Aos Quinze Anos

Aos Quinze Anos



Blacks

Nana Jiló

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A Autora: http://jiloh.tk/





IV – AOS QUINZE ANOS




Sirius, Tiago, Lupin e Pedro estavam sentados a mesa da Grifinória para o café da manhã, quando um grupo de garotas da sonserina do sexto ano passou, cochichando:

- E vocês souberam? Bellatrix Black vai com Rodolphus Lestrange para o baile de formatura!

- Ora essa... – disse outra. – Mas o Lestrange não terminou a escola há um ano?

- Deixe de ser idiota! Ele pode acompanhá-la do mesmo jeito!

- Mas que péssimo gosto, o dele! – exclamou uma terceira. – Sou muito mais bonita que ela!

- É, minha querida, mas você não vai se formar esse ano! – retrucou a primeira, até que suas vozes se perderam no burburinho do Salão Principal.

- Quer dizer que a prima bonitona do Sirius vai com o Lestrange? – disse Tiago.

- Argh, não sei como você pode achá-la bonita! – retrucou Sirius, com cara de nojo.

- Só porque ela é uma sonserina, não significa que seja feia! – retrucou Tiago. – Mas eu não gostaria de ter uma prima como ela...

- A Delatora! – exclamou Pedro, e todos riram. – Ninguém vai esquecer daquele terceiro ano, Sirius! Que belo castigo você levou por voar de vassoura a noite na casa de seus tios!

Sirius ficou com uma cara emburrada e cruzou os braços. – Puxa, mui amigos vocês!

Todos riram.

- Ah, vamos lá, pessoal – disse Remo. – Está na hora da aula de herbologia...Não queremos nos atrasar, certo?

- Oh, claro que não! – riu Tiago, levantando-se, seguido de Pedro.

- Você não vem? – perguntou Remo, ao notar que Sirius continuava sentando em seu banco.

- Vão indo...vou terminar de comer, alcanço vocês mais tarde – pediu Sirius, pensativo, sem olhá-los.

Os três marotos deram de ombros e seguiram para as estufas, fora do castelo.

Sirius continuou sentando, imóvel, imerso em seus próprios pensamentos. O Salão Principal já havia se esvaziado, e o único ser vivo ali era Sirius, seu semblante sério e sombrio. Quem o visse, jamais imaginaria o que ele estava pensando naquele momento...





Não fazia muito tempo, ele havia pegado uma detenção com nada mais, nada menos que sua prima Bellatrix Black, por estarem duelando no meio do corredor. E ninguém mais que Seboso Snap os pegara brigando. Como monitor-chefe, retirara cinqüenta pontos da Grifinória e trinta da Sonserina, além de chamar Dumbledore pessoalmente para dar uma detenção aos infratores.

- Como duelar nos corredores é uma infração gravíssima, receio ter que dar uma detenção mais grave ainda – começou o diretor. Sirius engoliu em seco, e olhou a prima. Seus olhos negros cintilavam de raiva quando ela olhava para Dumbledore. – Acho que...Limpar a Torre Oeste está noite será uma coisa justa.

- A torre oeste?! – exclamaram os dois, estupefatos. Sirius esperava qualquer coisa, menos isso. Diziam que a Torre Oeste era assombrada pelo fantasma do enforcado – e o pior tipo de fantasma que poderia existir era o fantasma do Enforcado.

- É, a torre Oeste. – disse Dumbledore, encarando os dois Black por trás de seus óculos de meia lua. – Faz...hum...algum tempo que não mandamos ninguém limpar aquela torre, e acho que como castigo para vocês ela cairia muito bem. – finalizou ele.

Sirius e Bellatrix estavam petrificados. Mal podiam acreditar na detenção que haviam pegado.

- E, sr. Black – disse Dumbledore. – Acho que isso também vale por todo o trabalho que você tem nos dado esses últimos cinco anos.

Sirius encolheu-se com o olhar fuzilante que Bellatrix lhe lançou. Assim que foram dispensados pelo diretor para voltarem a suas atividades normais, ele recebeu uma bela cotovelada de Bellatrrix no meio das costelas.

- Então por sua causa eu vou ter que pegar a Torre Oeste?! – rugiu ela, o rosto púrpura.

- Ei, eu não estava duelando sozinho! – exclamou ele.

- Não me refiro a isso, sua besta, e você sabe! – retrucou ela. – Me refiro ao fato de você ser um rebelde sem causa e bater todos os recordes de detenção que qualquer aluno possa ter sonhado!

- Puxa, assim você me deixa sem graça, Bella! – exclamou Sirius, fingindo-se envergonhado.

Bellatrix só não pulou no pescoço do primo porque este fora mais rápido e saíra correndo pelo corredor, a fim de ir a torre da Grifinória.

Ela teve que respirar fundo três vezes para se acalmar. Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Ela, Bellatrix Black, nascida puro sangue na família mais nobre de todo o mundo bruxo, em berço de ouro e com uma conta enorme no Gringotes, teria que limpar a Torre Oeste! E o pior: com o primo traidor! O que mais faltava acontecer?

- Srta. Black! – ela ouviu alguém a chamando, e virou-se. Dumbledore vinha em sua direção, saído da entrada que a gárgula guardava. – Bem, eu esqueci de acrescentar uma coisa.

- O quê? – perguntou ela, irritada.

- Nada de magia na torre.

- Quê? – exclamou ela, incrédula. – E como você espera que nós limpemos aquele lugar?!

- Da maneira trouxa.

Bellatrix ferveu de raiva, e crispou as mãos. Isso ela não admitiria. Ela ia abrir a boca para começar a reclamar, mas os olhos de Dumbledore cintilaram por trás dos óculos, e ela engoliu a frase. De repente, sentiu-se impotente diante do diretor. Ele afastou-se, cantarolando uma melodia que Bellatrix reconheceu como um dos sucessos das antigas de As Esquisitonas. Bellatrix soltou um muxoxo. Odiava aquele efeito que Dumbledore causava em todo mundo.

- É, dá pra ficar pior... – murmurou ela, dirigindo-se para a Sonserina.

Nesta noite, Sirius e Bellatrix Black iriam encontrar-se com Filch em frente a sala de Dumbledore, e ele os guiaria até a Torre Oeste. Na manhã seguinte, ele voltaria lá para pegar os dois Black.

Aquele dia parecia ter corrido mais rápido do que Sirius gostaria, e no que para ele pareceu duas horas, ele estava se dirigindo a sala do diretor com passos arrastados e relutantes. Quando chegou lá, encontrou Filch e Bellatrix, apenas esperando-o.

Filch riu maldosamente enquanto guiava Sirius e Bellatrix pelas escadas do castelo. A medida que eles subiam, a luz ia ficando mais escassa, até que todos foram engolidos pela penumbra. Se não fosse o lampião que Filch carregava, eles não conseguiriam ver nem um palmo diante do nariz. As coisas começavam a ficar estranhas, abandonadas.

Sirius sentiu um arrepio percorre-lhe a espinha quando eles pararam em frente as escadas que levavam a torre Oeste. Filch virou-se para eles:

- Aqui está – disse ele, e jogou uns esfregões, vassouras e baldes para os Black.

- Que? – perguntou Sirius, olhando para o esfregão e a vassoura que lhe foi dada.

- Sem magia, esqueceu? – disse Filch, seu sorriso se alargando ainda mais. – Podem ir subindo. Amanhã pela manhã virei buscá-los...Não por opção, claro, se fosse por mim vocês morreriam aí com o fantasma do Enforcado!

- Ele existe mesmo? – perguntou Sirius, cauteloso. Ao seu lado, ele ouviu Bella soltar um muxoxo.

- Oh, claro que sim! – então Filch não se conteve, e soltou uma gargalhada áspera e compulsiva.

Sirius e Bellatrix encolheram os ombros, e subiram as escadas se arrastando, desanimados. A que parecia mais indignada com tudo isso era Bellatrix. Sirius, de certa forma, já estava acostumado com as detenções de Hogwarts. Podia se orgulhar em dizer que já pegara 80% de todas as detenções criadas no colégio.

Eles subiram a escada em caracol, que não tinha janelas. O ar era úmido e abafado, mas eles continuavam subindo. Carregar aquelas tralhas só piorava a situação deles. Em pouco tempo, já estavam suados e ofegantes até que finalmente chegaram ao topo.

Sirius e Bellatrix se depararam com uma porta de carvalho. Eles olharam-se.

- Você é o homem – grunhiu Bellatrix, e Sirius deu um passo a frente para abrir a porta. Ele empurrou-a com todas as forças, e ela rangeu. Sirius sentiu os pêlos da nuca se arrepiarem com aquele barulho. Assim que eles adentraram a torre, ouviram um uivo longínquo. Deram um passo atrás, simultaneamente.

Bellatrix olhou-o.

- Deve ser só o vento – disse ela, duvidando das próprias palavras. Ela largou o balde e o esfregão a um canto da torre, que estava na penumbra. – Ótimo. Será que não existe nem mesmo uma tocha para iluminar esse lugar? – murmurou ela, colocando as mãos na cintura e olhando em volta.

Sirius deu um sorriso maroto e, para a surpresa de Bellatrix, puxou a varinha de dentro das vestes e acendeu todas as tochas do lugar com um feitiço.

- Você não me avisou – desculpou-se ele.

- Pela primeira vez na sua vida, primo – disse ela. – você fez alguma coisa inteligente.

- Vou ignorar o seu último comentário – retrucou ele, olhando em volta, agora podendo enxergar alguma coisa. Então eles viram o que parecia ser uma sala de aula abandonada, com várias cadeiras viradas e corroídas pelo tempo. Um armário a um canto parecia o lar perfeito para aranhas e traças.

Bellatrix deu um suspiro.

- Então, pode começar – murmurou ela, sentando-se em cima de uma mesa que parecia ser a do professor, pois era a maior. Ela tinha essa mania: nunca sentava-se na cadeira.

- Quê?! – exclamou Sirius.

- Ora, você está com a varinha. Dê logo um jeito nessa bagunça e podemos ir embora!

- E aí Filch descobre que nós usamos magia e pegamos mais uma detenção! – completou Sirius. – Grande plano, o seu.

- Bem melhor do que passar a noite esfregando esse chão – defendeu-se Bellatrix.

Sirius soltou um muxoxo, mas de certa forma concordava com ela.

Com um movimento da varinha, limpou o chão e as paredes, que pareceram ficar menos assustadoras agora. Em seguida, abriu o armário – que por sinal estava ao lado de Bellatrix – e de lá saltaram sapos, aranhas, baratas e morcegos. A garota deu um berro e pulou da mesa, correndo para Sirius.

Quando ele finalmente havia eliminado todos os animais, Bellatrix deu-lhe um soco no olho, soltando todos os palavrões que conseguia se lembrar depois do susto.

- FICOU LOUCO, EH?!?! – berrou ela.

- Era só brincadeirinha – e como resposta ele recebeu outro soco, dessa vez no outro olho. Com certeza amanheceria com os dois olhos inchados e roxos. Tinha que pensar numa desculpa convincente, pois jamais diria aos amigos que fora nocauteado duas vezes numa única noite pela prima sonserina!

- Aprenda a respeitar uma dama! – disse ela.

- Não estou vendo nenhuma dama nessa torre! – retrucou Sirius novamente, e Bellatrix voltou-se para ele, mais que irada. Ela bufou e aproximou-se perigosamente dele.

- Repita – disse ela, ofegante. – Repita isso e será um homem morto.

Pelo olhar de Bellatrix, Sirius não duvidava nada disso. Ele deu um passo atrás.

- Calma... – murmurou ele. – Não precisa levar tão a sério...

- O que eu não preciso – grunhiu ela. – É aturar um traidor como você! Você é tão repugnante...você e seus amigos sem educação...nem sei como aceitaram gente desse nível em Hogwarts! – Bellatrix começava a provocar seriamente Sirius, que agora estava se descontrolando. – E aquela sangue-ruim...como é mesmo o nome dela? Lily Evans? Não é o seu amiguinho Potter que está gostando dela? Ele se rebaixou a esse nível...de gostar de uma sangue-ruim! Sinto náuseas só de pensar nisso! – exclamou Bellatrix, inclinando-se para Sirius.

- Cale-se! – exclamou ele. – Limpe a boca antes de falar dos meus amigos!

Bellatrix gargalhou.

- Você que limpe a boca ao falar com gente de nível como eu... – sibilou ela. – Você tinha tudo, Sirius, para ser um homem brilhante e digno, mas fez questão de bancar o rebelde e ir contra os princípios da família!

- Fui contra o absurdo da família! – defendeu-se Sirius. – É horrendo ver como vocês se referem a seres humanos! Sim, você sabe não é? Os trouxas e nascidos trouxas são tão humanos quanto você e eu! É a coisa mais medieval do mundo essa estória de caça aos trouxas!

- Não tenho nada contra trouxas – retrucou Bellatrix. – Mas que eles não se aproximem de meu mundo e o poluam com o sangue sujo deles!

- Está vendo, é disso que estou falando. – disse Sirius. – Essa mania de sangue...não há a menor diferença!

- Claro que há! – retrucou Bellatrix. – Eles são imundos...E agora você também é!

- Não sou não! – devolveu Sirius. – Eu, você ou Lily Evans somos tão iguais quanto tia Electra ou tia Araminta!

- Não diga bobagens – falou a garota, rindo cinicamente e sentando-se novamente em cima da mesa do professor. Sirius seguiu-a até lá e postou-se a sua frente. – Eu nunca seria igual a essa sangue-ruim nojenta...

- É, você nunca seria igual – comentou ele. – Você é nojenta e grosseira demais para ser parecida com a Evans...

Bellatrix deu um salto da mesa, avançando para Sirius, que deu passos para trás e acabou tropeçando no balde que estava no meio do caminho. Levado pelo impulso, o rapaz segurou-se na prima a sua frente, e acabou levando-a junto ao chão.

Se Bellatrix não tivesse se apoiado com as mãos antes de cair totalmente, ela estaria, literalmente, cara-a-cara com o primo odiado.

- Você e seus amigos são nojentos – ela ainda teve tempo de bufar. Inesperadamente, Sirius levantou-se e girou segurando a prima com as mãos, fazendo-a ficar embaixo de si. – O que pensa que está fazendo, Sirius Black??!? – urrou a garota, tentando se soltar.

O rapaz prendeu os quadris da prima entre as pernas, dificultando ainda mais os movimentos de Bellatrix. Ele segurava em seus pulsos, evitando socos da garota.

Sirius pegou a mão direita de Bellatrix e colocou em seu coração, que estava acelerado. Então colocou a própria mão sobre o coração da prima, que também batia loucamente. Ambos estavam ofegantes. Ela olhou-o, raivosa e confusa.

- O que está sentindo? – perguntou ele.

- Seu coração, idiota – respondeu bruscamente a garota.

- Eu também sinto seu coração. – disse ele.

Nisso, Sirius já havia largado o pulso esquerdo de Bellatrix, e ela apoiou-se no chão com o cotovelo esquerdo. O rapaz pegou a mão da prima que estava em seu coração e colocou no dela própria, colocando por sua vez a sua mão sobre a dela.

- O que está sentindo agora?

- Meu coração – a voz de Bellatrix não passava de um sussurro.

- Corações exatamente iguais – murmurou ele. – O que há de diferente?

Bellatrix soltou a mão direita do aperto do primo, e se apoio nos dois cotovelos, deixando seu tórax semi-erguido. Os rostos dos dois estavam próximos agora. Perigosamente próximos.

Foi Sirius que tomou a iniciativa e avançou na prima, colando seus lábios aos dela. A garota não pareceu surpresa, e deixou-se levar pelo beijo que era ardente, forte e desesperado. Sirius entrelaçou a cintura de Bellatrix, e esta passou seus braços em torno do pescoço dele. Puxava-o com urgência para perto de si, como se sua vida dependesse disso.

Ela sentia a língua dele explorando cada canto de sua boca, buscando, tocando. Ambos sentiram um calor estranho no estômago ao se separarem tão bruscamente como quando se beijaram.

- Saia de cima de mim – disse ela, tentando soar grosseira. Estava ofegante e seus lábios estavam vermelhos e inchados.

Sirius obedeceu sem contrariar. Bellatrix levantou-se em seguida, recuperando o fôlego. Ambos não sabiam o que dizer ou fazer, e ficaram calados pelo que pareceram horas, sem se olharem nos olhos.

- Por que você faz isso comigo, Sirius? – murmurou Bellatrix, que havia se aproximado de uma das janelas e agora olhava para as estrelas no céu.

- Hã? – o rapaz não entendeu. Ele estava parado no meio da sala, sentado em uma das bancas.

- Por que você fica se insinuando para mim?

- Eu fico me insinuando para você? – exclamou ele. – É você que fica me provocando, ora essas!

Bellatrix virou-se para ele bruscamente.

- Eu? – falou ela, incrédula.

- Você sabe que me deixa louco quando faz aquele bico de “não-estou-nem-aí”; quando seus cabelos estão soltos e você fica o tempo todo colocando uma mecha atrás da orelha, quando você passa por mim com aquele perfume de almíscar... – enumerou ele. – E eu nunca vou me esquecer daquele verão na sua casa! O que tinha dado em você?!

Bellatrix então lembrou-se das férias de dois anos atrás. Ela havia praticamente subido em cima de Sirius e se insinuado para ele. Ela colocou uma mecha atrás da orelha, pensativa, nem se dando conta do movimento que acabara de fazer.

Meio surpresa, viu Sirius marchar para cima dela e encostá-la contra o parapeito da janela.

- Você está me provocando – disse ele. – Não faça isso de novo.

Ele parecia realmente descontrolado, e Bellatrix começou a achar graça naquilo tudo. Saber que tinha Sirius Black na palma de suas mãos era maravilhoso, pensou ela. Imagine a cara das milhares de admiradoras do Sirius quando soubessem que ele comia na palma de sua mão!

Dessa vez foi proposital: ela passou a língua nos lábios, e viu satisfeita que Sirius seguia com os olhos cada movimento, como que hipnotizado.

Ela roçou seu corpo no dele.

- Agora chega! – exclamou ele.

Ele agarrou a cintura bem definida de Bellatrix e a puxou para si, beijando-a loucamente. Ela sentiu-se inebriada com aquilo tudo, e num movimento desesperado segurou os cabelos dele quando Sirius beijou-lhe o pescoço: ali era seu ponto fraco, e ela tremeu de excitação.

Sirius, notando isso, sorriu marotamente e mordiscou-lhe o lóbulo da orelha, voltando a beijar-lhe o pescoço. Ela parecia totalmente fora de si quando ele fazia isso. Ele subiu pelo pescoço dela, dando beijos estalados, até que chegou novamente a boca vermelha da prima, e beijou-a mais uma vez, com mais desejo e mais intensidade. Ela parecia enlouquecida, e largando os cabelos totalmente bagunçados de Sirius, desceu as mãos até o tórax definido do rapaz.

Ele vestia o seu uniforme normal de Hogwarts: sem o manto negro da escola ou a gravata, tinha a blusa branca desabotoada no colarinho.

De maneira desesperada, enquanto se beijavam, Bellatrix puxou a blusa para fora das calças de Sirius, começando a desabotoar fervorosamente. Quando finalmente conseguiu abrir totalmente a blusa do primo, ela delineou com seus dedos finos cada músculo do tórax dele, como se quisesse gravar aquilo em sua memória.

Sirius sentiu-se tremer ao toque dos finos dedos dela, e intensificou os beijos no pescoço. Então ele passou a delicadamente acariciar os seios de Bellatrix, que sentiu-se quente ao toque.

Mas então eles ouviram um barulho vindo das escadas e, aturdidos, afastaram-se bruscamente. Bellatrix nem podia imaginar a reação de seus pais se descobrissem.

Sirius abotoou a camisa de qualquer jeito, pulando algumas casas e deixando tudo desalinhado. Passou os dedos pelo cabelo, tentando organizá-los. Bellatrix passou a mão nos lábios, como se quisesse tirar a vermelhidão deles. Ajeitou de qualquer jeito os cabelos e fechou a capa, escondendo o uniforme amarrotado.

O barulho cessou, e ambos viram um gato cinza entrar na torre. O bichano olhou-os sem muito interesse, e caminhou pelo lugar como se fosse o rei. Sentou-se numa janela e deitou-se, observando o casal com os olhos brilhando pelo efeito da luz.

Bellatrix e Sirius suspiraram, aliviados.

A garota cruzou os braços e seu rosto pálido voltou a ter aquela expressão apática de sempre. Sirius suspirou. Sabia que isso era um sinal para eles ignorarem o ocorrido.

Sentou-se numa mesa, ajeitou a blusa e observou, sem muito interesse, as estrelas lá fora. Sinceramente, achava que havia coisas mais interessantes para se ver naquela torre...





Os dois amanheceram encostados na parede, Bellatrix com a cabeça apoiada no ombro de Sirius que, apesar de ser mais novo, era bem mais alto que ela.

O sol entrava pelas janelas, e como os dois estavam bem embaixo de uma, acertou em cheio o rosto deles. A primeira a acordar foi Bellatrix, que rapidamente empertigou-se e se afastou.

Ela deu um cutucão grosseiro nas costelas do primo, que gemeu:

- Hey, oh, não...Já é de manhã? – lamentou-se ele.

- Levante-se. Filch deve estar vindo. – murmurou ela, no tom mais frio que conseguiu produzir após aquela noite.

Os dois agiam como se nada tivesse acontecido, como se aquilo tudo fosse muito insignificante. O que significava que era muito importante para ambos.





- Sirius? – chamou alguém.

O rapaz foi tirado de seus devaneios e olhou para Lupin, parado a sua frente.

- O que está fazendo? – perguntou ele, curioso.

- Hum, nada – esclareceu Sirius, empertigando-se na cadeira. O Salão Principal estava totalmente vazio agora. – O que você quer?

- Profª Sprout me mandou chamá-lo. A aula começou há trinta minutos, Sirius! – advertiu o amigo. – Vamos logo...você já perdeu cinco pontos para Grifinória.

- Merda! – exclamou o rapaz, levantando-se e se dirigindo para a aula.





Algumas noites depois, o grande baile de formatura do sétimo ano começou. Em seu belo vestido preto e escarlate, Bellatrix parecia mais majestosa ainda. Os lábios estavam aveludados e vermelhos, e os longos cabelos negros presos graciosamente, deixando soltos alguns fios, que caíam com elegância no rosto pálido dela. Ao seu lado, Rodolphus sentia-se realmente um rei como acompanhante de uma mulher daquelas. Todos viam o ar superior que ele carregava.

Ao seu lado, Bellatrix não parecia menos orgulhosa de sua companhia. Era de conhecimento público a fortuna dos Lestrange, e se tudo saísse de acordo com o plano da Black, logo, logo ela faria parte dessa prestigiada família.

No Salão Principal, as mesas haviam sido afastadas, dando lugares a mesinhas menores, com impecáveis toalhas brancas e florzinhas no centro. Era uma comemoração especial, afinal não é todo dia que você se forma em Hogwarts.

Apenas os setimanistas, seus acompanhantes, os professores e os pais dos formandos tinham permissão de participar da festa. Os outros alunos haviam sido mandados para seus respectivos dormitórios e proibidos de sair, de maneira a não interromper a solene cerimônia de forma alguma.

Mas claro que essa regra não valia para Sirius Black. Ele estava acima das regras: afinal de contas, ele era ou não era um Maroto?

Junto com ele, os outros marotos também estavam embaixo da capa. Haviam dado uma escapada da torre da Grifinória, a fim de pegar algumas garrafas de firewhisky para a pequena festinha VIP deles. E a formatura era uma oportunidade e tanto para se conseguir firewhisky!

Rabicho, transfigurando-se em um rato cinzento, estava em algum lugar perto da mesa de banquete, observando em que ponto da extensa mesa estavam as garrafas fechadas.

Após algum tempo de espionagem, ele voltou correndo para os amigos, que estavam escondidos atrás de uma grossa cortina azul marinho que pendia do teto.

- E então? – murmurou Tiago, ansioso.

- Ali, perto de onde estão os diretores da Sonserina e da Corvinal. – notificou o louro, apontando para um extremo do grande salão.

- Então vamos logo com isso! Quem vai? – perguntou Remus. Até mesmo ele estava ansioso pelas garrafas de firewhisky. Afinal, eles finalmente haviam se livrado dos N.O.M’s, e todos mereciam umas garrafas daquelas, mesmo contrabandeadas, até mesmo ele, o correto Remus Lupin.

- Vão vocês dois – disse Sirius simplesmente, apontando para o próprio Remus e Tiago.

- Eu estou te estranhando, cara! – exclamou Tiago, olhando para o amigo, preocupado. – Você está calado, não está tão afim assim das garrafas de firewhisky e ainda por cima não quer nem se arriscar em zanzar pelo salão?!

- Só pode estar doente! – sentenciou Pedro sabiamente.

Remus concordou e, virando-se para Sirius, disse:

- Olha, cara, acho melhor você ir pegar as garrafas...Acho que um pouquinho de risco vai dispersas seja lá o que for que está te preocupando.

Sirius suspirou. Estava mais que preocupado...Alguma coisa insistia em latejar em seu peito, e aquilo o estava perturbando. Toda vez que olhava para a imagem da prima, não muito longe dele, dançando com Rodolphus Lestrange, sentia-se meio fraco, meio deprimido, meio com ódio...Uma mistura de sentimentos se apossava dele, e Sirius não conseguia nem mesmo ordená-los.

Baixando a cabeça, pôde ver o olhar preocupado dos amigos.

Num gesto meio que de consolo, Tiago lhe estendeu a capa da invisibilidade, que com sua cor prateada brilhava em suas mãos.

- Vá você sozinho. Isso vai te distrair...e traga quantas garrafas conseguir! – incentivou ele, sorrindo.

Meio a contra gosto, Sirius pegou a capa e enrolou-se nela, desaparecendo. É, talvez Tiago, Remus e Pedro tivessem mesmo razão...Já se sentia bem melhor embaixo da capa.

Atravessou o salão rapidamente, desviando com habilidade dos transeuntes e dos dançarinos. Agora ele atravessava a pista de dança, que era guiada por uma orquestra de fantasmas que tocavam uma melodia lenta, romântica, meio deprimida...

Falava de despedidas, de vozes mudas que gritavam, de pessoas invisíveis que nós insistíamos em enxergar...De amores que fugiam, que se perdiam por causa de diferenças...Por causa de lados opostos...



Sirius não se dera conta, mas parara no meio do Salão Principal, na pista de dança, ouvindo a música tocar. E ele também não se dera conta de que uns três pares já haviam esbarrado nele. Quando o quarto par estava em linha de colisão, o rapaz finalmente acordou de seus devaneios e desviou bem a tempo, mas ao virar-se para o outro lado, deu de cara com Bellatrix e Rodolphus dançando placidamente na pista, indiferentes a sua presença.

Sirius teve vontade de colocar o pé na frente de Rodolphus, mas achou aquela atitude um tanto infantil, e por isso apenas observou-os rodopiar pela pista.

Uns dois casais ficaram na sua frente, e Sirius desviou deles, a fim de observar a dança da prima e de Rodolphus. Não sabia por quê, mas não conseguia desgrudar os olhos daquele casal.

Viu quando, repentinamente, Bellatrix desgrudou-se de Rodolphus e pediu para parar. Sirius não podia ouvi-los, mas percebeu tudo pelo aceno negativo que a mulher fizera com a cabeça. Obediente, Rodolphus saiu da pista. Bellatrix continuou parada onde estava, observando os outros casais dançarem. A mulher parecia preocupada...talvez estivesse nervosa com a formatura...talvez estivesse nervosa com esse repentino noivado que ela havia arranjado para colocar as mãos no dinheiro Lestrange. Sirius não sabia o que era, só sabia que ela estava preocupada.

Ele aproximou-se dela com cautela.

Gostaria de sussurrar-lhe alguma coisa no ouvido, gostaria de dizer que estava ali, ao lado dela, para dar-lhe força...Gostaria de poder tirar a capa e segurar a mão da prima...Gostaria de poder beijá-la novamente. Só mais uma vez...

Atrevidamente, ele avançou até ela e inclinou-se em sua direção, ficando com seu rosto a altura do de Bellatrix. Então, num impulso, Sirius encostou seus lábios nos dela. Bellatrix pareceu confusa no início, olhando através dele, tentando entender. Mas essa reação não durou mais do que alguns segundos, pois então ela fechou os olhos e retribuiu o rápido tocar de lábios. Era um beijo quente, solitário e de amor, a atração física momentaneamente esquecida para dar lugar àquele sentimento que Sirius temia nunca mais sentir, aquele sentimento que o estava fazendo perder a cabeça. E eles ficaram ali, parados durante alguns segundos fugazes, e quando seus lábios se separaram, Sirius sabia que não se encontrariam nunca mais.

Bellatrix abriu os olhos novamente, e murmurou, fitando Sirius como se realmente pudesse ver além da capa.

“Eu sei que é você, Sirius.”

Sabe, às vezes ela podia ser assustadora, pensou ele.

Mas ele sorriu. Era só o que queria.

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