O início



Gina passou o resto o dia preocupadíssima por causa de Draco. Não podia arriscar de ir à Ala Hospitalar, e se alguém visse? Ela deveria estar na festa de comemoração no Salão Comunal da Grifinória, mas estava sem ânimo para festas. Seu melhor amigo estava desmaiado em uma cama de hospital e ela não podia nem ao menos estar lá para das apoio.

Quando percebeu, a menina estava enxugando várias lágrimas que escorriam pelas maçãs do seu rosto.

Sentia-se só, desamparada sem Draco por perto. Ela acostumara-se com a presença dele, sempre que ela precisou. Mas agora o quadro invertera: ele precisava dela, e Gina não estava lá.

Ela não entendia mais nada. Não tentara segurar as lágrimas, apesar de não entender o seu significado.

Claro, Draco estava no hospital e ela nem sabia direito o que ele tinha. Mas isso já acontecera antes! Rony fora internado várias vezes, e Harry, então, nem se fala. E mesmo estando apaixonada por ele, Gina nunca derrubara uma lágrima. Não de propósito, lógico, mas nunca derrubara.

Ela não queria pensar em mais nada! Tudo o que queria era Draco ali, para reconforta-la.

Sentia-se vazia por dentro, incompleta sem ele.

Então, como um raio, uma idéia absurda, ridícula, atravessou seu pensamento.

A menina afastou-a de imediato. Não podia ser! Ridículo! Draco era apenas seu amigo, nada mais. E era natural ela estar preocupada com ele e atém mesmo chorar por ele era perfeitamente normal e plausível.

E, supondo-se que fosse verdade, Gina sabia que Draco tinha plena consciência de que poderia Ter qualquer garota que desejasse, onde quando bem entendesse. Ele nunca olharia para ela daquela forma. E nunca iria querer nada com ela.

E, por que diabos ela estava pensando nisso, afinal? Draco estava desmaiado na Ala Hospitalar!

E esse fato voltou a ocupar a mente da garota, que voltou a chorar, desta vez com mais intensidade, e acompanhada de alguns soluços.

Gina não queria admitir, mas qualquer um que a visse chorar naquela hora identificaria lágrimas de amor.



**



Draco acordou assustado com um barulho estranho na Ala Hospitalar. Logo em seguida, ele pôde escutar a porta se abrindo, e um pequeno facho de luz proveniente do corredor iluminou a parede de pedras da Enfermaria.

A porta fechou-se e fez-se audível o farfalhar de algo que parecia ser uma capa afastada pelo chão.

Seu rosto iluminou-se quando ouviu uma voz familiar:

- Draco? Onde você está?

- Segunda cama à esquerda.

Dentro de alguns segundos, a silhueta de Gina, inconfundível para ele, materializou-se diante à sua cama.

- Gina! O que você está fazendo aqui? Você pode ser pega, o Filch andava rondando esse corredor agora a pouco!

- Eu precisava te ver. Não ia agüentar muito tempo sem saber que você está bem... e com o Filch eu não preciso me preocupar, olhe: eu peguei a Capa da Ivisibilidade emprestada do Harry.

- Potter... - Draco resmungou.- Quer dizer que ele tem uma Capa da Invisibilidade? Era o que faltava para completar o Garoto Prodígio...

- Por favor, Draco, eu sei que você não gosta dele, mas não conte isso a ninguém. Ele me contou sobre a Capa quando namorávamos, me fez jurar guardar segredo. Fora que você tem que reconhecer, por menos que goste dele, que se não fosse por ele eu não estaria aqui. Quando eu fui pedir a Capa emprestada, ele confiou-a a mim cegamente, sem nem ao menos perguntar o que eu iria fazer com ela!

A parte na qual Gina lembrou o namoro que tivera com Potter fez a expressão de Draco um pouco amarga. Por sorte, Gina não percebeu, pois estava muito escuro para isso. E ela tinha razão: se não fosse por ele, não estaria vendo Gina nesse momento.

- Gina, podemos, simplesmente, não falar do Potter?

- Claro. Então, como você está?- ela perguntou, apreensiva.

- Estou bem, não foi nada grave.

- Ah, sim, deve Ter sido um pequeno ferimento, para fazer você desmaiar e cair da vassoura! Ora, vamos, não tente me enganar! Me diga de uma vez: o que você tem?

- Estou falando sério, Gina, não foi nada grave! Eu só levei um balaço no abdome. A causa do desmaio foi a dor, que não foi pouca. Mas agora já estou melhor, só um pouco dolorido. Madame Pomfrey achou melhor eu passar esta noite aqui, em observação. Mas amanhã já voltarei às aulas normalmente. Não há razão para se preocupar.

- Tem certeza que você está bem? Não está precisando de nada?

- Bom... já que você perguntou... eu adoraria uma massagem...

- Draco! É sério!- Gaia deu um tapinha de brincadeira no ombro dele.

- Não, não, eu estou bem, obrigada. Não precisa se preocupar.

Gina sorriu. Ele era sempre bem-humorado desse jeito. Não perdia o bom- humor nem deitado em uma cama de hospital. Era realmente um cara incrível!

- Bem, acho melhor eu ir. Já demorei demais. Se o Filch um dia sonha que eu estive aqui à noite, me estripa!- Draco riu da expressão que ela usou.

- O que, é verdade! - ela também sorriu. Estava mais aliviada agora que sabia que Draco estava bem.- Vou indo.

Ela preparava-se para se cobrir com a capa, ao que Draco falou, com um sorrisinho maroto no rosto:

- Não vai se despedir do paciente?

- Desculpe, eu quase me esqueci. - disse Gina, sorrindo novamente. Ele não perdia a chance de se fazer de engraçadinho.

Inclinando-se um pouco sobre a cama, a menina deu um beijo no rosto dele.

Sem dizer mais nada, ela cobriu-se com a capa.

Draco escutou novamente o barulho da porta abrindo, o facho de luz do corredor aumentando conforme aumentava o ângulo da porta, parando para Gina passar, e diminuindo até desaparecer, acompanhado do barulho da porta fechando.

O rapaz passou um bom tempo fitando o teto de pedra da Ala Hospitalar.

Demorou para pegar no sono, mas quando dormiu, tinha um sorriso no rosto.



**



Gina acordou realmente aliviada na manha seguinte, por saber que Draco provavelmente já estava preparando-se para a primeira aula do dia, que, conforme ela havia escutado Rony falando na tarde anterior, seria com o sexto ano da Grifinória.

Ela parava de vez em quando, e via-se a pensar. Tudo poderia ser tão mais fácil! Por que raios Rony não podia se dar bem com Draco? Só por que seus pais eram inimigos.

É claro, Draco também não fazia nenhum esforço para se dar bem com Rony, mas ela sabia que ele era uma pessoa maravilhosa, e tentaria de muito bom grado, se Rony também se dispusesse.

Aí é que morava o perigo. Rony nunca escutara o nome Malfoy sem fazer cara feia. E se ele um dia sonhasse que sua irmã cogitara, vagamente, a possibilidade de um dia eles dois virem a se dar bem, aliás, se dar bem, não, cumprimentarem-se já estava bom, ele simplesmente a deserdaria.

Ela afastou esses pensamentos da cabeça, terminou de fazer cachinhos nas pontas dos cabelos e foi para a aula.



**

Fim de semana de visita a Hogsmeade. Todos estavam muito animados, especialmente Fred e Jorge.

Este seria seu último ano em Hogwarts, e os dois queriam aproveitar tudo, até o último minuto.

Gina achou que esta seria uma ótima oportunidade para marcar um encontro com Draco. Se todos estivessem em Hogsmeade, poderiam conversar em paz, sem precisarem esconderem-se pelo castelo.

Em seu dormitório, ela desenrolou um pergaminho, molhou a pena no tinteiro e remeteu a seguinte carta:





Draco,

Como você já deve saber, hoje teremos uma visita a Hogsmeade.

Se você não tiver planos para lá, encontre-me no corredor do terceiro andar, perto do armário de vassouras. Eu gostaria muito de falar com você.

Mas eu quero deixar claro que não tenho a mínima intenção de estragar o seu passeio. Se tiver alguma coisa para fazer em Hogsmeade, vá com os outros alunos. Podemos marcar outra hora.

Me responda com a confirmação.

Com carinho,

Gina.

**

Draco acabava de acordar. Como fazia frio, quis ficar mais uns minutinhos na cama.

Os professores haviam organizado uma visita a Hogsmeade para este fim de semana. "Legal", pensava ele. "É bom mudar de ares de vez em quando."

Acomodou-se entre as cobertas.

Então, escutou um barulho de bicadas na janela. Viu uma coruja- das- torres do lado de fora, querendo entrar.

"Ah, não."

Preparou-se psicologicamente para o frio do chão de pedra. Levantou-se rapidamente, e abriu a janela, fechando-a logo depois.

A coruja entrou e deu algumas voltas no teto do dormitório, antes de largar um pequeno pedaço da pergaminho, caprichosamente enrolado e preso por uma fita mimosa azul, em cima de sua cama.

O rapaz ignorou o animal, pegou a carta e a leu.

Então, Gina queria marcar um encontro. Hogsmeade desapareceu totalmente de sua cabeça, dentro de segundos. Gina era infinitas vezes mais importante do que qualquer coisa, qualquer visita idiota a um povoado idiota com um bando de alunos idiotas vendo lojas idiotas e comprando coisas idiotas.

Imediatamente, ele pegou um pergaminho, e escreveu a confirmação. Certamente, ele iria.

Não conseguia pensar em nada que não fosse o sorriso de Gina, enquanto prendia o pequeno bilhete na perninha da coruja. Estava contagiantemente feliz por isso.

Gina dissera que queria falar com ele. Sobre o que seria? Naturalmente, ele queria falar com ela também. Ele sempre queria falar com Gina. Sempre queria vê-la, sempre queria estar com ela. Para sempre!

O problema era como contar isso a ela. Ele já tentara várias vezes, já ensaiara frases na frente do espelho durante incontáveis horas, mas tudo parecia ridículo, deplorável, patético.

E talvez o destino tenha posto esta ocasião, que parecia oportuníssima, para abrir seu coração com a ruiva.

Pensando muito sobre isso, Draco chegou à conclusão de que não teria cabeça para ensaiar mais outro milhão de frases antes de dirigir-se ao corredor. Então, achou melhor deixar tudo nas mãos da sorte, e simplesmente dizer à menina o que sentisse na hora.

Ao descer para o café, Draco viu Gina entrando no Salão. Um discreto sinal positivo com a cabeça deixou claro que os dois estariam pontualmente lá.

**

Logo após o almoço, Gina acompanhou a pequena multidão de grifinórios que subia para pegar dinheiro para gastar em Hogsmeade, e permaneceu em seu dormitório até todos irem embora.

Então, saiu da Torre da Grifinória, e dirigiu-se para o corredor.

Ao dobrar a esquina, viu que Draco já a esperava, exatamente em frente ao armário das vassouras. Ele abriu um largo sorriso ao vê-la. Um sorriso que inebriou a menina, mesmo que por um segundo.

- Oi.

- Oi, Gina.

- Você acabou chegando antes de mim! É que eu precisei esperar toda a Grifinória ir embora, para poder descer. Desculpe. Estou muito atrasada?

- É claro que não. E mesmo se estivesse, não seria nenhum incômodo te esperar.

- Obrigada.- disse Gina, visivelmente ruborizando.

- Então, você disse que queria falar comigo. E sinceramente, eu não faço a menor idéia de sobre o que poderia ser.

- Bom...- as bochechas dela queimaram.- na verdade, não tem um assunto específico. Eu só estava com saudades. Fazia tempo que não nos víamos. Acho que desde que você se machucou...

- Pior! É verdade! Isso faz... o que, duas semanas?

- Ou mais. E eu ainda não estou convencida de que não foi grave. Quero dizer, não tem como não Ter sido! Olha a altura que estava aquela vassoura! É inacreditável!

- Realmente. Por sorte, eu estava desmaiado na hora da queda. Não vi nada.

- Menos mal...

- Hhhmmm... mas obrigado pela sua preocupação, Srta. Weasley.

- De nada, Sr. Malfoy. Mas eu ainda não consigo acreditar que você não saiu machucado!

- Por quê? Queria que eu me machucasse?- Draco tinha um sorriso zombeteiro no rosto.

- Que horror, Draco, você sabe que não!

- Bem... se você me fizesse visitas todas as noites com a Capa da Invisibilidade do Potter, eu não me importaria de me machucar um pouquinho...

- Que horror! Você sabe que não precisa estar machucado para me ver. É só mandar uma coruja.

- Vou lembrar disso, hein?

- Pode lembrar. É verdade, mesmo...

- Tudo bem, Gina. Nessa, você me ganhou...

- E você poderia me fazer o favor de dizer quando eu não ganho de você, Draco?

- Não.

- Por que não?- ela estranhou.

- Porque se eu enumerar todas as vezes que você não ganhou de mim, vou morrer falando...

Sem resposta, a menina limitou-se a um sorriso vencido.

Os dois ficaram conversando por horas a fio, sem se darem conta de que já anoitecia.

Por volta das sete horas, fez-se audível o barulho dos passos de estudantes que retornavam de Hogsmeade, cada um querendo falar amis alto do que o outro sobre o que comprou ou deixou de comprar.

Ambos sabiam que encontrariam-se em uma situação extremamente constrangedora se toda Hogwarts chegasse do povoado e os encontrasse ali, conversando como velhos amigos.

Com a aproximação dos passos, Gina começava a entrar em pânico gradativamente. Draco, porém, sem nem pensar no que estava fazendo, abriu a porta do estreito armário de vassouras e puxou Gina para dentro.

Teriam que esperar todos passarem para poderem sair do armário sem que ninguém os visse.

- Essa foi por pouco... - Draco sussurava, aliviado.

- Nem me fale... nós perdemos a noção do tempo. Estamos aqui a quase três horas!

- Por Merlin! Eu não tinha percebido!

- Não sei como não nos viram!

- Quer que eu te lembre? Eu te puxei pelo braço, e entrei dentro deste armário de vassouras extremamente apertado.

- Draco, você só pode estar louco...

- Eu sou louco. Você ainda não tinha reparado?

Gina riu. Mas os coração dos dois quase parou quando ouviram um barulho do lado de fora, parecia que alguém chutava o armário, ou queria abri-lo.

O susto fez com que Gina envolvesse o pescoço de Draco com os braços, procurando proteção.

Passaram-se alguns segundos, sem que anda acontecesse. Alarme falso. A menina suspirou aliviada por Ter sido apenas um susto, quando percebeu a posição em que estava.

Ruborizada, e sentindo suas bochechas queimarem, ela balbuciou algo que parecia com um pedido de desculpas, e fez menção de separar-se do rapaz(pelo menos, tirar os braços de volta do pescoço dele, que era o máximo afastamento que o armário permitia).

Ao sentir os ombros mais leves conforme ela levantava os braços, Draco, sem nem parar para pensar no que estava fazendo, impediu-a, abraçando-a pela cintura e puxando o corpo da menina contra o seu.

Ela sabia o que aquilo significava. Estaria mentindo se dissesse que não queria, mas também não poderia dizer que queria, propriamente dito.

Gina pensava nas conseqüências que um pequeno ato impensado como aquele poderia acarretar.

Mas enquanto pensava, sentia os braços de Draco em sua cintura, firmes e decididos, e a respiração dele cada vez mais perto.

E o magnetismo dos olhos cinzentos dele... Gina tentava, mas não conseguia resistir.

Por fim, rendendo-se a seu coração, a menina entregou-se ao beijo terno de Draco. Ambos sentiram um calor aquecê-los por dentro, e a partir daquele momento, souberam que ficariam juntos para o resto de suas vidas.

Draco podia sentir seu coração batendo rápida e descompassadamente. Batendo por uma grifinória. E não se importava nem um pouco com isso. Gina era a mulher de sua vida e nada nem ninguém, jamais, conseguiria separá-los.

Gina pensava na família. Teria que enfrentar os pais e os irmãos para ficar com Draco, e não sabia se teria forças para isso.

Mas ali, mergulhada no beijo e segura nos braços dele, ela deixou de sentir medo. Tudo ficaria bem, desde que estivessem juntos.

Os dois ficaram ali, esquecidos do mundo, não saberiam dizer se por doces segundos ou profundos minutos. E nem queriam saber. Nenhum dos dois queria nada, a não ser o outro.

Tudo pareceu tão certo, tão simples, tão belo, simplesmente por estarem ali.

Eles nunca haviam sentido nada parecido, experimentavam um sentimento totalmente novo.

Gina sentia uma energia, uma segurança, uma coisa inexplicável no beijo de Draco. Uma coisa boa, que o beijo de Harry nunca teve. Draco a segurava firmemente em seus braços, inebriando-a.

E Draco, ao sentir Gina corresponder ao seu beijo, sentiu que poderia explodir de felicidade a qualquer momento. Sentia-se leve, compreendido, finalmente encontrara um sentido para sua vida: ser digno de Ter Gina em seus braços. E ele faria de tudo para alcançar esse objetivo. Gina o fazia sentir que realmente havia um bom motivo para viver, uma boa razão para tentar fazer a diferença no mundo.

Um completava o outro, de forma exata.

Não foram precisas palavras quando o casal se separou. Sabiam o que queriam. Sabiam o que teriam de enfrentar.

Fizeram juras silenciosas de ficarem juntos para sempre, e ao saírem do armário de vassouras, despediram-se com sorrisos.

Dois corações acorrentados partir daquele momento.

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