Uma prece para Draco Malfoy
Uma prece para Draco Malfoy
Venha aqui, Harry – Hagrid o chamava bem alto.
Estou com pressa! – Harry disse aflito.
Apanhe este bule de chá – o gigante estendeu o pedaço de metal retorcido – é uma chave portal para Londres.
Como você sabe que estou indo? – Harry quis saber, confuso.
Não há muitos segredos em Hogwarts entre o corpo docente. Alvo Dumbledore imaginou que você tinha a intenção de viajar para Londres e mandou-me te entregar esta chave-portal assim que você saísse do castelo.
Sem cerimônias, Harry apanhou o buleiro. Em segundos, sentiu um puxão de um gancho no umbigo. Logo as imagens formaram-se um borrão de cores e ele estava na recepção do Hospital Sto. Mungos.
Bom dia – disse uma moça simpática atrás de um balcão de mármore.
Preciso ver Draco Malfoy, foi internado hoje cedo por intoxicação. – Harry pediu.
Quinto andar. Emergência. – ela disse sorridente.
Harry saiu em disparada pelos corredores. Ele nem notou que havia derrubado uma pessoa no caminho.
Qual é o problema com você? – gritou o bruxo, mas Harry não pediu desculpas.
Chegou ofegante a semi-recepção da emergência. Uma mulher gorda o mediu demoradamente censurando sua respiração ofegante.
Por favor, em que quarto esta Draco Malfoy? – Harry pediu urgentemente.
Você terá que aguardar no fim da fila – ela disse indicando para Harry uma fila de nove pessoas que aguardava para serem atendidos por ela.
Só me diga o quarto! – Harry suplicou.
Pegue a sua senha e aguarde como os outros – ela resmungou.
Você não entende – Harry disse com lágrimas nos olhos – eu não posso esperar!
Isso não é da minha conta – A mulher prosseguiu – Aguarde como os outros, Sr Potter – ela foi cínica, mostrou desprezo ao anunciar que sabia quem ele era. Obviamente ela era uma das pessoas que ainda achavam que Harry queria se aparecer.
O Senhor é Harry Potter? – guinchou a primeira bruxa da fila – Pelas barbas de Merlin, eu nem o reconheci! – ela olhava alucinada para o menino. – Venha garoto, eu lhe dou o meu lugar da fila! Você mostrou ao Cornélio Fudge como é que se faz as coisas! – ela deu um soco no ar.
Harry presenteou a bruxa com um sorriso e entrou em seu lugar. A recepcionista, extremamente sem graça, atendeu ao menino.
O Sr Draco Malfoy esta na Unidade de Tratamento Bruxo Intensivo, o UTBI. Você só poderá visitá-lo quando ele estiver...
Ela não terminou de completar a frase Harry saiu correndo pelos corredores do hospital...
Unidade semi-intensiva... Emergência Causadas por Criaturas não-mágicas... UTBI. Harry entrou na sala que estava com a porta fechada. Um grupo de medibruxos estava envoltos de uma maca, e trocavam pareceres médicos com urgência.
Hey, você não pode entrar aqui! – Disse uma enfermeira que se virou, deixando o rosto pálido de Draco a amostra – Estamos com um paciente com risco e vida aqui.
Ele é meu amigo! Deixe-me ficar! – Harry suplicou.
Aguarde lá fora – ela disse em tom firme – iremos mantê-lo atualizado sobre o estado de saúde do seu amigo. Fique calmo. – Ela bondosamente apanhou Harry pela mão e o levou para o lado de fora e o fez sentar-se na cadeira ao lado da porta.
Ele vai ficar bom? – Harry perguntou preocupado.
A situação dele é péssima não temos muitas esperanças.
Obrigado – Harry disse cruzando os braços. – O garoto ainda não havia se acostumado com a sinceridade dos bruxos. Se eles diziam que a pessoa estava morrendo, era porque realmente estavam.
Ela fez uma mesura com a cabeça e voltou rapidinho para a sala de emergência.
Harry esperou por vários minutos. O frio fustigante do inverno começou a ameaçá-lo. Estava apenas com o uniforme de Hogwarts, começou a esfregar as mãos umas nas outras para produzir algum calor. Notando a dificuldade de Harry, um bruxo muito idoso que estava sentado o outro lado do corredor, aproximou-se dele.
Eu poderia me sentar aqui e te fazer companhia se você aceitar este casaco para se esquentar – o velho disse dando um sorriso natalino.
Estou agradecido – Harry disse apanhando o casaco e o vestindo rapidamente. Um calor muito aconchegante foi proporcionado Harry imaginou qual feitiço estava sendo usado naquele casaco.
Meu nome é Adolfo Moscarda. – ele estendeu a mão e Harry o cumprimentou desanimadamente.
Eu me chamo Harry – ele baixou a cabeça.
Eu o vi chorando quando você entrou no UTBI – disse o bruxo em tom de conspiração e até imagino a razão.
Harry ergueu a sobrancelha – eu tenho certeza que você não sabe.
Vou te contar a minha história, então talvez você acredite que eu saiba.
"Hogwarts sempre escondeu muitos segredos – dizia o velho – em meu tempo de estudante, eu era muito mais belo do que você esta vendo. Meus cabelos brancos deixam a desejar os fios louros que me faziam um bonito menino. Aos quatorze anos, deparei-me com um quintanista da Hufflepuff. Quando bati os olhos nele, senti que nunca seria feliz na vida enquanto não o tivesse em meus braços. Pela maneira que ele também me fitou, julguei que sentia a mesma coisa. Nos aproximamos e começamos a conversar, ele disse que aguardava para me ver jogando quadribol no próximo ano porque a Slytherin iria perder um apanhador que estaria se formando. Eu perguntei a ele como ele sabia que eu realmente pretendia me candidatar a apanhador. Ele respondeu que minhas pequenas mãos seriam capazes de aninhar perfeitamente um pomo de ouro. Aquela tinha sido a coisa mais bonita que eu já tinha ouvido. Começamos a nos encontrar mais vezes até que um dia ele me beijou".
"Eu o enlacei e retribui ardidamente o beijo que eu tanto esperei. Os dias seguintes foram mágicos, até o momento em que sua mãe morreu e ele mudou-se com o pai trouxa para França. Desiludido, casei-me anos mais tarde com uma moça da Slytherin quando nos formamos. Há alguns meses meu neto escreveu-me uma carta pedindo que eu comparecesse a Hogsmeade na próxima visita dos alunos a vila. Como eu já estou aposentado e não tenho nada para fazer, achei maravilhoso ir visitar o menino já que não tínhamos nos visto nas férias de verão."
"Ele me contou que estava apaixonado por um garoto e que naquela próxima semana ele revelaria seu amor para o menino. Harry, meu nome completo é Adolfo Moscarda Malfoy. Sou avô de Draco Malfoy e eu sei que meu neto começou a namorar você. Desde então todas as corujas que recebi dele estavam com cartas maravilhosas. Antes sombrio, agora cheio de vida – o Sr Adolfo enxugou os olhos que começaram a encher de lágrimas, os de Harry também – Meu neto nunca havia sido tão feliz, sabe. Quando era apenas uma criança, ele foi violentado sexualmente pelo pai. Eu ameacei jogar Lúcio para os Dementadores, porém Narcisa implorou-me para manter segredo, para evitar um escândalo na bruxidade. Nunca mais fui na casa do meu filho e jamais voltei a falar com ele."
"Agora cedo recebo um comunicado de Narcisa e corri para cá. Ela saiu minutos antes de você chegar, ela tinha sido avisada que Lúcio se matou há uma hora. Eu perdi meu filho e agora Draco esta quase morrendo também. Ao menos o menino foi um pouco feliz antes de ser internado. Harry eu te agradeço muito por fazer os últimos dias de Draco, os melhores que ele já teve".
Draco esta doente por minha causa – Harry disse com a voz embargada. Precisava se confessar com alguém.
Desculpe, não ouvi o que você disse... – o velho enfiou o dedo na orelha.
A porta da UTBI se abriu e um medibruxo saiu por ela.
Vocês são os parentes de Draco Malfoy? – o médico perguntou seriamente.
Como ele esta – Harry ficou de pé.
O médico gesticulava enquanto falava, ele explicava coisas que Harry não queria saber. Tudo o que ele estava dizendo era mentira. O amargo na boca de Harry se intensificou. Ele começou cegamente a esmurrar o médico, naquele momento outras pessoas surgiram. Tentavam segurar Harry mas ele não parava de se debater e a gritar.
Seu filho da puta! Você esta mentindo – ele berrou – Draco esta vivo, ele esta ali dentro me esperando!
Então entre e veja – o médico disse limpando o sangue da sua boca com as costas da mão.
Todos deram passagem e Harry passou desenfreadamente por todos. O quarto estava vazio a não ser por um corpo pálido que jazia sem vida na cama. Harry aproximou-se silenciosamente até a cama e apanhou a mão esquerda de Draco que estava fria.
Deixe-me cobri-lo para você não pegar um resfriado – Harry disse puxando a coberta até a altura do pescoço de Draco – eu quero que você melhore para irmos tomar cerveja amanteigada amanhã, o que acha?
Harry acariciou os cabelos louros de Draco e ajeitou a franja sobre a testa. Ele beijou as mãos do menino e o ficou encarando.
Estão dizendo coisas horríveis ao seu respeito. Falaram que você morreu. Falaram que você tinha me deixado isso é verdade? Draco, você jurou não me deixar... – ele deu um tapa na cara do menino – Você disse que nunca me abandonaria, seu filho da puta! – ele estava berrando outra vez.
O avô de Draco entrou correndo no quarto e puxou Harry para longe do corpo.
Deixe-o dormir – ele pediu.
Ele prometeu não me deixar – Harry abraçou o Sr Adolfo – Me leve embora daqui.
Eu sinto muito, Harry. – o velho se lamentou, - vamos vou levá-lo a Hogwarts.
***
Alvo Dumbledore aguardava inquieto na estação de Hogsmeade.
O Sr Moscarda deveria Ter vindo usando uma chave portal – Minerva queixou-se pela décima vez.
E para que? – Alvo Dumbledore explicou – ele é o único bruxo da Ordem que se mantém em posição secreta. Seria arriscado alguém no Sto. Mungos vê-lo apanhar uma galocha velha e ilegalmente transformá-la em um portal. Além isso muitos bruxos o Ministério estavam em toda Londres monitorando a tudo, seria arriscado.
Tem razão... Minerva disse – Até quem fim o Expresso chegou.
Os alunos que passariam o natal longe de Hogwarts preparavam-se para embarcar imediatamente no trem. O expresso chiou muito antes parar completamente. Alvo Dumbledore caminhou em direção a porta do primeiro vagão, e os alunos deram passagem ao diretor.
Vocês só entraram no expresso depois que eu sair. – ele disse claramente.
Minerva o acompanhou, e depois de entrarem no vagão fecharam a porta. O Sr Adolfo Moscarda estava sentado em uma poltrona e Harry estava dormindo em outra.
Ele dormiu a viagem toda – Adolfo disse colocando-se de pé.
Sentimos muito pela morte do seu filho e também pela morte de Draco Malfoy – disse Dumbledore – embora me permita dizer que estaremos melhores sem Lúcio para nos atrapalhar.
Absolutamente – Adolfo disse – Veja, Alvo, lamento em lhe comunicar que toda a história que envolveu Harry até este ponto será um segredo que eu levarei para o túmulo. Você não ficará sabendo de nada.
Estou de acordo. – Alvo Dumbledore disse sem protestar, deixando Minerva indignada. – Apenas exijo saber se Harry esta bem.
Péssimo – revelou o bruxo – Imagine só perdeu dois amigos no mesmo ano!
Ele já perdeu os pais, um amigo quando estava no quarto ano, seu padrinho Sírius Black há poucos meses e agora seu novo e melhor amigo. – Alvo falou pesadamente aproximando-se de Harry e tocando-o com a varinha enquanto murmurava algo inteligível – Acorde Harry, já esta em Hogwarts.
Harry abriu os olhos e fitou a todos, seu rosto ainda estava inchado e manchado de lágrimas – Eu quero ver o Draco.
Amanhã, em sua cerimônia fúnebre. – Alvo disse o fazendo sentar-se – eu tomei a liberdade de apanhar sua capa da invisibilidade – ele a estendeu para Harry – você deverá usá-la para sair do trem. Nenhum aluno deverá saber que você viajou nele até aqui.
Harry fez que sim com a cabeça e se cobriu com a capa. Aguardou o sinal de Minerva e abriu a porta. Os alunos nem perceberam que O diretor e a vice estavam escoltando alguém invisível. O Sr Adolfo continuou no trem que o levaria de volta a Londres.
Depois de chegar nos terrenos desertos de Hogwarts, Alvo Dumbledore deixou Harry tirar a capa porque ela o dificultava de andar sobre a espessa neve que atingia a altura das canelas. Na entrada principal do castelo o diretor virou-se para o rapaz.
Agora você deve ir para a torre da Gryffindor. A Srta. Granger e o Sr. Weasley estão preocupadíssimos com você. O Avô de Malfoy não nos disse nada e Minerva e eu não sabemos nada além de que você tornou-se amigo de amigo de Draco e que foi até Sto. Mungos visitá-lo. Todos saberão da morte de Draco através do Profeta Diário e o restante dos alunos que estão em Hogwarts saberão no jantar de natal. Hogwarts sente muito a morte de Draco e faremos uma homenagem a ele depois da ceia.
Então eu vou indo – Harry falou entre os dentes.
Feliz natal, Harry – Alvo disse serenamente.
Pra vocês também – ele disse inclinando a cabeça e se virou sem cerimônias.
Subiu até a torre da Gryffindor em poucos minutos. A sala comunal estava vazia, quando Harry entrou no dormitório, deparou-se com Hermione e Rony sentados na sua cama.
Ele morreu – Harry disse sem ver mais nada quando enfiou a cabeça em um dos travesseiros da sua cama – nunca mais irei vê-lo.
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