel). – Mel... é muita impressão minha ou James simplesmente é apaixonado por essa garota...? – ele perguntou com um sorriso brilhante nos lábios
- Tony, se você queria saber era melhor ter perguntado a Jay! – Elizabeth disse
- Eu sei, mas eu tinha certeza que ele ia sair daqui correndo pra ajuda-la com o Malão! – ele riu – é isso mesmo então?
- É papai, desde que eles se viram pela primeira vez...! – Mel respondeu
- E ela...? – Anthony parecia uma criança curiosa.
- O odeia. – Mel respondeu e depois reconsiderou – ou odiava... assim como eu... mas parece que agora James tem mudado na visão dela.
- Eu sei que ele vai conquista-la... – Anthony disse com um olhar distante como se pudesse ver o futuro – por um acaso eu tenho certeza...!
Mel sorriu e subiu as escadas. No fim do dia ela e os outros estavam de volta a Hogwarts

Mel já tinha aprendido que o tempo era relativo há muito tempo, mas durante o quinto ano ela aprendeu outra lição sobre isso: o tempo é sempre pequeno quanto mais você precisa dele.
O que queria dizer que do Natal a fevereiro o tempo correu tão rapidamente que ela estava achando que só poderia haver algum tipo de magia nisso.
Numa segunda à noite, de um dia particularmente difícil ela chegou um pouco atrasada para o jantar e ficou assustada ao perceber que Dumbledore se levantava para dar um aviso, coisa que nunca acontecia durante os dias letivos normais. Sentou-se na mesa da Grifinória exatamente no momento que todos se calavam e o diretor proferia as primeiras palavras:
- eu temo que um aviso vá interromper o jantar maravilhosamente preparado para essa noite... – o diretor disse sorrindo – mas como todos vocês sabem, no fim de semana próximo, no sábado pra ser mais exato, seria o dia de visitas da Hogsmade mais esperada de todo o ano: a do dia dos namorados. – um burburinho se passou por entre as pessoas nas mesas – porem eu sinto em informar que essa visita a Hogsmade desse ano letivo terá de ser suspensa por uma série de problemas que vem aconteceram no povoado e que estão sendo resolvidos. – todos tinham ouvido dizer que recentemente houvera uma perseguição a um bruxo das trevas que estivera por lá e alguns aurores tinham tido bastante trabalho em dete-lo, o que causou danos ao povoado. A indignação dos alunos a essa noticia se fez perceber rapidamente, com a voz de todos aumentando e reclamando. O diretor fez um sinal com as mãos e todos se aquietaram – portanto para que vocês não tenham um acesso de fúria no fim desse ano letivo, nos resolvemos que, como compensação, vocês terão um pequeno baile organizado aqui no salão principal na noite de sábado. Espero que a idéia agrade-os. – ele sorriu parecendo feliz com a boa recepção de todos. Casais já se formavam entre as mesas. – então que continuemos o banquete.
Mel ficou pensativa durante um tempo com o olhar perdido na travessa de purê que estava em sua frente. Ela não sabia o que fazer sobre bailes. Teve um impulso em olhar pra Sirius assim que o Diretor mencionou a palavra Baile, mas quando o fez uma menina da Corvinal que já há algum tempo parecia observar Sirius puxou a parte de trás das vestes dele e fez o pedido que Mel se imaginou fazendo:
- você me acompanha...? – ela disse nem um pouco tímida.
- Er... – Sirius hesitou por um segundo, olhou pra Mel que observava a cena e seu olhar desviou pra alguém que chegava atrás da menina. Ele então soltou um sorriso encantador pra menina que tinha o convidado e disse – vou ter o maior prazer em te acompanhar.
Mel baixou os olhos para o seu prato mas não teve tempo de se lamentar por que ela percebeu que Ian estava do seu lado:
- eu vim te convidar. – O menino disse sorrindo pra ela – espero que você me dê a honra de te levar ao baile.
- Ahh... – Mel sorriu sem jeito e um burburinho de algumas pessoas conversando chamou atenção dela que se virou pra olhar, na mesa da Sonserina algumas pessoas se reuniam pra decidir os pares do baile. Bellatrix tinha passado o braço envolta do braço de Severo e sorria sarcasticamente pra Mel. – claro. Eu adoraria! – Mel disse sorrindo o mais entusiasticamente que podia.
O resto da semana passou numa bagunça de acontecimentos pra Mel. Ela tinha que se cuidar pra não atrasar com os deveres que estavam se acumulando aos montes por causa da proximidade dos NOM’s e na verdade ela tinha tido pouco tempo pra se preocupar com o Baile apesar de todos falarem disso o tempo todo.
Sirius e a garota da corvinal (Nancy Starkins, era seu nome) pareciam se encontrar a cada tempo livre dos dois, como se ensaiassem para ficar juntos durante o baile. Isso estava deixando Mel muito chateada. A única felicidade que ela teve durante a semana foi que, depois de muito tentar irritar Mel, Bellatrix tinha levado uma de Severo. Toda vez que Bellatrix via Mel ela se agarrava ao braço de Severo e falava alto sobre o baile. Um dia ele se cansou e disse alto também, tirando o braço da menina do seu:
- você sabe que eu não vou e você sabe que você não quer ir comigo. Então me solta e deixa de palhaçada! – ele deu as costas e saiu dali.
Mas a verdade era que, na sexta feira a noite foi o único dia que ela teve pra se concentrar totalmente na festa. Sentou-se ao lado de Lily numa poltrona perto da Lareira e sorriu pra amiga:
- finalmente...! – ela suspirou cansada – agora eu vou poder fazer alguma coisa que não seja estudar...! eu nem tive tempo de perguntar com quem você vai ao baile! Aposto que James te chamou! – ela riu feliz.
- Não... ele não chamou. – Lily disse distraída ao encarar o fogo – eu convidei o Lupin.
- Você o que?!?!?!?! – Mel perguntou assustadíssima – você convidou um dos melhores amigos do meu irmão apaixonado por você?!
- Lupin me pareceu um garoto legal... – Ela disse mais distraída ainda – eu achei que seria... bom... ir com ele....
- E ele aceitou?! – Mel perguntou mais abismada ainda
- Ele não quis aceitar no início... mas depois aceitou...
- Lily, só me responda uma coisa: por que você fez isso?!?!!
- Só se você me responder por que você aceitou ir com Ian e não pediu pra ir com Black? – ela disse olhando Mel pela primeira vez. – eu só acho que Lupin é um garoto legal. E... e... – ela imaginou uma desculpa – eu nem gosto do seu irmão! – mas ela não soou tão convicta.
- Bem... – Mel suspirou e olhou pros lados: James não estava na sala comunal. Ela se levantou e disse – eu já volto, só vou falar com James.
Ela perguntou a Peter que estava por ali (convidando uma menina do terceiro ano pra ir com ele) onde James se encontrava. Ele respondeu que estava no quarto dele e Mel subiu as escadas para o dormitório masculino. Encontrou com Lupin saindo do quarto deles:
- só tente faze-lo sair daí. – Lupin disse ao encontrar Mel e saiu de lá suspirando.
Mel entrou no quarto e encontrou James deitado sua cama. ele estava com a cabeça nos pés da cama, os pés na cabeceira e brincava com o pomo de ouro roubado que constantemente saia de seu alcance mais do que ele queria e o menino tinha que se sentar pra pegá-lo.
- veio ficar com pena de mim também...? – James perguntou a irmã quando a viu.
- Não. – ela disse sentando-se ao lado dele. – só vim saber por que você se deixou abater assim dessa vez! Eu nunca te vi assim!
- A Lily venceu Mel... – ele suspirou, segurando o pomo e o guardando no bolso – eu hesitei em chamá-la pro baile com medo de receber mais um não e ela venceu... eu não vou encher o saco mais...
- Eu ainda não entendi por que o Lupin aceitou!!! – Mel disse um pouco chateada com o menino.
- Eu disse a ele pra aceitar. – James disse se sentando – ele não queria mas antes ele que o Linton não é?
- E com quem você vai? – Mel perguntou encarando o irmão. ele parecia mais triste do que ela conseguia se lembrar.
- Eu não vou. – ele disse sério. – eu vou ficar por aqui.
- Não Jay! – Mel ficou abismada. Não conseguia imaginar James perdendo uma festa dessas – não! Você não pode!
- Posso sim. – ele disse encarando a coberta de sua cama – a verdade é que eu gosto da Lílian mais do que eu posso explicar e ela foi a primeira pessoa que conseguiu me fazer sentir como um nada e eu prefiro ficar aqui, curtindo a minha fossa do que sair pro baile e fingir que estou me divertindo.
- James... – Mel disse e abraçou o irmão. mas não falou mais nada. Sabia que James tinha um monte de defeitos, mas ser falso não era um deles. Ele não sabia fingir algo que não sentia.
- Vai, volta pra lá e me deixa aqui quieto vai... – ele disse quando eles se soltaram do abraço. – eu não quero você me olhando com essa cara como se eu tivesse morrido. Sai daqui anda!
Ele sorriu levemente pra ela e ela saiu dali sabendo que ele preferia ficar sozinho.


Na noite de sábado Mel desceu do dormitório das meninas acompanhada de Lily, as duas lindamente vestidas. Lily tinha um vestido de um tom de vermelho muito bonito, com detalhes dourados os cabelos estavam amarrados em um penteado que lembrava os bonitos penteados medievais e seus olhos tinham sido destacados com uma suave maquiagem.
Mel vinha com um vestido azul com bordados prateados e a única jóia que usava (o bracelete que tinha ganhado de Ian) combinavam perfeitamente com seus olhos. Os cabelos estavam lindamente presos em um coque desfiado de onde alguns cachos da menina caíam.
Quando elas terminaram de descer as escadas Lupin veio timidamente na direção de Lily e a tomou pelo braço. James estava sentado numa poltrona em um canto meio afastado e tentou parecer distraído com seu pomo de ouro, mas olhava de rabo de olho pra menina.
Sirius, que estava sentado numa poltrona lindamente vestido com suas veste de gala, se levantou ao olhar Mel descer as escadas e pareceu querer ir à direção dela, mas repentinamente se lembrou que seu par deveria estar o esperando na sala comunal da Corvinal e saiu de lá apressado. Ao ver a irmã James se levantou e foi até ela sorrindo:
- você esta mais bonita que eu imaginei...! – ele sorriu pra ela
- e você mais triste que eu imaginei. – Mel disse pegando numa das mãos do irmão e se dirigindo pra saída da Sala comunal.
- Espero que o Müller se comporte. – James mudou de assunto – e é isso que eu vou falar pra ele agora....
- Ai... – Mel suspirou – ótimo, lá vou eu passar vergonha...
Eles passaram pelo buraco do retrato e do lado de fora Ian esperava por Mel. Ele estava lindíssimo escorado no corrimão da escada ali perto e sorriu quando viu Mel. James se aproximou dele e entregou a mão de Mel a ele e depois disse:
- cuidado com ela, ou você morre. – ele fez cara de mau e saiu dali voltando pra sala comunal da Grifinória
- Muito gentil seu irmão. – Ian disse rindo pra Mel.
- Ele é um doce! – Mel sorriu também, temporariamente encantada com o menino.


O baile começou maravilhosamente. Quando Ian e Mel chegaram alguns pares já dançavam enquanto outros estavam nas várias mesas menores que tinham sido dispostas pelo salão principal. Mel observou Lily e Lupin dançando a um canto e Ian a chamou pra dançar também.
Ela ficou tímida por um tempo dançando com ele, mas não estava sendo um total desastre, e quando a musica parou e os pares se desfizeram pra aplaudir a banda que tocava num canto Mel se viu ao lado de Lupin. O menino a cutucou brevemente e sorriu pra Mel, piscando:
- Presta atenção no que eu vou fazer. – ele sorriu – James e Lílian vão se encontrar hoje querendo ou não.
Mel sorriu de volta percebendo que ele tinha um plano e Ian a chamou pra dançar mais uma musica. Depois de um tempo então eles se sentaram em uma mesa com Lupin e Lily e Peter e sua acompanhante. E Mel começou a conter as suas risadas quando percebeu o que Lupin estava fazendo.
Ele conversava com todos a sua volta, com Peter e a acompanhante dele, com as pessoas da mesa mais próxima, se virava pra conversa com Ian, mas não trocava uma só palavra com Lily.
Mel tentou cooperar conversando muito com Ian e falando com Lily só o essencial, como se tivesse enfeitiçada pelo menino e não pudesse fazer mais nada a não ser olha-lo.
E tudo parecia cooperar com o plano de Lupin. Passada uma hora e meia de que eles estavam no baile uma menina veio a mesa deles e pediu pra dançar com Lupin. Ele sorriu marotamente e pediu a Lily:
- você se importa....?
- ah. Claro que não... – ela disse e ficou olhando pra o seu par sair da mesa com outra garota. Depois olhou pros lados com aquela cara “o-que-é-que-eu-tô-fazendo-aqui” e se levantou.- Boa noite. – ela disse vagamente parecendo chateada e saiu do salão principal.
- Deu certo! – Mel riu vendo Lily ir embora.
- O que...? – Ian disse sem entender nada.
- Ah, depois eu te explico...! – Mel disse sorrindo feliz.


Lily andou por um tempo sem saber aonde ir e depois se decidiu pela sala comunal. “não deve ter ninguém lá mesmo”ela imaginou rumando pra lá.

Só depois que Lily saiu de lá que Mel pode perceber o que estava acontecendo em volta dela: não muito longe dali Sirius se exibia com seu par, dançando e rindo e conversando com alguns alunos da Corvinal que estavam com eles. Repentinamente ela sentiu uma pontada no coração e desviou o olhar.

Lily entrou na sala comunal da Grifinória e ficou espantada de ver James ainda de uniforme (sem gravata e com os botões da camisa abertos até quase a metade), sentado no tapete a frente da lareira e jogando uma bola colorida, que Snuffles, o gato de Mel perseguia e trazia hesitantemente de volta pra James
- Bom garoto... – James disse pegando a bola da boca do gato sem perceber que tinha mais alguém ali – eu devo tá pirando mesmo... to falando com você como se falasse com um cachorro.... – ele observou o gato que tentava desesperadamente pegar a bola
- Você não é louco, o gato da Mel é que é estranho e age como um cachorro... – Lily disse sentando-se numa poltrona ali perto.
- O baile acabou...? – James perguntou abobado por vê-la ali sozinha. Ele soltou a bolinha e Snuffles a pegou e saiu brincando.
- Não... só não estava divertido. – ela disse vagamente o olhando – e resolvi voltar pra cá. – ela ficou curiosa – eu não te vi no baile.
- Eu não fui. – ele disse levantando do chão e sentando-se numa poltrona na frente dela. – não estava com vontade.
E apesar da idéia de Lily inicialmente ser a de subir pro seu quarto alguma coisa brilhando nos olhos de James fez com que ela resolvesse ficar ali com o menino.

No baile Mel ficou um tempo sentada conversando com Ian, mas sua mente estava totalmente no animado e desinibido Sirius que exibia Nancy pelo salão. Mel ficou com o coração doendo quando viu os dois saindo sorrateiramente (tentando não chamar a atenção de nenhum professor) de lá em direção aos jardins. Ela sabia muito bem o que os casaizinhosiam fazer quando iam se esconder pelos jardins. E teve vontade de sair correndo de lá.

Lily ficou tão estranhamente encantada pelo menino que de repente apareceu na sua frente que ela se sentiu confusa. James pareceu feliz por ter companhia quando ela chegou lá e conversou longamente com ela. Falou de coisas totalmente distintas, falaram sobre suas casas, seus pais e conversaram sobre a escola e sobre a vida depois de saírem dali de Hogwarts. Ela ficou tão impressionada que deixou escapar uma frase que não tinha planejado falar:
- o que aconteceu pra você ficar assim...?
- eu sou um pouco diferente do que você imagina Lily... – James disse e depois se corrigiu – Evans...
- tudo bem, pode me chamar de Lily. – ela sorriu e ele quase se derreteu pelo sorriso.
- Eu não sou só um idiota engraçadinho. – ele sorriu, daquele jeito maroto que ele tinha – tem alguma coisa por dentro quando você olha.
- Eu estou percebendo isso agora...! – ela sorriu de volta



- Mel...? – Ian perguntou cuidadosamente depois de um tempo que eles estavam conversando – será que você gostaria de me acompanhar até o jardim...?
- Ahhh... – Mel abriu a boca e ficou sem saber o que falar por um instante. Depois se lembrou de Sirius saindo com Nancy e sorriu – claro Ian. Eu adoraria.
Eles saíram se chamar atenção de ninguém. Ian parou na frente da arvore que Mel tomava café todo sábado de manhã.
- você quer ficar aqui...? – ele perguntou carinhosamente – eu sei que esse lugar é importante pra você.
- Não. – ela disse firme. Ela se sentiria estranha ficando ali com Ian. Aquele lugar era como algo sagrado que pertencia a ela e Severo, e ninguém mais. – alguém pode nos ver aqui.
Eles andaram mais um pouco e pararam atrás de alguns arbustos altos. Ian se encostou na “cerca viva” e puxou Mel um pouco mais pra perto. O corpo da menina estremeceu totalmente. Ela sabia o que aconteceria ali e não tinha certeza se queria aquilo.
- eu gosto de você Mel... – Ian disse. O rosto do menino estava a centímetros do dela e ela via os olhos verde brilhantes do garoto. – você sabe o quanto eu gosto de você.
- Eu sei... – ela disse sussurrando sem conseguir retribuir de maneira adequada.
- E você sabe que eu quero mais do que ser seu amigo. – ele disse acariciando o rosto dela. – você é muito especial. Você não tem medo das pessoas, sabe... você domina um lugar com sua presença quando entra nele.
- Você está exagerando... – Mel disse mexendo nervosamente na gravata do menino. Ela se aproximou um pouco se rendendo as palavras e ao jeito sedutor de Ian.
- Não estou... – Ian disse segurando o rosto de Mel com uma das mãos. – eu não me lembro de ter tido tanta vontade de estar com uma garota como eu tenho vontade de estar com você...! eu posso Mel...? – ele perguntou aproximando seu rosto ao dela. – posso...?
- Pode... – Mel disse lentamente e viu o rosto dele se aproximar mais ainda.
Ela fechou os olhos e sentiu mil coisas passando pelo seu coração. Muitos anos depois ela veria a perceber que aquilo não era exatamente o que ela queria fazer, mas foi um momento mágico de qualquer jeito.
Ele a envolveu num abraço e seus lábios se tocaram suavemente. As bocas se encontraram sem pressa e foram se descobrindo aos poucos. E quando eles saíram de lá um pouco mais tarde ela se sentia parcialmente feliz.



Uma sombra saiu de perto da cerca viva depois que Mel e Ian saiu dali. Se dirigiu pra dentro do castelo e andou pelos corredores vazios até entrar na sala comunal da Sonserina. Passou pelas poltronas e pela lareira entrou no dormitório masculino se dirigiu ao seu quarto e fechou a porta atrás de si. Sentado na sua cama, no escuro, ele tirou a varinha das vestes e começou a brincar com ela. Seu coração queimava em um sentimento que ele não sabia distinguir o que era. Fagulhas vermelhas saíram da varinha apontada pro teto e flutuaram pelo ar. Ele moveu a varinha lentamente e as fagulhas vermelhas acompanharam formando o nome de quem tinha causado o sentimento doloroso: Melanie.
E uma lágrima, uma única lágrima caiu de seus olhos. E ele prometeu que nunca, não mais ele se permitiria sofrer daquela maneira por outra pessoa.


Mel foi uma das primeiras pessoas a chegar na sala comunal da Grifinória e ficou maravilhada ao encontrar James e Lily rindo ao jogar uma partida de xadrez de bruxo. Sabia que eles não estariam já de beijos e abraços, mas ver que eles não se mataram ao ficar sozinhos e estavam rindo e se divertindo juntos era um avanço ENORME.
- xeque mate. - - Lily disse rindo ao mexer uma de suas peça no jogo.
- De jeito nenhum!! – James falava rindo pra menina – eu jogo isso desde que aprendi a falar e você disse que tava aprendendo agora!
- Sorte de principiante! – ela disse e sorriu mais expressivamente ao ver Mel – Mel! Já de volta?
- Tudo bem Mel? – James disse com um sorriso de orelha a orelha.
- Ahh... tudo! – Mel disse de maneira sonhadora, indo ao dormitório das meninas.
- Com licença James... – Lily disse se levantando e indo atrás de Mel. Estava louca pra saber como tudo tinha sido. Mas no meio do caminho parou e o olhou com um sorriso lindo nos lábios. – foi uma ótima noite.
- Com certeza... – O menino disse suspirando feliz.


Depois de toda a agitação do baile voltar aos NOM’s não foi nada bom. Mel ficou mal-humoradíssima e estava facilmente se irritando com qualquer um. Mais especificamente com Sirius. Ele parecia insuportável e sem motivo aparente.
Perseguia-a sempre que podia, enchendo o saco e rindo, como fazia antigamente. Tinha se tornado rude quando ela se dirigia a ele. e Mel se chateou. Não sabia exatamente o que tinha feito pra merecer isso, mas numa manhã James disse algo que a fez pensar:
- Ian tem sido um bom namoradinho...? – ele perguntou. Mel e Ian estavam se encontrando periodicamente e tinham engatado algo como um namoro, mas nada sério. James não estava gostando nada disso. Ciúmes, achava Mel. – Sirius e eu achamos que é melhor você desfrutar dele o quanto puder, por que se depender da gente, ele não vai te paparicar muito mais não!
Sirius não poderia estar daquele jeito por isso. Mel só tinha aceitado o “namoro” que Ian tinha proposto por estar demasiado triste em observar Sirius passear pelo castelo sempre rodeado de garotas e na maioria das vezes agarrado a uma delas.
Perto do fim, quando os exames estavam começando e Mel passava mais tempo na biblioteca do que no resto do castelo, ela encontrou com Sirius num momento que parecia nada propício. Pra ele.
- não esquenta rabicho. Ninguém vai descobrir. – Sirius falava alegremente – E vai ser a lição suprema que aquele seboso vai aprender na vida dele.
- ele pode se machucar Almofadinhas! – Rabicho disse parecendo mais amedrontado do que divertido
- essa é a idéia não é? – Sirius perguntou o olhando como se ele fosse um débil mental.
- Mas se descobrirem nós poderemos ser expulsos! – o menino insistiu
- Não acho que o Seboso vai estar em condições de contar quem fez aquilo com ele quando o acharem! – Sirius riu alto – e todos vão pensar que ele se ferrou por ser o que é : um enxerido, curioso e idiota que está sempre arrumando um jeito de nos pegar e acusar!
- O que você fez com Severo? – Mel disse parando na frente dele repentinamente. Tinha ouvido a história e não estava nada feliz.
- Não é da sua conta. – ele respondeu sorrindo e se desviando dela.
- Black! – Mel parou na frente dele mais uma vez – o que você fez com ele?!
- Mel sai da frente. – ele grunhiu e tentou passar.
- Não! – ela disse se colocando na direção pra onde ele se desviava – eu sei que você fez algo com ele e você vai me falar!
- Eu não sei por que eu ainda me admiro com você tentando ajudar aquele ranhoso patético! – ele disse com raiva – ele só tem tentado me ferrar e ferrar seu irmão desde que chegou aqui, ele só tem te ignorado a mais de um ano e você ainda se dá ao trabalho de ajuda-lo! – ele ficou com a face avermelhada pela raiva que sentia – não, eu não vou falar onde ele está e o que eu fiz e ele que se dane sozinho!
- Sirius disse a ele como e onde encontrar o Aluado! – Rabicho abriu a boca e disse num sussurro. Ele parecia aflito e olhava pros lados enquanto torcia as mãos.
- Não! – Mel ficou horrorizada com o que o menino tinha dito. Olhou pra face de Sirius – me diz que você não fez isso!
- Fiz! – Sirius disse sem hesitar. – e ele vai se ferrar por ser um idiota que acha que pode nos dedurar e acabar com a gente.
- Ele pode morrer! – Mel disse mais horrorizada ainda – você não percebe o que você fez?! Você pode mata-lo!
- Vai ser azar dele. – Sirius disse sem hesitar a olhando firmemente
- Remo pode ser descoberto! Dumbledore pode ser culpado por isso! – ela quase gritava – você não percebe?!?
- Vai ser só uma fatalidade. – Sirius riu – pro Seboso é claro.
- Diga-me onde ele está agora! – Mel ordenou a ele
- Não. – Sirius disse fortemente
- Black! – Mel disse mais percebeu que não adiantaria implorar. O semblante dele estava duro como pedra e ele estava sendo dominado pela raiva. Ela se virou pra rabicho – Peter! Diga-me e eu vou ajuda-lo!
- Não Mel! – rabicho parecia preocupado – pode ser perigoso pra você!
- Então vá lá! – Mel apelou a ele – ajude-o!
- Não! – rabicho disse dando um pulo pra trás como se tivesse sido cutucado com algo – eu não!
- Covardes! – Mel gritou pra eles se afastando. – onde está James então?!
- No vestiário do campo de quadribol! – rabicho gritou a ela
Mel largou os livros e a mochila a um canto e correu o mais rápido que podia dali, deixando-os a olhando. Ela ainda olhou pra trás e gritou com raiva:
- se acontecer alguma coisa com Severo, Black, eu juro que te mato!
Ela bateu desesperadamente na porta do vestiário chamando por James quando chegou lá. A porta se abriu depois de um tempo e James a olhava como se ela estivesse pirando:
- tá louca?! – ele perguntou fechando a porta do vestiário atrás de si. – nós estávamos numa reunião aqui! Estamos decidindo quem vai ser o capitão do time ano que...
- Sirius! – Mel o cortou com a fala um pouco ofegante – ele disse a Severo como encontrar Remo!
- O que?!?! – James perguntou não querendo acreditar nisso. – ele não fez isso!
- Fez! Eu acabei de encontra-lo, ele e Peter! E Peter me disse que ele tinha feito! Vamos Jay! – ela disse o puxando pela manga das vestes – Severo está correndo perigo!
- Eu mato o Almofadinhas! – James disse parecendo furioso com seu melhor amigo. Era a primeira vez que Mel via isso. ele correu dali em direção aos jardins, mais especificamente perto do salgueiro lutador e Mel correu atrás dele. – Não! – James gritou a ela. – você fica, é perigoso de mais!
- E você?! Eu posso te ajudar! – Mel disse preocupada
- Não! – James parou de correr e a segurou – você fica, eu sei como lidar com aluado, mas ele pode machucar você! Já basta aquele idiota do Seboso que foi estúpido de mais pra ir atrás de uma pista do Almofadinhas!
- Mas Jay... – ela começou e ele interrompeu
- Você fica e vai contar a Dumbledore o que aconteceu! – James disse correndo de novo – traga Dumbledore aqui!
- Tá.... – Mel disse e saiu correndo em direção ao escritório do diretor.
Quando chegou ao corredor onde ficava a sala de Dumbledore, ela se lembrou que não sabia a senha. Não dava tempo de ficar ali divagando sobre qual doce seria daquela vez e decidiu correr ao escritório de McGonagall.
Ficou apavorada quando chegou ao escritório da diretora e não encontrou ninguém. Ficou um tempo sem saber pra onde ir, andou de um lado pro outro. Estava perdendo minutos preciosos ali, e não dava pra ficar correndo pelo castelo em busca de alguém. Foi quando Pirraça veio flutuando de costas pelo ar, mexendo as pernas como se nadasse em uma piscina e soltando penas, que provavelmente tinha tirado de algum travesseiro, pela boca.
- Pirraça! – Mel gritou e o poltergaister fingiu engasgar com um pena.
- Lady Gray.... minha maldosa e terrível Lady gray!!!! – o fantasma disse depois da extensa encenação de engasgo com a pena e a cuspiu a pena na cara dela. – o que você faz aqui... maquiavélica Lady Gray?!
- O diretor! – ela disse ofegante – onde está Dumbledore? Você sabe?!
- Eu o vi entrando na cozinha... há pouco tempo.... – o fantasma voltou a flutuar no ar de costas, juntou as mãos atrás da cabeça e voltou a cuspir penas.
Ele geralmente não cooperava com ninguém, mas parecia gostar de Mel e ela o agradeceu várias vezes enquanto se afastava e rumava pra cozinha. Parou na frente do quadro de fruteira e ia fazer cócegas na pêra verde quando o diretor saiu detrás do quadro.
- Mel...? – ele perguntou desconfiado. – o que você faz aqui...?
- Vem comigo Alvo! – ela disse e o puxou pela mão. – Jay! E Severo! Eles estão em perigo!
E correu com o diretor atrás dela, contando aos poucos o que tinha acontecido.

Na metade do caminho pros jardins Dumbledore tomou a frente e pediu que Mel a esperasse no castelo, mas ela estava apreensiva de mais pra obedecer. Foi com ele até a enorme arvore que tinha “vida própria” e viu que ela estranhamente não se mexia. O diretor fez que procurava algo entre as raízes, mas Mel deu um gemido de surpresa quando viu a cabeça de James sair de um buraco próximo ao diretor. Ele e Severo vinham se debatendo e gritando um com o outro:
- Me solta Potter! – Severo tentava se soltar de James que o segurava fortemente pelos braços.
- Cala a boca e não enche! – James disse ofegante ao tentar conte-lo – eu acabei de salvar a sua vida!
- Você salvou a sua pele seu idiota arrogante! Você... – mas a voz dele sumiu ao avistar a figura imponente do diretor parado na frente dos dois.
- Severo, James... – Dumbledore disse firmemente – me acompanhem.
Ele deus as costas aos garotos que se acalmaram e o seguiram, calados.
Mel atrás deles.

Dumbledore pediu que ela esperasse do lado de fora quando entrou com Severo e James em seu escritório. Os dois estavam exaustos e com muita raiva um do outro, mas não pareciam machucados.
Ficaram lá dentro com o diretor por muito tempo, depois saíram os dois de lá, juntos, mas sem trocar uma palavra. Mel correu pra eles quando os viu, mas Severo simplesmente a olhou com desprezo e deu as costas.
- você devia ao menos agradece-la! – James gritou a ele com raiva – se não fosse pela Mel eu nunca saberia que você estava lá e você sabe muito bem o que te esperava!
Severo analisou Mel por um momento como se pensasse em admitir aquilo mas depois seu rosto se contorceu em uma careta de repugnância:
- você é tão ruim quanto ele. – ele disse num tom baixo e seco a olhando e depois saiu dali rapidamente.
Mel abaixou a cabeça e não disse nada. James foi até ela, levantando sua cabeça:
- não abaixe a cabeça pra ele. – James disse a olhando – sua bondade de ainda o considerar é mais do que ele merece Mel, e você não precisa se rebaixar por isso.
- você está bem? – ela perguntou enxugando rapidamente a lagrima que tinha caído de seus olhos. ela não sabia se era por Severo ou se era por ter tido uma decepção tão grande com Sirius como a que tivera naquela noite.
- Eu estou bem sim, - ele disse começando a andar e a puxando com ele – mas o Almofadinhas vai ter muito o que ouvir essa noite...! ahhh vai!



Mel nunca tinha visto James tão carrancudo como vira na noite que ele e Sirius passaram discutindo sobre o que tinha acontecido. Sirius tentou ainda por um tempo parecer cheio de razão, mas James tanto disse que fez com que a consciência dele pesasse. Falou com aquilo podia ter sido prejudicial pra Lupin e pra Dumbledore, como a escola poderia estar com sérios problemas se Severo fosse atacado e Sirius não contestou mais. Simplesmente se calou, sem pedir desculpas. Ele e James passaram algumas horas chateados um com o outro, mas depois já estavam sentados, rindo juntos. Já Lupin levou um tempo maior pra voltar a falar normalmente com Sirius, e Mel percebeu que foi somente pra Lupin que Sirius pediu desculpas e com o tempo eles estavam normais um com o outro também.
Mel tentou se concentrar o máximo nos seus exames e só queria que aquilo acabasse logo. E depois que ela muito pediu os exames terminaram e naquela manhã eles voltariam pras suas casas.
Mas Mel surpreendeu até a James quando, naquela manhã apareceu atrasada e sem uniforme na sala comunal, onde todos se despediam uns dos outros.
- você não vai?! – James perguntou quando Mel lhe deu aquela noticia
- só vou passar o primeiro mês das férias aqui. – ela explicou – depois vou pra casa. Combinei isso com papai a poucos dias, por cartas.
- Mas.... – James tentou contestar.
- Eu só preciso de um tempo sozinha James. E aqui eu posso ficar sozinha. – ela continuou explicando. Precisava mesmo tentar organizar sua vida. Sirius a observava um pouco afastado. Eles não tinham trocado uma palavra desde a fatídica noite. – depois eu vou me juntar a você! Juro que vou estar lá pro seu aniversário.
- Eu espero então. – James suspirou. – vamos até os portões com a gente...?
Ela desceu com eles e deu muitos abraços em Lily e Alice e Frank antes deles partirem e quando já pensava em voltar pra sala comunal quando sentiu alguém tocar de leve seu ombro. Se virou distraidamente e quase teve um choque quando encontrou o rosto amargo de Severo a olhando.
- eu tenho que te agradecer. – ele disse seco como se alguém o obrigasse – obrigado por ter mandado seu irmãozinho me salvar naquela noite.
Mel o observou pasma por um momento. Por mais que aquelas palavras fossem ditas com muito sarcasmo, ela se sentiu feliz por ouvi-las.
- talvez eu venha te julgando mal. – ele disse mais baixo.
- Isso quer dizer... – ela disse cuidadosa – que você vai parar de me ignorar...? vai ser tudo como antigamente...?
- Não! – ele disse como se aquela idéia fosse impossível – nossas vidas já seguiram caminhos diferentes Melanie. Nunca mais vai ser como antes.
- Se nos tentássemos seria sim! – ela insistiu – se você pudesse....
- Boas férias. – ele disse a cortando e deu as costas, indo em direção aos portões da escola.

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