A Complicada Revelação




As férias eram sempre empolgantes no começo. Ela se sentia tremendamente bem quando tinha pessoas que se preocupavam em dar atenção a ela, e no dia que todos foram embora ela passou um longo tempo conversando com o professor Flitwick e conseguiu até fazer com que ele participasse de um jogo de snaps explosivos com ela.
Quando a escola se tornou mais vazia, quando alguns professores partiam, ela costumava conversar com os fantasmas. Eles eram ótima campainha quando ela não podia atrapalhar os outros em seus afazeres, e geralmente os fantasmas, por não ter mais o que fazer, ficavam bem felizes quando tinham alguém pra conversar. Nick quase sem cabeça, fantasma da Grifinória costumava conversar por algumas horas com ela na sala comunal antes que ela fosse dormir e algumas vezes Frei gorducho tinha aparecido e eles travaram uma animada conversa sobre como Hogwarts era há alguns anos atrás e como poderia ser no futuro. Pirraça também era engraçado às vezes quando não implicava com ela e uma vez ou outra Mel ficou escondida em um canto rindo enquanto ele executava as encrencas previamente preparadas pelos dois para pegar o zelador.
Logo nos primeiros dias ela recebeu cartas de Lily e continuava recebendo sempre, ás vezes os pergaminhos que elas se escreviam eram tão longos quanto um livro. Seu pai lhe escreveu logo também. Ele perguntava como ela estava, combinava quando iriam se ver. Mel se sentiu tremendamente estranha ao responder aquela carta, seu coração por um momento não soube muito bem o que sentir. Mas ela tentou se alegrar por imaginar que ele viria vê-la e acabou se empolgando com a idéia.
Passava sempre um bom tempo também com professora McGonagall, que tinha se apegado mais ainda a Mel. Tinha extremo cuidado com a menina e se preocupava se ela estava se alimentando bem e se tinha sempre alguma coisa pra fazer, pra que não se sentisse abandonada. Mel secretamente começou a imagina-la como uma mãe. Ela nunca tinha tido uma e achava que geralmente as mães eram como a professora era para ela: cuidadosa e carinhosa, ainda que um pouco muito severa em alguns momentos.
Quando ela estava ficando um pouco entediada, depois das duas primeiras semanas, ela pediu que a professora a levasse a Hogsmade.
- Eu não vou poder hoje querida. – ela respondeu arrumando alguns papéis em seu escritório – estou um pouco atarefada com algumas cartas que tenho que enviar pela escola, mas se Hagrid não estiver atarefado você poderia pedir a ele. Diga que tem minha autorização. – a professora disse ao receber um beijo da menina, que agradeceu e saiu correndo em direção a orla da floresta.
- Tudo bem, tudo bem!! – Hagrid cedeu depois que ela ficou meia hora pulando em volta dele e pedindo. – eu só vou lavar as mãos!
Ele disse e em minutos eles estavam perambulando pelas ruas do povoado, parando em vitrines apontando coisas e ficando extremamente empolgada.
- Você já tinha vindo antes não é? – ele perguntou rindo da empolgação da menina
- É, mas eu não me lembrava dos detalhes e sabe, eu gosto de pensar que sou a única aluna que pode vir aqui antes de estar no terceiro ano! – ela disse rindo.
Conversou com Dumbledore durante as férias também, apesar dele parecer muito mais atarefado naqueles dias do que nas férias passadas. Ela conversava com ele vagamente enquanto ele estava lendo algumas cartas do ministro da magia, enquanto fuçava nos instrumentos estranhos que estavam por ali, ou brincava com Fawkes.
- Recebi uma carta do meu pai ontem... – ela disse vagamente enquanto alisava algumas penas da fênix. – ele vai vir logo.
- Vocês têm se correspondido sempre? – ele perguntou dobrando uma carta e a colocando no envelope de novo.
- É... Constantemente. – ela disse vagamente – ele me disse que está trabalhando muito.
- As coisas têm estado bastante turbulentas no ministério... – o diretor disse ao abrir outra carta e ficar um longo tempo em silêncio.
Ela cutucou alguns objetos estranhos de metal que pareceram resmungar quando ela os tocou e um até escorregou para um lado um pouco pra longe dela. Mel se levantou e foi até a janela, sentando-se no parapeito. O diretor viu e a advertiu:
- Tenha cuidado, não é uma queda muito agradável. – ele disse e voltou a carta
Mel olhou pra baixo e experimentou um sentimento curioso ao ouvir isso do diretor. Sentiu que ele a tratava como a uma filha também. Sorriu pra si mesma e ficou observando o céu muito azul por um tempo quando percebeu uma coruja que vinha em sua direção. Esticou o braço esperando que ela pousasse e a coruja parou agradecida. Parecia ter feito uma longa viagem. Olhou a carta e viu que era pra ela.
- Mais correspondência...? – Dumbledore olhou cansado pras cartas em sua mesa.
- É pra mim! – ela sorriu e desamarrou a carta do pé da coruja. Depois olhou a pobre ave e disse simpaticamente alisando suas penas – vá ao corujal, você pode descansar lá antes de levar minha resposta, eu te procuro. – Mel se afundou em uma poltrona e desenrolou o pergaminho rindo ao ver a letra de Severo.
“Melanie, não tenho tido muito tempo. Por isso não escrevi. Não consigo imaginar que você possa se divertir nesse castelo deserto, mas espero que esteja. Não há muito o que contar já que não estamos em contato a tanto tempo, já lhe disse que minha casa não é muito divertida e o muito que tenho a fazer por aqui com certeza não vai lhe interessar. Não interessa nem a mim.Talvez me candidate a ficar aí nas próximas férias. Vejo você em 1o. de setembro. Severo”
- Seco e estranho como sempre. – ela disse rindo e embolando a carta que tinha recebido do amigo de novo.
- Suponho que seja de Snape. – prof Dumbledore disse sorrindo
- Quem mais mereceria essa descrição? – ela perguntou rindo também
- Bem, é verdade. – ele disse
- Acho que vou pro meu quarto – ela disse se levantando – responder a essa carta estranha...!
- Só mais uma coisa Mel. – ele disse quando ela alcançou a porta – você tem pelo menos se empenhado em conviver melhor com seu irmão...? Acho que é uma coisa em que você deveria se empenhar
- Bem... – ela murmurou encostando-se à porta – não é nada fácil quando ele fica me enchendo o tempo todo...!
- James só é um pouco custoso como...
- Uma mula? – ela perguntou
- Melanie. – ele disse num tom levemente rígido
- Desculpe, - ela se corrigiu – eu prometo que vou tentar, mas não é nada fácil quando dois dos meus três melhores amigos o detestam.
- Eu insisto que é algo importante. Querendo ou não você é irmã dele, querida. Isso é uma coisa que eu creio que não devia ter sido ocultada de James.
- Bem eu prometo que vou tentar, mas... A gente pode contar só quando ele tiver deixado de ser irritante não pode...?
- Acho que será a melhor maneira. – ele disse sorrindo
- Então te vejo no jantar! – ela disse jogando um beijo pro diretor e saindo da sala em direção ao seu quarto.
A visita de seu pai foi bem menos interessante do que ela imaginava. Anthony pareceu bem mais rígido do que ela previa. Tudo bem, ele era bastante simpático e alegre, gostava bastante de conversar, mas não ficava muito feliz quando as coisas saiam da linha que ele traçava. Mel começou a imaginar se James seria tão peste em casa como costumava ser na escola. Apesar dela ter feito bastante força pra que alguém pudesse leva-la a casa de Lily, mas ninguém pareceu ter tempo. Inclusive os materiais que ela precisava para começar o terceiro ano foram encomendados por meio de cartas e entregue no castelo por corujas e Mel começou a perceber que alguma coisa bem estranha estava acontecendo fora do castelo. As pessoas pareciam mais atarefadas. Mais desconfiadas. Um pouco mais de tempo e mais explorações pelo castelo depois Mel viu os seus colegas voltarem e encherem aqueles cantos de conversas e risadas de novo.


O terceiro ano parecia bem empolgante. Eles começavam matérias novas e estavam envolvidos com coisas diferentes. Mel de alguma maneira sentia-se mais crescida com isso. Nas primeiras semanas de aula se sentia tão empolgada que simplesmente esqueceu-se da promessa que tinha feito a Dumbledore de que tentaria ao máximo se aproximar de seu irmão, e, ao contrario, tinha se envolvido em uma ou duas brigas por causa da maneira idiota de James tratar algumas pessoas. Pelo menos não estava sozinha nessa. Lily geralmente a apoiava nessas empreitadas.
As matérias novas estavam sendo um desafio a ela. Andava passando mais tempo na biblioteca agora do que antes, e geralmente tinha que garimpar alguns livros. Um dia procurava um livro especialmente requisitado de Runas Antigas, e quando ia pegar por um solitário exemplar na estante foi abordada por um grupo de alunos da Sonserina.
- Solte isso sua sangue-ruim...! – um garoto alto do quinto ano, olhos cinza e cabelos loiros muito bem penteados disse empurrando-a pro lado e pegando o livro que ela ia pegar. Ela já tinha o visto algumas vezes conversando com Severo, chamava-se Lucio Malfoy e parecia bem idiota pra ela. – e, aliás, eu nem sei se você consegue entender o que está escrito aqui...!
- Certo ... – ela saiu murmurando pra si mesma e sentando-se em uma mesa mais afastada e pegando um pergaminho e pena – muito bem... Eu não preciso do livro só por que sou sangue-ruim... Como se ele me atingisse de alguma maneira me chamando assim...!
- Pode usar o meu se você quiser, eu não estou usando agora. – um menino pálido de olhos castanhos bem claro disse e sentou-se na frente dela entregando um livro
- Ahhh... – ela pegou o livro e sorriu agradecida – bem. Obrigada!
- Tudo bem... – o menino abriu a mochila pegando alguns livros e abrindo um pergaminho limpo.
- Lupin seu nome não é...? – Mel perguntou tirando os olhos do livro – você é amigo do Potter.
- É. – o menino sorriu e estendeu a mão a ela. – Remo Lupin.
- Melanie Gray. – Mel disse apertando a mão dele – apesar de que você já deve saber meu nome... O Potter costuma gritar ele aos quatro ventos enquanto me enche o saco...
- O James é meio brincalhão, você sabe... – ele disse como se desculpasse pelo amigo – mas é uma boa pessoa.
- Bem... Cada um acredita no que quer não é? – ela disse sorrindo
- Talvez se você o conhecesse melhor. – Lupin disse voltando os olhos pro pergaminho
- Talvez... – ela disse mais baixo, também voltando sua atenção pro livro e lembrando-se da promessa feita ao diretor – se eu tivesse a chance.
Eles trabalharam em silencio por um bom tempo e Mel não pode se arrepender por não estar tentando fazer amizade com seu irmão por que tinha uma longa lista de símbolos para decifrar e estava atolada neles. Anotando rapidamente tudo que conseguia entender no seu pedaço de pergaminho ela não percebeu quando outras três pessoas sentaram-se na mesa em que ela e Lupin trabalhavam
- Vocês deveriam estar trabalhando nisso também. – Lupin disse fazendo Mel despertar de sua tarefa
Ela olhou em volta e se viu cercada. Ou foi mais ou menos assim que ela se sentiu. De um lado seu estava sentado Sirius Black e do outro Peter Pettigrew . Na sua frente os olhos brilhantes de James a encaravam, ele olhou pra Lupin sorriu do comentário dele e passou a mão pelos cabelos os bagunçando.
- Eu termino isso em segundos quando o pegar pra fazer! – James disse rindo – tenho coisas mais importantes pra me preocupar.
- Mais importante que o trabalho de poções...? – Perguntou Pettigrew que pegava seus livros agora também
- Claro! Quadribol! – James disse enfiando a mão no bolso e pegando um pomo de ouro.
Mel abaixou a cabeça pro livro e rezou pra que James não implicasse com ela agora. Só queria terminar aquele dever. Mas não demorou muito:
- Gente nova por aqui Remo? – ele perguntou olhando pra Mel.
- Emprestei meu livro de Runas. – ele respondeu displicentemente e olhou pra Black que estava sentado numa cadeira, com os pés cruzados em cima da mesa – não vai fazer também Sirius...?
- Não preciso fazer isso agora. – ele disse simplesmente cruzando as mãos atrás da cabeça e bocejando.
Mel olhou pra ele rapidamente. Ainda tinha aquela impressão estranha sobre ele desde o fim do ano letivo passado. E ele pareceu mais bonito pra ela agora do que antes. Tentando se concentrar de novo ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e olhou de novo pro livro.
- E então Gray, xeretou muito nessas férias...? – James perguntou guardando o pequeno pomo de ouro
- Eu não fico aqui xeretando nada Potter... – ela disse vagamente, sem tirar os olhos do livro, tentando não se aborrecer.
- Deixa eu dar uma olhada nisso...! – ele disse indo até Mel e puxando o pergaminho que ela trabalhava das mãos dela. – é nisso que você tá trabalhando..?! Pra quê essa cara de concentração então...?! É muito fácil...
- Me devolve por favor...? – ela disse respirando fundo, se controlando – eu só quero terminar isso e ir embora...
- Deixa ela em paz James...! – Sirius disse sem muita convicção e rindo um pouco sarcástico
Mel olhou pra ele e ficou vermelha ao perceber que ele a encarava.
- Aaahhh... peraí! Talvez você só esteja aqui pra ficar perto do Sirius! – ele falava enquanto andava em volta dela balançando o pergaminho na mão - Tá apaixonada Gray? Você me pareceu apaixonada aquele dia, quando estávamos indo embora! E olha que eu achava que você e aquele seboso estavam de casinho...!
- Não enche Potter. – ela disse de uma vez se levantando e usando seus poderes pra pegar a folha de pergaminho de volta da mão dele, que não esperava por aquilo e não ofereceu resistência a tentativa dela. Ela pegou o pergaminho e se sentou de novo, com a cara enfiada no livro. – você não tem nada a ver com a minha vida...! – ela disse sem muita convicção lembrando-se que ele era seu irmão.
- Certo, então você talvez precise de uma musiquinha... – James disse se sentando e rindo. Peter e Sirius riam também. Lupin parecia indiferente. – Tipo... Gray and Sirius set on the tree, K-I-S-S-I-N-G...!
Sirius sorria ajeitando os cabelos. Parecia acostumado com aquilo. Parecia até se divertir. Peter ria tirando os olhos do livro. Podia cair da cadeira de tanto que ria se não se controlasse.
- Certo, o que você quer pra parar de me encher...? – Mel disse olhando James nos olhos. Queria já ter derrubado aquele garoto no chão e o azarado até que ele não tivesse mais duas pernas pra sair dali, mas lembrava-se da promessa ao diretor e de seu pai.
Ele ficou quieto por um momento e depois olhando Sirius, que balançou a cabeça pra ele em sinal de sim.
- Certo Gray, você conhece muito bem essa escola, talvez melhor que nós, que estamos rondando ela desde que chegamos aqui. – ele disse de uma vez – mas nós precisamos de um lugar por aqui, que seja grande, tenha espaço, mas que seja seguro. Que ninguém possa encontrar.
- Bem... O que vocês estão pensando... – ela começou a dizer, mas viu os olhares de censura de James e Sirius – tá, eu não pergunto o que vocês vão fazer... – ela suspirou e pensou um pouco – vocês conhecem uma sala de uma passagem secreta que fica atrás do grande espelho no quarto andar...?
- Não... – Sirius disse animado sentando-se direito na cadeira – existem outras passagens secretas...?
- Não sei. – Mel disse desconfiada o observando – eu só conheço essa... E não sei pra onde a passagem vai dar.
- É uma sala grande? – James perguntou empolgado
- Tem bastante espaço. E ninguém sabe dela, foi o que me disse um dos fantasmas... Filch não tem idéia.
- Vamos checar sua informação Gray. – James disse se levantando e chamando Sirius para segui-lo só com um aceno de cabeça.
- Você pode me devolver o livro depois, à noite na sala comunal. – Lupin disse jogando suas coisas dentro da mochila e indo atrás deles. Peter fazia o mesmo.
- Certo... – ela disse um pouco aliviada por estar sozinha de novo e um pouco intrigada. – o que eles estão aprontando...?
Ela balançou a cabeça como se pra afastar aquele pensamento e voltou para as Runas.


À noite, quando procurava por lupin na sala comunal para entregar o livro a ele ela sentiu alguém agarrar seu braço. Olhou pra ver quem era e corou ao encontrar Sirius a segurando.
- Nós checamos sua dica, Gray e achamos o lugar bem... apropriado. – ele disse rapidamente, como se estivesse com pressa – mas se você aparecer por lá espionando ou mandar alguém pra pegar a gente a gente vai dar um jeito de pegar você, pode ter certeza.
- Eu não estou preocupada com o que vocês vão fazer. – ela disse seca e estendeu o livro de Lupin pra ele. – agradeça ao Lupin pra mim. Ele parece ser o único agradável entre vocês...!
Ela se virou e saiu de lá chateada.
No fim de semana seguinte eles teriam a primeira visita a Hogsmade do ano letivo. Mel estava empolgada, mas sentiu como se um balde de água fria quando foi chamar Lily para acompanha-la na visita:
- Eu sinto muito Mel!! – ela disse realmente parecendo chateada – mas Mark Linton perguntou se eu poderia acompanha-lo e eu disse que sim! Você sabe, ele tem sido bem atencioso comigo, e além do mais... – ela abaixou a voz e se aproximou de Mel - ele é bem bonito...
- Não se preocupe Lily, se divirta! – Mel disse tentando não parecer chateada.
Despediu-se de Lily e a viu sair pelos portões com Linton. Procurou um pouco por Severo, mas ele estava absorto em uma conversa com Malfoy e ela não quis chegar perto. Procurou por Frank e ele estava parecendo muito interessado na conversa com uma colega de classe deles: Alice.
Ela pensou tremendamente em ficar no castelo. Hoje era seu aniversário e não havia quem pudesse acompanha-la a uma visita ao povoado. Não culpou ninguém é verdade, ninguém sabia que era seu aniversário, ela não tinha contado a ninguém ainda.
Não era nem um aniversário de verdade, ninguém tinha idéia de quando ela tinha nascido julgavam que fora mais ou menos no meio do mês de agosto, mas não se podia saber já que ela tinha nascido no meio de uma mata fechada na Escócia, aquele dia era somente o dia que ela foi deixada no orfanato, e que ela costumava usar como data de aniversário.
Suspirou e apertou a capa contra o corpo, sentindo-se imensamente triste e desceu em direção aos portões do colégio.
Andou por um longo tempo nas ruas do povoado topando aqui e ali com colegas do colégio. Entrou em algumas lojas e pensou no que fazer com o dinheiro que seu pai tinha deixado pra que ela escolhesse um presente, mas nada lhe agradava. Entrou na loja de doces e comprou um pequeno bolo que tinha as palavras “feliz aniversário” escritas com glacê e saiu a procura do lugar mais afastado que pudesse achar, para come-lo, sozinha com seus pensamentos.
Quando chegava em umas pedras perto de algumas árvores, bem afastadas do povoado, longe da estrada principal sentou-se em uma, mas pensou ter ouvido vozes conhecidas. Ficou ouvindo por um tempo e quando percebeu de quem eram as vozes não teve tempo de sair dali sem ser vista. Nem sequer se lembrou de usar seus poderes.
- O que você está fazendo aqui Gray...? – a voz de James chegou a ela, como uma agulhada.
- Nada! – ela respondeu rápido, escondendo o bolo nas costas. Eles caçoariam dela até o fim dos tempos se descobrissem que ela estava passando seu aniversário de 13 anos sozinha. – eu já estava saindo daqui...!
- Você não estava espionando o que a gente estava fazendo estava...?! – Sirius a olhava ameaçador.
- Não! Eu só estava procurando um lugar afastado eu... Não ouvi nada– ela gaguejava
- Então o que você está escondendo aí...? – Lupin perguntou de um jeito ríspido que ela não imaginava que ele pudesse fazer
- Nada, - ela tirou o bolo de trás das costas e mostrou rapidamente pra eles, escondendo-o de novo – é só um bolo.
- Feliz aniversário...? – James disse indo até as costas de Mel e lendo o que estava escrito – é seu aniversário hoje Gray?
- Não...! – ela respondeu sem muita convicção
- Você não disse que ouviu a McGonagall falando que hoje era o aniversário de alguém do terceiro ano Peter...? – Sirius perguntou apertando Mel contra a parede.
- É. Ela disse que vinha até o povoado comprar um presente a alguém do terceiro ano! – Peter confirmou e riu satisfeito consigo mesmo.
- É seu aniversário hoje e você está aqui sozinha? – Lupin perguntou sentindo pena dela.
- Onde estão seus “amigos” Gray?! – James perguntou e não parecia nem um pouco sarcásticos – a Boa samaritana da Evans...?
- Tinha um encontro com o Linton do quinto ano hoje e eu não quis atrapalhar. – Mel disse se sentando na pedra de novo
- Um encontro....! – James disse parecendo furioso de repente – e ela me disse que não poderia vir comigo por que ia ficar na escola!
- 10 a 0 pra Evans só nesse mês James! – Sirius brincou com ele
- E o Seboso...? – James mudou de assunto
- Eu te disse pra não se meter com gente como ele...! – Sirius disse sentando-se perto dela, na pedra.
- Ah... Por Merlin... –ela suspirou – eu só queria um lugar tranqüilo.
- Parece bem triste, você aqui sozinha no seu aniversário. – Lupin disse meio cabisbaixo
- Quem se importa? – ela disse seca, mas desabafava ao falar aquilo – não parece novidade pra mim. A não ser alguns professores, ninguém costuma se preocupar realmente comigo. A menina estranha, a aberração. E eu não me importo com os outros também. Já é rotina agora.
Eles ficaram em silencio por um momento. Ela encarava o bolo. Eles o chão. De repente James foi até ela e estendeu a mão. Sorria de maneira simples:
- Feliz aniversário. – ele disse quando ela o encarou
- Obrigada... – ela disse apertando a mão dele. Os outros fizeram o mesmo, um atrás do outro. Depois ficaram a olhando apreensivos como se esperassem que ela chorasse. Ela sorriu. – tudo bem, ficar vendo vocês me olharem com essas caras de pena não é muito melhor. Vão, saiam daqui, vão fazer o que vocês têm que fazer!
- Você não vai ficar... – James começou meio sem jeito – chateada...?
- Hei, vocês nem ao menos são meus amigos! – ela disse rindo – pra falar a verdade, eu te odeio Potter! – ela disse apontando pra James e rindo.
- Bem, se você leva por esse lado! – ele disse rindo também. Parecia se divertir do jeito que ela falava. – até mais Gray!
- Te vejo por ai. – Black disse com o sorriso mais encantador possível.
- Té mais. – Peter passou por ela
- A gente se vê! – Lupin disse sorrindo.
E eles se foram. Ela sentiu-se tremendamente estranha. Tinha conseguido passar alguns momentos com seu irmão sem ao menos querer mata-lo. Isso devia ser um avanço. Riu sozinha daquilo tudo e comeu seu pequeno bolo se sentindo melhor e saiu mais feliz para procurar seu presente.
Depois de muito pensar e olhar nas lojas em volta resolveu que gostaria de ter um animal de estimação que pudesse lhe fazer campainha. Ela passou um longo tempo imaginando se gostaria de uma coruja ou um gato e acabou optando pelo ultimo, já que uma coruja que fosse sua não teria muito o que fazer, já que ela não tinha tantas pessoas pra se corresponder com elas.
Quando se decidiu pegou um lindo gato de cor acinzentada, quase prateado de pelo brilhante e grande, bem fofo. Ela passou um tempo achando que ele era muito grande pra ser um gato, mas depois ele parecia tão carinhoso e amigo que ela o levou logo dali envolto em seus braços imaginando que nome poderia dar a ele. Depois de andar por mais um tempo no povoado ela achou que seria melhor voltar ao castelo para que pudesse habituar o bichano a seu novo lar.
Ia quase chegando aos portões quando encontrou Frank e Alice e eles voltaram conversando até a escada de mármore.
- Bonito seu gato. Comprou ele agora...? – Alice perguntou quando eles subiam apara sala comunal da Grifinória.
- É. Foi um presente de aniversário do meu... – ela ia dizendo pai, mas se corrigiu – tutor.
- Aniversário Mel? – Frank perguntou abobalhado – e você não me disse?!
- Ah, achei que não fosse importante. – ela respondeu alisando os pelos do gato
- Aniversário é uma coisa importante. – Alice disse a olhando sem entender – você não passou o dia sozinha, passou...? Nós vimos você saindo sozinha do castelo.
- Bem, eu gosto de ficar sozinha. – ela disse se defendendo.
- Eu achei que você ia se encontrar com a Evans no povoado! – Frank parecia envergonhado – por isso não te procurei! Você devia ter me falado do seu aniversário!
- Tudo bem Frank, não precisa ficar nesse desespero. – Mel disse o olhando – nem é um aniversário de verdade. É só o dia que eu fui deixada no orfanato, bem não importa de qualquer forma.
- Estou me sentindo culpado! – Frank disse – você não devia ter passado seu aniversário sozinha!
- Bem, eu me senti mal agora também... – Alice disse olhando Mel
- Não se sintam! – Mel disse sorrindo – ou vocês podem se redimir se me ajudarem a arrumar um nome pra ele! – ela sugeriu olhando o gato.
Eles entraram juntos na sala comunal e ficaram um longo tempo sentados testando nomes e procurando por um que ficasse legal.
- Ele não tem cara de Puff, tem? – Mel disse segurando o bicho na altura de seus olhos e ele deu um miado de reprovação
- Acho que ele não gostou muito...! – Frank disse rindo – que tal Killer?
- Acho que a Melanie adoraria um nome que não parecesse brutal! – Alice disse franzindo a testa para o nome que Frank tinha sugerido – talvez Snivlez...? Era o nome do pufoso da minha avó. É um nome fofinho. – ela acariciou a cabeça do gato
- Já sei!!!! – Mel disse num lapso – Snuffles!
- É, parece legal! – Alice disse animada – da onde você tirou...?
- Um livro, que eu li quando ainda estava no orfanato. É um nome legal sem parecer muito... Infantil. – ela disse pensativa olhando o gato
- É, gostei também! – Frank aderiu e sorriu coçando as orelhas do gato – e então, o que você acha Snuffles?
- Ele parece gostar! – Alice sorriu quando o gato ronronou levemente se ajeitando no colo de Mel.
Eles se distraíram um momento quando ouviram o barulho do quadro do buraco se abrir e viram a professora McGonagall entrar por ele, olhando os lados como se procurasse alguém. Se dirigiu pro lado deles quando viu Mel e sorrindo falou a ela:
- Estive a procurando em toda parte! – ela disse e olhou o gato – vejo que já escolheu seu presente?
- É, esse é o Snuffles! – Mel disse coçando o gato
- Bem, eu gostaria de dar uma palavrinha com você, eu e o diretor, você pode vir comigo por favor? – a professora disse
- Claro. – Mel se levantou e colocou o gato no colo de Frank – pode olhar ele pra mim...? Eu já volto!
- Certo. – Frank disse observando Mel e a professora se afastarem.
Elas andaram pelos corredores comentando coisas comuns até chegarem ao escritório da professora onde entraram. O diretor as esperava lá sentado na mesa com dois pacotes na sua frente.
Mel realmente não teve uma surpresa com aquela espécie de “festa” em sua homenagem que a professora Minerva e Dumbledore tinham preparado, sentando-se lá com ela e abrindo os presentes, comentando e perguntando como ela se sentia agora, oficialmente com 13 anos. Mel se sentiu muito acolhida por eles e os abraçou longamente quando se despedia. Parando na porta ela olhou mais uma vez praquelas pessoas que tinham a acolhido tão bem desde o começo. Ela sorriu e disse abraçada aos presentes:
- Posso dizer uma coisa que vai soar no mínimo curioso pra vocês...? – ela perguntou
- Claro querida. – Prof Minerva disse sorrindo
- Bem, vocês são os melhores pais do mundo. – ela sorriu e saiu de lá feliz.
Quando pegava um dos corredores para poder voltar a sala comunal parou ao ouvir pessoas conversando baixo em um canto. Tornou-se invisível por um instante e continuou andando em direção aos vultos escuros que estavam sussurrando num canto do corredor.
Avistou Severo conversando furtivamente com Lucio Malfoy que estava ao lado de Bellatrix Black. Ela era prima de Sirius, mas estava na Sonserina. Aliás, todos da família de Sirius estavam em Sonserina, somente ele que não, o que o fazia ser a vergonha da família. Desde o primeiro momento Mel não tinha gostado daquela garota e seus pensamentos sobre Malfoy era que ele era no mínimo desprezível e não gostava de ver Severo com eles. Pensou em se afastar, mas resolveu tentar ouvir alguma coisa, o mais silenciosamente possível se aproximou deles.
- Silêncio. – Bellatrix disse olhando em volta – eu ouvi passos. Tem alguém aqui perto.
- Não é nada Bella, você é que é paranóica. – Malfoy disse com desdém e ia voltar a conversar quando Severo disse rapidamente:
- Pode ser a Gray. – ele olhou pros lados como se procurasse ver Mel – ela pode estar invisível.
- Eu já te disse pra se livrar daquela sangue ruim metida Snape! Ela não vai servir pra nada! – Bellatrix o olhou pra com raiva – só por que tem esses poderes ela acha que pode se meter em tudo.
- Eu não estava me metendo em nada. - Mel disse aparecendo de repente, os encarou sem medo – só estava fazendo meu caminho de volta pra minha sala comunal. Se tem alguém aqui que está onde não devia são vocês.
- E você tem sempre o costume de andar invisível por aí menininha? – Bellatrix disse a encarando
- Não é da sua conta Black. – Mel disse olhando-a profundamente também.
- Não deveriam permitir que aberrações como você andassem por aí no meio de pessoas normais e decentes! – ela disse com raiva andando em direção a Mel
- Pessoas normais e decentes...? – Mel disse provocando – onde...?
- Vamos só sair daqui Bella. – Malfoy disse segurando-a pelo braço e olhando Mel com um brilho estranho nos olhos. Depois se virou para Severo – nos vemos mais tarde.
- Certo. – Severo disse olhando eles se afastarem e depois encarou Mel que estava realmente com raiva – só não se meta com eles. – ele disse pra ela –podem ser perigosos.
- Era exatamente isso que eu ia dizer a você! – ela disse – mas eu sei que não iria adiantar não é? Você nunca me diz nada, não me ouve de maneira nenhuma, não sei se você ao menos me considera sua amiga ou só gasta o seu tempo livre conversando comigo quando pode!
- Eu não acho que você precise da minha companhia! – ele retrucou ficando com raiva também – eu vi você perambulando por aí com o Potter e os idiotas amigos dele no povoado hoje. Vocês pareciam se divertir!
- Ah sim! – ela disse chateada agora – eu me diverti mesmo...! Me diverti muito quando eu vi que eu iria passar o meu aniversário sozinha, com o Potter pegando no meu pé por que eu não pude encontrar uma viva alma que queria conversar comigo! Eu estive procurando por você, mas Você inclusive estava com seu novo círculo de más influencias! – ela disse apontando para onde Malfoy e Bellatrix tinham saído.
- Eu não sabia sobre seu aniversário. – ele disse ficando pálido – eu não vi que você estava me procurando...
- Não faz diferença não é mesmo...? – ela disse ficando sem querer com lágrimas nos olhos – já passou agora. Vou te deixar sozinho pra poder voltar aos seus...amigos!
Ela disse passando por ele e batendo em retirada para a sala comunal da Grifinória.
Perto da hora do jantar quando todos os alunos voltavam do povoado Mel estava terminando de arrumar a cama de gato que ela tinha compro junto com Snuffles para que ele pudesse se ajeitar no dormitório. Sentou-se na cama alisando o pelo macio do bicho quando Lily entrou no quarto, parecia bem chateada:
- Por que você não me disse?! – ela falou jogando-se sobre Mel num abraço – é seu aniversário e você não me disse!!
- Eu não queria estragar seu encontro! – Mel disse se soltando do abraço
- Sua boba! Linton poderia esperar! – Lily disse a olhando com um meio sorriso – eu estava mesmo me perguntando quando seria seu aniversário, ou se ele já teria passado! Eu nem pude comprar nada!
- Não tem importância! Eu fico feliz de você ter vindo aqui me parabenizar! – Mel disse – quem te contou...?
- Longbottom. Ele me disse que você ficou sozinha no povoado hoje. – Lily disse parecendo triste por ela.
- Não foi tão ruim assim! – Mel respondeu sorrindo e lhe contou sobre seu encontro com seu irmão e sobre o gato e depois os presentes do diretor e da professora Minerva – o dia não foi de todo perdido!
- Bem, eu ainda vou arrumar um jeito de me redimir por ter te abandonado! – Lily disse se deitando no na cama de Mel e acariciando Snuffles.
- Que tal começar contando como foi o encontro com Linton...?!!
- Bem, não foi algo realmente como um encontro – Lily disse rindo – sabe, nós não nos beijamos nem nada, mais conversamos e andamos de mãos dadas... – ela corou – foi bem legal até os amigos dele apareceram e estragarem tudo. Ficaram seguindo a gente.
- Bem, meninos são sempre os mesmos não são...? – Mel disse e de repente o rosto de Sirius veio em sua mente. Ela balançou a cabeça como pra espantar aquele pensamento – ahh! Sabe que meu irmão tá bem chateado com você?!
- Eu disse não mais uma vez pra ele. – Lily disse suspirando.
- E eu deixei escapar que você estava num encontro com Linton e ele ficou furioso. – Mel ficou temerosa – fiz mal...?
- Bem, não. – ela respondeu se sentando – o Potter tem que entender que eu simplesmente não quero sair com ele! Não com aquele idiota. – Lily ficou sem graça – desculpe, é seu irmão.
- Não, tudo bem. – Mel riu – ele subiu um pouco no meu conceito hoje, mas eu ainda não me importo que os outros o insultem!
- Vocês não vão descer pro jantar...? – o rosto de Alice apareceu num vão da porta do quarto.
- Ah, já vamos, obrigada. – Mel disse a ela com um sorriso e se levantou pra colocar um pouco de comida num pote para Snuffles.
- Sabe, Potter deve ter subido mesmo no seu conceito. – Lily disse sorrindo vagamente – você deixou de chamá-lo de Potter podre e passou a falar meu irmão. Isso é um avanço não é?
- Deve ser... – Mel disse pensativa, nem ela tinha se dado conta disso – bem, eu tinha que me acostumar com isso um dia, não tinha?
E elas deixaram o quarto em direção ao salão principal.


Os dias estavam se tornando cada vez mais gelados enquanto o Natal se aproximava. Mel tinha muito o que fazer, estudando suas matérias novas e isso fazia com que parecesse que tudo passava mais rápido.
Tinha mais uma vez “feito as pazes” com Severo o que significava que eles tinham voltado a conversar cordialmente sem tocar nos assuntos que aborreceria os dois. Lily parecia bem ocupada também, mas todas as noites ela e Mel sentavam-se juntas na sala comunal para poder conversar.
Frank geralmente era visto com Mel. Eles estavam saindo de uma aula particularmente difícil de poções quando se separaram:
- se você é louca o bastante pra ir pra biblioteca ainda hoje eu não sou! – Frank disse pegando outro caminho – eu te vejo no salão comunal.
- Certo. Me espere pra podermos fazer aquele relatório de trato das criaturas mágicas. Do trabalho em dupla da última aula. – ela disse ajeitando a mochila no ombro e se virando.
Ela andou um pouco entre os corredores próximos das masmorras com a mente fixa nos livros que queria da biblioteca, observando de vez em quando pra que lado estava indo tentando achar o caminho mais curto pra chegar até lá. Ela se sentia cansada, mas tinha ainda muito que fazer naquele dia, e enquanto forçava-se mentalmente a ir em frente ela parou abruptamente no meio de um corredor.
- Muito bem Sirius o que vai ser hoje ? – James falava enquanto mantinha a varinha em punho. De sua varinha saia um fio de luz amarelo que estava segurando Severo parado num canto, amarrado pelas mãos e pés.
- Não sei, tem tantas coisas pra se fazer! – Sirius disse maldosamente fingindo pensar. Ele também tinha sua varinha na mão e ajudava James a manter Severo preso. – você pode escolher James, talvez o feitiço das pernas presas e ele pode pular até o salão principal para o jantar!
- Não sei. Parece simples de mais! – James disse rindo – algo mais humilhante talvez, pra ele aprender a não nos bisbilhotar mais!
- Me soltem! – Severo disse de uma vez enquanto tentava pegar sua varinha que estava caída a alguns centímetros de sua mão.
- Parem! – Mel gritou soltando sua mochila num canto – soltem-no!
- Aaahhh não...! – Sirius disse
- Gray! – James disse a encarando – por favor não se meta.
- Não se meta você com ele! – Mel disse com raiva se aproximando – vocês são uns covardes! Vocês dois contra ele sozinho!
- Certo, e você vai desempatar as coisas não é? – Sirius disse cínico e impaciente. Depois se virou para James – pendure ele nessa arvore de natal James! E aproveite e escreva “eu sou idiota” na testa dele pra que fique mais bonitinho!
- Boa idéia Sirius! – James disse rindo e chegando mais perto de Severo. – acho que um feitiço permanente na testa ficaria maravilhoso!
- Essa árvore de natal com certeza vai ser a melhor de todo o cas... – Sirius falava quando ele se calou de repente. Mel tinha pegado sua varinha e rapidamente o enfeitiçou fazendo uma fita adesiva fechar a boca dele.
- Melanie, não! – Severo sibilou pra ela – sai daqui.
- Pronto! – James disse parecendo chateado olhando Mel, sem desfazer o feitiço que prendia Severo – tudo que você precisava não é Seboso? Uma namorada pra te socorrer!
- Ela não é minha namorada! – Severo disse com raiva
- Potter larga ele! – Mel disse apontando sua varinha pra James
- Não seja idiota Gray. Eu não quero machucar você! – Sirius respondeu depois de tirar a fita adesiva da boca apontando a varinha pra Mel – anda logo com isso James, eu não quero ter que azarar ela!
James começou a levitar Severo e tinha acabado de pendura-lo na arvore quando foi empurrado fortemente no chão pelos poderes de Mel. Sirius percebeu que ela usava seus poderes e se apressou um usar um feitiço de impedimento nela. Mel formou um campo protetor em volta dela com seus poderes antes que o feitiço a atingisse, e ele ricocheteou batendo no teto.
- Deixa ela Sirius! – James disse indo até o amigo e o puxando – é a gata do Filch, vamos sair daqui antes que ele pegue a gente!
Eles correram de lá e Mel correu pra Severo.
- Você devia ter saído daqui! – Severo disse ríspido quando ela o desceu da árvore – eu já te disse que não preciso de você pra me proteger!
- Não era o que parecia. – ela disse chateada com a grosseria dele. – vamos sair daqui antes que o Filch chegue.
- Eu não quero você me ajudando mais! – ele disse parando na frente dela. Seu rosto estava lívido de raiva – eu não preciso que uma menininha como você fique exibindo seus poderes de... – ele parou parecendo incapaz de proferir as palavras que pensava.
- De sangue ruim? – ela perguntou desafiando – vai, pode falar! É assim que seus amigos me chamam não é? Pode dizer também! Eu não me importo!
- Não... – ele disse baixo e deu as costas a ela. Pegou sua varinha e sua mochila, saindo às pressas dali.


- Talvez você devesse simplesmente ter deixado eles enfeitiçarem o Snape. – Lily disse quando Mel contou a ela o que tinha acontecido, durante o jantar naquela noite
- Não... – Mel murmurou tomando um pouco de suco – bem. James deve estar furioso comigo agora e isso não é bom pra mim. – mel disse observando seu irmão que estava sentado uns cinco lugares longe dela e Lily. – e Black também.
- Sabe Mel, eu acho que isso só vai acabar quando você resolver de que lado vai ficar. Eu sinto muito, mas não vai dar pra conquistar o carisma do seu irmão sendo a melhor amiga do maior inimigo dele por aqui.
- É... Eu to percebendo isso. – ela disse tristemente encarando seu prato.


A visita a Hogsmade perto do natal era sempre animada. Mel saiu do castelo naquela manha acompanhada por Lily e elas passaram a maior parte do tempo andando e procurando presentes. Depois de uma breve parada no três vassouras, onde Lily e Mel se juntaram as amigas de Lily do mesmo ano que ela, elas deixaram o ar quente do bar para uma caminhada para os lados mais afastados do povoado.
- Onde estamos indo? – Mel perguntou vendo o olhar reprovador das amigas de Lily. Elas não pareciam querer Mel ali
- Bem, estamos planejando uma visita a casa dos gritos desde a ultima vez que viemos ao povoado. É pra lá que estamos indo – uma delas disse.
- Ahhh... – Mel disse parando abruptamente.
- Vamos lá Mel, você não está com medo está? Lá não pode ser tão mal assombrado assim! – Lily disse pra ela rindo.
- Não é isso. Eu tenho algo importante pra fazer. – Mel disse procurando uma desculpa. Não queria ficar muito mais tempo ali com as amigas de Lily a olhando daquele jeito. Ela chegou mais perto de Lily e disse em voz baixa – escolher um presente pro meu pai. E tenho que despacha-lo... – ela disse uma meia verdade. Já tinha compro o presente só teria de manda-lo.
- Certo então... – Lily disse meio desapontada – vejo você no castelo.
Ela andou um pouco e encontrou um local mais afastado, perto do correio onde se sentou e tirou um papel de dentro da bolsa e começou a escrever um pequeno cartão que mandaria com o presente:
“Pai, Feliz Natal! Espero que você esteja bem e a sua esposa também!” Ela escreveu e se sentiu tremendamente estranha “como não estarei com você no Natal resolvei mandar o presente um pouco antes. Assim evitamos também que” ela pensou em escrever James, mas preferiu meu irmão. Se alguém lesse não saberia de quem estava falando e também parecia mais afetuoso “meu irmão encontre meu presente por aí. Espero do fundo do meu coração que você goste, foi tudo o que minha imaginação pode crer que você gostaria, já que não conheço seus gostos tão bem ainda.Muitos beijos, de sua filha, Melanie”.
Ela ficou um longo tempo observando a carta, vendo se estava bem escrita e se não tinha nenhuma falha. Ia lacra-la quando pensou ter ouvido um barulho no meio da relva ali perto. Curiosa como sempre ela se levantou guardando a carta rapidamente na bolsa junto com os presentes e deixando-os onde ela estivera sentada ela se aproximou do mato baixo que tinha atrás do correio. Pensou ter ouvido mais passos, mas não via ninguém e quando pensou que talvez estivesse ouvindo coisas ela viu. Uma mulher pouco maior que ela de pele e cabelos muito dourados, olhos azuis grandes, se materializou na frente dela. Tinha os cabelos encaracolados muito longos, quase no chão e vestia uma roupa que parecia feita de mato entrelaçado. Mel ficou um tempo contemplando aquela visão. Era uma Gray. Uma como aquelas muitas fotos que ela tinha visto em livros.
Estava ali parada na sua frente, seus grandes olhos azuis estavam fixos em Mel e ela não se movia. Tinha um sorriso no rosto que fez a menina se arrepiar. Era frio e maldoso, e fazia com que ela se lembrasse muito de Bellatrix Black. A Gray andou lentamente de maneira graciosa até Mel. Andou em volta dela como se a analisasse. Mel quase não respirava. “É ela, só pode ser ela!” Mel pensou desesperadamente “é minha mãe!!”. Ela sentiu um calafrio quando a gray tocou seu rosto com o dedo, depois ela pegou um punhado de cabelos da menina e os cheirou.
- Só pode ser você. – a gray disse numa voz baixa e sibilante. A voz de uma cobra deveria ser desse jeito se cobras pudessem falar. Mel sentiu medo ao ouvi-la.
- Quem é você...? – ela perguntou em tom baixo
- Você não se lembraria de mim com certeza.- A gray disse ainda com aquele sorriso sinistro nos lábios. Parecia não deixar de sorrir nunca. – você era só um filhote quando te expulsei.
- Você é minha mãe...? – Mel perguntou com mais medo a medida que ela falava. Tinha fantasiado sobre aquele encontro durante muito tempo e agora não queria estar ali.
- Eu nunca imaginei que não te matar poderia servir pra alguma coisa... – a gray falou andando em volta dela – eu só achava que você era insignificante de mais para morrer... Agora você vai me servir pra alguma coisa. Diga-me, qual o nome do bruxo, seu pai?
- Você não sabe...? – Mel perguntou atônita.
- Eu não preocupei muito com isso. Eu só sabia que ele era estrangeiro... Da Inglaterra... Mas, eu ia mata-lo de qualquer jeito. – ela disse sem mudar a expressão do rosto. Ainda sorria sinistramente – só não fiz por que ele era encantador de mais e eu esperava vê-lo de novo. Fale! O nome dele!
- Pra que?! – Mel perguntou ficando com raiva – o que você quer com meu pai?!
- Ele pode me ser muito útil, um humano apesar de desprezível pode ser útil se tem poderes mágicos como o seu pai tem. Ele pode me dar muitas coisas que quero e você vai ser o meu meio de chegar até ele. – ela segurou Mel pelos cabelos e deu uma gargalhada fria – vamos ver se ele realmente gosta de você menina!
- Não! – Mel disse e puxou os cabelos das mãos daquela mulher. Correu para onde tinha deixado sua bolsa, tentando pegar sua varinha pra poder se defender. Mas não teve tempo. A Gray era muito rápida e antes que ela pudesse alcançar a bolsa ela tinha a pego de novo. Agora a segurava muito apertado com sua energia psiônica. Mel percebeu que ela tinha poderes muito fortes. Não poderia competir com ela.
- Você não vai a lugar nenhum. – a mulher disse apertando Mel tão forte que ela ficou quase sem ar.
- Você é minha mãe! – Mel falou chorosa. – você não vai me machucar vai?! Você teria coragem?!
- Eu teria te matado se quisesse. – a gray disse friamente.
- Gray? – alguém perto delas tinha gritado por Mel.
A gray olhou pros lados e puxando Melanie para um canto se escondeu atrás de algumas tábuas velhas que estavam jogadas ao lado do correio. Mas não adiantou muito. James e Sirius já tinham visto elas e iam se aproximavam cada vez mais.
- Não James! Volta! Sai daqui! Vai embora! – Mel gritou por instinto o mais alto que podia. Ela tinha certeza que talvez a Gray não conseguisse nada chantageando seu pai com ela, mas se a Gray soubesse que James era seu irmão e o pegasse ela conseguiria o que quisesse.
- Melanie? – James perguntou chegando cada vez mais perto. – o que está acontecendo aqui...?
Mas ele não disse mais nada. A Gray tinha o prendido com sua energia também. Sirius vendo aquilo se escondeu.
- Onde está seu amiguinho...? – a Gray perguntou a James – vocês são amigos da menina aqui?
- Não eles não são meus amigos! Solta ele! – Mel disse desesperada. Pensava que seu pai não a perdoaria se alguma coisa acontecesse com James.
- Quem é você? – James disse tentando inutilmente se soltar – o que está acontecendo aqui Melanie?!
- Melanie é o nome que te deram então? – a Gray se virou pra Mel – diga rápido! O nome de seu pai e eu solto o menino. Seus amigos ficam e eu te levo comigo pra poder começar a ter o que eu quero.
- Não... – mel Murmurou pra si mesma. Não poderia falar o nome de seu pai, não na frente de James. – não por favor! Por favor, você não pode fazer isso!
- Posso sim. – a Gray disse friamente e apertou um pouco mais James, que gemeu e parecia sem ar. – não faça isso ficar mais difícil filhote! – a Gray falava encarando Mel – é só você que me interessa aqui.
- Não, eu não posso.... – mas antes de terminar a frase Mel caiu no chão.
A gray tinha sido atingida por dois feitiços de impedimento e soltou os dois que caíram no chão. Mel observou a gray, ela parecia amarrada por cordas invisíveis e se contorcia levemente.
- Anda logo! – James disse puxando Mel pelo braço – acho que ela não vai ficar muito tempo assim!
Eles correram o mais rápido que podiam derrapando na neve e Mel se jogou pegando sua bolsa. Mas quando ela pensou em sair dali, com James atrás dela, a gray tinha se levantado e soltou uma espécie de raio de fogo que caiu sobre as tábuas velhas fazendo-as despencarem da alta pilha que formavam. Mel puxou James no exato momento em que as tábuas caíram onde ele deveria estar. Mas Sirius, que estava atrás das tábuas, foi acertado por uma bem na testa fazendo com que um corte se abrisse a cima da sobrancelha.
- Corram! – Mel gritou formando um escudo protetor na frente deles com sua energia. A gray disparou mais raios de fogo sobre eles e eles atingiram o escudo – eu não sei se vou agüentar muito e ela pode alcançar vocês com os poderes dela se vocês ficarem aqui! – ela cambaleou com a força de um raio que atingiu o escudo.
- Não, e você?! – Sirius disse, a mão na testa, tentando parar o sangramento.
- Anda logo! – Mel disse e um raio particularmente forte bateu contra o escudo. Ela não conseguiu suportar e foi jogada longe pelo impacto.
- Melanie! – os garotos gritaram juntos.
- Sirius, a árvore! – James gritou enquanto rumava na direção de Mel, que tinha batido contra a parede do correio.
- Certo! – Sirius disse entendendo o que James queria. Ele mirou contra o maior galho da árvore e gritou – Reducio! – um raio verde atingiu o grosso galho que caiu sobre a gray que vinha em direção a eles. Ela foi coberta por uma grande quantidade de neve e pelo galho.
- Você está bem? – James perguntou chegando até Mel.
- Sim... – Mel disse passando a mão pela parte de trás da cabeça.
- Vamos! – Sirius disse chegando até eles – aquilo não vai detê-la por muito tempo!
Ele estendeu a mão para Mel e a ajudou a se levantar. Eles correrem em direção ao centro do povoado, a gray enfurecida ia atrás deles, parecia levemente machucada e disparava raios de fogo para o lado deles, tentando atingi-los. De repente Mel parou e se escondeu atrás de um muro que estava metade caído.
- Por que você parou?! – James perguntou pra ela ofegante.
- Ela é muito rápida, vai alcançar a gente! – Sirius respondeu por ela.
- O que você está fazendo? – James perguntou pra Mel que estava agachada no chão procurando por uma pedra.
Ela tinha pegado uma pedra do tamanho de um balaço e estava segurando-a firmemente. No rosto uma expressão de concentração.
- Que isso? Você pirou?! – James perguntou aflito.
- Não! – Mel respondeu enquanto segurava a pedra. – eu não posso soltar raios como ela pode, mas posso fazer isso! – ela disse jogando a pedra um pouco longe – faz isso atingi-la, rápido!
James, mas do que depressa apontou sua varinha para pedra e gritou:
- Aremessae! – e apontou a varinha para gray que vinha bem perto na direção deles. O feitiço mandou a pedra voando em direção a gray.
Pouco antes de atingir a gray a pedra explodiu em muitos pedaços fumegantes com aspecto de que estarem bastante quentes. Eles atingiram em cheio a gray, que caiu dando um grito bastante assustador, parecendo bem machucada ela não se levantou, mas ficou no chão parecendo se contorcer de dor.
- Bem, me lembre de nunca mais te provocar Melanie... – Sirius murmurou bem impressionado.
- Vamos sair daqui. – James disse empurrando Mel pra longe dali. Ela parecia chocada com o que tinha acabado de fazer com sua mãe.

- O que aconteceu com vocês...?! – professora Minerva perguntou ao ver os três entrarem no três vassouras a procura dela.
- Longa história professora. – Sirius disse com a mão na testa. O ferimento parava de sangrar.
- Minha mãe... – Mel murmurou fracamente de jogando nos braços da professora como se pedisse por proteção – ela estava atrás de mim...
- Sua... Sua mãe?!?!?! – a professora perguntou assustada abraçando a menina que parecia em choque.
- É, uma gray adulta e bem viva! – James disse recuperando o fôlego. – nós fugimos dela.
- Melanie conseguiu nocauteá-la quando chegávamos aqui perto. – Sirius completou
- Uma gray no povoado... – a professora disse preocupada. Depois assumiu rapidamente seu ar eficiente – Potter, Black, fiquem aqui com Mel, não a deixem sozinha. Eu volto num instante. Os alunos devem voltar imediatamente a escola!
- Eu... Eu... A machuquei...- Mel conseguiu dizer vagamente depois de um tempo que a professora tinha saído.
- É, mas pense por esse lado: ela parecia bem disposta a te machucar muito mais! – James disse tentando anima-la.


- Eu agradeço por vocês terem ficado com ela. – o diretor disse enquanto sentava-se na frente de Mel, James e Sirius numa das mesas do três vassouras. – vocês estão machucados?
- Bem, nada que não possa ser remendado. – Sirius disse com a mão no corte que ainda estava pingando sangue às vezes.
- Eu estou bem. – James disse – Mas acho que ela tem um corte na cabeça. – ele disse apontando Mel. À parte de trás das vestes dela estavam com bastante sangue. – talvez aconteceu quando ela foi jogada conta a parede.
- Mel, você se sente bem...? – o diretor perguntou olhando a menina.
Silenciosamente lágrimas começaram a brotar no rosto de Mel. Ela balançou a cabeça em sinal de sim, olhando o diretor firmemente.
- O que ela queria Mel, ela te disse? – o diretor disse em tom baixo
- Ela queria me usar... Pra chantagear meu pai... – ela disse com a voz o mais firme que podia – ela disse que ele tinha algo que ela queria e que ia me usar pra conseguir...
- Era algo provável. – o diretor murmurou e depois pareceu chateado – as investigações que eu fiz na floresta que ela vive devem ter despertado a curiosidade dela. Mas eu não achei provável que ela viesse até aqui, não achei que ela poderia te reconhecer. Você disse o que ela queria...? – o diretor disse olhando furtivamente James.
- Não. Onde ela está...? – mel perguntou corajosamente
- Ela está num lugar onde não pode machucar mais ninguém, não se preocupe, você não a machucou muito. – o diretor disse vendo o olhar preocupado da menina.
- Mas bem que ela merecia. – James murmurou.
- Agora é melhor todos nós voltarmos para o castelo. – o diretor disse se levantando – vocês três devem fazer uma visita a Madame Pomfrey. Venham. – ele se levantou – eu vim para acompanha-los até lá.

Lily ficou um longo tempo com Mel naquela noite, as duas sentaram-se na sala comunal da Grifinória quando todos foram jantar e ficaram lá, conversando brevemente e comendo os sanduíches que Minerva tinha mandado pra elas.
Ela ainda estava um pouco em choque com tudo o que tinha acontecido e Lily tentava ajudar como podia. Quando a sala começou a encher com os alunos que voltavam do jantar elas iam subindo para o dormitório das meninas quando Mel avistou James e Sirius e disse a Lily brevemente:
- Eu ainda não os agradeci. – ela se dirigiu até eles e parou na frente de James estendendo a mão – obrigada por tudo. Se vocês não tivessem me ajudado provavelmente eu não estaria aqui.
- Tudo bem. – James disse apertando a mão dela. – você também fez muito.
- Você deu o golpe final Gray! – Sirius disse rindo, tentando anima-la. Depois lembrou-se de como ela ficou mal por ter feito aquilo – desculpe eu não quis...
- Não tem problema... – ela disse estendendo a mão a ele também e sorrindo levemente do embaraço dele – muito obrigada mesmo, a você também Black.
- Eu só queria saber uma coisa Melanie. – James disse quando ela saia de perto deles – você conhece seu pai e ele não é um gray...?
- Não, não é. – ela disse – e sim eu o conheço.
- Então por que você não usa o nome dele? – James perguntou parecendo indignado – o sobrenome Gray é algo ruim de mais para uma garota... boa como você.
- Não. Eu não quero outro nome. – ela disse entendendo aquilo naquele mesmo momento.
- Por que...? – Sirius perguntou
- Primeiro por que eu quero sempre me lembrar de onde ele vem e me lembrar que eu não devo ser tão ruim quanto elas são. E segundo por que eu acho que algumas pessoas têm que entender que eu posso ser boa independente do sobrenome ou da origem que eu tenho. – ela disse e sorriu levemente para eles que a observavam admirados. – boa noite.
E ela subiu com Lily para o dormitório.


O fim daquele ano letivo correu de uma maneira que ela não imaginava. As coisas pareciam tão diferentes, tão mudadas que ela demorou a perceber que quem tinha mudado era ela. As pessoas voltaram a apontar pra ela nos corredores e comentar o que tinha acontecido. Mas agora ela não se importava, simplesmente não se importava por que ela tinha entendido que ela tinha que se preocupar com o que ela sentia e pensava e não com os murmúrios dos outros.
Desde do que tinha acontecido ela recebeu cartas e mais cartas de seu pai. Ele tinha ficado muito preocupado com o que aconteceu e estava disposto a ir a Hogwarts buscar Mel e contar a James toda a verdade e oficializar o nome de Mel como uma Potter, mas ela não quis.
Não rejeitou a visita dele, que aconteceu às escondidas numa noite pouco depois do acontecido, mas disse a ele o mesmo que tinha dito a James sobre seu nome. Ele pareceu bem impressionado com aquilo e concordou e Mel disse que muito em breve iria ela mesma contar James sobre o parentesco deles.
E então, no ultimo dia de aula, quando os alunos deixavam Hogwarts ela se preparou para fazer isso. Depois de se despedir de Alice e Frank, que tinham se tornado naquele ano seus melhores amigos que freqüentavam o mesmo ano que ela, ela abraçava Lily rapidamente enquanto observava James e seus amigos saindo do castelo e indo a direção aos portões:
- Eu tenho que fazer isso. – Mel disse a Lily – agora, antes que eu perca a coragem!
- Boa sorte... – Lily disse e completou com sua habitual implicância com James – se é isso que você chama de sorte...
Mel riu dela e correu em direção a James chamando por ele:
- Potter! Potter! – ela disse e completou quando ele parou olhando-a intrigado – posso falar com você?
- Pode... – James disse chegando mais perto dela, seus amigos o acompanhando de perto.
- A sós? – Mel perguntou olhando Sirius, Remo e Peter atrás dele – é rápido, eu prometo...
- Certo... – James disse seguindo Mel que se afastava. – o que foi...? – ele perguntou intrigado com aquilo
- Lembra quando você me perguntou se eu conhecia meu pai...? – ela perguntou achando que era melhor do que dizer “você é meu irmão” como ela vinha planejando fazer.
- Lembro... Mas por que você tá me falando disso agora...? – ele perguntou assustado. Não entendia nada.
- Eu só peço que você me entenda... – ela disse sorrindo. Ele tinha sido gentil com ela por todo o fim de ano e ela rezava pra que ele continuasse assim naquele momento. – é que, bem eu conheci meu pai no meio do meu segundo ano aqui na escola... ele bem... Dumbledore o encontrou e confirmou que ele era meu pai... eles são amigos e... bem o que acontece é que... – ela engasgou parando aí.
- É que...? – James perguntou ficando mais curioso a cada palavra.
- O nome dele. – ela disse tremendo agora – Anthony...Potter.
- Meu pai...? – ele disse devagar como se aquilo não fizesse sentido.
- É... – ela murmurou.
- Você é... minha... irmã...? – ele perguntou lentamente.
- Acho que sim... – ela disse lentamente também. – eu disse a papai que ia te contar... ele te explica tudo quando você chegar em casa... eu acho que eu não consigo fazer isso agora... – ela disse se afastando um pouco. – sabe, não era uma coisa que eu achava que conseguiria fazer. Eu to me sentindo estranha agora.
- Eu imagino que sim. – ele disse com um olhar parado. Parecia não acreditar.
- Bem... – ela murmurou e deu um rápido abraço nele, se afastando depois. – boas férias. Diga a papai que eu mandei um abraço.
Certo... – ele murmurou e deu as costas procurando os portões da escola.

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