O preço de uma escolha

O preço de uma escolha



O Preço de uma Escolha



Dezesseis horas atrás...



Uma leve tontura foi à reação do organismo enfraquecido de Draco Malfoy. Ele precisou apoiar as duas mãos no colchão da sua cama para conseguir ficar sentado. Havia chorado tanto naquela noite, que ao tocar em seu travesseiro, percebeu que este estava úmido de lágrimas. A tontura voltou seguido de uma forte ânsia de vômito. Ele jogou a cabeça para o lado e vomitou em todo o chão do dormitório. Seus olhos ficaram marejados de lágrimas, quando a imagem de Crabble entrou em foco a sua frente, tudo ficou borrado outra vez e ele mergulhou em uma escuridão atormentadora. Acordou uma hora depois, estava na enfermaria, coberto por um ralo lençol branco, e estava sem roupas.



Madame Pomfrey? – Draco chamou a enfermeira em um bom e alto tom.

Escutou passos vindos do escritório da enfermeira, e a bruxa apareceu por entre as cortinas. Ela tomou o pulso de Draco e examinou os olhos do menino sem fazer comentário algum.



Posso ir embora? – Draco perguntou.

Ainda não, Sr. Malfoy. O Sr. Será internado no St. Mungos amanhã cedo, sinto em lhe dizer, mas o Sr. Esta com problemas de saúde dos quais eu não pude sanar.

E o que eu tenho de tão sério? – Draco perguntou assustado.

Não tenho certeza – ela respondeu em tom comovente – mas receio que sua vida esta em jogo. Alguém o envenenou seriamente.

Do que você esta falando? – Draco perguntou, chocado.

Avo Dumbledore e eu acreditamos que você corre risco de vida.

Foi como se um balde de água gelada atingisse a Draco no peito. Sentiu suas pernas fraquejarem e a leve tontura voltar. Só podia ser uma brincadeira de mal gosto.



Seus pais já estão sabendo e esperam para falar com você. Eles podem entrar?

Por favor – Draco conseguiu dizer.

Antes, preciso lhe dizer mais uma coisa. – Pomfrey disse puxando o lençol de Draco até a altura do tórax – essa mancha no seu peito é decorrente do envenenamento. Você teria muitas chances de se sair bem, mas descobrimos tudo tarde demais.

Obrigado – Malfoy disse engolindo em seco. – Pode chamar meus pais.

A enfermeira fez uma pequena reverencia, sumindo pelas cortinas e surgindo em instantes, acompanhada dos pais de Draco.



Oh, meu filho! – Narcisa falou soluçando e chorando, enquanto abraçava compulsivamente o filho e afagava os seus cabelos louros. – Vai ficar tudo bem.

Não iluda o menino – Lúcio Malfoy disse, parado junto à porta. Não demonstrou qualquer emoção por saber que seu filho estava para morrer – não vamos adiantar o seu sofrimento.

Cale a boca! – Narcisa falou empunhando sua bolsa Penélope.

Não seja ridícula e pare de fazer suas ceninhas! – Lúcio foi frio e calculista – o garoto já esta com o pé na cova e não há nada que possamos fazer.

Depois de tudo que você fez ao nosso filho, você ainda o trata assim? – Narcisa perguntou atordoada.

Se você falar mais um piu... – ele ameaçou.

Falar o que? – Draco entrou na conversa – Vocês acham que eu não me lembro daquela noite?

Demasiadamente aturdido, Lúcio saiu correndo da enfermaria.



Seu pai não queria fazer aquilo – Narcisa disse tremula – Não o culpe...

- Você o encobriu o tempo todo – Draco disse agressivamente – Eu não preciso de pais assim. Vá embora!







***



Durante o dia, Draco ficou pensando em como iria contar para Harry o que havia acontecido. Sua mãe tinha ido embora e ela puxava o marido pelo braço, ainda atordoado pelo acontecido. Na aula de poções, Draco tomou o cuidado para não olhar Harry e começar a chorar. Mesmo assim, ele foi surpreendido pelo professor Snape no meio da aula.



O que esta acontecendo, Sr. Malfoy? – O professor perguntou no final da aula – você nem se concentrou hoje...

Desculpe mas eu preciso ir – Draco falou saindo correndo da classe para alcançar a Harry já estava saindo das masmorras.

Podemos conversar? - Harry perguntou ao notar a aproximação do garoto.

Claro que podemos. Mas tem que ser agora, antes do jantar. – Draco disse.

Mas aonde? – Harry quis saber.

Na Orla da Floresta Negra seria ótimo.

Tudo bem... – Harry concordou. Mal se deu conta que Draco apanhou sua mão e o conduziu pela entrada principal. Muitos olhares curiosos se voltaram para os dois.

O caminho por entre a grama seca foi rápido. O ar gelado anunciava o natal que já estava chegando e eles ainda estavam com as mochilas nas costas. Draco desviou da cabana de Hagrid porque a luz da cabana estava acesa.



Esta muito frio aqui. – Harry se queixou.

Eu não tenho muito tempo – Draco resmungou.

Do que você esta falando, e porque precisamos vir tão longe, a floresta é perigosa, ainda mais com os Centauros zangados por causa de Firenze.

Draco não respondeu, caminharam por mais alguns minutos até chegarem a Orla da floresta negra. O Céu escuro e salpicado de estrelas iluminava fracamente a face sombria de Draco. Harry começou a se excitar porque estavam sozinhos, passou sua mão por entre a cintura de Draco, mas este o afastou.



Não podemos continuar juntos. – Draco disse sem rodeios, fixava seu olhar em tudo, menos em Harry.

Harry sentiu mais uma vez o chão fugir debaixo dos seus pés. – Não entendi. – disse ele sentindo sua boca tremer. – nos amamos e isso é o que importa... não é?



- Eu não amo você – Draco disse sem conseguir segurar as lagrimas, precisava fazer aquilo, era a única maneira de Harry não sofrer tanto.



Porque você esta fazendo isso comigo, Draco? O que eu fiz para você? – Harry também estava chorando.

Eu... – Draco tinha dificuldades pra falar – Não podemos mais ficar juntos! – ele disse se aproximando mais de Harry. A neve começou a cair e os dois ficaram se encarando.

Então é isso? – Harry perguntou. – É cada um para o seu canto! – Harry virou as costas e começou a caminhar em direção a saída da orla da floresta.

- Harry! – Draco gritou correndo atrás do menino, puxando-o pelo braço. Seus olhos se cruzaram – Me perdoe... eu sempre vou te amar, não se esqueça disso por favor – ele abraçou a Harry e o beijou demoradamente – eu te amo – ele repetiu – mas nunca mais vamos ficar juntos. Desculpe-me. Eu não posso explicar. O problema não é você, sou eu!







Harry voltou tão magoado e confuso para o castelo, que no meio do caminho chegou a tropeçar e cair. Nem quis saber se Draco conseguiria voltar sozinho para dentro da escola. Subiu cegamente para a torre da Gryffindor e entrou direto para o quarto quando Rony apareceu para saber o que tinha acontecido.



***



Tempo presente.



Draco foi internado esta manhã no Sto. Mungos – Rony quase gritou para Harry quando ele veio correndo em direção ao menino que estava fazendo o desjejum.

E porque? – Harry perguntou aflito.

Ouvi Madame Pomfrey dizer ao professor Snape que se tratava de envenenamento – Rony contou – a poção que Draco tomou estava com uma dose excessiva de Cenokel, aquela planta-legumes que usamos na aula de Herbologia.

Que droga! Tudo o que Harry fazia dava errado e agora ele tinha sentenciado Draco a morte.



Como ele esta? – Harry perguntou.

- Ele saiu daqui em estado de coma. Não sei quanto tempo ele tem – Rony disse.



Harry sentiu as vistas escurecerem. Antes de perder os sentidos, se amaldiçoou por envenenar a pessoa viva que ele mais amava no mundo.



***



A razão de lutar para viver, era por acreditar que um dia tudo acabaria bem... a razão para respirar, era de impor a luta sobre a dor, e reconhecer que tudo não passou de um pesadelo... a razão para amar, era saber que haveria um dia depois de amanhã. Mais uma vez o sabor amargo atingiu os lábios de Harry. Ele suplicou para ser levado pela morte naquele momento. Era pedir demais para parar de sofrer por um minuto? Mas que porra de droga de mundo que ele vivia? O que era justo? ERA?



Até então, seu maior erro foi de amar. Amar verdadeiramente, e errar por duvidar do verdadeiro amor. Não teria sido necessário utilizar a poção. Draco Malfoy estava confessando seu amor, se Harry tivesse tido tato...



Quem iria imaginar que a maldita ml de Cenokel a mais, conteria uma quantidade vital de veneno? Se tivesse ouvido a professora Sprout... Harry parou de se torturar e abriu os olhos. Sabia que estava na enfermaria há mais de uma hora, era preciso encarar a realidade – ele havia envenenado Malfoy e precisava curá-lo. E aonde conseguiria a cura? "Agora tudo se encaixa" – Harry disse para si – Draco quis terminar comigo porque sabia que estava envenenado e não queria me ver sofrer!



Determinado, Harry sentou-se na maca, conjurou pantufas com o rosto de Dobby e encaminhou-se até a porta da enfermaria, onde foi detido pela Madame Pomfrey.



Onde pensa que vai, mocinho? – interveio ela.

Tenho assuntos urgentes a tratar. – Harry a cortou, continuando a caminhada até a maçaneta da porta.

Volte agora para a sua cama você teve um desmaio e o diretor Alvo Dumbledore quer vê-lo antes que eu o libere.

Mande Alvo Dumbledore para o inferno! – Harry disse agressivamente – Ou sai da minha frente ou não hesitarei em amaldiçoá-la.

Cruzes – Pomfrey guinchou – o que deu em você, Potter?

A porta da enfermaria se abriu e o diretor surgiu dela. Sua expressão era serena porém astuta.



Compreendo seus motivos Harry! – Dumbledore falou – mas creio que você não tem razões para azarar nossa enfermeira.

Então me deixe ir – Harry interpôs.

Apenas me revele se o seu súbito e esperado desmaio tem alguma relação com Voldemort. – Alvo Dumbledore pediu em tom conclusivo.

Não, mas se calhar eu peço ajuda. – Harry falou avançando até a porta – agora eu preciso ir até Londres, não me faça perder tempo. Já perdi o Sirius e não quero perder outra pessoa.

Como desejar – Diretor saiu da frente da porta dando passagem para o garoto.

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