O ataque na estrada
Hermione conversava com Harry animadamente durante a viagem; também estava empolgada para voltar para Hogwarts.
- Harry, conseguiu terminar a redação do Snape?
Harry já esperava que a amiga fosse pegar no seu pé. Afinal, ela se preocupava muito com os garotos, em relação aos estudos.
- Bem, estou terminando...
- É melhor você se apressar, afinal, Snape não vai deixar barato! Qualquer erro, você sabe que a sua nota vai ser descontada!
- Acalme-se, Mione... Eu termino ela na casa do Rony...
- Lembre-se que esse ano, nós iremos prestar os N.I.E.M’S
Os N.I.E.M’S (Níveis Incrivelmente exaustivos de Magia) eram provas aplicadas em Hogwarts para testar o conhecimento de magia dos alunos. Todos da escola prestam esse exame nos seus 6º e 7º ano.
- Calma Mione , nem recebemos os resultados de nossos N.O.M’S ainda...
- Agora que você falou Harry, é muito estranho este atraso dos nossos resultados, sempre achei que Hogwarts envia as notas no meio das férias de verão.
- Bem, pessoal. - o Sr. Granger havia parado o carro em frente a uma loja de conveniência. - Vamos dar uma parada para tomarmos um lanche! Harry, você já tomou café?
- Bem... já... - Harry mentiu, embora não tenha convencido o pai de Hermione. Na verdade, dispensara o café da manhã; comeu alguns pedaços de bolo que sobraram de aniversário. Mas agora tinha percebido que a sua barriga roncava de fome.
- Mas vejo que não comeu o suficiente! - o pai de Hermione disse, enquanto abria a porta do carro e saía. - Vamos tomar um café da manhã.
Eles desceram e entraram na loja, se dirigindo para uma mesa vaga. Foi o melhor café da manhã que tivera depois de dois meses: pôde comer pãezinhos de queijo, bolinhos de carne, batatas fritas, tudo quanto é salgado e doce, além da salada de frutas completa e os sucos naturais. No final, o sr. Granger teve que pagar a conta; Harry prometeu que iria pagar depois. Seus bolsos continham algumas moedas de galeões, e ele achou que isso não serviria para pagar.
Harry e Hermione tiveram que ir ao banheiro depois para escovar os dentes; os pais de Hermione insistiram nisso, mesmo que os dois dissessem que iriam cuidar dos dentes assim que chegasse na casa dos Weasleys.
De volta ao carro, Harry estava de barriga cheia, e mal conseguia conversar com Hermione. Ela, por sua vez, estava com um livro aberto, e percorria os olhos de uma página a outra.
- Como você consegue ler dentro do carro, Mione? - Harry perguntou. - Isso dá dor de cabeça!
- Eu sei, Harry... - ela dizia, sem tirar os olhos do livro. - Por isso que eu corro os olhos pelas fotos e pelas escritas. Assim não tem problema.
As ruas corriam rapidamente agora; eles tinham chegado no fim da cidade e estavam entrando na estrada deserta. Sabiam que a casa de Rony ficava num ponto isolado, e estava realmente ficando cada vez mais deserto conforme eles avançavam.
Os quatro estavam em silêncio agora; de vez em quando, Harry virava para a amiga e via que esta ainda tinha o livro aberto nas mãos; outrora, ele virava para a janela e via o deserto de terra ao seu lado; algumas árvores passavam correndo, e ele podia ver montanhas verdes bem mais adiante. Começava a reconhecer o lugar: foi aquela montanha que escalou atrás da Chave do Portal que o levava para a Copa Mundial de Quadribol do verão retrasado . Agora, sua mente se esforçava para tentar relembrar os lances daquele jogo da Bulgária contra a Irlanda; a fita de Wronski de Krum e a vontade de tentá-la o animavam bastante, e fazia com que a sua vontade de jogar quadribol crescesse , de uns tempos para cá o quadribol se tornou uma coisa escassa para Harry, no seu 4º ano a copa anual de Hogwarts fora cancelado pela realização do Torneio Tribuxo e no seu 5º ano Harry teve sorte de Ter jogado duas partidas.
Respirou fundo, e fechou os olhos, a fim de relembrar todos os lances da Copa. Foi nesse momento em que sentiu a sua cicatriz arder.
O carro brecou tão de repente que, se Harry estivesse sem cinto de segurança, certamente teria parado no vidro da frente. Ele abriu os olhos e viu que não era mais de dia; o céu estava escurecido, e uma grande nuvem cinzenta formava em sua volta.
Hermione estava com a respiração presa. Segurava seu livro com força, enquanto observava por todos os lados. Seus pais estavam imóveis.
- O que está acontecendo? - ela perguntou para Harry, no momento em que este colocava a mão sobre sua cicatriz, que ardia mais do que nunca.
- Voldemort... - Harry conseguiu murmurar. A última vez que sentiu essa pontada em sua testa foi quando enfrentou o Lord das Trevas no ano passado, cara a cara. Sentia que ele estava por perto.
- Quem... quem são eles? - gaguejou o sr. Granger, apontando para algumas sombras que estavam avançando em frente do carro.
Neste instante, Hermione tirou o cinto e ergueu-se para frente, para conseguir reconhecer as sombras. Eram seres totalmente cobertos com capas pretas e usavam máscaras; eram parecidíssimos com os Comensais da Morte que apareceram no ministério da magia ano passado.
- Harry! - cutucava a garota, que não tirava os olhos das sombras mascaradas. - São... Comensais!
Harry, que estivera com a cabeça baixa devida a dor de sua cicatriz, ergueu o seu rosto para enxergar as sombras. Estava escuro, e sua visão era embaçada. As nuvens cinzas se intensificaram, e o céu já estava totalmente negro. Mas ele pôde distinguir que uns três Comensais da Morte estavam se aproximando. Cada vez que eles chegavam mais perto, sua cicatriz ardia mais. O pai de Hermione segurava firme o volante, embora o carro estivesse desligado. Em poucos segundos, a Sra. Granger não conseguiu mais encarar aquilo, e desmaiou, sentada no banco da frente.
Hermione parecia não ter percebido o desmaio da mãe, mas mesmo assim, estava horrorizada. Não passava nenhum carro e não havia ninguém por perto; parecia que eles tinham se transportado por outra dimensão. Num momento súbito, ela abriu a porta do carro e saiu, ficando de frente com os Comensais.
- Hermione, não! - Harry gritou.
O sr. Granger também gritava apavorado para a filha voltar, e ele acabou saindo do carro, afim de protegê-la. Vendo isso, Harry não podia ficar parado; ele juntou todas as forças que tinha e saiu do carro também. Sentia que sua testa ia se rasgar no meio, mas ele foi até o lado de Hermione e colocou a varinha em punho, assim como a amiga, que já estava preparada para atacar. Ela estava sendo abraçada pelo pai, mas ela conseguia focalizar o alvo; em poucos instantes, ela iria soltar algum feitiço pra cima deles.
Eles se aproximavam agora lentamente, e Harry tremia. Quando ele já ia soltar um feitiço qualquer, ele viu um clarão de luz cegar seus olhos; Hermione também os fechou com força, assim como seu pai.
Quando Harry abriu os olhos, viu que dois Comensais recuaram. O terceiro ainda tentava avançar; Harry viu a mão de metal sobressair de dentro da capa negra do Comensal. Reconheceu imediatamente quem era: Rabicho.
- Você?!
Rabicho encarou o garoto. Estava usando máscara também. Ele tentou avançar com sua mão metálica em Harry, que agora estava gritando de dor, mas uma coisa o impediu. Era como se uma barreira estivesse entre eles e, quando Rabicho a tocou, um clarão de luz se formou, chegando quase a cegar os seus olhos.
Hermione forçou a visão e percebeu a barreira. E em pouco tempo, os comensais iam se afastando, emitindo sons horríveis e aterrorizantes. Até que, num piscar de olhos, tudo desapareceu.
Harry olhou para os lados e viu a estrada deserta e o sol radiando no céu azul e limpo. Sua cicatriz já não emitia nenhuma dor. Era como se tudo estivesse voltado ao normal. O sr. Granger olhava incrédulo para todos os cantos, se sentindo um tanto incomodado com a situação. Foi quando ele deu conta que sua esposa estava desmaiada no carro e correu até lá para acudi-la.
Hermione olhou ofegando para o amigo, que suava frio. Eles se encaravam por um momento, até que ela quebrou o silêncio:
- Eram realmente... os Comensais da Morte?
- Talvez... - Harry respondeu, ainda ofegando um pouco. - Mas... o que foi que aconteceu?
- Eu não sei... - ela disse. Depois olhou para os pais dentro do carro. Caminhou até eles, e os chamou para fora. Sua mãe já estava consciente, embora achasse que tinha tido um pesadelo. Harry apenas a observou, não se atrevendo a sair do lugar.
- Pai, mãe... - Hermione agarrou a varinha com toda a força, enquanto encarava os pais assustados, que esperavam o que a filha iria dizer.
Harry olhou para Hermione. Ele ainda arfava de cansaço e susto, e não tinha forças para se mexer. Apenas observava.
- Obliviate! - Hermione gritou, e alguns lampejos de luzes lançaram-se da ponta de sua varinha em direção aos seus pais. Harry, arregalando os olhos saiu correndo até a amiga, inesperadamente.
- O que pensa que está fazendo, Hermione? - o garoto indagou desesperado, enquanto via os Granger paralisados, com olhares dispersos.
- Não posso deixá-los que se lembrem disso... - ela dizia, ainda apontando a varinha para os pais. - Não é o tipo de experiência que eles queriam guardar. E depois, eles ficarão preocupados comigo, enquanto eu estiver em Hogwarts.
- Você nunca usou esse feitiço contra alguém, Mione! Como você sabe que isso não afetará a mente deles?
- Confie em mim, Harry. Confie em mim.
Confiar em Hermione. Harry confiava. No entanto, os olhares vazios e distantes dos pais dela estavam assustando-o. Um feitiço de memória como esse requer muita experiência; e Harry não se lembrava de ter aprendido isso no ano passado.
- Tem certeza de que eles ficarão bem, Mione?
- Claro, Harry. Eles são meus pais, acha que eu ia usar um feitiço que acabasse com a vida deles?
Harry e Hermione apoiaram-se no capô do carro. Os pais dela ainda continuavam paralisados, e Hermione estivera dizendo para eles esquecerem tudo que aconteceu desde que saíram da loja de conveniência.
Harry ainda estava curioso, e resolveu perguntar para a amiga, ao mesmo tempo em que observava o céu e o deserto da estrada:
- Aonde você aprendeu a executar o feitiço de apagar memória, Mione?
- Estudos, Harry! - ela dizia tranqüilamente, tornando a abrir o livro.
- Se o Ministério pegar a gente...
- Estamos perto da casa de Rony, e não tem o porquê eles implicarem com a gente. Se realmente o Ministério resolver reclamar, a gente reclama pela falta de segurança. Eles deixam os Comensais circularem livremente pelas estradas para saírem atacando todo mundo e nós é que temos culpa?
Ele encarou a amiga, e ignorou o que ela acabara de dizer. Certificando-se de que os pais de Hermione ainda não estavam conscientes, ele tornou a dizer:
- Por que aconteceu aquilo? Por que eles não conseguiram atacar a gente?
Ela pareceu pensativa por um momento. Era como se estivesse buscando uma resposta concreta, com certa dificuldade.
- Eu não sei, Harry. Eu vi que existia uma barreira entre nós que impedia a ação deles.
- Rabicho estava entre eles!
- Como você sabe? Eles estavam mascarados!
- A mão dele...
Harry contou a ela o que tinha acontecido quando encarou Voldemort pela 3º vez; o sacrifício de Rabicho, seu sangue que ia escorrendo para ressuscitar seu mestre, e o prêmio que ele recebeu depois de tudo isso: a mão metálica, que o dava uma força excepcional.
- Isso é horrível, Harry! Temos que informar o prof. Dumbledore sobre isso e...
- Ele já sabe... em relação ao Rabicho, pelo menos...
- Mas ele precisa saber sobre esse ataque na estrada! Não foi ilusão sua, pois eu também vi e senti. E não fui só eu, como também meus pais!
Hermione tinha razão. Seria sensato se ele escrevesse a Dumbledore? Por um momento, pensou em Sirius. E decidiu que também tinha que avisá-lo.
- Vamos, Harry! - Hermione puxou o seu braço em direção ao carro. - Meus pais já estão voltando ao normal. Discutiremos isso na casa do Rony. Os Granger pareciam ter voltado ao seu estado normal; a última coisa que eles se lembravam eram de ter saído da loja de conveniência, depois de um belo café da manhã reforçado, como Hermione previra. Eles entraram no carro sem pestanejar, enquanto a sua filha explicava o que tinha ocorrido. O pai dela não acreditou muito, mas estava atordoado demais e não se lembrava de nada para poder discutir.
Harry e Hermione permaneceram em silêncio no banco de trás. Estavam assustados também, e se sentiam bastante receosos no decorrer da viagem. Eles olhavam para fora, à procura de alguma coisa estranha inúmeras vezes. Tão preocupados com Comensais da Morte que poderiam surgir do nada que nem perceberam já estavam de frente à Toca.
- Chegamos! - o sr. Granger avisou.
Harry olhou para fora e pôde ver a Toca; uma casa torta, que logo se via que era sustentada por magia. Havia um letreiro na frente, escrito A Toca. Ali era a casa de Rony e de sua família. Gostava muito de lá; era tratado
como se fosse um Weasley também.
Notou que Molly Weasley, a mãe de Rony, junto com os gêmeos Fred e Jorge, estavam os esperando do lado de fora. Rony também acenava, e corria para perto do carro parado, cumprimentando os amigos.
- Olá, sra. Weasley! - o sr. Granger já havia estacionado no jardim. Ele saiu do carro e cumprimentou-a, fazendo o mesmo com os gêmeos e com Rony. - Espero que minha filha não dê nenhum trabalho!
- Imagine! - ela sorria. Molly abraçou Hermione e Harry, cumprimentando-os, enquanto Fred e Jorge ajudavam a retirar as bagagens. - Hermione não deu trabalho nenhum no ano passado e garanto que este ano também não dará! Muito pelo contrário!
A mãe de Hermione também saíra do carro e cumprimentava a todos. Logo em seguida, eles partiram, deixando sua filha ali e desejando boas férias.
- Bem... - a sr. Weasley falava para todos, quando o carro dos Granger não eram mais avistados. - Vamos entrar. - e virou-se para Rony. -Rony, leve Harry até seu quarto, enquanto Fred e Jorge carregam as malas. Hermione, - ela sorria para a garota. - Gina está lá dentro tomando café. Vá lá falar com ela!
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