O TIME SE COMPLETA
Um rapaz alto de cabelos ruivos e sardento se aproxima de Jéssica. Os irmãos Potter percebem na hora que se tratava de um dos irmãos dela.
- Jéssica, você viu o Mike?
- Não. Ele não estava com você e o John?
- Estava, mas depois ele falou que ia ver um amigo em outra cabine e não voltou.
- Não se preocupe, você o verá lá dentro.
- É, eu sei. Bom, eu vou indo. Nos vemos lá dentro.
O rapaz sumiu na multidão. Jéssica diz que aquele era Paul, seu irmão mais velho. Ele era monitor da Grifinória.
- Alunos do primeiro ano! Alunos do primeiro ano! Venham até aqui!
Um homem alto de cabelo e barba preta e curta segurava um lampião na mão logo à frente. Ele estava chamando os alunos do primeiro ano (o que dava para notar). Allan, Li e Jéssica foram até ele. Outros alunos também estavam por lá. Allan se impressiona com o tamanho daquele homem, que devia ter uns 35 anos, forte e com cara de não ser muito amigo. Só impressão. Depois que todos os alunos do primeiro ano se aproximaram, eles andaram por uma pequena trilha até chegarem a um lago. No percurso, o homenzarrão contava umas piadas até engraçadas para aliviar a tensão dos principiantes. Li quis perguntar o nome dele, mas acabou esquecendo depois que ela entrou em um dos barcos que esperam os alunos. Eles iriam cruzar o lago até o castelo de Hogwarts, o mais belo castelo que Li, Jéssica e Allan já viram.
Todos os alunos saíram dos barcos. Subiram uma escadaria na entrada. Bem no alto dela, uma pessoa os esperavam. Era uma mulher. Tinha cabelos castanhos bem longos presos a uma trança. Ela usava um chapéu pontudo de veludo azul marinho combinando com seu vestido também de veludo da mesma cor do chapéu. Parecia ter uns quarenta anos, mas parecia não ter um fio de cabelo branco.
- Ela deve ser a professora Ally Polliter. – comenta um rapaz alto atrás de Allan.
- Olá. Eu me chamo Ally Polliter e serei uma das professoras de vocês. Como devem saber, acontecerá uma seleção daqui a alguns minutos. Esta seleção servirá para saber em que casa cada um de vocês deverá ficar. Corvinal, Grifinória, Lufa-Lufa e Sonserina, estes são os nomes das casas. Elas serão suas famílias agora e tudo que fizerem de bom se converterá em pontos para sua casa, mas tudo que fizerem de ruim tirará esses pontos. Ao final do ano, a casa que tiver mais pontos receberá uma taça. Portanto, se querem ter o prazer de ganharem esta taça, ajam corretamente e sigam as regras. Bem, já falei demais. Em fila, um atrás do outro e me sigam.
Os alunos fizeram uma fila. Li, Allan e Jéssica ficaram juntos. Eles se surpreenderam com o tamanho do Salão Principal (quem não ficaria?).
- Aquele não é o céu de verdade. – diz o mesmo rapaz alto atrás de Allan olhando para o teto estrelado. – É apenas magia. Eu li isso em Hogwarts: uma história.
- O cara aqui atrás parece guia turístico. – diz Allan no ouvido da irmã. – Ele não parou de falar sobre Hogwarts desde que chegamos aqui.
Lílian quis virar para ver de quem o irmão falava, mas a fila parou de andar. Olhando em volta, era impressionante o número de cabeças que estavam viradas para ela, bem, na verdade, estavam viradas para todos as alunos novos. As quatro mesas das quatro casas cheias de gente. Li começou a ficar nervosa.
Allan estava tranqüilo. Ele sabia que só iria ser preciso sentar em uma cadeira e colocar um chapéu na cabeça e este dirá em que casa ela irá ficar. Não parecia ser tão difícil.
Havia uma longa mesa bem na frente deles. Era a mesa onde os professores ficavam. Numa cadeira bem bonita e grande no centro, havia um homem. Cabelos grisalhos bem curtos e uma rala barba. Usava um chapéu cônico azul marinho cheio de estrelas e luas. Ele se levantou, todos se calaram. Ele estava de olhos fechados.
- Bem-vindos a Hogwarts. – disse ele.
- Este é o diretor, Professor Maximus O’Neil. – disse Li em voz baixa.
- Fico feliz em recebê-los aqui. – continuou o diretor. – Eu só tenho um aviso para dar antes da seleção começar: todos os alunos estão proibidos de entrar na floresta, mais conhecida como Floresta Proibida. – o diretor volta a se sentar. Ele permanecia de olhos fechados.
- Por que ele não abre os olhos? – pergunta Li.
- Sei lá. – responde Allan.
- Ele é cego. – diz Jéssica pelo canto da boca.
A professora Ally Polliter pegou um pergaminho em cima da mesa dos professores e um chapéu bem velho e surrado.
- Eu irei chamá-los pelos nomes. – disse ela. – Venham à frente e sentem no banco para que eu possa colocar o Chapéu Seletor em suas cabeças. O primeiro é... Aline Martinez.
Uma garota de cabelos pretos e pele morena se aproximou. Parecia bem nervosa. Ela se sentou no banco com uma cara que Allan pensou que ela iria morrer naquele instante. O Chapéu se moveu e começou a falar:
- Hum... já sei, Corvinal!
A mesa do lado esquerdo de Allan se manifestou. Aline foi sorrindo e bem mais aliviada para junto de seus novos colegas.
- Allan Potter.
O coração de Allan deu um salto. O de Li também. Ele parecia bem calmo. Se aproximou do banco, se sentou e esperou o Chapéu ser colocado em sua cabeça.
- Nossa, é a segunda vez que isso acontece. – disse o Chapéu. – Uma mente bem brilhante, a sua. Tem coragem, força! Está difícil, não sei onde colocá-lo.
- Que tal Grifinória? – sugeriu Allan em voz baixa.
- E que tal Sonserina? Você seria grande lá, sabia?
Apesar de parecer que não ligava para qual casa iria ficar, Allan não queria ficar na Sonserina. Ele havia ouvido histórias de bruxos que haviam ficado perversos e um dia estudaram na Sonserina. Sou próprio bisavó havia lhe contado várias histórias desse tipo.
- Não. – respondeu Allan.
- Certo... então, seria melhor... Grifinória!
A mesa do lado direito deu “Vivas!” para Allan. Li e Jéssica riam e também batiam palmas.
Profª. Polliter chamou mais uns seis alunos. Três foram para Sonserina, um para Corvinal e dois para Lufa-lufa. Um nome chamou a atenção dos gêmeos e de Jéssica:
- Harry Granger.
- Granger? – se perguntou Lílian.
Um garoto alto de cabelos castanhos bem cheios saiu da fila e foi se sentar no banco. Ele não parecia ter 11 anos. Provavelmente ele era até mais alto do que o irmão mais velho de Jéssica.
- Grifinória! – anunciou o chapéu. O garoto deu um sorriso e foi se sentar à mesa de sua nova casa.
Allan ficou olhando para Harry. Ele conhecia o nome “Granger” pois sua família era amiga de umas pessoas que tinham este sobrenome. Harry percebeu que Allan o encarava, mas fingiu que não estava vendo.
Enquanto isso, a professora ia chamar outra pessoa. Era a vez de Jéssica.
- Jéssica Weasley.
Jéssica, tremendo mais que gelatina, foi se sentar no banquinho. O chapéu não demorou muito. Foi bem direto ao dizer que ela ficaria na Grifinória. Com um sorriso de uma ponta a outra, Jéssica foi se sentar. Lílian viu os irmãos da colega chegando perto e abraçando-a.
O nome seguinte foi o de Lílian. Ela também estava tremendo. Houve um murmúrio estranho na sala. ”Quando o Allan veio, ninguém ficou comentando...”, pensou aflita. Será que ela estava vestida de forma estranha ou seu nervosismo dava para se notar de longe?
- Outra decisão difícil. – disse o chapéu assim que encostou na cabeça de Lílian. – Você é forte e decidida, mas tem o coração mais aberto do que o outro Potter. Hum... acho que deveria ir para... – o chapéu fez suspense – Grifinória!
Jéssica e Allan se levantaram com os demais colegas de casa. Eles aplaudiram muito.
Outros foram chamados. Uma menina de cabelos bem loiros e ar superior foi chamada. O nome dela fez Allan e Lílian se entreolharem: Meg Malfoy. A garota, obviamente, foi escolhida para a Sonserina assim como duas outras meninas loiras que eram bem parecidas.
Mais alguns foram chamados. As mesas se completaram. Já estava na hora do banquete. Allan estava morrendo de fome. Lílian estava feliz demais para sentir fome.
- Só porque veio para Grifinória. – fala Allan esfregando as mãos. – Que bobeira!
- Você acha tudo bobeira, não é? – fala Lílian zangada.
- Olha, o diretor vai falar. – diz Jéssica virando o pescoço.
- Agora, o momento mais esperado de hoje! O banquete!
Os pratos se encheram de comida num piscar de olhos. Travessas e mais travessas surgiram nas mesas. Era todo o tipo de comida. A fome de Allan era tão voraz que Lílian ficou até com vergonha de ver o irmão comendo daquele jeito.
- De onde deve vir toda esta comida? – pergunta um garoto de cabelos loiros ao lado de Allan. – Sou James Watson. – se apresentou em seguida apertando a mão de Allan.
- Elfos domésticos. – diz Harry que estava sentado bem na frente de James e do lado de Jéssica. – São elfos domésticos que fazem toda a comida, arrumam as camas, limpam todo o castelo e carregam nossas malas para os dormitórios. Um abuso.
- Por que um abuso? – pergunta Allan. – Eles gostam disso.
- Eles “dizem” que gostam. – fala Harry sem olhar para Allan e pegando mais purê.
Lílian cutucou o irmão com o pé. Fez sinal para Harry com a cabeça, mas Allan não entendeu o que a irmã queria dizer. Li queria que Allan perguntasse a Harry se ele era o mesmo Harry que eles já haviam conhecido. Vendo que o irmão não iria abrir a boca, a não ser para por mais comida dentro, Li resolve perguntar:
- Você é Harry Granger, não é?
- Sim. – responde o rapaz sem dar muita atenção.
- É que eu sou Lílian Potter e aquele é meu irmão Allan Potter. Nossas famílias já se conheciam.
Harry permaneceu em silêncio, o que deixou Li sem jeito. Será que ela não deveria ter feito aquela pergunta? Ou será que se enganou de nome? Mas Granger era o sobrenome dele e com certeza o sobrenome dos amigos de seus pais.
- Vai ficar calado? – pergunta Li depois de um tempo.
- Desculpe. – fala finalmente. – Fiquei um pouco chateado porque eu havia passado várias vezes por vocês antes de entrarmos aqui no castelo e nenhum de vocês me deu atenção. Achei que estavam me ignorando.
- Você passou por nós? – pergunta Li.
- Passei! – exclama Harry. – Vai me dizer que não viram?
- Não! – respondem os irmãos.
- Se você tivesse se apresentado... – fala Allan com uma coxinha de galinha na mão.
- Ah, por falar nisso! – diz Li se virando para Jéssica. – Harry, esta é Jéssica Weasley. Você sabe quem ela é, não é?
- Bem que eu desconfiei! – fala Harry apertando a mão de Jéssica. – Esse cabelo não engana!
Os quatro conversaram até o final do jantar. Depois disso, todos os alunos do primeiro ano acompanharam Paul, o irmão de Jéssica, até onde seria o dormitório deles. Dormir... uma ótima idéia depois de comer tanto. Os alunos estavam quase como zumbis subindo as escadas. Ao chegarem ao famoso e super conhecido (por nós) quadro na Mulher Gorda, Paul fala a senha:
- Pêlo de unicórnio.
A Mulher Gorda sorri e logo em seguida, o quadro sai do lugar revelando uma passagem para o dormitório. Eles estavam na sala comunal. Um lugar muito aconchegante e sereno. O monitor indica os dormitórios dos meninos e os das meninas. Allan é o primeiro a ir. Li vai logo depois. Estava tão maravilhada com o lugar que estava até se esquecendo de ir dormir.
Allan gostou do que viu ao entrar no dormitório. Tudo estava organizado e limpo. Só faltava pôr o pijama e cair na macia cama. “Mamãe, me desculpe, mas esta cama é bem melhor do que a minha”. E caiu no sono instantaneamente.
Lílian pôs a camisola, mas não foi logo se deitar. Ficou olhando pela janela do quarto o belo lago lá embaixo. Era um espelho d’água que refletia perfeitamente o luar. O vento frio e suave soprava os cabelos da menina. Um sonho estava prestes a se realizar.
- Não vai dormir, Lílian? – pergunta Jéssica se aproximando.
- Estou me sentindo estranha... – fala Lílian olhando fixamente para o lago.
- Isso é normal. Deve ser porque vamos passar o restante do ano longe dos nossos pais.
- É, deve ser isso.
- Não se preocupe, Lílian. Você poderá mandar corujas para eles todos os dias.
- Pode me chamar de “Li”. – diz sorrindo olhando para Jéssica. – Já que vamos ficar convivendo juntas por tanto tempo, pode me chamar pelo meu apelido.
- Então, se é assim, pode me chamar de “Jessy”. É assim que meus irmãos me chamam em casa.
- Tudo bem.
Li e Jessy foram se deitar. Ao contrário do que pensou, Li pegou no sono logo. Estava dormindo feito uma pedra instantaneamente.
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