Hora de ir pra Casa



7. Hora de ir pra casa
Mais um dia esplendoroso começara e eu acordei por volta do meio-dia. Abri os olhos e a primeira imagem que me veio em mente foi a do beijo da noite anterior. Aquela festa era o que eu precisava pra levantar a minha auto-estima. Olhei para o lado e vi a Nick ainda a dormir. Era incrível como em apenas três dias eu pudesse me afeiçoar tanto a uma pessoa. Ela virou-se para mim e abriu os olhos ainda piscando por causa da luz.
- Bom dia!
- Bom dia! – disse ela entre um bocejo – Dormiu bem?
- Muito bem, obrigada. E você?
- Eu tava tão cansada que não dormi, e sim capotei.
- Hum.
- Ainda pensando na noite de ontem? – sorriu
- Sim, foi muito legal. – respondi olhando para o teto com um sorriso de satisfação – mas uma coisa você não me disse ontem...
- O que?
O por quê de você ter sumido.
- Ah, foi porque eu queria deixar vocês sozinhos. E também porque precisava falar com o Liv.
- Liv?
- É. O Olivière.
- Ah.Ele parecia estar bravo quando eu e o Thierry chegamos.
- Ele tá meio triste porque brigou com a namorada. Os pais dela não gostam dele e não deixaram ela ir à festa.
- Coitado!
- É. Vamos levantar?
- Aham. Eu tenho que ir pro hotel. Quero só ver a cara da minha mãe...
- Eu também quero! Deixa eu ir com você?
- Deixo, mas a gente tem que ir logo. Não sei se eles ainda estão em casa, e eu ainda tenho aquele monte de roupas pra arrumar. Larguei tudo em cima da cama e minha mãe detesta bagunça.
Enquanto a Nick tomava banho eu arrumava a cama em que dormi (eu disse que ia arrumar a dela também, mas ela disse que ela arrumava depois do banho), colocava o vestido na caixa do presente e os sapatos, brincos e etc. nos seus devidos lugares.
- Vai tomar um banho pra tirar esse ar de cansada. Vou te emprestar uma roupa pra você ir e na sua casa você me devolve.
- Onde tem toalha? – perguntei já dentro do banheiro
- Na terceira gaveta de cima pra baixo do armário.

- Que água quentinha! – exclamei enquanto secava o cabelo
- Essa roupa tá boa? – era um conjunto de jaqueta e saia comprida e rodada jeans com uma blusa de lã rosa-bebê. Para os pés, um all star da mesma cor da blusa e uma meia 3/4 branca.
- Tá ótima.
Terminei de me vestir e parti meu cabelo (que eu ainda não acreditava que era meu) ao meio fazendo uma maria-chiquinha. Passei um batom clarinho, peguei minhas coisas e já ia abrir a porta quando vi a Nick olhando com cara de boba pra mim.
- Que foi? – olhei pra ela com uma sobrancelha erguida.
- Você tá uma gracinha! – respondeu olhando pra mim com aquela cara que as velhinhas fazem quando querem apertar a bochecha de alguém.
- Brigada, mas vamos logo que eu estou morrendo de fome. – falei tentando disfarçar a vergonha.
- Bom dia meninas! – saudou-nos o pai da Nick
- Bom dia! – dissemos em uníssono.
- Dormiram bem? – perguntou sua mãe passando geleia em uma torrada.
- Muito bem mãe.
- Como foi a festa do Liv? – eu abaixei a cabeça.
-Foi muito divertida. Não é Mione? – perguntou a Nick para mim olhando-me de soslaio. Quase cuspi o café dentro da xícara.
- Fo-foi.- até gaguejei. A Nick ria disfarçadamente achando graça do meu constrangimento.
- Eu já vou indo. Vocês querem carona? – perguntou o pai dela quando terminamos a refeição.
- Queremos sim. Eu vou passar a tarde na casa da Mione hoje tá?
- Você vai chegar tarde hoje filha?
- Não mãe. Como hoje é domingo, não tem nenhum lugar aberto, então eu vou chegar lá pelas 17:00 hrs.
- Muito obrigada pela hospitalidade. – agradeci quando estava saindo.
- Quando quiser, querida, sempre às ordens.

Chegamos às 13:00 no hotel. Muitas pessoas tinham saído pra aproveitar o dia no parque, ou seja, o hotel estava quase vazio. Será que meus pais estavam na conferência?
Pensando nisso entramos na suíte, e como não ouvimos nenhum barulho, fomos direto para o quarto. A Nick me ajudou a guardar as roupas e ainda me deu umas dicas de como combiná-las. Eu peguei uma blusa de moletom laranja e uma calça preta e devolvi a roupa da Nick. Estávamos conversando sobre nossas escolas e suas semelhanças até que escutamos um barulho de porta se abrindo.

- Mione? Cê tá em casa?
- Tô sim mãe. Aqui no quarto. – gritei ansiosa com a opinião de minha mãe
- Minha filha você acredita que o sei pai... – ela abriu a porta e parou de falar.
- Caminhou até mim sem falar uma única palavra, acariciou-me o rosto, segurou-me as mãos e disse:
- Linda! Parece o meu anjinho de seis anos atrás.
- Então você gostou?
- Se eu gostei? Eu amei! – disse ela ao me abraçar. – Eu sabia que você ia conseguir voltar a ser a mesma de antes. –ela olhou pra Nick e disse:
- Você é a responsável por tudo isso não é?
- Acredito que sim – ela respondeu com um meio-sorriso.
- Muito obrigada! Você não sabe como me deixou feliz!
- Não precisa exagerar mãe – não que eu achasse que a Nick não merecia agradecimentos, mas eu já estava ficando sem-graça.
- Você faz idéia do que é ver a criatura que você mais ama não ter confiança em ninguém, viver sempre melancólica, chorando pelos cantos e tentando se esconder de tudo e de todos atrás de uma pessoa que ela nunca foi? – falou minha mãe olhando-me seriamente.
- Não sabia que você se preocupava tanto...
- Como não me preocupar! Você é minha única filha e vê-la daquele jeito sabendo que você já tinha sido uma criança alegre me machuca muito!
- Desculpa por isso.
- Não precisa pedir desculpas. Mas me prometa que de hoje em diante você não vai mais ficar como antes por causa de uma bobagem ok?
- Ok. Então, o que foi que o papai fez? – mudar de assunto era uma coisa que eu adorava fazer
- Ele se recusou a comprar um sorvete par mim dizendo que eu estava ficando gorda e...
E eu fiquei ali com a Nick escutando as lamúrias da minha mãe até que meu pai chegasse e eles fossem continuar a “conversa” no quarto deles. Aquela tarde foi agradável assim como todas as outras na companhia da Nick. Saímos diversas vezes, visitamos Lyon, compramos mais algumas coisas que achamos necessário e fomos com o Thierry e o Olivière a um parque de diversão.
Dias depois...
- Você já vai? – perguntou a Nick um pouco triste. Meus pais me levaram à casa dela para eu me despedir.
- Já. O avião sai daqui uma hora. – ela me abraçou e me desejou uma boa viagem.
- Não esquece de me escrever tá? Seja na escola ou em casa, eu sempre vou te responder.
- Digo o mesmo. Se possível, vou escrever toda semana.
- Eu também. Arrasa com os garotos .
- Vou fazer o que posso. Qualquer novidade eu te escrevo contando os detalhes. Se um dia for pra Inglaterra nas férias me avisa.
- Você também, se aparecer por aqui ou na América me fala.
- Obrigada pelas férias maravilhosas.
- Eu é que agradeço.
Nos abraçamos novamente, eu entrei no carro, e ela entrou em sua casa. A viagem foi tranqüila, mas eu deixei Paris com pesar. Mas não era hora de ficar triste. Adormeci no caminho pra casa pensando que dentro de dois dias eu estaria em Hogwarts de novo como monitora-chefe (recebi a carta com a lista de materiais e o distintivo quando estava na casa da Nick) e veria Harry novamente. Como será que ele vai reagir à minha mudança?
- Mione, já chegamos. – despertou-me a minha mãe quando chegamos em casa.
- Graças a Merlim. Tô indo pro meu quarto.
Subi as escadas correndo, larguei as malas no chão e me joguei em cima da cama. Por mais que eu gostasse da França e sentisse falta da Nick, “não há lugar como o nosso lar”. Fechei os meus olhos pronta pra voltar a dormir, virei para o lado e...
- Miau... – abri meus olhos de novo e olhei pro dono daquele miado
- Oi Bichento! Senti tanto a sua falta na França! A Naná cuidou bem de você? (Naná era nossa empregada).
Ele olhou pra mim e se afastou um pouco.
- Que foi? Não me reconhece mais? – perguntei sentando de pernas em posição de lótus (ou de índio) na cama. Depois de passar um tempo me observando, ele caminhou com passos sutis até mim e cheirou a minha mão. Fazendo isso ele conseguiu me reconhecer e se aninhou em meu colo passando a lamber a mão que antes cheirava.
- Ah bichento... Quer carinho é?
- Miau... – respondeu virando a barriga pra cima. Eu atendi ao seu pedido, o que causou muitos ronronados por parte dele.
- Aonde você vai? – perguntei quando ele deu um salto da cama. Ele pegou uns papéis que estavam sobre a escrivaninha e trouxe-os para mim.
- Ora, mas o que é isso? – peguei os tais papéis da boca do meu gato. Estavam endereçados a mim, então eu os abri e comecei a lê-los:
“A Toca, 7 de Agosto
Querida Mione,
Tudo bem com você? Espero que sim. Talvez você só leia esta carta quando voltar de viagem, porque eu acho que o Píchi não vai conseguir achar você na França.
As coisas por aqui estão normais, como sempre. E as suas férias como foram? Você conseguiu seguir o meu conselho? Por que se você ainda não o fez, agora é a sua última chance, e foi justamente por isso que eu te escrevi. Eu tenho duas notícias pra te dar. A primeira notícia que eu tenho que te dar não é muito boa, então eu peço que você se sente primeiro.
Sentou? Então lá vai: lembra daquele dia que a Parvati chamou o Harry pra conversar e ele voltou afobado? – é claro que eu lembro! Era a única coisa em que eu pensava ultimamente –
Pois então, ela o chamou pra um canto dentro do vagão e disse que ela estava gostando dele desde o dia que ele a convidou para o baile. Ele começou a gaguejar pra falar que também sentia o mesmo, mas ela o interrompeu e disse que sabia que ele sentia o mesmo por ela, e como ele não tomava iniciativa, ela o chamou pra conversar e o pediu em namoro. Você acredita que o cara de pau aceitou? Ele só balançou a cabeça em sinal de que concordava e ela tascou o beijão nele.
Ele contou isso pro Rony, que acabou contando pra mim, que agora conto pra você.
Mas o pior de tudo você não sabe: ela veio passar o final de semana aqui em casa pra poder encontrar com o Harry, e os dois ficaram na maior agarração . Mamãe até tinha ficado feliz com a idéia do Harry ter uma namorada, mas depois do que viu, mudou de idéia. Mas fazer o que, ela não é mãe dele...
A segunda notícia é que o Rony também tá namorando. E acredite se quiser, mas é com a Luna. Ele disse que estava afim dela desde o ano passado por causa da ajuda que ela e o Neville deram a ele em Herbologia e viviam trocando bilhetinhos. E nessas férias ele saiu escondido com ela, mas você sabe como os gêmeos são... Seguiram o Rony e pelo que eles disseram, os dois já estavam namorando há um mês. O Jorge acabou espalhando isso pra todo mundo com a ajuda do Fred, e como o Rony não tinha mais saída, afirmou tudo. Desde então ela vem direto aqui em casa.
Bom, por enquanto é só.
Eu te desejo boa sorte, e confia em mim, você vai precisar se quiser mesmo ficar com o Harry. Nos vemos em Hogwarts.
Um abraço,
Gina.
PS: Não responda essa carta. Ultimamente o Rony fiscaliza todas as minhas cartas pra saber se não tem nenhum garoto escrevendo pra mim.”

Amassei a carta com fúria como se fosse a cara da Parvati. Eu caminhava tanto de um lado pra outro do quarto tentando achar uma solução pro meu problema que quase abri um buraco no chão.
- Mione, o jantar está pronto. – avisou-me a minha mãe apoiada na minha porta. – Por que esse nervoso todo filha?
- Por causa disso aqui – respondi estendendo a carta amassada à ela.
- Tsc tsc. É realmente uma pena que o seu amigo esteja com essa garota. Mas, Mione, você deve aprender que se as coisas não dão certo, é bola pra frente! Não vai adiantar nada você ficar se estressando. Você só vai conseguir ficar feia de novo com isso.
- Pelo amor de Merlim, nem repete isso! – bati na madeira
- Hermione, agora você tem a chance de ser feliz com quem você quiser! Você se esforçou tanto pra mudar e agora fica aí reclamando porque o garoto que você quer não te quer.
- Mas de que adiantou eu ter feito tudo isso pra ele sendo que ele já está com outra? – sentei na cama com uma cara amuada
- Filha, você tem que colocar na cabeça que você não mudou por ele, e sim por você! É como você falou, você mudou e ele já está em outra. Não é só por fora que você tem que mostrar mudança, é por dentro também. Você tem que se amar acima de qualquer outra pessoa entendeu?
- Aham. – era melhor parar com esse assunto.
- Você vem jantar?
- Não. Perdi a fome.
- Então tá. Bom descanso. E vê se faz uma cara melhor. – disse a minha mãe beijando-me a testa.
Eu tirei meus sapatos, troquei a roupa de sair por uma mais confortável, deitei-me e me cobri já pronta pra dormir. “Quer saber? Cansei! Não vou ficar me lamentando por alguém que não me merece. Se ele tivesse que gostar de mim, que gostasse do jeito que eu era e pronto. Mas quando eu voltar pra Hogwarts ele vai se lamentar por ter me perdido. Eu sei que se eu procurar, vou achar alguém que me queira como sou, e aí, tchauzinho Sr. Potter!” Pensei. Estava fula da vida. Mas também não era pra menos: eu confesso a ele que o amo, ele me dá um fora, eu me arrumo o melhor possível pra ele, dou um fora num cara que estava afim de mim por causa dele, e aí eu chego e fico sabendo que “a outra” só chamou ele pra um canto falando que queria namorar ele, e ele aceita assim fácil-fácil sem ela ter feito esforço algum pra isso.
“Ah, mas ele vai ver! Vou provar pra ele que eu posso sim ser mais que a sabe-tudo!”.
Adormeci pouco tempo depois de pensar em inúmeras formas de me vingar dele.
Mas, pensando bem, não ia adiantar nada eu ficar pensando em me vingar. Senão, eu ia acabar ficando obcecada com isso, e a única prejudicada ia ser esta que vos fala, ou melhor, escreve. Era melhor deixar as coisas fluírem normalmente. Se eu tivesse que ficar com alguém, ia acontecer, e se não acontecesse já, eu ia continuar sendo a mesma Hermione confiante de sempre e esperaria (não sentada, é claro) o cara certo aparecer.
Dormi toda a tarde um sono tranqüilo, sem sonhos para me entreter. Tentei pensar pelo lado positivo: eu arranjei uma amiga maravilhosa, um garoto que tinha gostado de mim não só pelo que eu era por fora, dancei como nunca, quase tive que tirar os olhos de uns rapazes do chão quando olharam pra mim, tive as melhores férias da minha vida, e acima de tudo: voltei a ser eu mesma.
Quando amanheceu, acordei muito bem-humorada, tanto que eu estava com vontade de abraçar todo mundo que visse. Era o dia de ir ao Beco Diagonal e comprar o material pra iniciar mais um ano naquela que eu considerava a minha segunda casa, mas com uma diferença: eu mostraria a todos quem era a verdadeira Hermione Granger. Coloquei um vestido arroxeado bem leve (já que estava calor) com uma sandália rasteira daquelas de amarrar, afinal eu ia andar bastante e não estava com a mínima vontade de sentir dor nos pés. Deixei meu cabelo amarrado pra não me atrapalhar e ouvi minha mãe me chamar.

- Já está pronta?
- Espera só um pouquinho – disse enquanto passava um gloss cor de goiaba – Pronto! Vamos?
- Sim, temos que nos apressar. O seu pai vai não vai poder nos acompanhar, portanto, vamos de trem.

Fomos até Gringottes (aqueles gnomos continuam mal-educados), trocamos o dinheiro trouxa e começamos a traçar a nossa rota.
- O que você acha da gente passar na Madame Malkin primeiro? – perguntou mamãe
- Passar lá pra que? Meu uniforme está ótimo!
- Uh, ótimo... Está enorme, isso sim. Não adianta nada você comprar roupas novas e continuar com um uniforme que mais parece um saco de batatas.
- Ah... Também não é assim...
- É assim sim. E vamos logo antes que eu perca a minha paciência. – obedeci prontamente por duas razões: uma porque eu não queria brigar com ela na frente de todo mundo, e outra porque meu uniforme estava gigante mesmo. Mas é claro que eu não ia dar o braço a torcer.
- Olá, Madame Malkin! Como vai a senhora? – cumprimentei a senhora adorável.
- Muito bem menina! Creio que deseja comprar um uniforme novo. Hogwarts não é?
- Exatamente. Só que dessa vez eu quero de um tamanho menor, aquele ficou muito grande.
- Eu bem que avisei, mas você não quis me ouvir...
- Hehe... Mas antes tarde do que nunca!
- Concordo. Você está mais bonita, criança. O que fez? – perguntou enquanto pegava minhas medidas
- Uma viagem magnífica. Foi isso que me ajudou.
- Muito bem feito. Uma viagem sempre nos deixa mais feliz. – disse a senhora enquanto se dirigia para o interior da loja procurar um uniforme pra mim.
Enquanto eu e minha mãe esperávamos Madame Malkin voltar com o uniforme, avistei uma senhora gordinha e baixinha de cabelos cor de fogo entrar afobada na loja.
- Senhora Weasley! – exclamei para chamar a atenção dela.
- Sim? – dava pra perceber o enorme esforço que ela estava fazendo pra me reconhecer, e vocês não tem noção de como isso é bom. – Desculpe querida, mas eu te conheço?
- Sou eu Senhora Weasley, a Hermione. – pronto, a mulher ficou branca, não pensei que fosse criar tanto choque nela assim, a Gina deve ter contado alguma coisa.
- Hermione? Ah Meu Merlim, como você está linda querida! – ela disse toda emocionada e continuou agora sussurrando. – Sabe, a Gina me contou tudo sobre você e o Harry, e tenho certeza que a partir da hora que ele te ver vai se arrepender até o último fio de cabelo bagunçado de ter escolhido aquela chatinha da Senhorita Patil.
- Ah... Obrigada Senhora Weasley. – respondi morrendo de vergonha. Ah Merlin, eu mato a Gina, mas falando sério, até a Senhora Weasley me apoiando, isso é realmente grande!
- Que nada querida! Bom, tenho que ir agora. Tem tanta gente lá em casa que eu ando toda atrapalhada ultimamente! Eu queria muito que você tivesse passado as férias conosco, mas vejo que a sua viagem para a França lhe fez muito bem.
- Tudo bem, deixemos pras próximas férias, vai que até lá não tem Parvati Oferecida Patil no meio do caminho? – nós três rimos e nos despedimos rapidamente, foi aí que lembrei de uma coisa que poderia arruinar todo o impacto da surpresa.
- Senhora Weasley! – a mulher que estava cruzando a porta me olhou curiosa. – Só, por favor, não conte nada pra ninguém não, nem pra Gina, quero fazer uma surpresa pra eles.
- Pode deixar querida, bico calado. – ela deu uma piscadela e sumiu entre as pessoas no Beco Diagonal.
Logo em seguida Madame Malkin veio apressada com o uniforme na mão, eu experimentei e fui fazer os ajustes.
- Este está bom querida?
- Sim. Mas será que a senhora poderia encurtar a saia uns dois dedos?
- Claro que posso. Boa escolha meu anjo.
- Ah! Agora sim! – exclamei ao me olhar no espelho com o novo uniforme.
- Está muito bom mesmo Mione! – minha mãe também aprovou – Muito melhor do que aqueles trapos que você usava – disse em meu ouvido
- Quanto custa?
- Dez sicles. – paguei a ela, nos despedimos e fomos embora.
- Onde quer ir agora? – perguntou-me mamãe
- Que tal comprarmos as tintas, penas e pergaminhos, já que são mais leves?
- É melhor mesmo pra que a gente não se canse quando estivermos na metade das compras.

- Mãe olha que cor linda! – apontei um potinho de tinta púrpura.
- Pode levar se quiser.
- Obrigada.
Compramos sete tipos de tinta, duas penas e alguns metros de pergaminho. Fomos a Floreios e Borrões e compramos todos os livros que pediram na lista e alguns a mais pra eu ler quando não estivesse fazendo nada.
- E então, já decidiu com que roupa vai no trem?
- Não. Mas pra que essa pressa toda? Ainda falta um dia.
- Eu sei, mas quando você chegar lá, tem que estar linda. Como eu queria ver isso! Os garotos que te chatearam vão sentir um tapa na cara quando te virem assim. – comentou minha mãe enquanto tentava ao mesmo tempo segurar um sapo de chocolate e formar um quadrado com as mãos, assim como os diretores de filme fazem quando estão tendo uma idéia para uma cena.
- Mãe! Esse não vai ser o acontecimento do ano, sabia? – já estava me irritando com toda aquela paparicação da minha mãe. Elogios todo mundo gosta, mas isso já estava cansando!
- Pra mim, e principalmente pra você vai ser sim. Quero só ver se o Harry não vai ficar se achando um burro por ter te dispensado. – disse mamãe exibindo um sorriso de vitória e dando uma dentada no doce bruxo.
- Ah mãe... Você não existe, sabia? – dei um beijo no rosto dela e ambas começamos a rir.
Chegamos em casa quando era fim de tarde e as luzes da rua começavam a ser acesas. Vocês devem estar me perguntando: “Ué? Mas elas não saíram cedo?”. Saímos sim, mas quando você tem que andar pra cima e pra baixo carregando um monte de coisas no meio de Londres, pegar um trem lotado, e ainda por cima, tentando ser discreta, o seu tempo se esgota rapidamente.
Descarregamos todas as compras no meu quarto e descemos para preparar o jantar. Papai chegou umas duas horas depois de nós dizendo, enquanto jantávamos, que tinha lido num jornal francês (pela internet) que a conferência tinha sido um sucesso e que muitas pessoas ligaram para ele para parabenizá-lo e para fazer o mesmo com mamãe. Terminamos nossa refeição, mamãe foi lavar os pratos (já que a Naná só vinha dois dias por semana) e eu fui terminar os deveres de férias (que já tinham sido adiantados enquanto eu estava em Paris). Pensaram que eu tinha me esquecido deles não é? De jeito nenhum! Posso não devorar os livros como fazia antigamente, mas mesmo assim, não posso deixar de ser uma aluna estudiosa. Até porque isso prejudicaria a minha casa (tô falando da Grifinória) e também poderia pesar em qualquer curso que eu desejasse fazer ao terminar Hogwarts. Ainda não me decidi sobre o que fazer, mas quando eu arranjar tempo vou analisar todos os cursos e ver o que mais combina comigo.
Acabei de fazer a minha pesquisa sobre “Os males da poção de envelhecimento/amadurecimento” para o Prof. Snape e fui tomar um banho morno para dormir bem. Tinha que levantar cedo para arrumar minhas coisas no malão e dar uma volta com o Bichento, que estava dormindo em minha cama, pra ele esticar os músculos. Se eu deixar ele como está, vai acabar virando um gato preguiçoso que só acorda pra comer.
Desci, desejei boa noite aos meus pais, fechei a janela, apaguei a luz do corredor e me deitei. A carta da Gina estava temporariamente esquecida num canto qualquer. Achei melhor deixar pra resolver esses problemas depois que regressasse a Hogwarts. Dormi um sono leve, mas que serviu pra repor as energias.

Já eram 10:00 hrs quando arranjei coragem pra sair da cama. Eu sei que disse que ia levantar cedo, mas eu não tive coragem de deixar a minha cama, que estava tão quentinha. Era meu último dia de férias, então decidi fazer tudo o que não poderia fazer na escola. Acordei meu gato mimado que acabou ficando de mau-humor, tomei meu banho e desci pra tomar café. Estava sozinha, pois as férias dos meus pais tinham acabado e eles voltaram a trabalhar hoje. Pus a mesa com o que eu queria comer, abri uma lata de comida para gatos e coloquei numa tigela.

- Bichento! Vem comer! – gritei pro folgado. Ele veio saltando os degraus e me achou na cozinha.
- Não gostou é? Então vai ficar sem comer! – ele tinha cheirado a comida e feito uma cara de desdém.
- Você pode até ficar sem comer, mas você vai passear comigo quer você queira ou não!
Terminei de tomar meu café, tirei a mesa, varri a cozinha e lavei o que sujei. Subi e escovei os dentes correndo pra depois me trocar e procurar a coleira do Bichento.
- Bichento, nem adianta se esconder. Você vai sair já de onde está se não quiser dormir lá fora! – disse enquanto o procurava embaixo do armário. Em poucos segundos ele estava se esfregando no meu pé implorando por piedade.
- Tá bom, mas você vai ter que me obedecer. Lá em Hogwarts não via ter toda essa mordomia não hein?
Demos uma volta no quarteirão e comprei um sorvete de casquinha pra tomar. Enquanto voltávamos pra casa, ouvi uns comentários do tipo:
- Nossa princesa! Onde é que você estava que eu nunca te vi?
- O seu gato tem telefone?
- Eu não sabia que boneca andava...
- Você tem papai e mamãe ostra? Porque pra terem feito uma pérola como você...
E as cantadas piegas continuaram. Eu conhecia os garotos que falaram isso. Eles moravam na minha rua, mas toda vez que me viam ficavam fazendo gozações que me deixavam magoada e me sentindo inútil. As cantadas eram horríveis, mas só de saber que eles foram obrigados a morder a língua quando souberam que era eu que eles estavam cantando, já foi uma ótima sensação.
Como o Bichento estava mesmo com fome quando chegamos, acabou comendo o que eu tinha posto na tigela. Avisei a ele que estaria no meu quarto arrumando o material e que ele poderia descansar um pouco se quisesse, afinal, nós realmente andamos muito.
Tirei todas as minhas coisas de escola do armário do quarto e as pus em cima da cama. Tirei também as coisas que tinha comprado ontem do pacote, puxei o malão, que estava embaixo da cama e comecei a organizar minhas coisas. No fundo do malão eu coloquei os livros. Primeiro os mais grossos (que eram didáticos) e depois os mais finos. Em cima pus um estojo de madeira com todas as minhas tintas, dentro de uma caixinha (do tamanho dos estojos de relógio) coloquei minhas penas, e os pergaminhos eu enrolei e encaixei no canto da mala. Separei as roupas que iria levar para passear em Hogsmead, meu uniforme, o chapéu de bruxo e a capa. Por cima das roupas coloquei uma toalha de banho, e por cima desta um pano pra não sujar as roupas e o resto, já que eu colocaria o caldeirão por último. Depois de tê-lo feito, coloquei uma caixinha de jóias com os brincos, pulseira, correntes e etc. que eu havia comprado em Paris e um estojo de maquiagem que Nick tinha me recomendado por ser o melhor da França. Eu não virei uma patricinha, mas não era porque eu ia ficar entocada num castelo que eu ia me descuidar.
Coloquei uns livros finos que eu tinha deixado para o caso de não ter o que fazer no trem, o distintivo, e uma correntinha que segurava uma coisa muito especial para mim.
Terminada a organização (eram mais ou menos 16:00), só faltava escolher a roupa que iria que tudo estaria pronto. Mas como eu poderia deixar isso pra mais tarde, fui assistir TV. Nunca fui fã de televisão, mas como eu não teria esse privilégio em Hogwarts, achei melhor aproveitar. Assisti a reprise de uma premiação que tinha acontecido enquanto eu estava na França, e desliguei a TV e liguei o rádio pra ouvir os cds novos que tinha comprado. Passei a tarde inteira dançando (adoro fazer isso quando não tem ninguém em casa!) e quando o pique acabou, tirei um cochilo até meus pais chegarem.

- Ahn? Que horas são? – perguntei à minha mãe esfregando os olhos.
- Já são 20:25. Arrumou a mala?
- Aham. Só falta agora escolher a roupa de amanhã. – disse em meio a um bocejo
- O jantar está pronto. Você não pode dormir de estômago vazio.
- Vai na frente que eu vou lavar o rosto e daqui a pouco eu tô lá – disse ao me levantar.
- Obrigada pelo jantar. – agradeci e subi pro meu quarto.
- Hermione nós vamos chegar um pouco atrasados amanhã porque eu e seu pai vamos dar uma passadinha no escritório pra conversar com o arquiteto. – eles estavam reformando o consultório porque tinham contratado mais dentistas e estavam faltando salas.
- Contanto que dê tempo de pegar o trem...
- Vai dar sim. É só o tempo de decidirmos o que será feito primeiro que vamos embora.
- Então tá. Mas vê lá hein? Não posso perder esse trem de jeito nenhum!
Escovei os dentes e coloquei uma roupa bem larga pra dormir. Estava deitada há mais de três horas, porém meus olhos não queriam se fechar. Que raiva que me dá quando eu quero dormir mas não posso fazê-lo por estar ansiosa! Desci pra tomar um copo d’água e fiquei assistindo um filme na sala pra ver se pegava no sono, o que acabou funcionando. Dormi ali mesmo no sofá, porque se eu saísse dali ia perder o sono de novo.

Acordei com o sol entrando pela janela e refletindo no meu rosto. Olhei no relógio da mesinha do telefone. 8:30 hrs marcavam o relógio. Eu tinha colocado o relógio pra despertar mais cedo, mas como eu dormi na sala, não consegui escutar. Corri pro quarto dos meus pais para acordá-los (o que foi uma tarefa difícil) e tomei meu banho. “Onde está o secador quando a gente precisa dele!” pensei. Achei o bendito secador, quase levei um choque por ligar na tomada que estava com mau contato e só não chutei o meu gato para acordá-lo porque o fio não alcançaria a cama.

- Bichento seu miserável! Acorda! – mas que gato que eu fui arrumar...
- Hermioneee! Vem tomar café! – gritou a minha mãe da cozinha
- Não dá! Tenho que me arrumar! – respondi ainda secando o cabelo.
- Que porcaria! Só eu mesma pra escolher a roupa na última hora! – falei comigo ao jogar um monte de roupa em cima da cama.
- Que foi Bichento? Nem adianta fazer essa cara... – disse a ele que fazia cara feia porque eu tinha jogado as roupas em cima dele. – Eu te avisei pra levantar.
- Vou com essa aqui! – disse ao finalmente escolher o que vestiria. Era uma minissaia jeans com uma bata verde escuro meio transparente da cintura pra baixo. Calcei um sapato scarpin preto e deixei os cabelos soltos. Passei uma sombra com vários tons de verde o mais discreto possível, pois ainda era dia, um lápis de olho preto, um blush suave e um gloss cor de boca. Coloquei um brinco pequeno de cor verde que combinava com a gargantilha, que era ornamentada com pedras também verdes e detalhes em prata.
- Estou pronta! – disse sorrindo para o espelho.
- Hermione Jane Granger, ou você desce agora, ou fica aí e repete de ano! – gritou a minha mãe impaciente.
- Já vou! Calma mãe.
- Calma o caramba! Você é quem vai se atrasar.
- E então, a espera valeu a pena? – disse parando na frente dela
- Valeu sim. Agora entra no carro. – disse mamãe apressada.
- Até que enfim filha! – meu pai também sabia ser chato quando não precisava...
- Bom dia pra você também pai.
- Robert, só podemos demorar cinco minutos.
- Eu sei disso. Você já disse isso três vezes Emily.
Mas infelizmente o alerta não funcionou. Eles demoraram vinte minutos lá e só tínhamos quinze minutos pra chegar na estação. A sorte é que meu pai conhecia uns atalhos e era amigo de uns guardas que nos ajudaram a chegar lá mais rápido. Peguei o malão das mãos do meu pai e a gaiola do Bichento do banco de trás do carro, me despedi rapidamente dos meus pais e saí correndo pra plataforma 9 e ½ (ainda bem que eu tinha me acostumado a andar de salto em Paris, senão a essa hora eu já estaria com a cara no chão). Atravessei a barreira, e tive que empurrar umas pessoas pra entrar no trem, mas felizmente deu tempo de embarcar. Passei correndo entre uns garotos que tentavam descobrir se eu era uma garota nova ou então uma que eles ainda não tinham visto, e comecei a procurar o vagão dos meus amigos.
Achei melhor colocar o Bichento no vagão dos animais primeiro, pra ficar mais sossegada. Coloquei a gaiola do meu gato (que estava dormindo outra vez) e parei por um tempo.
Respirei fundo, ansiosa pelo que enfrentaria não só agora, como no ano inteiro. Pensava em qual seria a reação daqueles que riam de mim. Mas acima de tudo, qual seria a reação de Harry?


N/A2: Eba! Mais um capítulo no ar! Agora é sério gente, gostaria de agradecer a todas vocês que têm demonstrado interesse pela minha fic que eu estou fazendo com muito carinho pra vocês. Mas eu peço que vocês se comuniquem comigo para me dar alguma sugestão ou até mesmo pra falar besteira comigo, o que eu topo prontamente. Acho que vocês já sabem como me encontrar né? Então, se acharem necessário, me procurem porque eu vou estar sempre às ordens. Afinal, essa fic é feita por mim (agora com a ajuda da Cacá), mas eu faço pra vocês que têm sido receptivos para este que é o meu primeiro trabalho. E agora, farei agradecimentos individuais a cada uma que me mandou comentários, seja por e-mail ou por review.
E eis mais outro tiquito do cap. 8:
“... Estou muito feliz por você. Tenho certeza que agora conseguirá um bom namorado, assim como o meu Harry. – ela falou o meu com um tom possessivo, mesmo parecendo doce comigo. Talvez ela soubesse do meu interesse pelo Harry...
Ela vai sim Parvati. Pode deixar. Mas eu acho que o Harry pode responder por si só. – disse Gina com um sorriso sarcástico. – Não é Harry? – ela olhou pra ele que olhou pra mim. – então o que achou?”
Isso vocês só vão saber quando eu postar o próximo cap., e eu só o farei se receber um número considerável de comentários, então amigas, gastem os seus dedinhos escrevendo o que acharam.
Beijos para todos!
.: Paty Selenita :.

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