A Repercussão
Capítulo 27
A Repercussão
- Não! – gritou Hermione na mesa do café.
- O que foi? – perguntou Ron, imediatamente.
A garota segurava em suas mãos o novo exemplar d’O Profeta Diário, que acabara de chegar. Ela afastou todas as coisas que estavam próximas dela na mesa e lá esticou o jornal.
- Ouçam...
Na última semana o atual diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, Alvo Dumbledore, estava tomando seu café tranquilamente junto aos alunos no Salão Principal do castelo, quando foi alertado pelos professores da ausência de um membro de seu corpo docente. Tratava-se de Severo Prince Snape, professor de Poções da instituição.
Imediatamente, ele dirigiu-se à sala do mesmo, provavelmente já imaginando o que havia ocorrido. Logo que chegou lá se deparou com o corpo de seu professor, contorcido ao chão, morto há várias horas. Estudos foram realizados e o resultado diz que foi um veneno muito poderoso que o matou, o Salesia.
Buscas árduas foram feitas pela sala do bruxo, mas nada de importante foi encontrado. O vidro ou possível embalagem do veneno também não, o que descarta totalmente a possibilidade de ele ter cometido suicídio. Tudo indica que estaria lendo antes de morrer, pois havia um livro sobre a escrivaninha de onde ele possivelmente escorregou contorcendo-se pela dor que sentia.
Ontem mesmo, logo que tudo foi anunciado aos alunos de Hogwarts, apareceu o culpado. Remo John Lupin que estava na escola no momento em que tudo ocorreu, foi imediatamente incriminado por vários alunos e professores. Não se sabe ainda por que estava lá, mas com todos os depoimentos recolhidos, o ex-professor de Defesa Contra as Artes das Trevas foi levado à Azkaban imediatamente. Alvo Dumbledore está usando de todos os seus recursos para libertar o companheiro da prisão: “Estou fazendo todo o possível para que ele não seja mal julgado. Tenho certeza que meu professor, e amigo, não tem culpa alguma nessa história. Severo possuía vários inimigos, não apenas um. E inimigos muito piores que Lupin”. Em resposta a isso, o responsável por Azkaban, Julio Guelgy, perguntou quem ele está acusando. Dumbledore apenas respondeu: “Farei a pessoa se entregar. Seria a única prova que poderia conseguir”.
Porém, apesar de todo o empenho do diretor de Hogwarts, Remo John Lupin continua preso e tudo indica que passará o restante de sua vida na prisão bruxa, Azkaban.
- Ainda não consigo acreditar nisso – disse Ron.
- Eu sei que é difícil – falou Tracy. – Não o conhecia, a esse tal de Lupin. Mas, pelo que fiquei sabendo, também pelas palavras de vocês, Snape e ele tinham um ódio antigo.
- Lupin não faria isso, ele é sensato – disse Hermione. – Seria impossível deixar algo assim tão claro, quando ele deveria esconder.
- Não se esqueça de que ninguém sabia que ele estava aqui, a não ser Dumbledore.
- Não estou esquecendo disso. Dumbledore realmente deve ter algum motivo para ter feito o que fez, ter o chamado aqui em sigilo. Ele veio fazer algo aqui, e pode ter sido isso – falou Tracy.
- Com Dumbledore sabendo? Snape é um ser ignóbil, mas Dumbledore gostava dele. Não sei por qual motivo, mas gostava. Não deixaria que ele morresse assim, do nada – argumentou Harry.
- E quem disse que Dumbledore sabia? Pode ser qualquer coisa, quem sabe até uma desculpa como “Estou com saudades de Hogwarts. Posso passar dois dias lá?”. Admita, é muito simples.
- Não é tão simples assim. Estamos falando de morte, Tracy – disse Hermione. – Tudo bem, uma morte boa de certa forma, mas não deixa de ser uma morte.
- E de um assassino.
- Que pode não ser o Lupin.
- Que não pode ser ninguém além dele.
- Entenda, você pode estar enganada.
- Tudo bem, Mione – falou a garota. – Eu posso estar errada, mas também posso estar certa. Que tal esperarmos para ver?
- E se você tiver cometido alguma injustiça? Trata assim do assunto, tão calmamente?
- E o que eu posso fazer? Desesperar-me?
- É a vida de um homem que você está destruindo.
- Iam destruir a minha, sendo que sou completamente inocente nessa história! Não se importa comigo? Eu acho que não, Hermione.
- Não quis lhe tratar assim, me desculpe. Só quero que entenda que pode ter se enganado, cometido um erro muito grave e o tempo para concertá-lo está acabando.
- Já entendi. Agora me deixe voltar ao meu café da manhã, por favor – Tracy pronunciou essas palavras de maneira rude, fazendo com que Hermione aquietasse-se no mesmo momento e Ron e Harry lançassem olhares espaventados a ela.
Tracy continuou a comer em silêncio, não tentando demonstrar tanto a raiva que sentia. Dumbledore não poderia conseguir livrar Lupin de uma pena, pois senão provavelmente ela seria a vítima de toda a história. Seria a primeira ser interrogada, mesmo ainda sendo menor de idade. Caso que se resolveria em menos de cinco meses, quando Tracy faria dezessete anos.
- Senhorita Mignonette, gostaria que me acompanhasse até minha sala por um momento – falou Dumbledore, sério.
- Poderia saber para que? – ela perguntou, com o tom de voz alto. Depois, acrescentou mais branda – Diretor?
- Para conversarmos. Sabe como aprecio a companhia da senhorita.
- Muito bem. Eu vou. Agora mesmo?
- Sim, por favor.
- Encontro vocês depois – Tracy disse aos amigos.
Dumbledore acenou para Harry, Ron e Hermione e seguiu seu caminho para fora do Salão Principal. Eles foram ao longo dos corredores, virando em algumas curvas e tomando atalhos práticos. Talvez por estar muito ansiosa ela nem chegou a perceber todo o caminho que percorreram. Dumbledore deu a senha à gárgula, a qual Tracy não ouviu por não estar realmente prestando atenção no que ocorria, e ambos subiram os degraus da escada que ali apareceu, estando no escritório do diretor em poucos segundos.
- Sei que você não gosta de cordialidades, Riddle, mas eu gostaria de convidá-la a sentar-se – ele falou, indicando a ela a cadeira em frente à escrivaninha.
- Obrigada – a garota resmungou, sentando-se.
Dumbledore suspirou e estalou os nós dos dedos. Suspirou novamente, como se tentasse conter extrema raiva reprimida, e fitou os olhos da garota a sua frente.
- Como descobriu, Riddle? – perguntou.
- Como descobri o que, exatamente? – era visível que também se continha.
- Tudo, Riddle, tudo. Como? Usei de todos os meios viáveis e inviáveis para que não descobrisse, para que não soubesse! Mas você conseguiu um jeito. Diga-me com o que apunhalou minhas costas.
- Eu não estou entendendo! Por favor, explique-se – gritou Tracy.
- Como descobriu que foi Severo? Como? – ele parecia implorar por uma resposta.
Tracy gargalhou, entendendo finalmente do que se tratava.
- É só isto que está lhe intrigando? – perguntou-lhe a garota.
- Várias coisas me intrigam desde que nasci. A maioria delas extremamente fúteis, que assolam a todas as pessoas. As poucas que restam tirando essas, tudo em desvendar seus mistérios até hoje. Uma delas é, claro, como você descobriu que foi Severo.
- Não vou mentir para você, Dumbledore. Já entendi que sabe muito bem que fui eu e que Voldemort administrou o Salesia. Se não sabe quem o trouxe até mim, saberá agora, foi Belatriz Lestrange. Bem debaixo de seu nariz – ela disse.
- Sim, sei bem que foi bem debaixo dele. Porém, diga-me: que mais eu poderia fazer para buscar mais segurança para Hogwarts?
Tracy calou-se, não sabendo realmente o que responder.
- Recorrer à Magia Negra? – indagou sugestiva.
- Jamais faria isso.
- Nem pela segurança de seus adorados alunos e professores? Sabe que somos perigosos, Dumbledore.
- Você não é perigosa, Riddle – ele falou calmamente. – Você é uma garota que foi imensamente incitada para o mal. Você tem sangue bom correndo nas veias, idéias boas na mente. Sei pai é perigoso. Você apenas executa ordens dele.
- Se alguém que ultrapassa todas suas barreiras mágicas e não mágicas não é perigoso para você, Dumbledore, não sei quem o é!
- Riddle, sabe que chamei-lhe aqui por um motivo importante. Por favor, não tente me enrolar. Já admitiu que sei de tudo mais uma vez, então, congratule-me dizendo como conseguiu fazer tudo isso.
- Já que quer realmente saber, vou lhe dizer. Foi muito fácil, Dumbledore. Ficamos sabendo que Snape saiu da escola e eu e Harry fomos revistar a sala dele. Para dar uma checada, sabe. Tentar descobrir o que ele foi fazer fora da escola. Quando chegamos lá mexemos em quase tudo, até que achei na escrivaninha dele um livro de capa de couro negro. O folheando, descobri que era uma espécie de livro onde ele anotava o nome de seus inimigos e o que fizera para fazer-lhes vingança. Meu nome estava lá. Quando soube, saí dali com Harry imediatamente e depois, com mais calma, falei com Voldemort para resolver o que fazer com aquele traidor.
Dumbledore hesitou antes de falar:
- Sim, foi muito fácil, como disse. Não sabia que Snape tinha um livro de inimigos e vinganças. Você leu mais alguma?
- Li outras. Mas não me peça mais nenhuma, pois não prestei atenção nelas. Afinal, tinha coisas mais interessantes no que pensar. Como o que eu faria com ele, por exemplo.
- Tem certeza que não se lembra de nada? Ser-me-ia de grande ajuda – disse o homem por detrás de seus óculos.
- E eu por acaso iria ajudá-lo? Não lembra-se de que já me fez tal proposta e eu não a aceitei? Jamais, Dumbledore. Sou das trevas e lá permanecerei durante toda minha existência, que será eterna.
- Não tenha tanta certeza disso.
- Pois eu tenho. Sou imortal. A poção que me fez deixou-me assim.
- Vejo que desconhece o fato de que as pessoas podem rejeitar a vida. Se você quiser isso, deixará de existir. Então, não é completamente imortal.
- Por que algum dia eu desejaria morrer?
- Algum dia saberá – comentou Dumbledore.
Eles ficaram em silêncio durante mais alguns minutos. O diretor estava meditabundo e suspirava a todo instante.
- Poderia confessar-me também como sabia que Lupin estava na escola há exatos dois dias? – indagou finalmente.
- Quando fui até o jardim de madrugada buscar o veneno com Bella, precisei voltar imediatamente ao castelo. Isso por que percebi a sombra de dois homens aproximando-se e falando alto. Entrei na escola e notei a nossa proximidade. Percebi que não poderia correr, pois me descobririam. Escondi-me em um armário e escutei tudo que disseram. Mandou-os me vigiarem, não é?
- Achei que pudesse atentar contra a vida de alguém – disse ele, pesaroso. – E, não deixei de acertar, apesar de só ter pensado em tudo tarde demais.
- É uma pena, não? – ela indagou sarcasticamente.
- Bem, Riddle, creio que já conversamos bastante. Devo admitir que estou surpreso com sua genialidade e com como a sorte anda ao seu lado. Dirigir uma escola não é propriamente o que eu chamo de fácil. É muito complicado, sim. Quem sabe algum dia você venha a entender isso. Para os adolescentes a vida é muito fácil. Quando passamos por essa fase achamos tudo muito injusto, temos sonhos grandiosos, esperanças de mudar o mundo... Achamos que temos tempo para isso. E quando finalmente nos demos conta, estamos no nosso leito de morte e nada fizemos.
- Você não foi inútil, deixe de modéstia – resmungou Tracy contrariada.
- Mas também não mudei o mundo – ele respondeu. – Admita que também tem esse sonho.
- Claro que tenho. Acabou de dizer que todos os adolescentes têm. Não acredita nas próprias palavras?
- Tenho convicção de todas elas. E, na realidade, trouxe você aqui para outra coisa. – Ele se levantou e começou a caminhar pelo seu escritório. – Agora que já me contou tudo, tenho absoluta certeza que foi você quem matou Severo e, por isso, não sentirei nenhum tipo de ressentimento ao tentar convencê-la de dizer isso em frente ao tribunal do Ministério da Magia.
Tracy gargalhou gostosamente.
- Por que eu algum dia faria isso? – indagou.
- Porque há dentro de você algo que a fará admitir tudo – ele respondeu simplesmente. – Algo dentro de todos os adolescentes tem a vontade de contrariar, mesmo sabendo que aquilo que contrariam está certo.
- Algo dentro de mim? – inquiriu debochada. – Dumbledore, acha mesmo que há amor dentro de mim?
- Claro que há. Talvez agora você só perceba o amor que sente pelo poder, pelo dinheiro, pela desgraça dos semelhantes. Mas há outros tipos de amor dentro de você.
- Poderia, por acaso, me citar alguns deles?
- Sem sombra de dúvida. Você ama o Harry, por exemplo. O seu sangue faz isso. Mesmo que você o odeie profundamente por fora, seu sangue a obriga a amá-lo ao mesmo tempo. E você sente um profundo apreço por Ron e Hermione. Gosta de Draco. Ah, também ama o Sr. Falls...
- Eu não o amo! – berrou Tracy, sentindo sua ferida sendo tocada.
- Não disse que está apaixonada por ele, Riddle. Disse apenas que o ama. E ama, que eu sei – completou ele quando ela abriu a boca para revidar. – Ao longo de sua vida também perceberá que há uma grande diferença entre amar alguém e estar apaixonada por alguém.
- Não estou apaixonada por ele e muito menos o amo! Ele é só um garoto idiota que me persegue o tempo inteiro e eu sequer sei o motivo – ela disse.
- Totalmente errado. Por que me diz isso se sabe que tudo é exatamente o contrário? Poderia me dizer por que sente-se acolhida ao lado dele?
- Sinto-me acolhida ao lado do Lorde das Trevas, também.
- É diferente.
- Não é!
Tracy arfava imensamente. A conversa tinha tomado rumos nada agradáveis para ela. Preferia discutir sobre a morte de Lupin e a possibilidade dela ser acusada de assassinato do que sobre seus sentimentos por Leo. Isso era algo que ela queria guardar a sete chaves dentro do peito, para que ninguém jamais descobrisse. Nem ela própria.
- E então, Riddle, vai dizer ao Ministério que foi você quem matou Severo envenenado? – perguntou Dumbledore depois de alguns instantes.
- Jamais – retorquiu ela secamente.
- Por favor, pense sobre isso. Que culpa Remo Lupin tem nesta história? O que ele fez para estar em Azkaban, sentindo toda sua felicidade sendo sugada por aqueles seres hostis, os dementadores?
- Culpa alguma. Alguém tinha que ir para lá no meu lugar. Que seja o primeiro tolo que apareceu diante de mim.
- Ele está sofrendo, Riddle! Não entende isso? Ele está com os dementadores, sentindo-se completamente inútil, triste, relembrando-se dos piores momentos de sua vida... Por algo que ele não fez.
- E por que eu deveria estar no lugar dele?
- A resposta não é óbvia? Você matou Severo. Foi você quem matou um homem, quem foi contra as regras do mundo bruxo! Não Lupin!
Tracy bufou, cruzando os braços descontentemente.
- Nunca cheguei a acreditar que você fosse, algum dia, entregar-se por saber que fez algo errado. Mas sei que seu senso de justiça a fará admitir seus erros.
- Eu não errei! Eu fiz o certo, fiz justiça... Severo me traiu, nos traiu, Dumbledore! Traiu até você, antes de contar-lhe o que realmente aconteceu! Será assim tão difícil para você pôr em sua cabeça que ele lhe enganou? Ele me pôs na escola! Ele me pôs na Grifinória! Se eu estou aqui hoje é graças a ele! Se todos correm perigo hoje, há o dedo dele nesta história! Se ele não tivesse me ajudado ao trair você, eu não estaria aqui... Diga-me: como você ainda consegue tentar ajudá-lo e sentir-se abalado com a morte dele?
Ela havia gritado tudo aquilo, algo que lhe estava engasgado na garganta desde que entrara naquela sala e ouvira aquela proposta absurda. Não conseguia mesmo entender por que Dumbledore pensava daquela maneira acerca de Severo. Ele lhe fizera tantas coisas erradas, o traíra durante tanto tempo e o velho imbecil continuava a acreditar nele e sentir-lhe pena. Qual seria o segredo de Severo para conseguir isso? Precisava sabê-lo, era realmente uma arma poderosa.
Dumbledore baixou a cabeça para o chão e parou de caminhar. Parecia estar realmente pensando no que Tracy acabara de dizer, ou melhor, de gritar. Sua mente estava confrontando-se. De um lado, a lógica, do outro, o coração.
- Algo dentro de mim faz com que eu continue a apreciá-lo mesmo tendo-me feito isso – respondeu calmamente.
- Pare com essa história de algo, Dumbledore! Eu sinto pena de você por ser um subordinado tão grande de Snape. Ele que, admito, é tão inferior a você!
- Muito bem, Riddle. Eu paro de sentir pena dele. Mas continuo a sentir de Lupin pelo que você, tão injustamente, fez a ele. Vai entregar-se, não vai?
Tracy gargalhou novamente, lançou um olhar maldoso a Dumbledore e saiu do escritório do diretor batendo os pés.
- Que Dumbledore queria com você, Tracy? – indagou Harry.
Tracy estava deitada num sofá da Sala Comunal da Grifinória quando os três amigos entraram. Não havia comparecido a nenhuma aula depois da conversa que tivera com o diretor, sentira-se muito fraca para tanto. Estava furiosa com as provocações do homem e também com a ausência de saídas possíveis do local onde estava encurralada. De um lado, vinha Dumbledore com seu senso de justiça. De outro, Voldemort com sua gana de morte. Porém, nenhum deles lhe importava realmente. Não sentia-se cobrada por nenhum dos dois, nem com a obrigação de obedecer às ordens deles. O pior era o que se passava em sua própria mente, o que ela própria lhe cobrava. O perfeccionismo, a sede de poder, a vontade de lutar para consegui-lo... Tudo isso a assolava muito mais do que dois velhos inúteis que continuavam a guerrear muito depois de terem descoberto que a vida de ambos seria a maior chatice sem o outro. Seu problema não era nenhum deles, sua preocupação não chamava-se Dumbledore, nem Voldemort. Sua preocupação chamava-se eu. Ela não conseguia mais fazer com que seus dois lados concordassem. A guerra dentro dela a recém havia começado, e logo seria atiçada.
- Ficamos preocupados com você, não apareceu em nenhuma das aulas desta tarde – disse Hermione. – A procuramos em vários lugares durante os intervalos das aulas, mas não lhe encontramos. Pensamos que pudesse ter feito alguma besteira.
- Estou bem mais controlada ultimamente, não precisam mais se preocuparem tanto – resmungou Tracy em resposta. – Podem fazer o que quiserem, não me procurem mais. Sei cuidar de mim.
- Desculpe, Tracy – continuou Harry. – Mas simplesmente não tem como não nos preocuparmos. Você é nossa amiga e sabemos o quanto você fica nervosa depois dessas conversas com Dumbledore. Que foi desta vez?
- Ele me incomodou novamente. Bem, ficamos um bom tempo conversando.
- E você poderia nos dizer sobre o que?
- Sobre várias coisas. Ele relembrou toda aquela história horrível e caluniosa sobre eu ser filha do Voldemort. Queria que eu admitisse isso para toda a escola – os olhos da garota encheram-se de lágrimas enquanto falava. – Como, se eu sequer fiz isso?
- Não se preocupe com Dumbledore, Tracy. Não tema se você não fez nada.
- Eu temo, sim! Porque sei que Dumbledore é um grande mago. Sei que ele tem poder, apesar dele próprio não admitir isso em momento algum. E sei também que se ele espalhar toda esta história por aí, todos vão acreditar!
- Todos vão achá-lo senil! – disse Harry. – Foi o que aconteceu quando ele disse que Voldemort havia retornado. Se o mundo bruxo não acreditou nisso daquela vez, por que acreditaria agora? E ainda mais, quem acreditaria que Voldemort tem uma filha de dezesseis anos?
- Eu sei que isso é verdade – Tracy ponderou. – Mas todo esse medo me assola, não tem como segurar.
- Fique calma, isso vai passar – incentivou-a Harry. – Ele disse mais alguma coisa?
- Sim. Mandou-me entregar-me ao Ministério da Magia.
- O quê? Mas por que, Tracy? – Harry estava estupefato. – Por que ele acha que você é uma herdeira do mal?
- Não exatamente por isso. Ele quer que eu admita que fui eu quem envenenou Severo Snape.
Uma lágrima solitária fluiu a muito custo do olho da garota.
- E de onde ele tirou isso?
- É meio que uma conseqüência de tudo, segundo ele. A base é aquela mesma história maluca. Depois, ele disse que Severo contou toda esta história a ele e que eu acabei descobrindo. Por isso matei Snape.
- Não!
- Pior é que sim, sim, sim... Estou desesperada, Harry. Desesperada. Temo que ninguém nunca mais acredite em mim. Temo não ter mais a amizade de vocês, meus amigos. Temo a tudo e a todos, por causa daquele homem!
- Tudo vai se resolver. Foi só o que ele disse?
- Só, Harry? Você se refere a tudo isso com a palavra só? Pelo amor de Merlim! Eu sinto que todos vocês já estão caindo nessa história, que não acreditam mais em mim.
- Mentira, Tracy! Nós, como você mesma disse anteriormente, somos seus amigos! Estaremos sempre com você, como você esteve conosco até esses dias – falou Harry.
- Mas temos que admitir que foi muito estranho tudo o que aconteceu – disse Hermione.
- Ah, lá vem você de novo, Hermione! Não acredita em mim, é? Pois então, dane-se! Dane-se você com sua inteligência, suas suposições... Não preciso de você! Eu tenho ao Harry, que me ajuda e que me apóia sempre que preciso! Ferre-se você, Hermione!
Ela começou a correr, indo em direção ao dormitório.
- Tracy, espere! – gritou Hermione. – Não fui o que eu quis dizer, você entendeu errado!
- Entendi muito bem o que estava insinuando, Hermione! Fique longe de mim! Vá, faça o que mais quer e espalhe tudo a todos na escola!
- Tracy, por favor...
- E nunca mais fale comigo, até ter certeza de que acredita em mim!
Ela correu o restante do caminho e jogou-se em sua cama. Sabia que fizera muito errado gritando com Hermione daquele jeito e que, provavelmente, muito logo ela iria arrepender-se profundamente de ter feito isso, mas não se importava. Queria apenas pôr tudo para fora. Talvez outro dia, com mais tempo e mais calma, pedisse desculpas a amiga. Mas não faria isso tão cedo, esperaria ela vir com as desculpas.
Porém, no momento em que Hermione entrou no dormitório, ela saiu com seu travesseiro e seu cobertor e foi dormir sobre o sofá da Sala Comunal.
N/A.: Hei, pessoal... Depois de um tempo realmente longo, temos aí mais um capítulo postado. A fic agora está em reta final, e meus leitores mais antigos devem estar dando graças aos céus por isso. De qualquer maneira, peço comentários e torço para que tenham gostado do capítulo. O próximo se chama A Jogada Final e eu o postarei muito em breve, já que não tenho mais ânimo para esperar diversos comentários nem ficar pedindo-os por aí. E também há agora pessoas especiais lendo minha fic, as quais eu gostaria muito de agradar, de verdade. E se eu voltei a postar isso, agora, é por elas. Amo todos vocês,
Manu Riddle
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