O Reflexo no Espelho
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6. O reflexo no espelho
- Fala alguma coisa garota! – Nick estava louca para saber a minha opinião.
Eu bem que queria falar algo , mas não conseguia. Precisava antes acreditar que a pessoa que eu via pelo espelho era eu.
A imagem refletida era de uma garota de cabelos inicialmente lisos que terminava com lindos e largos cachos. Meus olhos castanhos emitiam um brilho que há muito tempo eu não via. Meu rosto, que durante anos estava pálido, tinha adquirido uma cor rosada, demostrando vitalidade e felicidade. O vestido que Nick comprara se adequara perfeitamente ao meu corpo (que nem eu, por estar sempre me achando horrível, tinha percebido que tinha tantas curvas), dando um ar de inocência e ao mesmo tempo sensualidade.
Aquela era a primeira vez que eu me olhava num espelho e me reconhecia. Eu estava idêntica ao que era quando criança, só que mais alta, madura e com o corpo mais desenvolvido. A Hermione de seis anos atrás era só um disfarce para o que eu verdadeiramente era.
- Hermione, você tá me deixando nervosa!
- Nick, eu... não sei o que dizer.
- Era exatamente isso que eu esperava que acontecesse.
- Olha só esse cabelo! Tá lindo! A poção de Antoine é maravilhosa! Eu só queria saber o que foi que ele usou...
- Tem só uma coisinha que você precisa saber.
- Então diga.
- Antoine não usou poção nenhuma. Só usou shampoo e creme.
- Então... como...?
- Ele me disse que o seu cabelo ficou daquele jeito porque você assim o quis e o seu poder mágico colaborou para essa transformação. E você só mudaria se acreditasse que poderia fazê-lo. Então ele deixou um creme na sua cabeça e me disse que inicialmente nada aconteceria e que eu deveria te convencer de que, dentro de um certo prazo que eu determinaria, você mudaria totalmente. Dessa forma, o seu poder agiria fazendo você voltar a ser o que era.
- Mas como vocês souberam que eu não era daquele jeito?
- Acontece que eu sou a melhor aluna de adivinhação de Avalon. E, mesmo que você não acredite nisso, no momento em que eu te vi pela primeira vez eu soube que você tinha passado por algo que tinha te machucado quando criança, e por isso você tinha criado uma espécie de redoma que te protegia de todas as pessoas. Mas depois de algum tempo você deve ter percebido que toda essa proteção começava a te fazer mal, só que você não sabia como se livrar dela. Então eu notei que você precisava de ajuda, e como eu precisava de uma amiga que entendesse dos dois mundos (o trouxa e o bruxo) resolvi te ajudar. Não foi difícil sabe. Eu só precisava fazer você acreditar em você mesma. E, graças a Merlim, eu consegui.
Naquele momento eu não poderia fazer outra coisa se não abraçá-la. Estava infinitamente grata à ela. Nunca achei que fosse possível uma pessoa que você nunca viu na vida querer te ajudar da forma que Nick me ajudou.
- Obrigada... Nunca vou conseguir te recompensar. Você me ajudou não só na aparência, mas também me fez enxergar que não é me escondendo que eu vou conseguir ser feliz.
- Só fiz o que achei ser certo. Agora, por favor, tenta não chorar que não foi fácil maquiar você.
- Tá bom – disse rindo.
- Caramba!
- O que foi?
- A festa! Eu já tava esquecendo!
- É mesmo! Nós vamos de quê?
- Meu pai saiu com minha mãe, então eu acho que a gente vai ter que ir de táxi mesmo.
- Dessa vez eu pago. Tenho que te recompensar de algum jeito.
- Se quiser mesmo me recompensar peço que se divirta ao máximo como nunca antes na vida.
- Vou tentar.
Fomos caladas até o lugar da festa. Ela porque estava descansando um pouco, eu porque estava ansiosa demais pra saber quem estaria naquela festa e o que aconteceria lá. Como será que me tratariam? Será que gostariam de mim?
- Mione, já chegamos. E antes que eu me esqueça, nós vamos voltar aqui pra fora às 03:30 tá? Senão amanhã a gente não vai agüentar levantar.
- Também acho.
Descemos em frente ao que parecia ser uma danceteria. E era muito luxuosa por sinal. Na frente haviam dois pilares gigantescos de um mármore escuro com tons esverdeados de fundo que sustentavam a parte de cima da danceteria. Dois homens absurdamente fortes faziam a segurança do local e uma moça loira vestida elegantemente de azul-marinho recepcionava os convidados.
- Bon soir.
- Bon soir. Nous sommes Veronique Dumas et Hermione Granger. – disse Nick falando nossos nomes para que pudéssemos entrar.
- Oui. Bienvenue!
Ela nos abriu passagem, e com um pouco de esforço (já que o lugar estava totalmente lotado) nós entramos. Olha, eu nunca tinha ido a um lugar assim, mas posso dizer sem medo de que não havia lugar mais bonito e exótico (talvez seja porque eu não vou a muitos lugares assim). Havia uma escada cujo material lembrava muito o dos pilares que estava coberta por um tapete verde-escuro. Em cada lado da escada estavam dois arranjos com alguns galhos de madeira e, no centro, uma única flor vermelha que eu nunca tinha visto antes. Como tínhamos o privilégio de ver a pista de dança de cima, notamos que havia muito mais gente dançando do que lá em cima. As paredes também eram escuras com detalhes vampirescos em verde e prata. As mesas estavam cobertas com um cetim preto no fundo e uma outra toalha bordada em fios de prata com desenhos de teias, o que imediatamente me fez lembrar do Rony. Deixando esta visão, passei a observar as luzes que, ora eram verdes, ora vermelhas ou neon.
- Que lugar é esse! – perguntei observando o teto que era transparente com efeitos de luz que lembravam a trovões
- Essa é a melhor danceteria de Paris. Todos os que vêm aqui desejam visitar este lugar. Eu mesma nunca tinha vindo já que é um pouco complicado. Temos que agendar nossas vindas, caso contrário, não conseguiríamos nem respirar com tanta gente.
- É demais mesmo. – lembrei-me de algo que precisava perguntar a Nick – Na recepção, você informou o meu nome junto ao seu. Como é que ele foi parar lá?
- Eu liguei pro meu amigo ontem e pedi que, se possível fosse, ele conseguisse um lugar na lista pra você. Ele disse que sem problemas, então cá estamos nós.
- Me lembre de agradecer seu amigo depois.
- Pode deixar.
- Já estávamos descendo o penúltimo degrau quando algo me ocorreu
- O-ou.
- Que foi?
- Estamos na França correto? – perguntei enquanto descia os degraus
- É lógico! - Nick me olhou como se aquela fosse uma pergunta absurda
- E estamos numa danceteria francesa com gente francesa não é?
- Não Mione. Estamos numa danceteria belga com gente chinesa.
- Deixe de sarcástica e tente acompanhar meu raciocínio: Se estamos na França, num lugar francês e com gente francesa é lógico que todos falam...
- Francês. – disse Nick completando minha frase – Mas e daí?
- E daí, minha cara Veronique, que eu ainda não sei se te informei, mas eu não falo francês. – disse chegando ao ponto que queria.
- Putz! Esqueci disso – disse minha amiga “se tocando” da mancada e dando um tapa na testa.
- E agora o que é que eu faço?
- Relaxa. A gente dá um jeito. Você fica comigo a gente conversa, dança, tenta conhecer outras pessoas que falam nossa língua, e se você achar que tá chato, vamos embora.
- Certo. Acho que não vai ser tão mau assim. – disse eu me animando. Já estava entrando no espírito da coisa.
- Vem. Vamo pra pista dançar, depois a gente senta e come alguma coisa.
- Não precisa não. Vamos ficar aqui no cantinho que é melhor. – disse tentando sumir. Tinha gente olhando pra mim e eu já tava morrendo de vergonha
- De jeito nenhum Hermione. Eu não tive esse trabalho todo pra deixar você se esconder. Ajoelhou tem que rezar fofa! Vem comigo – e ela me arrastou pela terceira vez neste dia. Tinham uns garotos que olhavam pra mim de cima a baixo, outros assobiavam e diziam “ou la-lá!” e como eu não estou acostumada a isso, fiquei muito constrangida.
- Mione calma! Se eles tão olhando é porque te acharam bonita ! Não era isso que você queria?
- Era, mas não desse jeito – ô vergonha miserável!
- Pensa desse jeito: provavelmente você nunca mais vai ter que olhar pra cara de nenhum deles depois dessa festa, ou seja, arrasa que essa é a sua chance!
- Quer saber? Você tem toda razão.
E como num passe de mágica, uma oitava de piano soou. Eu reconheci imediatamente a música e comecei a cantar encenando uma personagem.
At first I was afraid, I was petrified
Kept’ thinkin’ I could never leave without you by my side...
Parecia que eu estava cantando esta canção pra aquela que eu era antes da “transformação”. Para mandá-la embora junto com a minha infelicidade e desprezo. É claro que em algumas coisas eu continuaria a mesma, mas esta música tornou-se quase que uma ordem de despejo pra Hermione tola que eu já fui. E agora que tenho a chance de ser feliz não vou curti-la ao máximo!
...But then I spent so many nights thinkin’ how you did me wrong,
I grew strong, and I learn how to get along,
Joguei minhas mãos para cima e fui me movendo lentamente, descendo minhas mãos sobre meu corpo interpretando uma mudança e comecei a dançar.
And so your back, from other space,
I just walked in to find you with that sad look upon your face,
Olhei pra Nick e ela entendeu a mensagem. Ela começou a dançar do mesmo modo que eu e veio até mim. Juntas, nós duas inventamos uma espécie de coreografia muito legal (pelo menos pra nós). Os outros que estavam em volta se afastaram pra nos ver dançar, e nós fomos cada uma pra um canto rodeando a pista (cujo chão tinha várias telas que passavam o clipe da Gloria Gaynor) pra depois nos juntarmos.
I should’ve changed that stupid lock,
I should’ve made you leave your key,
If I had known for just one second you’d be back to bother me
Quando nos juntamos ela segurou minha mão direita e eu apoiei a minha esquerda em seu ombro pra dançarmos algum tipo de tango que ainda não foi inventado.
Ela me soltou, eu girei várias vezes e peguei uma bela rosa vermelha das mãos de um garoto para depois piscar pra ele.
Go on now, walk out the door,
Just turn around now, you not welcome anymore
Weren’t you the one who tried to hurt me with goodbye,
Did you think I’d crumble, did you think I’d lay down and die,
Pus a rosa na boca e voltei para o meu “par” que estava ajoelhado no chão. Voltamos a posição típica de dança, grudamos os nossos rostos e iniciamos uma caminhada conjunta pé ante pé para frente. Nos separamos, ela me girou fazendo com que eu parasse em sua frente e me abraçou a cintura.
Oh no I, I will survive,
For as long as I know how to love I know I’ll stay alive,
Ela escorregou até o chão e segurou minhas pernas em sinal de súplica para que eu não a deixasse.
I’ve got all my life to give; I’ve got all my life to give,
And I will survive, I will survive,
Hey hey!
Eu puxei a minha perna representando que não a queria mais e caminhei decidida pra fora da pista indicando que a dança acabara.
Nick se jogou no chão parecendo que acabara de ser abandonada. O salão todo irrompeu em palmas e assobios para nós. Eu me senti como se o Prof. Snape tivesse dito com orgulho que eu tinha tirado a melhor nota em poções dos últimos cinqüenta anos e tivesse me dado um prêmio por isso.
A música continuava a tocar e a pista novamente se encheu. Nick veio até mim que estava num canto pra descansar.
- Garota o que foi aquilo!
- Nem eu sei! Ainda não acredito que fiz isso. – disse eu ofegante e com as bochechas vermelhas
- Você foi mesmo demais!
- Ah que isso. Você é que dançou muitíssimo bem. – do nada uma pessoa surgiu atrás de mim e disse:
- Se antes te parrecias un ànjo, agorra parreces uma deusa mon petit!
Eu tinha certeza de que já tinha escutado aquela voz antes, e não me enganei: Era Thierry. E estava lindo! Ele beijou minha mão e em seguida cumprimentou Nick com um abraço.
- E entón? Achô que já podê nos aprresenarr nón?
- Oui Thy. Esta é Hermione Granger, uma amiga muito querida que veio da Inglaterra pra conhecer de verdade nossa amada Paris. Mione, este é Thierry Von Pèrre um amigo de muitos anos.
Thierry era um rapaz alto, um pouco moreno, de cabelos castanho-escuros encaracolados e olhos cor de mel extremamente sedutores. Tinha uma voz suave que quando falava me estremecia da cabeça aos pés e me olhava como se eu fosse a única pessoa naquele lugar. Ele vestia uma calça preta social e uma camisa branca do mesmo estilo com os três primeiros botões abertos que dava pra notar que ele tinha um... como é que eu vou dizer... Ah!Já sei: “corpaço”.
- Enchanté madmoiselle – ele beijou demoradamente minha face e sem desviar seus olhos dos meus disse a Nick :
- Oliviére esta te esperrando ma amie. Nón vái deixarr nosso amígo aniverrsarriant sozinho nón est ?
- Claro que não. Mas e a Mione ? Ela precisa descansar um pouco. Acho que vou depois e a levarei junto comigo.
- Pode irr. Se vocé nón forr agorra nón vai mais conseguirr achá-lo. Eu fico aqui com sua amiga nón se prreocúp.
- Pensando bem acho que eu vou mesmo. Se eu não conseguir voltar me encontra lá fora no horário combinado tá? – disse Nick já indo embora e quando Thierry não estava olhando ela mexeu os lábios sem produzir som algum, mas deu pra entender que ela disse : “ boa sorte”. Engoli em seco e logo em seguida Thierry iniciou nossa conversa.
- Foi muito legal aquilo que você e Verronique fizeram lá na pista. Todo mundo adorrou.
- Gentileza sua...
- Entón, está gostándo du France ?
- Eu estou amando ! É um país fabuloso com pessoas agradáveis e roupas maravilhosas.
- Oui. Nossô país é formidable. Tem de túd que prrecisarr. Só é um pouco dificile encontrarr uma pessoa trés belle como você – ele falou isso me olhando nos olhos muito ternamente. Abaixei a vista pra que ele não visse meu rosto corar.
- Não diga isso. Tem muitas garotas lindas aqui na festa. E, –vi isso pelo canto do olho – elas estão loucas pra falar com você.
- Mas nenhúme est cómmo você. Nón est só sua beleza que chama atención. É o seu jeito de sérr. Você nón se dobrra tón facile commo as outras. Eu nunca tive que pérrcistírr tanto pra conquistarr uma garrota. – dizendo isso ele puxou minha mão e passou a acariciá-la. Como é bom se sentir querida !
As luzes da pista abaixaram e uma linda melodia romântica francesa (que eu não conhecia) começou a tocar. Muitos casais se uniram pra dançar enquanto eu só observava.
- Hermionne?
- Sim?
- Me darria a honrra de dançarr com você? – eu ia responder que não porque meus pés estavam doendo, mas como ele pediu com um baita sorriso, eu não consegui resistir.
- Se eu disser que não, vou me arrepender.
- Jurro que não vou pisarr no seu pé.
- Eu sei que não.
Seguimos até a pista e ele segurou a minha mão. Viramo-nos um de frente para o outro e ele colocou minhas mãos em seu ombro. Ele fixou seus olhos nos meus cantando a melodia só pra mim. Eu sorri extasiada com aquele momento. Pelo menos por um instante eu consegui esquecer do Harry. Os olhos dele brilhavam e ele encostou seu rosto no meu. Eu fechei meus olhos aproveitando cada minuto que se passava. Após um certo tempo ele sussurrou em meu ouvido:
- Mionne?
- O que deseja?
- Que olhe prra mim. – e eu assim o fiz. Ele parecia meio tenso, e enlaçou a minha cintura um pouco mais forte, mas sem deixar de ser sutil.
- Serria capaz de me perrdoar?
- Perdoar? Pelo quê?
- Porr isso. – e ele me beijooooooooouuuu! E que beijo! Era tão suave mas ao mesmo tempo avassalador.
Ele fazia carinho em minhas costas enquanto me beijava e eu inconscientemente acariciava sua nuca. Nos movíamos conforme a música e o beijo ficava cada vez melhor. Muitas perguntas vieram a minha mente : Será que ele beijava todas assim? Ele estava mesmo afim de mim ou só estava me beijando por impulso? Como seria o beijo de Harry? Seria tão bom quanto o de Thierry ou melhor?
Pensando no Harry novamente eu interrompi o beijo. Podia estar muito bom, mas ainda sim não acho certo beijar um cara pensando em outro. Mesmo que esse outro não queira nada com você.
- Por que parrou? – ele perguntou me olhando confuso – Fiz algô de errado?
- Não, não foi isso. Eu fiquei com falta de ar. Foi só isso. – menti. Se dissesse a verdade ele poderia ficar magoado (ou não) .
- Querr sentarr?
- Não. Quero ficar aqui com você só mais um pouco. – e sorri pra ele. Queria mesmo ficar ali. Ele foi o primeiro cara (depois do Victor, mas aquilo foi só uma bobagem) que me viu como mulher. Era est muito bom não ser vista só como a “amiga do Potter” ou como a “sabe-tudo Granger”.
Ainda encantada com a prestatividade de Thierry, encostei minha cabeça em seu peito e ele me abraçou. Acho que ele percebeu que naquele momento eu só precisava de um amigo e então se calou. Terminamos a dança e fomos nos sentar. Ele foi buscar algo pra bebermos e quando voltou sentou-se ao meu lado.
- Você não parrou por falta de arr.
- Eu querria saber o motivo mas se não quiser falar tudo bem – senti que ele ficou magoado. De acordo com a Nick ele nunca tinha levado um fora. Não seria justo magoá-lo por um problema meu, então achei melhor esclarecer as coisas.
- Como eu já disse antes, o problema não tem nada a ver com você. É que já faz um tempo que eu tô gostando de alguém, e quando eu disse pra ele acabou não dando muito certo. Esse foi o principal motivo da minha vinda pra cá: esquecer esse garoto pelo menos por alguns dias. Mas quando eu beijei você, ou melhor, você me beijou, - ele sorriu – eu fui me lembrando dele. Eu podia ter continuado ali com você, mas não faz parte do meu feitio enganar alguém que está sendo tão amável comigo.
- Entendo. E agrradeço sua considerración .
- Me desculpa...
- Você nón tem nada do que se desculparr. Quer saber? Eu tenho inveja e ao mesmo tempo dó desse garroto.
- Por quê?
- Sinto inveja porr que ele tem ao lado dele uma pessoa linda, meiga e que não o trrai mesmo quando nón está perto dele. Mas tenho dó porrque pode serr tarde demais quando ele perrceber isso. – disse ele acariciando o meu rosto
- Posso te abraçar? – ele sorriu e disse:
- Claro! Querro que seja minha amiga. – e eu o abracei. Era um abraço tão forte... eu me senti muito segura ali com ele. Que pena eu não gostar dele não é? Mas de qualquer forma não ia dar certo... somos muito diferentes.
- Você está chateado comigo?
- Nón! Nem pense nisso! E eu falo sérrio. Já levei algumas quedas e aprrendi a me recuperrar rapidamãnt delas.
Ficamos conversando por mais um tempinho. Aproveitamos pra falar sobre tudo (ou quase). Descobri mais um amigo aqui. Eu pensei que era só uma desculpa o que ele disse de não ter ficado magoado. Engano meu! Nunca ri tanto! Ele era hilário. Estava me contando que era muito desastrado e não tinha sorte alguma.
- ... e entón eu saí correndo e gargalhando do meu amigo que tinha caído no meio da rua, até que vi umas pessoas olhando prra mim. Nón deu ótrra: erra mico. Eu estava com mais de meio metrro de papel higiênico grrudado no tenís andãnd pela rua mais famosa de Paris e nem sabia disso.
- Você é impagável! – comentei ainda rindo e secando duas lágrimas.
- Mas nón é de prroposíto. Em túd e qualquer lugarr que eu vá eu acabo passando vérrgonha! – dizendo isso ele estendeu o braço que sem querer bateu com tudo no garçom. A bandeja que ele segurava bateu na nuca de um velhinho (que eu nem sabia que estava ali) que cuspiu a dentadura dentro do fondue. Imediatamente ele se levantou e me arrastou (já tá virando mania) à pista dizendo que iríamos dançar de novo.
- Tá vendo? Eu sou uma desgrraça ambulánt! – mas era uma desgraça tão lindinha...
- Não liga não. Acontece.
- É, acontece semprre.
- Estávamos dançando uma música animadíssima e eu lembrei de perguntar ao Thy (tá vendo? Já sou até íntima!) o horário.
- Són trois et quinze (03:15).
- Mer... , quer dizer, meu Deus! Como passou rápido!
- Quando estamos em boa companhia nón notamos o tempo passar.
- Obrigada. Me ajuda a encontrar a Nick?
- Oui. Ela ainda deve estarr com Olivière. Segurre minha mão senón vai se perrderr.
- Você tem alguma idéia de onde eles possam estar?
- Acho que devem estarr lá forra. Aqui está muito abafadô e barrulhento prra conversarrem .
Gastamos em torno de cinco minutos para chegarmos lá fora (em parte porque havia muita gente em pé e em parte porque ainda queríamos ouvir a última música). Nós os encontramos ao lado de uma das pilastras. Thierry (sarrista como ele só) inventou de assustar o amigo dele e se posicionou na pilastra justamente quando ele ia dar um soco nela (acho que estava nervoso), ou seja, mais uma vez Thierry se deu mal.
- Bem feito! Quem manda serr intrrometido! - ralhou o tal Olivière com ele.
- Eu só querria te surprreenderr! Que mal há nisso? – argumentou Thierry segurando o nariz inchado.
Prra mim nón há mal nenhum. Agorra, prra você...
- Será que dá pra vocês dois pararem de criancice? – disse a Nick tentando segurar o riso. E os dois olharam pra ela.
- Antes que vocês recomecem preciso fazer uma coisa: Hermione - dizendo isso, ela me puxou pra sua frente – este é Olivière Delacroix , que foi quem nos convidou para a festa.
- Ah! Você é a garrota de hoje à tarde nón? - disse ele apertando minha mão.
- Eu mesma. Parabéns pela festa e pelo aniversário.
- Obrrigado. Nick falou muito de você.
- Coisas boas né?
- Sim, pode ficar trranqüila.
- Nick desculpa interromper a conversa, mas já está na hora de irmos.
- Ih! É verdade. – afirmou Nick consultando o relógio - Se eu não chegar em casa no horário minha mãe me mata!
- Me liga amanhã?
- Ligo sim.
Despediram-se com um beijo (no rosto), eu agradeci aos dois pela noite maravilhosa que tive e fomos embora. Ao chegarmos na casa da Nick ela pediu para fazermos silêncio para que os pais dela não acordassem. O que não adiantou em nada porque os pais dela estavam na sala aguardando a nossa chegada.
- Nicota? É você?
- Sou eu sim mãe, e não se esqueça: é Nick! – ela disse isso e caminhou até a mãe para cumprimentá-la e fez o mesmo com seu pai.
- Quem é a sua amiga? – perguntou o pai dela
- Esta é a Mione, aquela garota que eu falei hoje de manhã.
- A que também é bruxa?
- Aham.
- Sinta-se em casa querida – disse a mãe dela me abraçando. – é muito bom saber que Nick tem uma amiga bruxa cujos pais são trouxas. A Nicota...
- ...Nick, mãe. É Nick!
- A Nick disse que te encontrou na rua perdida, e que depois de conversarem e descobrirem que ambas eram bruxas, te ajudou a fazer compras aqui não é?
- Isso mesmo.E como retribuição, digo que estou aqui pro que ela precisar. – a Nick sorriu pra mim e eu retribuí.
- Mãe nós vamos dormir. Boa noite pra vocês.
- Pra vocês também garotas.
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- Seus pais são bacanas né? – comentei depois de pôr um pijama emprestado da Nick.
- São sim. Sempre me apoiam em tudo o que faço. Mas mudando de assunto, como foi a sua noite com o Thy? – ela perguntou com os olhos brilhando de curiosidade
- Foi legal.
Legal? Não pode ter sido só “legal”. Me conta o que aconteceu depois que eu saí.
- Nada de mais. Ele me chamou pra dançar eu aceitei. Depois ele segurou minha cintura e me perguntou se eu o perdoaria...
- Perdoar o quê?
- Foi exatamente o que eu perguntei. Aí ele...
- Ele o que? Fala mulher!
- Ele me beijou. – disse isso sorrindo ao lembrar disso
- Eu sabia, eu sabia! – disse Nick empolgada pulando na cama – E ele beija bem?
- Bem é muito pouco – senti até um calor
- Como era o beijo dele? – ela falou baixinho
- Tinha um gosto muito bom. Era calmo, suave ...– eu disse enquanto brincava com uma mecha de cabelo – mas depois que ele viu que eu não ia rejeitar o beijo ou dar um fora nele, ele aprofundou o beijo de uma maneira que só de lembrar arrepia!
- Que máximo! E depois?
- Infelizmente eu lembrei do Harry e fui obrigada a parar o beijo.
- Poxa que pena! Mas pelo menos você conseguiu se divertir com o cara mais bonito da festa . Tá podendo hein?– disse ela olhando-me com malícia e me cutucando com o cotovelo.
- Se fosse em outra situação eu brigaria com você por ter me deixado lá sozinha com ele, mas a noite foi tão boa que você pode fazer as piadinhas que quiser que eu vou até rir junto.
- Caramba! Tô vendo que a noite foi melhor do que você esperava. E, por mais que o beijo tenha sido curto, ele conseguiu te fazer se sentir ótima.
- É. Acho que é porque ele foi o primeiro a me ver como mulher. E pelo que ele me falou, não foi só a minha aparência que chamou a atenção dele. – comentei sonhadora
- Isso lá é verdade. Que lindo! A minha garotinha já está virando uma mulher!
- Ah cala a boca! – dizendo isso joguei uma almofada em cima dela.
- Ei! Só eu tenho o direito de fazer isso!
Ela me retribuiu a almofadada e iniciamos uma guerra de travesseiros. Voavam penas por todos os lados, e como se isso não fosse o bastante, ela pulou em cima de mim e começou a me fazer cócegas. Ai como eu odeio isso! Eu sempre perco nessa luta. Depois de eu ter que dizer que “ ela era a pessoa mais bonita, desejada e a melhor bruxa da face da Terra” ela parou as cócegas. Eu só não revidei porque estava cansadérrima para fazê-lo. Ela arrumou cobertas e um travesseiro (como a cama era embutida só precisou disso) e fomos nos deitar. Conversamos por mais um tempinho e caímos no sono. Normalmente eu não sonho quando vou dormir cansada mas dessa vez foi diferente. Principalmente porque não era só um sonho, e sim um flashback:
“Aquele era o meu primeiro dia na pré-escola. Eu (como todas as outras crianças de quatro anos) estava chorando com medo da minha mãe me deixar ali e nunca mais voltar para buscar-me. Mas como ela disse que eu ia ganhar doces se me comportasse bem (e eu não era boba de perder a chance de ganhar um chocolate), decidi ficar. Lembro-me até hoje de como era a minha escolinha: paredes amarelas cheias de desenhos, o chão com desenho de uma amarelinha... aquilo me fez perceber que a escola não era tão ruim como eu pensava. Uma da tias me deixou na sala de número 7. Sentei-me na primeira cadeira bem de frente com a mesa da professora. Ela sorriu para nós e pediu que fizéssemos um desenho bem bonito da nossa casa. E eu assim o fiz: desenhei uma casinha branca com uma árvore ao lado. Meu pai estava com uma gravata laranja e mamãe com um vestido florido. Eu, que estava entre os dois, usava um macacão azul. Estava lá alegre pintando o meu desenho quando um garoto bobo derramou tinta roxa nele dizendo que tinha achado-o feio. Eu chorei tanto! Queria mostrar o desenho pra minha mãe. O garoto ainda ria de mim e cantava umas musiquinhas bobas. Eu ia sair correndo, mas ouvi um garoto franzino de óculos grandes e redondos dizer:
- Sai daqui ou eu vou chamar a professora! – e não é que deu certo? O menino saiu correndo de volta pro lugar dele. Já o outro ficou ali pra me consolar.
- Não chora não!
- Mas ele estragou o meu desenho! – eu chorava copiosamente. Ele então fez uma coisa que me deixou muito feliz:
- Toma aqui o meu desenho. É só você colocar uma saia que o menino vira menina.
- Brigada!
- Eu me chamo Richard. E você?
- Hermione. – disse já secando as lágrimas e pintando o desenho novo
- Como é?
- Hermione.
- Que nome difícil! – tenho que admitir que pra uma criança dessa idade, Hermione é um nome muito difícil...
- Não é não! –... mas naquela hora eu não achava isso.
- Vô te dá um apelido. Que tal Mio?
-Num gostei. É feio.
- Então vô te chamar de Mia.
- Credo! Quem mia é gato.
- Tá aí: vô te chamar de Mia. Você chora que nem gato mesmo... - tudo bem que eu nunca vi gato chorar, mas se foi ele que disse eu não podia fazer nada.
- Se você vai me chamar de Mia, eu vou te chamar de Richie.
- Ei! Minha mãe já me chama assim!
- Pelo menos não é esquisito que nem Mia...
- Mas eu gosto e é assim que vai ficar!”
Seis anos mais tarde...
“- Por que você vai embora? – perguntei quase chorando.
Depois daquele dia ficamos muito amigos. Minha mãe o adorava e vice-versa. Não saíamos um sem o outro. Estávamos voltando da escola e ele disse que ia me deixar em casa.
- Eu não sei. Meu padrasto só me disse que a gente vai mudar pra longe... – ele também estava triste. Ainda mais por não saber o motivo da tal mudança.
- Com quem eu vou ficar quando você se mudar? – algumas lágrimas já estavam caindo
- Fica com a Susy. Ela é legal.
- Mas não é a mesma coisa – gritei e virei as costas pra ele – e você vai me esquecer.
- Não é verdade! Eu vou te escrever todos os dias.
- Vai mesmo?
- Vou. Mas eu é que acho que você vai me esquecer... Tive uma idéia! – dizendo isso ele tirou a mochila das costas.
- Espera só eu achar um negócio. – mais uns segundos e... – Achei! – era uma tesoura escolar.
- Pra quê você quer uma tesoura? – perguntei tentando entender o porquê de uma tesoura ajudar em alguma coisa.
- Você vai ver. – ele cortou um pedaço de barbante e me deu
- Barbante? O que é que eu vou fazer com isso?
- Nada ainda – ele puxou uma mecha do cabelo pra cima e a cortou.
- Você tá louco!
- Me dá o barbante. – eu dei e ele amarrou a mecha com o barbante e colocou na minha mão.
- Por que você fez isso? – eu o olhava com espanto. Na certa a mãe dele ia brigar
- Isso é pra você nunca se esquecer de mim.
- ... – eu olhava intensamente a mecha. Tive eu outra idéia. Tirei a tesoura da mão dele e escolhi uma mecha que não faria falta. Eu a cortei e amarrei fazendo um laço num pedaço de fita de cetim cor-de-rosa.
- A sua mãe vai brigar mais que a minha!
- Não tem importância. E é mais fácil você se esquecer de mim do que eu de você.
- Ele teve a mesma reação que eu quando lhe entreguei a mecha. Nos olhamos novamente e nos abraçamos bem forte.
- E se a gente nunca mais se ver? Eu não quero isso!
- Eu vou voltar! – disse ele com uma firmeza tremenda.
- É uma promessa? – perguntei olhando nos olhos dele. Ele secou algumas lágrimas com o dorso da mão e disse:
- Não. É um juramento.”
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N/A2: Até que enfim a Mione mudou né? Pena que ela não aproveitou com o Thierry... Mas pelo menos uma casquinha ela tirou. Eu decidi colocar a música I will survive porque achei que encaixasse como uma luva pra cena do “pé na bunda” da Mione antiga. Vocês viram como ela era lindinha quando criança?
E pra não perder o costume, aí vai um teco do cap. 7:
“Respirei fundo, ansiosa pelo que enfrentaria não só agora, como no ano inteiro. Pensava em qual seria a reação daqueles que riram de mim. Mas acima de tudo, qual seria a reação de Harry?”
Beijos e abraços carinhosos para todos que estão lendo a fic (principalmente para os que comentam), e até o próximo capítulo!
.: Paty Kawaii :.
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