A caçula dos Weasley
O tempo passou. Gina e Draco continuaram se dando muito bem. Não em público, logicamente.
Draco entendera os motivos de Gina para que não assumissem sua amizade perante todos. E Gina, por menos que gostasse de admitir, importava-se e muito com o que os irmãos pensariam dela.
Em decorrência disso, os dois não se falavam com muita freqüência. Geralmente, encontravam-se de tardezinha na biblioteca, horário em que a mesma estava sempre vazia.
Aproveitavam para fazer as lições juntos, conversar e dar umas boas risadas.
Estavam cada vez mais próximos um do outro. E a verdadeira razão pela qual o destino os unira não passara uma única vez pela cabeça de nenhum deles.
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Draco estava exausto depois de uma aula dupla de Trato das Criaturas Mágicas. Hagrid os fizera contar quantas patas tinha um bichinho estranho, do qual ele nem lembrava o nome, curiosamente parecido com uma centopéia, tendo como única diferença o fato de esse bichinho cuspir uma pequena rajada de fogo cada vez que Draco tocava em uma de suas patinhas.
Ao término da aula ele, Crabbe e Goyle subiram para almoçar.
Quando chegaram ao Salão Principal, o aposento já estava cheio. Os três foram sentar-se à mesa da Sonserina.
Draco avistou Gina sentada com os gêmeos, e percebendo que ela lhe retribuía o olhar, deu uma piscadela para a menina. Ela sorriu discretamente, e voltou-se novamente a Fred e Jorge, que testavam novos caramelos incha- língua em Neville, que balbuciava alguma coisa parecida com "Socorro!".
Ele sentou-se normalmente, e começou a conversar com Pansy Parkinson, que parecia muito interessada em saber se ia chover ou não.
Draco estava distraído, quando seu olhar pousou, sem querer, na mesa da Grifinória, no lugar onde Gina estava sentada, espantosamente, com Harry ao seu lado!
O rapaz sentiu uma pontada de ciúme ao vê-lo sentado tão perto dela, ao que parecia, tentando puxar algum assunto.
Não entendia porque, em sã consciência, estaria sentindo ciúmes de Gina. Não tinha nenhuma razão para isso!
Mas naquele momento, ele não conseguia pensar em mais nada. Tudo o que via à sua frente era o Potter, o Menino que Sobreviveu, trovando, ao que parecia, a menina a qual fizera sofrer.
E sofrer muito. Draco sabia de tudo o que a menina havia passado por causa dele. E logo por causa dele! Ele, que deveria pisar o chão que Gina pisa, simplesmente por ela um dia Ter gostado dele, se dava ao luxo de trocá-la pela primeira patricinha que aparecesse, e de achar que seria digno de olhar na cara dela novamente, depois de levar um fora(merecido, aliás) de Cho Chang.
E Draco nunca soube o que Potter deveria Ter na cabeça. Bosta de dragão, no máximo! Ter Gina, Ter toda a sua doçura, todo o seu encanto, toda a sua graça os olhos dela só para ele, e deixá-la desse jeito, não fazia sentido algum!
De repente, Draco percebeu. Não parecia possível, mas era exatamente o que estava acontecendo. Ele sabia que era. Só podia ser.
A caçula dos Weasley de repente pareceu tão frágil quanto um castelo de areia na beira do mar.
Tão pura como uma gota de orvalho, tão graciosa quanto uma borboleta, tão bela como um botão de rosa desabrochando, de um jeito totalmente diferente daquele com que ele a encarava até então.
Draco sabia o que aquilo significava. Tinha um certo receio. Poderia não ser recíproco, poderia complicar sua vida com sua família, da mesma maneira que poderia complicá-la com a dela. E o que toda Hogwarts pensaria? Draco Malfoy namorando Gina Weasley, a garota a qual desprezara desde que se conhecia por gente? Um sonserino com uma grifinória? Um Malfoy com uma Weasley? Não fazia sentido. Não fazia sentido algum. Mas sabia que não poderia lutar contra seus sentimentos. Seria inútil. Gina já conquistara o rapaz.
Draco, de repente, sentiu-se extremamente confuso e cansado. Não sabia o que fazer quanto a isso.
Ele tomou um gole de seu suco de abóbora e tentou prestar atenção em Crabbe e Goyle, que brigavam pelo último pedaço do bolo de chocolate da sobremesa.
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Enquanto isso, Gina passava por uma tremenda saia justa.
Harry estava, de fato, tentando puxar um assunto com ela, mas estava dando algumas indiretas bastante diretas.
- Gina, você ainda não me respondeu. Você está namorando? Quero dizer, de uns tempos pra cá, eu tenho ouvido falar que tem vários caras afim de você.
- Mione, me passa o suco?- ela tentava mudar de assunto, fazer-se de louca, alguma coisa assim. Qualquer coisa.
- Acho meio improvável que você esteja solteira, em todo caso.- Harry ignorava toda e qualquer tentativa que ela fizesse de esquivar-se do interrogatório.- Mas tente tomar cuidado com quem você se envolve. Está cheio de babacas por aí.
Ela fazia sinais de concordância com a cabeça conforme ele falava. Também não queria parecer rude ou grosseira, apesar de tudo.
- Babacas que não aproveitam a melhor das chances quando a têm.
- Aham...
- Gina!- ele virou-se de frente para ela. Parecia decidido a acabar com qualquer possibilidade de fuga do assunto da parte dela.- Você vai me obrigar a falar isso, não vai? Muito bem, eu falo. Gina... o que eu estou tentando dizer é... me desculpe pelo que eu fiz, tá legal? O babaca de toda essa história sou eu, por Ter feito o que fiz...
Ela procurou não demonstrar, mas inicialmente ficou surpresa. Nunca esperara aquilo. Mas logo a surpresa passou, pois parando para analisar, aquilo encaixava direitinho com o perfil de Harry.
A menina não dizia nada. Apenas ouvia o que ele tinha a dizer. Ele realmente parecia embaraçado, parecia estar sendo sincero.
- Harry... - Gina ouviu-se dizendo quando ele parou de falar.- Você sabe que apesar de tudo o que aconteceu, eu sempre estimei e ainda estimo muito a sua amizade. Não quero que fique um clima estranho entre nós.
- Fico feliz que você entenda. Mas... eu ainda não acabei... na verdade, tem mais uma coisa que eu queria te perguntar... eu sei que isso vai parecer... sei lá... mas eu tinha que te falar isso...
- Vá em frente...- ela encorajou-o.
- Bem... o que eu queria saber é se... se você gostaria que... que nós voltássemos.
Ele pareceu expulsar as últimas palavras.
Agora sim, Gina estava embasbacada. Que tremenda cara- de- pau! Como ele pudera pensar que ela um dia cogitaria tal hipótese? Afinal, que tipo de garota ele achava que ela era? Que era apenas chamar, que lá viria a Gina correndo, pronta para ser a diversão, enquanto a coreana não vem? Que ela não tinha sentimentos? Afinal, o que o fazia pensar que poderia brincar com seus sentimentos dessa maneira?
- Harry! Eu... eu fico surpresa, como você pode ver. Eu nunca pensei que você me perguntaria isso. Afinal, como você mesmo disse, você me fez sofrer muito, e não tem o direito de brincar com os meus sentimentos dessa maneira. O que você estava pensando, afinal? Que eu estaria sempre ali pra você, quando você tivesse vontade? Pensou que meu amor, que era sincero, iria suportar a uma decepção daquelas? Que não havia outros garotos pelos quais me apaixonar? Bom, engano seu! Eu não sou o seu brinquedinho, que você joga em um canto, deixa lá e pega de volta quando não tem nada pra fazer! Eu tenho sentimentos, e me iludi quando achei que eram correspondidos. Mas chega! Acabou!
Ele ficou visivelmente desapontado, mas não parecia que Gina o havia negado uma coisa tão séria. Ela podia ver, agora, que o pedido de desculpas realmente era sincero, mas o amor por ela, que ele tentava restituir, não.
- Tudo bem. Você tem razão. Eu realmente não acreditava que você fosse voltar, mesmo.
- Desculpe se eu mudei o tom de voz, mas... tudo o que estava preso há um bom tempo escapou agora. E repito: eu valorizo muito a sua amizade.
- Você sabe que eu sempre serei seu amigo. E abusa disso!- ele sorriu. Finalmente, estava tudo bem entre eles.
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Os dias que se seguiram foram de extrema felicidade para Gina. Finalmente havia resolvido sua situação com Harry, e pelo menos com a amizade do rapaz ela ainda podia contar.
Descobria gradualmente em Draco Malfoy um amigo para todas as horas, nem de longe parecido com o cara arrogante de antes. A única coisa ruim era precisarem esconder-se de todos. Mas isso eles estavam conseguindo contornar muito bem.
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Fazia uma bela tarde de outono, e Gina estava sentada nas arquibancadas da Grifinória, assistindo o jogo contra a Sonserina.
Ela nunca pensara que um dia sentiria-se dividida entre Grifinória, que era a sua Casa, e Sonserina, o time pelo qual Draco estava jogando.
O jogo corria extremamente bem, e ela vibrava a cada gol da partida.
Então, o momento decisivo chegou, quando Harry curvou sua Firebolt em um mergulho espetacular, seguido de perto por Draco em sua Nimbus 2001, que também havia avistado o pomo ao pé de uma das balizas da Sonserina.
Gina estava tão distraída com a adrenalina do momento que perdeu a jogada de seu irmão. Ao ver Draco seguir Harry de perto, Fred lançou um balaço na direção do rapaz, que acabou por atingi-lo no abdome.
Tudo aconteceu em pouco mais de dois minutos, com um grito de Gina, abafado pelos gritos da torcida da Sonserina, como desfecho para a cena.
Draco caiu da vassoura desmaiado, provavelmente por causa da dor, a uma altura bastante considerável.
Mas para alívio de Gina, que a essa altura já sentia o coração bater na garganta, Madame Hooch o segurou antes de ele bater no chão.
A menina estava em prantos, por vários motivos. Por não saber o que fazer, pois era lógico que todos estranhariam se Gina invadisse o campo para saber como Draco está. Por estar em prantos, e não poder demonstrar e nem conversar com ninguém. Por estar pensando em todas as piores possibilidades, de o balaço Ter atingido a cabeça do rapaz, e até coisas piores não deixavam seu pensamento.
Em meio à festa de comemoração da torcida da Grifinória, quase imperceptível, uma menina de quinze anos deixou uma lágrima escorrer por seu rosto, levantou-se e subiu para o castelo, para onde provavelmente já teriam levado Draco.
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