Novos conceitos
Cap5- Novos conceitos
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-Ai,ai,ai...o Remo prometeu que passaria a lua Cheia comigo..e sumiu!E também ainda não veio tomar café da manhã...será que ele está bem?
A mesa de Grifinória estava repleta de alimentos matinais,próprios do desjejum.O teto encantado emanava a claridade diurna ,porém não trazia consigo um céu muito convidativo.O falatório habitual ecoava de modo alegre pelas paredes altas de pedra fria do salão e o também freqüente correio-coruja já entregara seus pacotes, cartas e encomendas á seus devidos remetentes.Cynthia tinha as feições preocupadas e dirigia-se á amiga de olhos acinzentados com uma voz estranhamente baixa e apreensiva.
-Seus amiguinhos também não apareceram ainda...-comentou a outra displicentemente.
-Está levando mesmo a sério esse namorico,Cynty?-Stéphanie balançou os cabelos castanhos de modo desafiador,completando-Me parece que a recíproca não é verdadeira...tsc,tsc amiga!Ele está acabando com sua reputação.
Tanto Adams quanto McClair reviraram os olhos e deram de ombros.E o que mais as assustava era a sinceridade com que a outra usava as palavras,como se estivesse dizendo a coisa mais correta de todo mundo.Mas haviam outras pessoas preocupadas com o “desaparecimento” dos jovens marotos,e estas não se encontravam muito longe das primeiras.
-Aonde está o Remmyzinho?-a voz gorda,agora abafada também pela grande quantidade de bacon e ovos na boca de Berta soou indagadora.
-Não sei como você consegue chamar ele de “Remmyzinho”.-interferiu uma risada debochada, vinda muito próxima do lugar de Elizabeth. Berta notou,corada, que a vizinha de mesa era Katherine, a mimada negrinha de olhos claros. –Pra mim, ele não passa de um ninguém.É até bom que não esteja no café da manhã...desse jeito não influencia a Cynt,pobrezinha,tão iludida...-dizia isso agora para todos ouvirem,principalmente o alvo de seu comentário preconceituoso.
E Katherine...logo Katherine deveria estar torcendo a língua antes de olhar para alguém com tais olhos de analista impetuosa. Ela fazia isto mais como vingança,como meio de jogar na cara dos outros o que um dia lançaram sobre ela, e o fazia de modo muito mais brusco. A garota era linda,mas ainda assim conseguira atrair risinhos graças á sua cor de pele. E se lembrava tão perfeitamente deste dia...
Ela tinha acabado de entrar pelas portas de carvalho da escola e,assim como todos os novatos de onze anos,aguardava do lado de fora do salão comunal a chamada de Minerva McGonagal. Estava ansiosa para entrar...se lembrava de estar pensando “Eu quero cair na Corvinal!” quando um garoto loiro,de rosto pálido e expressão fria, disse numa voz audível á todos:
-Eu acho que deveria existir uma casa separada das outras...
-Como assim,Malfoy?-perguntara,risonha,uma garota atrás dele,dona de olhos roxos.
-Assim...só para pretos.-esclareceu ele,fingindo estar sério.Muitos garotos próximos explodiram em risadas..Katherine sentia os olhos cinzentos pregados em suas costas. – Eu é que não quero gente, se é que eu posso chamar de gente, dessa espécie na Sonserina,por exemplo.
Katherine se lembrava de ter sufocado um soluço.Mais risadas,até que:
-E sabe o que eu acho?Que deveria existir uma casa só para idiotas, assim, daqueles bem orgulhosos que falam demais e pensam de menos.
A negrinha se virou para encontrar a voz na multidão. Só percebeu que vinha de um garotinho de cabelos castanhos quando o viu cercado pelo grupo de Lúcio.
-Como?!- ameaçou o loiro. O rosto contorcido num espasmo extremamente orgulhoso.O rapazinho teria respondido, mas Katherine marchou até o grupo de primeiranistas. O dedo em riste, os lábios trêmulos e o rosto lívido:
-Eu não preciso da sua ajuda!Posso enfrenta-los sozinha!- ela gritava para o desconhecido de olhos mel, que a olhava num silencio perturbado.Malfoy os assistia como um telespectador assistiria dois mendigos disputando um pedaço de carne- Acha que só porque...porque nasci assim você precisa me defender?Cor de pele não é sinônimo de fraqueza e antônimo de inteligência não, seu...seu...- e nem encontrou palavras. Com certeza estava brigando com a pessoa errada, mas era tudo o que podia fazer. Não tinha coragem de voar para cima do futuro sonserino; intimamente os admirava. Não queria fazer inimizade logo com eles, os nobres, os famosos, os populares Malfoy. Talvez (quem sabe?) humilhando o pequeno ela ganharia confiança e amizade de seus inimigos e, melhor ainda, desculpas pelos primeiros comentários. Talvez o loiro apreciasse o modo como ela menosprezava “seu salvador” e a convidasse para entrar para seu “time” também.
Ela se lembrava,porém, da chegada de Minerva e de dois garotos de cabelos negros empurrando Remo para trás, berrando “Dá licença,estamos passando!Nos deixem passar!”. Isto fizera sua vítima de vestes baratas e olhar bondoso sair de sua vista, o que pausara seu discurso e fizera a atenção de Lúcio se desviar.
Mas afinal de contas a semana letiva reiniciara. Como se já não bastasse a temperatura outonal (que se gabava em ser gélida e mórbida) Hogwarts lhes oferecia com um sorrisinho cínico uma primeira aula de cursos profissionalizantes, onde todos os setimanistas se dividiam e iam, respectivamente, para a aula que mais lhe interessavam. A turma de Grifinória acabou separada,na verdade,durante quase todo o período diurno: seus horários apontavam as próximas aulas como sendo Adivinhações ou Aritmancia. Durante o almoço, Sirius e Tiago bocejaram muito, piscaram com dificuldade e Pedro lutara contra o sono para se dedicar de corpo e alma á comida. Estudo dos trouxas e Runas antigas novamente forçou os adolescentes á se despedirem uns dos outros, pois novos grupos se formaram e se misturaram á corvinais,Lufa-lufas e sonserinos. Durante estes cursos em especial, aproveitando a junção, Narcisa e Bellatrix puxaram conversas agradáveis com Elizabeth, papo que só encontrou seu fim com o término da aula e o início de Feitiços.
Os corredores isolados, gélidos e apáticos da escola faziam os passos da dupla sonserina reboar de modo assustadoramente doentio e abandonado.Quase não havia luz ou sons por ali e, aos sussurros,Bellatrix e Narcisa caminhavam misteriosamente em direção á algum lugar desconhecido para os outros,exceto para elas mesmas. Os archotes espalhados inteligentemente pelo corredor medieval iluminavam o caminho da dupla,que mais se preocupava em conversar do que em vigiar seus passos:
-Foi hoje mesmo,oras!No café da manhã...a coruja de nossos tios chegou e eles não pareciam muito satisfeitos com a nossa agilidade,Bellatrix.Precisamos ser rápidas...acho que a ficha de que a qualquer momento todos nós podemos ir parar atrás das grades,ainda não caiu para nós duas!Agora me diga, você que sempre se diz tão inteligente,o que fazer?
A irmã de Narcisa revirou os olhos inexpressivos em sinal de desagrado,pois odiava ser apressada por alguém ou ainda receber um cutucão de “faça alguma coisa!”.Seu ego era imenso,seu orgulho pior, e não havia tolerância. Era uma insuportável criatura independente. Deu de ombros.
-Ah,agora é assim então?Só por que a sua mente brilhante não consegue pensar em nada bom agora você vai fingir que não me ouviu?Eu vou repetir,e espero que pela ultima vez:nós não temos muito tempo até algum intrometido do ministério descobrir essa senha ANTES DE NÓS!-a voz da loira soava extremamente cínica,e parecia estar estranhamente e verdadeiramente preocupada.Vez ou outra seus olhos cinzas passeavam,cautelosos,pelas áreas mais escuras de seu caminho,temendo que alguém as ouvisse(vivo ou não) considerando que se encontravam em Hogwarts.
- Você se exalta demais.-disse a morena, apática.- Nós já tínhamos um plano, que era nos aproximarmos da Adams o mais cuidadosamente possível.- notando a réplica nos lábios de Narcisa, Bellatrix acelerou sua idéia- Falar na teoria que devemos iniciar uma amizade com Elizabeth e assim retirar dela as informações de que precisamos é fácil. Porém,na prática, descobrimos que isso leva tempo (eu sei disso!). E como você está com pressa, então...hum, teremos de pensar em algo diferente.Mais eficaz e prático, o que vai ser também mais difícil de se encontrar. Pa-ci-ên-cia, Narcisa!
-Diga isso à titio,não a mim!Ele é quem está desesperado,é a sua honra que está em jogo...ou melhor,a nossa!O único jeito seria...ai,por Merlim, precisávamos de alguém que estivesse do nosso lado,mas que tivesse alguma ligação com ela também...ou seja,essa pessoa não existe!- parouo apenas para pronunciar “Gota de sangue” para que a passagem que as levaria ao seu salão comunal(agora vazio) se abrisse.
A dupla entrou em silencio. Mesmo sentindo a privacidade, como felinos desconfiados, checaram rapidamente o lugar á sua volta com olhos faiscantes. Certas do vazio, foram para perto da única fonte de calor e som no momento: a lareira, que com suas chamas crepitantes as saudou. Sentaram-se num mesmo sofá de coro verde escuro cuja costura era cor prata. Somente acomodada a jovem Black de cabelos negros deu continuidade ao debate:
-Você dizia algo sobre um “aliado”. – e fez uma pausa,pensando.- Mas isso minha querida, você sabe que não temos. O máximo de relações que nós duas temos com Grifinória são por intermédio das amigas de Adams e eu acredito que elas nos consideram tão não pensamos nisso antes?!-a loira deu um leve tapinha na testa e em uma voz gloriosa,já que quem sempre tinha as idéias boas era sua irmã,ela proferiu orgulhosa-o nosso primo!Sirius!
Bellatrix entreabriu os lábios num espasmo. Seus olhos caídos aumentaram levemente de tamanho:
-Oh, Narcisa! Você deve estar brincando!- e com a voz incrédula- n Ele /n ?!
-Quem então?
A outra desviou a atenção para o fogo, como se pedisse sua opinião. Pensou,refletiu, vasculhou todas as suas relações com alunos de Hogwarts e,suspirando em derrota,constatou que a irmã estava certa. Além de tudo Sirius era muito querido pelas garotas, principalmente as grifinórias, e porque diabos Elizabeth seria uma exceção á regra?!
-Tem razão.-concordou-Mas ele não vai nos ouvir. Você o conhece. Sirius nunca vai concordar em nos ajudar com alguma coisa, á não ser que ganhe algo em troca...e o que seria,Narcisa?!O que?!
-Isso quem vai nos dizer será o próprio!E duvido que a Adams resista à nosso primo...vamos então?
Satisfeitas como nunca, a dupla sonserina partiu em passos apressados para o Salão Principal. Não trocaram uma palavra entre si durante todo o caminho de volta e só diminuíram o ritmo ao captarem os sons alegres de talheres,vozes e a habitual balbúrdia que ecoava na escola durante as refeições. O jantar transcorria normalmente. As garotas notaram que a mesa de Grifinória parecia,estranhamente, menos barulhenta. Se aproximaram sem pensar duas vezes.
-Khan,khan...Sirius?Primo querido?Pode vir até aqui?Precisamos lhe falar...-o sorriso falso era explicito na face alva de Narcisa.
-Olhe Almofadinhas, saíram do covil das cobras só pra te bajular!- disse um sonolento Tiago, se virando no banco.
-Elas querem alguma coisa.- corrigiu o outro animago.-Não é?- e voltou olhos frios para suas parentas. Bellatrix forçou um sorrisinho amarelo antes de puxa-lo pelo braço com delicadeza:
-É rápido, primo.-a outra segurou seu outro braço e com agilidade o levou para longe dali,começando sem delongas:
-É o seguinte; realmente precisamos de sua ajuda!E é o mais rápido possível!-voltando-se para a irmã,finalizou-Explique,Bella.
- Nós só queríamos que você tivesse uma conversinha com Elizabeth Adams.
O rapaz,espantado,não pode conter um sorriso de zombaria.
- E quem são vocês pra quererem alguma coisa?
-Ah, você vai ouvir,moleque!!- Bellatrix ia levantar a voz,perder a calma,quando inteligentemente sua irmã lhe interrompeu:
-Você não quer ser preso,quer Sirius Black?Eu acho que não...-sua voz era baixa e perigosa e seus olhos faiscavam em uma fúria contida-Nos ouça e sinta-se obrigado a nos ajudar...não se preocupe,você será recompensado.
Sirius, de início, ergueu as sobrancelhas pasmado, depois curioso e agora, exaltado, perguntou:
-O que você quer dizer?
-Quero dizer que se não arrancar a merda da senha daquela maldita garota o mais rápido possível,você,eu e toda a nossa família será encarcerada em Azkaban...-e antes de concluir foi novamente interrompida,dessa vez pelo maroto:
-Do que diabos você está falando?!- disse isso quase entre gargalhadas, o que fez Bellatrix contorcer-se de ódio- Senha?!Azkaban?O que isso tudo tem a ver com vocês, eu...ela?!
-Você não lê o Profeta Diário?-e antes que o moreno pudesse responder o mais que provável “NÃO!” ela prosseguiu impaciente-Acharam os papéis que incriminaram a nossa família,mas eles estão em branco e só precisam de uma senha para “revela-los” devido à um feitiço lançado nesse documento,e a única pessoa viva ou em sã consciência que deve saber essa senha é a Elizabeth!Você é da Grifinória e é o único que pode nos ajudar, ou melhor, dizendo, se ajudar!-Narcisa grifou as ultimas palavras.
-Desculpe, disse alguma coisa?-Sirius voltou-se para ela, distraído.Estivera assistindo uma bela Lufa-Lufa caminhar por eles, remexendo os quadris lindamente. Bellatrix só não voou para seu pescoço porque sabia que iria precisar do infeliz mais tarde.Rosnou consigo mesma um “Se controle!”.
Revirando os olhos,o coração palpitando de aversão e completa repulsa a loira,pacientemente,tornou a explicar o “plano” ao parente pois sabia que,infelizmente,era necessário.Por fim, cansada de repetir a mesma coisa ela terminou:
-O que me diz?
-Digo “boa sorte” porque não vou ajudar nem morto!- Sirius respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Ia se virar para voltar para seu jantar,quando Bellatrix finalmente decidiu interferir a teimosia do rapaz:
-Escute,seu infeliz!O que você tem á perder com isso?!Nada, absolutamente nada!-ela quase cuspia entre as palavras, fazendo Almofadinhas desviar o rosto.- Seu...seu idiota, você não percebe que se a verdade vier á tona seremos presos?!VOCÊ também será!
-Não grite comigo, prima.- disse Sirius fingindo estar calmo.- Eu não me importo. Pelo menos vocês todos vão comigo,hehe.
-Você tem medo de garotas “Almofadinhas”?-ironizou a outra.Sabia que tocando nesse ponto,talvez pelo primo querer sempre provar que era “MACHO” conseguissem o desejado-Você vai poder se aproximar mais dela,que é uma garotinha bonitinha, e ainda te recompensaremos por isso!Quer coisa melhor,meu filho?! -a Black sabia que estava no limite máximo de sua paciência e razão e que mais alguns segundos naquela conversa a fariam perder completamente a cabeça.
-Hei! O Sirius aqui não tem medo de nada minha cara, o que dirá garotas!- e estufou o peito- Nesse assunto sou-khan, sem querer me gabar é claro- o maior profissional de toda a Grã Bretanha!- Bellatrix contava até mil mentalmente.
-Então prove isso Sirius Black!Encerramos por aqui,com a sua aceitação e o que quiser como recompensa...sim?-os olhos cinzas brilharam com a quase certa, mas tão trabalhosa, vitória.As feições de Sirius se alteraram bruscamente; de orgulhoso ele passou para sério:
- Eu odeio vocês. Você sabe disso Narcisa. O que te faz pensar que te ajudaria?Se pensa que eu preciso de vocês para provar minhas capacidades,está enganada...- a outra, de cabelos negros, moveu os dedos para o bolso da capa, procurando avidamente sua varinha.Estava completamente louca. Iria matar o primo naquele exato momento, antes que todo o seu corpo explodisse de ira.
-Fazemos o que você quiser,primo!Qualquer coisa!Qualquer coisa...-explodiu a loira enquanto segurava o pulso da irmã,impedindo-a de acabar com todo o seu esforço.-Queremos tanto quanto você acabar com essa conversa...pense bem!
Sirius exitou por alguns momentos, intervalo no qual Bellatrix devolveu a varinha ao bolso e Narcisa afrouxou os dedos e soltou seu pulso.O rapaz, então, finalmente se decidiu:
-Me arranjem um objeto que pertença á Severo Snape.Qualquer coisa, dês de que seja algo que ele use bastante.-barganhou, num tom inexpressivo, acrescentando rapidamente-E não adianta me perguntar o porquê desse pedido. Tenho meus motivos...-com isso, se afastou em passos rápidos.Parecia estar com receio de pegar alguma doença contagiosa que emanava imaginariamente de suas primas. Se afastou cheio de repulsa e levemente contrariado,ouvindo apenas um último:
-Comece o mais rápido possível!
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-O que elas queriam, Almofadinhas?-Tiago estava afundado em uma poltrona, brincando distraidamente com um (adivinhem só) pomo de ouro alado.Ele vestia o uniforme de quadribol de Grifinória,pois acabara de voltar de um cansativo e intensivo treino nos jardins. De estômago pesado e pernas bambas, o maroto não encontrava forças para se erguer e ir para o chuveiro...estava largado no salão comunal, como um trapo, aguardando a Lua cheia.-Oh cara...eu não sinto meus ossos!E hoje á noite tem mais Aluado...uuuuuuui!
Sirius meteu a mão na testa:
-Ah, não acredito!
-Não me diga que se esqueceu...
-Eu esqueci...
-Sirius!
-Pontas, eu sei que foi mancada minha mas arranjei um compromisso que não tem como ser adiado.- disse ele enigmático, se encostando no braço do sofá onde descansava seu amigo. Tiago,guardando o pomo no bolso, disse um tanto irritado:
-Você vai trocar uma garota pelo Remo!
-Não é isso...
-E eu vou ter que fazer tudo sozinho!- e lançando um olhar rancoroso para Pedro, que cochilava no tapete com a cabeça afundada numa almofada, lembrou- Você sabe que pra segurar ele o Rabicho não serve!
-Eu me encontro com vocês mais tarde.-afirmou Sirius de modo tão convincente que Tiago começou a ponderar sobre o assunto.- Juro.
-Sei não...
-Confie em mim.
-Ok. Boa sorte então, Sirius.- e Tiago se ergueu estralando os ossos moídos das costas. –Eu to um caco!
-Eu também!-admitiu Almofadinhas-e seu treino também não foi nada relaxante...bem, tenho que ir. Até logo.
-Até.- e Tiago foi deixado para trás,junto com Pedro, que dormia completamente exausto estirado no chão.
Stéphanie e Katherine estavam em um canto do salão aonde não havia muitas com Cynthia de modo misterioso, parecendo falar de algo de suma importância, sempre aos cochichos.A outra ouvia calada, mas era fácil notar sua total indiferença às coisas ditas pelas amigas.Elizabeth observava as três com os olhos claros parados, porém sua atenção estava longe dali, e isso era notável também.Sirius pigarreou para preparar sua imponente entrada. Se aproximou com naturalidade:
-Olá garotas!-sorriu mansamente.
-Nossa!Você está acabado Sirius!Que horror...-Stéphanie interrompeu sua conversa imediatamente para comentar o aspecto bastante deplorável do rapaz.
-Hei você viu o Remo, Siri?-bombardeou imediatamente a loira-A tempos que ele sumiu...
-É verdade...- disse Katherine tentando esconder um sorriso. Entre um bocejo mal disfarçado, o maroto respondeu:
-Ah, ele ficou doente. Eu to assim porque passei a noite em claro com as tosses dele...já olharam pro Tiago e pro Pedroca?Era impossível dormir com aquele ali soltando os bofes, e depois tive treino também...estou morto!Preciso descansar.- e mudando de assunto antes que as outras lhe perguntassem mais alguma coisa,acrescentou- Mas eu não vou conseguir dormir enquanto não falar com sua adorável amiguinha.-e piscou para as três,tentando parecer disposto para qualquer coisa pois assim iria parecer ainda mais atraente.
Adams apenas levantou os olhos para ele o medindo de cima a baixo,com aquele olhar mudo,obscuro e completamente enigmático.As amigas da mesma voltaram-se para ela com sorrisinhos divertidos nos lábios,erguendo-se e pronunciando em vozes alegres “Boa noite!”se afastando em passos furtivos.
Elizabeth ia erguendo-se também e com as mãos finas jogou a cascata de cabelos negros toda para trás,murmurando “Boa noite também,Black” .
-Aonde pensa que vai,mocinha?-ele brincou-Eu estava falando de você.- e se pôs na frente dela, a impedindo de ir embora.-Fique, por favor.
-O que você quer?
-Calma, porque sempre me trata como se eu fosse te atacar?- indagou Sirius,descontraído-Primeiro queria que você se sentasse, se estiver tudo bem pra você. – e ele mesmo se largou no sofá, exausto.
-Não está tudo bem para mim não...já que você perguntou.Estou muito mais cansada do que você imagina,por isso...por favor seja breve!-ela voltou-se para ele com a expressão fatigada e a voz sem entonação alguma.
-Ah, se está tão cansada assim sente-se aqui comigo que eu prometo ser o mais breve possível.- ele sorriu novamente, dando o melhor de si naquele gesto. Muita coisa estava em jogo naquele diálogo,inclusive sua curiosidade em conhecer ela, em se aproximar e, é claro, em fortalecer sua honra.
Finalmente derrotada a moça cedeu aos pedidos de Sirius e também se sentou no sofá,o mais longe possível do moreno,cruzando as pernas e pronunciando:
-Pois bem.Estou sentada...diga Black!O que faz n você /n querer falar n comigo /n ?-ergueu as sobrancelhas.
-Pois bem, vou dizer.-imitou ele, tentando descontrair o clima que a garota insistia em deixar lúgubre- Eu fiquei sabendo de sua madrinha. A mãe de Remo também morreu, e sei que nessas horas eu devia sabe...dar uma força pra vocês. Até agora nem vim ver como você estava...e então? Quer falar alguma coisa pro Sirius aqui,não quer?
-Se não quero falar nem para o Black,quem dirá para o Sirius...-ironizou ela,esboçando um sorriso malicioso-Não seria tarde demais pra você se preocupar com isso,Black?
-Não, não...eu sei que estou sendo meio chato de estar me lembrando de você só agora,mas posso tentar concertar meu erro?-ele se pôs mais ereto no sofá,impedindo o sono de chegar. Continuava se fingindo de macio.- Nunca é tarde para perdoar...me desculpa?-sorriu pela milésima vez aquela noite- E que tal se você falar para o Almofadinhas?
-Almofadinhas?-a expressão adotada pela jovem agora era extremamente glacial-O que você que quer de mim...fale a verdade,por favor.Eu não estou entendendo...
-Quero ser legal com você. Porque é tão desconfiada?
-E por que eu não deveria ser?O que você vai ganhar sendo “legal” comigo?-aquele conversa parecia soar como piada aos ouvidos de Elizabeth. Sirius sorria intimamente, se deleitando em ouvir as respostas inteligentes da garota. Ah, que delícia era ter,finalmente, um desafio emocionante á desbancar!
- Eu ganho uma amiga,talvez.
-Eu acho que não,rapazinho...você já as tem...já as tem em números suficientes.-a morena retrucou entre risadas frias.
-Não uma como você.
-Ah...não,não,não.Absolutamente não.Me diga agora o que quer por que,se ainda não percebeu,eu estou farta!Você pensa que eu sou as “suas amiguinhas” ou quem sabe pensa que eu sou a Coox?Mas eu não sou...-ela pousou as duas mãos sobre os joelhos e o observou detalhadamente de modo critico.
-É por saber que você não é que me interessei em te ajudar.- disse ele, calmamente. Como sua atenção estava presa nas pernas de Elizabeth ele teve de desviar os olhos para não avacalhar suas tão calculadas palavras.
-Me ajudar?Não preciso mais de ajuda,eu já superei isso.Muito obrigada pela atenção e dedicação,viu?Muito “legal” da sua parte,ta?Satisfeito?!Agora pode dormir feliz,sabendo que já cumpriu a boa ação do dia?-desdenhou a grifinória parecendo novamente determinada a partir já que tornara a jogar os cabelos para trás e,agora,descruzar as pernas.
-Eu sei que o que você diz não é verdade.- interrompeu Sirius brandamente-Sabe, de certa forma eu também não tenho família. O Remo também é meio órfão agora, e eu sei que superar isso não é tão fácil quanto você quer fazer parecer.E por Merlim, pare de mexer nesse cabelo!-completou dando uma risada-Você faz isso pra não tropeçar nele na hora de andar,é?
-Ha,ha..por que está incomodado?Agora quer também mexer nos meus cabelos por mim,ou sei lá...?-Elizabeth ficou surpresa e até mesmo indignada com a ousadia dele em falar de seus adorados fios lisos e escuros.
-Era só uma brincadeira. Puxa, onde está o seu senso de humor,Eliza?Posso te chamar assim não é?Então se posso, porque não me chama de Sirius?
-Meu senso de humor saiu correndo, desabalado, assim que você chegou...e não,não vou te chamar de Sirius,Black.
-É alérgica á “Sirius”?
-Sou.É bom não tentar tocar em mim...-no olhar acinzentado da jovem faiscava inteligência e ,ao mesmo tempo,desconfiança inquisitória,até suspeita.O outro continuava com seu sorriso inabalado, embora por dentro estivesse se explodindo de impaciência e, como sempre, satisfação.
-Mas eu não sou alérgico á “Elizabeth”. –e se aproximando dela-E veja, se eu tocar você não morre.- e fez menção de passar os dedos nos chamativos cabelos lisos da jovem Adams.Imediatamente a moça parou sua mão no ar e se levantou.
-Pare com isso.
-Isso o que?
-Nunca mais na sua vida toda tente encostar um dedo em mim, sim?-e tentando se controlar continuou-e se quer que eu volte a me sentar, trate de se afastar...agora.
Sirius se levantou atrás dela, tentando esconder a surpresa. Ele nunca fora “barrado” em um gesto, ou movimento, em toda a sua vida.
-Prometo que vou ficar longe.
-Ok.-e mais calma Eliza tornou a se aconchegar no sofá.-Fale o que mais você quer Sirius Black.-os lábios da jovem pouco se moviam enquanto ela falava, tamanho era seu “interesse”.Eles eram lindamente desenhados, com um traço orgulhoso, valente, mas pálidos, bem poucos corados.Suas sobrancelhas finas e bem marcadas, estavam erguidas em um ato desdenhoso.
Sirius se perguntava intimamente se Elizabeth sempre fora assim. Como era possível uma garota ser tão reservada e ao mesmo tempo tão marcante?Porque ela fixava os olhos nele sem na verdade olha-lo?Porque não podia esboçar um sorriso verdadeiro?O que tinha de errado com ela?Será que tinha lago de errado com ela?
Ele jogou a cabeça para trás, pensando muito rápido num outro modo de manter aquela conversa tão vaga que estavam alimentando. Ela parecia cercada por uma barreira invisível de orgulho que o impedia de se aproximar... “Bem,mas não pode ser tão impenetrável assim...” ele refletiu ao se lembrar da intimidade que Tiago tivera com ela, sem mais nem menos, e sem quase esforço algum, á algum tempo atrás. Constrangido, Sirius percebeu por fim que o problema não era com ela...era com ele. Elizabeth continuava a encara-lo até com desgosto, como se a atenção de Sirius fosse penosa para ela. E o rapaz, sem saber, sentia que isso chegava a doer...
-Ouvi falar que tem um jeito de você se vingar dos assassinos, Eliza.-ele continuou por fim, cautelosamente.-Você quer isso?Quer se vingar deles?
-O que você acha?Que estou adorando o fato de,quando sair daqui de Hogwarts,não ter mais ninguém?-era realmente estranho para ela,justamente ele, estar fazendo aquele tipo de pergunta e até mesmo estar tentando manter aquela conversa.A mente cuidadosa e desconfiada da garota(quando se tratava de Sirius) lhe davam a certeza de que aquilo era um tipo de sondagem u algo do gênero,e era por esse e tantos outros motivos que ela continuava e continuaria impenetrável.Pelo menos para ele.
-Mas então você vai revelar a senha para que os aurores se vinguem por você, não vai?-ele disparou imediatamente. Não sabia porque estava usando tanta lábia para se aproximar de uma jovem tão interessante,uma jovem que nunca fora sua...inteiramente sua. Raios, como é que Tiago conseguira tamanha proeza?Fosse como fosse, Black não mantinha muitas esperanças. Talvez nem quisesse chegar tão alto...bastava conhece-la.
Elizabeth ergueu novamente a sobrancelha,porém dessa vez apenas uma delas.Seus olhos cinzas analisaram cuidadosamente os olhos do outro e seu corpo se mexeu inquieto no sofá.Apenas uma parte dela não se moveu; sua boca,que permaneceu completamente cerrada.
-Hei, eu falei com você...não ouviu ou fingiu que não?- ele perguntou, novamente sorrindo. Discretamente olhou pela janela do outro lado do salão: a Lua cheia nunca estivera tão fangirlística. Tiago e Pedro já deveriam estar nos jardins á muito tempo...ele deu de ombros.
Elizabeth ao ouvi-lo sorriu imediatamente.Era incrível!Ela sorrira!Mas era um claro sorriso de deboche...bom,ao menos era um sorriso!
-Se meu silencio não lhe diz nada...
-“As minhas palavras são inúteis”...sei,sei.
-Exatamente.Meio ponto pra você Black...boa memória.
-Tudo em mim é bom.-ele brincou, esperando que ela não se ofendesse.
-Oh sim...olhe estou gostando bastante de estar aqui sen...
-Ah não, nem me venha dizer “olhe estou gostando bastante de estar aqui sentada com você mas tenho que ir embora”.- apressou-se o maroto, a interrompendo.-Eu ainda não terminei, mocinha.
-Então termine logo!-a voz feminina soou incrédula e perturbada-O que está esperando?
-Que você aceite o meu convite pra sair comigo no próximo fim de semana. – disse Sirius com novos objetivos aflorando em sua cabeça.
-O que?-a gargalhada que Elizabeth soltou em seguida foi extremamente cortante e fria, alta e humilhante.Enquanto sua companhia gargalhava debochada, Sirius a observava pacientemente, sem proferir nenhum som. Ela parou em seguida e o mirou, esperando que ele risse também e dissesse “Te peguei!”,mas isso não aconteceu.-Black?
-Sim?
E agora quem emudecera fora ela, esperando uma outra reação vinda do rapaz já que considerara a anterior uma completa piada.Sirius estava ainda quieto, aguardando uma resposta para seu convite, mas ela demorou a chegar. Ele então manteve o olhar fixo na outra e indagou:
-Não vai responder?Eu estou te convidando pra sair.-repetiu, com naturalidade, tentando esconder a empolgação.- Tem alguma coisa de anormal nisso?
-Sim.Tem.
-E qual é?
-Quer a verdade?
-Claro.
Sem ao menos exitar Adams contou com a voz vaga:
-Simplesmente você.
-O que?-Sirius finalmente pareceu abalado embora, lá no fundo, já previsse esta resposta. –E o que tem de errado comigo?Queria que eu fosse uma menina?
Completamente ofendida a garota se levantou e com intensa repulsa pretendeu finalizar:
-Você é louco?! Sabe o que Black?Eu tenho n nojo /n de você!!
-Não, espere!Desculpa meu doce, desculpa...-ele pedia, tentando com todas as suas forças segurar a risada.Ele sabia que ela iria ficar revoltada com aquele comentário, mas adorava vê-la nervosa. Parecia fatalmente mais bela.- Era só uma brincadeira...vamos, não se ofenda.- e impediu Elizabeth de ir, segurando seu braço.Ambos estavam de pé agora, novamente.
-Me largue,já disse para não encostar um dedo em mim.-ela puxou seu braço de volta com brusquidão e completou com a voz impassível-Você tinha dito que não tinha terminado, em seguida me chamou para sair e a resposta é não...terminou agora?
-Não. Diga que “sim” que eu termino.- respondeu Sirius, soltando o braço da garota.
-Eu...tenho um compromisso fim de semana que vem.
Sirius ficou tão chocado que não conseguiu esconder um espasmo. Olhou para ela agora sem sorriso algum, constrangido e alterado:
-Com quem?- “Se for com o infeliz do Tiago juro que afogo ele nos travesseiros amanhã de manhã!” pensou com uma falsa revolta, ponderando mais tarde “Ou o Diggori...ah, canalha safado!”.
Pronto! Agora fora a gota d’água.Elizabeth pareceu perplexa: respondeu com indiferença indignada:
-Por que eu falaria para você?Acha que pode controlar meus passos?
-Certamente que não.- disse Sirius rapidamente-Só quero saber se vale a pena esta pessoa, assim, para você preferir ela á mim.Não que eu seja importante, sei que não...-acrescentou o rapaz.
-Pelo menos não para mim.Afinal, alguma vez você já me deu algum motivo para considera-lo importante,Black?-a cada segundo que se passava ela sentia mais repugnância.Na realidade Elizabeth não se entendia...por que o odiava tanto?Ela tinha motivos sim para sentir uma certa repulsa com relação à ele,mas por que detesta-lo?Se afinal de contas mantinha uma relação tão amigável com as primas do mesmo...o que então ele havia feito?
-Bem...eu posso dar agora.- disse ele, tentando recompor suas boas respostas e conjuntura. Ela sabia como destrona-lo num piscar de olhos, o que de certa forma o deixava estonteado!
-Seja lá qual for ele eu não quero.Não vindo de você,Black.-a jovem estava perplexa.Nunca em toda a sua vida ela dera tantos foras de uma só vez, em uma só pessoa...e o mais incrível era que ele parecia gostar de recebe-los.Sirius sorriu com a reação dela, mas continuou a por em prática suas idéias:
-Uma vez você me disse...- e pegou a mão dela com pressa, antes que ela se desviasse- Que gostava de estrelas...
-E dai?-cortou a jovem novamente tentando tomar sua própria mão de volta.
-E daí que eu quero te mostrar uma coisa.- ele deu de ombros, parecendo finalmente contrariado (e até preocupado) com a esquiva.Mesmo assim mantinha-se decentemente calmo, empolgado e paciente,coisas que definitivamente não combinavam com Sirius Black.
-Não quero ver.
-Porque não?
-Por que não, Black.-os olhos faiscavam de curiosidade, porém o orgulho quase Sonserino de Elizabeth era bem mais forte.
-Não foi uma resposta convincente.- agora Sirius estava decidido: puxou ela pela mão em direção ao retrato da mulher gorda, tentando ser delicado apesar de estar forçando-a a caminhar e seguir seus todas as forças que ela conseguiu reunir, Adams puxou de volta o braço do outro e num impulso de raiva ela desferiu um certeiro tapa no rosto moreno do maroto
Ele a soltou imediatamente.Ela, com a voz já embargando, sem saber ao certo porque, proferiu:
-Não quero ir a lugar nenhum com você, Black, por que a única vez que você teve essa chance...você a desperdiçou.E eu não quero fazer papel de tola novamente.-os olhos dela foram se tornando cada vez mais claros enquanto poucas lágrimas lhe desciam pele face alva.Elas eram indecifráveis,como ela mesma.Eram de ódio?Tristeza?Desgosto?Rancor?Isso...talvez nem a própria soubesse responder.
Ele a mirava estupefato.Primeiro levara no rosto um elaborado tapa, depois uma bronca e agora a assistia chorar. Sem pensar muito, Sirius por instinto decidiu envolver Elizabeth num abraço, pois simplesmente não agüentava ver uma garota se desmanchando em lágrimas...ainda mais se essa garota era a fria Adams.Fria e sempre tão controlada.
Por mais discreta que estivesse sendo nessa sua angústia, por mais silencioso que fosse seu choro, para seus padrões aquilo era um escândalo. E este escândalo só mostrava para Sirius como ela era normal, fraca e talvez até sozinha. Ele podia não saber o porquê daquela reação, mas podia jurar que se sentia o culpado dela ter vindo á tona:
-Se acalme...- sussurrou enquanto a abraçava.
-Me largue,agora.-posicionando as mãos no peito forte do rapaz a moça o empurrou para trás com aspereza fazendo-o cair sentado em uma poltrona perfeitamente posicionada atrás de si.A grande sorte do casal era que àquelas horas da noite o salão já estava desabitado à tempos e com isso não haveria quem fazer fofocas depois sobre os acontecimentos nada comuns durante a conversa dos dois.Já não havia lágrimas nos olhos dela,apenas uma expressão distante.
-O que foi agora?-indagou Sirius já perdendo a paciência.Olhava para ela confuso, aparvalhado e sentado,obviamente.
-Agora?Não existe agora...foi o de antes,o de sempre.Você não está entendendo,na verdade eu não estou entendendo!-ela falava entre risinhos desdenhosamente soberbos.
-Eu menos ainda!
-Boa noite!Eu não sei se você conseguiu o que queria mas uma coisa com certeza você conseguiu:me irritar e me fazer gostar menos ainda de você!-as palavras saíram em um turbilhão,sem Eliza se dar conta do que falava.
-Menos ainda?!-repetiu Almofadinhas,se ponde de pé. O rosto levemente sem cor, mas os olhos cintilando em ansiedade e confusão.- Porque diabos você não gosta de mim?Eu te fiz alguma coisa?
Finalmente.A pergunta que não queria calar para todos e,as vezes,até para ela mesma,Elizabeth.
-Foi justamente ai que você errou...foi,simplesmente,o que você deixou de fazer.-e mirando-o por algum tempo ela se virou, mais uma vez, pretendendo ir embora.Estranhamente,a moça parecia decepcionada.
-Boa noite...- murmurou Sirius, cedendo por fim, como um cachorro surrado. Sua voz soou baixa,mas indescritível.-Hei, não vai nem me desejar boa noite também?Até seus inimigos merecem isso...
-Você não é meu inimigo,Black...não sei o que te fez pensar nisso.E se é tão importante um boa-noite vindo de mim...boa-noite.-a grifinória permanecia parada,a alguns passos dele,mas de costas-Infinitos boa-noites para todos os outros dias da sua vida...
De repente, ele decidiu falar algo que realmente não convinha:
-Eu não te odeio, sabia?
Como resposta mais uma vez ele recebeu o silencio, mas para mostrar que havia ouvido ela voltou a ficar de frente para ele, os cabelos cobrindo ligeiramente o rosto.Sirius sorriu,aguardando sua retirada e ainda assim exitando que ela chegasse.
-Eu até que gostaria de dizer o mesmo...-e virando-se novamente de costas se afastou em passos lentos e pensativos,como sempre naturalmente sensuais.O rapaz assistiu a partida. Era melhor daquela maneira...se ele mantivesse a conversa por mais tempo,provavelmente se afundaria ainda mais. Era estranho, mas ele não parecia conseguir bons resultados ao iniciar uma aproximação...era como se a distancia apenas fortalecesse a amizade e o contrário a destituísse.
Apesar de saber este esquema de mutações nos sentimentos dela, Sirius sabia que iria tentar novamente, e o mais breve possível, uma troca de palavras. Seu novo objetivo agora era vê-la dar um sorriso, qualquer que fosse, dês de que não incluísse desdenho e malícia. Ele se largou novamente no mesmo sofá que minutos antes amparara sua queda: assoprou os fios negros que lhe caiam nos olhos, estes, fixos nas escadarias por onde Adams passara.
Se tinha uma coisa que circulava nas veias dos Black era a teimosia e Sirius,por mais que não quisesse admitir, era incrivelmente um Black.Era definitivamente teimoso...ele nunca iria desistir.
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A madrugada ia avançada e a penumbra no quarto era tanta que era praticamente impossível de se enxergar a alguns palmos na frente dos olhos.
As cortinas encontravam-se cobrindo a única possível fonte de iluminação;a lua, que estava redonda e centrada exatamente no meio do majestoso manto azul escuro forrado por brilhantes estrelas.O vento do lado de fora era intenso e uivos assombrosos (seriam eles mesmo do vento?) ecoavam pelas paredes de pedra do castelo.
Elizabeth encostou a porta com delicadeza já que suas três amigas já deviam se encontrar em sono solto há muito tempo e em passos tristonhos encaminhou-se para sua cama.Despiu-se com agilidade,tornando a se aquecer em seguida com seu pijama.Parou por alguns instantes para contemplar a imagem das outras três compridas camas envoltas pelas cortinas vermelhas de veludo;apesar de tudo aquele ambiente ainda a fazia se sentir acolhida.
Sabia que Hogwarts realmente era seu lugar.Ali durante longuíssimos sete anos ela havia feito muito amigos...grandes e fiéis amigos.Então por que será que se sentia tão sozinha daquela maneira?Adams,com sua alta popularidade,conhecia mais da metade da população de alunos daquela escola e era algo praticamente impossível encontra-la solitária...mas como ela sentia-se agora?
Será que todas aquelas pessoas realmente se importariam em saber o que se passava dentro de sua cabeça?Com tremendo estorvo a garota tentou conter uma nova lágrima que nascia em seus olhos de nevoas densas e sentindo-se derrotada ela deixou as pernas enfraquecerem caindo deitada em sua cama.E permaneceu assim...do jeito que havia caído,contemplando o teto como que esperando ver algo mais através dele,ou talvez,encontrar as respostas para as tantas perguntas das quais o seu ser necessitava.
Em primeiro lugar ela não sabia nem como organizar as idéias e por isso sentia que a cada minuto sua alma pesava mais e mais dentro de si...clamando por um socorro eficaz.Mas como fazer isso?Ela sem duvida necessitava de ajuda...porém a grifinória se conhecia bastante e sabia que seu orgulho era maior do que tudo para ela chegar a pedir a ajuda de alguém.E em todo o caso...quem a ajudaria?
Talvez estivesse sendo um tanto egoísta ao pensar que não teria nada e nem ninguém depois, pois era claro o fato de que tinha sim amigas que se preocupavam,e muito,com ela.Mas...será que isso era o bastante?
Não...não era o bastante.Elizabeth sentia falta de algo mais grandioso e sólido...sentia falta,simplesmente,de uma família.Sim,era isso tudo o que ela precisava.Mas já era tarde...a vida havia sido ligeira em arranca-los de forma brutal dela e agora não havia muito o que se fazer.
Sentindo-se desprotegida e vulnerável a moça se encolheu na cama deixando seus cabelos escuros espalharem-se bagunçados e cobrirem seu rosto.Sem mais poder se conter a jovem liberou as lágrimas para que rolassem soltas em um pranto doloroso por seu rosto claro.
Se havia algo que a garota não gostava com certeza era de se sentir desamparada...ela ,para todos ,era a imagem da frieza e indiferença e agora...encontrava-se ali...tão fraca,tão necessitada de alguém.
Lembrava-se com clareza,carinho e magnanimidade dos rostos contentes e orgulhosos de seus pais a observando em um silencio respeitoso e solene a cada vez que ela,em sua inocência derradeira,mostrava algo novo que havia aprendido.Sua mãe sempre a ensinando,dia apos dia,que não podemos deixar nada para depois e que cada minuto era único e especial e de total preceito para o crescimento pessoal de cada um...e ela ,Eliza,a ouvindo tão atenta e respeitosa sem imaginar que algum dia deveria tentar seguir tudo aquilo sozinha,ter sua própria vida e tomar suas próprias decisões ...e o que antes parecia para ela tão distante era agora,notavelmente,o que ela vivia.
E lembrava-se também das noites de Natal e sua ansiedade inusitada para a hora de receber os presentes...a família reunida (ou seja ela,a mãe, o pai e o cachorrinho Bob )e a entrega dos presentes.Em cada momento feliz e também nos tristes de sua infância,Elizabeth lembrava-se com perfeição de correr até seu animalzinho,toma-lo no colo e encarando-o dizer “Oh,Bob!Você não sabe o que aconteceu...” e ele com seus olhinhos pretos tão idênticos ao pêlo a observava indagador mas sempre companheiro.
E num desespero desmedido Elizabeth lembrou-se por fim da noite em que seu amado cãozinho partira para sua eterna viagem,como dissera seu pai, a acalentando mais uma vez em um de seus infinitos probleminhas que ,na época,pareciam não ter solução.
Naquela mesma noite,inconformada com a injustiça da vida a pequena garotinha de já longos cabelos negros teria ido se isolar na sala mais alta de sua casa,olhando tristonhamente para as estrelas quando seu herói entra pela porta a chamando com a voz mansa “Estrelinha?” ela se virou vagarosamente e correu para se aconchegar nos braços quentes do pai afogando o rosto em seu peito protetor.Seu pai...
Sem perceber, seus lábios começaram a recitar calados a tão doce e familiar cantiga que, em todas as noites,seu paizinho a embalava antes dela mergulhar no que cosmicamente ligado a ela,em seguida a voz grave de Dorian soou aos sussurros : i “Sonho lindo de viver,estrelinha pra olhar,navegando pelo mar,há de ser o bem querer de alguém,pelo mundo,a te buscar...”. /i
Sua garganta ficou entalada com o sufoco que era ter esta lembrança guardada com tanta perfeição em sua memória. Dorian se fora para sempre, carregando consigo quase toda a vontade de viver da agora órfã adolescente...e mesmo assim, de modo um tanto eficaz, foi a sua voz que embalou o sono conturbado de Elizabeth. Ela praticamente dormiu com o rosto ensopado.
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Quando o tempo passa tudo se arrasta atrás dele, ás vezes com pressa, ás vezes com preguiça. Uma semana avançou,avançando também a queda da temperatura. O inverno chegava,o outono se despedia...mas não sozinho,é claro:carregava com ele plantas,folhas, raios de sol. A lua cheia daquele mês finalmente decidiu se tornar minguante, e,além de tudo, ouve finalmente um jogo de Quadribol. O torneio começou com Sonserina vencendo Corvinal por apenas dez pontos de diferença, o que fez Tiago empinar as orelhas para os novos métodos de seus adversários.Os treinos aconteciam com mais freqüência, o que foi mais um bom motivo para Sirius se manter afastado de Elizabeth por todos aqueles sete dias,todos, até sexta feira.
-Como você está se sentindo,Aluado?-perguntou um destruído Sirius,largado de barriga para cima em sua cama. Dava para se ouvir o som de água corrente do banheiro, onde um brioso capitão grifinório tomava banho.Remo entrou no dormitório já erguendo a vassoura de Sirius, largada no meio do caminho, e a apoiando na parede ao lado da porta.
-Estou bem.-disse numa voz cansada.
-Que bom, então...TOMA!- o rapaz mirou com força e empolgação um travesseiro no distraído lobisomem, que cambaleou um pouco cuspindo penas.
-Pare com isso,Almofadinhas.- ele repreendeu,sorrindo.Sirius se sentara na cama agora, com um ar de “Porque?”.Remo notou os olhos brilhantes e a expressão de quem estava tramando alguma coisa no rosto do companheiro-Ih...já sei, você está com algo fermentando nessa sua cabecinha oca,não está?
-Estou.Mas ela não é oca.
-Certo...é cheia. Cheia de porcarias...
-Tá, isso é verdade.- e ele deu uma risada maliciosa, risada esta que fez o outro revirar os olhos e dizer:
-Sirius, vou sair.
-Claro.Mas não vai nem me perguntar o que é que eu to pensando?
-Não.-disse Lupin com a mão já de volta na maçaneta.Sirius fez ar de pidão.-Ok, no que é que você está pensando?
-Que vou ganhar a aposta que fiz com o Tiago.
Nesse exato e imediato momento a porta do banheiro se abriu, vazando fumaça quente. Lá de dentro surgiu um molhado Tiago com uma toalha na cabeça, tentando desvairadamente secar seus cabelos espetados:
-Estou indo.
-Assim?!-exclamou Sirius, quase gargalhando.
-Está indo pra onde?- perguntou Remo,confuso,ainda parado na porta mas sem abandonar o quarto.
-Bah Sirius, como assim “assim”?!-Tiago resmungou, atirando a toalha molhada em seu colchão.
-Do que vocês estão falando?-continuou Remo.
-Você não vai se encontrar com a Evans...desse jeito,vai?- explicou Sirius,como se olhasse para um trapo humano.Tiago ficou ofendido; ele usava uma calça jeans,uma blusa e um moletom.Estava absolutamente normal, e tinha para adicionar um leve odor de sabonete graças ao banho...é verdade que os cabelos negros e úmidos nunca estiveram tão arrepiados como estavam agora,mas quem disse que ele se importava com isso?
-Vou sim vira-lata, quer parar de implicar?- disse,ignorando o dar de ombros gozador do amigo.
Somente depois de Tiago ter deixado o quarto é que Remo voltou a falar:
- Ele vai sair com a Lily?
-Claro que não!Se fosse ainda estaria tomando banho...-disse Sirius, sempre fazendo pouco caso- Ele foi é convidar ela pra sair.Afinal amanhã tem Hogsmead de novo, e é a última visita antes do natal.
-Ah...
Sirius ergueu uma sobrancelha.Remo ficou quieto:
-E você?Não vai atrás da sua namoradinha não, Aluado?Ela ficou fula durante toda essa semana...
-Ah,é..hum...vou,vou sim.
-Então o que estamos esperando?- e Sirius saltou da cama, indo também para a porta.Passou o braço pelo ombro de Remo e o levou para fora do quarto- Vamos em busca de nossas musas então!
-Você também tem um compromisso?-perguntou Lupin, descendo os degraus ao lado de Sirius, que novamente sorriu:
-E me diz um dia que eu não tenho.
Pedro deu uma corrida desabalada em direção aos amigos, abandonando por fim Cynthia,Katherine e Stéphanie. As três ficaram aliviadas com a partida do irritante animago:
-Caras!Onde vocês estavam?Eu estou tão entediado,estava lá conversando com as meninas mas...
-Agora não dá Rabicho, as garotas nos esperam.-interrompeu Sirius,terminando de descer as escadas. Remo sorriu fatigado para ele, como quem diz “Fazer o que?”. Pettigrew novamente se preparou para ficar sozinho.
E desta vez por muito tempo,pois Tiago,por exemplo,já iniciara sua seção de pedidos e de investidas,aproximando-se cautelosamente da ruiva, que neste momento jogava uma partida de xadrez bruxo com a pálida Courtney.
- Oi meninas!- a loirinha tomou um susto com a voz masculina á suas costas,chegando a gaguejar nas ordens que dava para sua torre.
-Oi Potter!-respondeu Lílian erguendo os olhos verdes para ele.Banks, dando uma piscadela discreta para a amiga, abandonou o tabuleiro com a desculpa de “Não quero mais jogar.Potter,porque não continua no meu lugar?” ao que Tiago agradecido se sentou á frente de Lily, fitando-a com um arzinho inebriado mas,ao mesmo tempo,controlado.
-Hei Evans, você mudou de idéia e quer sair comigo?
Estupefata a ruiva revirou os olhos,passada.Ela realmente vinha pensando muito em Tiago Potter naquela ultima semana em que,incrivelmente,ele se mantivera afastado.E sim!Ela realmente havia mudado de idéia mas agora,com aquela introdução assustadoramente infantil de conversa, talvez as coisas mudassem um pouco,novamente.
-Erm...não sei.Sair para onde?
Ele ficou assombrado. Os olhos quase lacrimejados a fitavam com tamanho êxtase que era incrível o fato dele ainda não ter desmaiado de emoção. Tentou recuperar o fôlego, se controlar, agir com mais firmeza e,para isso, desviou os olhos das hipnotizantes esmeraldas de Lily. Sua voz saiu natural pela primeira vez em todos aqueles diálogos com ela, em que ele forçava seu timbre para algo mais grosso,o que sempre ficava ridículo.
-Para onde você quiser, Lil. – e agora,como que mais calmo graças á reação dela, que era de atenção, comentou com ternura-Você sabia que seu nome é o nome de uma flor?Lírio...gosta de lírios,Lily?
-Evans,Potter.
-Ah é...Evans.-ele corrigiu, exitando em voltar com a frieza.-Você gosta?
-Sim, Potter.Eu gosto...-ela mirava ele com curiosidade mal disfarçada-Hei!Olhe para mim, por favor.Eu gosto de conversar com as pessoas olhando nos olhos...é sinal de sinceridade.
-Se você tivesse olhos,eu olhava Lily.- sorriu ele, voltando-se para ela-Mas o que você tem são dois holofotes verdes, lindos, tão lindos...- e voltando a racionalizar se endireitou-Khan, digo...hum...então você aceita sair comigo amanhã?Se gosta de lírios sei exatamente para onde te levar.
Fazendo uma cara bastante convincente (mas na realidade nada verdadeira) de pensativa, ela falou simplesmente, sorrindo:
-Sim.
-Ah,eu sabia.-ele deu de ombros,desapontado.- Então até mais,Li...digo,Evans.-e se ergueu para partir. Pelo menos sua rotina estava completa agora com o novo “fora” da monitora e finalmente ele poderia terminar seu dia em paz.
-Não estou te entendendo,Potter.-a voz indagadora e confusa da moça soou novamente nos ouvidos do maroto-Você queria que eu tivesse respondido que não, afinal?!
Tiago se virou aparvalhado. Por sorte não gaguejou:
-O que?!Você disse...você aceitou...
-Não...Tiago, putz!Eu disse que sim!-ela parecia estar começando a se arrepender da resposta.
-Disse?-ele se iluminou.Seria impossível descrever o que o maroto sentia naquele momento. Só é possível dizer que, aturdido por tantas emoções,ele se aproximou dela para lhe dar um rápido beijo na bochecha.- Ah, sim. Então que horas você quer sair de Hogwarts amanhã?
-A hora que todo mundo vai sair,né?!Claro...de manhã.-Lílian finalizou com simplicidade.E erguendo-se completou-Te vejo amanhã.Ah e devolva esse jogo ao Frank,por favor.-acenando ela se afastou.
Pontas caiu sentado no sofá, já que seus joelhos não funcionavam mais.Seu coração desenfreou no peito e, nos lábios, um sorriso grandioso se mostrava com satisfação.
-Hum...tudo bem aí,Tiago?-Frank apareceu, notando o jogo de xadrez abandonado sobre a mesa.
- Eu nunca estive melhor, Frankie.- respondeu o rapaz, olhando para o vazio que enevoava seus pensamentos.Longbottom decidiu não perguntar mais nada; apenas recolheu o jogo de tabuleiro calmamente,indo devolver num dos armários do salão comunal. No outro extremo deste mesmo salão, Sirius se preparava para ir de encontro á mesma garota que, uma semana antes, tanto lhe orgulhara com milhares de esquivas inteligentes. Antes de tudo, passou pelo sofá onde estancara Pontas á alguns minutos atrás:
-Hei Tiaguito, empresta sua capa?
-Hum?-perguntou ele ainda com o olhar turvado.
-Da invisibilidade...a capa,Tiago!
-Ah sim, claro.- e ele fez um gesto vago com as mãos. Sirius também achou por bem não perguntar o que raios havia liquefeito o cérebro do amigo e,após passar novamente no dormitório para apanhar sua munição, marchou novamente para os confins do salão grifinório:
- Está pronta para um passeio, Adams?-Sirius chegou cauteloso pelas costas da adolescente e sua voz foi um sopro de arrepios no ouvido desprevenido da jovem, que se encontrava rodeada por outras garotas.Três delas pertenciam ao sexto ano, duas ao sétimo e quatro delas ao quinto ano.Todas ao notarem a chegada do estimado rapaz abriram sorrisos encantados e outras ainda se permitiram suspirar.Elizabeth virou-se para ele, ainda sentada, respondendo séria:
-Não vê que estou conversando?
-Mas vocês não se importam, não é meninas?-Sirius passou seus olhos penetrantes por todas as suas “ex”, que estonteadas balançaram a cabeça negativamente,confusas.
-Mas...-e se erguendo a jovem Adams caminhou para longe, irritada. Sirius deu um aceno de despedida para o grupinho e partiu atrás dela, a alcançando com da última vez, segurou o braço delgado de Elizabeth:
-Você se lembra que eu comentei,certa vez, que queria te mostrar um lugar, não se lembra?
-E você se lembra que eu respondi, certa vez, que não queria ver nada que viesse de você, não se lembra?-ironizou ela puxando o braço, como antes também.
-É, eu já disse que minha memória é boa.-ele retrucou, satisfeito.-Mas também disse que ia te fazer mudar de idéia...ou se não disse pensei em dizer. Mudou de idéia?
-Absolutamente,não.Tenho que subir,amanhã cedo tenho um compromisso.-e com aspereza virou-se para sair-Ah, e será que meus “infinitos boa-noites” saciaram a sua vontade de ouvir a minha voz?Se não,mais uma vez,boa-noite.
-Eu não quero mais “boa-noites”.Já estão fora de moda.- disse Almofadinhas, sorrindo- Quero mesmo são seus infinitos elogios em relação ao lugar que quero te mostrar, estrelinha.
Ela virou-se chocada para ele.Seus olhos faiscaram e com a voz carregada de tristeza ao se recordar de seu querido pai,retrucou:
-Por favor, me deixe em paz.-em seguida,baixou os olhos.Ela não sabia direito o porquê mas conversar com Sirius não lhe fazia bem psicologicamente.Nada bem,na verdade.
-Eu deixo.- ele treplicou, se aproximando para chama-la novamente com um toque de leve no braço-Deixo só depois de te mostrar um lugar. Venha, sei que você vai gostar. Você e eu temos algo em comum, afinal de contas...
-Ah, não temos não.Pode ter certeza.-ela falou agressiva.-E também já é muito tarde, não podemos mais sair de nossos salões comunais à essa hora.
-Você gosta de estrelas?
-Você sabe que sim.
-Então!Eu disse que tínhamos algo em comum.- Sirius adotou um ar de suprema franqueza, agora se preparando para ir, e é claro, com ela.- E não se preocupe. Ninguém vai nos encontrar perambulando pela escola e muito menos nos punir por isso, eu lhe garanto.
-Me diga pelo amor de Deus...o que você vai ganhar com isso?-aos poucos a jovem parecia estar se entediando de tanto insistir em discordar do outro.Seus olhos tinham uma expressão entediada e ao mesmo tempo misteriosamente curiosa.
-Porque é que,pra você, tudo o que as pessoas fazem é para ganhar algo em troca?-perguntou Sirius num tom divertido de quem responde á algo engraçado. Ele então puxou o braço da menina e foi a força a arrastando na direção do quadro.Por mais que Elizabeth forçasse os pés para impedir este movimento não podia lutar contra a força masculina de Sirius.
-Escute aqui,moleque...-a voz de Elizabeth arfava devido a força que tentava fazer para continuar parada-Você sabe o que aconteceu da ultima vez que tentou me forçar a fazer alguma coisa, não sabe?
-Sei,levei um tapa.-ele respondeu com pressa e indiferença.-Dessa vez vê se bate do lado esquerdo,pra ficar igual.- e se voltou para a Mulher Gorda,que já estava próxima o suficiente para ser ativada pela senha.E finalmente derrotada a grifinória deixou-se levar parecendo bastante nervosa
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