Imprevistos
Imprevistos
A viagem até King’s Cross foi muito tranqüila e logo depois Tracy e Anne já estavam lá. Segundo as instruções de Bella, era só encostar-se na barreira que ficava entre as plataformas nove e dez que num segundo já estariam da plataforma 9 ¾ onde a garota apanharia o Expresso de Hogwarts. Fez exatamente como foi orientada.
- Mãe, - começou Tracy – pode ir. Eu já consegui atravessar a barreira.
- Tudo bem, filha – respondeu Anne com aquela aparência cansada. – Tchau.
Ela deu um abraço apertado em Tracy e esta retribuiu aborrecida.
- Tchau, mãe.
Anne foi se distanciando aos poucos e logo já tinha desaparecido pela barreira. “Como é fácil lidar com pessoas que estão sob a Maldição Imperius. Elas realmente fazem tudo o que a gente manda. Isso é tão divertido”, pensava ela enquanto tentava inutilmente pôr o malão de Hogwarts para dentro do Expresso.
- Oi! Quer ajuda?
A mala acabara de escorregar e cair no chão com estrondo quando a garota levantou os olhos para encarar a pessoa que havia oferecido ajuda.
- Oi! Ah, se você puder... – respondeu Tracy levantando-se e deixando o malão na porta do Expresso, para o garoto pegar.
Enquanto ele se abaixava ela notou como era bonito. Meio alto, com olhos extremamente verdes e com cabelos negros que apontavam para todos os lados. Ele usava óculos redondos e tinha uma expressão feliz no rosto. Tracy gostou muito dele. Essa foi sua primeira impressão e como dizem, é a que fica. Não nesse caso.
- Pronto – disse ele, passando a mão pela testa para tirar o suor e tirando a sua franja do lugar, deixando uma cicatriz em forma de raio à mostra. – Meu nome é...
- Harry Potter!? – exclamou Tracy admirada. Então era esse o garoto que havia acabado com seu pai e deixado ele na pior. Finalmente havia conhecido o seu alvo.
- Sim. Como sabe? – perguntou Harry, e ligando os fatos arrumou a franja no lugar novamente.
- Por causa da cicatriz – disse ela.
- É, assim eu sempre sou reconhecido. Vamos.
Harry e Tracy subiram no trem rapidamente, pois ele já havia dado o primeiro apito o que indicava que estava prestes a partir. Eles começaram a andar pelo corredor, Harry à frente.
- Você é nova por aqui, não é? – perguntou ele.
- É, eu vou começar esse ano. Sou Tracy Mignonette. Fui transferida de Beauxbatons para cá.
- Legal. Se você não tiver uma cabine pode vir na nossa – disse Harry indicando uma cabine cuja porta estava entreaberta.
- Não tenho mesmo, eu aceito o convite – respondeu Tracy, que iria se enfiar na cabine tendo alguém a convidado ou não. Esse era um bom momento para se integrar às pessoas da sua nova casa.
Harry entrou na cabine e Tracy logo atrás. Achando estranha a presença daquela garota desconhecida por ali, todos a fitaram.
Harry sentou-se ao lado de uma garota de cabelos castanhos muito espessos e ao perceber o que tinha acontecido disse:
- Essa é a Tracy Mignonette. Aluna nova.
- Oi, Tracy! – disse a garota de cabelos espessos que Harry sentara do lado. – Eu sou Hermione Granger. Você veio de que escola? Ah, aposto que foi de Beauxbatons, você tem cara de francesa. Mas, é bom estudar lá? Nossa, eu adoraria poder estudar em duas escolas, ter professores diferentes e estudar coisas diferentes! É legal? Nossa, com certeza deve ser, nem sei por que estou perguntando! Eu estou na Grifinória, em Hogwarts. Será que você vai pra lá também? Quem sabe se você for corajosa. Mas se você for muito inteligente, vai pra Corvinal, o chapéu seletor não se engana. Você é puro-sangue? Eu sou filha de trouxas. Não, não estou perguntando isso porque não gosto de quem não seja, é que se for tem grandes chances de ir para a Sonserina. É a casa da nossa amiga Farway, aqui – disse ela apontando para uma garota alta de cabelos castanhos e lisos que estava sentada perto de uma ruiva. Então essa era a Farway. A garota que estava deixando a Pansy enciumada. – Mas sei lá, em qual você prefere entrar?
- Não pensei nisso ainda. – disse Tracy, meio assustada por causa do fôlego da garota.
- É, mas deixa-me apresentar a você seus mais novos amigos – continuou Hermione. – Esse é o Harry, você veio com ele né? Então já o conhece. Esse é o Ronald Weasley, mas nós o chamamos de Ron – disse ela apontando para um garoto ruivo, muito alto e cheio de sardas. – Jessica Farway, mas é melhor você chamar ela só de Farway e Cicília Falls, a Lia, ela é da Corvinal – essa era a garota de cabelos ruivos e cacheados.
- Oi para todo mundo! – disse Tracy, simpática.
Os outros retribuíram esse “Oi” muito calorosos, e nenhum foi antipático.
- Como foram as férias? – perguntou Lia de repente. – As minhas teriam sido ótimas se o Leonardo não existisse.
- Quem é o Leonardo? – perguntou Tracy rapidamente.
- O meu irmão mais velho. Ele é do sétimo ano – respondeu ela, parecendo chateada. – Ah, a Hermione esqueceu de dizer que nós vamos começar o sexto ano. E você?
- O sexto também, que coincidência! – respondeu Tracy dando um sorriso extremamente falso.
Todos abriram sorrisos amarelos.
- Voltando ao assunto das férias – disse Farway. – As minhas foram bem boas.
- Também, você as passou na França. Que férias não seriam boas se fossem passadas lá? Eu iria gostar muito nem que o Leonardo fosse junto – completou Lia.
- Porque você implica tanto com ele, Lia? – falou Farway. – Eu gosto muito dele. Aliás, todo mundo gosta muito dele.
- Você e os outros só dizem isso porque não o tem como irmão.
- É, Farway – disse Rony. – Você esqueceu que é filha única? Você não sabe o que é ter um irmão, nem fale muito.
Agora foi a vez de Hermione se manifestar.
- Ah, eu também não tenho irmãos. Mas queria tanto ter um.
- Claro que você tem irmãos – falou Harry, mirando a janela. – E eu e o Ron aqui?
Hermione sorriu.
- Hermione é como uma irmã pra gente – disse Harry para Tracy. – Não é, Ron?
- Hã? Irmã? Ah, sim, claro – respondeu Ron, abobado.
Tracy achou meio esquisita essa incerteza do Weasley. O que é que havia entre eles? Harry não parecia estar dando uma indireta.
- Você tem algum irmão ou irmã, Tracy? – perguntou Lia.
- Não. Quer dizer... – disse ela.
“Harry é meu meio irmão. Nossa, eu ainda não tinha percebido isso. Legal, eu estou planejando matar o meu irmão”, pensou ela.
- Falando em férias, aconteceram algumas coisas estranhas na minha. Preciso contar isso pra você, Ron. E pra você também, Hermione – disse Harry, fazendo a indicação da porta da cabine com a cabeça.
- Pode deixar, Harry. A gente já está saindo – disse Lia levantando-se e Farway também. – Tracy, é melhor você vir também. O assunto deles é particular – disse ela revirando os olhos.
- Nós saímos – insistiu Harry. – Vocês podem ficar aqui. O assunto é nosso, então é a gente que sai.
- Até logo, Harry – disse Farway, já saindo da cabine e fechando a porta.
Tracy estava extremamente aborrecida de ter que sair da cabine quando eles iriam tratar de um assunto importante, mas tomou providências para não perder um detalhe sequer. Lançou um feitiço dentro da cabine que faria as vozes de Harry, Ron e Mione se elevarem. Mas só quem lançara o feitiço poderia ouvir. Para os outros, tudo ainda estaria normal.
- O que a gente vai fazer? – perguntou Farway.
- Hm... Difícil. – respondeu Lia.
- Porque a gente não fica por aqui mesmo? – sugeriu Tracy, assim sendo ficaria mais fácil para ela ouvir o que estavam falando dentro da cabine e também poderia ver se ocorresse algo. – Talvez a conversa seja rápida.
- Não, esses aí não têm conversas rápidas – disse Farway.
- Quem sabe desta vez? – insistiu ela. – Vamos, vamos ficar aqui.
- Já que você quer tanto, tudo bem – falou Lia, aborrecida.
Tracy sorriu. Logo, Lia e Farway ficaram absortas numa conversa, a que deu oportunidade para Tracy se concentrar na conversa que estava se desenrolando dentro da cabine.
- Ah, Harry. Mais um sonho? – disse Hermione preocupada.
- Conta logo, vai. – falou Ron, ansioso.
- O que eu me lembro é assim. Para falar a verdade, não dava para distinguir nada nesse sonho. Tinha muito fumaça, um vapor esquisito – começou Harry.
- Mas o que aconteceu de importante nesse sonho, Harry? – indagou Mione.
- Eu já disse, não dava para enxergar direito. Realmente não dava para distinguir nada, só estou contando pra vocês porque achei meio esquisito.
- Achou esquisito ou acha que pode ter algo a ver com os novos planos do Você-Sabe-Quem? – perguntou Ron, rápido.
- Eu... Eu não sei! – respondeu o garoto, pensativo. – Escutem aqui, será que dá para vocês me deixarem contar o sonho? Depois vocês perguntam.
- Tudo bem.
- Já que você quer.
“Sonho? Sonho... espera aí. O pai me falou sobre esses sonhos esquisitos do Potter. Ele usava a ligação que eles têm a favor dele, para ver o que o meu pai estava vendo, sentindo, fazendo... sei lá! E isso prejudicou um pouco, mas acabou sendo útil”, pensou Tracy, rindo. “Apesar do plano não ter dado muito certo e vários Comensais da Morte estarem trancafiados em Azkaban, agora. Mas dessa vez o meu pai não falou nada. Será que isso está acontecendo de novo? E ele não sabe? Eu realmente não acho que ele iria esconder de mim um ponto tão importante do plano, se é que isso fizesse parte dele. O que será que o Potter viu? Só espero que não seja nada importante”
- Isso acontecia numa sala muito mal iluminada e com móveis antigos, ou ao menos aparentavam ser. Era meio macabro. E tinha um caldeirão. Aliás, aquilo parecia ser realmente grande, eu nunca vi um caldeirão tão grande – disse Harry.
- É claro que existem caldeirões grandes, Harry. Muito grandes, por sinal. Você não viu um lá do Beco Diagonal que cabia uns... – disse Hermione, mas parou ao receber um olhar cortante de Ron e Harry.
“Foi num caldeirão que surgi. Merlim queira que ele não tenha visto nada importante!” Tracy estava ficando um pouco preocupada, apesar de alegar para si mesma que não havia motivos para tanto.
- Mas não tinha pessoas na sala. – continuou Harry.
- Ufa! – disse Tracy, alto e respirando fundo.
Farway e Lia pararam abruptamente de falar e olharam para ela.
- Não, não é “Ufa”, não! – disse Lia. – Se aquele dragão tivesse soltado fogo cinco centímetros mais longe, teria pegado o Leonardo! E eu ia rir.
Farway riu. Tracy, para tentar consertar a burrada que havia feito, também.
- Eu quero conhecer esse seu irmão – disse ela. – Para ver se ele é tão chato assim.
- É – disse Lia. – Não precisa nem conhecer. Eu já digo.
Todas riram novamente. Mas Tracy tinha que prestar atenção na conversa do Potter. Não podia perder nem um detalhe, muito menos agora.
- Tudo bem, não tinha pessoas lá. O que tem de esquisito num caldeirão que está numa sala velha cheia de fumaça? – perguntou Ron.
- Ah, Ron. Não era um caldeirão numa sala cheia de fumaça. O caldeirão era muito esquisito, sem contar que tinha algo saindo dele – disse Harry, olhando para a janela. Naquele momento as nuvens estavam se juntando e o Sol estava desaparecendo por entre elas lentamente.
- O que estava saindo de dentro dele, Harry? – indagou Hermione.
- Eu acho que tinha uma poção sendo feita dentro do caldeirão. E ela levantou, saiu de lá de dentro e começou a rodopiar no ar, não sei – começou Harry. – E quando parecia que ela estava criando forma, explodiu. E as brasas, ou alguma coisa luminosa que pareciam ser brasas, formaram um nome. O nome da minha mãe.
- Você tem certeza, Harry?
- Tenho, eu não me enganei. Só que não era só o nome dela. Tinha o nome de mais alguém em cima do dela. Mas eu não lembro desse nome. Não lembro que nome é esse. Eu achei muito esquisito, será que eu vi alguma coisa que aconteceu? Quem sabe no dia em que meus pais morreram?
- É. E tem mais uma coisa. Será que isso aconteceu mesmo? – perguntou Hermione. – Escuta aqui, Harry. Você lembra o que aconteceu quando você acreditou no último sonho que teve.
- Eu sei, Hermione. Mas parecia real, entende? – retrucou Harry.
- Aquele outro sonho também parecia real – respondeu Hermione. – Mas não era.
- Eu concordo com a Hermione – disse Ron, rapidamente. – Esse foi só um sonho comum. Não tem nada esquisito em um sonho esquisito.
“Ele sabe. Ele sabe que eu surgi, ele sabe que a Lílian é a minha mãe. Ele sabe de tudo, só não se tocou ainda. Só espero que ele não lembre o nome que estava em cima do da mãe dele, senão nós estaremos realmente encrencados”, pensava Tracy, desesperada. “Tomara que Weasley e Granger consigam convencê-lo de que isso foi só um sonho comum. Tomara!”
- Mas porque eu iria sonhar com uma coisa dessas, sem nexo? – perguntou Harry, meio alto.
- Todas as coisas que nós sonhamos são sem nexo – disse Hermione. – Se isso aí tivesse nexo haveria a possibilidade de ser um sonho real.
- É, Harry. É melhor você esquecer isso – apoiou Ron.
- Não. Não vou esquecer. Se o Sirius estivesse aqui...
- O Sirius estaria aqui se você não tivesse enfiado na cabeça que aquele sonho era real, Harry! Quem você quer perder dessa vez, hein? – perguntou Hermione, quase gritando.
_ Eu sei que o Sirius não está mais aqui por minha culpa. Não precisa jogar isso na minha cara – disse Harry, ficando estressado.
- Ah, Harry. Desculpa. Escapou. Eu falei sem pensar – disse Hermione.
- Quando a gente fala sem pensar acaba falando o que pensa, é o que mamãe sempre disse – falou Ron, encarando Hermione.
- Ah, Ron! Eu tentando consertar as coisas e você vem e estraga tudo! – gritou Hermione.
- Eu não estraguei tudo, só disse que...
- Eu ouvi o que você disse! – gritou Hermione. O feitiço que Tracy havia jogado não fazia diferença agora. – Não precisa repetir! O que você tem contra mim, hein, Ronald? O que foi que eu fiz para você sempre estragar as coisas, hein?
- Você não fez nada, Mione, você está maluca!
- Você é que está me deixando maluca, Ron, é você!
- É claro que não – começou Ron só que foi interrompido.
- Será que dá para vocês pararem? – perguntou Harry. – O que será que a garota nova vai pensar da gente?
- Ah, o Harry está preocupado com a garota nova... – disse Ron, sorrindo.
- O deixa, Ron – falou Hermione e abriu a porta da cabine, esbarrando em Lia e saindo dali extremamente rápido.
“Eu não posso acreditar nisso, eu não posso!” pensou Tracy, muito preocupada, referindo-se a quantidade de coisas reais que o Potter sonhava.
- O que será que aconteceu? – perguntou Farway, para elas.
- O que acha de perguntarmos para o Harry e para o Ron? – perguntou Lia, indicando a cabine com os olhos.
- Sabe que não é uma má idéia? – respondeu Farway e depois entrou na cabine dos garotos, que ainda estavam com expressões preocupadas no rosto – Por que a Hermi saiu daqui tão nervosa?
Harry e Ron se encararam por breves instantes, até que Harry disse:
- A Hermione e o Ron brigaram de novo – disse ele, chateado.
- Você quis dizer que a Hermione brigou comigo de novo – corrigiu Ron, como se aquilo fosse óbvio.
- Não. Vocês dois brigaram mais uma vez. Eu só gostaria de saber por que vocês brigam tanto.
- A Hermione implica com tudo que eu falo.
- E você com tudo o que ela fala. – disse Harry.
- Nada a ver, cara, você viu como ela me tratou agora a pouco. E olha que eu ainda tentei arrumar as coisas, imagine se não tivesse tentado.
- Deixa a Hermione – falou Farway. – Vocês ainda estão muito alterados e preocupados com o que aconteceu no ano anterior. E olha, vai demorar um tempo para vocês voltarem ao normal.
- O problema, Farway, é que eu não quero ficar brigando com a Hermione. Principalmente nesse momento. Quando as coisas estão indo por caminhos não tão bons assim – falou Ron.
- Ah, tudo bem. Mas, esperem um pouco. Logo tudo voltará ao normal, pode crer.
- Tomara – disse Harry, respirando fundo. – Eu não agüento mais esses dois.
Lentamente as três garotas se acomodaram novamente no seu lugar e só ficou vago o assento de Hermione. O local ficou silencioso por vários minutos, até que um tempo depois, a mulher que vendia doces no Expresso apareceu, com sua pergunta habitual.
- Vão querer alguma coisa do carrinho, meninos?
Todos compraram várias coisas, e também algo para Hermione, a qual eles acreditavam que voltaria logo. Os doces estavam quase totalmente esgotados quando Tracy falou:
- Não seria melhor alguém ir atrás da Hermione? Já faz uma hora que ela saiu daqui.
Todos se entreolharam, levemente espantados com a pergunta da garota, que eles conheciam não fazia nem um dia.
- Se vocês quiserem, eu vou – completou ela, envergonhada.
- Não será necessário, Tracy – disse Hermione, abrindo a porta da cabine.
Ela estava com os olhos um tanto inchados, o que dava a impressão de que ela havia chorado.
- Está tudo bem, Mione? – perguntou Harry.
- Sim, não se preocupe – respondeu ela, ocupando o seu lugar. – Incrível o Draco não ter aparecido por aqui ainda, não é?
Todos resolveram ficar quietos e fingir que ela havia saído apenas cinco minutos e para tomar água.
- Bastante esquisito. Isso não é normal – disse Lia. – O que você acha que o seu amiguinho está aprontando agora?
Farway voltou-se para Lia, que havia lhe dirigido à pergunta.
- Não sei. E não quero saber - respondeu ela, seca.
- O que foi que aconteceu? – perguntou Ron, remexendo-se incomodamente no seu lugar.
- Nada não – respondeu Farway. – Ou melhor, nada importante.
- Como assim, nada importante? Tem que... Ron pare de se mexer! – disse Hermione. – Tem que ser importante. Você se dá tão bem com ele.
- Eu me dou bem com ele? Eu não me dou bem com ele! – falou Farway, agitada.
- Claro que se dá bem com ele. Aliás, é a única pessoa aqui que se dá com o Malfoy. – disse Lia. – Fale o que aconteceu.
- Já disse que nada – falou Farway, começando a se irritar.
- Mas nós sabemos que tem alguma coisa. Somos ou não somos seus amigos, Farway? – indagou Ron.
- Claro que são. Mas não há nada, mesmo – falou ela.
- Esse seu nada não convence ninguém, sinceramente – disse Harry.
- Ah, me poupe. Draco é um idiota, vocês passaram a vida inteira tentando me convencer disso e quando finalmente conseguem, ficam chateados – disse Farway, nervosa, mas sem gritar. – Eu realmente não entendo vocês!
- Nós não estamos nem um pouquinho chateados porque você acha o Draco um idiota. – disse Lia. – Estamos absolutamente felizes!
Farway revirou os olhos quando todos, menos Tracy, concordaram com Lia.
- Hogwarts parece ser muito animada. – disse ela, olhando para lugar nenhum.
- Por que você diz isso? – perguntou Ron.
- Lá em Beauxbatons não acontece nada que poderíamos chamar de diferente. Todos são pessoas normais, que nunca fizeram nada errado na vida, que não tem segredos a serem desvendados. Todo mundo respeita todo mundo e todo mundo ama todo mundo. Lá é muito pacato. Nesse sentindo, eu quis dizer. Porque festas acontecem muito. Nessa parte é legal. Acontecem muitas festas em Hogwarts? – indagou ela.
- Ahm... Não muitas. – disse Lia.
- É uma pena, mas existem pessoas chatas aqui. Alguém com quem se possa concorrer. Vejo que esse tal de Draco Malfoy é um. Lá você não tem inimigos.
- Que chato! – falou Ron.
- Não é chato, não, Ron! – disse Hermione. – Se todos em Hogwarts se dessem bem, tudo estaria muito melhor.
- Para tudo estar bem em Hogwarts, precisavam tirar o pessoal da Sonserina daqui – disse Harry, enérgico.
- Ei, você está me incluindo nisso? – perguntou Farway, com expressão de choque fingido.
- Você é uma exceção – falou Harry. – Por isso, não, não está incluída. Mas no mais, eu acho que resolveria quase todos os nossos problemas.
- O que resolveria quase todos os seus problemas, Potter? – murmurou um garoto loiro e alto, entrando na cabine. – Mandar todos os sangue-ruins embora de Hogwarts?
- Draco, vai dando o fora, está bem? Ninguém te chamou aqui, não – disse Lia.
¬
- A Farway me chamou – disse ele, murmurando sílaba por sílaba, com um único objetivo, irritar.
- O que? – gritou a garota, levantando-se. – Eu não te chamei aqui, mentiroso! E para dizer bem a verdade, até o apoiaria se resolvesse sair!
- Tudo bem, você não me chamou – explicou Draco. – Mas bem que gostaria que eu tivesse vindo aqui antes.
- Seu idiota! Eu não me importo com você!
- Claro que se importa. Mas, quem é esta aqui? Mais uma amiguinha sangue-ruim ou traidora do próprio sangue que vocês arranjaram?
Draco dirigia-se a Tracy, como se nunca a tivesse visto na vida. Este era o plano estipulado pelos dois, na véspera.
- Eu sou sangue puro – vociferou ela para Draco. – E você, quem é?
- Draco Malfoy. – disse ele, orgulhosamente.
- Malfoy? Esse nome não me é estranho... – disse Tracy, pensativa.
- Claro que esse nome não lhe é estranho – começou Ron. – Deve ter o visto em algum jornal, noticiando a prisão de vários Comensais da Morte. Lúcio Malfoy, o pai deste aí, estava entre eles.
- Não pronuncie o nome do meu pai com essa sua boca imunda, Weasley! – vociferou Draco. – Eu não lhe aconselharia...
- Eu que não lhe aconselharia a ficar mais um minuto sequer dentro dessa cabine, Draco – falou Hermione. – Você corre o risco de não sair inteiro daqui.
Draco soltou uma enorme gargalhada.
- É mais fácil eu pegar uma doença trouxa, desses sangue-ruins! – disse ele.
Isso já era demais, insuportável.
- Petrificus Totalus! – berrou Lia, brandindo a varinha contra Malfoy. O garoto ficou parado, com todo o corpo preso e imóvel.
- Rictusempra! – berrou Tracy, dois segundos depois.
O efeito foi fantástico. Draco Malfoy, com o corpo preso, tendo cócegas e não podendo fazer nada.
- Perfeito! – murmurou Ron, extremamente feliz.
- Maravilhoso! – disse Hermione, entre risos.
- Espetacular, realmente! – falou Harry.
- É isso aí! Vocês são demais! – falou Farway, quase sem conseguir respirar de tanto rir.
- Eu sei que sou demais – disse Lia, sorrindo. – Modéstia a parte, foi muito bom. Tracy, você é ótima em feitiços! Essa combinação ficou ótima!
Tracy meramente conseguiu sorrir.Os olhos de Draco expressavam total desespero. Crabbe e Goyle ficaram imóveis, eles sequer conseguiam falar direito, imagine lançar um feitiço. A cena toda estava hilária, ninguém conseguia parar de rir. Nos rostos dos comparsas de Draco, via-se o resultado de um trabalho muito duro que eles estavam fazendo, não rir. Eles se contorciam muito e desajeitadamente.
- Agora, Draco, vá procurar alguém para te socorrer – disse Farway, piscando para ele e ameaçando chutá-lo com a sua bota.
- Que está acontecendo aqui? – perguntou um garoto alto, de cabelos castanhos arrepiados e olhos negros, da porta da cabine.
- Ah, era só o que faltava. Richard Madison, o novo Monitor Chefe de Hogwarts – zombou Ron.
Richard olhou para o chão e detectou o garoto que fora atingido por dois feitiços.
- Finite Incantatem! - murmurou o garoto, para Draco.
Este parou de se mexer e levantou-se com um olhar de fúria assassina.
- Vocês vão me pagar! E você, sua... sua... aluna nova idiota, também! Todos vão me pagar! – disse Draco e saiu correndo dali, com Crabbe e Goyle na sua cola.
Quando viu que eles saíram dali, Richard caiu na gargalhada.
- O que foi que vocês fizeram com o coitado? – perguntou ele, rindo.
- Nada, não. Só uma ótima combinação de feitiços – explicou Lia.
- Dá para perceber! – respondeu ele. – Quem é você?
Richard olhou para Tracy, ao fazer essa pergunta.
- Tracy Mignonette, aluna nova. Prazer – disse ela, estendendo a mão.
- Prazer. Eu sou Richard Madison, Monitor Chefe – respondeu ele. – Sou da Grifinória.
- Legal – falou Tracy.
- Bom, eu vou. Legal a confusãozinha que vocês arranjaram. Eu queria tanto denunciá-los para a McGonagall... – falou ele, sarcástico. – Mas, não quero transtornos.
Todos riram, enquanto arrumavam-se novamente nos seus lugares e voltavam a uma conversa muito animada.
Durante toda a viagem, conversaram. Contaram várias coisas, relembraram fatos, sempre se divertindo. Tracy sentia que seria um plano muito fácil de realizar. Apesar da mentalidade extremamente cruel de alguns por ali, eram praticamente muito alegres, engraçados, legais, leais, companheiros e as pessoas sentiam-se bem entre eles.
Draco não se atreveu a voltar na cabine, naquele dia.
- Como se ele não soubesse o que iria acontecer! – comentou Lia.
A noite fora chegando lentamente, e com elas uma leve garoa. O tempo fora mudando durante o dia, e provavelmente estaria chovendo forte até o final da noite. Mas ninguém se importava. Estavam cada vez mais próximos do seu destino: Hogwarts. Estavam todos felizes e muito animados. Várias pessoas estavam atravessando os corredores falando coisas fúteis em altas vozes, como se aquilo interessasse ao trem inteiro.
- Chegamos, finalmente! – falou Harry, quando o Expresso de Hogwarts parou.
- E eu que ainda preciso achar a Gina! – resmungou Ron. – Mamãe pediu pra eu ficar de olho nela.
- Quem é Gina? – perguntou Tracy.
- Minha irmã mais nova – respondeu Ron, enquanto esperava Hermione sair da cabine para seguir atrás dela.
Completamente apertados, todos saíram de dentro do Expresso. No caminho, tinham encontrado Gina junto com sua amiga Luna. Ambas riam escandalosamente e Ron resmungou alguma coisa sobre esquisitice e loucura serem contagiosas.
- Vamos pegar nossa carruagem. – disse Hermione, dirigindo-se à uma das poucas que ainda restavam no local.
Todos subiram e Tracy comentou:
- Legal, isso. Eu nem imaginava que eram Testrálios que puxavam essa carruagem.
- Você pode ver os Testrálios? – perguntou Luna, avoada.
- Sim. Por quê? – indagou a garota em resposta.
- Eu só gostaria de saber quem foi que você viu morrer – falou Luna.
- Eu? Han... foi meu avô – inventou ela.
- Eu vi a minha mãe – comentou ela, triste.
Tracy sorriu, enternecida. O resto do percurso fora pontuado por perguntas que se limitavam a respostas de “sim” ou “não”, feitas por Luna, Gina e Tracy.
Eles desembarcaram da carruagem e seguiram até a enorme porta de carvalho onde estavam apinhados vários alunos que tentavam enxugar as vestes. Gina abriu caminho entre eles e os garotos chegaram até o Salão Principal.
- Srta. Mignonette? – perguntou uma mulher alta, que mantinha os cabelos muito bem presos em um coque na nuca.
- Eu mesma – disse Tracy.
- Minerva McGonagall, boa noite! Acompanhe-me, rápido! Nós não temos tempo a perder.
Imaginando o que é que McGonagall queria com ela, Tracy seguiu-a. Torcia para que Snape tivesse feito tudo corretamente.
N/A: Oi! Espero sinceramente que vocês tenham gostado desse capítulo, porque até agora foi o melhor, em minha opinião. Eu tinha planejado milhões de outras coisas para ele, mas comecei a escrever e mudei tudo. Enfim, tem novidade no próximo capítulo! Muito obrigada pelos comentários do capítulo anterior, e por favor, não parem de ler! É muito importante a colaboração de vocês. Ok, parada a choradeira, comentem! Se gostarem e se não gostarem também.
Manu Riddle
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!