Novos Planos

Capítulo 3
Novos Planos

- Eu sei que você está me escondendo algo aí! – gritou uma voz feminina.

- É claro que não, por acaso você está tendo alucinações? – dessa vez quem falou foi um garoto.

- Alucinações, Draco? Eu sou muito sã sabia? – gritou a garota de novo.

- Ah, por favor! Pansy, por que eu iria esconder algo de você? – perguntou Draco.

- É justamente isso que eu quero descobrir! – gritou Pansy.

Essas palavras ecoavam longe, a maioria não dava para distinguir. Junto com esses barulhos, se escutava de vez em quando o de uma cadeira sendo arrastada ou quebrada.

- Dê-me esse papel, Draco, eu estou te avisando! Dê-me ele logo!

- Eu não tenho papel nenhum! – revidou o garoto.

- O que aquela coruja te trouxe, hein? Deixe-me ver – ameaçou ela.

- Que coruja? – perguntou Draco.

- Aquela coruja marrom clara que eu vi saindo daqui quando entrei para falar com você! - berrou Pansy entre dentes.

- Não tinha coruja nenhuma aqui – retrucou Draco, chateado.

- Claro que tinha! Eu vi!

Mais um barulho distante de cadeira se partindo. Agora os gritos estavam bem mais audíveis e eram poucas as palavras que não davam para entender.

- Além do mais... –falou Pansy sem gritar – eu conheço aquela coruja.

- Bobagem! Se é que tinha uma coruja, não é? – gritou Draco.

- Claro que tinha uma coruja!

A dor de cabeça era muito forte. Estava a matando...

- E nem tente mentir, aquela coruja era da Farway!

- Primeiro, não tinha uma coruja! Segundo, desde quando a Farway me manda cartas em plenas férias de verão?

- E desde quando você me engana, Draco? – berrou Pansy.

- Eu não estou te enganando – disse Draco, tentando esconder o envelope que estava na sua mão dentro do bolso da calça.

- Agora eu vi! Dê-me esse envelope, Draco! Ou será que eu vou ter que apelar para a magia? – ameaçou ela.

- Aí você não poderia mais substituir o Crabbe em me seguir quando ele estiver comendo. Você vai ser expulsa de Hogwarts – falou ele, seco.

- Como assim? Eu não entendi essa insinuação...

- Pansy, você me segue por Hogwarts inteira. Do que você tem medo, hein? – gritou ele como se aquilo fosse óbvio.

- Para evitar que você saia com sujeitinhas do tipo da Farway!

- O que você tem contra a Farway?

- Não interessa – disse Pansy rapidamente. – Só quero que você me dê essa carta! Eu quero lê-la!

- Eu não tenho carta nenhuma, isso é alucinação sua – gritava Draco quando foi interrompido por Pansy.

- Não foi alucinação! Tinha uma carta sim e eu quero vê-la!

Evans Riddle acordou de sobressalto. O berro ainda ecoava nos seus ouvidos.

- Não tem! Pansy, vá arrumar as suas malas e me deixe arrumar as minhas! – gritou o garoto.

- Eu quero ver a carta! – berrou Pansy fingindo que não tinha escutado o que Draco havia dito.

Evans Riddle olhou ao redor e não viu ninguém. Pelo jeito tinha alguém brigando no quarto ao lado. Ela pulou da cama de repente. Que lugar era aquele em que estava? Ela piscou os olhos e olhou de novo. Definitivamente não era nenhum lugar conhecido. Era um quarto enorme de garota, com tudo o que uma delas teria direito. Computador; dois guarda-roupas escancarados repletos de calças, blusas, camisetas, jeans, jaquetas... de todas as cores e tipos; uma prateleira com no mínimo uns cem livros, finos, grossos, grandes, pequenos...; uma sacada esplêndida que dava para o quintal onde havia uma piscina enorme, um campo de futebol americano e o palácio que chamavam de casa do cachorro. Sem contar o cachorro em si, era um Husky Siberiano preto e branco, de olhos azuis e extremamente peludo. Era tudo lindo, maravilhoso, entretanto os gritos continuavam a ecoar pelo corredor.

- O que a Farway escreveu nessa carta que você não quer que eu leia? – berrou Pansy.

- A Farway não me mandou nenhuma carta! Nem ela nem ninguém! – gritou ele em resposta.

- Claro que mandou!

Evans Riddle jogou os cabelos para trás. Quase gritou de susto. Seus cabelos não eram mais extremamente vermelhos e lisos. Mas castanhos. Castanhos claros. Desesperada, dirigiu-se até o que parecia ser a porta de um enorme banheiro. Lá dentro tinha nada mais nada menos que uma banheira estupenda, mais uma penteadeira, uns cabides esquisitos, várias pias e toalhas espalhadas por todo o canto. Mas Riddle nem notou tudo isso. Estava mais interessada no espelho. Ao ver sua imagem refletida nele, sorriu. Não por que a Tracy era bonita, nada disso. Mas por que havia conseguido. Estava possuindo a garota.

- Sai do meu quarto, Pansy! Eu tenho que me trocar! – gritou Draco.

- Não! Não... Draco, pára de me empurrar! Draco, pára! Pára... Ah...!

Mas que gritaria era aquela no meio corredor? Uma porta se fechara com um estrondo.

- Draco! Abre essa porta, seu cretino! Dê-me a porcaria da carta!

- Saia daqui, Pansy! Amanhã a gente tem que ir para Hogwarts! Vá arrumar as suas malas e me deixa em paz!

Evans Riddle dirigiu-se até o corredor. Uma garota alta e magra, de cabelos negros e curtos batia desesperadamente na porta do quarto que ficava ao lado do seu.

- Abre a porta, Draco, eu estou te avisando... não me responsabilizo pelo que venha a acontecer! – gritou Pansy.

- Estou morrendo de medo! – berrou Draco sarcasticamente, provavelmente deitado na sua confortável cama enquanto a garota gritava e socava a porta.

- Draco – Pansy começou a dizer, mas parou de repente ao ver que Tracy a olhava curiosa.

- Quem é você? – perguntou Tracy.

Pansy passou as mãos pelos cabelos e sorriu levemente.

- Pansy Parkinson. Uma amiga do Draco – disse ela estendendo a mão para Tracy. – E você é a Mignonette, não é?

- Ah, ok. O Draco está ali? – perguntou ela, sem nem dar atenção para a mão de Pansy nem para a pergunta que ela havia feito, apontando para o quarto.

- Está.

- Draco, abra a porta – não era um pedido, era uma ordem.

Pansy desistiu da idéia de apertar a mão de Tracy.

- Eu achei que tinha dito para você sair daqui – disse Draco entre dentes.

- Eu achei que tinha mandado você abrir a porta, Draco – disse Tracy.

- Ri...Tracy? – indagou ele, provavelmente levantando-se da cama e dirigindo-se lentamente até a porta de seu quarto.

- Sim.

Draco abriu a porta.

- Bom dia. Você poderia me explicar onde estou, o que eu estou fazendo aqui, quais são os próximos planos, e tudo o mais? – indagou Tracy.

O garoto arregalou os olhos.

- Pansy, vai pro seu quarto arrumar as suas malas. Depois a gente conversa –respondeu Draco, preocupado – Tracy, entra aqui.

- Eu não vou sair daqui, Draco! E que história é essa de planos...?

- Parkinson, saia – disse Tracy. – Imediatamente.

Aquela ordem era direta demais para alguém não respeitar e cumprir. Pansy desceu as escadas rapidamente e Riddle lembrou-se de onde estava. Era a casa. A casa do dia anterior. Ela ainda estava na casa dos Mignonette.

- Senta aí, Tracy – disse Draco trancando a porta.

- Pois bem. Explique-me.

Draco sentou-se num sofá que ficava exatamente de frente para a cama que Tracy estava sentada.

- Bem, por onde começo? – perguntou ele, pensativo e depois continuou - Hm... Qual é a última coisa que você se lembra? – perguntou ele.

- Ah... sei lá! Acho que... Ah, essa garota. – disse ela apontando para si própria. –Ela ou eu ajoelhada.

- É que você conseguiu possuí-la. Aí, não sei por que, o Lorde das Trevas não quis comentar, a Tracy ficou inconsciente por causa disso e conseqüentemente, você também.

- Em que dia nós estamos? – interrompeu Tracy antes mesmo de Draco terminar a explicação.

- Trinta e um de agosto.

Tracy gritou.

- Deixa eu terminar de explicar – continuou Draco. – É assim. Você desmaiou e o Lorde percebeu que ficaria inconsciente por vários dias. Eu, minha mãe e Bella estamos aqui, para vigiar os pais da Tracy enquanto eles não decidem nos apoiar sem a Maldição Imperius. Estamos na casa dos Malfoy, em Londres. O Lorde das Trevas e o Rabicho estão na mesma casa de antes. Durante esse mês que você ficou inconsciente, foram descobertas muitas coisas que poderiam detonar o novo plano. Muitas perguntas foram feitas. Você tem que entrar na Grifinória lá em Hogwarts. Sabe o que é isso, não é?

A garota assentiu com a cabeça, preocupada.

- Só que os pensamentos da Tracy não existem mais na sua cabeça. Agora, quem pensa é você. Mas tudo o que a Tracy sabe ou fez, ainda está aí – disse Draco apontando para a cabeça da garota. – Agora, a personalidade de Evans Riddle está no corpo da Tracy Mignonette. Então, como a mente da filha do Lorde das Trevas vai ficar na Grifinória? Como o maldito Chapéu Seletor vai deixar a última herdeira de Slytherin na casa de seu rival, Griffindor?

- Mas por que eu tenho que ficar na Grifinória? Eu sou uma sonserina de sangue e alma! Não tem nada disso de ir para Grifinória.

- Como você acha que vai ficar amiga do Potter sendo uma sonserina, se Potter odeia todos os sonserinos? E como você acha que nosso plano irá dar certo sem você estreitar laços de amizade com o Potter?

- Tracy entendeu o recado e ficou quieta.

- Para esse negócio de você ficar na Grifinória só conseguiram pensar numa solução.

- Qual?

- Severo Snape – disse Draco, sorrindo.

- O professor de poções?

- Esse mesmo.

- Mas como ele poderia ajudar? – perguntou Tracy.

- Ele vai confundir o Chapéu pouco antes da sua seleção. Pelo que sabemos, você não será selecionada junto com as crianças do primeiro ano. Mas sim, antes da seleção deles, na sala da Professora McGonagall. Então, Snape confundirá o Chapéu para ele lhe colocar na Grifinória. Já está tudo combinado com o professor.

- Ótimo! Mas tem outra coisa. Eu não posso ir com vocês amanhã apanhar o trem. Se Potter odeia todos os Sonserinos independente de quem seja, como você disse, se ele me ver em companhia de um, jamais vai querer falar comigo – disse Tracy.

- Pensamos nisso, também. Você irá com sua mãe para a estação apanhar o trem. Ninguém terá a menor dúvida de que você é uma garota normal.

Tudo ficou no mais absoluto silêncio.

- Então nós não corremos nenhum risco? Nada? – perguntou Tracy.

- Não. Está tudo tranqüilo – disse Draco confiante. – Mas tem uma coisa que o Lorde pediu para a gente lhe lembrar.

- O quê? – a garota adorava e se interessava por tudo que dizia respeito ao seu pai.

- Você não pode ir dando com a língua nos dentes para qualquer pessoa não. Você quase contou tudo para a Pansy, agora há pouco.

- Mas ela não está aqui? Se ela está aqui é porque a gente pode confiar nela, né?

- É claro que não! Ela só esta aqui porque os pais dela completaram vinte anos de casados e foram comemorar numa viagem até o Brasil. Aí, não queriam levar a filha junto e a mandaram para a nossa casa. Mamãe e a Sra. Parkinson são muito amigas, ela não poderia negar esse favor – disse Draco, triste.

- Ah... Enfim, o que vocês disseram para ela? Quer dizer, qual o motivo que vocês deram para ela por eu estar aqui? – perguntou Tracy.

- Amizade com os Mignonette. Nós a convidamos para passar um tempo aqui. Pansy não desconfiava de nada até você falar em planos – respondeu ele, parecendo desapontado.

- Cala a boca, Malfoy! A culpa não é minha! – gritou Tracy.

Draco olhou-a assustado.

- Estressada você, não? – o garoto parecia não ter o menor medo da reação de Riddle. Debochava dela como se fosse qualquer outra garota da sua idade.

- Eu vou ficar um pouquinho mais se você não fizer o favor de calar a boca – disse Tracy. – E eu não recomendo que as pessoas fiquem muito próximas a mim em dias parecidos com esse. Quando estou com meu humor tão... variável.

- Está bem – disse Malfoy, com a cara fechada como se tivesse recebendo uma detenção e não pudesse inventar nenhuma mentira e muito menos por a culpa do que acontecera em qualquer outra pessoa.

Tudo ficou no mais absoluto silêncio novamente. Tracy levantou-se e foi para a janela do quarto de Malfoy. A visão era a mesma da sua. Ela sentou de costas para o lindo céu azul, e encarou os olhos claros de Draco.

- E aí, quem é essa tal de Farway? – perguntou ela, descontraída.

- A Farway? Ah, sim... ela é uma sonserina.

- Uma sonserina, que esclarecedor. Ok, como eu já sei de tudo sobre ela, posso até fazer um relatório de dois metros de pergaminho –disse Tracy com sarcasmo.

- Ah, não sei como descrever o jeito dela.

- Sangue ruim? – perguntou a garota, fazendo cara de nojo.

- Como você? Não, sangue puro – disse Draco.

Tracy ficou quieta. Ela era uma sangue ruim. Ela era uma sangue ruim. Era a primeira vez que se tocava disso. Seu pai era mestiço, sua mãe também. Conseqüentemente, ela era mestiça. Ela era uma sangue ruim.

- Se me chamar de sangue ruim mais uma vez eu juro que te mato, Draco! –disse ela, nervosa.

- Com as unhas? – perguntou ele, debochando.

Tracy olhou para suas unhas. Cada uma tinha uns dois centímetros de comprimento e estavam pintadas de pink.

- Talvez. Mas acho que com um feitiço também não seria uma má idéia – disse ela, pensativa.

_Sem varinha? -perguntou Draco.

Tracy olhou ao redor. Como era idiota. Draco já estava ganhando dela em poucos minutos de conversa.

- Onde está a minha varinha? – perguntou.

- Lá no seu quarto, junto com o material de Hogwarts – disse Draco, e depois, ao ver que a garota se dirigia rapidamente até o quarto, gritou rindo - Dentro de uma caixa escrita “Varinha”!

- Vá à merda! –berrou Tracy, do seu quarto.

Um minuto depois ela voltava ao quarto de Draco com ares de superioridade, como se carregar uma varinha a tornasse imortal. Independente disso, ela era imortal por causa da Poção que a fizera surgir.

- Mais o que você sabe sobre a tal Farway? – perguntou ela.

- Como eu já disse, ela é sonserina, mas se dá muito bem com os alunos das outras casas. Uma traidorazinha do próprio sangue. A melhor amiga dela é da Corvinal!

- Você disse das outras casas, como Grifinória? Então ela é muito amiga do Potter, né? – perguntou Tracy, interessada.

- Ah, nem me fale! Lembrar disso me dá náuseas! Como pode alguém puro sangue se dar tão bem com aquele... ah! Sei lá, aquele “Ai, eu tenho uma cicatriz no meio da testa”! E com a Granger e o Weasley. Sem falar em toda a família dele.

Tracy levantou e abaixou rapidamente as sobrancelhas.

- Ela também é do sexto ano?

- Sim, estuda comigo.

- Ela poderá ser útil – disse Tracy pensativa. – Muito útil.

- Como? Fazendo você se virar contra o Lorde das Trevas e os seus Comensais da Morte para ajudar Dumbledore? Só se for assim.

- Ah, Draco! Para que você tem um cérebro, hein? Eu só quero é me aproximar do Potter. Se ela for amiga dele, talvez eu possa me tornar também.

Draco considerou a proposta.

- Só que eu já vou avisando, ela não confia em qualquer um não. Vai ser difícil você conquistar a confiança dela.

- Eu dou um jeito. As pessoas boas são extremamente fáceis de se manipular.

- Você quem sabe.

Draco jogou-se na cama mais uma vez e mirou o teto com os braços entrelaçados na cabeça loura.

- Ok, a Farway... é. Talvez você consiga. Agora, a Falls... até hoje eu não sei como ela é tão amiga de uma sonserina.

- Falls? –perguntou Tracy.

- A melhor amiga da Farway – explicou Draco. - Essa sim, de boazinha não tem nada. A não ser a aparência.

Tracy riu.

- Diz por experiência própria? – perguntou, com um sorrisinho debochado nascendo num dos cantos da boca.

- É...quer dizer, não! Imagine...ela é sangue ruim! Sangue ruins não me derrotam.

- A não ser em provas, não é, Draco? Fiquei sabendo que a Granger, a melhor amiga do Potter, é muito inteligente. E que sempre supera você nesse quesito – debochou Tracy.

- Só nisso também – admitiu.

- Quais são os nomes delas?

- Jessica Farway e Cicília Falls – respondeu Draco.

- Vou arrumar as minhas malas – disse Tracy, dirigindo-se até a porta. – O que você vai fazer agora?

Draco levantou a cabeça e sentou na cama.

- Nada, eu acho.

- Não tinha que arrumar as malas também? – perguntou Tracy desconfiada.

- Isso era mentira. Eu só queria dispensar a Pansy.

- Eu vou falar com ela – disse a garota e Draco arregalou os olhos. – Falar para ela que já terminei de falar o que era importante com você e que ela já pode vir aqui concluir a briga.

- Você está realmente afim de me torturar? – disse ele, sarcástico.

- Sim. Espere pela Pansy – ela acenou.

- Tchau.

Quando Tracy fechou a porta, Draco já estava esparramado na cama de novo.

A garota dirigiu-se até a porta que ficava a esquerda do seu quarto e disse, tendo quase certeza que Pansy já havia voltado do que quer que fora fazer no primeiro andar da casa.

- Parkinson, pode ir falar com o Draco.

O chão tremeu com o pulo que Pansy deu dentro do seu quarto. Quando ela abriu rapidamente a porta, Tracy ficou feliz de constatar que o seu quarto era muito mais bonito que o dela. Ela podia ser filha de Voldemort, mas ainda assim era uma garota comum como as outras.

- Obrigada, Mignonette – disse Pansy, fechando a porta do seu quarto e indo recomeçar a gritaria na frente da de Draco novamente.

Tracy entrou no quarto e jogou todo o material em cima da cama. Ali por perto identificou o seu malão de Hogwarts e arrumou tudo lá dentro, parando aqui e ali para folhear um livro ou observar os ingredientes das poções. Ela deixou o malão pronto do lado da sua cama, trocou de roupa e desceu. Eram exatamente onze e meia da manhã. Nossa, a casa em que ela morava com o pai, Rabicho e Bella nem se comparava aquela. Os tapetes que cobriam o chão eram muito mais macios, como ela pode constatar ao descer a escada agarrada a um corrimão que reluzia. Dando uma olhada por ali, identificou a porta da cozinha.

- Ah, Tracy! – disse Bella ao ver a garota entrando no aposento com uma aparência apática. – Ele vai ficar tão feliz de saber que você está bem!

- Bom dia para você também, Bellatriz – respondeu ela, o que fez a mulher dar um leve sorriso como desculpas. – Mas, porque disse isso? Eu poderia não estar bem, é o que quis dizer?

- Não. Está, esteve e estará tudo bem, Tracy. Só que você deixou o corpo dessa garota muito frágil quando... – aí ela abaixou muitíssimo a voz – a possuiu, sabe?

- Frágil vai ficar a sua mandíbula! – disse ela, ficando com muita raiva. – O Draco já me contou tudo, eu já sei de tudo, tá, não precisa repetir.

- Tudo bem, só estava querendo explicar.

- Pedi? – disse Tracy, virando-se para a geladeira e abrindo-a como se tudo estivesse normal e nada de diferente tivesse acontecido.

Bella ficou quieta. Tracy tomou um copo de água enquanto observava a cozinha. Narcisa e Anne estavam a um canto, olhando curiosas para ela e Bella do outro lado do aposento, supervisionando o almoço.

- Desde quando sabe cozinhar, Bellatriz? – perguntou Tracy.

- Faz muito tempo, já...

- Ah, não diga! – disse Tracy, debochando. – Só espero que isto esteja bom, pois estou morta de fome.

- Claro que está bom.

- Bella, foi você quem fez. Sendo assim, tem grandes chances de não estar bom. Mas, quem sabe?

Ela olhou ao redor novamente e jogou o copo em cima da pia.

- E o pai da Tracy, onde está?

- Trabalhando – disse Narcisa. – Lá no Ministério. Nós não podemos...

- ...deixar pistas – completou a garota.

O dia inteiro fora muito pacato, sem nada realmente importante ou divertido para se fazer. A coisa mais legal que acontecera foi ver Draco saindo de seu quarto com uma orquídea cor de rosa saindo do peito e guinchando. Pansy havia ficado realmente estressada com ele e lhe lançara um feitiço que provavelmente saíra errado. Mesmo assim, ela ficou extremamente feliz ao constatar o estrago que tinha feito. Tanto, que saiu gargalhando pela casa inteira e só parou quando Narcisa, preocupada, lhe dera um copo de água.

Rapidamente, Tracy resolvera o problema o que deixou Pansy com muita raiva. No mais, tudo fora a maior chatice. Tracy fora dormir aquela noite muito cansada. Às vezes, sentia uma leve dor de cabeça, mas não deu a menor importância. Deveria ser algum dos efeitos que aconteciam quando se possuía alguém.

- Tracy, você ainda está dormindo? – perguntou Bella, na manhã seguinte.

- Hã? Ah... agora não. Mas estava – respondeu ela.

- Pois trate de se levantar. Temos ainda muito tempo para chegarmos à estação, mas mesmo assim não podemos perder tempo.

- Tudo bem – falou Tracy levantando-se de um salto da cama e sentindo-se renovada.

Ela se trocou lentamente, pôs uma das roupas mais normais que achou no guarda-roupa da Tracy e desceu para tomar o café da manhã. Antes de dormir na noite anterior, cortara as unhas bem curtas e tirara delas todo o esmalte. Ela achou boa essa medida de proteção depois de tentar esfregar os olhos e elas terem feito um corte leve bem próximo a sua sobrancelha direita.

Quando entrou na cozinha retribuiu um “Bom dia, filha” dado pela mãe da Tracy, e um “Olá” mal-humorado de Pansy. Somente elas duas estavam lá naquele momento.

Ela se sentou e começou a comer. Depois chegaram Narcisa, Draco e Bella.

- Já terminou, Tracy? – perguntou Bella.

- Já – disse a garota que olhava para Draco como se o examinasse.

- Então vá pegar as suas coisas que Anne já irá levá-la para a estação.

- Se você não notou ainda, querida, são apenas nove e meia da manhã – falou Tracy, aborrecida. Acabara de notar que estava carregando algo muito pesado nas costas, o plano iria se iniciar hoje, suas responsabilidades eram imensas. – E o Expresso de Hogwarts só sai da estação ás onze.

- Tracy, nós estamos longe da estação. Lembra? – disse Bella, sorrindo.

- Ah! Que ódio! – disse ela e saiu da cozinha rapidamente, voltando dali a meia hora, com o malão de Hogwarts.

Narcisa, Draco e Pansy já haviam partido. Eles não poderiam chegar juntos na estação, pois levantariam muitas suspeitas.

- Falei com seu pai, ontem – disse Bella. – Ele lhe desejou boa sorte. E mandou você se comportar.

Tracy riu do sarcasmo de Bella.

- Eu sou um anjo.

- Eu sei. Seu pai disse também que estava trabalhando numa maneira de se comunicar com você, talvez logo vocês se falem novamente.

- Ótimo – disse a garota, levantando o malão e o arrastando até a porta.

- Boa sorte, Riddle.
Tracy já estava lá fora, e Bella pendurada na porta.

- Obrigada. Até o Natal, querida.

- Tchau...

Tracy virou-se e Bella bateu a porta, provavelmente muito feliz por se livrar da garota.

N/A: Oi! Espero sinceramente que tenham gostado desse capítulo! Fiquei muito feliz com os comentários, é ótimo receber essa atenção. Poderia indicar algumas fics para vocês?

Missão em Hogwarts por Jessica Farway
http://www.pottervillage.com/forum/viewtopic.php?t=8658

Liz Hollowe por Mia Moony
http://www.fanfiction.net/s/2262513/1/

Ambas as fics são de duas amigas minhas, mas não é por isso que estou as indicando. Podem ter certeza de que são ótimas fics, por isso estão tendo lugar aqui. Duas personagens de minha fic, Jessica Farway e Cecília Falls, são inspiradas nas autoras.

O próximo capítulo chama-se Imprevistos. E, bem, imprevistos geralmente não são bons, principalmente num plano do Lorde das Trevas, não é? Esperem, o capítulo ficará bem legal.

Manu Riddle

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