Christmas Dream






Capítulo 7- Christmas dream

N/A(mcpotter): A tradução desse capítulo seria “Sonho de Natal”, só que eu acho o título em inglês bem mais singelo,meigo e fofinho().Espero que vocês consigam reparar o porquê desse nome, já que todos os nomes de capítulos tem uma resposta e foram muito bem elaborados pela Carol e eu. Mais uma vez:divirtam-se!YAY!


--------------------------------------------------------------------------------
Era incrível como alguns ainda tinham estômago para o banquete noturno mesmo depois de Hogsmead. Ao anoitecer, alunos fatigados mas de espírito bem disposto marcharam até o Salão Principal tagarelando incansavelmente, enquanto outros já acomodados entoavam a trilha sonora de talheres tilintando com fundo de mastigação. Dumbledore conversava serenamente com o professor Ketleburn, enquanto Minerva ralhava com Tiago (que tinha acabado de empurrar, “sem querer”, um gordo garoto de Lufa-lufa que acabou deslizando até os pés da mesa dos professores,quase dando de cara com os degraus que os impunham num nível elevado) e outros profissionais,assim como seus alunos, desfrutavam de seu jantar em papos descontraídos.
Sirius era um dos únicos grifinórios,além de Ligia, que não estava presente...pelo menos não até aquele momento.

-Almofadinhas!-Remo cumprimentou ao passar pela porta de entrada, por fim abandonando o refeitório no instante em que seu amigo entrava- Onde esteve?Eu não te vi no quarto, o Tiago estava te procurando por toda a parte dês de que voltou de Hogsmead e...

-Remo, vem cá-numa urgência espantosa Sirius puxou o monitor pelo braço para que saíssem do arco da porta, levando-o para longe de qualquer atenção e olhar curioso. Atrás de uma pilastra de pedra, ás sombras balançadas de um castiçal, ele largou um apalermado Lupin.

-O que f..?

-Eu preciso de sua ajuda, Aluado.- Sirius interrompeu o amigo, levando as mãos aos cabelos numa tentativa desesperada de se distrair.Remo o aguardava com ar de quem queria dizer alguma coisa,mas que tinha o silencio superado pela curiosidade.Sirius foi logo se explicando com um quê de relutância na voz- Olhe, você gosta da Cynthia?

O outro ficou claramente constrangido com a repentina pergunta.

-Ora S-Sirius, é claro...

-E o que você sente?

-Como assim?-Remo viu-se tropeçar e trombar com a pilastra atrás de si. Sirius ergueu uma sobrancelha para ele, fingiu não notar a atrapalhação e decidiu continuar a falar (já que tinha começado, não podia voltar atrás):

-Quero dizer se você sente...se você sabe como é, se...bah!- de repente ele pareceu desistir daquela conversa, irritou-se, fechou a cara-Quer saber, esquece Remo. Eu nem sei o que eu quero te dizer, muito menos se você tem alguma resposta á me dar...

-Sirius, o que tem de errado com você?-Lupin desencostou-se da pilastra ao ver seu amigo bufar, se afastar e o mirar com ar desnorteado.

-Nada.-disse o outro de má vontade.

-Então o q...

-Se você começasse a pensar muito em uma coisa, mas tanto que até sem saber está pensando nela, o que você faria?- explodiu de repente o extremamente imprevisível rapaz, que variava bruscamente de um recolhimento emocional á um estouro de linguajar.Lupin tentou acompanhar o ritmo nada comum daquela conversa:

-Bem, se isso me fizesse mal eu pararia de pensar nela.

-E se fosse impossível?-dificultou Sirius,quase esganiçado. –E se você tentasse, com todas as suas forças, parar de pensar em algo que sabe que não pode pensar porque simplesmente não faz sentido algum!

Remo coçou a cabeça e piscou rapidamente, evidentemente embaraçado.

-Sirius, o que não faz sentido é tudo isso que você está...-mas naquele dia,pelo jeito,Remo não iria conseguir proferir nenhuma frase por completo.Nunca. O moreno parecia predestinado á interrompê-lo:

-Eu pensei que estava fazendo algo por um motivo,Aluado.-contou ele num tom incrivelmente exausto.Seu cérebro parecia estar pifado, pois certamente estava deixando seu corpo maluco com as bruscas variações, que iam de uma maliciosa calmaria à uma louca taramelisse.- E depois de cumprir o que pensei estar fazendo, percebi que não era o que eu queria,ou não apenas o que eu queria. Agora não consigo mais pensar...nem mesmo sei o que estou sentindo,porque são coisas que eu só sinto quando estou doente,febril ou quase inconsciente. Não consigo nem te explicar,não sei.- e emudeceu como um brinquedo que sente a pilha fraca.

Lupin o assistia quase que com pena. O novelo incerto em que se metia seu melhor amigo era impenetrável, no entanto, ele queria ajudar.Mesmo sem saber o que exatamente era o problema,se havia algum problema, ele precisava ajudar:

-Almofadinhas, se você especificasse o assunto...esse seu jeito de falar por incógnitas está estourando meus miolos!

-Tudo bem.-concordou Sirius já reassumindo seu tom seguro e confiante com um leve gosto ignóbil- Somos amigos,não somos?

-Muito mais do que isso...

-Contamos tudo um pro outro,certo?

-Com certeza.

-Então me descreva nos mínimos e melhores detalhes como diabos é que você se sente quando está com sua namorada!

Remo corou furiosamente. Relutou uns bons longos minutos antes de começar á explicar, minutos nos quais Sirius o aguardou pacientemente. O lobisomem pigarreou,coagido:

-Erm...o que eu sinto-sinto, ou o que eu sinto por que faz parte da minha natureza masculina sentir?-disse num sopro de voz. Sirius não pôde resistir uma risada gostosa:

-O que você sente-sente.A segunda parte eu sei perfeitamente como é, porque basta uma saia curtinha e um par de belas pernas que eu...

-Então,como eu ia dizendo..!-Remo engoliu o comentário de Sirius num tom de voz desenfreado- eu sinto que...bem é que ela...-Remo desviou os olhos castanhos dos olhos profundos do amigo,que pareciam poços desafiadores. Fingindo estar interessado num desprezível filete de musgo que crescia nas beiradas dos tijolos de pedra, prosseguiu- Por enquanto eu não sinto-sinto muita coisa, Almofadinhas. Para ser sincero com você, eu estou tentando sentir, mas ela é tão sensual que não consig...pare de rir, por Merlim!

Sirius enfiou a própria gravata na boca para impedir as risadas de chegarem.Seus caninos prenderam a peça de roupa firmemente,para que apesar de seus lábios esboçarem um sorriso ele conseguisse manter a atenção e respeito. Remo,agora acuado mas determinado, continuou:

-E-ela faz coisas que eu nunca esperei que fizesse...eu tento me segurar Sirius, Merlim sabe como eu tento! Mas não dàvou explodir, vou...

-Gente!

-AHHHHHHH!

Tiago baixou a varinha e seu “Lumus” ao ver dois pálidos marotos apertando um o braço do outro, terrivelmente assombrados. A chegada inesperada do amigo pegara-os de surpresa,obviamente, pois ambos haviam cessado a conversa apenas para voltar olhos vidrados ao novo companheiro, que aos sussurros pervetidos, indagou:

-Se quiserem continuar o que quer que fosse que estavam fazendo, eu juro que dou privacidade...

-Ora,cale a boca Pontas!- a cor bronzeada voltou ao rostode Sirius, assim como o timbre forte á sua voz e a descontração ao seu rosto- Estávamos conversando sobre uma coisa que certamente deixou o Remo muito vermelho...

-Bah,nunca mais me peça conselhos seu babaca!- exclamou um enleado Lupin, empurrando um risonho Sirius para longe- Você me veio com uma papo super bizarro de...

-Ok!-Almofadinhas pisou no pé do lobisomem discretamente, fazendo-o se calar á contragosto. Tiago não notou- E como foi o encontro,Pontas?

-Oh, sim!- um titânico sorriso branco domou o rosto de Tiago imediatamente-Pensei que nunca fossem perguntar...

E assim o rapaz iniciou um eterno discurso incrivelmente detalhado sobre seu passei com Lily, carregando pelos ombros Sirius e Remo. Neste abraço coletivo, os três se puseram a caminhar; um, no centro, extremamente empolgado, dois, nas extremidades, assumindo expressão cômicas de forçada (e fingida) paciência.


--------------------------------------------------------------------------------


Ao passar das semanas o tempo transtornou-se.O vento passou do Sul para o Nordeste,trazendo chuva a principio e depois geada e neve.As primaveras e açafrões estavam ocultos sob montoes de neve.As cotovias haviam se calado e os brotos das arvores precosses estavam murchos e queimados.E o tempo se arratou lugubre,glacial,sinistro.Para desgosto de Tiago, os jogos tiveream seu recesso graças ao tempo terrível do inverno europeu.Foi só uma questão de dias para que o campo de Quadribol fosse soterrado por neve, e para que as balizas se resfriassem no topo, onde atingiam um ar rarefeito já com uma temperatura muito abaixo da ideal.

As últimas aulas do mês de dezembro foram um sufoco tanto para os alunos quanto para os professores:o primeiro grupo praguejava e ia de má vontade para as salas, graças ao frio impetuoso. Enquanto que os professores, perdendo a paciencia com a pouca disposição da sala (que também anciava pelo curto período de recesso escolar), tornavam as aulas pesadas,em busca de mais atenção. Por mais insuportável que tivesse sido aqueles últimos dias antes das comemorações de final de ano, as semanas se passaram, assim como tudo passa.

Na véspera de Natal Hogwarts estava deserta. Pelos corredores flutuavam raros fantasmas;os dormitórios e salões comunais tinham perdido praticamente todos os seus ocupantes...em Grifinória,por exemplo, restavam Tiago, Sirius, Elizabeth,Lílian, Courtney e Berta, além de desconhecidos trigêmios do primeiro ano. Em Sonserina restavam Bellatrix,Narcisa e Severo Snape; Corvinal inteira havia debandado com a exceção de Andrômeda, e não existiam representantes de Lufa-lufa circulando os corredores do castelo.

A lareira estava acesa. Em frente ao seu fogo crepitante, afundados em poltronas num estupor contagiantes, Sirius e Tiago se aqueciam, mirando as chamas com uma falsa impressão de extrema atenção.

-Que deprimente,isso aqui está tão animado quanto um cemitério.- murmurou Tiago, retirando os óculos pela décima vez apenas para ter algum gesto para fazer.Limpando as lentes,continuou seu monólogo- Eu nem acredito que o Remo foi viajar com a Cynthia!Quero dizer; ele está na casa dela, com os pais dela, dormindo-talvez-no quarto dela...

Os olhos profundos de Sirius continuavam fixados no fogo em brasa,mudos assim como seus lábios.

-Acho que a intimidade entre eles evoluiu bastante...-prosseguiu Tiago,como se dependesse da própria voz para viver saudável.- Ah, aquele Aluado...se ele não voltar cheio de novidades eu...

Sirius finalmente mostrou dar atenção á ele, apenas torcendo os olhos como quem diz “Chega,Pontas”, ao que Tiago se calou novamente entregue ao tédio.Seu silencio não durou muito mais que um minuto,apesar de tudo:

-Onde estão as meninas?-o outro rapaz finalmente pareceu interessado,pois virou-se em sua poltrona para analizar o abandonado Salão Comunal:

-Não faço a mínima idéia...

Como resposta o retrato da mulher gorda girou e por ele entraram Lilian emburrada e Elizabeth ,logo atras,com uma expressão gélida.A primeira correu os olhos pela sala completamente deserta a não ser pelo trio de primeiranistas e a dupla de rapazes e vendo que não teria muita opção aproximou-se da lareira e dos dois morenos.Já Eliza observou o grupo com desprezo e em passos decididos caminhou em direção as escadas que a levariam a seu (pelo menos durante algum tempo!)quarto individual.

-Feliz véspera de Natal,Lily.- desejou Tiago, corando levemente. Sirius apenas sorriu para ela, mais por educação do que por amabilidade.Ela retribuiu o sorriso e sentou-se ao lado de Tiago,corrigindo:

-Lilian,Tiago.

-Ok, Lílian. – repetiu o rapaz. Alguns segundos de silencio perduraram entre o trio, até que Pontas decidiu voltar sua atenção definitivamente para a ruiva,parecendo confiante- Porque está sozinha?

Sirius fez um movimento como se fosse se retirar,mas recebeu um olhar discreto do amigo que implorava a sua presença.Ele então continuou fingindo que não estava ali,direcionando seus olhos novamente para o fogo.

-Não é obvio?Não tenho ninguém com quem ficar...e a Berta desapareceu a séculos...-respondeu ela displicentemente recostando a cabeça ruiva no sofá.-Alias,vocês não a viram,viram?

-Graças a Deus,não.-ambos responderam com sinceridade. Tiago tentou amenizar o que dissera rapidamente:

-Er...mas e a Cav,digo, Courtney!-ele nunca pensou que teria de fazer tamanho esforço para não se referir de modo grosseiro ás amigas de Lílian.

-Não sei também.E não me importa.-retrucou a moça com rispidez.Desde a ultima visita a Hogsmeade as garotas haviam parado de conversar graças a discussao que sucedera seu encontro com Pontas.

-Vocês ainda não voltaram a se falar?-exclamou Tiago,enquanto Sirius voltava a mergulhar em seus pensamentos,como se fosse surdo-Oh Lil, espero que não seja por minha causa...-ele se lembrava perfeitamente do desgosto que era para Courtney Banks ver sua melhor amiga ao seu lado,quase que cedendo ao seu charme de Tiago. Sem aviso, de modo um tanto brusco-e sem permitir que Lílian respondesse-Sirius pareceu sair de seus devaneios com uma decisão em mente:

-Você viu a Adams, ruivinha?

Ela voltou um olhar incrédulo para ele e respondeu com sinismo:

-A sua princesinha acabou de subir para se isolar na torre do castelo,Black...você não viu?Mas cuidado com o dragão se for procura-la.

-Não sou esse tipo de Príncipe Encantado.- disse o animago em resposta. Tiago analisava aquela conversa receando que ela não evoluisse para um lado bom.- Eu não resgato donzelas, eu apenas as procuro.

-Sirius...-interrompeu Tiago imediatamente,notando o brilho fanático nos olhos do outro, o que indicava que ele estava disposto á iniciar uma discussão.- Porque você mesmo não chama ela?Estamos praticamente sozinhos aqui, e não é legal abandoná-la lá em cima. Além do mais, eu preciso acertar umas contas com aquela mocinha...

Sirius cruzou os braços:

-Não. Não vou atrás de ninguém, muito menos de alguém com quem eu não troco uma palavra,ou olhar, á quase um mês.

-Então por que raios você quis saber aonde ela estava?-rebateu Lily,também cruzando os braços,divertida.

-Porque é incrível o fato dela estar invisível sendo que somos os únicos ocupantes dessa sala.- disse ele com facilidade. Tiago parecia estar do lado de Lily por sinal, pois gargalhou:

-Ah é? Mas você também não perguntou nada da Berta ou da Banks, que também não estão aqui.

-Parece que há algo mais do que curiosidade...-continuou Evans,cutucando Tiago. Este piscou malandro para ela, desejando continuar:

-Eu diria...uma certa atração,talvez?-Sirius estava visivelmente alterado, o que apenas incitavam o par á continuar com o maldoso passa tempo.- Você vem agindo estranho,Almofadinhas. Vêm ignorando ela por semanas, mas mesmo assim,vive procurando-a com os olhos sem notar...

-Tiago,não me faça retrucar isso.Não pegaria bem pra você na frente da Evans.- alfinetou Sirius rispidamente.

A outra instintivamente virou os olhos para o maroto de oculos,indagadora e curiosa.Mas não ouve tempo para respostas pois nesse instante Berta veio descendo escadas a baixo,com as mãos no rosto e soluçando muito alto.

-O que foi,Bertinha?-apressou-se Lil levantando-se de um salto e indo acolher a gordinha em seu abraço.-Ande,me conte.-A outra lançou uma série de guinchos agudos e ininteligíveis,devido aos soluços,ao que a outra ensistiu-Vamos conversar ali!-e finalmente arrastou a ‘escandalosa Jorkins” para um canto afastado dos outros no salão.

Tiago observou o afastamento de Lily muito á contragosto:

-Eu odeio aquela pateta da Jorkins.Espero que o guarda-roupa dela tenha pegado fogo ou algo assim...

-Eu acho que alguém da família dela morreu.- Sirius foi mais esperançoso na suposição, também abismado com o escândalo facilmente notável da baixinha míope e repetente.

Novamente passos foram ouvidos da escada e Elizabeth apareceu novamente no salão com algumas coisas na mão, parecendo furiosa.Percorreu a sala com olhos atentos e ao encontar a dupla de garotas caminhou para elas decidida.Atirou em cima de Berta ao que se parecia com um livro grande,uma animal que pendia mole(como se fosse de borracha) e algumas velas escuras.Permaneceu apenas com um pano que parecia ter a fora de uma blusa azul clara nas mãos e declarou em altos brados:

-Isso é seu,sua MACUMBEIRA!Nunca mais na sua vida entre no meu quarto e muito menos leve suas coisas junto...e para piorar ainda as deixa láFaça-me o favor de...

-Faça-me o favor você de sair de perto de mim,garota!-imtrometeu-se a ruiva erguendo-se e cerrando os olhos para olhar a oponente.A vitima da historia,como sempre,permanceu muda,segurando os pertences jogados com carinho.

-Não se meta,sua Trouxa...estou falando com a Miss Gordura,não com vo...

-Olha lá quem fala em intrometer-se,não é Elizabeth?-retrucou a ruiva.

-Você é a favor de magia negra,Evans?Eu acho que não...-finalizou Adams que parara por um segundo para pensar em uma boa resposta e tornara o tom de voz mais baixo e nocivo e o olhar mais profundo e cortante.Voltou a se encaminhar para o buraco do retrato da Mulher Gorda a ativando e saindo apressada.

Durante toda a “cena” os rapazes, com muito esforço,tinham se mantido em silêncio. Tiago apenas se ergueu ao ver a saida completa e definitiva de Elizabeth (ele sempre ficava num impasse entre defender sua amiga ou defender sua namorada dos sonhos,por isso,mantinha-se distante):

-Essas coisas não são suas,são Jorkins?-ele perguntou quase sério,lançando um olhar de desgosto para a galinha morta que Berta mantinha em seus braços amavelmente.Os demais objetos de macumba continuavam no chão.

Ela não respondeu,apenas o encarou com os olhos úmidos de lágrimas.Lilian a observava atenta.Disse calmamente:

-Não sei o que você pretendia com isso,Berta...Só sei que não é a forma mais legal de se resolver os problemas...

Para espanto coletivo, uma risada estrondosa ecoou vinda da lareira: todos se voltaram para Sirius, que se contorcia de tanto rir, dobrando os joelhos e segurando o próprio peito:

-Eu sei o que ela queria com isso!-ofegava ele em meio ás maquiavélicas gargalhadas-Ela comentou algo do tipo quando viu o ´Luado e a Cynthia juntos!MUAHAHAHAHA!Eu não acreditei na primeira vez, mas pelo jeito não existe limite para a inocência...EU NÃO ACREDITO!MUAHAHAHA!- e ele desembestou á rir, lembrando-se da ameaça que Berta lançara antes do último passeio á Hogsmead, ao descobrir que seu querido Remo iria sair com a namorada: “Eu vou amaldiçoar aquela McClair...ladrona de namorados!”.

A moça empalideceu e em seguida corou furiosamente.Em um impeto de desespero abaixou-se para recolher seu “material de trabalho” e saiu desabalada de volta para o quarto,de onde nunca devia ter saido.Lilian a acompanhou com os olhos e quando os calcanhares de sua colega já haviam sumido de vista na escadaria em caracol ela se jogou no sofá proximo,exausta, e exclamou:

-Não aguento mais...não sei mais o que fazer para abrir os olhos dela...

Enquanto Sirius tentava controlar suas risadas ao fundo,Tiago tentou acalmar a monitora:

-Ah, ela é a Berta. Se ela perdesse toda essa calamidosa ingenuidade,não seria mais a Berta. Ela nem teria mais graça!-ia dizendo aos sorrisos- Sabe Lil, você pode até querer ajudá-la,mas de nada vai adiantar se ela nem ao menos sabe que precisa de ajuda.

Algo naquela frase dita por Tiago fez Almofadinhas engasgar-se. Ele parecia ter sido martelado por aquelas palavras,pois emudeceu outra vez.Lilian também pareceu pensar muito sobre elas por que permaneceu quieta também,apenas sorrindo para Potter,agradecida. Este, por sua vez,começou a se sentir encabulado com a atenção:

-Erm...vamos fazer alguma coisa?Lily,quer beber um chá ou algo assim?Eu acho que está na hora de chá...

-Com certeza.-aprovou Sirius tentando voltar á pensar em outra coisa.Mirou o relógio de ponteiros e anunciou-São cinco horas da tarde,apesar de parecer noite lá fora.

A ruivinha sorriu novamente e concordou com um aceno de cabeça,achando melhor esquecer os ultimos acontecimentos,e não haveria no mundo maneira melhor de fazê-lo do que “ir tomar chá”.

-Você não vem,Almofadinhas?-perguntou Tiago quando minutos depois já se encontrava á beira de sair pelo quadro do salão, mirando um ainda sentado e quieto Sirius.

-Não quero chá hoje. –ele piscou como quem diz “vai enfrente palhaço, eu não quero é ficar de vela hoje!”.

Lilian encolheu os ombros e ativou o retrato passando por ele e acenando para Sirius,que ficou novamente sozinho. Ele mirou o fogo que dançava á sua frente, apreciando o calor com um tédio crescente. Por fora parecia apenas um pobre enfadado, enquanto que,por dentro,seus pensamentos se ocupavam em tomar uma decisão...fazia semanas que ele não tentava algo novo, que tentava se conter com toda a determiação que podia e conseguia encontrar. Ele tinha passado aquele último mês como um cão amarrado pela coleira, impedido de sair correndo atrás de gatos persistentes. A diferença era que a corda em seu pescoço seria seu orgulho, o gato uma garota e ele o animal atiçado,confuso, enfadadado.

Mas o que estava acontecendo com ele?Porque tanta preocupação em voltar atrás de uma pessoa que já deveria estar fazendo parte de seu passado?Sirius Black não era quem sempre dizia “parte pra outra!” á todos os seus amigos, numa questão de dois ou três dias? Ele se revirou no soföoltando os olhos para o retrato que o levaria para fora,que o libertaira da corrente...e ele a sentia enfraquecer, seu orgulho se rebentava...

“Fique onde está.Não se atreva á se mecher,Não vá atrás.Não vá.”-mentalizou ele no mesmo instante,uma,duas,três, dezenas de vezes. “Esqueça” repetiu, desesperado, já sentindo as pernas o compelirem para mantê-lo de pé “Pare Sirius Black!”-urrou seu cérebro ferino “Pare,idiota!” mas ele já estava caminhando...estava em seu limite, não conseguia frear seus desejos com tanta facilidade, pois já os impedira mais do que podia suportar.

Saiu do Salão numa batalha íntima para voltar; sentia-se tão viciado quanto um pobre e doente drogado,pois seu corpo ancisava por mais, quase forçando-o á satisfaze-lo, enquanto que seu bom senso teimoso batia o pé em resposta, tentando lembra-lo de que as coisas não deviam seguir daquela maneira, não com ele, o famoso Sirius Black.

Mas assim como um dependente químico,Sirius sentia que a razão iria ceder novamente...

“Eu me deti por um mês inteiro, porque não agüentar mais uma vida inteira?”-sufocou-se uma última vez, impedindo suas pernas de o carregarem para a perdição. Ele nem sequer entedia o porquê daquela angústia, o porquê de tanto embaraço...ele não entendia sequer um dos diveros pensamentos nublados que enevoavam sua mente. Sentia-se febril e nem ao menos isso compreendia...

Caiu e se entregou à tentação novamente, pois já estava perdido.

Seus instintos o levariam até ela, mesmo que sem saber a razão disso (áquelas alturas Sirius constatou que estava tão alienado quanto estaria alguém em coma), e assim o fizeram, com uma facilidade espetacular...sem inforamçaõ nenhuma, inexplicavelmente, ele rumou para a Sala Precisa.

Ficou um tanto surpreso ao ver uma porta cuja maçaneta dourada tanto atraía. Ergueu os dedos afilados,parou a meio caminho e baixou o braço. “Volte logo antes que seja tarde” martelou sua consciência numa última tentativa de salvação, ao que sua outra metade retrucou rispidamente “Mas eu já cheguei até aqui,não é!”-de súbito abriu a porta e se lançou para dentro, maldizendo a sua fraqueza,e cerrou a porta novemente.

Sirius,Tiago,Pedro e Remo tinham uma boa criatividade e por isso vivam abarrotando aquela sala com seus mais mirabolantes desejos espaciais,o que não impediu o rapaz de ficar extasiado com o que viu: Cores quentes e chamativas pintavam as paredes da sala.O céu que se projetara ali dava um espetáculo de luzes misturando tons alaranjados,vermelhos e amarelos.Uma água cristalina e aparentemente infinita fazia parte do cenário mais que majestoso e o horizonte servia de esconderijo para o cansado sol que já se escondia em um deslumbrante fim de tarde.O chão em que o maroto pisava era fofo e ao virar os olhos cintilantes para ele notou que a areia que o revestia era clara e delicada.Ao fundo haviam altos coqueiros que dançavam calmamente ao som da musica silenciosa da brisa.Aquela era a praia mais maravilhosa já idealizada e vista por um ser humano, e estava quase deserta.Quase.

Alguém encontrava-se parado na encosta do mar,com os dois pés mergulhados na água que subia e descia até seus joelhos,conforme o movimento de ir e vir das águas continuou.Os longos cabelos negros da moça esvoaçavam levemente com a brisa e nada.mais parecia mover-se com tanta graciosidade naquele lugar.

Sirius se aproximou tão sutil e discreto como um predador atento em sua presa. Elizabeth parecia perdida em devaneios, o que explicou sua surpresa ao ouvir a tão familiar voz masculina atrás de si:

Eu não sabia que gostava de praias, se soubesse teria feito diferente da primeira vez...- e sem um convite se alojou ao lado dela, mirando a mesma paisagem.

Ela virou a cabeça para olha-lo extremamente incrédula.Devido a posição oposta de sua cabeça ao vento,seus cabelos cobriram seu rosto chegando a roçar também no rosto dele.Durante algum tempo Eliza permaneceu muda o encarando,em seguida virou-se de costas e caminhou até um pouco adiante,indo se acomodar sentada na areia,rindo.

Como vai você,Black?

Eu estou ótimo, e você?- sorriu Sirius,acrescentando sem ao menos ter ouvido a resposta- Gostou da sala, pelo que vejo...

É o que parece,não?-exclamou ela colocando as mãos trás do corpo para apóia-la sentada-Sente aqui,senhor Black!-continuou ela com a voz gozadora-Vejo que não consegue comprir palavras,nem segurar suas vontades...ou será que apenas quer ouvir um Feliz Natal, hoje?-o rapaz exitou por uns momentos, avaliando o próprio ego. Não estava nas alturas,mas muito pelo contrário; naquele momento ele não parecia se sentir inconformado com o fato de parecer humilde, ou até derrotado. Não se sentia orgulhoso.Não se sentia dono da situação. Foi até ela pasmo com si mesmo, mas aceitando a situação “Estou virando um cachorrinho de brinquedo...”.

Feliz Natal, Adams.- disse, num tom controlado.- Tome, todos ganham presentes nesse dia e eu não vejo o porquê de não te dar um também.- ele retirou do bolso interno do casaco um pequeno embrulho, que foi depositado na palma da mão alva da garota.Sirius fechou os dedos afilados dela em concha sobre o presente, mostrando que era dela, mesmo que ela não aceitasse.

Mirando-o com intensidade por um instante Elizabeth desembrulhou o pacotinho e retirou de dentro dele um par de brincos.Notavelmente eram feitos de prata pura,assim como sua adorável correntinha,que faziam com ela o par perfeito já que,assim como o pingente da mesma,o brinco tinha o formato delicado de uma estrela.

Ainda com os olhos virados para o presente ela sussurrou:

São lindos demais,Black.-sua voz estava fraca e baixa.Era incrível mas aquele rapaz(mesmo sem saber)assemelhava-se assustadoramente,no modo de pensar,com seu pai.Era até um pouco doloroso pensar assim mas era a realidade...Elizabeth sentia-se apreensiva com relação a ele.No iníicio nem o odiava tanto e quem sabe algum dia ela houvesse pensado em dar alguma chance a ele...porém, após a morte de sua madrinha,a única pessoa que ainda restara de sua “família”,os seus sentimentos voltaram a mudar...nem ela nem ninguém podia afirmar quem havia sido o culpado pelo homicídio mas junto com todos aqueles fatos vieram também novas desconfianças...mas quem sabe também novos desejos?- São lindos mas não não posso aceitar.-e calmamente ela depositou a jóia no colo dele.

Sirius ergueu para ela a expressão mais incrédula que alguém podia assumir:

Mas porque,Adams?Eles não vão te morder...

Primeiro lugar Black:você não vai me comprar com brincos...

O que?-bradou ele,e ela continuou calmamente como se não tivesse havido nenhuma interrupção:

Segundo lugar:eles me fazem lembrar meu pai e não gosto de pensar em coisas que me deixam mais triste...-Adams voltou a encarar o aparentemente longuinquo horizonte e terminou-Mas aceito sim qualquer outro presente...se bem que não tive tempo para comprar nada para você-ela deu de ombros.

Sirius achou esquisito ouvir aquilo, já que a própria correntinha que a jovem carregava no pescoço fazia lembrar (ainda mais intensamente) seu pai. Ele não fez este comentário, apenas comentou o último, num tom displicente:

E não teria comprado se tivesse tido tempo. Não, não responda...eu não pedi nada, não quero nada. Você pode não querer aceitar, mas eu também não quero de volta.

Vai fazer o que com eles então?-indagou a voz fria de Eliza,enquanto ela mexia com os dedos finos na areia branca fazendo-a ser levada com a brisa.

Não sei, não são meus.-disse ele rispidamente,abandonando-os ao lado dela, depois se erguendo e livrando as roupas da areia “fictícia”.- Eu vou sair daqui, vou te deixar melhor assim, e isso é também melhor pra mim.

Mas já vai tão cedo?...não compreendo.-ironizou ela erguendo-se também e postando as mãos na cintura completando vagarosamente, astuta-Não é melhor para você,Black simplesmente por que você não quer que seja...ninguém,muito menos um Black,viria aqui apenas para me dar um par de brincos e está obvio que você não soube tomar sua decisão ou não soube compreender a minha proposta.Aquela ultima vez que você falou comigo eu lhe propus que me desse um beijo de despedida e que não voltasse a se dirigir a mim,já que eu não estava lhe fazendo bem ou então que simplesmente fosse embora e voltasse a me procurar quando tivesse vontade...e o que foi que você fez?-e sem esperar resposta continuou,ainda se aproximando dele-Você me deu um beijinho mas ainda tenho duvidas se o fez realmente ciente do que estava fazendo pois se assim fosse não teria voltado hoje e ainda assim não teria pensado em mim no momento em que comprou meu presente...então,afinal,o que diabos você quer?-finalizou a garota agora que já se encontrava perfeitamente situada na frente do atraente moreno.

Me deixe em paz.- ele forçou-se a dizer,ardentemente. Os fios mais longos de sua franja caiam sobre seus olhos mas ainda assim não conseguiam esconder o brilho quente que eles emanavam.- Eu não vou fazer o que você quer que eu faça. Não fiz, já que como você mesma disse eu não deveria estar aqui, e vou continuar não fazendo. No entanto...-e Sirius lançou um vago olhar para o caro par de jóias- eu não me arrependo de ter comprado uma porcaria de presente de natal pra você,porque sabia que ia gostar, pois se ainda não percebeu, dês do início eu sinto vontade de te agradar. Pensei que você era assim,distante, graças á tudo o que aconteceu e ainda acontece com você, e eu sinto muito, de verdade...- e sua expressão dura foi relaxando,tornando o seu rosto galanteador mais acessível e ainda mais jovial.- Fico feliz em saber que ao menos a Sala Precisa você aceitou,mesmo vinda de mim...feliz natal de novo, Adams.

Obrigado,Black.Feliz Natal também...-respondeu Eliza e, sem que ela notasse, seus verdadeiros pensamentos começaram a querer tomar as redias da situação.Fosse o que fosse estava mais que claro agora que o jovem não pretendia apenas roubar-lhe alguns beijos ou algo do gênero, pois se assim fosse não estaria mais ali agora, e pensando nisso,inconsientemente,a garota se alegrou.-Aceitei mais coisas vindas de você,pense bem e vai ver que está sendo injusto...só quero que responda:quer mesmo ir embora?Você não quer mesmo fazer o que eu quero que faça,seja lá o que for que quero?O que quer então?

Acho que você conjugou o verbo “querer” de todas as maneiras possíveis, Estrelinha!Não entendi patavinas!- disse Sirius olhando-a com violenta vivacidade,mas pronunciando as palavras com ternura.

Você não entendeu o que você mesmo disse?-desdenhou ela mais por costume do que por desejo.-Só me responda se quer ir embora.

Você quer que eu vÿ

Não,não quero.-respondeu ela com espantosa sinceridade.Sirius sentiu algo quente fremir todo o seu sangue, correr pelas suas veias e explodir em um novo sorriso: ele então prendeu nos próprios dedos as mãos delicadas da moça dos olhos cinzentos e nublados.

Você já reparou que suas mãos estão sempre frias,mesmo na praia?-brincou ele, já que o ambiente,apesar da aparência, não dava a sensação de calor,assim como o universo proporcionado por Sirius não os sufocava ou fazia coisas levitarem.

O que quer que eu faça?Quase ninguém consegue esquenta-las...na verdade ninguém nunca conseguiu me retirar desse frio em que vivo.-murmurou ela com a expressão muda.

Você deve ser uma lagosta.

Não,não sou.Simplemente não encontrei ninguém capaz de mudar isso.-retrucou a grifinória.

É porque nunca me encontrou.- finalizou Sirius, envolvendo ambas as mãos lácteas de fragilidade em suas próprias mãos quentes, donas de uma cor de pele bronzeada para um inglês. Os dedos do rapaz acariciavam os de Eliza com o propósito de aquece-la, e Sirius, descompenetrado mas certo de que conseguiria alguma coisa,olhou para ela.- Se sente mais acalorada assim?

Ainda não muito.-disse ela com a voz fraca.Seus olhos miravam o chão desencorajados mas ela não fez nenhuma objeção ao contato das mãos. Quase ultrajado pela falta de sucesso, Sirius levou as mãos de Elizabeth para os próprios lábios e fez o contato tão desesperador:um beijo.

E agora?-perguntou depois de desgrudar seus lábios da pele da moça, tentando ainda manter-se lúcido.

Sim,está melhor.-ainda assim ela não o encarou,e sua voz ainda não era convincente.

-Está...-Sirius deslizou as mãos para erguer o queixo de sua companhia, tentando reajustar o contato visual entre eles-Seus cabelos são lindos sabe, mas é chato conversar com eles. Olhe pra mim.

Sem responder ela apenas voltou a encara-lo,desta vez(finalmente),com os olhos expressivos.Estava claro que ela tinha vontade de fazer algo e o orgulho de seu modo de ser relutava intimamente contra esse desejo.

-Muito criativo esse lugar.-Sirius quebrou o crescente silencio, sabendo que se mantivesse aquela atenção tão impregnada por silencio dirigida á ela, algo insano e indomável iria acontecer, obrigando-o a fazer uma besteira.

Ela confirmou com a cabeça usando o comentário como desculpas para voltar os olhos para a paisagem. Sirius percebeu que estava difícil,quase impossível,manter aquele diálogo-já que ela não cooperava. Ele também sabia, num tom desesperado,que precisava manter sua boca e pensamentos ocupados com palavras, apenas palavras!Não podia cometer atrocidades,não agora que tudo estava em seus eixos:

-Quer se sentar?

-Era o que eu ia te convidar a fazer...-exclamou Eliza soltando suas mãos das dele e se encaminhando para um ponto mais a frente se sentando e esperando que ele fizesse o mesmo.O céu,de acordo com o que ela deveria ter pedido,ia escurecendo gradativamente e a tarde caia rapidamente deixando o cenário a cada segundo mais silencio e misteriosamente lindo,assim como sua criadora ,que completou-E então?O que quer que eu te dê de presente de Natal?Pode pedir...eu deixo!

Sirius demorou um pouco para responder,já que se mantivera ocupado em admirar a obra de arte de Elizabeth.Respondeu por fim num tom sincero,mas sem abandonar o timbre canino que seria para sempre a sua marca mais maliciosa:

-Quero que você aceite o meu presente.

-Só isso que você quer?-tornou ela a perguntar-Decida-se rápido...

Ele negou com a cabeça, ainda mantendo seu branco sorriso. Desviou a atenção por um desprezível segundo, para que voltasse á encarar sua tão esnobe companhia. O mesmo formigamento de antes dominou os seus pulmões, dando a sensação de falta de ar ao novamente elétrico Sirius. Sem exitar, ignorando o turbilhão de pensamentos racionais que pululavam em seu cérebro orgulhoso, ele se inclinou para beija-la ardentemente. Uma de suas mãos reteve a cabeça da adolescente,para que sua boca e língua cálida fizessem o serviço completo. Surpresa, ela retribuiu satisfeita o gesto do rapaz colocando uma das mãos em sua nuca e com a outra alcançou a gravata dele.Foi por intermédio dela que Elizabeth puxou o rapaz para si,deitando-se de costas na areia de modo que ele ficasse posicionado em cima de seu corpo.

Adams não conseguia entender o motivo, mas aquele beijo era tudo que ela espererara durante o mês em que não falara com ele e agora...eles achavam-se perfeitamente colados,deitados na areia fofa de uma praia deserta...onde fora parar a Elizabeth decente e racional?Provavelmente fora dar um mergulho, por que aquela Elizabeth inconseqüente que estava ali era muito bem vinda no momento.Para ambos.

Sirius não teve tempo para se sentir surpreso,pois se mexia sobre o corpo dela com total afobação e,inexplicavelmente, com terno respeito. Ele mordiscava, beijava e lambia os lábios da garota num modo já profissional,mas ao mesmo tempo,único.Sentia tudo em seu peito palpitar...não apenas o coração,mas cada fibra que o constituía.Sentia a moça com perfeição, impedido apenas pelas roupas. Suspirava em intervalos, tentando recuperar as energias que eram sugadas por ela á cada toque fervoroso desferido ou recebido.Suas mãos esticaram as dela na areia, como se Eliza fosse uma prizioneira querida,pois seus dedos firmes acarinhavam as palmas das mãos suaves da jovem...e os gestos evoluiam, cresciam, sem raciocínio ou porquês.Nada naquele momento precisava de explicação; precisava apenas acontecer.

As pernas do rapaz o mantinham encaixados sobre a estirada moça...

-Si..ri..us..-ela murmurou enquanto suspirava quando finalmente se desgrudara dos lábios dele-O que acha que vai acontecer agora...com...com nós dois?- seus olhos estavam alegres,mas aparentemente confusos.

-Hum?-ele gemeu alguma coisa,aparentemente desligado,desnorteado,viajando para algum lugar longe dali...seus cabelos caiam sobre o colo lácteo dela,pois era o alvo do momento.

-Eu perguntei...o que vai acontecer depois,Black.Não podemos novamente fingir que nada aconteceu...

-Oh!- Sirius ergueu o rosto para encara-la- Eu não sei...eu queria saber o que você...o que eu...merda!- subitamente, saiu de sua posição escrachada, sentando-se na areia, sem fôlego.-Me desculpe,desculpe,desculpe...eu nem percebi á que ponto tinha chegado!

-Como assim?-ela também se sentou e seu rosto não parecia nem um pouco feliz encarando-o esperando alguma explicação e aos poucos voltando a se sentir uma idiota.

-Eu não consigo parar de pensar em você!-explodiu ele finalmente, olhando-a desesperado-Não queria que isso acontecesse de novo porque era doloroso pensar,lembrar, e ser ignorado depois...oh, Eliza!- o rapaz agarrou-a novamente-O que vai acontecer depois?Sabe o que?Eu não vou mais deixar você ir, quero que fique comigo,ou eu continuo com você...mesmo contra a sua vontade.

O queixo da garota literalmente caiu.E enquanto era abraçada ela sentiu seu coração parar de bater,seu cérebro parar de funcionar e não conseguiu reunir forças nem ao menos para abraça-lo também.Era aquilo mesmo?Será que não ouvira errado ou algo do gênero?E ela...seria isso mesmo o que ela queria?Nunca em toda sua vida Elizabeth se sentiu tão confusa e com uma voz fragil,quase chorosa perguntou:

-O que quer de mim,Black?Por favor,não me machuque...

-Não, nunca.- afirmou o rapaz, intensificando o abraço de modo á mergulha-la em seu uniforme vandalizado.-Eu quero que você fique comigo...não faça como fez da outra vez. Não erga uma muralha de gelo e me olhe com desdém, por Merlim não faça mais isso!É terrível!

Vagarosamente ela se desprendeu dele e se afastou um pouco com os olhos marejados:

-Eu estou com medo de você...

Como!- ofegou ele, esbugalhando os olhos.

-Eu...eu...não sei se queria que...Black..eu...o que quer que eu faça,meu Deus?-ela permaneceu ligeiramente afastada,os cabelos bagunçados e repletos de areia,assim como seu uniforme.

-Confie em mim.- pediu Sirius, mesmo com a consciência de que pedir aquilo á uma garota não seria justo, já que ele não tinha moral alguma para pronunciar aquelas palavras.

-Não consigo...eu sinto tanto...-e como que em câmera lenta ela foi se erguendo o olhando como se tivesse acabado de olha-lo pela primeira vez.

-Espere!- esbravejou ele em tom suplicante- Tente, me dê uma chance...como você pode saber?

-Não dì Black...não vai dar certo...amanhã a sua namoradinha vai aparecer e vai se agarrar em você,como sempre faz,e eu não quero sofrer vendo isso..-Eliza agora batia as vestes para livra-las da areia-É...melhor continuarmos sendo somente amigos...como sempre fomos...

Sirius agora estava em pé ao lado dela, encarando-a com uma incredulidade fatal:

-Está brincando? Não faça isso...quer me ver louco, internado num hospício, é isso que você quer!

-A única coisa que eu quero é tomar uma atitude da qual eu não me arrependa depois...-uma lágrima rolou pelo rosto claro dela-E você pode ter quem quiser,quando quiser,Black...não precisa de alguém como eu...

-Mas eu quero você!- afirmou ele sem na verdade perceber o quão reais eram aquelas palavras.

-Me quer para que?-a moça fechou os olhos e abaixou a cabeça,respondendo intimamente “Me usar...é o que ele quer!Me fazer de idiota...”.

-Te quero pra fazer você sorrir, pra não ver você chorar...-ele ia ouvindo a própria voz entoar livremente, enquanto secava o último caminho feito pela lágrima silenciosa que escorregara pelo rosto da bela jovem.-E pra fazer você feliz como eu fiz antes e como eu fiz hoje.

Sem saber se estava ou não convencida de que tudo aquilo era real,ela correu para ele e se prendeu com intensidade em seus braços (a contra gosto) chorando.

-Não fique assim...-pediu o rapaz num abraço apertado de quem ampara á uma delicada criança.

Ela levantou a cabeça e ficou encarando aqueles olhos cinzentos muito de perto,tentando encontrar sinceridade através deles.Sirius se viu espelhado nas pérolas enxarcadas que o analisavam, sentindo-se estranhamente constrangido com a situação embaraçosa.

-E o que é então tudo isso que você quer?-como antes os lábios de Eliza quase não se moveram para falar enquanto ela ainda tentava “penetrar’ os pensamentos do outro.

-Eu quero estar com você, para quando você precisar de mim...como agora.- explicou-se ele, tentando explicar suas ações á si mesmo, que internamente se embaralhava em divagações e divergentes conclusões.

Mesmo sabendo que aquilo era o que Sirius sempre dizia a todas as meninas e no dia seguinte...lá estavam elas desesperadas com seus próprios sufocos,Elizabeth preferiu arriscar por que se não fizesse dessa maneira talvez nunca descobrisse a verdade sobre os sentimentos do maroto.De modo que ele entendesse como um “Okey,vamos tentar!” ela aproximou novamente seus lábios dos dele e lhe deu um beijinho delicado.


--------------------------------------------------------------------------------
-Escute querido,você pode me ajudar aqui?-a voz da senhora McClair soou amigável aos ouvidos de Remo que se encontrava do lado oposto da arvore de natal,pregado à namorda pelos lábios,esta que ao ouvir a voz da mãe soltou-se dele imediatemante ,sorrindo.Cynthia deu a volta nos galhos e parou ao lado da sogra de Remo para contemplar o resultado das horas gastas pelo trio na decoração da prodigiosa arvore que só encontrava seu final no altíssimo teto da mansão uma voz cansada porém carinhosa e satisfeita,Caren fez seu pedido ao genro,indo se sentar na poltrona ao lado da lareira-Pode colocar a estrela no topo,querido?

-Mãe,por que você mesma não faz...

-Minha varinha esta no andar de cima,Cynthia.-cortou a mãe ligeiramente contrariada.

-Vai ser um prazer, senhora McClair.-sorriu Remo gentilmente, recolhendo a própria varinha do bolso, depois olhando um tanto reprimido para Cynthia-Será que posso fazer magia?Se não puder, vou buscar a varinha da sua mãe lá em cima...

-Ah meu bem...tinha me esquecido que vocês ainda eram menores de idade...-exclamou a mulher batendo palmas para chamar uma de suas criadas que não tardou a aparecer: “Busque a minha varinha,Doris.”,ordenou. E voltando sua atenção para o casal,completou-Estou muito feliz que tenha vindo passar as festas conosco,Remo.Vai se divertir um bocado...espero.-interrompeu sua fala apenas para receber a varinha da empregada chamada Doris e fazer a grandiosa e brilhante estrela flutuar até o alto.

Em seguida levantou-se,remexeu os embrulhos abertos sobre o sofá que pertenciam aos decorativos da casa e entregou na mão da filha um gorro de Papai Noel e uma meia grande,também um sorriso a moça os recebeu e respondendo o gesto da filha, Caren se retirou pela majestosa porta a um canto que sairia na sala de jantar da mansão.

-Veja,Remo...-começou Cynthia com sua doce e meiga voz,voltando-se para ele-Mamãe comprou uma meia para por os seus presentes ...vamos pendurar na lareira...e também comprou um...-e ao invés de terminar colocou com delicadeza o chapéu na cabeça do rapaz à sua frente.-Espero que não se importe com nossos costumes meio...infantis,sei lá.-ela desviou os olhos para a arvore brilhante.

Lupin ajeitou o gorro vermelho sobre os cabelos castanhos,ainda gentilmente educado e terno com a bela garota.

-Como estou?-ele perguntou, soprando alguns fios que cobriam seus olhos.Queria mostrar para ela que qualquer costume deveria ser respeitado, e que aquele em particular não parecia ser idiota...era apenas doce, e por isso divertido. –Lindinha, nada que você faz vai me aborrecer...eu sei que vou gostar.

Ela novamente sorriu.E aproximou-se dele envolvendo seu pescoço pelos próprios braços e sussurrando:

-Está muito...muito...muito...muito-a cada palavra ela estalava um beijo em uma parte do rosto do maroto.Primeiro na testa,depois em uma bochecha,na outra,no queixo e por fim...-LINDO!-um ultimo na boca.

-Sério?-perguntou ele em tom divertido.-Então vamos prender isso na lareira,você me deixou empolgado.-Remo foi com a namorada até a lareira de mármore italiano, onde, sobre o parapeito,pendurou uma quarta meia vermelha ali, de acordo com os costumes natalinos da Europa. Depois,abraçando-a, sentou-se com ela em seu colo num dos sofás de frente ao fogo.

-Estou tão feliz que você está aqui comigo,Remo...-ela encolheu-se em seus braços,dentro do casaco dele, recostando a cabeça em seu peito.Procurou uma das mãos do jovem e entrelaçou-a com uma das suas,enquanto colocava a outra dele pocisionada um pouco acima de seus joelhos.Queria aproveitar aquele momento terno e carinhoso para sempre...mas infelizmente sabia que não era possível.Ainda enroscada nele,Cynthia levantou a cabeça e começou a encara-lo profundamente,bastante proxima-Eu gosto muito de você...muito,muito...

-Eu também...-respondeu o rapaz,encarando-a de volta com um olhar sincero. Seus dedos roçavam nos dedos dela,mas sua outra mão não ousava se mover. Estavam aquecidos, ela protegida nele, ambos assistidos pelo fogo. Inclidando-se ligeiramente, Remo beijou os lábios cintilantes e rosados que tanto se aproximavam.

Cynthia sentiu seu corpo tremer com a surpresa deliciosa proporcionada pelo beijo vindo dele.Era incrível como alguém podia ser tão educado,e ela achava aquilo lindamente divertido...foi movendo-se agilmente de modo que permanecesse em seu colo, porém estava agora de frente para ele,com uma perna de cada lado do corpo de Lupin.Grudou-se a ele fervorosamente e continuou a beija-lo intensamente,mais uma vez usando todos os seus “conhecimentos”:suas mãozinhas seguravam o rosto dele enquanto as cabeças se mexiam lentamente...era a sensação mais maravilhosa que já sentira e naquele instante Cynthia sentiu que estava realmente apaixonada.O ambiente estava escuro,salvo o clarão crepitante da lareira e as luzinhas das fadinhas que enfeitavam a árvore.O relógio no console da lareira bateu onze horas.

Todo o corpo do rapaz estava arrepiado até a alma.Num frêmito de prazer, ele puxou as mãos para as pernas ao seu redor, deslizando-as pela pele quente exposta pelo vestido, que naquela posição se encurtava na alturo do umbigo de Cynthia.Suas cinturas estavam coladas, seus ventres roçavam, e ele perdia o juízo...

-Não acha que...seus pais...-ofegava tentando conter os próprios movimentos fervorosos.

-Não importa...-continuou ela puxando o rapaz de volta pela nuca e continuando a beija-lo diligentemente.Todo seu corpo de movia com o propósito impossível de unir ainda mais a ele.Aquilo estava beirando a loucura...a loucura mais deliciosa que ambos já viveram.Ele já se enfeitiçara pelos seus desejos, por ela, por tudo...só podia agora retribuir com propósitios libidinosos, no entanto,ofegou um último pensamento são:

-Mas Cynty, eles podem não gost...-perdeu a voz num beijo dela, o que foi o ponto final definitivo para suas forças mentais.As carnais triunfaram: ele se uniu a ela, num sopro de suspiro ardio. Suas mãos agora escorregaram para dentre as coxas da mocinha, sem que ele ao menos notasse.E ela não tinha feito sequer nenhuma objeção até que:

-Khan,khan...-uma voz baixa e tímida pigarreou atrás do casal.

Imediatamente os corpos se descolaram e Cynthia saltou para o chão desesperadamente.Doris,a esmirradinha empregada da família,tinha o rosto vermelho e os olhos desfocados no casal.E em um tom ainda mais baixo ela tentou continuar-Senhorita,seu pai já...e

-Olá filha!-cumprimentou a voz grave do senhor McClair entrando na sala e largando a maleta ao lado de Remo,em seguida completando-Como vai genrinho?Finalmente estou em férias...-completou ele já desabotoando a gravata e entregando-a na mão da criada que se retirou imediatamente.Segundos depois Caren irrompeu na sala,exclamando:

-Cynthia!Olhe só pra você...está um horror!-e apressou-se a começar a tentar desamassar o vestidinho da mocinha com as mãos e assentar seus cabelos.A jovem apenas lançou um olhar de esguelha a Remo,meio sorridente e em seguida abaixou a cabeça. Ele,por sua vez,sentiu seu rosto alcançar uma altíssima temperatura,pois com a entrada dos demais não pudera impedir-se de corar furiosamente. Oh Merlim,como aquilo era constrangedor! Dês do início já estava sendo,na verdade...

Dias atrás, quando Cynthia o convidara para passar as férias com sua família,Remo já previra desgraça(apesar de ter aceitado). Ele sabia que por fora conseguia se mostrar muito confortável com qualquer situação, mas a verdade era que,por dentro, derretia-se em angústia. Eram tantas coisas á esconder...ele quase não se sentia digno de estar ali,numa casa tão limpinha,tão chique e suntuosa, na presença dos pais e íntimos de uma garota que mal se tornara sua namorada. Ele não a merecia. Além de sua posição social, tinha também seu lado mestiço e ,o mais terrível de todos...seu amaldiçoado lado canino.O que aqueles dignos bruxos fariam caso descobrissem a sua real condição? Ele não queria nem imaginar, não conseguia nem sequer encara-los,apenas gaguejar um “Boa noite senhor McClair” extremamente vexado. Queria morrer, queria desmaiar, queria se esconder...

-Querida,nós vamos jantar...sua mãe me disse que você e o Lupin já jantaram então se quiserem podem ir se deitar...amanhã o dia vai ser fantástico!-disse um animado Sr Taylor, não notando o constrangimento de ambos os jovens.Porém,a Sra.McClair os encarava de braços cruzados parecendo desconfiada,um pouco atrás do marido.

Agradecida,Cynthia encaminhou-se para o pai e lhe deu um beijinho na bochecha, um abraço apertado e um sussurro de “Boa noite”,fazendo o mesmo em seguida com a mãe.

-Erm...-Remo forçou sua voz a sair enquanto tentava discretamente desamassar a própria roupa-Aonde eu vou dormir,senhor McClair?Juro que não fasso objeção á nada...-admitiu sem encarar o adulto de olhos azuis á sua frente, ainda corado.

-Ahn...ora rapaz...durma aonde quiser!A casa é sua...-respondeu displicentemente o homem abanando com as mãos e,levantando a mulher pelas mãos,saiu do aposento.Cynthia voltou a se aproximar dele e disse em uma voz meio preocupada,meio divertida:

-Acha que eles perceberam alguma coisa,Remo?

-E-eu espero que não!-exclamou ele,sinceramente. Era estranho,mas porque é que Remo sempre se sentia tão falso e podre por dentro?Ganhava a confiança de todos com suas boas intenções e,no final,sempre acabava driblando-os ás escondidas (o grande exemplo disso era Dumbledore, o único diretor que confiava nele,que o ajudava e que enxergava atravez dele...ah, e ele devia tanto á Dumbledore!).-Cynthy,acho melhor você me mostrar algum quarto de hóspedes ou algo assim...

-Você prefere não dormir no meu quarto...-falou ela pensativa e voltando um olhar altivo pra ele,lançou-Por que?

O maroto pareceu tremer com a pergunta indiscreta. Disse em tom controlado:

-Eu acho melhor,sabe...em consideração á seus pais e tudo o mais...n-nós nunca dormimos junt...digo,no mesmo quarto...não vai ser legal aqui,na sua casa, eu...a não ser que você queira,é claro.- embaraçou-se ele.

Ela riu abertamente.

-Ok,ok...era apenas um teste!Você passou...-ela segurou a mão dele e foi guiando-o em direção a majestosa escadaria que os levaria ao andar de cima,ainda rindo-Só não gostei muito do “nos nunca dormirmos juntos”...que mal a nisso?Não é nada de mais e não vejo nada malicioso na situação,claro se ela acontecer em outro lugar que não aqui.

-Você não se sentiria, sei lá...desconfortável comigo?-ele perguntou,tentando perceber nela os mesmos sentimentos avassaladores dele.

-Desconfortável...como?-perguntou ela discrente o espiando pelo canto do olho.

“É,pelo jeito não.”-concluiu ele, tornando a crer que sim, ele era o único ali que só via as coisas com segundas intenções e propósitos mascarados,o que fazia abomina-los fervorosamente.

-Deixa pra lá.-Lupin deu um sorrisinho calmo,perguntando-Então, onde eu fico?-olhou as portas daquele comprido corredor, como que tentando adivinhar qual seria o quarto mais simples e que traria menos incômodo para os outros.

-Este aqui...é o melhor!- respondeu Cynty,abrindo uma das luxuosas portas que dava entrada a um grandioso e vasto aposento-É do lado do meu quarto e por isso podemos conversar pela janela.-ela não parecia muito satisfeita,atônita e confusa se encaixariam bem para sua expressão facial e com um selinho curto e distante ela se virou para sair do quarto.Este que já guardava à um canto a mala do rapaz,como que por magia,adivinhando que ele passaria a noite ali.Remo entrou sem tocar em nada, quase que receando quebrar ou sujar alguma coisa. Olhou á sua volta, notando a brutal diferença daquele quarto para outros lugares que conhecia;chegava a ser humilhante.

Em silêncio, ele se sentou na pontinha do colchão, sem sono ou vontade de abrir a própria mala. Podia ouvir os próprios pensamentos entre as quatro paredes que o cercavam, podia ouvir o vento e a neve do lado de fora, mas acima de tudo, podia ouvir o louco bombeamento de sangue de seu coração. Remo suspirou, ergueu-se, e foi encostar a brechinha da janela aberta que permitia que uma ruflada de vento invernal sacudisse as cortinas. Alguns flocos brancos entravam e molhavam o assoalho, por isso, o rapaz decidiu livrar o quarto da tempestade,cerrando de vez a janela. Encostou-se ao vidro gelado, expremendo os olhos amarelados em busca da luz das estrelas e da lua...procurava no céu algum apoio, algum encorajamento. Só obteve o longínquo ruído da neve do lado de fora...resignou-se: “Ah rapazes, se vocês estivessem aqui eu saberia o que fazer!”.

Remo podia não saber,mas naquele exato momento seus três distantes amigos olhavam para a mesma lua, lembrando-se do lobisomem com saudades...


--------------------------------------------------------------------------------
Sirius segurava firmemente nas mãos de Elizabeth enquanto fazia todo o percurso de volta ao Salão Comunal,caminhando de um modo orgulhosamente leviano. Hogwarts estava deserta, por isso o casal teve a chance de não cruzar sequer com um dos fantasmas, já que todos ou a maioria flutuava no Salão Principal á espera do jantar, que devia acontecer dali á alguns minutos. O rapaz voltava um ou outro olhar para ela, procurando palavras. Alguns segundos depois de profundo pudor,pareceu encontrar as falas perdidas...mas era tarde demais.

Finalmente alguma alma viva o chamava pelo corredor de pedras:

-Sirius Black, pare aí agora mesmo!- a voz chegava a ser autoritária apesar da falta de timbre forte.Os passos da perseguidora ecoavam estalados graças aos sapatos de boneca que ela se forçava á usar- Não me faça ter de correr atrás de você!Será degradante!

Sirius cessou sua caminhada,revirando os olhos e intensificando o aperto nos dedos de Eliza. Disse em tom desdenhoso:

-Fale logo Narcisa, depois volte para o covil de cobras de onde você saiu.

A loira fez um bico torto com oslábios,avaliando o primo em tom crítico e funesto. Seus olhos frios se degladiavam com os cinzentos de Elizabeth,como se uma estivesse tentando perfurar a outra apenas com aquele contato visual...jogou os fios platinados para trás,cruzou os braços alvos na altura do brasão de cobra estampado em seu peito, e desdenhou maquiavélicamente:

-Me parece que você cumpriu bem o nosso trato de se aproximar dela,não foi Adams?-ela voltou a pergunta para a única ali que não entendia absolutamente nada.Sirius cerrilhou os dentes possuído por cólera. Narcisa o encarava ao mesmo tempo que sentia uma nova cócega na língua,que a fez continuar sua censura jocosa- Tsc-tsc, me parece que além da senha você arranjou uma namoradinha,primo. Me conte então qual é para que você possa aproveitá-la em paz,porque eu vou deixá-los assim que conseguir cumprir o pacto.

-Pacto?Senha?Namoradinha?Pfffffff...você é idiota Narcisa?-Elizabeth proferiu as palavras quase que com repugnancia mas sem entender bem o por que delas,já que nunca fora realmente “inimiga” da outra.Em seguida voltou-se para o rapaz e puxou a propria mão para longe da dele-Eu vou para o salão comunal...até logo,Black’s.

-Ok querida, até logo!-esganiçou-se a futura sra.Malfoy num tom fingido, levando a pontinha dos dedos para os lábios e lançando no ar um beijo imaginário. Sirius virou-se para fitar em desespero o afastamento de Elizabeth;em seguida tornou a jogar aquela atenção para Narcisa, desta vez possuído por uma onda intensa de fúria:

-O que está fazendo,sua piranha?

-Oh, que maus modos Sirius!Titia não te ensinou nada disso...-ela continuou naquele tom sádico mascarado por doce, enrolando uma de suas mechas de cabelo entre os dedos afilados.-Vá logo atrás dela, mas antes, me diga a senha.

-Eu não sei qual é, e mesmo se soubesse pode ter certeza de que eu iria morrer com ela entalado na garganta,mas jamais iria te dizer.-setenciou Sirius seriamente seco. Narcisa soltou uma risada que mais se pareceu com um sibilo de cobra:

-Isso só prova o quanto você é louco!Não sabe que...

-Seu idiota, sei o que pode acontecer!

-E não vai...

-Não. Um péssimo Natal pra você também,Narcisa.- o rapaz parecia ter carimbado um definitivo ponto final naquele desprezível diálogo,pois já caminhava em direção á torre de Grifinória pelo mesmo caminho feito por Elizabeth.Narcisa ainda ficou praguejando algumas criativas ameaças ás costas dele, que simplesmete não deu ouvidos.

A loira foi completamente ignorada. Sirius sumiu de vista.


--------------------------------------------------------------------------------
Aquela noite o rapaz não encontrou sua Elizabeth novamente,por opção e não graças ás circustancias. Passou horas em claro,aguardando o retorno de Tiago para poder apagar as luzes do quarto.Seu momento de exílio fora ocupado por reflexões desnorteadas...o que estava fazendo? Que maldita explosão de sentimentos fora aquela na Sala Precisa!O que ele queria!Como aquelas palavras lindas,ternas e tão...tão leais foram capazes de sair de seus lábios(estes sempre tão traiçoeiros para com as garotas)! Será que Eliza compreendia a razão daquele estranho relacionamento, daquele emaranhado de dúvidas que boiavam em sua cabeça durante seus diálogos!

Sirius estava tão acostumado com os relacionamentos sem compromissos,tão acomodado a esta situação, que não via motivos para mudar. Toda a sua fama, toda a sua popularidade orbitava ao redor de sua glória masculina de ser malicioso,livre,vagabundo em questões amorosas.Ele,até aquele momento,ainda não conhecera seu perfil de parceiro, já que nunca era constante:ele mudava de acordo com a garota com quem estava lidando. Romântico,paciente,educado,assanhado,extrovertido,humorista...Sirius vestia qualquer máscara de galã com facilidade, por isso ainda não sabia como era ser ele mesmo,ao menos não com uma garota.Talvez ele não quisesse saber.Afastava com desgosto estes pensamentos mais profundos, rebelando-se contra sua tão soterrada fragilidade “Bah, que bando de asneiras! Vou acabar com esse clima açucarado logo-logo!Que droga, sou ou não sou Sirius Black!”.

-Não é.- o tagarela Pontas surgiu no dormitório á tempo de captar as últimas frases de Sirius,que voltou olhos frios para ele,reprimindo o embaraço.-Estava pensando alto,Almofadinhas?

-Não,eu só estava pensando.-confirmou o outro.

-Então devia ser algo muito importante pro seu cérebro não ter agüentado manter-se de portas fechadas e ter passado a responsabilidade pra sua boca, porque eu ouvi você falar.- discursou Tiago com um arzinho irritante de superioridade.

-Tá-tá bom!-finalizou o animago escolhendo ás cegas um pijama leve para vestir.Pontas arqueou uma sobrancelha:

-Sirius, está caindo uma nevasca lá fora e é isto aí que você vai vestir?

-Tiago, você é muito chato ás vezes.-resmungou o animago sem dar atenção ao amigo e, por rebeldia, já desabotoando a camiseta.-Se troca logo ou deita assim mesmo,porque assim que eu terminar vou apagar as luzes.

-Você ta estressado demais pro meu gosto.-Pontas afastou-se inabalado para o banheiro,a fim de escovar os dentes, sem pressa alguma.- São as pulgas,não são?

Sirius proferiu algum palavrão baixinho que acabou sendo captado por Tiago, que finalmente ofendido, disse em tom de brincadeira:

-Oh criatura que tomou uma poção polissuco pra se passar por Sirius, revele seu nome!

Sirius não revelou absolutamente nada, apenas revirou os olhos num gesto entediado. Tiago perdeu o sorriso, deu de ombros, e não trocou nenhum palavra com o amigo até o amanhecer. Não estava nervoso; queria apenas esperar aquela crise de mau-humor se esvanecer, o que aconteceu tão logo a manhã de natal bateu nas janelas de todo o castelo.

-Afinal de contas,nada como um novo dia.

Tiago acabou chutando um dos embrulhos que fora despejado em seu colchão com uma longa espreguiçada. O pacote caiu com estrondo no chão, atiçando o presente envolto por papel machê, o que não foi algo agradável de se ouvir...

-ACORDE, ACORDE PREGUIÇOSO!SÃO SETE HORAS DO DIA VINTE E CINCO DE DEZEMBRO,DO ANO DE 1977!A TEMPERATURA LÁ FORA É DE DEZ GRAUS CELCIUS!FELIZ NATAL,DORMINHOCO, E NÃO SE ESQUEÇA:DEUS AJUDA QUEM CEDO MADRUGA!ACORDE,ACORDE!

Era um despertador mágico dos mais estridentes.A altura daquela voz assemelhava-se á de um berrador,no entanto,chegava a ser ainda mais insuportável graças á sua missão; acordar. O relógio bruxo anunciava em altos brados a hora,o dia, entre outras informações interessantes de acordo com a situação. Era um perfeito exemplo de presente de grego,talvez o pivô desta popular expressão após o episódio do cavalo de Tróia: ele não podia ser desligado,apenas programado. Seus urros estridentes só cessavam quando a vítima (já de tímpanos estourados) se punha de pé de uma vez por todas, caso contrário a gritaria se reiniciava.

Sirius cobriu a cabeça com o travesseiro em total desespero, como se sentisse que sua caixa craniana não iria agüentar tamanha onda sonora e,em questão de segundos, iria explodir em mil pedacinhos. Tiago, num movimento desvairado de mau humor, chutou o pacote de presente na direção de uma das paredes...nada.O despertador continuava intacto.

-FAZ ELE PARAR!-implorou Sirius.Sua voz,em comparação á do relógio maluco, parecia a de um mosquitinho rouco. Tiago leu os lábios do amigo e esgoelou-se em resposta,tapando os ouvidos:

-EU ESTOU TENTANDO! –ele marchou até a caixa onde residia o cruel objeto, sentindo que a proximidade iria lhe deixar surdo para o resto da vida. Agarrou-a furiosamente, arregaçou a janela do quarto e lançou com toda a sua ira e força o presente torre á baixo. Conforme o despertador despencava rumo á seu triste fim, a altura de sua sonora voz foi-se estinguido até um longínquo Crasshhh numa das telhas do castelo.

Silêncio no dormitório.

-Cruzes,quem foi que te deu aquela coisa?-perguntou um assombrado Sirius, tentando desentupir os ouvidos que zuniam. Tiago, numa curiosidade louca por vingança, foi atrás do cartão e do nome de seu remetente:

-Foi minha mãe!-exclamou em tom choroso.

-Sério!-Sirius olhou de esguelha para um de seus presentes, onde serenamente estampava-se o inocente nome “Senhora Potter” num belo cartão natalino.-Por Merlim!

Receoso, o animago rasgou o embrulho,sendo observado de perto por Tiago, que mantinha a mesma distância que manteria na presença de uma bomba prestes á explodir...alarme falso. Era apenas uma bela jaqueta de couro.

-Droga!-Pontas invejou o presente ao perceber a marca,o preço e todo o estonteante aspecto daquela veste-Você,que é o filho paraiguano dela, ganha uma jaqueta de motoqueiro, enquanto que eu, o Potter original, ganho uma merda de desperatador!

-Não posso fazer nada.- sorriu Sirius ainda admirando o polêmico presente.-Abre o meu então, isso vai te animar.

Tiago maravilhou-se ao ver que Almofadinhas lhe dera uma polida caixa,entalhada á ouro, onde escondiam-se milhares de pomos dourados,cada um com uma forma e tamanho diferente,cada um com uma história diferente,com uma origem, feito por um povo,uma cultura,uma época. Para o apanhador de óculos aquilo seria o mesmo que encontrar o pote de dinheiro no final do arco-íris.

-Almofadinhas!- engasgou-se ele,namorando a coleção de bolinhas aladas-Puxa!

-É né, “puxa!”-sorriu Sirius.-Fico feliz que tenha gostado...olha,esse é do Remo!

Eles então deram continuidade ao ritual de troca de presentes e leitura de cartões, emocionando-se com alguns e fazendo caretas para outros. Desceram para o Salão apenas horas depois.


--------------------------------------------------------------------------------
O dia de Natal transcorreu na mais perfeita ordem. Banquete,enfeites,canções, neve...tudo idêntico ao de sempre,rotineiro e prazeiroso como sempre. Os dois rapazes dividiram seu tempo muito bem; fizeram uma visita na cabana de Hagrid,voaram em suas vassouras apostando animadas corridas (tremendo de frio graças á altura e época do ano), roubaram da cozinha alguns alimentos que seriam servidos na ceia à meia noite, planejaram enfrente á lareira todo um mês genial que lhes arrecadaria incontáveis detenções e,finalmente, fizeram cavelheirescas companhias para Lily e Elizabeth,ao anoitecer.

-Gostou do presente?-Tiago perguntou para a ruiva,estirado num dos sofás do salão comunal á espera do jantar. Ele precisava falar com ela...precisava se abrir, dizer a verdade, engolir o orgulho...pro inferno o presente!

Numa repentina determinação, Tiago ergueu os olhos para ela,interceptou a resposta que provavelmente viria, e começou:

-Eu preciso assumir uma coisa, Lils.-estava chegando todo o batalhão de verdades...mas ele era confiante.-Eu estou realmente gostando de você,e não consegui sair com nenhuma outra garota esses meses por causa disso, porque nenhuma outra garota é a Lily, nenhuma outra tem o sorriso dela, os olhos dela, o cabelo dela, o perfume dela, a irritação dela, nenhuma outra tem a maneira com que ela briga comigo, a maneira com que ela me desafia e a maneira com que ela me olha quando pensa que ninguém mais está olhando.Ninguém é como ela...-suspirou ele,terminando com um sorriso-como você.

Os olhos vivamente verdes da moça o encararam carinhosos,porém nem um pouco surpresos.Talvez emocionados...mas com certezacom um sorriso meigo e a voz mais doce que Lílian já usara à se dirigir a Tiago,ela respondeu:

-Obrigada,Tiago.

Ele não conseguiu acreditar no que acabara de ouvir. “Obrigada”! Era isso então?Fim?O-bri-ga-da! Ela estava agradecendo?Não podia ser verdade, aquilo só podia ser uma piada (e de muito mal gosto)...

Ele ficou encarando a ruiva com a expressão mais apalermada possível. Não conseguia encontrar palavras para responder,estava em estado de choque, de desilusão, de raiva,rancor,tristeza,depressão,nostalgia!Desviou os olhos apenas por alguns segundos,sentindo que seus nervos óticos estavam lhe queimando por dentro...quando voltou á encara-la,estava contagiado por uma palidez mortal de sentimentos e confusões. Por mais arrebatadora que tivesse sido aquela reação, ele precisava replicar, precisava fazer alguma coisa, precisava sentir um estalo de ressurreição...abriu a boca com muito esforço, e ouviu a própria voz engasgada perguntar pela segunda vez:

-Bem, então gostou do presente?

-Adorei.É lindo...e agora já sei com que vestido vou me formar.Obrigada...de novo.-disse a moça rapidamente,ainda sorrindo bondosamente-E você?Gostou do meu presente?

-Foi o melhor que já ganhei!-exclamou Tiago, baixando a voz.-Mas não comenta isso com o Sirius senão ele fica chateado...-voltou a aumentar o tom de voz, e mais disposto,perguntou-Eu não sabia que você gostava de Quadribol,Lils...quero dizer, o segundo ingresso é para você...né!

-Na verdade não gosto muito...mas,por você,eu vou fazer um esforçinho!-e lentamente a jovem se aproximou dele e envolveu seu pescoço em um abraço apertado-Feliz Natal,Potter.

De incício ele não se moveu, não fez absolutamente nada, mas logo na seqüência decidiu envolver a cintura da mocinha intensificando aquele abraço:

-Feliz Natal,Evans.

Alguns passos desciam as escadarias do Salão Comunal. Era Courtney, que acabara de sair de um banho e de se preparar para a Ceia...pontual como sempre, a loirinha descarnada pregou os imensos olhos azuis no par abraçado alguns degraus abaixo, alojado no sofá. Ela entreabriu os lábios rosados num espasmo,assumiu uma expressão rígida e terminou seu caminho marchando pesadamente até o quadro grifinório,trombando com Sirius que entrava.

Lily foi se soltando lentamente do rapaz,ignorando completamente a amiga e parando com o rosto próximo ao um olhar de cumplicidade,ela exclamou:

-Seus olhos são lindos vistos de perto.-Tiago sentiu-se embaraçado, mas como nunca perdia o controle, sorriu:

-E os seus são lindos mesmo á distância,Lils.São como esmeraldas vivas, já reparou?Eu fico tonto só de olhar!

Sirius também sorriu, mas em seu caso pelas congratulações á Pontas e a “namorada”.Caminhou silenciosamente até os fundos do salão e se afundou de frente á janela, observando as estrelas do lado de fora, fingindo ser invisível.

-Oi Sirius.-a voz contente de Berta soou aos ouvidos do maroto-Posso ficar com você?

-Não. Tchau, Jorkins.-retrucou rispidamente, ainda sem desgrudar os olhos do céu noturno.- Só me diz uma coisa; você viu a Adams por aí?

-Pfff...não sabe procurar,não?-retrucou a gordinha pretendendo ser superior.-Está ali,seu grosso!-e com um de seus dedos gorduchos ela apontou para a escadaria que seguia para os dormitórios femininos e com a voz tristonha disfarçada ela se despediu-Feliz Natal.

-Feliz Natal.-retrucou o rapaz mecanicamente, sem dar importância para a solidão da pobre grifinória. Assoprando a própria franja, se ergueu para ir até Elizabeth...finalmente trocariam algumas palavras dês da ultima vez,na noite anterior. Ele se sentou ao lado dela, que permanecia sentada nos degraus da escada com um livro em mãos.

-Engraçado, ta cheio de sofás e cadeiras aqui!

-Ela não desviou os olhos do livro e sussurrou um “É mesmo?” para indicar que ouvira. Sirius murmurou no mesmo tom algo como “É.”antes de se inclinar para ela e iniciar alguns beijos no pescoço macio que ele deixou á mostra mexendo nos cabelos lisos e negros que estavam no meio do caminho. Ficou contendo os fios nos dedos para não acabar comendo cabelo, e numa euforia crescente, foi acelerando os carinhos com os lábios, que sempre acabavam provocando mútuos arrepios.

-Ela foi receptiva,e após alguns instantes em que permaneceu de olhos fechados quebrou o silêncio com um segundo sussurro:

-Feliz Natal.-e lentamente virou o rosto para ele,fechando o livro em seu colo. Sirius sorriu de olhos cerrados, abrindo-o aos poucos como que em êxtase:

-Vai aceitar meu presente agora,não vai?

-Não.

-Mas porque?

-Eu...já...lhe ...disse.-intercalou ela entre suspiros enquanto roçava seu rosto ao dele.Sirius respirava toda a garota, tocava sua pele na dela, vez por outra lambendo os lábios vermelhos com um beijo fremido tanto quanto ele, tanto quanto aquela lânguida proximidade.

-Tudo bem.-desistiu o moreno respirando sobre a voz dela, brincando com os seus suas mãos já estavam bem posicionadas, segurou a cabeça brilhante de fios sedosos e a puxou para si, do mesmo modo que fizera da primeira vez na Sala Precisa.Encaixou-a em seu peito, como alguém que encaixa duas peças de um quebra cabeça. Suas vestes se misturavam com as dela, assim como seus fios negros...eles lembravam um par de irmãos gêmeos unidos no mesmo corpo.

-Guarde ele com você...para não se esquecer de mim quando...er...depois.-comentou Eliza novamente fechando os olhos e se recostando ainda mais sobre o corpo forte,Com delicadeza a moça iniciou o passeio suave de uma das suas mãos pelo tórax dele e terminou-Um dia...você vai me entender,Black.

-Eu daria tudo o que tenho para te entender agora.-relatou ele seriamente inebriado com os dedos que roçavam em massagens pelo seu peito...não sabia o porquê daquilo, mas aquelas unhas delicadas lhe provocavam o mesmo sentimento que provocariam garras, rasgando,perfurando sua pele...e lhe proporcionando, com simultânea satisfação,tanto prazer. Ele soltou um gemido baixinho, enroscando o pescoço moreno no dela, contrastando suas peles, misturando seus perfumes, dividindo calor humano.-Meu coração está batendo forte...

-É mesmo?E por que?-perguntou ela com uma voz divertida, dando beijinhos curtos e leves mordidelas nos lábios do rapaz, passando a sua outra mão pelos cabelos elegantes dele, que fez soar em ritmo confuso um “Não sei!”, seguido por um deslizar de mãos hábeis: elas foram se instalar além da saia de Elizabeth. Por estarem sentados nos degraus da escadaria, esta peça do uniforme se abrira em arco ao redor dos joelhos dela, que Sirius forçou á se dobrarem quando inclinou todo o seu corpo para cima da garota:

-O que estamos fazendo?-perguntou com os lábios colados aos dela, o que fez sua voz soar abafada.

Rapidamente a moça trouxe as mãos do jovem de volta para a sua cintura e enlaçou o pescoço dele novamente pelos braços colando mais ainda seus corpos,e permanecendo com os lábios colados ao dele questionou sombria:

-O que você quer fazer,Black?-no intervalo de cada palavra ela passava a língua pelos lábios quentes dele,tentando faze-lo voltar a ficar novamente sentado(missão muito difícil graças a força do maroto).

-Entender porque é que não consigo,simplesmente não consigo, me afastar de você. –Sirius resistiu maliciosamente á vontade que ela tinha de se reajustar sentada,por isso agora usou a determinação do próprio tórax,dos próprios joelhos, para encaixa-la e mantê-la debaixo dele.-Fique assim...é o que eu quero agora.

O maroto se esquecera completamente de que estava tentando domina-la no meio de uma escadaria, no meio de uma passagem aos dormitórios. Era sorte deles estarem com o Salão Comunal praticamente privado: os únicos ocupantes, além deles dois, eram Tiago e Lily (que neste momento se preparavam para seguir em direção ao banquete no Salão Principal).

-Quer é?-perguntou mais uma vez Elizabeth puxando-o pela gola da camisa e finalmente lhe dando um beijo tão caloroso que fez ambos “tremerem nas bases”, para em seguida indagar, tornando a fazer força para se levantar-Por que?

-Eu não sei responder. Não sei o porquê de mais nada, e também desisti de procurar explicações...-Sirius finalmente cedeu aos movimentos dela, com receio de que acabasse irritando-a com sua ousadia teimosa.- E o que você quer?

-Com relação a ...

-Erm, ao Almofadinhas aqui com você?

-Aqui e neste momento?Ou de um modo geral?-falou Adams com o propósito(se possível) de confundir ainda mais a cabeça do pobre rapaz.Puxou novamente o moço pela gola e trouxe seu rosto mais uma vez para próximo do seu o encarando com seus enevoados e misteriosos olhos.O salão comunal estava deserto já que seus pouquíssimos habitantes se encontravam agora no banquete de natal.

-Fale o que quiser, mas por Merlim fale alguma coisa!-pediu Sirius perdendo-se nos olhos embaçados dela, que misturavam tonalidades cinzentas com leves iluminações violeta.

-Quero que me dê um beijo.Isto serve?

-Não, isso não!-riu ele, novamente mostrando seus dentes brancos.-O que pensa disso tudo?

Como era de sua especialidade a moça não respondeu, apenas apoiou os cotovelos no degrau acima para dar sustento ao seu corpo inclinado.Permaneceu quieta, esperando que ele reagisse, com a expressão fria e os lábios contorcidos em um leve sorrisinho de desdém.

-Você não vai falar.-concluiu ele não apenas decepcionado, mas verdadeiramente irritado com a displicência dela.-Não vou continuar aqui sem saber porque.-Sirius se ergueu (claramente á contragosto) fitando-a vividamente, aguardando uma resposta melhor que o reteria ali.

-Quero que me dê um beijo,Black.

-E se eu não quiser?-desafiou ele numa voz espinhosa.

-Ah não quer?Que pena...-e lentamente ela se ergueu virando-se para o restante dos degraus pronta para subi-los-Então,tudo bem...

-Então é assim?Vai embora sem me explicar merda nenhuma?-rosnou o rapaz,detendo-a pelo pulso.

-Você sabe que eu não gosto que me segure desse jeito,caramba!-e com brusquidão Eliza puxou o pulso de volta,voltando um olhar indignado para o rapaz-O que diabos você quer saber,Black?

-Quero saber se você consegue explicar o que eu mesmo não consigo!-bradou ele, apaixonadamente- Me diga o que estamos fazendo, ou ao menos o que você quer com tudo isso,comigo...Raios, você sabe muito bem do que estou falando!

-Sirius Black,quem me pediu “uma chance” foi você...e agora quer que eu te explique o que quero?Você é muito incerto...-a grifinória começara com a voz impaciente e levemente fria e terminara com a mesma tão baixa que suas ultimas palavras se tornaram quase inaudíveis.Uma de suas mãos estava posta na própria cintura, enquanto a outra se encontrava no corrimão.Toda a cascata de cabelos negros e sedosos da moça se encontrava jogada para trás com a exceção de uma mecha teimosa que escorregava pelos seus ombros. Sirius se aproximou dela apenas para arrumar a mecha desgarrada, ajeitando-a cuidadosamente atrás da orelha da moça:

-Está bem, não pergunto mais nada. Vamos jantar então, Estrelinha?Ah, eu posso te chamar assim, não posso?

-Eu quero um beijo,Black.-ela continuou a observa-lo friamente. Sirius adotou aquilo mais como uma ordem do que como um doce pedido...e ele não gostava nada-nada de ordens. Além do mais, nada do que ele perguntava obtinha respostas,apenas evasivos comentários, na maioria gélido e distante. Toda a personalidade forte de Sirius rosnava dentro dele, resmungando para si mesmo “Quem ela pensa que é!” ao passo em que, num turbilhão explosivo, seu corpo desejava por obedecer. Desprovido de razão, ele marchou até ela para obedecer como faria um cachorro adestrado: puxou-a para si a fim de colar seus lábios num frenesi indomável. Beijou,encostou,provou em sucções...os olhos se apertavam naquele ato atiçado, em que sua língua buscava a dela, em que seus lábios moviam os dela.

Aquele ato inconseqüente ocupou um espaço de tempo muito maior do que o planejado,mas como tudo no mundo encontrou seu fim (quando Sirius já não tinha mais fôlego ou energias para continuar). Ele olhou para ela com uma expressão enfraquecida e doentia; parecia-se muito com um viciado que não quer mais seu vício,mas que ao mesmo tempo está domado por ele para sempre,suplicando salvação e liberdade.

-Isto não te responde nenhuma de suas perguntas,Black?-perguntou a moça satisfeita levando ambas as mãos para os cabelos os ajeitando graciosamente.Em seguida levou-as para os ombros do maroto e delicadamente ficou acariciando-os.

Sirius não respondeu, apenas deliciou-se com o toque por um curto período de tempo que, para ele, parecia ter sido tão profundo quanto seria a eternidade. Ele reabriu os olhos cintilantes, pegou as mãos leves da garota e as cobriu de beijos.

-E a sua namorada, Black?Aonde estÿ-e já que suas mãos achavam-se postas entre as dele, a moça aproveitou para mover os dedos proporcionando um carinho suave em Sirius.

-Bah, ela não é minha namorada.-resmungou ele no intervalo em que seus lábios não estavam carimbando a pele dela.-É só uma garota idiota que gosta de se iludir...eu não sei onde ela está e também não quero saber.Esqueça ela, sim?

-E eu?Sou...-ela ergueu ambas as sobrancelhas e terminou-nada mais que sua amiga, sim?

-Amiga?-repetiu Sirius numa voz alterada.-É isso que você quer ser?

-O que eu sou para você?

-Dá pra responder minhas perguntas pelo menos uma vez!-ele começou novamente a ficar indignado.

-Acontece que,dessa vez,quem perguntou primeiro foi eu,Black.E quero saber o que eu sou para você...o que quero ser só terá real importância depois da sua resposta.-falou inteligentemente a moça.

-Não,não mocinha.Eu perguntei antes.- replicou ele sofregadamente.-Minha resposta é que depende da sua, e desta vez eu não vou dar o braço á torcer! Se não falar primeiro vamos ficar aqui pra sempre sem saber de droga nenhuma!

-Eu,Black,simplesmente não pretendo entrar fundo na sua vida...não quero.-explicou Eliza sinceramente-Vou entrar até onde você permitir...satisfeito?Era isso que queria ouvir?

-Era.-sorriu Sirius puxando-a para si e novamente colando suas cinturas.- Agora eu posso dizer que, para mim, você é uma garota muito especial, com quem eu quero ficar o máximo de tempo possível.

-Talvez esse “máximo de tempo” não tenha o mesmo significado para nós dois,Black...-e novamente beijou os lábios quentes do maroto com energia.

-O que significa pra você?-perguntou Sirius com uma terrível expressão libidinosa.

-Não muito...e para você?

-Não sei.-ele deu de ombros.

Com agilidade ela se desprendeu dele e falou com desgosto:

-Você deveria ficar calado de vez em quando.

-Pra quê?Só posso falar o que você quer ouvir,é?Se quiser posso soltar as mesmas mentirinhas toscas de sempre, o que não queria fazer com você.-Sirius sentiu-se sobressaltado com o afastamento dela,no entanto se conteve para não envolve-la de novo,gulosamente.

Às vezes eu sinto tanto nojo de você...-ela o olhava com total desagrado agora-Eu é que lhe pergunto e dessa vez exijo resposta:o que você quer?E o que pensa de tudo isso?-de costas a moça subiu dois dos degraus da escada circular.

Sirius arrependeu-se amargamente do que dissera. Nem ele mesmo sabia porque suas idéias variavam tão bruscamente...só sabia que sentia uma repulsa íntima em relação á alguma coisa, á algum sentimento bizarro, que tinha de ser soterrado furiosamente.

-Eu já disse o que é!Não consigo me afastar de você, não sei porque,não sei de nada...mas também não quero alimentar esperanças. Se você quiser,aceite o fato de que estamos juntos por motivo nenhum,apenas pelo simples prazer de estar. Que mal á nisso?

-Nenhum mal,não para mim,isso se você não fosse quem é.Mas não se preocupe,meu amor,daqui a uns dois dias você vai conseguir ficar longe de mim...-a voz de Adams voltara a ser,como antes,baixa e perigosa.

-Mas eu não quero!-ofegou ele impedindo-a de partir sem toca em seu pulso, apenas se pondo de frente á ela para barrar seu caminho.-Se eu fosse o Tiago,por exemplo, você não se importaria com isso.-ele afirmou amargamente.-Porque,Adams?

-Por que ele é o Tiago,Black...você respondeu a própria pergunta agora.E o que você tem haver com isso?Não somos amigos?-Eliza o fitava perigosamente,expressão profunda e sobrancelhas arqueadas.

- Eu quero saber qual é a maldita diferença!-disse ele engasgado por ódio.-Ele nunca fez absolutamente nada pra ter esse privilégio...

-Privilégio,Black?Você...está com...ciúmes?-e mais uma vez a jovem soltou uma alta gargalhada (e por milagre-não deboxada)mas sim divertida.

-Ciúmes!-repetiu ele tentando ridicularizar a palavra.-Por Deus Adams, que bobagem!

-É bobagem?Então para que diabos estamos juntos se nem isso existe entre nós?O que é que existe entre nós?Para você...

Sirius a calou com mais um fervoroso colar de lábios, buscando a boca da moça como quem diz “Não importa, nada no mundo importa!” querendo extinguir aquele assunto.Ela o abraçou,mais uma vez colando seu corpo assustadoramente ao dele e retribuindo com toda sua emoção aquele ato desesperado.Ficaram trocando sufocados temores por tempo indeterminado,por um tempo, na verdade,que não tinha importância...


--------------------------------------------------------------------------------
Flocos de neve caiam do lado de fora, continuamente, organizadamente. Uns acumulavam-se nos parapeitos das milhares de janelas,os nas telhas,nas árvores. O pinheiro ao centro da Sala de Estar era natural, exceto pelos enfeites: bolas de cristal envolviam lusinhas de cores diversificadas; sinos dourados; anjos de papel... uma estrela na ponta. Tudo aceso, iluminando o local semi obscurecido graças á única fonte de iluminação: as velas.Candelabros ornamentados havia sido espalhados por toda a casa,além de vasos de enfeites natalinos tão clássicos quanto a decoração. Elfos corriam euforicamente de um lado para o outro, emperiquitado a mesa para a ceia de Natal ou ainda dando alguns toques finais no visual da mansão. A lareira estava acesa, quente, reconfortante.Sobre ela pendiam as meias típicas,enquanto que á sua frente,na mesinha de centro, um pote de vidro deixava á mostra docinhos bengalinha.

O ar respirado ali era reconfortante e calmo até mesmo para alguém que tivesse acabado de sair da prisão de Azkaban e cada cantinho carinhosamente ornamentado parecia ser dominado por ondas vibrantes de uma amável estima pela data comemorada.

O Sr.McClair desceu,por fim,o ultimo degrau da imponente escada da confortável mansão e admirou com entusiasmo o trabalho feito por o relógio e constatou que seus familiares deveriam estar chegando dentro de alguns instantes.Voltando os olhos claros para o topo da escadaria o homem deparou-se com Lupin e animado,explicou:

-Temos costumes diferentes por aqui sabe rapaz!Como é de tradição fazemos a ceia principal no almoço,da qual eu espero que você tenha gostado...e,ao contrario de todos, trocamos os presentes agora...de noite, que é quando a família inteira se junta e ceia novamente.É bom quebrar os costumes as vezes não?-e aproximou-se do genro para lhe dar um leve tapinha nas costas,já que este terminara de descer a escada e encontrava-se parado proximo-Aonde estão as nossas damas?

-Devem estar se arrumando...-Remo sorriu,tentando parecer o mais calmo e convencional possível. A verdade era que ele não conseguiria agüentar por muito tempo. Era como estar perdido num palácio de cristal...tudo,não só os costumes natalinos,mas absolutamente tudo era muito diferente do que ele estava acostumado a suportar. Estava em pânico. Sentia como se o erro fosse iminente,como se tudo o que ele fazia,ou faria,ou deixava de fazer (até mesmo o que estava fazendo naquele momento) era errado. Sentia-se simplesmente desnorteado diante de tanto luxo e polidez, mas apesar de tudo,faria o máximo para se mostrar sob controle. Como não sabia para onde ir (e como não queria tocar em quase nada já que tinha a pessimista impressão de que quebraria alguma coisa) preferiu fazer companhia ao senhor Taylor e manter-se educadamente quieto. Era melhor não falar nada para não correr o risco de gaguejar.

-Amanhã viajaremos para passar a virada do ano em Paris,vai ser incrível!A Cynty cultiva muitas superstições sobre este dia e diz que tudo que acontece nele dura o resto do ano...besteira de garotas,sab...

-Eu estou ouvindo,papai!-interveio a voz fina da filha única dos McClair,também ao topo da escada.Estava deslumbrante.Usava um vestido longo, vermelho, de tecido fino e delicado que não tinha alças e era justo,ficando solto aos poucos formando na barra uma calda não muito longa.Seus cabelos loiros-acobreados achavam-se perfeitamente presos em um penteado que deixava muitos fios soltos e seu rostinho fora maquiado de forma espetacularmente delicada .Era a imagem feminina mais linda que olhos humanos já haviam captado.Bom,pelo menos para um pai coruja que subiu os degraus as pressas dando o braço à filha e tornando a desce-los,mirando apaixonado a moça.

Com um respeito admirável,ao chegar no chão com Cynthia,Taylor entregou a filha ao rapaz como alguém que entrega o tesouro mais precioso de sua vida a alguém de muita confiança.

-Não a faça sofrer rapaz.-proferiu em uma voz emocionada.

-Eu prefiro morrer.- respondeu um internamente trêmulo e angustiado,mas exteriormente calmo Remo. Ele estava sendo sincero,profundamente sincero, e por isso penava...por quanto tempo o seu segredo iria ficar escondido ás sombras?Qual seria a reação que a descoberta do mesmo iria provocar em Cynthia?Se fosse sofrimento,Remo acabava de constatar que mentira em seu juramento...e essa mentira acabou por ferir a sua alma. –Oh,Cynty...você está tão linda...- ele recolheu com tanto cuidado as mãos da namorada que parecia estar apalpando uma estatueta de cristal,que logo em seguida foi beijada. Ele então ergueu os olhos para ela,depois para Taylor.Este ultimo os observava com atenção e carinho enquanto a moça penetrou os olhos claros nos castanhos dele com uma sinceridade inigualável movendo os lábios lentamente de forma que ,pela primeira vez,Remo a viu dizer:“Eu te amo” mesmo que inaldivelmente.Não era necessário experiência ou inteligência alguma para notar que aquele era o inicio de uma doce e sincera relação.

Completamente desconcertado, tudo o que o maroto pôde fazer foi inclinar-se para beijar os lábios da moça,lenta, mas controladamente (já que a presença do pai de Cynthia perfurava todos os seus desejos internos,como que domando-o,mesmo com a contrastante bondade do bruxo). Ele não sabia onde pregar seus olhos,ou como reassumir o auto controle...sem notar, despejava toda a sua angústia nos dedos da outra,que apertava convulsivamente entre os seus.

A mãe da bruxa agora também os acompanhava e encontrava-se igualmente bonita.A campainha soou alta pelas paredes da mansão e animados o casal McClair partiu em direção ao hall de entrada para saudar os atrasados parentes,de modo que deixaram o maroto e a moça a sós.

A moça pareceu agora repentinamente desapontada e com os olhos baixos,mas ainda acariciando a mão do outro perguntou em voz baixa:

-O que foi?

-Erm, nada.- ele sorriu de volta, extremamente nervoso apesar de seus esforços para manter a calma. Agora as mãos de Cynty deixavam de ser um ponto de apoio:haviam se tornado uma fonte de toque elétrico.

-Hum...sei.-e se desprendeu dele para ir olhar pela janela para a noite fria lá fora,virando-se de costas.-Me desculpe se acha que fui muito precipitada.-era evidente que Cynthia era,das suas amigas,a mais sensível e acessível e agora ela parecia desapontada,mas pelo visto não pretendia parecer.

-Oh,não. – ele sabia que aquela sua estúpida reação mal disfarçada de choque traria problemas, e logo agora,diante toda a família maravilhosa da garota, diante daquela situação especial...daquela noite especial. Suas previsão se mostraram verdadeiras:ele acabara de dar seu primeiro e derradeiro deslize,o que não era o único motivo para seu desconfortável sentimento de culpa...se ela ficasse magoada, ele não saberia o que fazer.- Eu quero te ver sorrindo, me sinto feliz quando vejo você feliz...-enquanto Remo contestava sua última reação ia aproximando-se da garota para finalmente abraça-la e unir seus rostos, beijando seu ombro.- Você se lembra de quando estávamos conversando lá no Salão Comunal?Você estava falando daquele Diggori, e eu acho que disse algo parecido com “encontre alguém que te valorize pelo que você é”...hum, daí você me perguntou “será que encontrei alguém?”.-Remo fez uma pausa para se certificar de que ela estava escutando apesar da compenetração nos flocos de neve.-Sabe qual é a resposta?

-Não...

-Não?

-Pensei que sabia...

-Não fale assim...você sabe como eu me sinto quando estou com você...e sabe porque estou com você...-Remo deitou o rosto no ombro dela, tentando encontrar as próprias respostas para aquelas afirmações,apesar de no fundo conhecer muito bem a frase salvadora.

-Bom Remo, eu saberia se você me contasse...-através do vidro o rapaz podia ver que os olhos da moça achavam-se tristemente perdidos na escuridão gélida dos jardins.Algumas vozes de pessoas animadas já podiam ser ouvidas, ao longe.Ele então sentiu o coração dar um solavanco de indecisão...o que fazer,Merlim o que fazer?

-Eu queria te dar uma coisa que,bem,talvez não signifique muito pra você já que você deve ter muitos melhores ou,bem...é,ok, vou te dar agora. Cynthia sentiu deslizar pelo seu ombro uma caixinha que foi ajustada em sua mão. Ele não a encarava pela janela, pois o reflexo era quase tão nítido quanto o de um espelho, e por isso, duro de se encarar.

Lentamente as mãos dela se direcionaram para a tampa da caixinha e com delicadeza ela a abriu.Instantaneamente um sorriso fascinado foi desenhado em seus lábios ao se deparar com duas alianças de prata,na qual em cada uma achava-se gravado o nome de um deles.Pegando a que havia sido gravada com seu nome, Cynthia virou-se de frente para ele erguendo sua mão direita e colocando a aliança em seu dedo anelar.

-Posso ser seu namorado para sempre?-perguntou ele com um leve sorriso, observando com certa emoção o gesto de aceitação cintilando no dedo fino da bela jovem de olhos azuis.

-Posso te amar mais do que devia?-os olhos azuis faiscantes dela brilhavam de sinceridade.Remo alargou o sorriso em seu rosto,que em questão de segundos grudou-se ao dela por intermédio dos lábios. A caixinha permanecei fixa entre as mãos de Cynthia durante toda aquela longa ligação,que era muito enfatizada pelas mãos de Remo apertadas contra a cintura dela. Colados, ambos não notariam nem a entrada do Papai Noel.

-Me promete que dorme comigo hoje,na minha cama e que vai me proteger de tudo...que não vai se “desabraçar” de mim nunca mais?-brotavam lágrimas silenciosas dos olhos dela que encostara a sua testa na dele e encarava seus olhos expressivos com profundidade.-Eu tenho tanto medo...

-Medo, meu bem?-sussurrou Remo,com a temperatura em suas veias vulcanizadas tamanho estouro de emoções iniciadas após aquele beijo, após aquela marcação carnal.

-Medo de um dia não te ter assim,pertinho de mim...medo de gostar de você demais e depois me machucar...eu quero ficar perto de você.-ela fechou os olhos para sentir a respiração dele próxima a sua.

-Eu sempre vou estar perto de você.-sussurrou o rapaz,colando-se á ela... se pudesse, se fundiria á ela.- Cynty, não me largue no meio dessas pessoas?Eu não me sinto muito confortável sem você por perto, então...

-Essas pessoas são a minha família e não se preocupe, se souberem que você me faz feliz vão te amar também.Mas então o que?Você ainda não prometeu...-ela deslizou a mão pelo tórax do maroto e recolocou a caixinha de jóias, agora vazia,no bolso de seu terno aproveitando para acomodar e aquecer suas mãos ali.

-Dormir c-com você?Mas seus pais não vão...sabe, não vão...-Remo sentia um mutirão de palavras emboladas saltarem e entalarem em sua garganta tamanha sua atrapalhação.

-Eu sei que você quer Remo...e outra; nós vamos DORMIR,só isso!E quem disse que eles precisam saber?Se você não for pro meu quarto,eu vou para o seu...simples!-sussurrou a moça no pé do ouvido do namorado logo em seguida estalando um beijo em seu pescoço.-Vai dizer o que é melhor do que estar com a pessoa que você gosta,nesse frio,abraçada com você debaixo de cobertores quente em um lugar sossegado e escuro?

Ele sentiu todo o corpo estremecer,mas com certeza não de frio. Lançou um último olhar de dúvida para a namorada,começando a brincar com os fios soltos de seu penteado:

-Eu sei, é só que eu não quero que seus pais fiquem magoados,chateados,assustados ou sei lá...eles são muito especiais para isso. Não sei Cynty, se alguma coisa atrapalhar essa relação de simpatia que eles começaram a ter por mim, eu não saberia o que fazer...seria...seria horrível. –a cena apaixonante do senhor Taylor e de Cynthia ao pé da escadaria estava tatuada na memória do rapaz e no momento parecia ferver,como se estivesse em brasa.-Você é muito importante para eles...

-E sou para você também,certo?

-Você sabe que sim, por isso eu me preocupo com você,e com tudo o que vem de você...quero dizer,são seus pais!

-Se sou importante respeite as minhas decisões.Se você não quiser que eu vá eu vou de todo jeito...

-Eu quero,engraçadinha.-ele piscou um dos olhos castanhos para ela,depois de beijar a ponta de sua orelha (notou o belo brinco de cintilantes que ela usava).- Mas é que tenho medo de que seus pais se sintam meio ofendidos,principalmente sua mãe...olhe,com certeza meus pais não interpretariam muito bem se me vissem dormindo com um anjinho,na mesma cama...eles são desconfiados, e com razão. Você é a coisa mais importante que eles tem...

Mas antes que Cynthia pudesse responder seus pais entraram na sala acompanhados por um grupo grande de bruxos que pareciam ter muita classe pelo jeito calmamente animado com que conversavam.Ao verem a moça se aproximaram carinhosos e curiosos alguns puxando-a para abraços calorosos outros apertando a mão do jovem que estivera a minutos atrás abraçado a ela.

Era audível entre as muitas conversas coisas como “Como a decoração está encantadora!”, ou “Como a nossa Cynty está linda..e como cresceu!”,e até “Que rapazinho mais educado!” e por fim um grito mais alto vindo de uma jovem uns dois anos mais nova que Remo e Cynthia que exclamava animada “Ohhh vejam Família!A Cynty está usando uma aliança!” e imediatamente um coro de “Ooooohhhhh,que gracinha!” cobriu a sala.

Após um tempo particularmente grande em que todos se abraçavam e faziam comentários saudosos uns aos outros a família se acalmou e todos se acomodaram nos sofás e poltronas da luxuosa sala de estar.

Empregadas uniformizadas começaram a servir imediatamente petiscos e drinques e a conversa só cessou quando a voz alta e grave de Taylor anunciou:

-Ah,já ia me esquecendo...esse adorável rapaz que está acompanhando a minha filha é seu novo...er...seu novo...

-Namorado,papai.-cortou Cynthia decidida.

-Que fim levou o Diggori, prima?Ele era uma gracinha!-perguntou a mesma moça que outrora declarara sobre as alianças.Ela tinha uma semelhança escandalosa com Cynthia.E nesse instantes todos os olhares se voltaram para a grifinoria.Atônita ela abaixou os olhos e sem encarar Remo tentou falar com naturalidade:

-Terminamos.

Durante todo o tempo Lupin permanecera quieto, até mesmo durante sua curta introdução feita pelo senhor Taylor (ali ele apenas se deu ao luxo de dar um sorrisinho constrangido de “Olá” sem saber para qual McClair olhar).

A família apesar de pomposa era composta por bruxos extremamente simpáticos e com boas historias para contar.Nenhum deles fez muitas perguntas ao rapaz, o que bastou para deixa-lo aliviado.Todos os McClair e Cooper(sobrenome da família da mãe de Cynthia) permaneceram acomodados ali por um longo tempo até a hora do banquete natalino ,este espetacularmente saboroso e divertido.Depois do tradicional “cházinho” chegou a hora do ritual da entrega de presentes,quando toda a família estufada se dirigiu até a sala de estar e lareira,onde se acomodaram ao redor da árvore de Natal que agora parecia estar debaixo de holofotes tamanha a atenção que atraia para si.

-Pugy, por favor...- a mãe de Cynty chamou com um bater de palmas um de seus elfos domésticos,que atirou-se aos seus pés para servi-la.-Comece com a distribuição dos presentes,sim?

O escravinho adiantou-se servil para o pé do pinheiro, sempre cabisbaixo para se mostrar submisso até mesmo aos objetos. Ele puxou um pacotinho que não parava de se mover e o levou até o sr. McClaire, que como bom anfitrião aceitou de bom grado o papel de “Papai Noel”:

-O primeiro é do Tio Sam para minha querida esposa!Oh,quanta gentileza!

“Tio Sam” se levantou com dificuldade já que não se achava mais tão sóbrio após tantas garrafas de cerveja amanteigada. Caren o abraçou mais para dar apoio do que para agradecer pelo belo par de brincos que acabara de receber. Remo tentou conter uma risadinha malvada quando viu Tio Sam tropeçar e praguejar no sue retorno até o sofá. Agora, a mãe de Cynthia prosseguiu com a entrega de presentes: ela foi até a árvore selecionar um de seus pacotes,que desta vez foi destinado para a “Vovó Gi”. Após alguns beijinhos afrescados, a velinha foi então dar um de seus embrulhos, cutucando todo o seu trajeto com sua bengala...Remo afastou o pé para não levar um baita cutucão da já quase cega criatura:

-O meu é...- ela tremia como um pudim, puxava os óculos para mais perto dos olhos e remexia os presentes com a bengala,tentando encontrar o seu.Irritada por não poder se abaixar (érnia de disco) puxou sua varinha toda esfacelada e guiou um embrulho muito mal dobrado até os braços:

-Aqui meu filho, pra você!-ela meteu o presente nas mãos de um homem já bem adulto para ser chamado de “Meu filho”. Ele ia sorrir para agradecer, mas a coroa logo cortou sua alegria- É Viagra,meu homem!

-Quê?-exclamaram todos, exceto Remo, que se afogou numa almofada para não rir escandalosamente.

-Sei lá...é um remédio trouxa que uma amiga lá do Asilo me indicou...acho que disse que servia pra subir “a pipa do vovô”, sei lì não entendi nada!

Toda a família bruxa,ou sua grande maioria, acabou por constatar a verdadeira utilidade daquele frasquinho e por isso se uniram ás risadas abafadas de Lupin. Edgar, o presenteado, seguiu para a árvore:

-Este representa toda a minha família,tia e primos, para nossa querida Cynty!- ele puxou também com um feitiço um embrulho quadrado cujo cartão não era nada mais nada menos do que uma fadinha real presa em um barbante (e batendo as asas desesperadamente para se livrar de sua armadilha).

-Ah titio!Obrigado!-exclamou a loira levantando-se e indo abraçar o irmão de sua mãe,sua esposa e suas duas cuidado desembrulhou o presente e ao deparar-se com um belíssimo estojo de penas das mais variadas aves e tinteiros,não pode conter um “Oh!”.Em seguida abaixou-se para segurar um embrulho e com um olhar carinhoso declarou:

-Este aqui é para meu adorável vovô!Vô...VÔ!-mais uma vez a sala ecoou de risadas já que o velhinho Caleb havia cochilado apoiado sobre a palma da mão mas ao ouvir seu nome e continuas gargalhadas abriu os olhos e começou a rir também sem saber que era o alvo da graça.

Tudo o mais que se seguiu rumou num clima agradabilíssimo de conforto.Todos passaram a noite descontraídos, divertindo-se com toda aquela cômica troca de carinho e por volta das quatro horas da madrugada todos os parentes já haviam se despedido e saído. Agora a mansão McClair achava-se silenciosa,tranqüila e escura.

Remo fechou-se no quarto um tanto aliviado; estava cansado, e de um modo até um tanto intrigante não apenas da noite,mas também de ficar quieto,educadamente quieto. Tudo o que se dera ao luxo de fazer durante toda aquela meiga celebração familiar fora sorrir e agradecer, observar e silenciar.Nada mais. Sentira ímpetos de agarrar Cynthia pelo braço e arrasta-la para longe de todo aquele mutirão de mesma linhagem (simpáticos,é verdade, mas mesmo assim espalhafatosos) em busca de privacidade...não tocara sequer nas mãos da namorada, receando um contato visual com algum dos adultos, homens ou “mãe”. Fatigado então por não ter feito absolutamente nada, apagou a luz,sentou-se á beira do colchão e ficou observando sem sono algum a nevasca que devastava os jardins da mansão.

Com um tique leve a porta do aposento se abriu e a figura azulada (graças a luz da lua) de sua garota adentrou a suíte,virando-se para encostar novamente a porta.Caminhou para ele sorrindo e foi sentar-se do seu lado.

-Eu sei que não deve ter sido muito legal para você mas prometo que a virada do ano vai ser emocionante!Apenas nos dois por que papai e mamãe só costumam viajar por minha causa,nunca comemorariam o dia se eu não existisse.-a moça vestia uma camisola rosa e seus cabelos achavam-se presos em uma trança lateral.

-Só a sua presença fez valer a pena...foi divertido sim.- ele deveria era estar colocando-a para fora e evitando qualquer tipo de constrangimento com o casal no quarto ao lado mas, em contraponto, não conseguia conter a alegria que era tê-la ali ao seu lado, sentir sua respiração,ouvir sua voz, presenciar sua desejosa imagem oculta pela quase escuridão do dormitório.-Venha até aqui, Cynty...- o rapaz deslizou até ela, reajustou a alça da camisola que escorregava pelo seu ombro e envolveu sua cintura,puxando-a para si numa ânsia louca de se aproximar e de provar que o toque era real, e não apenas uma bela alucinação.

Cynthia posicionou-se em seu colo e acomodou a cabeça em seu peito,cerrando os olhos.

-Eu não disse que viria?Agora vou dormir aqui com você,quero que me mantenha aquecida,Remo...

-Eu vou fazer de tudo...-sussurrou o outro em seu ouvido, partindo para alguns beijos nos cabelos dourados de cor queimada.-Está com sono?

-Um pouquinho.-ela fez pressão para que o rapaz se deitasse e saindo de cima dele dirigiu-se aos travesseiro acomodando-se ali,cobrindo-se já que seus lábios tremiam ligeiramente e a temperatura externa deveria estar baixíssima.Um baque surdo fez com que ambos se sobressaltassem e em seguidas baques contínuos se seguiram.A janela abria e fechava-se sozinha e a nevasca lá fora era tão intensa que uivos semelhantes ao de lobos podiam ser ouvidos no atrito com as paredes-Feche a janela e as cortinas,querido e venha me aquecer em seu abraço.-ela abraçou-se ao travesseiro e passou a observa-lo.

Remo pulou para fora da cama e encaminhou-se para a uivante janela,recebendo alguns flocos de neve no rosto com a aproximação. O vento furioso batalhou destemidamente contra ele,que esforçou-se ao máximo para cerrar os vidros e não ser empurrado para trás.Agora azul de frio graças á rajada invernal que recebera, guiou-se de volta para a mocinha como quem segue para os braços de uma deusa heróica, protetora, e aconchegante.

-Est-tá tão frio lá fora!-contou, agarrando-se á ela; Cynthia viu-se então mergulhada no corpo dele,que a envolvia como faria um cobertor. Seu rostinho foi apertado contra o peito dele,de onde soava o batuque acelerado de algo também muito quente.-Está melhor assim...bem melhor.-ela o ouviu murmurar em meio á alguns gestos de dedos por entre seus fios de cabelo loiro escuros.

-Isso é por que não queria que eu viesse...-e com um gesto curto a moça puxou o cobertor para cima de suas cabeças,abafando-os debaixo da envolvida pelo corpo dele ela pediu em uma vozinha baixa e carente,sussurrante “Me dá um beijo de boa-noite?”.

Mergulhada naquela profunda penumbra,Cynthia sentiu um roçar de lábios em sua pele; primeiro um toque em seu colo, depois subindo para o pescoço,para o queixo...para os lábios. Este último intenso. Abrasador. Remo teve de encaixar um braço ao lado do corpo dela, tentando não subir para cima da garota,mas sim apenas apoiar-se e se manter ajustado sobre ela. Seus cabelos caiam e roçavam a testa da jovem, esta quase que debaixo dele, que sentia-se sufocar por desejo e emoção, numa bombástica mistura que lhe deixava elétrico demais para dormir.

-Boa noite.- disse alguns minutos depois com os lábios ainda colados aos dela, com o peito ainda sobre o dela, com um dos braços ainda ao lado dela...com os pensamentos cravados nela.

-Boa noite Remo.-mesmo com a abafada escuridão era evidente que Cynty tinha os olhos cravados nele.Passou as mãos pelo tórax dele e desabotoou a camisa de seu pijama acariciando seu peito semi-nu.-Eu te amo ok?Lembre-se disso sempre, por favor.-Cynthia se sentia a garota mais feliz do mundo pois era evidente o respeito que o rapaz tinha por ela, e beleza ou riqueza alguma era capaz de comprar aquilo.Podia ser cedo para sentimentos por demais avassaladores, mas a moça já sentia dentro de si que necessitava da presença dele e de seu calor perto de seu corpo. Ele, por sua vez, fechou os olhos ao sentir as unhas de Cynty vagarem sobre sua pele,provocando-lhe arrepios. Não fosse sua demência interna, Remo adormeceria com aquele carinho provocante, porém, o que fez foi algo muito diferente.Ele deu continuidade àquilo, retendo uma das mãos que avançavam sobre seu peito para beija-la sofregadamente, pedacinho por pedacinho:

-Não vamos dormir desse jeito, vamos?-murmurou entre um sorriso, agora carregando a mão de Cynthia para o próprio rosto, envolvendo-a e retendo-a ali.

-Desse jeito como?

-Erm...é que eu me sinto muito acordado.

-Ah é?E o que quer que eu faça?Não vou dormir lá sozinha no meu quarto.-ela aproveito que sua mão encontrava-se posta no rosto do maroto para acaricia-lo com delicadeza.-Quer fazer o que?

-Isso. – o jovem virou-se colando-se á ela novamente, desta vez usando uma de suas mãos para apertar a cabecinha de Cynthia contra a sua, reforçando aquele toque de línguas e lábios que fazia com que seu metabolismo entrasse em curto-circuito. Sua temperatura corpórea aumentava, junto com o beijo inesperado, que o trouxe para mais perto dela,mais,e mais...até que ele abriu os olhos para fitá-la ofegante.- M-me desculpe!Eu não queria...não fique achando que sou um...dormir!Certo,tem razão,vamos dormir!

-Não,imagine!Não estou achando nada de você Remo...eu gosto de ficar assim com você!De verdade,então fale o que quer fazer!-ela estalou diversos selinhos na boca do rapaz para intercalar suas palavras e agora devido à temperatura dos corpos o cobertor começara a aquecer até demais.-Quero uma resposta sincera!

-E-eu não...não sei.-embaralhou-se ele, quase que pedindo aos céus para que ela não insistisse muito mais naquela pergunta de alto nível embaraçoso.-Também gosto muito de ficar assim com você meu bem, é tudo o que fiquei esperando a noite inteira.-Remo voltou a beija-la sem o compromisso de explicações; queria faze-la perder a vontade de questiona-lo,já que em situação alguma se sentia confortável para responder.

Ela barrou os carinhos e mais uma vez questionou,agora descobrindo as cabeças de ambos:

-O que há de errado?-Cynty parecia preocupada e o observava sobre ela com carinho.

-Não há nada de errado...-respondeu ele mansamente, voltando a imprensa-la contra si.

-Você poderia ser mais sincero em alguns aspectos,querido...me prove de alguma forma que não a nada de errado!

-Na verdade, é que é a primeira vez que eu...-Remo desviou os olhos cintilantes por alguns momentos, para depois deitar a cabeça cuidadosamente entre os seios dela,que sobressaltavam-se lindamente na camisola de seda. –Que eu fico assim com tanta liberdade...com você.

-Comigo?E isso é bom ou ruim?-ela acariciou os cabelos dele já que estes lhe cobriam o pescoço.

-É como um sonho Cynty,mas...eu estou erm,é...inseguro. –a última palavra foi muito mais sibilada do que proferida. Meio sem notar, as mãos do rapaz desciam para as pernas da mocinha, ao mesmo tempo em que sua respiração se alterava.

-Mas nós não vamos fazer nada de mais,meu amor.Vamos dormir agora.-a moça beijou-lhe os lábios com ardor e em seguida, com delicadeza, posicionou-se ao seu lado,fortemente abraçada ao corpo do maroto colocando as mãos do próprio em sua barriga,por dentro de sua camisola,em seguida fechando os olhos e posicionando a cabeça no travesseiro de forma aconchegante. Ele não soube muito o que fazer,já que certamente não iria conseguir se controlar tendo uma de suas mãos dentro da fina camisola da namorada...como seria possível dormir daquele jeito?Alguém teria que dopa-lo com um forte anestésico.

-Bons sonhos, querida.-disse ele, agora remexendo os dedos sobre a barriga de Cynthia, a fim de passar a noite inteira apenas acariciando-a numa sincera admiração.


--------------------------------------------------------------------------------
N.A.-Carolzinha:Hi,hi,hi...grandinho ele não!




Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.