Aos Treze Anos
Nana Jiló
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A Autora: http://jiloh.tk/
III – AOS TREZE ANOS
Ele não podia estar mais irritado do que estivera durante aqueles dias. As férias de verão haviam chegado, no próximo ano letivo Sirius Black iria para o 3º ano em Hogwarts...Mas por que diabos ele tinha que passar o mês de agosto na casa de suas primas?!
Tá, só porque ele jogara uma bomba de bosta no quarto de tia Araminta não era motivo para ele receber castigo tão cruel! Tá, também teve aquela vez em que ele fingira cair da vassoura e dera um belo susto em Régulus quando este mexeu em seu suposto cadáver. Ok, ok, ele também admitia que fora sua culpa o kappa que estava escondido no casaco de sua querida mãe...Mas nada justificava isto! Um mês inteiro na casa de tia Electra, com suas adoráveis primas Bellatrix e Narcisa! Sim, pois Andrômeda tivera a sorte de ser convidada por uma amiga para passar as férias na casa dela (na verdade, fora convidada por Ted Tonks, mas disse a tia Electra que havia sido chamada pela jovem Cora Nott).
Mas a gota d’água fora quando Sirius defendeu os ‘sangue ruins’ num jantar bem “familiar” – aquilo podia ter qualquer denominação, menos familiar, pois não havia família mais formal e fria que os Black! Sirius ainda ouvia a voz de sua mãe ecoando em sua cabeça:
- SEU TRAIDOR IMUNDO DO PRÓPRIO SANGUE! TENHO VERGONHA DE TER UM FILHO COMO VOCÊ!
E Sirius, levado pelo calor da situação, tentou estuporar a mãe, mas foi impedido por Aldebaran Black, seu pai. Sendo assim, decidiu-se que nada mais natural do que se livrar daquele ‘encosto’, pois era assim que ele era visto por toda a família: um fardo inútil que tinha que se carregar.
E agora lá estava ele, aprisionado naquela maldita casa de tia Electra, que não lhe dava um tratamento muito diferente de sua mãe.
- Vá para se quarto, moleque! – gritou, ela ao pegá-lo comendo biscoitos no meio da noite. – Vamos, ande! Isso é hora de você estar dormindo! E não quero que saia bisbilhotando pela casa, ouviu? – ela o pegou por uma orelha, e Sirius foi arrastado escadaria acima até seu “quarto” – o sótão.
- Ai! – gemeu ele, ao ser largado por tia Electra. Sua orelha estava vermelha.
- E que você não saia daí! – gritou ela, batendo a porta com força e fazendo o aposento mergulhar em escuridão total.
- Claro, titia querida! – Sirius disse, sarcástico.
Ele tateou pelas estantes até encontrar o castiçal de vela que havia achado para iluminar o ambiente quando a noite caísse. Sim, pois se dependesse das atenções de seus tios, provavelmente morreria de fome e ficaria na penumbra total durante toda a noite.
Ele acendeu as três velas do castiçal com uma caixinha de fósforos que havia surrupiado da cozinha quando chegara. Elevando o objeto acima da cabeça, andou até sua cama no meio do aposento e deixou-se largar lá durante um bom tempo.
Quando notou que as luzes dos corredores estavam sendo apagadas e a casa mergulhava em silêncio total, Sirius levantou-se, passando a mão nos cabelos negros para alinhá-los. Era sua deixa para poder comer em paz: ele não era convidado nas horas das refeições, e tinha que se virar com o que roubava da cozinha a noite.
Silenciosamente, ele caminhou pelo sótão, a procura de uma caixa onde ele guardava a comida para agüentar o dia seguinte. Ela estava ao lado de sua vassoura, e ele a olhou, saudoso. Fazia muito tempo que ele não voava de vassoura...que saudade!
Não se contendo, ele pegou a vassoura e a colocou no ombro. Iria dar uma voltinha rápida...Poderia sair pela sacada do primeiro andar: tinha espaço suficiente para tomar impulso.
Sua barriga roncou.
- Mas antes...comer – disse a si mesmo, abrindo a porta cautelosamente.
Bellatrix revirava-se na cama. Não conseguia dormir. Estava muito inquieta ultimamente...Desde que Sirius viera passar o fim das férias na casa dela. Bellatrix não sabia explicar o porque de estar tão estranha...talvez o fato de saber que havia um traidor em sua casa a incomodasse mais do que ela imaginava. É, talvez fosse isso mesmo. Ou talvez fosse porque ela andava sendo importunada por Rodolphus Lestrange, aquele babaca do sexto ano. O rapaz não se cansava de mandar-lhe cartas estupidamente românticas. Bellatrix tinha vontade de vomitar só de lembrar.
Perturbada, ela levantou-se de supetão e olhou pela janela. Uma lua redonda brilhava entre as estrelas, que pareciam insignificantes diante do esplendor da lua cheia, mas Bellatrix não observava essas belezas paradisíacas. Estava mais concentrada no fato de que notara luz na janela da cozinha, no térreo.
Desconfiada, ela puxou sua varinha e abriu a porta do quarto.
Sirius acendera uma vela na cozinha, e agora colocava dentro da caixa biscoitos, pães, alguns doces e todo tipo de comida que conseguisse alcançar. Depois de rondar toda a cozinha, dirigiu-se para a sala. Um lanchinho rápido antes de voar cairia bem.
Ele recostou-se no sofá de veludo verde, colocando a comida na mesa de centro. Se tia Electra o visse comendo na sala, ficaria possessa. Sirius riu ao imaginar a cena.
Ele havia colocado a vassoura encostada a um canto enquanto comia. Logo, pegou-a e começou a girá-la entre os dedos. Estava pensando...Era lua cheia, onde Lupin estaria? Sirius soltou um suspiro pesaroso ao pensar no lobisomem.
- Com a consciência pesada, Sirius? – ele ouviu uma voz zombeteira ao pé da escadaria. Ele continuou sentado, girando a vassoura entre os dedos. Não precisava se virar para constatar que Bellatrix Black olhava-o, com desprezo. – Arrependeu-se de ter traído seu próprio sangue, misturando-se com aquela gentinha?
Ela caminhou até ele.
- Ao contrário – disse Sirius, sorrindo ironicamente. – Muito feliz por não ter a mente sugada por essa família nojenta, Bella... – ele foi cortado por Bellatrix, que bateu na vassoura que girava, fazendo-a cair com estardalhaço.
- A família nojenta a qual você se refere, primo – começou Bellatrix. – É a sua família, por menos que você goste! E não há nada que você possa fazer em relação a isso!
Sirius continuava impassível. Sabia que isso irritava ainda mais Bellatrix, e conteu um sorriso quando a viu ficar vermelha quando ele simplesmente abaixou-se e pegou a vassoura.
Ele comeu mais um biscoito. A sua frente, Bellatrix ofegava de ódio. Como ela sentia ódio daquele pirralha idiota! Que a tirava do sério toda vez que se encontravam! Como sentia ódio!
Após terminar de mastigar o biscoito, Sirius levantou-se e encarou-a, seus olhos negros cintilando. Apesar de ser mais novo que Bellatrix, ele já era mais alto que ela.
Bellatrix crispou as mãos quando Sirius sorriu sarcasticamente, e inclinou-se para sussurrar-lhe ao pé do ouvido:
- Diferentemente de você, Bella – ele disse, num tom meloso. – Eu não saio por aí obedecendo todas as ordens que me são dadas. – ele afastou-se o suficiente para ainda sentir a respiração ofegante de Bellatrix contra seu rosto. Levado por um impulso que ele não sabia de onde vinha, ele inclinou-se mais uma vez e depositou um rápido beijo nos lábios finos de Bellatrix. Ela enrijeceu ao toque.
- O que você pensa que está fazendo? – sibilou ela.
- Te provocando – riu Sirius maliciosamente.
Bellatrix, inconscientemente, deixou-se levar pelo joguinho dele e empurrou-o contra o sofá de veludo verde. Ele caiu pesadamente ali, deixando a vassoura cair de suas mãos. De certa forma, ele havia ficado surpreso com a reação de Bellatrix, principalmente quando ela inclinou-se sobre ele no sofá.
Sirius sentiu o coração acelerar. Estava começando a perder o controle da situação...aquilo não estava em seus planos.
Mais surpreso ainda, ele viu Bellatrix sentar-se em seu colo de pernas abertas, de maneira que ficasse frente a frente, a poucos centímetros de seu rosto. Ela sorriu com malícia.
- Viu? – sussurrou ela. – Eu também sei jogar esse jogo...
Sirius estava sem ação. Não sabia se a empurrava ou se a puxava para si. Lá no fundo, a sua razão gritava para ele empurrá-la para longe: ela, além de ser sua prima, era uma Black preconceituosa e desprezível. Mas todo o seu corpo gritava o contrário: puxe-a para si e acabe logo com isso!
Ambos estavam ofegantes. Sirius sentiu seu rosto queimando, e um arrepio percorreu-lhe a espinha quando Bellatrix aproximou-se novamente.
- Não pense que você pode me vencer com esses seus joguinhos de sedução que você faz com as suas namoradinhas... – riu ela, então levantou-se. Sirius sentiu-se estremecer novamente.
Sem olhar para trás, Bellatrix subiu as escadas, com a intenção de ir para seu quarto. Abafou uma risada ao ouvir o suspiro que Sirius deu assim que ela sumiu de sua vista. É, ele não era mais um menininho inocente...Bellatrix chegou ao primeiro andar da casa, onde ficavam os quartos de suas irmãs e de seus pais. Ela passou pelo quarto de Narcisa, e em seguida pelo de Andrômeda, mas parou na frente desse. Uma coisa a intrigava sobre essa ida a casa de Cora Nott.
Com um grampo de cabelo – já que não podia usar magia – ela abriu a porta trancada do quarto da irmã mais velha e vasculhou a escrivaninha, sem saber direito o que estava procurando. Abriu várias gavetas, vasculhou as cartas e – ora, ora! – uma carta daquele trouxa chamado Ted Tonks! Aliás, uma não, várias! Todas as cartas que Andrômeda tinham era de Ted Tonks! Nenhuma de Cora Nott...Ela sabia muito bem que Cora Nott odiava Andrômeda, por isso achava aquela viagem tão estranha.
Com um sorriso maldoso nos lábios, ela pegou as várias cartas do sangue ruim e levou para seu quarto. Amanhã, ela mostraria para seus pais.
Quando entrou em seu quarto e guardou as cartas em sua própria escrivaninha, olhou de relance pela janela...e viu Sirius voando velozmente em sua vassoura.
Deu outro sorriso. Iria pegar dois coelhos com uma cajadada só.
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