Detenção.



 



                            *Alvo*



A aula de Defesa contra as Artes das Trevas era sempre a pior, mas a daquela manhã de quarta feira fora ainda pior.



Mira estava na frente da sala, uma cobra estava sobre a carteira e ela precisava se livrar dela. O Prof.º Strilbold como sempre a importunava dizendo que ela era um fracasso nos feitiços.



- por Merlin, menina- dizia ele com desprezo-. Como um fracasso desses pode sequer participar de minha aula.



Mira se encolhia a cada palavra.



- vamos, quero que se livre dessa cobra- disse- agora!- ela tentou um feitiço, mas a pressão só piorava tudo- Menos 10 pontos para a Grifinória. Se não acabar com a cobra irei dificultar.



Mira tentou um feitiço, mas estava nervosa demais. Electra cerrava os punhos ao meu lado. Sabia que ela não ia agüentar ver a amiga sendo intimidada por muito tempo.



- se é assim- o professor apontou a varinha para a cobra- Engorgio- a cobra cresceu. Mira recuou um passo



- chega!- disse Electra- Pare de brincar com ela. Não está ensinando nada.



- hm- o prof.º olhou para Electra- então ela está com medo, hein?- disse se divertindo- Grifinória não era a Casa dos corajosos?



- ser corajoso não quer dizer não ter medo- sua voz era firme-, é ser diferente de pessoas como você



- está me chamando de covarde, Srta Black?- seu tom era de ameaça.



- só um covarde intimida alguém a quem deveria ensinar- respondeu ferozmente



- não gosto do tom que está usando, Black. Não gosto que me desafiem também- sua voz carregava desprezo e raiva- garota insolente



- ah, e o senhor é um anjo- disse ela sarcástica-. Perde apenas para Voldemort- muitos alunos se encolheram. Mesmo depois de sua morte, quase ninguém usava o nome do lorde das trevas.



- detenção, Srta. Black- disse o professor. Sua expressão era de ódio- e menos 50 pontos para a Grifinória.



O sinal tocou e fomos para o Salão almoçar.



- obrigada, Electra- disse Mira enquanto sentávamos à mesa da Grifinória-. Sinto muito pela detenção, a culpa é minha por ser tão fraca



Electra balançou negativamente a cabeça.



- você não é fraca, Mira- disse ela-. Só é um pouco insegura. Strilbold sabe disso, por isso te atormenta tanto.



- talvez... talvez você tenha razão- disse sem convicção- mas de qualquer forma, obrigada. Espero poder te ajudar algum dia.



- não se preocupe com isso.



Terminamos de comer e fomos para o jardim.



- como se saiu nos exames?- perguntou Electra



- notas boas em todos- respondi- menos Historia da Magia, passei por pouco- sorri-. Para você nem preciso perguntar. Minerva disse que foi a melhor do ano. Lena?



- passei em todos- disse a amiga sorrindo-. Bem, valeu à pena estudar tanto



- ah, gente- Electra se levantou- tenho aula extra daqui a pouco. Desculpa, tinha me esquecido- e saiu correndo.



- ela é doida- disse Lena vendo a amiga se afastar-. Como passaram o natal?



- foi divertido- disse vagamente



- Tiago aprontou muito?- disse interessada



- não. Ficou se exibindo um pouco apenas



- ele gosta da Electra?



- ele é popular- disse-, acho que só quer chamar a atenção dela



- ah, entendi



- e você? Como foi seu natal?



Passamos um bom tempo conversando sobre as férias. Lena fora em shows de cantores trouxas, ficamos discutindo qual eram as melhores bandas até que Rigel chegou com seu grupinho de sonserinos.



- olha se não são os amigos fracassados de minha irmã- disse Rigel maldoso.



- ah- revirei os olhos- vaza, Rigel



- é, fica na sua- concordou Lena



- cala a boca, sangue ruim- disse Rigel carregado de desprezo



- não a chame disso- me levantei, irritado.



- de que? Sangue ruim?- sorria- pois é isso que ela é.



- Densaugeo- assim que meu feitiço o atingiu seus dentes começaram a crescer



Péssima hora para lançar um feitiço. O Professor Strilbold estava passando e veio até onde estávamos.



- ora, ora- disse ele- o que está acontecendo aqui?- perguntou se dirigindo aos sonserinos. Rigel tentava desesperadamente parar o feitiço



- esse idiota me atacou sem motivo- respondeu com dificuldade



- sem motivos?- Lena discordou- ele me chamou de sangue ruim- disse apontando para Rigel



- é verdade?- perguntou para os amigos de Rigel, que negaram- é feio mentir. Menos 20 pontos



Que injusto! Quis gritar



- e detenção para o Potter- completou



- mas...



- terei que tirar 40 pontos?- perguntou ameaçadoramente



- não, senhor



- depois vá com a Srta Black à minha sala- disse- veremos os detalhes das detenções. Rigel- chamou- vá para a enfermaria. Madame Graziela consertará isso em um instante.



Saíram todos, sobrando apenas Lena e eu.



- eu não acredito- disse Lena exasperada- não é justo



- e Strilbold é professor mais justo, né?- dei uma risada ironia



- mesmo assim, ele é um...um...



- idiota?- sugeri- Babaca? Estúpido...



- tudo isso- disse irritada- por que é que está tão calmo?



- porque não é o fim do mundo, Lena- disse



Fiquei com medo que Lena me batesse, mas ela limitou-se a bufar e se jogou no chão



- você está certo- disse ela



- sei que estou



- obrigada por me defender



- não há de que- sorri



 - vamos ver Hagrid?



- faz tempo que não o vemos- concordei.



Batemos na porta. Ouvimos um barulho de coisas caindo. A porta se abriu e Hagrid nos deixou entrar.



- garotos- disse ele animado- quem bom que vieram



- olá Hagrid



- onde está Electra?- perguntou.



- aulas extras- respondi- com Tiago



- ah, entendo- pegou xícaras e colocou à nossa frente, na mesa-. Queria mostrar aos três juntos. Mas estou certo que ela vai adora ver, depois



- o quê?- perguntei, desconfiado



- o achei em Hogsmeade- pegou com luvas de couro algo na lareira acesa, algo grande, oval e negro



- é um ovo de dragão?- perguntei assustado, e surpreso. Tive esperanças que ele dissesse: não, é só um ovo de páscoa que comprei adiantado. Infelizmente ele não disse isso, apenas assentiu animado.



- é o segundo dragão de estimação que tenho- disse acariciando o ovo-. Não é lindo?



Ele estava certo. O ovo do tamanho de um filhote de cachorro era lindo. Havia riscos dourados detalhando a casca escura, tornando uma obra de arte. Mesmo assim, dragões de estimação eram ilegais. Fora que o simples fato de ser um dragão já era horrível...



- então- disse Hagrid nos olhando- o que acharam?



- ééé...- pensei em como explicar



- incrível!- disse Lena. Olhei para ela, deu de ombros



O gigante sorriu e acariciou cuidadosamente o ovo.



- mas não acho muito recomendável ele ficar aqui por muito tempo- o tom de Lena era controlado e gentil



- por que?- perguntou Hagrid, confuso



- porque é ilegal- disse ela- e cuidar de um dragão adulto é diferente de cuidar de um ovo...



- mas... - ele parecia um pouco desapontado- você está certa. Mas vou ficar mais um pouco com ele. é, não posso deixá-lo assim



- e onde pretende levá-lo?



- eu... eu não sei- ele começou a chorar-. Não posso deixá-lo sozinho, como eu poderia fazer uma coisa dessas com o pobre animalzinho. - grandes lagrimas começaram a jorrar



- calma. Calma- tentei pensar em algum lugar-. Talvez você possa deixá-lo por um tempo com Grope, na Floresta proibida... enquanto não achamos um lugar melhor



- é- Lena concordou, animada com a ideia- Grope iria adorar ter uma companhia, e não se machucaria com o dragão



Hagrid parou de chorar. Olhou-nos com os olhos chorosos e ligeiramente inchados



- v-vocês estão certos- voltou a chorar- como tenho sorte de ter vocês, meus amigos



- certo. Certo- dei umas palmadinhas nas costas enormes do gigante-. Também gostamos de você, Hagrid



O gigante secou os olhos e se levantou.



- obrigado-disse-. Mas acho melhor vocês irem agora. Daqui a pouco será o jantar



- você não vai?- perguntei



- depois- respondeu



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Meia hora depois Tiago e Electra entraram na Sala Comunal. Electra veio em nossa direção e Tiago foi com Felipe e os outros caras do segundo ano



- olá- disse Electra sentando no tapete em frente à lareira- detenção, Al?



- é- concordei- detenção



- Rigel me chamou de sangue ruim- explicou Lena



- então mereceu- Electra sorriu.  



- é- concordei-. Vamos jantar?



- vamos. Estou morrendo de fome- disse Lena



Depois de jantarmos, Electra e eu fomos combinar nossa detenção com o Professor Strilbold. Não fomos os únicos a ter que cumprir detenção, Tiago e Felipe também tinham aprontado. Íamos todos a Sala de Troféus.  



- e sem magia- complementou Strilbold com um sorriso arrogante



- “sem magia”- Felipe imitou perfeitamente a voz arrogante do professor enquanto riamos- “blá blá blá”



 



Quando deu 20:00h descemos para o terceiro andar. Amos estava nos esperando à porta da Sala de Troféus.



- ora, ora- Amos sorria malicioso- temos um novo integrante, é?- disse olhando para mim



- pelo menos ele sabe fazer magia, né?- Felipe me defendeu.



Amos parou de sorrir, sua expressão se azedou.



- limpem tudo- disse ele- não quero gracinhas, sorrisinhos. Não quero ver nem um grão de poeira. – então acrescentou:- Sem magia!



- igual você, né?- disse Tiago. Todos abafamos uma risada.



Assim que Amos saiu para buscar os materiais de limpeza Tiago caçou alguma coisa no bolso da calça.



- aqui- ele mostrou duas esferas negras- vamos rápido, Felipe



- o que vocês vão fazer?- perguntei



- jogar algumas bombas no quarto andar- respondeu Tiago. Agora tirava a capa da invisibilidade do bolso- voltamos daqui a pouco



- Amos vai reparar...



- a gente foi ao banheiro



- talvez ele acredite que vocês tiveram uma diarréia.



- não vamos demorar



- meia hora, no mínimo- disse eu.



- joga isso para mim, por favor- disse Electra entregando uma poção para Felipe



- Black?!- Felipe parecia surpreso, sorriu



- é isso aí!- Tiago abriu um sorriso



- como vão fazer para chegar rápido?- perguntei



 - retrato- respondeu Tiago indo em direção ao quadro de Alvo Dumbledore



            “Pretium enim amicitia”. O quadro girou e uma passagem foi aberta. Eles entraram e o quadro voltou ao normal.



            Amos chegou alguns minutos depois.



            - onde está o outro Potter? E o Lopes?



            - acabaram de ir ao banheiro- disse Electra, convincente- estavam apurados demais, e como o senhor demorou...



- eu entendi Srta. Black- disse impaciente- comecem a limpar. Agora!



Depois de 7 minutos me aproximei do quadro. Ouvi uma batida. Eles queriam entrar, mas precisavam ter certeza que Amos não veria.



Olhei para Electra e pedi ajuda silenciosamente. Acho que ela entendeu, porque largou a vassoura que caiu no chão com um barulho que chamou a atenção de Amos.



- aai!- Electra colocou a mão na cabeça como se estivesse suando- Amos eu...eu não estou muito be...- e caiu “desmaiada” no chão.



Amos correu até ela. Murmurei a senha, Tiago e Felipe entraram.



- o que aconteceu?! – perguntou Tiago correndo até Electra.



Amos tinha sentado Electra e colocado um pano úmido limpo em sua testa. Ela abriu os olhos.



- o que... O que aconteceu? – perguntou Electra confusa.



- você desmaiou. – explicou



- está se sentindo bem?- perguntou Tiago



- estou sim- parecia, pela primeira vez, frágil. Ela desmaiou de verdade?



- por que demoraram tanto?- perguntou Amos para os dois garotos. Quando se virou para nos olhar Electra piscou.



- ahn...- Tiago pensou um pouco- A Murta!



- isso!- concordou Felipe- Ela entrou no nosso banheiro. Entende?



Amos os olhou desconfiado.



- comecem a limpar- ordenou-. Você consegue se levantar, Srta. Black?



- sem problemas- Amos se levantou e voltou para a porta. Electra levantou- se vivamente sem que Amos visse.



Quando terminamos voltamos para a torre da Grifinória e fomos para os dormitórios.



- como foi sua primeira detenção, Al?- perguntou Luca quando entrei



- boa- respondi, sem cerimônia



- a Black falou algo de mim?- perguntou curioso



- ahn...- não. Coloquei a mão na nuca- na verdade, não conversamos muito...



- ah- ele sorriu- que pena. Tenho certeza que ela gosta de mim- disse convencido



- e por quê...?- perguntei    



- porque não gostaria?



- nem sei- resolvi deixar para lá. A verdade é que Electra (com exceção da vez em que ficara vermelha por abraçar Tiago) nunca demonstrara gostar de alguém.


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