O Grande Segredo de Mel
OBS.: acho que o primeiro capitulo é muito falatório, mas esse é um pouco melhor, tem mais açao!!! Comentem por favor!!! brigada!!!
E as férias na escola tinham sido muito mais interessantes que ele podia imaginar. Havia agora muito tempo pra explorar todos os cantos imagináveis do castelo, tempo de explorar com calma a biblioteca e de conhecer melhor as pessoas que trabalhavam por lá. Conhece-los não só como professores, mas como pessoas.
Minerva McGonagall era uma das professoras que mais tempo passava no castelo. Os outros professores saiam do castelo pouco depois que os alunos e voltavam um mês antes que eles, mas ela estava lá sempre, assim como o diretor e comumente era vista jogando uma partida de xadrez de bruxo com Melanie ou levando a menina ao povoado próximo.
Ela tinha, de certa forma, se responsabilizado pela menina durantes as férias, por que, como qualquer adolescente ela precisava de alguém que impusesse limites e desse ordens como ir tomar banho e os horários de comer e dormir. Hogwarts não era uma escola pra ela durante as férias, era sua casa e ela tinha a liberdade de fazer o que quisesse, mas McGonagall colocava alguns limites como no dia em que, as tres horas da manhã a menina ainda não tinha saído da biblioteca, fuçando nos livros.
Mas não só nas regras a diretora da Grifinória tinha assumido Melnie, mas também nos carinhos. Ela não era sempre rígida e séria como nos tempos de aula e chegava a se divertir tardes inteiras na companhia da garota.
Quando ela estava ausente Melanie comumente se divertia dias inteiros com o guarda-caça Hagrid. Pessoa divertidíssima e muito animada, ele geralmente passava tardes com ela mostrando animais interessantes e mexendo em hortas, quando não estavam passeando pelos terrenos conversando sobre coisas diversas.
O diretor tinha feito com que as coisas ficassem divertidas trazendo livros diferentes de temas variados pra que ela lesse e tendo longas conversas com ela sobre coisas comuns aos dois. Durante uma manhã enquanto vasculhavam juntos algumas prateleiras da biblioteca eles começaram uma conversa sobre o difícil ano que tinha se passado:
- eu nunca imaginei que iria ser tããão mal falada na escola por algo que eu não tinha idéia de que existia, por causa de uma coisa que não fui eu que fiz... – Melanie disse pegando um livro de seres fantásticos que estava em uma prateleira um pouco mais alta e parecia tremendamente velho.
- Eu não achei que seria certo te dar esse tipo de informação e fazer que você viesse encarar seus colegas carregando esse estigma em sua mente sobre você mesma. – ele disse a observando enquanto ela passava o dedo nos títulos do índice do livro
- O que você quer dizer com isso? – ela perguntou olhando o diretor, levantando uma sobrancelha e parando o dedo sobre um dos títulos.
- Eu achei que seria mais saudável deixar com que você os encarasse como iguais. Se eu lhe contasse o que significa o nome que você recebeu: gray, você se apresentaria a eles como inferior e eu não queria isso.
- E me deixou descobrir da pior maneira não é? – ela perguntou sorrindo levemente e verificando o numero da página do titulo que lhe interessou.
- Não, eu esperava que isso fizesse você perceber seu próprio valor. – o diretor disse sentando-se agora com ela em uma mesa próxima. – e descobrisse as pessoas que lhe dessem valor independente de suas origens. Quem foi a primeira pessoa que lhe dirigiu a palavra?
- Severo Snape. – ela disse simplesmente folheando o livro procurando o que ela queria.
- Não imaginei que seria ele. – o diretor murmurou consigo
- É... ele veio me explicar que ser uma gray significava ser das trevas e que ele adoraria que eu me juntasse a ele pra que pudéssemos espalhar o mal sobre a terra juntos... – ela disse abrindo em uma página e observando profundamente as fotos em preto e branco que se moviam.
- Isso é realmente algo não recomendável. – o diretor disse observando também os seres que se moviam na foto. Uma mulher de longos cabelos encaracolados que quase tocavam o chão tinha olhos claros e jeito sedutor. Movia-se graciosamente entre algumas árvores, com suas roupas que pareciam feitas de vegetação rasteira trançada primorosamente. Apesar da cena parecer bonita a mulher tinha um sorriso estranhamente frio e maldoso que lhe dava ares não humanos.
- Eu não acho que ele esteja falando sério. – a menina respondeu ainda fixa na foto. – não acho que ele se interesse por isso realmente.
- Ele ainda lhe procura Mel? – o diretor perguntou a chamando pelo apelido carinhoso que tinha lhe dado e fitando os olhos azuis da garota
- Bastante. Eu pareço ser a única pessoa que conversa com ele. ele parece ser menos popular até que eu. – ela disse suspirando – e tenho certa pena dele, mas não é isso que me faz falar com ele. eu simplesmente acho que ele merece atenção. Foi razoavelmente gentil comigo me explicando a minha origem. Você acha que ele esteja falando sério sobre artes das trevas?
- Eu não tenho certeza alguma Mel... – ele disse pensativo – mas me atrevo a dizer que, de certa forma, ele pode estar trilhando um caminho não muito seguro.
- Ele não é ruim. É amargo, muito mais do que um garoto da idade dele deveria ser. – ela disse observando o diretor agora
- O que você pode saber sobre isso? – ele disse sorrindo – você é um pouco mais nova que ele.
- Eu sei, por isso mesmo. Eu sou mais nova que ele e não sou daquele jeito nem conheço ninguém mais que seja. – ela sorriu levemente pra ele
- Ele tem seus próprios problemas e motivos pra ser assim. – ele disse como se soubesse do que estava falando – e há mais alguém que tenha lhe sido gentil?
- Lílian Evans. – ela disse sorrindo – muito legal ela, mesmo. Me disse que só eu mesma poderia dizer se sou má ou não. Minha descendência não viria a interferir.
- Sábias palavras. – ele sorriu – e não me admira que tenham sido proferidas por ela. Ela me pareceu diferente desde que chegou aqui.
- Acho que ela me entende por ter a família trouxa. Sabe do preconceito apesar de não o sentir como eu sinto...
- Mais alguém?
- Frank Longbottom.
- O menino salvo por você.
- É. Gente boa também. Costuma assistir as aulas comigo, a gente faz duplas quando é preciso. Posso dizer que é o melhor amigo que eu tenho no mesmo ano que eu, mas ele se afasta quando Severo se aproxima. Não gosta dele. – ela ficou calada por um minuto e depois o encarou – agora eu acho que entendo. Eles são verdadeiros comigo. E se eu soubesse o que me esperava provavelmente eu teria mentido sobre minha origem e depois, quando soubessem, eu não saberia o que eles pensariam de mim... o que todo mundo pensaria de mim.
- Exatamente. – ele disse feliz – enfrentando tudo sem um autopreconceito você se mostrou como você é obteve respostas sinceras de pessoas sinceras.
- É... tanto pro bem como pro mal. – ela disse
- Pro mal?
- Bem. certas pessoas têm o mau hábito de me encher o saco pelo o que eu sou e pelas pessoas que andam comigo. – ela o observou com uma interrogação no rosto – Potter podre e sua gangue – ela explicou. – costumam fazer brincadeiras de mau gosto comigo. Mais com o Severo pra ser exata, mas acabam me atingindo também. Não é nada que me incomoda realmente, mas a arrogância deles é beeeem exagerada.
- Eles são jovens empolgados com suas inteligências e as influencias que exercem sobre os amigos. – ele ponderou, e a olhou com um ar preocupado - Não é algo realmente assustador é?
- Não. Mas não é algo realmente aceitável. – ela disse suspirando e voltando a observar o livro. – minha mãe provavelmente é assim...? – ela perguntou apontando a foto
- Sim... talvez não exatamente, elas têm bonitas variações de feições, mas provavelmente sim, bem parecida. – ele disse observando a foto também, sério.
- Não há... possibilidade de que eu venha a conhece-la? afinal de contas ela deve ter algo de bom, não é? Ela não me matou quando eu nasci, não é mesmo? – ela perguntou ao lembrar-se que há dois dias op diretor tinha confidenciado a ela que as Grays costumavam matar as crianças que tinham sangue humano.
- Não sei se seria possível Mel... – o diretor suspirou – não gostaria que você alimentasse esperanças quanto a isso.
- Tudo bem. – ela disse fechando o livro com um estrondo – eu nunca tive muitas mesmo.
E eles deixaram a biblioteca em direção ao salão principal imaginando que o almoço já deveria estar servido.
Quando pouco mais de umas duas semanas antecediam o inicio das aulas Melanie teve uma incrível surpresa enquanto lia um livro sobre os primeiros tipos de vassouras existentes e como foram desenvolvidas, que o diretor tinha lhe emprestado pra que ela se distraísse. Deitada sob uma árvore segurando distraidamente o livro sob seu rosto com sua energia psiônica enquanto usava as mãos para coçar distraidamente os cabelos e tentava ajeitas as mechas levemente enroladas que se apontavam rebeldemente em todas direções ela percebeu um rosto conhecido de um garoto se aproximando dela curiosamente.
- o que você faz aqui? – James Potter perguntou intrigado
- aaai! – ela disse quando o livro caiu e atingiu sua barriga quando ela se assustou com o menino falando – o que você está fazendo aqui?!
- Meu pai... – o menino disse sem entender – é amigo do diretor... veio falar com ele e eu vim junto. E você?!
- Bem... – ela suspirou se sentando com preguiça de explicar o que tinha acontecido – eu fui criada num orfanato de trouxas e não tava a fim de voltar pra lá nas férias... então o diretor me deixou ficar aqui.
- Num orfanato de... trouxas...? – ele perguntou meio debochado olhando pra ela – como com todas essas... coisas que você consegue fazer... sendo uma...
- Aberração? – ela perguntou pegando o livro e o abrindo de novo na página que estava e voltando a ler, nem um pouco preocupada com que ele falava.
- Não... você me entendeu... os... seus... poderes... – ele pareceu sem graça.
- Eu sei me controlar. – ela disse sem olha-lo.
- Bem, não me pareceu quando o livro caiu sobre você! – ele disse rindo abertamente de maneira irritante.
- Claro, com você aparecendo do nada pra me perturbar... – ela disse calma
- Você pode usar essa desculpa se quiser! – ele riu
- Ah... – ela disse desaparecendo de repente fazendo o livro que carregava ficar invisível também – tenho coisas melhores a fazer do que ficar ouvindo suas gracinhas Potter.
Ela disse se levantando e indo a direção a cabana de Hagrid, deixando o garoto sozinho.
Quando o novo ano letivo começou foi bem estranho estar esperando seus colegas chegarem, já estando ela sentada na mesa da Grifinória esperando por eles.
E cansou de responder as perguntas tímidas porém numerosas que ela recebia sobre o que ela já estava fazendo ali. Só ficou mais feliz quando pode abraçar Lílian e Frank, e acenar de longe pra Severo.
E foi uma estranha aparição ver pessoas andando e conversando nos corredores que tinham sido só dela por um bom tempo. Mas de qualquer maneira ela começou o segundo ano bem mais animada e confiante que estava quando tinha começado o primeiro. Tinha com quem conversar e não se importava mais em ser a estranha do colégio. No primeiro fim de semana, durante um sábado estranhamente nublado ela se sentou na arvore a frente do lago pra conversar com Severo:
- você não se sentiu estranha aqui sozinha? – ele perguntou seco como sempre, como se estivesse ali com ela por obrigação.
- Não. Se você quer saber essa escola é bem mais divertida nas férias do que em aulas... – ela disse acostumada com aquele jeito dele. sabia que ele estava ali por que queria. Dividiu as torradas que tinha trazido consigo com ele e se pôs a comer a suas – eu arrumei um monte de coisas pra fazer por aqui.
- Como o que? – ele perguntou dando uma pequena mordida na sua torrada
- Bem... mexer nos livros da biblioteca. Consegui pegar até uns da seção reservada quando não tinha ninguém por perto.
- Isso é algo interessante. – ele disse com o olhar malicioso pra ela – o que você realmente olhou?
- Nada que possa interessar a você realmente. – ela disse sabendo que ele estava pensando em livros de artes das trevas – eu sei no que você está pensando.
- Você é uma idiota. – ele disse com a boca meio cheia – pode ter acesso a isso e não faz uso.
- E pude descobrir lugares estranhos do castelo, que é bem maior do que eu imaginava...! – ela disse mudando de assunto – consegui descobrir a senha do banheiro dos monitores, e tava tentando descobrir as dos dormitórios das outras casas...!
- Isso é trapaça. – ele disse seco – não é permitido.
- Por isso que é divertido! – ela riu
- Você é bem inconveniente quando quer... – ele murmurou
- Ah! – ela riu empurrando ele de brincadeira – de qualquer maneira foi legal, eu gostei.
- Eu gostaria de ter ficado aqui. – ele disse mais estranho que usualmente
- Por que...? – ela disse enfiando o resto de torrada na boca
- Minha casa não é o lugar mais divertido do mundo... – ele disse se levantando – você vai ficar por aqui?
- Não sei. Acho que vou procurar a Líly.
- Bem. nos vemos depois. – ele disse saindo sem olhar pra trás.
A conversa com Líly foi bem mais animada de qualquer jeito. Sentaram-se confortavelmente nas poltronas próximas a lareira e ficaram até tarde contado as novidades e o que tinha acontecido nas férias.
- não tive do que reclamar, sinto bastante falta de casa quando fico por aqui, sabe mamãe e papai... – Líly disse rindo ao observar o fogo.
- Saudades da sua irmã nem pensar não é?! – Mel perguntou rindo ao lembrar do pequeno problema que Lílian tinha com a irmã
- É! – ela concordou rindo – mas eu gosto, às vezes acho que gosto até das implicâncias de Petúnia comigo!
- Bem... ficar aqui foi divertido, o que não teria sido se eu voltasse ao orfanato. Me sinto em casa aqui, agora. Acho que nunca tive uma outra casa a não ser aqui... – Mel disse a ela ao observar as paredes do castelo.
O tempo parecia estar com pressa e janeiro já estava pela metade sem nenhuma alteração na vida escolar dela a não ser é claro pelo terrível hábito que ela tinha adquirido de vagar pela escola à noite, ás escondidas, usando seu poder de invisibilidade.
Fazia isso muitas vezes só pelo prazer de saber que estava desrespeitando regras, ou mesmo pra aprontar coisas comuns a crianças dessa faixa etária, como esconder bombas de bosta sobre uma porta de maneira que, a primeira pessoa que a abrisse fosse atingida por um pacote nada agradável. Ou até mesmo espalhar pó de coceira nas carteiras usualmente usadas por alunos que não era muito agradáveis a ela, coisas que geralmente era feito pela maioria dos alunos dessa idade.
Mas uma noite voltava calmamente ao dormitório quando ouviu um tropel de passos vir em sua direção e parou encostada a parede pra observar quem vinha. Avistou então, quase soltando uma gargalhada, James e seu melhor amigo Sirius, correndo pelo corredor com a gata do zelador no enlaço deles, miando desesperadamente. Ela correu atrás deles, que viraram o corredor, pra ter certeza de que teria o prazer de vê-los sendo pegos e ganhando detenções. Eles viraram a esquerda em mais uma bifurcação do corredor, enquanto ela pensava quase rolando de rir “burros, estão em um beco sem saída!”, vendo-os desesperar-se por constatar essa informação, ficando encurralados pela gata que miava incontrolavelmente. Eles pareciam indecisos pra onde ir quando Mel ouviu os passos ressoantes do zelador vindo na direção deles, com certeza ele deveria ter pegado um atalho e mais alguns passos e ele estaria cara a cara com os dois. Ela tentou se divertir com essa cena, mas sentiu pena de deixa-los ali e, assim que o zelador ia alcançando o local que sua gata miava, ela parou atrás dos dois e sussurrou:
- só me deixa pegar na mão de vocês. – e sem outro aviso prévio ela segurou a mão deles fazendo-os ficar invisíveis também e o zelador deu de cara com o nada enquanto eles se esgueiravam lentamente para longe daquele lugar.
Eles pareceram ficar assustados, mas não falaram nada. Quando estavam a uma distancia segura ela soltou a mão dos dois:
- então é você?! – James disse assustado encarando Mel
- Shi...! – ela pediu que ele falasse mais baixo e depois completou - é... sou eu. – e ficando invisível de novo ela resolveu sair de lá – agora dá um jeito de cair fora daqui vocês dois...
- minha capa! – James disse a Sirius – ficou caída na porta da sala de troféus. O Filch pode encontrar!!!
- Sem ela a gente não vai poder voltar pro dormitório. O Filch vai estar nos caçando a noite inteira com aquela gata fedorenta! – Sirius disse sussurrando
Mel que tinha parado pra ouvir a conversa voltou a ficar visível e segurou um dos lados de um quadro enorme na parede atrás deles e fazendo algum esforço puxou o quadro pra frente deixando uma escura passagem aberta.
- esperem aqui dentro pra que Filch não veja vocês.. – ela disse sem entender por que estava ajudando enquanto iluminava o local com sua varinha – eu busco a capa e trago aqui.
Eles não questionaram apesar de parecerem bem desconfiados quando entravam e viam Mel fechar o quadro na frente deles. Minutos depois ela voltava carregando a capa de pano suave e delicado que ela nunca tinha visto, achou estranho, a noite estava fria, mas aquilo não podia esquentar ninguém, não pode entender como aquilo ai ajuda-los a voltar ao salão comunal da Grifinória a salvo. Abriu o quadro e encontrou os dois sentados cochichando. Sem se tornar visível de novo ela entregou a capa a ele e perguntou curiosa:
- pra que você precisa dessa capa?
- Pra isso. – James disse e rapidamente ele e Sirius se cobriram com ela, ficando invisíveis também. – você não é a única que anda por aí invisível Gray.
- Estou vendo. – ela disse fechando o quadro.
Sem ter idéia de onde eles tinham ido ela caminhou lentamente até o dormitório e se preparava pra dizer a senha a mulher gorda do quadro quando ele se abriu deixando o salão comunal a vista e ela entrou rapidamente. James e Sirius saíram debaixo da capa e subiam a escada do dormitório masculino quando ela perguntou voltando a ficar visível:
- e a propósito, eu acho que eu deveria receber ao menos um obrigado não?
- Aaahh...! muito obrigado Gray! – Sirius disse num sorriso debochado
- Se não fosse por você! – completou James
- Nós teríamos achado um meio de nos safar sozinhos! – Sirius disse ainda rindo apesar de saber que aquilo não era nem um pouco verdade.
- Então boa noite! – James disse sumindo no topo da escada.
- Boa noite. – Sirius disse sumindo também.
- Idiotas...! – ela respondeu a eles subindo nas escadas que davam para o dormitório das meninas.
Numa noite de maio, quando Mel dava uma de suas usuais escapulidas noturnas, algo um tanto quanto estranho aconteceu. Passava pelo escritório de McGonagall quando ouviu vozes e agitação lá dentro. Pela fresta da porta podia vez luz de velas. Encostou-se pra ver se ouvia algo:
- sente-se Anthony. – a professora falava – eu não esperava que você viesse a responder nosso chamado tão prontamente. Despachei a coruja ontem ao anoitecer.
- Acho que o assunto não era pra se esperar. – um homem respondeu. Tinha um pouco de nervosismo na voz. – onde está Alvo?
- Somente verificando algumas informações, você sabe, mas não deve demorar. Tentar provar o que ele te disse não tem sido nada fácil e ele tem empenhado as horas vagas que tem nisso.
- Nós temos uma maneira fácil de provar isso não temos? – ele parecia impaciente agora – existem meios mágicos provar a paternidade de uma pessoa, por que toda essa investigação?
- É diferente com ela, você deve imaginar. – a professora respondeu tão irritada quanto – e além do mais ele quer ter uma historia para contar a ela. Acho que ela merece uma explicação.
Tentando não imaginar que eles falavam sobre ela, sensação que Mel teve desde que começou a ouvir aquela conversa, e esquecendo-se completamente do que estava querendo fazer ali naquele lugar a noite ela voltou a sua cama e se forçou a ficar deitada tentando dormir apesar de não conseguir se desligar por um minuto.
Nas aulas do dia seguinte então sentia-se bem menos confortável. Pela primeira vez desde que tinha começado na escola não conseguia de jeito nenhum se concentrar nas palavras do professor Worth, que falava sobre a poção redutora que eles deveriam preparar dali a pouco.
- a concentração de ingredientes nessa poção ainda é mais relevante do que na poção minimizante que nós tentamos na aula passada por que... sim Srta. Gray? – Worth disse quando percebeu a mão dela levantada – alguma pergunta?
- Não é que... eu não estou me sentindo bem. – ela disse de uma vez abaixando a mão e segurando a mochila instintivamente – será que eu poderia ir a ala hospitalar...?
- Aaah... – ele disse parecendo desconfiado – se você não se sente bem, vá.
- Obrigada! – ela disse sorrindo e, de repente, lembrando-se de fazer cara de doente pegou suas coisas e saiu da sala o mais devagar que sua vontade de sair dali permitia..
Andou em círculos por um tempo por que não sabia aonde queria ir. Não sabia se seria prudente interferir nas aulas da professora Minerva pra poder falar com ela. Não sabia onde o diretor estaria, pensou em procurar Líly mas não tinha idéia de que aula ela deveria estar assistindo e quando já não tinha mais idéia do que fazer viu Severo vindo sobre a escadaria de mármore, o nariz sangrando e as mãos sujas de sangue.
- o que aconteceu com você?! – ela perguntou esquecendo-se brevemente de seu problema.
- Nada. – ele respondeu seco e tentou se esquivar dela que ia atrás dele – só tenho que ir a ala hospitalar.
- Alguém te bateu? – ela perguntou curiosa
- Deixa de ser enxerida Melanie. – ele disse rispidamente
- Deixa de ser grosso! – ela disse parando. – eu só queria ajudar!
- Eu não preciso que você fique me ajudando. – parando um pouco a frente dela – eu já te disse isso.
- Certo. Obrigada! – ela jogou a mochila nas costas e ia se virando pra subir as escadas de pedra quando ouviu ele falando com ela de novo.
- E o que você está fazendo fora de sala?
- Não te interessa! – ela disse chateada. – é problema meu, mas não se preocupe, eu desisti de te pedir ajuda!
E sumiu para os andares de cima mais nervosa que antes e resolveu num ímpeto ir até a sala do diretor, até mesmo esperar por ele lá se não o encontrasse. Andou um longo período bufando de raiva sozinha pelos corredores quando parou a frente do enorme grifo de pedra e jogou a mochila no chão. Morrendo de raiva ela se lembrou de que precisava da senha pra entrar. Sentou-se nas patas do grifo de pedra e se pôs a murmurar:
- tá... qual foi a sobremesa de hoje...? mmm... torta...? de... de... de amora...? melaço... torta de abóbora... abóbora recheada...? – ela olhou pra cima nos olhos do monstro de pedra imóvel – não to nem perto não é? Sei lá... sorvete de abacaxi, geléia de morango...não peraí! – ela disse se lembrando de algo que o diretor adorava – sorvete de limão!!!
E o bicho que a pouco não aparentava querer se mover nem em um milhão de anos deu um pulo pro lado jogando-a sentada no chão. Ela se levantou e pegou a mochila e ainda apalpando o bumbum que doía depois da suave queda ela subiu os degraus de pedra que ele ocultava e parou na frente da porta de carvalho. Parecia que as coisas estavam quietas por ali. Tentou bater e chamar por alguém, mas não teve resposta. Sentou-se na frente da porta e ficou pensando quando o diretor voltaria, mas não demorou muito pra ela ouvir a escada de pedra se movendo e trazendo alguém pra cima. Imaginando se levaria ou não uma bronca por estar ali ela tentou escutar algo. Um pouco indecisa entre se manter visível ou invisível ela ouviu vozes conversando, o que significava que Dumbledore não estava sozinho, então rapidamente agarrou a mochila e ficou invisível esperando que as pessoas passassem por ela. Depois que entrassem e fechassem a porta ela poderia esperar um tempo e bater a procura do diretor, fingindo que tinha acabado de subir. Ficou em um canto e pode ouvir o mesmo homem que falava com Mcgonagall a noite conversando com o diretor.
- está tudo bem com os negócios Alvo, mas eu me preocupei com a carta que você me enviou. Bem... você remexeu em um episodio não muito feliz de minha vida.
- Sinto se isso lhe trouxe algum aborrecimento Anthony, mas eu não pude ocultar de você as minhas desconfianças. Não estando elas envolvendo coisas tão importantes. – o diretor disse apontando no topo da escada.
- Sim, envolve coisas importantes realmente, algo como o meu casamento. – o homem disse parecendo chateado e Mel pode ver quem falava. Um senhor alto aparentando pouco mais que 45 anos subia os degrau atrás do diretor. Vestia-se muito bem em tons de marrom com uma bela capa por cima, parecia extremamente educado e era muito bonito. Tinha olhos e cabelos castanhos e brilhantes, porém algo chamou a atenção de Mel: os cabelos dele pareciam tremendamente bagunçados, o que não condizia com todo o resto. Ela se perguntou onde já tinha visto alguém assim.
- E, a propósito, como vai Elisabeth?
- Terrivelmente enciumada. – o homem disse atravessando a porta que o diretor tinha aberto. – foi ela quem recebeu a coruja que você me mandou e você sabe como ela fica quando... quando alguém menciona o que aconteceu a... há 12 anos atrás.
- Eu me recordo bem. – o diretor disse e encostou a porta. Mel se aproximou mais pra ouvir a conversa. – por favor Anthony, sente-se. Eu sei que o assunto não lhe parece agradável, mas acho que é relevante...
- O que te levou a remexer no passado dessa menina? – o homem perguntou abruptamente não conseguindo esperar que o diretor terminasse a frase – qual o propósito disso tudo Alvo?
- Essa menina, como você disse, só despertou minha afeição. Eu a conheci sozinha no mundo e tendo de conviver com seus poderes de maneira que não podia fazer e me afeiçoei a ela. Há oito meses eu tenho procurado saber de que forma ela foi parar em um orfanato de trouxas e passei a me perguntar por que ela estaria em um orfanato de trouxas.
- E o que isso tem a ver comigo?!
- Anthony, eu descobri que a mãe dessa menina abordou um senhor que passava em uma estrada na Escócia, perto da floresta que a mesma habitava. Pediu que ele levasse a criança pra longe, de preferência pra Inglaterra, onde o pai dela morava, antes que ela fosse morta. Esse homem levou a criança, mas sem saber o que fazer com ela e sabendo da origem da criança resolveu, numa idéia não muito inteligente, entrega-la aos trouxas. – ele parou e suspirou – esse homem, é o meu irmão.
- Aberforth...?
- Ele mesmo. Quando encontrei a diretora do orfanato para questiona-la sobre como a menina havia chegado aquela instituição ela me descreveu como um viajante extremamente estranho tinha a deixado com ela e eu não demorei a reconhecer a letra de meu irmão no livro que ele teve que assinar ao deixar a menina. E pedi, ontem mesmo, que ele me contasse toda essa história.
- E como você ligou essa criança a mim?
- É uma menina de doze anos... não muitas meninas nascidas como ela chegam a sobreviver e ao observa-la você vai poder ver as características que me fizeram liga-la a você. – ele disse calmamente apontando de leve os cabelos desarrumados do homem.
Um enorme silêncio caiu sobre eles e o estomago de Mel estava revirando de agonia. Se antes achava que estavam falando dela agora tinha certeza, mas resistia a acreditar enquanto não ouvisse alguém proferindo seu nome dentro daquela sala.
- não sei se você sabe o que vai significar pra minha vida se essa menina for mesmo minha filha. Você sabe...? – o homem perguntou – você sabe como Elisabeth vai reagir, como ela vai se sentir? Não será muito fácil pra mim se você quer saber!
- E não tem sido fácil para menina há bastante tempo também.
- Como ela se chama? – o homem finalmente perguntou e o coração de Mel disparou
- Melanie, Melanie Gray.
Ela ficou por um momento estática e depois como se algo a repelisse dali ela correu escada abaixo e correu o mais que pode, com a mente falhando, o coração doendo e lágrimas que não conseguiam ficar dentro dos olhos.
Depois que ela conseguiu processar as informações que tinha tido ela resolveu entrar de uma vez correndo na ala hospitalar:
- eu to doente! – ela disse a madame Pomfrey ao entrar desabalada no escritório da enfermeira corada pela corrida que tinha feito, os olhos ainda brilhando de lágrimas. – eu to muito doente!
- O que você sente querida?! – a enfermeira foi a ela correndo colocando uma mão na testa dela depois a outra contando a pulsação.
- Não sei... eu... – ela tentou imaginar algo – eu vomitei a noite inteira...! foi isso... e to com febre e minha cabeça dói... – ela disse deixando o corpo amolecer e caindo molemente no chão olhos fechados fortemente rezando pra que a enfermeira não percebesse que o desmaio era falso.
- Meu Deus! – a enfermeira pegou a menina e colocou numa das camas da ala e começando a fazer uma série de procedimentos pra cuidar da pequena paciente.
Meia hora depois quando tinha sido deixada sozinha por Madame Pomfrey, finalmente quieta ela fitou o teto da enfermaria um pouco confusa. Não sabia exatamente por que queria ficar ali deitada, tomando uma poção antivômitos, um chá para dor de cabeça e com compressas frias na testa. A enfermeira tinha num primeiro momento dito a ela que não era nada grave e que depois da poção ela poderia ir embora, mas a menina teve mais um acesso de desmaios e implorou pra que pudesse ficar ali gozando dos cuidados médicos. E ela não sabia por que queria ficar ali. Simplesmente queria ficar no eterno silencio do lugar, quente sob as cobertas macias e sozinha. Simplesmente isso. Talvez conseguisse dormir se os pensamentos sobre aquela conversa saíssem de sua cabeça. Mas quando ela fechou os olhos disposta a dormir ouviu a voz de McGonagall falando com Madame Pomfrey. Logo ela entrou na enfermaria e foi direto a cama de Mel, vendo que ela estava acordada.
- o que aconteceu minha querida? - ela disse de uma maneira tão terna que Mel se assustou
- me senti mal, só isso. talvez foram os doces que eu comi... – ela mentiu – Líly trouxe pra mim de Hogsmade.
- Sente-se melhor agora? – a professor perguntou colocando a mão na testa dela
- Um pouco... – ela disse fazendo careta – os enjôos vem e vão...
- O diretor me mandou procura-la e o professor Worth disse que você tinha vindo pra cá há tempos, mas Madame Pomfrey me disse que você chegou a meia hora. Fiquei te procurando. Por que não veio aqui logo?
- Não sei... – ela tentou mentir algo que convencesse – eu fui... tomar ar fresco, pensei que podia passar.
- Da próxima vez venha direto a ala hospitalar querida. Vou avisar ao diretor que você está aqui. Provavelmente ele vai querer vê-la. – e acariciando os cabelos da menina ela saiu.
Ela tornou-se agitada ao ouvir aquilo. Não queria ver Dumbledore, a ultima coisa que queria era ver o diretor. Ela tinha que arrumar alguma coisa que a fizesse vomitar, mas vomitar muito pra que fosse impossível chegar até ela.
Ela olhou pros lados desesperada, viu sua varinha, mas não tinha idéia de um feitiço que pudesse faze-la vomitar, então olhou os vidros que estava sobre a mesa ao lado de sua cama: poção antivômitos, tinha gosto de água de repolho azedo, era horrível, mas ela faria um efeito contrário ao que ela queria, mas ela encarou o chá: cheirava a algo como meia usada esquecida no armário e tinha um gosto similar. Pelo que a enfermeira tinha dito ele era feito de boldáceo selvagem e uma vez na aula de herbologia ela tinha ouvida a professora descrever que boldáceo selvagem era usado para fazer lavagens estomacais quando ingerido em grande quantidade. Lavagem estomacal só poderia dizer colocar as coisas pra fora.
Ela pegou o bule com o chá e o esvaziou em grandes goles. Era quase insuportável, mas ela ficou firme e quando terminou ela encheu o bule com água e diluiu um pouco da poção nela o que deu a água o tom esverdeado que o chá tinha anteriormente. Passou um tempo olhando pro teto e imaginando se aquilo daria certo. Parecia sentir-se tão normal quanto antes.
Ouviu passos no escritório da enfermeira e tremeu. Podia ser ele. e então começou a sentir algo estranho no estomago, como se um bicho minúsculo estivesse lá dentro e tentando sair. Era suave, mas de repente ela sentiu algo quente e nada agradável subir por sua boca. Um jato de vomito caiu sobre a cama quando ela se levantou rapidamente. E isso aconteceu mais duas vezes até que a enfermeira veio correndo com um balde. Ela parecia não terminar de jogar aquilo pra fora, era como se o chá tivesse aumentado muitas vezes o conteúdo que estava em seu estomago e ele não parava de querer sair.
- não, não, não diretor, não me parece conveniente que o senhor entre agora! – Mel ouviu a enfermeira dizer a ele, na porta da ala hospitalar – ela está tendo uma crise terrível de vômitos e eu nem pensei que ela estivesse falando sério sobre estar passando mal. Talvez daqui a duas horas ela esteja melhor e os senhores podem então falar com ela!
Mel suspirou aliviada quando parou de vomitar e pode voltar a se deitar em outra cama que não estivesse suja. Tinha conseguido se livrar do diretor, mas ele voltaria em duas horas. E acompanhado daquele homem. Até lá teria de inventar alguma coisa pra que ele não conseguisse falar com ela de novo.
Em duas horas ela não conseguiu pensar em nada, e tinha visto e enfermeira dispensar mais algumas pessoas que pareciam querer falar com ela, mas não pode ver quem era. Sentou-se tentando imaginar o que poderia usar daquela vez como desculpa pra não deixar que ninguém se aproximasse dela, mas não teve muito tempo pois ouviu o tom suave da voz do diretor quando algo lhe veio em mente. Começou a soluçar descontroladamente, desaparecendo e aparecendo de novo soluço sim, soluço não. Enquanto parecia realmente incapaz de pronunciar uma palavra.
- não isso agora! – a enfermeira veio até ela tentando ver o que estava acontecendo. – eu nunca vi uma criança com sintomas tão estranhos assim! Eu não sei o que ela pode ter! – ela falou ao diretor e seu convidado que olhavam assustados da porta a crise que Mel tinha.
- Talvez não seria o vírus do soluço invisível? – Anthony sugeriu olhando furtivamente a menina
- Não pode ser... ele não pode... a ultima crise foi há décadas...! – mas ela se afastou indo fechar a porta pros visitantes – de qualquer maneira é melhor ninguém se aproximar até que eu tenha certeza!
“funcionou!” a menina pensou enquanto tentava imaginar que diabos seria o vírus do soluço invisível. Talvez eles ficassem um looongo tempo longe dela agora e ela poderia, finalmente dormir em paz. Mas antes que ela pudesse de deitar e parar de fingir que estava soluçando a enfermeira veio fazendo uma série de exames e por fim, parecendo aborrecida, enfiou um líquido transparente e gosmento goela abaixo dela, pra que os soluços parassem. Cansada e se sentindo vencida ela foi parando de fingir o soluço aos poucos e deitou-se adormecendo quase instantaneamente.
- ela dormiu depois que eu dei o remédio e nada me tira da cabeça que ela estava fingindo. – a enfermeira falava quando ela acordou. Tudo já estava escuro e parecia bem silencioso. As cortinas estavam fechadas ao redor de sua cama.
- Eu não tenho duvidas disso Papoula. – disse a voz suave do diretor.
- O senhor quer que eu a acorde?
- Não. Eu mesmo faço isso.
Ela ouviu passos em direção a ela e se sentou. Logo a luz suave de velas a iluminou pelo vão que se formou quando o diretor abriu as cortinas. Estava sozinho e a olhava com bondade.
- eu estou aqui me forçando a acreditar que a sensação que eu tive mais cedo de que você estava me evitando era simplesmente fruto de minha imaginação. – ele disse suavemente se sentando na beirada da cama dela. – como você se sente agora Melanie?
- Bem. – ela respondeu com vergonha, sem olha-lo.
- Tem algo que você queira me contar? – ele perguntou e guardou silêncio.
- Tem sim. – ela disse ainda envergonhada e contando de que maneira tinha ouvido as conversas de Anthony com McGonagall e com ele e como estivera tentando se manter afastada de qualquer encontro com eles. – e antes que você me pergunte, eu não sei por que fiz isso... eu só fiz...! acho que me assustei...
- Naturalmente. – o diretor disse calmo – então você já sabe até mais do que eu teria lhe contado nessa noite... – ele suspirou e se levantou – então acho que só tem uma coisa a mais a ser feita.
Ele se levantou e foi até a porta, retornando acompanhado de Anthony que observava tudo a sua volta com um certo ar preocupado. Eles pararam na frente de Melanie que se sentiu estúpida e muito estranha sentada ali, de pijama, olhando pra eles.
- eu quero que você conheça um velho amigo meu, Mel. – Dumbledore disse ao se referir ao homem ao seu lado – esse é Anthony Potter.
- Potter?! – foi o que ela deixou escapar se lembrando exatamente de quem ela tinha se lembrado ao ver o rosto daquele homem: tinha se lembrado de James – Potter não!!!
- Potter sim, - Anthony disse simplesmente – algum problema com isso?
- Por favor me diz que você não é o pai de James... por favor...? – ela pediu em voz baixa escondendo o rosto nas mãos ao poder ver a possibilidade de ser irmã de James.
- Qual o problema com James, Alvo? – o homem se virou pra Dumbledore – meu filho andou fazendo...
- Ai....- ele não pode terminar por que foi interrompido pelo gemido dela. – ótimo...
- Eu não estou entendendo...? – Anthony murmurou
- Nada relevante Anthony. – o diretor disse e se virou a Mel – eu acho que nós deveríamos pensar nisso assim que tivermos certeza de alguma coisa. Mel você me ouviu dizer que há uma grande possibilidade de que Anthony seja seu pai, mas nós precisamos ter certeza absoluta antes de tudo. nós precisamos somente de uma poção e alguns fios de seus cabelos para que essa certeza nos seja concedida. Muito provavelmente amanhã na parte da tarde nós teremos uma resposta definitiva. Mas você tem que concordar com isso. o que você me diz?
Ela suspirou e observou o rosto daquele homem que a observava com uma expressão que ela não saberia descrever. Algo entre medo e ternura.
- bem... o que eu tenho a perder? – ela perguntou
- certo – Dumbledore disse indo até ela e acariciando delicadamente os cabelos da menina e com um gesto rápido de sua varinha tirou cinco fios do cabelo castanho claro dela e os guardou. Depois se virou a ela sorrindo – você tem intenções em passar a noite aqui ou já se sente melhor?
- Eu não me senti mal de verdade em momento algum... – ela disse e sorriu – a não ser quando eu tomei uma jarra inteira de boldáceo selvagem pra poder vomitar daquele jeito...!
- Estava mesmo imaginando como você tinha feito aquilo. – o diretor disse sorrindo levemente
- Engenhoso... – Anthony murmurou como se falasse aquilo pra si mesmo.
- mas imagino que você vá pra seu dormitório agora não é? – o diretor perguntou a ela
- Sim...
- Então procure não desviar seu caminho, certo garotinha? – o Diretor disse com um afago na cabeça dela – até amanhã.
- Até amanhã. – ela disse ao diretor sentindo-se tensa ao ver Anthony se aproximar ele estendeu a mão a ela e disse sorrindo de maneira muito parecida com a de James:
- Boa noite. – ele disse a ela
- Boa noite Sr. Potter. – e estendeu a mão a ele não a segurando por mais de alguns segundos.
Quando ela terminava de ajeitar seu uniforme pra poder voltar ao salão comunal da Grifinória é que ela percebeu uma coisa se olhando no espelho: talvez agora ela finalmente saberia de onde vinham aqueles seus cabelos sempre bagunçados que ela simplesmente não sabia como fazer ficar no lugar.
Era quase meia noite quando ela entrou no Salão comunal e poucas pessoas estavam sentadas aqui e ali, alguns em mesas completando deveres e outros simplesmente jogando conversa fora. Ela observou em volta e percebeu Lily sentada numa poltrona perto da lareira absorta em um livro e resolveu ir falar com ela. Enquanto atravessava o salão ouviu a voz clara de James que estava sentado com sua gangue ali perto, num canto mais escuro:
- conseguiu parar de vomitar Gray? Ou você prefere que eu busque um balde pra você?!
As pessoas à volta sorriram, mas Lily que agora observava Mel indo até ela disse de perto da lareira:
- ninguém aqui precisa de seus comentários idiotas Potter, então cala a boca.
- Tudo bem Lily... – Mel disse sentando-se ao lado dela ao observar James que olhava fixamente pra Lílian agora – deixa ele pra lá...
- Como você está? – Lily perguntou a observando preocupada – eu fui tentar te ver antes do jantar, mas Madame Pomfrey disse que você não parava de vomitar!
- Tá tudo bem agora, eu tava fingindo. – Mel disse rapidamente –eu só queria fugir de uma coisa.
- Do que? – Lily perguntou sem entender
- Você nem imagina o que me aconteceu hoje Lily... nem imagina!
E falando isso ela contou a Lily tudo que tinha ouvido deixando a amiga de boca aberta quase sem ar
- você pode ser irmã do idiota do Potter...? – ela disse num som quase inaudível
- isso mesmo. Eu e o idiota do Potter... – ela disse no mesmo tom... – dá pra acreditar?
Elas ainda conversaram por mais uma hora e meia sobre isso e quando decidiram ir dormir ninguém mais estava na sala. Lily ainda parecia pasma
- Lily, só não comente com ninguém. Não sei se é o tipo de coisa que eu vou querer espalhado por aí... quero dizer... minha vida já á bastante ruim sem tudo isso passando na boca das pessoas... quero dizer, mesmo se eu for filha dele talvez eu prefira deixar as coisas do jeito que estão...
- Como assim Mel...? você quer dizer, não contar pra ninguém...?
- É... eu quero dizer... eu já tenho muito com o que me preocupar por ser meio Gray e tudo mais, e somente agora as pessoas parecem esquecer que eu existo e me deixar em paz mas imagine começar tudo de novo, enfrentar todo mundo me apontando pelos corredores de novo falando da minha vida. E pelo que eu ouvi o Sr. Potter falando eu não tenho uma madrasta muito amigável... e isso era tudo que eu não queria agora...!
- Mas de qualquer maneira você vai ter o nome dele, quer dizer, ele vai te reconhecer como pai não é?
- Ele não me pareceu muito a fim disso não se você quer saber...– ela suspirou e olhou o lugar que James ocupava até alguns momentos atrás – e acho melhor assim...! Vai me poupar o trabalho de fingir que James não é meu parente...!
- Bem...! – Lily riu – olhando por esse lado!
E elas subiram pra os dormitórios das garotas.
Geralmente sexta feira era o dia de aulas que Mel mais gostava, por que tinha duas aulas seguidas de transfiguração pela manhã com McGonagall, feitiços com o pequeno Flitwick e a tarde aula dupla de Defesa Contra as Artes das Trevas, mas nessa sexta ela não conseguiu se concentrar apropriadamente em nenhuma delas, por que o suspense de pensar que, a qualquer minuto alguém viria lhe chamar na porta para leva-la a sala de Dumbledore e então seria a hora da verdade. E ela respirou esse suspense o dia inteiro, quase se descabelando de tanta agonia quando saia da sala de Defesa contas as artes das trevas e estava indo ao salão principal para o jantar. Encontrou-se com Lily no meio do corredor e elas se juntaram, uma caminhando ao lado da outra.
- já teve noticias...? – Lily perguntou falando bem baixo
- não... – Mel respondeu sussurrando também – e esse suspense está me matando!!
- Você não acha melhor ir até a sala de Dumbledore e acabar com isso logo? – Lily perguntou quando cruzavam as portas do salão principal – isso vai ser menos doloroso não vai...?
- Não sei, eu também não sei se... – Mel parou de falar ao ser interrompida pela figura de James Potter que entrou na frente dela e se dirigiu a Lily
- Evans, eu estava pensando, temos uma nova visita a Hogsmade daqui a alguns dias, você não gostaria de ir comigo, gostaria? – ele perguntou passando a mão nos cabelos, os bagunçando.
- Claro. – Lily disse dando um sorriso cínico – eu realmente não gostaria de ir com você Potter.
Lily se esquivou dele e pegou Mel pela mão, que ria deliberadamente, a puxando para que as duas se sentassem juntas na mesa da Grifinória.
- parece que ela não quer ir com você James... – Sirius disse dando tapinhas nas costas do amigo e segurando a risada.
Mel sentou-se com Lily e tentou comer alguma coisa, apesar de sentir que tudo que ela botava pra dentro parecia entalar no meio da garganta. Sentiu-se mais apreensiva ainda quando percebeu que nem Dumbledore, nem McGonagall estavam na mesa do jantar. Então finalmente ela desistiu e empurrou seu prato pra longe encarando Lily:
- eu não consigo, num passa mais nada pela minha garganta...!
- talvez eles não tenham conseguido terminar isso hoje... talvez você só vai ficar sabendo disso amanhã.
Mas assim que ela fechou a boca a professora McGonagall vinha desabalada por entre as mesas e se dirigiu a Mel com uma certa angustia na voz:
- Chegou a hora querida. – ela disse colocando a mão no ombro de Mel – o diretor está esperando por você no escritório.
- Certo... – Mel disse engolindo em seco e sentindo Lily apertar sua mão. Ela se virou pra amiga.
- Vai ficar tudo bem... – ela murmurou e Mel acenou que sim quando a professora a empurrou pra frente em direção a porá do salão principal.
Cada parte de seu corpo parecia gelar quanto mais próximas elas chegavam ao escritório do diretor. Mel sentia suas mãos suando e tremendo e a professora percebeu isso também, a olhando com bondade.
- você vai subir comigo não vai professora...? – Mel pediu encarecidamente quando chegaram ao grifo de pedra.
- Eu não sei se deveria... eu sei que é algo bem intimo e... – a professora pareceu confusa
- Mas eu quero que você vá comigo... por favor!! – Mel disse agarrando a mão dela. – eu to com medo.
- Não vai acontecer nada lá dentro que você precise ter medo. – ela disse séria – eu posso lhe garantir que não vai doer e se o Sr. Potter realmente não for o seu pai... bem poderá ser uma decepção mas...
- Não! Eu estou com medo de que ele seja meu pai! – ela disse deixando o terror que sentiu por todo esse tempo aparecer em palavras. – eu nunca soube como é ter um pai e eu não o conheço, e ele é pai do James e o James me detesta e a mulher dele está com raiva e eu não sei se quero que os outros fiquem falando da minha vida quando todos souberem e....
- Acalme-se Mel! – a professora disse ficando assustada com aquela demonstração de desespero. – você não precisa se preocupar com tanto!
- Mas vem comigo...? por favor...? – Mel implorou um pouquinho mais
- Bem... se você se sente mais segura...! – ela disse concordando
- Muuuuito obrigada! – ela disse se jogando no pescoço da professora num abraço. Sempre tinha sido muito emotiva assim. – mesmo de verdade!!
- Tudo bem! – McGonagall disse sorrindo e subindo com a garota até o escritório
Quando elas entraram somente o diretor e Anthony estavam sentados na mesa que pertencia ao diretor, um caldeirão borbulhando ao lado da mesa sobre um fogo baixo. Ela deu alguns passos e parou na frente dele, a professora bem atrás, com a mão no ombro dela como em sinal de apoio. Eles pareceram não se espantar com o fato de que McGonagall estar ali com ela e o diretor disse a ela:
- não vamos demorar muito Mel, você ainda poderá voltar ao Salão e terminar seu jantar...
- tudo bem... – ela disse sem perceber – nada tá passando pela minha garganta mesmo!
- Nós só te chamamos agora, - ele disse sorrindo dela - pois a poção não deve passar do ponto certo. – ele se levantou e mexeu levemente o liquido que borbulhava no caldeirão – essa poção é algo muito antigo, de uma composição simples, mas que não falha nunca. Ela é feita utilizando fios de cabelos do suposto pai e então, quando estamos no ponto certo os fios de cabelo do suposto filho deve ser adicionado. Se a poção se torna límpida como água é sinal de paternidade confirmada, e se ela assume qualquer outra cor ou se mantém do jeito que está não há laço entre as duas pessoas. Acho que não cabe a você agora uma explicação de como funciona, mas... – ele observou a poção novamente – mais alguns segundos... – ele foi até a sua mesa e pegou uma tigela transparente de vidro e colocou um pouco da poção que era amarelo escuro. Depois de coloca-la sobre a mesa, pegou uma pequena vasilha com um líquido roxo. Lá dentro ela viu que estavam os fios de cabelo que o professor havia pegado dela. Ele estendeu a vasilha a ela – você deve fazer isso, somente pegue os fios e coloque dentro da tigela... e teremos alguma resposta.
Tremendo levemente ela estendeu a mão para a tigela e enfiou a mão no frio liquido roxo. Sentiu os olhos de sr. Potter sobre ela, apreensivo.
Ela, tendo consciência que aquele simples gesto poderia mudar de alguma maneira toda sua vida, deixou os fios de cabelo cair cuidadosamente dentro da tigela transparente. Por instantes a tigela borbulhou e fumegou e por momentos ninguém pode ver que cor o líquido tinha assumido, mas assim que a fumaça se dispersou ela viu um pouco pasma que ele estava tão transparente quanto o vidro da tigela. A professora deu um pequeno gemido do que pareceu alivio e o diretor olhou para Anthony com um pequeno sorriso nos lábios. Anthony por sua vez estava fitando Melanie com um olhar curioso, observando a menina de cima em baixo. Ela pareceu desconcertada e tentou acertar os cabelos passando a mão neles rapidamente, como fazia quando estava nervosa. Ele de repente levantou-se e abriu um sorriso em direção a ela:
- eu acho que agora eu mereço pelo menos um abraço não...? – ele perguntou desconfiado ao vê-la o olhando um pouco desesperada
Mel se dirigiu até ele e deixou-se envolver em um tímido e não muito longo abraço. Os dois pareciam ainda não ter digerido a notícia. O diretor e a professora trocaram um sorriso rápido e ele disse ao sentar-se na mesa:
- ao que me parece – ele pegou uma pequena quantidade da poção que agora estava transparente e colocou uma pequenina garrafa a selando magicamente – você irá precisar disso e dos documentos de Melanie para poder resolver os detalhes sobre a paternidade de Melanie junto ao ministério...
- Alvo...- Anthony disse sentando-se agora na frente de Dumbledore, deixando Mel em pé ao lado dele – eu espero que isso não soe estranho mas eu gostaria de um tempo para poder resolver isso tudo...!
- Não entendo. – o diretor disse piscando rapidamente os olhos azuis.
- Você entende sim Alvo! É Elisabeth! Você sabe o quanto vai ser difícil a aprovação dela e como ela vai reagir.... – ele olhou rapidamente pra Mel – e James não tem a menor idéia do que está se passando e eu tenho medo de que isso vá afetar negativamente nossa família. – ele rapidamente se virou pra Mel segurando as mãos dela – não é nada com você querida, mas... eu sei que você deve ter enfrentado muito preconceito por aqui e deve entender o quanto vai ser complicado que as pessoas entendam... o meu trabalho no ministério, as pessoas vão falar...
- Eu posso fazer uma sugestão...? – ela disse timidamente enquanto todos na sala a olhavam
- Sim...? – Dumbledore disse a observando curioso
- Eu sei o que o senhor quer dizer. – Mel disse se virando a Anthony que soltava as mãos dela agora – eu entendo o quanto deve ser difícil para o senhor e... e pra mim também. Agora que as pessoas estão parando de me olhar como se eu fosse uma aberração e parando de me apontar pelos corredores e algumas até pararam de correr de mim quando me vêem e se... se tudo começasse a mudar agora, e as pessoas soubessem de tudo... ia começar tudo de novo! Eu não sei se poderia agüentar isso mais uma vez...!
- E o que você sugere então? – o diretor perguntou ficando mais atento
- Talvez se nós tivéssemos mais tempo pra nos conhecer e... bem nós sabemos que ele é meu pai agora e quem sabe depois a gente resolve essas coisas sobre nomes e sobre todo mundo ficar sabendo disso. Assim podemos somente adiar isso – ela disse tremendo levemente a voz e acrescentou em tom bem baixo – até mais ou menos depois que eu me formar em Hogwarts...
- Um longo tempo não...? – Anthony disse a olhando curioso.
- Eu só quero me acostumar com o fato de... me acostumar a imaginar que sou irmã de James... – ela sussurrou agora
- Qual o problema com James...? – Anthony perguntou olhando o diretor
- Ela e James têm uma pequena... falta de paciência um com o outro. – ele respondeu sorrindo
- Bem isso é comum entre irmãos não é...? – Anthony perguntou olhando Mel
- Eu nem quero imaginar o quanto ele vai pegar no meu pé quando souber...! – Mel disse fazendo uma leve careta. – será que ele pode não saber por um tempo...?
- Você diria que prefere um segredo por um tempo...? – Anthony disse olhando-a nos olhos, um pouco intrigado.
- Sim.... – ela respondeu temerosa – eu só estou com medo. Vai ser como um vendaval em nossas vidas não vai...?
- Isso é verdade. – Anthony disse ainda a olhando
- Bem... desde o começo eu deixei as escolhas em suas mãos Mel. – Dumbledore disse indo até a menina, colocando a mão no ombro dela – eu sempre soube que, por tudo que você passou e já sentiu,você tem maturidade bastante para resolver, mas deixar isso em suas mãos não cabe mais a mim. Eu fui seu tutor até o momento que descobrimos seu verdadeiro pai. A partir de agora, tendo ou não o sobrenome Potter, o responsável por você é Anthony. – ele se virou ao amigo – só você vai saber o que é melhor aos dois.
Depois disso eles ainda conversaram por um tempo, decidindo que, apesar de Anthony não colocar em Melanie seu nome, ele reconheceu a paternidade dela e passou a arcar com os gastos da menina (que ela veio a descobrir que estavam sendo arcados por Dumbledore que era seus tutor). Sobre onde ela passaria as férias e feriados eles concordaram que ela ficaria em Hogwarts até que todos se acostumassem com a idéia de ter mais uma pessoa na família e Anthony viria a visitar sempre que pudesse.
Quando ela se despediu de seu pai (com um abraço e um “boa noite pai”) ela se sentia enormemente feliz. Tinha ganhado de certa forma uma nova família e uma nova casa sem se desfazer de sua antiga família (Dumbledore, McGonagall, Hagrid...) e de sua antiga e adorada casa, o castelo de Hogwarts.
Quando ela se deitou o sono veio rápido e ela adormeceu ignorando a pequena pontada que sentiu ao imaginar que James era seu irmão.
No outro dia pela manhã ela acordou sendo sacudida por Lily.
- eu não agüentei te esperar ontem à noite, o que aconteceu?!? – ela disse quando Mel abriu os olhos, entes mesmo de falar Bom dia.
- Bem. diga bom dia a irmã do garoto que você mais odeia em todo colégio...! – Mel disse olhando pros lados e vendo que elas estavam sozinhas no quarto dela.
- Nossa Mel...! eu nunca imaginaria isso...! – Lily disse caindo sentada na cama de Mel
- Eu sei... nem eu.
- E como ficou tudo...?
- Bem... exatamente como eu falei.- Mel explicou a ela a longa conversa que tinha se seguido à descoberta de que Mel era filha de Anthony – ainda bem que as coisas terminaram assim. Sabe... eu realmente não iria agüentar...!
- E como é o pai de James... quer dizer – ela se corrigiu – seu pai?
- Bem, ele é muito legal. Sabe não deu pra conversarmos muito, mas é muito educado e me ouviu e me entendeu perfeitamente. Além de ser bem bonito se você quer saber!
- Ahh.. o James também é bem boni... – ela parou abruptamente – mas sabe, que bom que você gostou dele.
- Eu acabei pensando. – Mel disse rindo marotamente ao anotar na sua cabeça o comentário que Lily não tinha terminado – o James deve ter alguma coisa de bom, sabe, se o pai dele... – ela se corrigiu – meu pai é tão bom assim...!
- Bem. eu duvido. – ela disse mudando de assunto – vem vamos tomar café da manhã.
Quando chegaram no salão principal, Mel pediu desculpas a Lily e pegou umas torradas as embrulhando em um lenço seu e rumou a arvore em que costumava sentar-se nos sábados. Tinha de algum modo certeza de que Severo estaria lá esperando por ela.
Enganou-se. Mas ainda assim sentou-se lá e repartiu as torradas, três pra cada um, e deixou as dele separadas, embrulhadas cuidadosamente no lenço. Assim que ela terminava de engolir a primeira torrada olhando distraidamente a superfície prateada do lago alguém deixou o corpo cair ao lado dela. Ela olhou, Severo a encarou como se não tivesse acontecido nada:
- melhor agora...? – ele perguntou segurando as torradas que ela lhe entregava
- bem melhor. – ela disse começando sua segunda torrada
- pelo menos você está colocando as coisas pra dentro e não pra fora, não é...? – ele perguntou rindo simplesmente e sem sarcasmo algo que Mel achava que nunca tinha visto acontecer antes.
- Você ri por que não foi com você! - ela disse rindo também – mas estou bem agora.
- O que você acha que foi? – ele perguntou voltando rapidamente a seus modos secos e sombrios
- Doces de mais, Lily tinha trazido pra mim da Dedosdemel. – ela disse rápido inventando algo. Não podia de maneira alguma simplesmente dizer que era irmã de James. Ele odiava James e passaria a odiá-la também, algo que ela não queria.
- Talvez você aprenda agora. – ele disse comendo.
- E como têm ido as coisas? os exames finais estão chegando... o terceiro ano é difícil? – ela mudou de assunto
- Nem um pouco. Bastante fácil, eu acho. E como você tem se saído?
- Bem também, nenhuma dificuldade, mas acho que tenho problemas com poções, perdi a ultima aula por que estava na ala hospitalar.
- O que era? – ele perguntou terminando a segunda torrada.
- Poção redutora. Não entendi bulhufas.
- Eu te ensino se você quiser. – ele disse abocanhando a terceira torrada – mais tarde na biblioteca.
- Legal, obrigada. – ela disse concordando. Ele ficou calado terminando sua torrada e ela brincou com uns pedaços da sua ultima sentindo-se mal por mentir pra ele.
- As três da tarde? – ele perguntou em pé, pronto pra ir embora.
- É. Certo, eu vou estar lá. – ela disse vendo o afastar.
Ficou ainda um tempo sentada lá, tentando absorver tudo que tinha acontecido nos últimos dias. Era estranho de mais pra ser verdade.
- más companhias, hein Gray? – James apareceu atrás dela seguido por sua pequena gangue. – não ficaria muito perto dele se fosse você.
- A fama dele não pode ser pior que a minha, Potter. – ela disse e se sentiu estranha por falar com ele – e eu não tenho muitas escolhas quando ele é uma das poucas pessoas que não corre de mim ou fica me enchendo como vocês fazem.
Ela se levantou e ia deixando eles sozinhos quando ouviu a voz de Sirius falando com ela
- nós só estávamos tentando te alertar de alguma maneira. – ele disse.
- Obrigada, mas não é preciso. – ela respondeu polidamente e continuou seu caminho.
- você podia ter me pedido, eu te ensinava! – Lily disse um pouco chateada ao observar Mel se levantando e pegando sua mochila para sair da sala comunal perto das três horas
- era isso que eu ia fazer...! – ela disse parando na frente da amiga – mas ele se ofereceu e eu não tive coragem de dizer não..!
- olha Mel, eu detesto ter que concordar com James – ela disse lembrando o que Mel tinha lhe contado – mas esse menino é realmente estranho e eu não ficaria muito perto dele se fosse você...!
- eu não sei, ele parece normal pra mim! – ela disse sinceramente – bem ele não fica me falando sobre artes das trevas e tudo mais!
- Bem, se você acha seguro... te vejo mais tarde então.
- Até mais. – Mel disse saindo e rumando pra biblioteca.
Quando chegou procurou Severo pelas prateleiras e sentado nas mesas, mas só depois de andar bastante o encontrou sentado no canto mais sombrio da biblioteca segurando um livro de capa negra sem nenhum escrito que indicasse o titulo, muito perto do rosto e parecia murmurar para si as coisas que lia. Mel chegou até ele o mais silenciosamente que podia, então, quando estava bastante perto disse:
- que livro é esse? – ela perguntou em alto e bom som
- não acho que te interessa! – ele respondeu assustado, segurando o livro que quase caiu e o guardou seguro dentro da mochila.
- Você não está realmente envolvido com arte das trevas está Severo...? – ela perguntou se sentando na frente dele e jogando a mochila sobre a mesa. – eu quero dizer, eu pensei que você estivesse brincando quando me disse...
- Eu nunca disse nada a você que não tivesse o sentido real do que eu queria dizer. – ele disse seco e baixo, seus olhos negros e foscos pareceram brilhar intensamente, e sua voz se tornou mais urgente e estranha – eu posso te ensinar o que sei se você quiser, eu te disse que me procurasse se você... Melanie! – ele disse se levantando e segurando-a pelo braço antes que ela pudesse sair dali, como ela tinha intenção de fazer – eu não teria tocado no assunto se você não tivesse começado! – ele disse em tom baixo mas ríspido, parecendo nervoso e apertando o braço dela
- Você está me machucando! – ela disse fazendo um movimento com a mão e o empurrando usando sua energia própria. Ele cambaleou pra trás por um instante depois se recobrou e sentou-se na cadeira
- Não é um assunto que eu gosto de falar com pessoas tolas. Eu pensei que você pudesse entender! – ele disse ainda nervoso.
- Eu entendia que você era uma boa pessoa! – ela disse sentando-se de uma vez também, falando alto – eu disse a todos que você é um cara legal!
- Eu não preciso que você me defenda! Eu nunca pedi por isso! Nem que você fique falando pra todos esses idiotas da Grifinória que eu sou um “bom menino”...! – ele disse com uma voz de desdém cruzando os braços
- Eu só achava que você era meu amigo! – ela disse realmente chateada. Gostava da amizade dele. – mas talvez, - ela continuou com raiva – você só esteja perto de mim pra poder usar meus poderes nessas... coisas das trevas que você tem aí! – ela disse apontando a mochila dele
Ele a olhou por um segundo, e ela pensou ver que ele tinha se arrependido, então friamente e com o olhar novamente fosco, ele abriu um livro de poções sobre a mesa e colocou na página que falava de poções redutoras. Ela estava começando a entender o comportamento dele, não gostava de falar de brigas e coisas que já haviam passado, não gostava de gritos e simplesmente voltava a ser seco quando queria normalizar as coisas. Era seu jeito. Mel foi acalmando-se aos poucos enquanto ele começou a falar da poção, indicando algumas frases do livro ou ilustrações.
- Você devia copiar o que eu estou falando. – ele disse a ela olhando brevemente.
Mel pegou pena e pergaminho e escreveu o que ele a explicou.
Os últimos meses de aula se passaram de maneira tão rápida que, quando Mel acordou no dia em que os estudantes iam de volta pra suas casas, ela se assustou. Vestiu-se apressada lembrando-se que queria se despedir de Lily antes que ela se dirigisse a Hogsmade para pegar o trem. Quando chegou ao pátio da escola os alunos já se dirigiam calmamente para as carruagens paradas nos portões da escola. Ela correu um pequeno percurso chamando por Lily quando a menina parou para dar um abraço na amiga:
- eu pensei que você tinha se esquecido! – Lily riu ao abraçar Mel
- é estranho, eu esqueço que vocês vão embora e eu vou ficar sozinha.
- Ainda acho isso bem estranho. – Lily disse mirando o castelo atrás de Mel – você sozinha por aqui.
- Eu vou ficar bem, não se preocupe. Tem muita gente aqui pra me distrair! Mas não vou ficar triste se você me mandar algumas corujas!
- Certo! – Lily concordou – assim que eu puder!
- Talvez eu peça pra McGonagall me levar até sua casa nas férias. Eu quero dizer, ela me levou ao beco diagonal pra comprar meu material nas férias passadas e se fizermos isso de novo talvez eu possa pedir a ela pra que façamos uma visita a você!
- Ótima idéia Mel! Aí você pode conhecer mamãe! Eu vivo falando de você pra ela!
- Certo. Eu vou pedir a ela, ou ao... – ela abaixou a voz e olhou pros lados, viu que era seguro e murmurou – meu pai quando ele vier me ver!
- Só me mande uma coruja pra avisar, ok?! – Lily disse antes de se afastar, suas amigas a chamavam paradas na frente de uma carruagem – boas férias Mel!!
- Pra você também Lily! – Mel gritou e se virou correndo de volta ao castelo, olhou mais uma vez pra trás procurando por Severo ou Frank pra se despedir também, mas não viu nenhum dos dois e quando se virou pra frente esbarrou tão forte em alguém que teria caído se essa pessoa não tivesse a segurado pelo braço. Ela olhou pra ver quem era e encarou Sirius, amigo de James. James estava ao lado dele com seus outros dois amigos atrás deles. – desculpe Black. – ela disse educadamente se re-equilibrando – eu não tinha te visto.
- Deu pra perceber! – James disse rindo – quase o atropelou como se fosse um hipogrifo louco!
- Tudo bem Gray... – Black disse calmamente. Ele não parecia aborrecido ou cínico como James. Pelo contrário observava Mel com um olhar meio bobo enquanto ela, olhos azuis brilhando o cabelo caindo discretamente sobre o rosto e as bochechas coradas pela corrida o observava também – eu estava distraído também...
- Vai ficar aqui pras férias de novo Gray? – James perguntou observando o estranho comportamento de Sirius
- Vou Potter. – ela respondeu simplesmente, ainda um pouco absorta em observar os olhos negros muito brilhantes de Black, seu rosto bonito com o cabelo caindo charmosamente pela face. Ela nunca tinha observado o quanto ele era bonito. – mas acho que isso não interessa a você não é? – ela perguntou olhando James e sentindo que só agora Sirius tinha soltado seu braço
- Não sei, mas se você ficar bisbilhotando todo o castelo durante as férias como você parece ter feito eu vou ficar feliz se você quiser me desenhar um mapa! – ele riu se lembrando de quando ela tinha tirado ele e Sirius de uma fria – pode ser bem útil principalmente se você não ficar atrás da gente implorando pra nós agradecermos você!!
- Pára de implicar James...! – Sirius disse brevemente ainda olhando Mel
- Eu não preciso ficar ouvindo isso! – Mel disse desviando o olhar de James e percebendo que Severo estava atrás deles, se desviando ao perceber que Mel estava conversando com os seus mais odiados inimigos. Ela se precipitou pro lado de Severo e de repente virou-se pra olhar Black e disse, sorrindo sem querer – Boas férias!
- Hei Sirius....! – Remo disse ao amigo – eu Acho que a menina gostou de você...!
Ele não respondeu nada, simplesmente sorriu abobalhado.
Mel teve que correr um pouco de novo para poder alcançar Severo que tentava tomar a maior distancia possível de James e sua gangue. Mel o segurou pelo ombro quando o alcançou:
- Eu... Só... Queria me... Despedir de você! – ela disse arfando pela corrida
- O que você fazia no meio deles?! – ele perguntou num tom de voz baixo, porém indignado.
- Eu estava pedindo.... Desculpas ao Black, eu esbarrei nele. – ela disse simplesmente, recuperando o fôlego
- Você não precisa pedir desculpas a ele, você é dez vezes melhor que todos aqueles idiotas juntos! – ele disse em tom de raiva ainda com a voz baixa
- Eu só estava sendo educada...? – ela disse meio assustada com o jeito dele
- Aquele Potter idiota azarando qualquer um que ele vê pela frente, você não precisa falar nada com ele!
- Severo, calma. Já passou. – ela disse simplesmente rindo pra tentar quebrar o clima ruim – eu só queria me despedir de você, antes que você tenha um acesso de raiva!
- Tudo bem... – ele murmurou e esticou a mão a ela, de maneira polida – boas férias Melanie...
- Aaaahh! – ela disse indo até ele e dando um abraço rápido nele. Não sabia de quem tinha herdado esse jeito caloroso de ser, mas ela simplesmente era assim – Boas férias Severo, e me escreva se tiver tempo!
Ela disse sorriu pra ele e foi andando em direção ao castelo, com intenção de tomar o café da manhã. Ele ficou ainda por um tempo estático depois daquele abraço.
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