NOVAS AVENTURAS
O trem estava prestes a sair, se Lílian e Allan não tivessem chegado a tempo, com certeza perderiam o trem logo no primeiro ano em que ingressariam em Hogwarts.
- Se a gente não tivesse voltado para pegar aquele livro, chegaríamos antes! – reclama Allan carregando sua mochila e seu malão.
- Ah, mas o importante é que nós conseguimos chegar, não é? – diz Lílian vindo logo atrás procurando uma cabine onde poderiam ficar.
Lílian e Allan eram irmãos gêmeos. Nasceram no dia oito de agosto e, claro, são muito parecidos. Ambos possuem cabelos bem pretos e lisos - Allan tem um cabelo curto que vive despenteado e Lílian tem o cabelo mais cumprido -, olhos bem verdes – sem bem que Lílian usa lentes de contato azuis, ela não gosta de usar óculos como o irmão – e são da mesma altura. As semelhanças terminam aqui. Em questão de comportamento, os irmãos são muito, muito diferentes. Lílian é bem alegre, gosta de conversar, mas é um pouco tímida. Ela é mais meiga e carinhosa. Allan quase sempre está sério e reclamando de alguma coisa, principalmente da irmã. Geralmente não se preocupa com nada, ou finge que não está preocupado. Os irmãos vivem brigando ou discutindo, mas sempre quando há algum problema, eles são os primeiros a se unirem. Apesar de não admitirem, talvez por vergonha, eles se gostam muito.
- As cabines estão todas ocupadas! – diz Lílian em tom de desespero.
- Quer ficar calma? – fala Allan tranqüilo. – Vamos achar um lugar, nem que seja no final do trem.
Allan e Lílian não gostavam de ficar usando roupas da mesma cor ou do mesmo tipo só porque eram gêmeos. Cada um tem sua personalidade e seu gosto. Allan gosta mais da cor azul e verde, já Lílian gosta de tons laranja, rosa e amarelo. Mas tem uma coisa que justifica o fato deles serem gêmeos: o que um sente, o outro sente também. Duvida? Uma vez, quando eles tinham uns sete anos de idade, Allan foi com o pai assistir a um jogo de quadribol. Lílian ficou em casa com a mãe preparando o jantar. Enquanto a menina colocava os pratos na mesa, ela sentiu uma dor muito forte no estômago. A mãe pensou que a filha dela iria morrer de dor. Minutos depois, a dor foi passando até sumir completamente. Sem saber porque, Lílian conta à mãe que o irmão dela iria chegar machucado em casa. Não deu outra, um pouco depois da hora do jantar, Allan e o pai estavam de volta. Allan estava com faixas presas ao abdômen. Ele havia sido acertado por um balaço descontrolado durante a partida, havia quase quebrado uma costela, mas já estava passando bem. Outra vez, Allan desmaiou na escola onde estudou na infância. Lílian também havia desmaiado na mesma hora. Os dois recuperaram os sentidos, ao mesmo tempo, meia hora depois.
- Encontrei um lugar, Li! – grita Allan ao encontrar uma cabine que possuía vaga. Só uma menina de cabelos ruivos estava sentada perto da janela. – Tem mais alguém com você? – pergunta Allan para a menina.
- Não. – a menina responde sorrindo.
- Que bom! – exclama Lílian pegando sua mochila e seu malão com a ajuda do irmão.
Allan se senta perto da janela, lugar preferido de Lílian. Ela cutuca o irmão com o cotovelo: “Deixa-me sentar perto da janela?”. Allan olha para ela e diz: “Sem chance, cheguei aqui primeiro”. Lílian fica visivelmente aborrecida. Cruza os braços e amarra a cara. O irmão finge que nem estava vendo.
A menina de cabelos ruivos percebe a briga e resolve ser gentil. Ela sede seu lugar para Lílian que fica radiante de tanta felicidade.
- Eu adoro ficar olhando a paisagem. Faz passar o tempo. – comenta Lílian se dirigindo a menina ruiva. Ao olhar novamente para a menina de cabelos de fogo, Lílian tem a impressão que ela era familiar, mas não sabia de onde. Ela tenta disfarçar, vira o rosto para a janela tentando lembrar de onde conhecia aquela garota. A memória não estava ajudando muito. Lílian recorre ao irmão: “Allan, chega aqui”, sussurra. Allan se aproxima da irmã com cara de “o que você quer agora?”.
- O que é?
- Está vendo esta menina do seu lado? – sussurra Lílian.
- Estou, e daí?
- Ela não se parece com alguém que nós conhecemos?
- Hum... Agora que você falou, ela se parece com alguém, sim.
- Pergunta qual é o nome dela.
- E por que eu, se é você quem quer saber? – Allan volta a se encostar à poltrona e olhar a paisagem que passava. Lílian estava com vergonha de perguntar, e agora com raiva do irmão porque ele não quis perguntar por ela. Jogando a timidez de lado, Lílian resolve perguntar: - Por favor, com licença, mas... er, a gente não se conhece de algum lugar?
A menina pareceu surpresa com a pergunta.
- Bem, eu acho que não.
- Eu não sei, mas você tem algo que me é familiar. Como você se chama?
- Jéssica Weasley.
- Weasley?! – perguntam os irmãos ao mesmo tempo.
- Sim. – responde Jéssica mais surpresa ainda.
- Allan, Weasley não é o sobrenome dos amigos do vovô e de nossos pais?
- É sim, tenho certeza que é, mas faz um tempo que eles não vêm nos visitar.
- Jéssica, acho que estou começando a lembrar de você. – diz Lílian mais radiante do que nunca. – Você e seus pais vieram uma vez em nossa casa para nos visitar, é, eu me lembro bem agora. O nome “Weasley” clareou minha mente!
- Eu não consigo me lembrar ainda. – diz Jéssica. - Eu devia ser muito pequena quando nos... nos encontramos.
A gente devia ter uns cinco ou seis anos, não é, Allan? Eu consigo me lembrar porque toda sua família tem cabelos ruivos como o seu, não é?
Jéssica balança a cabeça confirmando. Allan e Lílian estavam bem contentes ao rever a Weasley, mas esta ainda não conseguia saber quem aqueles dois eram. Como não podiam deixar esta dúvida, ela pergunta o nome dos irmãos.
- Eu sou Lílian Potter.
- Eu me chamo Allan.
- Allan “Potter”! – corrige Lílian.
- Que seja!
- Vocês disseram “Potter”? Vocês são da família “Potter”? Do famoso Harry Potter?
- Sim, ele é nosso bisavô. – responde Lílian contente em dar esta informação.
- Nossa! Eu nem os reconheci! Nossa! Nós brincávamos quando éramos crianças! Nossa! Que genial a gente se encontrar aqui, na mesma cabine do trem! - Jéssica estava muito feliz ao rever os amigos de infância e os irmãos Potter também, apesar de Allan parecer sério.
A família Weasley sempre foi amiga da família Potter. Os membros de cada família sempre se encontravam durante vários anos. Tudo começou, como muitos já sabem, com a amizade de Harry Potter e Rony Weasley há oitenta anos atrás. Os filhos de cada amigo se encontravam, assim como os filhos dos filhos e depois os filhos dos filhos dos filhos. Por algum motivo, não explicado até agora, a nova geração de Potter, Allan e Lílian, e a nova geração de Weasley, Jéssica, haviam se separado. Havia seis anos que nenhuma família tinha contato, pessoalmente, com a outra.
Intrigada com isso, Lílian “metralha” um monte de perguntas para Jéssica. Ela queria saber o que a família dela estava fazendo, por que nunca mais foram visitá-los, como estava ela estava, em que os pais dela trabalhavam, queria saber se Jéssica tinha algum irmão, pois ela não lembrava muito bem...
- Você vai assassinar a Jéssica com tantas perguntas. – diz Allan fazendo Jéssica rir.
- Eu não me importo com as perguntas, Allan. Bem, eu também não sei porque meus pais não foram mais visitar vocês. Acredito que é porque tanto meu pai quanto minha mãe trabalham no Ministério da Magia e sempre estão ocupados. Nós também estivemos viajando muito. Mês passado estivemos no Egito e no mês anterior estivemos no Brasil, um lugar maravilhoso. Paramos agora porque já estava começando o ano levito em Hogwarts.
- É o seu primeiro ano também, não é? – pergunta Allan.
- Sim.
- Eu me lembro que você tinha um irmão, cadê ele? – pergunta Li.
- Um irmão? Quem me dera ter só irmão... – diz Jéssica rindo. – Tenho quatro irmãos! Paul, que está no sexto ano, John, do quinto ano, Mike, do quarto ano e J. C. que vai entrar em Hogwarts ano que vem. Eu sou a única menina, isso não é maravilhoso?
A barriga de Allan começava a roncar no exato momento em que uma senhora bem simpática de cabelos grisalhos se aproximou da cabine deles com um carrinho repleto de doces. Não tinha hora melhor! Allan comprou o que conseguiu. Li também comprou alguns doces para ela, só Jéssica que não comprou nada.
- Por que não comprou? – pergunta Li abrindo a embalagem de um bombom.
Allan percebe que Jéssica hesita em responder. Ela parecia envergonhada.
- Pode pegar. – oferece Allan.
- Mas você comprou para você. – diz Jéssica querendo recusar.
- Pára de onda, pode pegar quantos quiser. – Allan sorri deixando Jéssica mais à vontade.
- Ah, então eu quero estes feijõezinhos... – diz Li se aproximando da poltrona de Allan. Ele dá um tapinha na mão da irmã. – Por que fez isso?
- Eu ofereci para a Jéssica! Você já tem os seus. Não vem com seu olho-grande, não.
- Malvado...
- Sou malvado sim, sou perverso! – brinca Allan enchendo de feijões de todos os sabores. Ele quase se engasga.
- O que foi? – pergunta Jéssica vendo Allan ficar vermelho.
- Tijolo... argh! – diz Allan engolindo o que tinha na boca. – Parece que todos o que peguei eram de tijolos.
- Bem feito! – ri Li. – Os meus são de cereja e... hum, jaca e melão!
Depois de comerem a maioria dos doces, Allan, Li e Jéssica passaram a conversar sobre Hogwarts. O céu estava começando a ficar escuro, sinal que estavam se aproximando da escola. Li parecia um pouco nervosa assim como Jéssica. Allan estava tranqüilo e achava um exagero a irmã estar nervosa.
- Mas eu quero saber em que casa eu vou ficar! – exclama Li para o irmão.
- Você sabe muito bem em que casa você vai ficar, Li. É claro que será Grifinória! – responde Allan olhando as paisagens pela janela (ou o que ainda se podia olhar). – Toda nossa família sempre ficou na Grifinória.
- Ah, sei lá... de repente, as coisas podem mudar. – diz Li. – E você, Jéssica? Em que casa você acha que vai ficar?
- Bem, como meus irmãos estão na Grifinória, acredito que eu também fique lá, mas ainda não tenho certeza.
- Vamos todos ficar na Grifinória. E ponto final. – fala Allan pondo fim no assunto.
- Como vocês acham que é Hogwarts? – pergunta Jéssica.
- Ah... deve ser um lugar muito lindo! Estou louca para conhecê-lo! – diz Li encantada.
- Eu não estou tão empolgado. – fala Allan entediado. - Já vi tantas fotos de Hogwarts que nem vou me impressionar quando chegarmos lá.
- Ver fotos é uma coisa. Ver pessoalmente é outra coisa completamente diferente, Allan. Duvido que você não vai ficar impressionado com a escola.
Allan sacode os ombros e torna a olhar a janela.
Mudando de assunto, Li pergunta a Jéssica se ela já sabia fazer alguma magia. Meio sem jeito, a amiga responde:
- Bem, eu sei algumas.
- Poderia nos mostrar uma? – pergunta Li empolgada.
- Não é grande coisa...
- Ah, não tem problema! Mostre pra gente. – insiste Li.
- Está bem.
Jéssica abre sua mochila que estava do seu lado. De lá, tira sua varinha. Li percebe que a amiga estava tremendo. Por que será? Será que ela estava insegura de fazer um feitiço na frente dos bisnetos de Harry Potter e não dar certo? Li quis pedir para Jéssica ficar calma, mas preferiu ficar calada. Allan pareceu perceber o nervosismo de Jéssica também.
- Mudarlus! – Jéssica aponta a varinha para a própria cabeça. O que isso significa? Está querendo se ferir? Por um breve momento, os irmãos ficam apreensivos, mas isso passa depois que a mágica é concluída. Jéssica balança a cabeça e seu cabelo vai mudando de cor, das raízes até as pontas. Ela estava loira! – Esta magia eu aprendi com uma prima minha. No início, eu só conseguia mudar a metade do cabelo, mas agora, eu consigo mudar o cabelo todo e até a cor dos olhos também.
- Ah, que legal! – exclama Lílian superimpressionada. – Será que eu consigo fazer em mim?
- Ih, vai ser desastre. – fala Allan pressentindo o perigo. – Cuidado, Jéssica, é melhor se abaixar!
Poderia ser só uma implicância de irmão, mas Allan sabia muito bem das magias da irmã. Sempre explodindo alguma coisa, desaparecendo com outra.
- Eu sei muito bem usar uma varinha, Allan. – diz Li com raiva pegando sua varinha. – É só apontar e dizer: “Mudarlus!”, não é?
- Sim, mas...
- Mudarlus! – Lílian nem esperou que Jéssica terminasse de falar e já foi fazendo a magia. Porém, ela não saiu como planejado. Os cabelos lisos e Li ficaram em pé como se ele tivesse sido atingida por um raio. Allan caiu na gargalhada de rolar no chão e chorar. Jéssica quis esconder o riso, mas foi inevitável. – Do que está rindo? – Li não fazia idéia do que tinha acontecido com seu cabelo. Quando foi pegar um espelho em sua mochila, viu o estrago que fez. – Como eu conserto isso? – Li estava quase se desesperando e mal podendo tocar nos cabelos arrepiados.
Jéssica usa o feitiço Mudarlus novamente e o cabelo de Li volta ao normal.
- Eu queria te dizer que não basta apenas apontar a varinha para os cabelos. Você tem que se concentrar na cor que quer que o cabelo mude de uma forma bem clara, caso contrário, o feitiço sai errado.
- Ah, mas eu pensei... quero dizer... – Li parecia constrangida. Ela estava tão empolgada para mudar os cabelos que nem lembrou de pensar em que cor queria mudar.
O trem diminui a velocidade momentos depois. Li sentiu um frio na barriga, Allan também, mas, é claro, não comentou nada. Os irmãos já tinham trocado de roupa assim como Jéssica. Os três saíram juntos do trem seguidos de vários outros alunos.
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