Retorno à Hogwarts



8. Retorno à Hogwarts
Quando criei coragem e achei que estava pronta saí do vagão dos animais e topei com uma pessoa.
- Desculpe. Eu não vi você.
- Não a culpa foi minha... – qual não foi a minha surpresa ao perceber que a pessoa com quem topei era Gina. – É que eu vim procurar uma amiga minha. Tinha certeza que ela estaria aqui, mas acho que me enganei. – ela disse isso enquanto virava as costas pra ir embora.
- Se você me disser como é essa sua miga, quem sabe eu não posso te ajudar? – ofereci achando graça por ela não me reconhecer.
- Ah, ela é mais ou menos da sua altura, tem cabelos bem fartos, olhos castanhos e usa um uniforme um tamanho maior que o dela. Você a viu por aí? – ela tinha olhos suplicantes.
- Não a vi não. E se eu fosse você não procuraria mais, porque você nunca mais vai vê-la... – tentei manter o meu disfarce. Vi o rosto de Gina ficar vermelho e ela me olhar com cara de brava.
- Se não quer ajudar não ajude, mas também não fique falando besteiras! – ela virava novamente as costas para mim e já estava abrindo a porta quando eu puxei o seu braço.
- O que foi agora? Vai ficar me enchendo o saco é! – ela olhava pra mim como se fosse apertar o meu pescoço.
- A garota que você procura pediu pra te dizer que não volta mais, mas ela disse que tinha me mandado pra resolver os problemas dela. – disse estendendo o meu malão (que tinha as minhas iniciais) pra que ela pudesse perceber quem eu era.
- Como foi que você pegou este malão? – perguntou já com a varinha em punho. “Estou vendo que ela é mais lerda do que pensei...” – Diga agora ou eu...
- Você o quê? Vai me acertar com um feitiço pra bicho-papão?
- Gina! Foi você mesma que disse que eu deveria mudar, e agora fica aí me olhando com cara de quem nunca me viu. Francamente... – talvez falando assim a ficha dela caísse.
Ela chegou perto de mim e olhou nos meus olhos.
- Mione? É você mesma?
- É claro que sou eu sua boba! Anda, me dá um abraço que eu tô morrendo de saudade!
- Mione! – ela me abraçou tão apertado que eu tive que pedir pra ela soltar. – Deixa eu olhar pra você. Merlim! O que foi que você fez! Tá demais amiga! – ela me rodeava pra ver de todos os ângulos.
- Ah, eu só segui o seu conselho.
- Isso eu já vi. Mas como você fez? – ela ainda me olhava encantada.
- Conheci uma bruxa na França que foi a responsável por isso. Você não faz idéia de como ela me ajudou. – disse lembrando da Nick.
- Não faço mesmo! Mas depois você me conta isso. Ah, mas eu só quero ver a cara do Harry quando te vir assim! – disse Gina gargalhando
- Não sei se vai adiantar muita coisa... Eu li a carta que você me mandou.
- Podia não adiantar antes, mas que o Harry vai pensar duas vezes em continuar com a Parvati, ah vai.
- E ela como está?
- Você não vai acreditar. Ela tá um doce! Chega até a enjoar de tão meiga que está. Eu acho que é só pra impressionar o Harry. Mas chega de falar daquela mocréia. Vem comigo que eu te levo pro vagão.
- Mas o que é que eu vou falar com eles!
- Não fala nada. Deixa que eles falem.
Ela foi me arrastando (vou começar a cobrar todo mundo que me arrastar) e pedindo licença pra todo mundo que queria falar comigo. Era só o que faltava, ter um monte de gente pegando no meu pé... Mas eu vou acabar com isso já já.
- É aqui que a gente tá. – disse a Gina segurando a maçaneta.
- Espera!
- Ué? Esperar por quê?
- Eu tô nervosa Gina!
-Então se acalma! Mione você está linda, eu já disse! Nada vai dar errado.
- Tá, mas vamos logo antes que eu me arrependa. – ela abriu a porta e eu senti a minha barriga virar um freezer de tão gelada que estava. Ouvi todo mundo rindo e a Gina dizer:
- Gente, eu achei a Mione.
- Então onde é que ela tá? – perguntou a Luna.
- Ela tá aqui. – ela virou pra mim e disse:
- Entra Mione.
Pela segunda vez naquele dia, eu respirei fundo e dei um passo a frente. Todo mundo olhou pra mim e a conversa acabou. Acho que estavam esperando que eu falasse alguma coisa, então eu falei a primeira coisa que me veio em mente:
- O-oi gente... – dei um sorriso tímido ao dizer isso. Como é ruim você estar com vergonha e ter todo mundo olhando pra você sem falar nada...
- Gente fala alguma coisa! – disse a Gina querendo saber o que todos, particularmente Harry, estavam pensando.
- Hermione o que foi que você fez? – perguntou a Luna que tinha se levantado pra me ver mais de perto com aqueles olhos exageradamente esbugalhados.
- Já me perguntaram isso hoje. – disse sorrindo pra ela.
- Hermione meus parabéns, eu sabia que você voltaria ao seu normal. – disse num sussurro. Não estranhei ouvir isso. Eu sabia que a Luna tinha um quê de paranormal.
- Obrigada.
- Caraca! A Luna que me desculpe, mas Mione você tá muito gata! – disse o Rony com cara de besta.
- Eu desculpo sim. Mas só porque é a Hermione. Nem pense em ficar chamando qualquer uma de gata hein?
- Você sabe que eu só tenho olhos pra você. – disse ele muito vermelho. Ainda não tinha perdido a timidez.
- A-ram – a Gina pigarreou – e então, o que você achou Harry?
- Pode deixar que eu respondo por ele...
- Ah... Oi Parvati. Eu não tinha notado você... – disse sorrindo amarelo.
- Eu sei que não querida. Mas deixe-me abraçá-la. Estou muito feliz por você. Tenho certeza que agora conseguirá um bom namorado, assim como o meu Harry. – ela falou o meu com um tom possessivo, mesmo parecendo doce comigo. Talvez ela soubesse do meu interesse pelo Harry...
- Ela vai sim Parvati. Pode deixar. Mas eu acho que o Harry pode responder por si só. – disse Gina com um sorriso sarcástico. – Não é Harry? – ela olhou pra ele que olhou pra mim.
- Anh? – ele parecia não estar prestando atenção na conversa. Não tirava os olhos de mim, mesmo com a cara de raiva que a Parvati fazia pra ele.
- Eu perguntei o que você achou da Mione?
- Ah, ela tá... Muito bonita – ele disse olhando de esguelha pra mim com as bochechas vermelhas. Mas se eu bem conheço o Harry (e isso eu tenho certeza) ele adorou! O primeiro sinal que ele dá quando acha uma garota bonita é ficar tímido e corado. Sei bem disso por causa da Cho e também por causa das vezes que a Parvati falava com ele no ano passado.
- Obrigada gente... – bingo! Consegui o que queria. Ele pode até continuar com a Parvati depois disso, mas eu tenho certeza que eu pelo menos o perturbei com a minha mudança. – Então, como foram as férias de vocês?
- Foram ótimas, não é Ronald? – perguntou a Luna ao seu namorado.
- Sim. Perfeitas. – ele respondeu mesmo com vergonha.
- Mas não melhores que as nossas. Passamos só um final de semana juntos, mas foram as melhores férias de nossas vidas, não é Harry? – perguntou Parvati dando um beijo no alto da cabeça de Harry enquanto olhava pra Gina com um olhar gentil.
- É. Foram... – respondeu ainda olhando pra mim.
- E as suas Mione? – perguntou Gina louca pra saber das novidades. – Devem ter sido melhores do que você esperava não é?
- Está absolutamente certa. Conheci pessoas maravilhosas lá na França – respondi colocando o meu malão em baixo do banco. Seria mais fácil para tirar o uniforme.
- Mione o que é isso no seu bolso? – perguntou a Gina ao ver um pedaço de pergaminho escapar.
- Não é nada! – respondi tentando esconder o papel. Ainda não tinha lido, mas sabia que era uma carta do Thierry.
- Mione o Bichento tá lá fora correndo atrás do Trevo!
- Cadê! – e a mentirosa pegou o papel. Ela sempre conseguia me enganar! - Ah sua farsante me devolve isso!
- Só depois que eu ler. Hum... Thierry Von Pérre. Tem francês na parada! Luna segura ela!
- Ela não vai participar dessas suas brincadeirinhas Gina! – respondi tentando alcançar a carta com o máximo de decência possível por causa da saia.
- Mas dessa vez eu faço questão de participar!
-Luna!
- E eu também vou ajudar. – disse o Rony morrendo de curiosidade.
- Vocês adoram um mexerico né? – respondi me chacoalhando pra sair dos braços dos dois.
- Harry! Faz alguma coisa! – pedi por ajuda pra única pessoa que estaria do meu lado
- Não mesmo. Quero saber quem é esse tal Thierry. – falou o Harry bufando de ciúmes. Fiquei tão sem reação que nem percebi que Gina tinha começado a ler a carta.
- “Querida Hermione”
- Gina por favor! – supliquei uma última vez
- “... Fiquei muito triste quando a Nick...” Quem é Nick? – ela perguntou parando de ler e me olhando com dúvida.
- Só te respondo se me devolver a carta! – ah chantagem... Que palavra bonita!
- Nah. Um dia você acaba me contando. Continuando: “... Fiquei muito triste quando a Nick me falou que você tinha ido embora. Por que você não me disse que ia voltar para o seu país? Mas não tem problema, eu não ligo”.– pelo menos ele sabia escrever em inglês, por que falar... – “Eu pedi o seu endereço pra Nick pra dizer o que eu não tive coragem antes. Lembra daquele dia na festa que eu te beijei?” – e como não lembrar?
- Olha a Mione! Tá podendo hein! – disse o Rony tirando uma com a minha cara
- Cala a boca Rony! - ralhou Gina – “Desde aquele dia eu não paro de pensar em você. Não consigo mais sair de casa porque em todos os lugares que vou me lembram você. Eu sei que já conversamos a respeito, mas quando nós quatro nos encontramos no parque, o que eu senti por você voltou à tona. Não estou escrevendo isso pra te deixar triste por não me corresponder. Escrevo porque essa foi a forma que eu encontrei pra dizer que você, nesse pouco tempo em que passamos juntos, se tornou muito especial pra mim. E como já lhe disse na festa, quero a sua amizade e nada mais. Antes de você, toda garota com quem eu ficava era só mais uma, mas depois de você, todas passarão a ser únicas na minha vida. Cada uma com o seu valor. Muito obrigado por aparecer em meu caminho. De quem te adora, Thierry.”
- Ah, que romântico! – disse Luna ao me soltar
- E tem até foto! – disse Gina tirando a foto do envelope. Tínhamos tirado aquela foto no parque. Nela, o Thierry abraçava meus ombros e me dava um beijo no rosto, e eu estava segurando um algodão doce. – Nossa! Que gato!
- Um pouco de privacidade faz bem sabiam? – disse ajeitando minhas roupas e pegando a carta de volta.
- Se Gina não lesse você não ia nos contar... – disse Parvati. – e nós não ficaríamos tão felizes. Não acha amor?
- Eu achei esse talzinho muito abusado isso sim! – disse Harry olhando pra janela com cara de quem comeu e não gostou.
- Abusado por quê? Posso saber? – vocês não pensaram que eu ia perder a oportunidade de jogar isso na cara dele pra saber o que ele diria né? Ele me olhou por um instante com cara de mágoa e voltou a fitar a janela.
- Ora, porque... Porque ele é abusado e pronto! E chega desse assunto.
- Boa idéia. Não viemos aqui pra falar só de mim. – eles retomaram o assunto de antes de eu chegar, mas eu não estava nem aí. Só conseguia sorrir com as palavras de Harry. Aquilo significava que ao menos ciúmes ele sentia de mim. Subitamente uma lembrança me fez acordar.
- Nossa! Já estava esquecendo. Eu vou ter que sair por uns instantes, mas eu já volto.
- Aonde você vai? – perguntou Rony. O Harry nem olhava direito pra mim. Mas eu não estava nem um pouco chateada com isso.
- É que eu fui promovida a monitora-chefe nas férias. E na carta constava que eu deveria me encontrar com o meu companheiro de cargo no vagão cinco, pra nos conhecermos melhor e discutirmos o método de patrulhas noturnas que vamos usar. Dependendo de quem for, eu voltarei mais depressa.
- Saí do vagão de meus amigos (e da intrusa) e me pus a procurar o vagão dos monitores-chefe (que não era o mesmo que o dos monitores das quatro casas). Eu parei em frente ao vagão e bati na porta do mesmo.
- Quem é? – disse uma voz abafada
- A monitora-chefe. – respondi
- Entre! – eu empurrei a maçaneta e abri a porta. Ao fechá-la ouvi:
- Minha nossa! O que temos aqui!
- Ah não! – recostei minha cabeça na parede ao reconhecer aquela voz – O Malfoy não...
- O que disse?
- Nada.
- Então você é a minha parceira... Gosto do que vejo – ele disse me olhando de cima a baixo.
- Que tal discutirmos sobre as patrulhas que faremos? – perguntei interessada em acabar logo com aquilo.
- Se bem me lembro, a carta dizia que nós deveríamos nos conhecer melhor. Por que não se senta ao meu lado? – disse alisando o lado do sofá onde queria que eu sentasse.
- Não obrigada. Estou melhor em pé.
- Então – disse ele desconcertado por eu não ter aceitado a sua oferta – você é a monitora-chefe?
- É o que parece... – que pergunta idiota! Como as pessoas mudam quando você tem um rostinho bonito...
- Quero que saiba que é um imenso prazer trabalhar com você. – olhou para mim com um olhar 43 achando que ia funcionar. Coitado!
- Pena que eu não posso dizer o mesmo... Já que você não quer discutir o necessário, vou embora. – já tinha alcançado a porta quando ele disse:
- Espera! Você nem me disse o seu nome! – eu sorri satisfeita com o que ele disse. Nada me faria mais feliz (bem, talvez só ser a namorada do Harry) do que responder isso. Fiz a cara mais sensual que conhecia, me virei segurando a porta e sibilei:
- Granger... – e saí vagão a fora gargalhando da cara de paspalho que ele fez. O idiota ficou tão pasmo que a boca chegava a tremer. Que sensação divina! Se eu soubesse que isso era tão bom, já tinha mudado antes.
Voltei pro meu vagão, onde encontrei todos uniformizados e peguei minhas vestes. Dentro de quinze minutos chegaríamos em Hogwarts e um ano totalmente diferente dos demais (pelo menos é o que eu espero) começaria.
Após ter me trocado e colocado o distintivo, reentrei no vagão e avisei a todos que tínhamos chegado.


- Até uniforme novo você comprou! Vê lá se não vai ficar metida. – disse Gina brincalhona. Já estávamos dentro dos coches.
- Gostou?
- E muito. Agora sim você está com cara de gente. Aquele uniforme que você usava te deixava gorda.
- Pra mim era normal. Eu nem ligava pra isso. Mas mudando de assunto, você viu a cara que a Parvati fez quando você deu aquela resposta pra ela!
- Não. Eu tava mais interessada na cara que o Harry fazia ao olhar pra você. – disse piscando o olho.
- É...? Eu nem notei... – que mentira deslavada! Mas eu queria ouvir o que ela achava.
- Nem vem com suas mentiras furadas. Você quer é fazer doce pra eu te elogiar. Pensa que eu nasci ontem?
- Não é não. Na verdade eu quero ouvir a sua opinião sobre a reação dele.
- Tá bom, tá bom... Pela cara que ele fez, eu posso jurar que há essas horas ele se arrependeu de ter escolhido a Parvati. Ele te devorava com os olhos! Ele pensa que a gente não percebeu, mas tava estampado na cara dele que ele não acreditava que aquela Hermione que vivia atrás de livros se transformou num mulherão.
- Será que ele achou isso mesmo? - perguntei e mordi os lábios ansiosa
- Juro pela minha varinha.
- Aiai... Eu tô tão feliz.
- Imagino... E então, você não falou quem é o monitor-chefe. – ela perguntou olhando pra suas unhas
- Uma pessoa chata, desagradável e que acha que tem o rei na barriga.
- O Malfoy! - disse expressão indignação
- Quem mais possui todas essas qualidades?
- Hum, acho que ninguém.
- É, e sobrou pra eu ter que aturá-lo...
- Mas o que deu na cabeça do Dumbledore pra fazer isso?
- Eu não tenho idéia.
- E então, vai sair com alguém esse ano? Sim porque, convites não hão de faltar!
- Se surgir alguém, quem sabe? – e dei de ombros.
i>Nós descemos do coche (o que nos dava uma sensação ruim, por não vermos os testrálios) e eu fui juntamente com o chato do Malfoy organizar a entrada dos alunos no salão principal.
Todos nós entramos e nos sentamos prontos para a seleção dos primeiranistas. Para minha tristeza Parvati sentou-se do meu lado com Harry e os dois só faltavam se agarrar na frente dos professores. O que mais irritava eram as brincadeirinhas insuportáveis de namorados que os dois faziam. Sabe aquelas frases do tipo: “O meu Momô tá cansadinho tá? Tá com fome tá?”. E outras piores que deprimem todos que estão assistindo?
Pois é. Era assim que os dois conversavam. A cerimônia de seleção já estava acabando, e eu estava tão entediada que não conseguia desviar os olhos do prato vazio. A cada sorriso que o Harry dava a ela eu ficava com vontade de sumir. Eu começava a achar que ela tinha sentado ali só pra me provocar, e o pior é que ela estava conseguindo.
Enquanto eu brincava com o garfo ouvi umas garotas cochicharem.

- Nossa! Você viu que gato?
- Merlim, esse cara é bonito demais!
- Será que ele vai gostar do meu cabelo? – só que o que eu não tinha notado é que todas as garotas do salão diziam coisas parecidas.
- Silêncio! – ordenou a Profª. McGonagall – Esse ano temos um aluno novo que veio transferido da Romênia... – eu estava tão desinteressada que nem ouvi o resto. A minha vontade era ir embora dali, mas como eu era monitora-chefe e teria que levar os alunos do primeiro ano pra sala comunal, não podia nem cogitar essa hipótese.
- Mione do céu, esse cara não te deixa com falta de ar? – perguntou Gina que estava do meu outro lado se abanando.
- Desculpe, não ouvi o que você disse.
- Eu disse que... Hermione não vá me dizer que você não viu o deus grego que entrou aqui. – disse com uma voz autoritária.
- Não estou muito interessada...
- Por Merlim, Mione! O cara é tudo! E você ainda tem a coragem de dizer que não tá interessada... – falou me olhando como se não acreditasse no que eu dizia.
- Gina, eu não estou com a mínima vontade de olhar pra nada. Se eu pudesse, já teria ido embora desse jantar... – comentei olhando pra ela.
- Ah, dá só uma espiadinha vai! – pediu com as mãos juntas em sinal de prece
- Se eu olhar, promete que você vai parar de me encher? – pedi impondo uma condição
- Com toda certeza! – disse ao beijar os dois dedos indicadores que estavam em forma de cruz.
- Então eu olho. – ela sempre me vencia pelo cansaço...
- Se segura pra não cair
E eu ergui a cabeça pra olhar o garoto. Confesso que quando eu o vi, meu queixo quase bateu na mesa.
Ele tinha um cabelo loiro muito liso e bonito até a nuca, seu rosto era branco (mas não transparente) e sem uma espinha pra contar história, a boca era carnuda e ele tinha dentes bem enfileirados e brilhantes que exibia num sorriso. Baixei minha vista e constatei que mesmo por baixo do uniforme dava pra notar que ele era forte (mas não em demasia) e tinha o corpo muito bem definido. Eu olhei pra cima novamente, mas dessa vez mirei os seus olhos. Eram de um azul profundo e revelavam grande alegria por estar aqui.

- Esses olhos... – sussurrei
- O que tem os olhos dele? - perguntou Gina com um sorriso de satisfação no rosto
- Eu não sei... Mas me sinto diferente ao olhar pra eles...
- Diferente como?
- Sinto-me segura, em paz. Sinto como se o conhecesse... Tsc, eu tô falando besteira. – chacoalhei a cabeça pra tirar aquela idéia maluca de lá.
- Nesse momento ele se sentou na banqueta e a Profª. colocou o Chapéu Seletor na cabeça dele. Mal o encaixou e ele gritou:
- Grifinória! – as garotas começaram a gritar e os garotos, a bufar. Algumas mais exageradas até desmaiaram. Ele olhava com divertimento pra tudo isso. Foi passando seus olhos por toda a mesa, e, não sei porque, parou-os em mim. O sorriso, que até agora mantinha, desapareceu, e ele não desviava os olhos de mim.
- Mione ele tá olhando pra você – disse num cochicho
- Está mesmo. Ele deve ter notado que eu não parava de olhar pra ele, e tá me dando um “semancol”.
- Não, não é isso. Ele parece estar surpreso por te ver. Você o conhece de algum lugar?
- De nenhum, por isso é tão estranho.
- Hermione, por acaso você conhece esse cara? – perguntou Harry impaciente.
- Acabei de dizer pra Gina que não. – respondi no mesmo tom. Era o primeiro dia em Hogwarts e eu já estava enjoada dele e da Parvati. – Por quê?
- Porque esse chato já tá incomodando olhando pra cá.
- Então vá falar com ele pra parar! Se não gosta, o problema é seu. – e dei minhas costas a ele.
- Mione...
- Que é agora Gina? – perguntei ainda de cara fechada.
- Ele tá vindo pra cá!
- Hein! – olhei pra frente e vi que o que Gina falava era verdade. Ele já estava bem perto, mas...
- Iuhuu! Lindão, senta aqui! – ele foi se sentar lá com as garotas que o chamavam.
- Está na cara que ele é só mais um mauricinho – eu disse enquanto me servia do jantar.
- Por que você diz isso? – perguntou Parvati.
- Foi só aquelas garotas oferecidas o chamarem que ele foi correndo pra lá – disse Gina me apoiando
- Ué, mas o que é que isso tem de mal? – perguntou Rony querendo estar no lugar no metido mesmo namorando a Luna
- Rony, você já ouviu o ditado que diz: “diga-me com quem tu andas e te direi quem és?” – perguntei olhando pra ele.
- Já, porquê?
- Porque se ele já foi se juntar com as galinhas da grifinória, quer dizer que boa coisa ele não é.
- Vocês estão julgando-o sem o conhecer. – disse Neville que estava ouvindo a conversa.
- Pode até ser, mas eu não estou com vontade de gastar meu tempo falando do... Qual é mesmo o nome dele? – perguntei porque estava distraída quando falaram.
- O nome a Prof. ª não disse, mas o sobrenome é Breindesfeld.
- Então, continuando o raciocínio, eu não vou perder meu tempo falando do Breindesfeld. E, por falar nisso, que nomezinho esquisito né?
Terminamos o jantar, que poderia ter sido melhor sem a agarração dos mais novos pombinhos, e eu, depois de me despedir dos meus amigos, fui cumprir minhas obrigações.
- Primeiranistas da Grifinória, sigam-me! – gritei para as crianças que estavam desnorteadas. O Breind (vou chamá-lo assim porque o nome é muito comprido) levantou-se e veio me seguir.
- Por favor, será que poderia me mostrar o caminho para a Grifinória Srta...
- Granger. Hermione Granger. Infelizmente, não vou poder ajudá-lo, pois preciso mostrar a escola às crianças. Mas as suas amiguinhas estão aí atrás, por que não pede a elas que o levem? – perguntei com um sorriso sarcástico. Eu realmente não tinha ido com a cara dele.
Saí antes que ele pudesse me responder e com os novos grifinórios a me seguir.
Mostrei às crianças todos os lugares da escola que eles poderiam entrar, expliquei o porquê da Floresta Proibida ser proibida, e lhes apontei quais os lugares que não era permitida a entrada.

- Os horários de aula virão amanhã por correio coruja. E tomem muito cuidado com as escadas, pois elas se movem, e podem levá-los a outros lugares que não sejam as salas de aula. – chegamos em frente ao quadro da Mulher Gorda e ela nos perguntou a nova senha.
- Casquinha de Siri! – disse num tom alto o bastante para as crianças ouvirem. Quando elas entraram no salão comunal, fizeram a mesma cara de admiração que eu fiz ao entrar lá pela primeira vez.
- O dormitório masculino fica à esquerda de vocês, e o feminino à direita. – as crianças correram para os dormitórios, loucas por mais novidades. E eu, sairia dali pra procurar o meu quarto (que era separado dos demais).
- Sempre dando o melhor de si nas suas tarefas não é Hermione?
- Ah! É você... – a chata da Parvati havia acabado de chegar no salão comunal, mas dessa vez, desacompanhada. Onde está o Harry? – perguntei sentando numa das poltronas desejando que essa conversa acabasse o mais rápido possível.
- Está lá embaixo com o Rony conversando. Assuntos particulares. – respondeu imitando o meu gesto.
- Que estranho... Ele nunca chama o Rony pra uma conversa sem mim. – sem querer, pensei alto o suficiente pra que ela ouvisse.
- Acho que se fosse um assunto importante, ele falaria comigo primeiro, que sou sua namorada. – disse olhando para a lareira – Não é mesmo?
- Não. – ela me olhou – Vocês estão namorando, eu e Rony respeitamos isso, mas nunca deixaremos de ser amigos por causa disso.
- Oh, mas eu não tenho a intenção de separá-los! – ela colocou a mão no peito se sentindo ofendida
- Eu sei que não. - disse fingindo me compadecer dela - Mesmo porque se você tentasse, Harry ficaria magoado com você. Agora, com licença que eu vou para o meu quarto. – eu tinha quinze minutos pra ver como era o quarto de monitores e depois teria que comparecer a uma reunião com Dumbledore.
- Boa noite Hermione. – disse ao subir para o dormitório.
- O mesmo pra você. – falei isso mesmo a contragosto enquanto a observava ir embora. Assim como Gina falou, ela está diferente. Agradando todo mundo, sendo gentil, menos fútil... Mas ainda sim isso soa falso, pelo menos pra mim. E o que mais me irrita é o jeito que Harry a trata. Só falta beijar o chão que ela pisa! E a timidez antiga que ele tinha ao estar com uma garota pareceu nunca ter existido.
- Estava tão absorta em meus pensamentos que não percebi que o Breind estava escutando tudo. Ele estava atrás de mim me olhando com um sorriso.
- Não sei se o lugar de onde você veio isso é normal, mas aqui, é falta de educação ouvir a conversa dos outros.
- Desculpa, mas é que eu precisava mesmo falar com você sozinho, e eu não vi outra oportunidade senão essa. – comentou ainda sorrindo.
- Mas eu estou muito ocupada e infelizmente não vou poder falar com você agora. Com licença.– respondi virando as minhas costas pra ele.
- É rápido, eu prometo!
- Nem se fosse por um segundo. Eu vou me atrasar pra uma reunião se ficar aqui com você.
Enquanto isso...
- Cara, cê viu como a Mione tá bonita? – comentou Rony. Eles estavam voltando da cozinha, onde foram conversar com Dobby.
- Huh, normal. – disse para desviar o rumo da conversa. Ainda não estava preparado pra falar nada sobre ela desde o que aconteceu no ano anterior.
- Normal! Só se você tiver doente pra achar que ela tá normal.
- Pra mim a Parvie é muito mais bonita... – sorriu ao lembrar da namorada
- Bem, só se for pra você, mas pro resto da escola...
- O que você quer dizer com isso? – perguntou desconfiado
-Quero dizer que esse ano a gente vai ter que cuidar da Mione, porque já tem um monte de urubu atrás dela.
- Hahaha... Isso é coisa da sua cabeça ciumenta Rony.
- Isso é o que você pensa. Enquanto você tava lá brincando de falar que nem besta com a Parvati, os caras da nossa mesa e das outras tavam lá falando da Mione. A própria Luna me disse que os solteiros da Corvinal não falavam de outra coisa.
- Ah é? E o que eles falavam? – perguntou com um súbito interesse na conversa.
- Que ela tava muito gata e que eles tavam loucos pra sair com ela quando liberarem Hogsmead pra gente ir.
- Duvido que ela aceite sair com eles. Não são do tipo dela. – comentou tentando se convencer desse argumento.
- Não sei não, ela tá meio diferente. E como você sabe que eles não são do tipo dela? – perguntou um Rony de braços cruzados e sobrancelha erguida.
- Ah! Sei lá... Mas ela num tem cara de gostar de cara que brinca demais.
- E se ela passar a gostar? A gente num sabe...
- Ela pode até gostar, mas é tímida demais pra sair com um cara.
- Ah é? E o francês da carta?
- Deve tá mentindo. Você acha que ela ia dar bola pra um francesinho metido?
-Eu acho. O cara parecia estar afim dela.
- Mais um prova de que ele não é o tipo dela. Se fosse, ela já tinha dado uma chance pra ele.
- Então diz você qual é o tipo dela sabichão. – Harry engoliu seco. Não esperava por uma pergunta dessas.
- Acho que um cara que goste e se preocupe com ela, que seja paciente com as crises de esperteza que ela tem... Mais ou menos assim.
- Se for do jeito que você tá falando só tem duas pessoas assim: eu e você. E nós dois estamos namorando, então, nada feito. Apesar de que, se eu não estivesse com a Luna, ia adorar ficar com ela.
- Num fala besteiras Rony! Ela é nossa amiga.
- Mas é uma garota. E que garota!
- Dá pra parar com isso! Que saco Rony!
- Ih... Depois eu é que sou o ciumento...
- Quem? Eu? Ciúmes? Da Mione? Nunca!
- Humpf, vô fingir que acredito.
- É bom acreditar mesmo.
Depois de 3 minutos em silêncio e alguns degraus rumo ao salão comunal...
- Mas o que você não pode negar, mesmo com esse negócio de que ela é nossa amiga, é que ela tá muito linda. – disse Rony com os braços cruzados atrás da cabeça.
- Lá vem você de novo com esse assunto... – disse Harry entediado virando os olhos.
- E eu tô mentindo?
- Não Rony, não tá...
- Pode falar cara! Eu não vou contar pra Parvati.
- Você não vai descansar enquanto eu não falar o que você quer não é? – Harry parou ao falar isso
- Não. Eu não vou descansar enquanto você não falar o que quer. – Harry pareceu se convencer desse argumento. Sentiu como se, por alguns instantes, tivesse tirado um peso de suas costas.
- Se você contar pra alguém eu juro que te mato! – disse apontando o dedo indicador na face do ruivo
- Não conto pra ninguém! Prometo! – cruzou os dedos indicador e médio, como fazem os escoteiros ao prometerem algo.
Harry olhou em volta para saber se não havia ninguém ouvindo o que diria. Constatou que não havia viva alma ali e começou a sussurrar.
- Essa conversa não pode sair daqui! – advertiu-o pela última vez
- Já falei que ela não sai. Agora, fala logo. – Harry se aproximou o máximo que pôde de Rony e falou em seu ouvido.
- A verdade é que eu achei ótima essa mudança toda da Mione. Ela está tão linda quanto uma veela. Uma coisa que eu não esperava na vida era que ela fosse ficar tão bonita em somente um mês. Se eu pudesse, falava isso pra Mione, mas se eu falar, a Parvati pode ficar chateada. Sabe como é, ela é muito ciumenta...
- Eu sabia que aquele olhar de peixe-morto significava alguma coisa. – disse dando um soco no ombro de Harry
- Shhhhhhhhh! Alguém pode ouvir!
- Acho difícil, só você aqui tem a capa da invisibilidade, e além do mais, você tá falando tão baixo que nem eu consigo ouvir direito.
-Já falei o que você esperava. Mas num vai fazer besteira hein! – disse ao parar em frente o retrato da mulher gorda.
- Minha boca é um túmulo!
- Tô vendo... – disse apertando o nariz para não sentir o mau-hálito de Rony.
- Não deu pra escovar os dentes depois do jantar!
- Então fica de boca fechada! – eles entraram e ouviram o que parecia ser uma discussão entre duas pessoas. Aparentemente uma garota que ele conhecia muito bem, e um garoto que nem fazia idéia de quem era.
- Por favor! Não dura mais que dois minutos!
-Eu já disse que não! Eu tenho mais o que fazer sabia!
- Mas não é nada demais! – disse estendendo os braços inconformado.
- Se não é nada demais, então deixe pra outro dia ora!
- Mione esse cara tá te incomodando? – perguntou Harry.
- Ah, oi! - disse envergonhada, mas imediatamente me lembrei do assunto que o fez falar comigo – não, ele só disse que quer falar comigo, e eu tô tentando dizer que tenho assuntos de Hogwarts para tratar.
- Se é assim, então eu deixo pra amanhã... Boa noite. – disse se virando em direção ao dormitório.
- Ufa! Agora eu posso ir embora. Vejo vocês amanhã. – saí correndo para a sala do diretor. A reunião dos monitores-chefe seria lá.
-Quinze minutos de atraso! Eu tô ferrada. – consultei o relógio de pulso e corri o máximo que minhas pernas agüentaram até o gabinete do Prof. Dumbledore.
- Desculpe... a demora...Prof... - disse com o peito arfando e encostada à porta que, por sorte, estava aberta. – Tive um contratempo, não foi proposital.
- Não se incomode com isso Srta. Granger. Chegou em um momento propício. Estava iniciando a reunião com o Sr. Malfoy que, coincidentemente, também chegou atrasado. – disse o diretor com um bondoso sorriso no rosto.
- Hermione Granger chegando atrasada! Vão chover adagas hoje! – disse Malfoy gozando da minha cara
- Só não vou te responder Malfoy, porque vim aqui para tratar de coisas importantes.
- E foi exatamente por isso que eu os chamei aqui. – disse o professor indicando um lugar para que eu me sentasse. – Creio que o tema principal desta conversa seja a hostilidade com a qual vocês se tratam.
- Então, eu acho que vou embora. Ninguém vai conseguir chegar a um acordo mesmo... – ele já estava se levantando pra ir embora, mas Dumbledore o deteve.
- Sente-se Sr. Malfoy. A conversa ainda não acabou. – o Prof. assumiu uma postura mais rígida
- Por acaso vocês imaginam o porquê de eu ter escolhido vocês dois, que são rivais não somente nas casas em que pertencem, mas também lá fora? – balançamos nossas cabeças em negativa
- Escolhi vocês porque uma guerra está por vir, e o que mais precisamos nesse momento é um pouco de paz e união nesta escola. E acredito que vocês dois sejam capazes de fazê-lo.
- Prof. desculpe-me a interrupção, mas eu acho que o senhor escolheu as pessoas erradas para o que quer fazer. Nós nem sequer nos falamos sem nos agredir! – estava tentando convencer o professor que essa era uma idéia maluca.
- Nisso a san... quer dizer, a Granger tem toda razão.
- Meus alunos, não sei se fui muito claro, mas eu não estou preocupado com o parecer de vocês. Eu os selecionei por saber que exercem grande influência, e não somente em suas casas, mas em toda a escola não há uma única pessoa que não saiba quem vocês são.
-Disso eu já sei. Todos conhecem o sonserino bonitão e a grifinória sabe-tudo e sangue-ruim. – Malfoy fazia uma cara de prepotente pra mim e jogou os pés em cima da mesa de Dumbledore.
- Controle seus atos Sr. Malfoy, ou serei obrigado a dar-te uma detenção por desrespeitar a mim a e Srta. Granger. – eu fingi tossir pra disfarçar o riso.
- Vou explicar melhor para que vocês me entendam: Srta. Granger, você é a melhor aluna que Hogwarts já viu em mais de 50 anos, e é rigorosa com as regras da escola, o que a torna uma aluna exemplar e inibe o preconceito dos alunos contra os nascidos trouxa. Já o Sr. Malfoy é o aluno mais popular da Sonserina, e também exerce influência em seus colegas. Agora, pensem bem: se vocês dois deixarem suas diferenças de lado, talvez ajudem os seus colegas a fazerem o mesmo.
- E o que o Sr. sugere? – perguntei já conformada com a intenção do diretor
- Que se tratem bem perante os demais. É só o que peço por enquanto. Se tiver alguma idéia comunicarei a vocês para pô-la em prática.
- Mas isso é impossível! – Draco não estava tão conformado quanto eu.
- Eu não quero que sejam melhores amigos ou algo assim, só quero que não se agridam ou azarem na frente dos outros. Que se controlem. Entenderam?
- Sim Prof... – respondemos ainda achando que isso não ia dar certo.
- Então podem ir.
- Ih Granger... Se ferrou – falou quando estávamos próximos dos nossos quartos (que, para o meu castigo, eram lado a lado).
- A palavra certa é: nós.
- Ahn?
- Nós nos ferramos.
- Sempre querendo corrigir os outros não é Granger? Mas desta vez você se enganou, porque eu vou adorar ver você se controlando pra não me azarar na frente dos outros.
- Cala a boca Malfoy. – eu estava subindo as escadas junto com ele, pois os nossos quartos estavam no mesmo local.
- Ih... Já tá estressadinha Granger? Pelo visto você só mudou por fora mesmo. – disse tentando disfarçadamente olhar para as minhas pernas. - Por falar nisso, quem você teve que matar pra conseguir esse corpo? – e aquele tão conhecido sorriso sarcástico aparecia em seus lábios finos.
- Ao contrário do que você pensa, eu não fiz nada demais.
- Ah tá que eu acredito... Eu bem me lembro do esforço que você teve que fazer pra deixar o seu cabelo com aspecto normal no baile do quarto ano.
- Eu sei que você se lembra. Você não parava de olhar pra mim...
- Você tá se achando mesmo não é sangue-ruim? – ergui a minha varinha e a apontei em direção ao seu tronco.
- Você me disse que eu não tinha mudado em nada não é? Pois eis aqui a mudança que você tanto queria ver. Não vou deixar você dirigir nem mais um insulto sequer sobre mim ou ao tipo de sangue que corre nas minhas veias. Entendeu bem? – eu o fitava agressivamente e o cutucava com a varinha.
- Se você está esperando que eu diga que tenho medo de você pode me azarar agora ou esperar dormindo, porque isso você nunca vai me ouvir dizer. – ele abaixou a minha varinha e nós paramos em frente um quadro que continha a imagem ambulante de uma mulher idosa com um semblante sério e cansado trajada com roupas de cores escuras. O fundo do quadro era parecido com um jardim de inverno com folhas caídas e um banco de madeira velha onde a senhora se sentava.
- Senha. – ela se levantou e disse isso com rispidez.
- Ah que ótimo. Esquecemos de perguntar a senha. – já estava dando a meia volta o gabinete de Dumbledore quando ouvi Malfoy dizer:
- Chifre de unicórnio. – o quadro se abriu nos revelando uma sala muito bonita.
O chão era de madeira mogno e tinha um grande tapete branco com o emblema de Hogwarts desenhado em preto. Porém, o leão e a serpente estavam coloridos com a cor tema da casa que representa. Tinha ouvido falar que a cor do tapete se alterava conforme a escolha do Diretor para os monitores-chefe. Tínhamos quatro poltronas. As do lado direito eram vermelhas, e as do esquerdo, verdes. Entre as poltronas havia um sofá negro com almofadas vermelhas e douradas no lado direito, e verdes e roxas do lado esquerdo. De frente para o sofá havia uma lareira de mármore grafite com quadros de Godric Griffindor e Salazar Slytherin. O fundador da Grifinória tinha cabelos vermelhos escuros, trajava vestes de bruxo rubras com pequenas estrelas douradas e mantinha um sorriso caloroso no rosto. Já Slytherin tinha cabelos negros com poucos fios brancos no alto de sua cabeça, olhos de um verde sombrio e feições muito magras e pálidas nem um pouco agradáveis. Atrás da lareira (que não era acoplada à parede e sim num muito largo pilar) havia uma mesa retangular de tamanho médio com duas grandes cadeiras em lados distintos da mesa. A minha tinha o estofado de veludo vermelho, e a de Malfoy era verde.
- Como foi que você soube qual era a senha? - perguntei curiosa
- Eu perguntei pro velho gagá.
- Não o chame assim!
- Agora vai defender o velho também. Faça-me o favor Granger...
- Faça-me você o favor. Se continuar a abrir essa sua boca imunda pra falar mal de mais alguém juro que aí sim eu te azaro!
- Lembre-se que o ve... o Dumbledore mandou a gente se dar bem.
- O que eu me lembro é que ele pediu para nos darmos bem na frente dos outros.
- Quer saber? Fica aí falando sozinha que eu vou dormir.
Nos cantos da sala haviam escadas que nos levavam para nossos respectivos quartos. A porta do meu quarto era vermelha com um grande H dourado e com a maçaneta em forma de uma pata de leão. A do quarto do Malfoy era verde escuro com um D prateado e a maçaneta em forma de uma língua bifurcada. Eu abri a porta do quarto e fiquei deslumbrada com o que vi. O chão do quarto também era de madeira, mas ao contrário das paredes da sala, que eram brancas, estas eram de um vermelho queimado muito bonito. O quarto não era tão grande, mas era muito aconchegante. No meio do quarto havia uma cama king size de madeira, mas de um tom mais escuro que o chão e com um dossel de cetim vermelho vivo. A cama estava coberta com um edredom vinho com o emblema da minha casa. Os lençóis, que eram de seda, tinham a mesma cor que o edredom com uma faixa dourada no topo, e os travesseiros eram brancos e dourados. Na cabeceira da cama tinha um retrato meu de como estou agora. Eu estava segurando livros na mão esquerda, e empunhava com a mão direita a minha varinha que estava próximo ao meu rosto. Eu tinha um olhar firme, mas ao mesmo tempo doce. Embaixo da cama estava o meu malão e o Bichento, que estava dormindo de novo. Na parede oposta à cama estava uma escrivaninha com alguns bilhetes que depois eu iria ler, e alguns livros que descobri serem indicados pela Profª. McGonagall que continham instruções de como agir em variadas situações. Na última parede havia uma janela cuja vista era dos territórios de Hogwarts. De frente a ela tinha uma causese (uma espécie de banco comprido) com camurça vermelha. Todos os pequenos objetos de decoração espalhados pelo quarto tinham um tom dourado.
Estava tão cansada que achei que seria melhor ver amanhã como é o banheiro. Coloquei o pijama que estava sobre a cama e fechei meus olhos que estavam muito pesados. Mas antes de dormir lembrei do modo como as bochechas de Harry coraram por me ver tão diferente. Dei o mais belo sorriso que sabia fazer pra mim mesma e adormeci.
“É... Amanhã vai ser um longo dia...”.

N/A: Finalmente postei o tão esperado cap8! E como eu não tenho nada a dizer, aqui vai um pedacinho do cap9:
...O mais estranho dessa história toda, é que ao mesmo tempo que quero empurrá-lo escada abaixo por odiá-lo, quero saber o que de tão interessante ele tem a falar comigo. Os olhos dele me inspiram confiança, e o jeito que falou comigo, como se já soubesse exatamente como sou, me instiga...
Beijos e abraços sufocantes em todos o que lêem a fic e até a próxima!
.:Paty Selenita:.

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