Um duelo diferente
“Você é tão acostumada
A sempre ter razão
Você é tão articulada
Quando fala não pede atenção
O poder de te dominar é tentador
Eu já não sinto nada
Sou todo torpor”
(Fogo - Capital Inicial)
Morrigan se surpreendeu ao ver aquele homem corpulento e visivelmente maior e mais pesado do que ela ceder os joelhos, indo de encontro ao chão. Quando tocou em seu braço para ampará-lo, tudo começou a girar e girar, e ela não conseguia enxergar nada em meio à escuridão em que estava. Seus olhos foram forçados para dentro das órbitas e um enjôo assombroso tomou conta de seu corpo. E quando achou que não seria mais capaz de suportar aquela sensação desagradável... Tudo parou!
Ela ainda segurava com mãos firmes o braço do desconhecido, que agora estava sem sentidos no chão à sua frente. Piscando bobamente, ela soltou o braço dele e perscrutou o lugar onde estava: uma pequena sala de estar decorada com um sofá velho e surrado, uma poltrona tão ou mais lastimável do que o sofá e uma pequena mesa que, Morrigan observou, parecia que iria se desmantelar a qualquer momento. O mais impressionante no lugar, no entanto, era a quantidade de livros que estavam amontoados em pilhas espalhadas ao longo deste, dando a estranha impressão de sufocamento.
Após observar com atenção o lugar onde estava, a Sacerdotisa voltou os olhos para o local onde o homem jazia desmaiado. Com um leve sopro, ela acendeu um candelabro que estava sobre a mesa fazendo com que uma luz quente e acolhedora iluminasse o aposento completamente. Morrigan teve de pôr as mãos sobre a boca para conter a exclamação de surpresa que a acometeu.
Aos poucos as feições do homem mudavam, começando das extremidades de seu corpo e que se espalhavam rapidamente ao longo deste. As mãos grandes e calejadas, agora ficavam finas e compridas. Os cabelos loiros começavam a crescer e escurecer, chegando à um negro profundo e de aparência oleosa. O rosto corado, empalidecia gradativamente, chegando à um aspecto macilento.
O homem corpulento que Morrigan vira no estranho pub momentos antes, tinha dado lugar a um homem alto e magro, que mesmo desmaiado, tinha uma expressão fria e irônica ao mesmo tempo em seu rosto.
Passado o momento de susto, a mente da Sacerdotisa começou a fervilhar em dúvidas: quem era aquele homem? Por que tinha se disfarçado? (Porque, para ela, era óbvio que ele havia se disfarçado) Por que havia desmaiado tão inesperadamente? Seria efeito da bebida?
Bem, por mais que o estranho tivesse sido grosso e mal-educado, ela não poderia deixá-lo ali sozinho e sem saber se ele tinha algo mais sério. Talvez fosse compaixão, talvez fosse pena, ou algum tipo estranho de sentimento que a tivesse dominado, mas ela simplesmente não seria capaz de deixar alguém passando mal e desaparecer. Até porque ela realmente não sabia onde estava.
Com certa dificuldade, ela conseguiu erguer o homem e levá-lo para o sofá. Da melhor maneira possível, o acomodou ali, já que não seria capaz de o carregar escada acima em direção aos aposentos.
Nos momentos seguintes, ela saiu em expedição pela casa, com a intenção de encontrar alguém ali, mas parecia que tudo estava entregue ao abandono e negligência. Apenas um dos quartos tinha uma aparência um pouco mais decente. Apesar de desleixado, era limpo e tinha uma certa “arrumação”. Ali, encontrou cobertores e travesseiros que ela pegou e levou para a sala, onde o desconhecido ainda estava.
Com uma das cobertas que trouxera, cobriu o homem, como uma mãe dedicada cobre o seu filhinho. Se repreendeu mentalmente por essa atitude “Mas pode ser que ele se resfrie, melhor não arriscar”. E aos pés da poltrona deixou sua bolsa, suspirando de alívio, pois seu ombro estava absurdamente dolorido.
A madrugada caminhava preguiçosamente para o seu final e, sentindo o seu corpo inteiro clamando por descanso, Morrigan se ajeitou da melhor maneira possível na poltrona envelhecida que ficava defronte ao sofá e se cobrindo, caiu num sono leve.
Algumas horas transcorreram tranqüilamente após isso. Quando os primeiros raios de Sol daquela manhã clara conseguiram penetrar na pequena sala e banhar o rosto pálido de Severus Snape, ele, com um resmungo aborrecido, despertou com a costumeira enxaqueca. Olhou em volta, e as lembranças da noite anterior desabaram sobre ele. O Pub... As doses duplas de FireWhiski... A estranha que reclamava mais do que o quadro da velha insuportável que ficava na mansão dos Black...
Sacudiu a cabeça “Mais um daqueles sonhos bizarros. Certamente vou ter de aumentar a dose de poção para adormecer sem sonhos”. Engraçado que, ainda assim, o sonho parecia demasiado real para ele. E alguns fatores eram a prova disso: o cobertor posto sobre ele, a dor incômoda nas costas por ter dormido no sofá e... uma estranha bolsa sobre a poltrona.
Ah, não!”. E não era só isso, ele pôde constatar. As janelas estavam abertas e as cortinas descerradas.
Levantou-se de um pulo e se encaminhou para a cozinha com a varinha empunhada. Vinda da cozinha podia ouvir uma voz doce e límpida cantarolando uma canção estranha e, junto com a voz, chegava até ele um aroma doce de ervas, que lhe trazia uma sensação agradável de saúde. Chegando lá, viu parada em frente à mesa, a estranha mulher da noite anterior. Com os olhos semicerrados e entoando a estranha canção, ela mexia lentamente uma colher dentro de uma xícara fumegante.
How can you see into my eyes like open doors
(Como você pode ver através de meus olhos, como se fossem portas abertas)
Leading you down into my core
(Trazendo-o ao meu interior)
Where i've become so numb
(Onde tenho estado adormecida)
Without a soul my spirit sleeping somewhere cold
(Sem uma alma, meu espírito dorme em algum lugar frio)
Until you find it there and lead it back home
(Até você me encontrar e me trazer de volta ao lar)
Apoiando-se no umbral da porta, ele ficou observando até onde as esquisitices da mulher iriam. Agora, com calma, ele conseguiu observar melhor a estranha com que havia travado um diálogo um tanto “acalorado” na noite anterior.
Now that i know what i'm without
(Agora que eu sei o que me falta)
You can't just leave me
(Você não pode simplesmente me deixar)
Breathe into me and make me real
(Respire em mim e me torne real)
Bring me to life
(Traga-me para a vida)
Olhando ela assim, de maneira tão distraída, ela parecia pequena e frágil, como uma criança inocente, completamente diferente da mulher irritadiça e de olhar mortífero que ele encontrara na noite anterior. Seus cabelos negros e perfeitamente lisos estavam atados num coque frouxo, onde uma fina vara de maneira entalhada o prendia. Algumas mechas negras escapavam do coque e caiam elegantemente sobre seu rosto, ocultando parcialmente a tatuagem em forma de meia-lua sobre sua fronte.
Frozen inside without your touch
(Congelada por dentro, sem o teu toque)
without your love darling
(Sem o seu amor, querido)
only you are the life among the dead
(Somente você é a vida no meio da morte)
Com um longo suspiro, Morrigan interrompeu a canção e, levantando os olhos, viu o homem a encarando, encostado no umbral da porta.
-Bom dia. Sente-se melhor? - ela perguntou com voz baixa, olhando diretamente para os olhos dele.
-Sim.- Snape resmungou, devolvendo o olhar da Sacerdotisa, mas de uma maneira fria e cortante. - E o que você pensa que está fazendo aqui ainda?
“Definitivamente, é um sujeitinho sem educação”
-Você passou mal ontem à noite e me trouxe para cá. -Ela soltou a colher com estrépito em cima da mesa. - Não estou aqui por vontade própria, se quer saber a minha opinião. E ainda acho que você deveria ser um pouco mais agradecido à mim, que te ajudei ontem à noite! - E olhando para a varinha de Snape que estava apontada em sua direção, acrescentou: - E pode ir abaixando isso, que eu estou desarmada.
“Maldita seja essa gratidão”, Snape pensou. Por que sempre tinha que ficar devendo algo à alguém por causa dessa maldita mania dos outros em querer lhe ajudar? Ele não havia pedido nada à ninguém, mas sabia que as dívidas de gratidão eram tão sagradas quanto um contrato mágico.
-Está certo! - Ele sibilou entre os dentes, sentindo uma raiva aguda borbulhar em suas entranhas. E a contragosto guardou a varinha dentro das vestes negras.
-Venha, sente-se. - Aquilo não era uma sugestão, e Snape se irritou em ver como aquela garota (como ele julgou que fosse) era intrometida. - Preparei um chá para você, apesar de que ainda ache que você não o mereça.
Ele bufou e se aproximou da mesa. Puxou uma das cadeiras e com uma irônica reverência a ofereceu à Morrigan. Ela ergueu o queixo, numa pose orgulhosa e se sentou.
Os dois ficaram alguns milésimos de segundo se encarando, dois pares negros de olhos se enfrentando numa luta silenciosa, até que, no mesmo instante, ambos desviaram a vista.
-Suponho que você deva ter um nome, não é, garota?
O modo com que Snape chamara Morrigan de garota foi o mais irônico e debochado possível. Mas apesar disso, a Sacerdotisa manteve o rosto neutro e o olhou calmamente.
-Morrigan.
Snape ergueu alguns milímetros a sobrancelha esquerda. - E o que mais?
-Como assim o que mais?
-Morrigan de que? Você não tem um sobrenome? -Snape indagou, com uma sombra zombeteira de sorriso no rosto.
-Creio que isso não tenha importância. -Morrigan cortou, num tom de voz seco e direto.
“Com certeza deve ser uma sangue-ruim que tem medo de revelar seu sobrenome. Típico!”
-E você? - Ela perguntou, enchendo outra xícara com chá.
Snape observou o tampo da mesa, com um olhar estranho. A xícara de chá ainda estava no mesmo lugar onde a Sacerdotisa o deixara, sem que o homem houvesse se dado ao trabalho de pegá-la.
-E então? Emudeceu de repente, é? - Ela alfinetou.
-Severus Snape. Satisfeita?
Ela apenas deu de ombros e continuou a bebericar o seu chá. Após um gole particularmente longo, ela pousou a xícara e falou, num tom de voz divertido. -Pode beber o chá, não está envenenado, não. Você se sentirá melhor, pode ter certeza! E aproveite que ainda está quente...
E dessa vez ela parecia doce e carinhosa, fazendo com que Snape se assustasse com aquela mudança brusca de atitude. Desconfiado, ele levou a xícara aos lábios, sorvendo lentamente o líquido morno, sentindo ele penetrar em cada centímetro de seu corpo, com uma sensação agradável de bem estar.
-Suponho que você deva estar se sentindo muito à vontade em minha casa. -Snape disse em um tom de voz irônico, assim que terminou sua xícara de chá. - Dormiu aqui, invadiu minha cozinha, abriu cortinas e janelas... Espero que minha humilde residência seja do seu agrado.
“Realmente, ele sente um prazer mórbido em ser desagradável”
Morrigan sorriu e no mesmo tom respondeu - Eu apenas tentei fazer com que sua casa ficasse um pouco mais habitável. E com relação às cortinas e janelas, eu acho que um pouco de Sol não faria mal à você, afinal de contas, você não é nenhum morcego para viver na penumbra.
O último comentário fez com que Snape apertasse os punhos com força, enterrando as unhas na palma de suas mãos. “E além de tudo é atrevida!”. Respirou fundo, tentando não se alterar, mas aquela mulher lhe tirava do sério e, pior que isso, era que ela nem ao menos se incomodava com o humor um tanto irônico dele. O mais estranho, no entanto, era a estranha atração que sentia por ela, uma mulher que surgiu do nada em sua vida e que tinha a mente tão fechada quanto à dele. O que era um motivo forte para que ele se preocupasse.
“1... 2... 3... Ela não vai me irritar... 4... 5... 6...”, Snape respirou fundo outra vez. Sim, ela o estava provocando, mas ele não iria se deixar levar.
Mas haviam coisas a serem discutidas ainda. Pelo jeito, Morrigan não o conhecia e nem ouvira falar dele “o Segundo fugitivo mais procurado da Grã-Bretanha”. Provavelmente ela era de outro lugar, já que agia de maneira tão diferente.
-Você é de onde?
Morrigan parou para refletir durante alguns momentos. - Sou de outro país...
“Certo”, Snape pensou “Ela não quer falar seu sobrenome e nem de onde veio. Às vezes, acho que atirei bombas de bosta em Merlin numa outra encarnação!”
-E pelo visto não tem onde ficar, certo? - Agora Snape viu que a jovem estava com um semblante preocupado no rosto sério. Como resposta, ela apenas acenou negativamente a cabeça.
-Eu estou procurando uma pessoa, sabe... - Depois de um tempo ela finalmente disse. - Mas ainda não sei por onde começar. Não conheço esse país muito bem...
Incrível como aquela mulher mudava tão facilmente de atitude. Em um momento emanava magia de uma maneira perigosa, para logo em seguida tratá-lo de maneira doce e preocupada. Morrigan alterava doçura e cinismo, fragilidade e força de maneira tão irregular, que ela era praticamente uma montanha russa emocional. Tipicamente feminina!
-Você se importaria se eu ficasse aqui por um ou dois dias? - A Sacerdotisa perguntou timidamente.
Era impressão de Snape, ou a voz dela ficara um pouco embargada? Aquilo foi a gota d'água para o Mestre em Poções. Mulheres são seres ardilosos e conseguem com uma simples lágrima derreter o coração mais frio e gélido. Minto. Não foi exatamente isso o que Morrigan conseguiu, mas tudo o que Snape não queria era ter aquela mulher em prantos agarrada à barra de suas vestes. Se bem que ela não parecia ser o tipo de mulher que fazia isso. Mas, ainda assim, ver uma mulher verter uma lágrima era degradante, então...
-Tudo bem! - Ele respondeu, odiando a si mesmo por não ter simplesmente estuporado ela e jogado o seu corpo numa viela qualquer.
Morrigan sorriu agradecida e inesperadamente tocou a mão de Snape por cima da mesa. - Eu realmente fico grata e, pode ter certeza, não vou incomodá-lo por muito tempo. Você não irá se arrepender disso.
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Logo após o silencioso café-da-manhã na casa de Dagda; Harry, Rony e Hermione se sentaram no banco de pedra em frente à casa do Sacerdote. Rony e Hermione, vez ou outra trocavam um olhar preocupado ao ver Harry tão quieto. Não sabiam como tinha sido a conversa entre ele e a Grã-Sacerdotisa, e Harry tinha se mantido monossilábico durante toda a noite.
-Harry, aconteceu alguma coisa ontem? - Foi Hermione quem quebrou o silêncio. - Olha, a gente até tentou esperar você contar alguma coisa, mas simplesmente não dá! Eu e o Rony não agüentamos mais ver você tão calado.
A garota cruzou os braços e olhou atentamente para Harry, buscando apoio na presença de Rony.
-Bem... Eu apenas precisava pensar... - Harry disse, e sua voz soou estranhamente baixa e rouca. - Ontem não aconteceu nada demais, eu apenas conversei com a Eriu. Tinha algumas coisas que me incomodavam e ela me ajudou bastante, sabe...
-Harry, mas isso é maravilhoso! - Hermione exclamou. - Você sabe que não é legal ficar guardando tudo para si, não sabe? E essa coisa de você não conseguir controlar o teu temperamento também não é bom. Toda vez que você fica nervoso acaba fazendo alguma besteira e...
-Por Merlin! - Rony interrompeu a garota - Vai com calma, Mione. Não tá vendo que o Harry já ficou melhor? Então, deixa o sermão pra outro dia, né?
Hermione bufou e Harry sorriu ao ver a possível discussão que se seguiria. “Esses dois aí não tem jeito mesmo”
-Relaxa Rony - Harry deu uma palmadinha no ombro do ruivo e depois olhou para Hermione - E eu sei disso, Mione, e vou tentar não ser tão temperamental. Falando assim parece até que fico tendo crises de TPM...
Os três se encararam por alguns segundos, antes de cair na gargalhada. Foi uma risada de alegria e de alívio, ao verem que Harry estava bem. Rony e Hermione sabiam que toda aquela história de profecia e escolhido afetava muito o emocional de seu amigo e sempre o deixava mal. Mas se ele já era capaz de fazer piada a respeito disso, era sinal de que as coisas estavam bem.
E nisso, entraram em um assunto qualquer, conversando e rindo distraidamente como qualquer jovem comum faria.
Do caminho que conduzia à casa de Dagda, vinha uma jovem Sacerdotisa que caminhava a passos largos em direção à eles. Cumprimentou brevemente os jovens que estavam sentados no banco de pedra e olhou atentamente para Harry.
-Você é o jovem Harry, estou certa? - A Sacerdotisa perguntou, ao que Harry meneou a cabeça em concordância. - A Senhora Eriu deseja lhe falar. Poderia me acompanhar?
O trio se entreolhou, sem disfarçar a curiosidade que crescia rapidamente.
Harry se levantou e olhou para os seus amigos que permaneciam sentados. - Hm, eu vou ver o que é. Qualquer coisa eu aviso vocês, ok?
-Certo...- Os dois falaram ao mesmo tempo.
Após isso, Harry seguiu a jovem Sacerdotisa em direção à Casa da Grã-Sacerdotisa de Avalon e depois de alguns poucos minutos de caminhada, avistaram a pequena casa de taipa ladeada por macieiras que floresciam.
A Sacerdotisa entrou primeiro na casa e logo depois chamou Harry, dizendo que a Senhora já estava à sua espera. Quando o rapaz entrou, viu Eriu sentada de costas para ele, olhando distraidamente para a lareira apagada.
Quando se deu conta, a jovem Sacerdotisa já não estava mais no aposento, deixando ele e Eriu à sós. Ficou em pé, esperando, sem saber ao certo o que fazer. Por mais que Eriu fosse simpática e amorosa, às vezes sentia um certo desconforto quando estava na sua presença. Tinha a nítida impressão de que a Grã-Sacerdotisa sempre o estava analisando e lendo os seus pensamentos. Talvez ele não estivesse errado e talvez isso não fosse um mau sinal, mas, ainda assim, as manifestações de poder que ele via em Avalon ainda o impressionavam e assustavam muito.
-Venha, meu querido, sente-se ao meu lado. - A voz aveludada de Eriu despertou Harry de seus pensamentos e fez com que eles se desvanecessem rapidamente.
Sem protestar, Harry se sentou em um banco que ficava ao lado da cadeira de Eriu e se pôs a observar a lareira apagada, sem ousar olhar diretamente para a mulher.
-Sabe por que eu o chamei aqui, Harry? - Ela perguntou suavemente, sem desviar os olhos da lareira.
-Sinceramente, eu não sei, Senhora!
Parece que naquele momento, o mais adequado seria chamar Eriu assim. O poder e fascínio que a Senhora e Grã-Sacerdotisa de Avalon emanava era tão forte e palpável, que chamá-la de outro modo parecia extremamente errado e grosseiro. E dessa vez, Eriu não o corrigiu. A conversa era entre a voz da Deusa e seu possível campeão.
-Desde que conversamos ontem, tenho pensado em algo que possa ajudá-lo em sua missão. Você me disse que os tais horcruxes eram artefatos mágicos muito poderosos e carregados de magia negra. - Harry fez um gesto de concordância e Eriu prosseguiu. - Um objeto assim só pode ser destruído por intermédio de algum poder ou arma com um intenso poder mágico. Você consegue acompanhar o meu raciocínio?
-Perfeitamente! - Harry respondeu, sem estar de todo certo a respeito disso.
Eriu suspirou.
-Você me disse que quando tinha doze anos destruiu um dos horcruxes utilizando uma presa de basilisco. Como bem sabemos, o basilisco é um animal carregado de poder, portanto, sua presa era uma arma poderosíssima e através disso, você foi capaz de destruir o diário enfeitiçado.
-Então, você está querendo me dizer que eu vou conseguir destruir os horcruxes usando uma presa de basilisco? - Harry indagou, olhando para a Sacerdotisa. Nesse momento, não conseguiu deixar de se espantar com a aparência da mulher. Eriu, que era sempre tão cheia de vida, agora parecia velha e cansada, tendo olheiras profundas abaixo dos olhos cinzentos. Ela parecia tão austera e tão distante...
-Não necessariamente... Diga-me Harry, você estaria disposto a empunhar uma Arma Sagrada de Avalon? Nós podemos lhe oferecer algo de imenso poder e magia que será de grande ajuda na missão que tens de seguir...
Nesse momento Harry arregalou os olhos e pigarreou nervosamente. Ajeitou os óculos que lhe escorregavam pelo nariz, tentando assimilar tudo o que acabara de ouvir.
-Mas... bem, eu... - E ele não conseguiu formular nenhuma frase com coerência.
E pela primeira vez naquela manhã, a Sacerdotisa abriu um sorriso cansado ao ver a confusão na expressão e voz do jovem. Puxou uma das mãos de Harry e colocou entre as suas, afagando-a carinhosamente.
-Eu entregaria a Arma de bom grado em suas mãos, Harry, mas os outros Sacerdotes e Sacerdotisas não têm a mesma opinião. - Eriu ficou séria novamente. - Eles desejam que você passe por uma prova, um teste, para mostrar que é digno de receber esta Insígnia. Você não é obrigado a passar por essa prova, assim como não é obrigado a aceitar essa Arma. Mas esta foi a única maneira que encontrei de ajudar você. Utilizei os únicos meios que estavam à minha disposição. Espero que isso seja útil à você, meu querido!
Harry suspirou longamente, e finalmente conseguiu falar. - Senhora, você me conhece a tão pouco tempo e tem tanta confiança em mim... Nem sei como agradecer o apoio. Sério mesmo! Agora, com relação à Arma... Bem, confesso que não tinha pensado à respeito de uma Arma Mágica para destruir os horcruxes, sabe, mas se você acha que eu sou capaz de usá-la, eu não me importo de ser testado. Desde que descobri que sou um bruxo, tenho sido testado constantemente. Um teste a mais, um a menos não faz diferença - E fez um gesto indiferente com os ombros.
-Você tem certeza, Harry? - Eriu indagou. - Não será algo muito simples e como disse antes, você só se submeterá se estiver disposto.
-Não, Eriu, eu realmente estou falando sério. - E agora, Eriu era capaz de sentir aquela magia pura e determinada de Harry emanar com mais intensidade.
-Se você assim deseja, então será submetido a esse teste! - Eriu proferiu, num tom de voz solene e depois, erguendo um pouco o tom de sua voz. - Sianne!
A jovem que trouxera Harry à casa de Eriu voltou, fazendo uma reverência respeitosa à sua Senhora, apenas aguardando a ordem que esta lhe daria.
-Sianne, leve o jovem até o edifício dos Sacerdotes. Deixe ele aos cuidados de Dagda, que creio já estar lá a essa hora. Dagda já sabe do que se trata. -E voltando-se para Harry, disse. - Meu querido, para isso você terá que ficar isolado dos outros por um tempo, preparando-se para o seu ordálio. Agora pode ir. - E beijou a testa do rapaz. - Que a Deusa lhe dê força e coragem, Harry!
Harry sorriu incerto para Eriu e se levantou dali, seguindo a jovem Sacerdotisa para fora da casa de taipa. Assim que atravessaram o pátio do Edifício dos Sacerdotes, ouviu aquela estranha voz que habitava em seu interior “Ela está por perto”. O aroma dos cabelos flamejantes dela alcançou o seu nariz facilmente e quando se voltou para olhar, viu Gina caminhando tranqüilamente ao lado de uma mulher séria em direção ao Tor.
O animalzinho em seu peito rugiu e saltitou, fazendo mil piruetas e acrobacias. Incrível como isso acontecia! Conhecia Gina (ou pelo menos julgava conhecer) a tantos anos, mas ela sempre apresentava um aspecto novo para ele.
-Gina! - E sem esperar, chamou pela garota. Sua voz soou ansiosa, quase desesperada.
A Sacerdotisa que acompanhava Harry sorriu amavelmente, incentivando-o a falar com a garota. Gina se virou, ao ouvir seu nome proferido e por um momento voltou a se sentir a mesma garotinha que ficava tímida e acanhada na presença de Harry.
Viu o rapaz caminhar a passos largos em sua direção, praticamente correndo e com um brilho ansioso no olhar, como se não se vissem à séculos. Quando Harry ficou a poucos metros dela, seu estômago afundou alguns centímetros, ao ver que a garota tinha um brilho diferente no olhar, o mesmo brilho que ele vira no fatídico dia do funeral de Dumbledore, onde ele resolvera terminar o seu namoro com ela. Só agora ele havia se dado conta da besteira que tinha feito no dia anterior.
Quando soube que Gina havia contado da profecia para Eriu, o rapaz havia se irritado, achando que a garota havia feito algo assombroso. Sendo que na realidade, a única intenção de Gina era ajudar.
-Gina, me perdoa, por favor! - Ele disse, assim que conseguira se aproximar dela. Seus olhos verdes irradiavam vários tipos diferentes de sentimentos: arrependimento, pesar, amor, carinho e desejo... - Eu sei que falei besteira ontem, não devia ter feito isso!
-Harry, agora não é hora pra isso! - A ruiva disse calmamente, lançando um olhar para as duas Sacerdotisas que os observavam.- Depois conversaremos. Com calma, certo?
E inesperadamente, Harry pegou uma das mãos de Gina e levou em direção aos seus lábios. Roçou levemente a pele macia da garota em seu rosto, sentindo o seu perfume, prolongando ao máximo o toque entre os dois.
Murmurando um “eu te amo”, ele deixou a garota ali, parada e atônita, com um sorriso apaixonado dançando em seus lábios. Quando voltou à realidade, Gina viu que Harry já não estava mais ali, pois já havia adentrado o Edifício dos Sacerdotes. E alisando o seu pingente em forma de meia-lua, ela respondeu “eu também te amo, Harry!”
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-Mas que droga, viu! - murmurou um Rony aborrecido, enquanto jogava uma pedrinha no meio do lago, perturbando a calmaria em que este se encontrava. Ele estava sentado embaixo da grande Aveleira que se tornara o lugar favorito dele e de seus amigos assim que chegaram em Avalon.
Vocês devem estar se perguntando o motivo que levou o jovem Weasley à tal estado de irritabilidade. Então, vamos recapitular até o momento em que Harry deixara Rony e Hermione sozinhos em frente à casa de Dagda.
Tudo estava na mais absoluta paz, sem que o “casal” trocasse nenhuma farpa e nem tivesse discutido por nada. Muito pelo contrário, conversavam alegremente sobre um assunto qualquer até que... Bem, até que Dylan aparecesse e convidasse Hermione para um passeio. Foi exatamente isso. Dylan frisou bem que só estava convidando Hermione para o passeio.
A garota bem que tentou consertar a situação, mas diante da expressão indiferente do ruivo, ela acabou aceitando. E agora ele estava ali, sozinho, e com uma baita dor de cotovelo.
Rony estava se sentindo abandonado e desprezado por todos. Gina estava com as Sacerdotisas aprendendo a usar um Dom que ele nem sonhava que a irmã pudesse ter; Harry tinha desaparecido por toda a manhã e ele, que achava ser o melhor amigo de Harry, não tinha a menor noção de onde o amigo pudesse estar ou o que estaria fazendo; Lupin estava isolado devido a Lua Cheia (ele e os amigos nem desconfiavam que o ex-professor não se transformara naquela Lua Cheia) e Tonks passava os dias com ele; E agora Hermione também o abandonara, e tudo por causa “daquele intrometido do Dylan”, como ele costumava praguejar quando este pensamento o acometia.
O ruivo sempre tivera problemas com sua auto-estima, sempre achando que ninguém ligava para ele, afinal, ele era somente o amigo pobre do “grande Harry Potter” e mais um ruivo na família Weasley. Certamente ninguém se incomodava se ele estava presente ou não e por mais que Harry e Hermione afirmassem o quanto ele era importante, às vezes era difícil fazer com que essa verdade penetrasse na cabeça dura do ruivo.
Deixando esse tipo de pensamento crescer e se proliferar como uma praga em seu cérebro, ele ficou remoendo isso durante um bom tempo. Mas algo conseguiu despertar ele daquele estado de inércia: risadas límpidas e alegres vindo em sua direção. Várias crianças riam e se divertiam brincando de pega-pega e rolando na relva verde e macia.
Rony ficou observando a cena por um bom tempo, até notar algo diferente. Atrás do grupo de crianças que corria, vinha uma garotinha com uma expressão carrancuda e com os braços cruzados. Ela era pequena e magricela, com cabelos castanhos lisos presos numa única trança comprida. Seus olhos também eram castanhos e estavam quase escondidos atrás da franja que ela usava.
A garotinha emburrada sentou-se embaixo de uma árvore e ficou observando o lago, assim como Rony estivera fazendo. Era como se a risada das outras crianças ferissem os seus ouvidos, fazendo com que ela fechasse a cara mais ainda.
O ruivo ficou intrigado com a garotinha e levantando-se resolveu sentar-se ao lado dela, embaixo da mesma árvore.
-Posso te fazer uma pergunta? - Rony perguntou, quando se sentou ao lado da garotinha. Ela apenas o olhou de soslaio, sem nada dizer. - Porque você não está brincando com os outros?
-Eu já tenho dez anos. Não vou ficar correndo e me jogando na grama como se fosse uma criancinha. - E bufou, lançando um olhar de desdém às crianças que brincavam ali perto.
“Dez anos. Tudo isso? Acho que se pudesse, eu brincaria de pega-pega até hoje”, o ruivo pensou, reprimindo uma risada ao imaginar a cara de Hermione ao ouvi-lo dizer tal coisa.
-Hmm... Meu nome é Ronald, se quiser pode me chamar de Rony. E você? - Ele perguntou cordialmente, tentando puxar assunto com a garotinha.
-Agatha!
-Ah, certo. Bem legal o seu nome, viu, Agatha! - O ruivo pegou um ramo de capim e ficou brincando distraidamente com ele. - Por que você está assim tão séria, hein?
-Não tenho nada pra fazer aqui. Não quero brincar com as crianças e os adultos não têm tempo para ficar comigo.
“Pelo visto eu não sou o único que foi jogado pra escanteio”
Os dois ficaram algum tempo calados, apenas olhando o lago e de quando em vez, as crianças que brincavam e riam ali próximo. Até que uma idéia surgiu na cabeça de Rony.
-Você sabe jogar xadrez, Agatha? - E os olhos castanhos do ruivo brilharam.
-Não... - Ela respondeu, parecendo interessada pela primeira vez na conversa. - Ninguém nunca teve paciência para me ensinar. Você sabe?
“Se eu sei? Modéstia a parte, ninguém é páreo para mim!”
-Sei e se você quiser posso te ensinar. Sabe se alguém aqui tem um tabuleiro e peças?
-Eu acho que na casa da Danna tem. - E Agatha parecia empolgada. - Vi ela jogando uma vez com o pai dela. Acho que ela não se importaria de me emprestar.
E antes que Rony dissesse algo, Agatha corria em disparada em direção à casa de Danna. Em poucos minutos ela estava de volta, ofegante, tendo o tabuleiro embaixo do braço. Os cabelos que estavam perfeitamente arrumados em uma única trança, agora estavam desalinhados e a garota tinha o rosto corado por causa da corrida que fizera.
Rony ficou um pouco desapontado ao ver que as peças eram estáticas e não se moviam como acontecia no xadrez de bruxo. Mas isso não era tão importante, já que as regras eram as mesmas.
Primeiramente, Rony ensinou quais eram as peças e seus movimentos; Depois como ficavam dispostas no tabuleiro. Daí partiram para o objetivo do jogo. Rony foi ensinando pacientemente, enquanto jogavam. A garotinha era esperta, e Rony sentiu-se orgulhoso ao ver como ela aprendera fácil a jogar. Claro que ele sabia que não poderia ficar deixando ela ganhar, já que tinha que aprender xadrez de maneira honesta; mas, ainda assim, Agatha não se deixava desanimar e sempre pedia uma revanche.
Nisso ficaram a tarde toda jogando, conversando distraidamente.
Agora, eles estavam numa partida relativamente empatada. Agatha conseguira capturar as duas Torres de Rony e um número grande de Peões. Claro que isso não significava muita coisa, mas a garotinha tinha um ar de satisfação ao ver como tinha desfalcado o jogo de seu adversário. Mas com um único movimento, Rony deixou o Rei da garotinha sem escapatória. Xeque-Mate!
-Que feio, meu caro Ronald! - Uma voz masculina falou, sobressaltando Rony e Agatha. - Humilhando uma garotinha.
Agatha ergueu os olhos, ao ver Dylan e Hermione observando o jogo dos dois e lançou um olhar sujo ao jovem druida.
-Dylan, o Rony não estava me humilhando. - Agatha respondeu, cruzando os braços e fechando a cara. - Ele estava me ensinando a jogar e para isso, ele não poderia facilitar as coisas para mim, está certo?
Hermione observava calada e um leve tremor atravessou o seu corpo ao ver o brilho irritado nos olhos de Rony, que tentava reorganizar as peças no tabuleiro, sem dar chance às provocações de Dylan.
-Já que é assim, aceita jogar uma partida? - Dylan perguntou, tomando o lugar de Agatha em frente à Rony. - Vamos ver se você é um bom jogador.
As orelhas do ruivo começaram a ficar cada vez mais rubras, mas, estranhamente, ele não falou, apenas ficou arrumando as peças no tabuleiro.
“Ai, ai, ai, isso não vai dar certo”, Hermione pensou, ao ver os dois rapazes à sua frente. Ela e Agatha sentaram por perto, para poderem observar o jogo melhor.
Dylan preferiu ficar com as peças pretas, deixando para Rony as brancas. Com isso, Dylan tinha em mente poder observar melhor como Rony iria iniciar o jogo, (no xadrez quem começa o jogo é o possuidor das peças brancas) e assim, encontrar alguma possível falha de estratégia.
A princípio, Rony não capturou nenhuma peça de seu adversário, apenas montou sua estratégia, observando o jogo de seu opositor. Dylan era um bom jogador, mas não era muito brilhante. Fazia boas jogadas, mas não as fazia visando um objetivo dentro do jogo, apenas tentava derrubar as defesas de Rony, ou seja, queria deixar Rony com o menor número de peças possível.
Depois de quase meia hora de jogo, as garotas começaram a ficar entediadas. Agatha bocejava constantemente e Hermione também não estava muito diferente. Os rapazes estavam tão concentrados na partida, que mal notavam a presença de Hermione. Quem olhasse atentamente o modo como os dois rapazes jogavam, poderiam dizer que aquilo parecia mais um duelo do que uma simples partida de xadrez. Como se algo de muito valor estivesse sendo disputado.
Rony franzia a testa sempre que estava analisando o jogo, antes de fazer algum movimento e Dylan estava completamente sério e absorto.
-O que você acha de procurarmos alguma coisa para comer? - Hermione perguntou à Agatha. Era provável que se continuasse ali, morreria de tédio. Como a garotinha também estava no mesmo estado, ambas sentiram alívio em sair dali.
Rony e Dylan mal notaram quando as garotas se levantaram. Apenas Rony afastou os olhos do jogo, assim que sentiu que Hermione não estava mais ali, e ficou observando a garota caminhar lentamente para longe.
-Você gosta dela, não gosta? - Dylan perguntou inesperadamente.
O ruivo despertou do seu estado entorpecido e lançou um olhar confuso ao jovem druida.
-Hermione. Você gosta dela, não gosta? - Dylan tornou a perguntar. - Isto é quase óbvio, sabe.
-E o que você tem a ver com isso? Não acho que isso seja da sua conta. - Rony retrucou, voltando a prestar atenção em seu jogo. Fez o seu movimento e aguardou a jogada que Dylan faria. Com um sorrisinho debochado no rosto, Dylan movimentou uma das suas Torres e tirou a Rainha de Rony do jogo.
“Ah, não, a Rainha não. Ninguém tira a minha Rainha assim”, e pelo jeito, esse pensamento de Rony tinha um sentido muito mais amplo.
-O que isso tem a ver comigo? - Dylan soltou uma risada. - Tem a ver que considero Hermione uma das mulheres mais interessantes e inteligentes que conheço, e acharia um desperdício vê-la perder o seu tempo com alguém que não a mereça.
Rony recebeu com surpresa aquela resposta. Já tinha sido difícil para ele aceitar o fato de que Hermione, além de sua amiga, também era uma garota. Agora vinha aquele cara e falava de Hermione como mulher. Aquilo havia sido a gota d’água para Rony. Observou novamente o seu jogo e um brilho diferente acendeu em seus olhos. Moveu o seu Peão para a última fileira do campo de Dylan e assim, conseguiu recuperar a sua Rainha.
O sorriso debochado de Dylan desapareceu e ele voltou a encarar Rony seriamente. Moveu um bispo e retirou uma das Torres de Rony do jogo, sem prestar muita atenção no que estava fazendo.
Rony sorriu, ao ver que Dylan havia feito uma besteira no jogo.
-Em primeiro lugar, se eu gosto de Hermione ou não, isso não tem a ver com você, afinal, estamos falando dos meus sentimentos. Segundo: se eu sou ou não digno da atenção dela, só ela poderá dizer e não você. E terceiro: você deveria prestar mais atenção em seu jogo.
E movendo a sua Rainha que tinha voltado ao jogo, Rony deixou o Rei de Dylan sem saída.
-Xeque-Mate!
O jovem druida parecia incrédulo. Tentou repassar mentalmente as suas últimas jogadas e viu que Rony tinha sido muito bem sucedido no jogo. O ruivo estendeu a mão cordialmente para ele, com um sorriso triunfante no rosto. Dylan apertou a mão de Rony e cravou os seus olhos cinzentos nos olhos castanhos de ruivo.
-Não tiro a sua razão nisso tudo, Ronald. - Dylan disse, levantando-se. - Mas não faça Hermione esperar por muito tempo. Ela pode se cansar de aguardar por você. E eu aproveitaria essa chance se fosse você.
E após dizer essas últimas palavras, saiu, deixando Rony com uma expressão entre surpresa e satisfeita.
“Ela só está esperando por mim...”
Mas o que isso realmente queria dizer? Será que era o que Rony estava pensando? Será que Hermione... não, não podia ser isso. Como Hermione, a garota mais inteligente que conhecia, iria se interessar por ele. E se Dylan falou aquelas coisas, deveria ser por uma boa razão. Será que Hermione havia falado algo para Dylan?
No entanto, apesar das dúvidas e incertezas que Dylan havia plantado em sua cabeça, Rony não conseguia conter um sorriso radiante em seu rosto.
“Ela só está esperando por mim...”
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Sobre o capítulo: A música que a Morrigan cantou no meio do capítulo (já deu pra notar que eu adoro colocar ela cantando, né ;D) é Bring me to life - Evanescence. Eu coloquei só alguns trechos da música e achei que tinha um pouco a ver, já que, tecnicamente, a Morrigan meio que começou a viver a sua própria vida depois daquele sonho e de ter conhecido o Snape.
A música Fogo - Capital Inicial a princípio foi escolhida por causa do Skipper Rony e Hermione (sempre achei essa música perfeita para os dois), mas depois vi que também tinha a ver com a Morrigan.
Enfim, cada vez mais os meus capítulos têm saído mais longos. Espero que não esteja ficando muito cansativo para vocês. Mas eu não poderia cortar nenhuma cena ou adiar para o próximo capítulo, já que ficaria sem sentido e atrapalharia o meu roteiro.
E como sempre, agradeço os comentário, votos e etc.... Ah, já ia me esquecendo. Agora a fic tem comunidade no Orkut (thanks, Nath!) e eu faço questão da presença de vocês por lá. Fiquem à vontade - só não vale tirar a roupa...heheh...
Bem, acho que é isso...
Bom carnaval, aproveitem bastante e nos vemos no próximo capítulo.
Grande beijo.
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