Leões x Serpentes
As coisas no mundo bruxo caminhavam para um colapso. Desaparecimentos desenfreados estavam começando a fugir do controle do Ministério colocando em check a legitimidade do ministério. Para os moradores de Hogwarts, bem isso já estava mais do que claro. O favorecimento por assim dizer a alunos os quais Amycus Carrow I fazia questão de mostrar deixava claro suas reais intenções. O ingrediente final dessa poção que fez o caldeirão transbordar por assim dizer, foi de fato um toque de recolher que ele mesmo havia decretado com o aval do ministério da magia. O real motivo desse “aval” era realmente questionável mas ninguém era maluco o suficiente para se quer perguntar ao diretor. Embora toda a Armada Gryffindor soubesse que era para evitar possíveis “encontros” de como diria o diretor “rebeldes”, os leões ainda assim davam um jeito. Contudo também o guarda caças da escola estava afastado, desde o afastamento de Dumbledore, Hagrid, o meio gigante fora afastado vivendo agora em Hogsmeade no Cabeça de javali. O que deixou a escola e vários alunos dos quais tinham apreço pelo meio gigante, bastante enfurecido. Dias se passaram, a escola continuava a receber “ataques” furtivos. Geralmente alunos nascidos trouxas o que mostrava que algum “defensor dos puro sangue” estava se aproveitando da situação para ir a forra com os chamados “sangue ruins”.
Lily embora estivesse muito envolvida com os NIEMs, bem estava se dedicando também a outra coisa. Era evidente que seria taxada como uma bruxa das trevas por estar tentando aprender o que conseguia sobre o assunto afinal, como ela lutaria contra as trevas sem a conhecer de fato? Essa disciplina a muito fora abolida da grade curricular pelo Ministério da Magia mas mesmo assim, Dumbledore mantinha um acervo muito peculiar na Ala reservada cujo só alunos com o aval do professor poderiam ter acesso. Sabia que seus amigos andavam se reunindo as escondidas, Remus desconversava quando ela tentava perguntar. Mas depois da discussão ferrenha com Potter sobre sua amizade com Severus, optou por se afastar por assim dizer de todos que duvidassem de sua capacidade de discernimento. Seu amigo Severus também se opunha a esse “novo hobby” que ela vinha tendo. Nunca o vira tão nervoso do que na última semana antes dos duelos quando este a viu lendo Um guia prático sobre Magia Negra e praticamente o arrancou de suas mãos. Isso obviamente lhe rendeu várias e várias horas de sermão.
— Mas você a pratica Severus.... – tentou argumentar ela mas ele não lhe deu ouvidos.
— Eu disse que esse assunto não é brinquedo Lily... – respondeu ele escondendo o livro na mochila - ... você não tem idéia do que é...
— Então me diga... – respondeu ela mais alto do que gostaria - ... Severus, eu sei que você estuda isso a muito tempo, como eu posso me defender se eu nem conheço a Magia?
— Magia Negra não é algo para ser usado levianamente... – disse ele e então Lily pareceu ficar ainda mais nervosa.
— E quem foi que disse a você que eu usaria isso “levianamente”? – perguntou ela o encarando, estava praticamente a meio palmo do rosto do jovem garoto que a muito tempo nutria um carinho especial. Isso fez com que algo dentro dela parecesse se quebrar, e sentiu um nó se formando em sua garganta. – Tenho consciência do que pode acontecer e eu não vou usar levianamente... pretendo ser auror, e pelo menos essa função exige certo nível de conhecimento...
— Sim... mas que você irá aprender no tempo e no lugar certo... – disse ele jogando os cabelos para tirar dos seus olhos - ... Lily... você pode se machucar... ou pior...
— Se está tão preocupado comigo porque você não me ensina? – perguntou ela decidida.
— Eu? Ensinar? – perguntou ele surpreso enquanto via a garota cruzar os braços em sua frente.
— Isso mesmo... VOCÊ! – respondeu ela novamente o encarando – Quem mais conhece esse tipo de magia e poderia me ensinar de forma segura? Faz tempo que tenho lido sobre o assunto, mas nunca me arrisquei se quer a executar algum tipo de feitiço.
— Lily... – disse ele desolado mas a garota parecia irredutível - ... Magia negra não é somente dizer palavras mágicas...
— Está achando que não sou capaz? É isso mesmo que você acha Severus? – perguntou ela novamente.
- Magia negra não é só teoria Lily... requer também uma vontade enorme de querer fazer o mal a outra pessoa... – disse ele mais baixo do que pretendia. Mas mesmo assim a jovem parecia não querer lhe ouvir. Fazia já alguns meses que era visível que algo não ia bem com a ruiva, ele notava em seu sorriso, em seus olhos e até o vermelho vívido de seu cabelo parecia estar sumindo. Não queria que ela sofresse as conseqüências de se usar tal magia. Não a sua Lily, mas como dizer-lhe isso? Como mostrar-lhe as conseqüências de tal magia se ela parecia tão irredutível. Era melhor ele realmente tentar lhe mostrar e ensinar pois tinha a mais absoluta certeza de que ela procuraria as pessoas erradas. E aprenderia também de maneira errada. – Tudo bem Lily... – disse ele novamente dando-se por vencido - ... Eu vou te ajudar, mas me prometa de que vai parar de procurar sobre isso sozinha...
— Eu não tinha escolha ou tinha? – disse ela abrindo o costumeiro sorriso que o fazia amolecer – Você não queria me ajudar...
— Queria evitar que você sofresse as conseqüências... – respondeu ele - ... mas não consigo ver você se deteriorando aprendendo as coisas de forma errada...
— Então me mostre a maneira certa... – disse ela pegando em sua mão o que fez com que Severus sentisse o coração aos saltos. - ... você é o único em quem confio para isso...
O que mais o pobre garoto apaixonado poderia fazer se não concordar. Nunca vira um sorriso tão lindo em sua vida. Lily sempre foi com ele uma pessoa de incrível compreensão. Diferente de todos os outros. Não podia negar a ela um pedido, na verdade não conseguia lhe negar nada desde que a conhecera antes mesmo de entrar para a escola. Pegou o livro o qual ele mesmo estava usando e então a encarou.
— Primeiro de tudo... – disse ele sério - ... você tem sorte de nosso novo diretor ter liberado as artes das trevas ou já teria sofrido as conseqüências por tentar praticar esse tipo de magia nos terrenos da escola. – Pode ver que sua colega engoliu em seco - ... segundo, outra coisa que você tem de ter em mente que não é toda pessoa que consegue... – viu que ela iria reclamar mas não a deixou - ... não tem nada haver com capacidade ou talento... tem haver com a vontade do bruxo... – tratando-se de Lily, bem ele tinha a mais absoluta certeza de que ela jamais conseguiria executar algum feitiço negro devido a sua bondade. Mas também sabia como ela podia ser teimosa o suficiente para tentar. Começaram com o básico, e as teorias. Lily praticamente perdeu a noção de quanto tempo estavam naquela sala. Tinha de admitir que era mais complicado do que ela tinha imaginado. Não que não soubesse, fazia meses que ela por si só estava dedicando-se a aprender os ofícios desse tipo de magia. Tanto que enquanto Severus ia lhe explicando, ela concluía, afinal já tinha lido vários livros.
— Ok... – disse ele agora pegando a varinha - ... modéstia parte esse feitiço que vou lhe mostrar, foi criado por mim...
Lily pode ver uma pontinha de orgulho quando ouviu o que Severus lhe disse, e não duvidava do talento dele para tanto. Sempre fora brilhante, em qualquer disciplina, obviamente as que não exigissem força física. Pode ver o garoto conjurar uma espécie de saco de areia e deixá-lo suspenso entre os dois. Lily ficara um pouco apreensiva do motivo disso mas Severus fez sinal para que ela se afastasse, e ela prontamente o fez.
— Sectumsempra! – disse ele fazendo um movimento com a varinha semelhante ao movimento de uma espada. Lily dera um salto para traz ao ver o saco de areia se abrir ao meio e a areia cair ao chão. Olhou para o garoto com certo espanto. Ele então sorriu orgulhoso, fato de que havia lhe impressionado – Esta vendo? - então ele fora até o saco suspenso e lhe mostrou - é uma maldição muito perigosa... – então ele passava delicadamente os dedos sobre o corte recém feito no saco suspenso enquanto continuava - ...quando o encantamento é proferido seu efeito é o equivalente ao de uma espada invisível; ela é usada para cortar a vítima a distância. – Então voltou sua atenção a Lily que o encarou - ... O corte segue os movimentos da varinha do usuário.
— Se essa maldição... – começou Lily lentamente - ... desfere golpes de uma espada... a vítima pode morrer?
— Como disse antes Lily... – disse Severus sério - ... Magia Negra não é para qualquer um... o bruxo tem de ter ciência do que pretende fazer... e sim... Devido às profundezas do corte, as vítimas correm o risco de morrer de perda de sangue, se o tratamento não é aplicado no tempo, se as feridas não forem instantaneamente fatais.
— Quer dizer que existe um tratamento... – perguntou ela mais aliviada.
— Obviamente... – respondeu o garoto guardando a própria varinha agora - Feridas causadas por este feitiço podem ser curadas pelo contra-feitiço Vulnera Sanentur; o primeiro uso facilita o fluxo de sangue, o segundo faz com que as feridas fechem e o terceira remove os piores efeitos da maldição. A vítima ainda precisa de tratamento médico.
— Mas você disse que existia um contra feitiço... – disse Lily e ele a encarou.
— Como disse existe... – respondeu ele - ... mas não seria uma “maldição” se não deixasse conseqüências...
— Então não é exatamente 100% eficaz esse contra feitiço? – perguntou Lily interessada.
— Embora o referido feitiço de cura possa curar as feridas e essência de ditamno pode prevenir cicatrizes, quaisquer partes do corpo que forem cortadas por esta maldição não podem ser recuperadas... – concluiu Snape a encarando - ... se cortar qualquer membro de um bruxo com esse feitiço... não há cicatrização.
O garoto pode ver que sua amiga ficara um tanto temerosa após ele ter lhe contado as conseqüências sobre esse feitiço em específico. Mas ela queria saber e conhecer magia negra não é? Então tinha de se acostumar pois em uma batalha entre a vida e a morte, quem tivesse mais conhecimento do inimigo teria melhor chance de sair vitorioso. Lily por sua vez ficou encarando aquele saco de areia partido ao meio e pendendo na frente dela. Será que era mesmo isso que ela queria?
— E porque você criou esse feitiço? – perguntou ela finalmente.
— Para usá-lo contra meus inimigos... – respondeu ele - ... acho que você notou que em todos esses anos aqui, tenho vários...
Lily arregalara os seus olhos verdes enquanto Snape a encarava sério. Realmente ele estava falando a verdade? Iria usá-lo?
— Ainda não tive oportunidade... – disse ele sério fazendo um aceno com a varinha e usando um reparo no saco de areia. Um a um dos grãozinhos começou a voltar para dentro do saco e por fim ele novamente ficou intacto. – Mas, com Carrow... pode ser que essa oportunidade surja.
Lily apenas sorriu para o colega. Fora ela quem pedira para ele lhe ensinar, então.,,, Estava na hora de aprender. Pegou a varinha e começou a tentar executar tal feitiço sem sucesso. Isso fez com que Severus a encarasse.
— Quer mesmo ir adiante? – perguntou ele.
— Sim! – respondeu ela convicta. E em seus olhos ele pode notar que não voltaria atrás em tal decisão. – Eu vou continuar.
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O vento gélido batia em seus cabelos levemente bagunçados, voar sempre lhe fazia bem apesar de várias vezes sua mãe lhe advertir de que manobras malucas eram coisa de amador. Isso lhe fazia esquecer todos os problemas e focar nos seus objetivos reais. O vôo livre pelos céus era a única coisa que lhe fazia voltar a razão. Bem, talvez não naquela noite. A frieza extrema causada pela dor de perder praticamente quase toda sua família ainda doía-lhe o peito. Sua madrinha, amiga de todas as horas teve sua vida interrompida pelo quê? Por conta de seu tio, o qual o queria tão bem quanto ela. O amava, porque não dizer, como um pai? Talvez... fora ele quem lhe dava conselhos e lhe ajudava quando Charlus estava em missões. Respirou fundo a ponto de sentir o ar gélido em seus pulmões, voando alto e na maior velocidade que conseguia alcançar. O seu pingente, queimando no peito, provavelmente eram seus amigos tentando lhe encontrar. Provavelmente alguém da Armada Gryffindor, mas não era hora para arrependimentos. Sabia onde podia encontrá-lo pois era lá, onde sempre o levava. Seus olhos esquadrinhando a montanha a qual seu tio William sempre o levava. As vezes para um simples bate-papo, outras para treinos os quais ele não queria que sua mãe os visse. Enfim, será que nessa época ele já tinha seu espírito deturpado pelo Lord das trevas? Bem, já não importava. Nada importava agora.
— Olá titio Will! – disse James contra as costas dele, estava sozinho. Quando ele se virou, seu rosto estava pálido, branco como a neve, seu olhar continha o desespero, o medo, a vergonha, eram muitos sentimentos de derrota. Dera de cara com o sobrinho/afilhado, com a varinha empunho e o olhar em chamas. Com dificuldades de acreditar que fora ele que o encontrara, ele ameaçou levantar sua varinha, mas James fora mais rápido – Expelliarmus!!! – A varinha de Will voou para longe e ele abriu a boca para pedir calma. - Calma? Calma.... – James fizera uma pausas tentando entender como alguém poderia acabar com a própria família e ainda se quer pensar em pedir calma, tentou expressar seu ódio em palavras mas não conseguia, nenhuma delas era ruim e terrível o suficiente para expressar o que ele sentia - , você deveria saber que se seu “Lordzinho” não te matasse seria um de nós… - Nesse instante o som típico de um aparatar ecoou as suas costas, e James sabia exatamente quem estava ali. Charlus via ali seu filho diante dele com a varinha apontada para William. - Você matou minha madrinha e eu não te perdoarei e muito menos terei clemência! – bradou James que viu o tio naquele momento se ajoelhando e ameaçando abrir a boca. Charlus somente o observava enquanto corria para James. O sol começava a raiar no horizonte, o céu estava vermelho, mas um lampejo verde tomou conta dos olhos de James.
— PELAS CUECAS DE DUMBLEDORE! - James ouviu a voz de Sírius e então abrira os olhos. Estava com o rosto e corpo empapados de suor, sem mencionar que segurava o amigo pelo pescoço e a varinha praticamente em seu rosto. – FICOU MALUCO?
— Desculpe Padfoot... – disse ele mais que depressa tateando a cômoda em busca de seus óculos.
— Com que raios você estava sonhando? – perguntou Sírius enquanto James passava a mão na nuca tentando entender mais ou menos o que havia acontecido.
— A pergunta é o que você estava fazendo aqui... – disse James agora encarando o amigo - ... está cansado de saber que durmo com a varinha embaixo do meu travesseiro.
— Você ficou mais da metade da noite murmurando coisas sem sentido... – disse Remus saindo do banheiro - ... tem certeza de que não quer nos contar o que foi que houve com você?
— Foi apenas um pesadelo... – disse James levantando-se da cama tentando disfarçar.
— Aham... – agora era Sirius quem cruzava os braços e lhe encarava com dúvida - ... desde seu sumiço a alguns dias você tem tido pesadelos cada vez piores... vou ter de lhe aplicar doses de veritasserum no seu suco para conseguir alguma resposta?
— Já disse que foi só um pesadelo... – respondeu James pegando a toalha e indo para o chuveiro – vou tomar um banho, se quiserem podem ir alcanço vocês daqui a pouco no salão principal.
Embora a mente de James Potter estivesse repleta de nuvens escuras, e sua alma parecesse começar a ser tomada por trevas, tentava ele com todas as forças achar um jeito para ainda se manter firme na luz. Mas tinha de confessar que estava meio difícil de conseguir, mesmo porque como se livrar das trevas se tudo a sua volta tem se tornado obscuro?
Era possível notar que, o clima poderia estar um tanto tenso no ar, os sonserinos pareciam bem à vontade com tudo o que acontecia. Obviamente por serem os “queridinhos” do diretor as coisas estavam absurdamente saindo do controle. O favorecimento da casa de Salazar Slytherin era tão descarada que Sarah pode observar isso quando voltava de um “treino” por assim dizer no campo de quadribol. Sempre que estava com a cabeça cheia, voar desanuviava seus pensamentos. Mas infelizmente não era assim que estava acontecendo nos últimos dias. Após a primeira reuniãozinha com a AG e Lorigan, a garota pode constatar que conseguir novamente conjurar um patrono ia ser extremamente difícil. Na verdade sua cabeça estava cheia demais, preocupada demais para poder se concentrar. Ela então se encaminhou para o campo a fim de pelo menos tentar distrair seus pensamentos nas alturas. Há quem a chamasse de maluca por sair para voar, mas precisava de um tempo sozinha, e, de alguma forma distrair sua cabeça a desviando de todos aqueles olhares “penosos” que ela tinha certeza todos lançavam a ela. Fizera algumas manobras, tentara até mesmo desafiar o Salgueiro Lutador, mas infelizmente ele estava com tanta preguiça (pelo menos foi o que ela deduziu) que ela acabou desistindo. Também tinha o fato de ter ido se arriscar em plena luz do dia, sabia dos riscos, de que era um alvo fácil, e agora com um diretor daqueles era colocar toda a sua casa em maus lençóis. Então, após alguns minutos resolveu voltar ao castelo ir até o salão principal almoçar. Sua paciência estava literalmente por um fio de navalha, e talvez não se importasse se por acaso trombasse com Mandy, faria até um favor a ela e reformaria naquele nariz mal feito. Estava a dias procurando um motivo para isso. Voltara ao salão comunal, lavara-se para o almoço e sem esperar descera novamente para o salão principal. Enquanto descia as escadas de mármore do saguão, podia sentir os olhares em sua nuca. Não gostava nada disso mas mesmo assim ergueu a sua cabeça e passou por cima (literalmente falando) já que empurrara a jovem que estava diante dela que decidira invadir seu espaço.
— Se quer diversão... vá a antiga sala do Professor Dumbledore... - disse ela sem dar a mínima para o que o diretor diria - ... aposto que vai ser realmente divertido para o novo diretor...
A mesa da Gryffindor não estava realmente cheia mas, haviam alguns alunos. Por incrível que possa parecer, Peter e Olivia estavam presentes, assim como Emmeline e Alice, acenara para elas, que vieram sentar-se com ela e Olivia. Jogando a capa ao lado do banco e sentando-se.
— Boa tarde Oli... – disse ela – Peter...
Ambos responderam bom dia, assim que ela se sentou.
— E ai? – perguntou Emme sentando-se a sua frente. Sarah podia ver a sua frente a mesa sonserina e a “felicidade” corria solta naquela mesa.
— Pare de encarar... – advertiu Olivia.
— Eles estão “muito a vontade” para o meu gosto... – disse ela enquanto rapidamente apareceram as guloseimas, ela pegara um pouco de empadão para pelo menos forrar seu estomago, não estava com apetite à dias. Vira por um reflexo na janela que Edward, sua coruja estava sobrevoando pelo lado de fora, tinha sido negligente com o animal e não se perdoava por isso. Fora praticamente nessa hora que ouvira o guizo de uma cobra.
— Boa tarde.- ouviu a voz de Bellatrix atrás de si. Sarah fingiu não ouvir apenas trocara um olhar significativo com Emme e Alice que estavam a sua frente, tentando controlar o impulso de não usar as unhas na face ensebada de uma serpente. Que até então, nunca a tinha visto "tão saltitante" quanto um pulgão de cobra. Se estava maluca ou não, Sarah não tinha idéia, mas que havia alguma coisa nessa súbita alegria, ahhh isso tinha. Erguera o olhar acompanhando os movimentos de Bellatrix que por alguma razão absurda tinha tomado um rumo diferente do costumeiro, a mesa da Corvinal ficava entre as mesas da sonserina e Grifinória, por que raios a cobrinha tinha desviado do seu caminho? Somente para cumprimentá-la? E por mais estranho que isso pudesse aparecer, não se surpreendeu quando esta sorriu erguendo-lhe a taça em um brinde.
— Essa aí pirou de vez ou a Madame Pomfrey colocou algo na poção que deu a ela hoje de manhã? - disse Peter que parecia tão espantado quanto ela. Notara os olhares de Emmeline e Alice caírem sobre ela e assim tão rápido quanto levara a mão a sua própria varinha impedira Emmeline de levar a sua. Impulsiva, essa era a descrição de Vance.
— É isso o que ela quer... - respondeu Sarah correspondendo o olhar de Bellatrix e indicando discretamente a Emme e Alice uma "arma secreta".
No instante em que a Sonserina iria levar a taça a boca, Edward, sua coruja dera um rasante, como se estivesse apenas lido os pensamentos de Sarah, e batendo de propósito na taça da cobra a fazendo derrubar o seu precioso conteúdo na roupa da mesma. O mesmo sorriso brotou em seus lábios enquanto esperava a reação de Bellatrix com a mão preparada para uma possível retaliação. Uma detenção a mais ou a menos, já não fazia muita diferença agora. Edward sua coruja tinha vontade própria, Sarah sabia, se tinha alguém tão parecido com seu pai além dela era aquela coruja. Ninguém tinha o controle, e não era muito fácil para ela mesma se controlar vendo o que estava acontecendo e não poder fazer nada.
— Isso não vai prestar... – agora era Alice que comentava receosa e levava um cutucão de Emmeline.
Algo dentro de Sarah dizia que boa coisa isso não ia resultar, os olhos vidrados no ninho de serpentes pronta a qualquer movimento que fosse por parte dos sonserinos. E estava certa, segundos após o rasante de Edward, um lampejo transformou sua coruja em pedra caindo sobre a mesa dos leões jogando comida para todos os lados. Não é preciso dizer que uma fúria incontrolável passara pelo corpo da garota, tinha a impressão que seus olhos lançariam fogo por eles quando encarou o FBO (Filhote de Basilisco Oxigenado para quem não conhece a famosa sigla) com tamanha fúria que não via mais nada diante de si. Sua mão voara para frente no intuito de com o movimento e lançar uma maldição, mas não conseguia pensar em algum suficientemente doloroso para lançar em Malfoy, não via mais nada a sua frente, foi quando sentiu a mão de Emme segurando a sua a impedindo de qualquer ação.
— Calma aí leoa... se é penas que eles querem... é penas que iram ter... Opugno...- Uma nuvem clara voara da ponta da varinha de Emme, Sarah piscou os olhos algumas vezes pra tentar distinguir o que havia acontecido. Pequenas aves voando violentamente contra Lucius e quem fosse que estivesse sentado ao seu lado. Independente do feitiço que fizesse, os pequenos pássaros acabavam se multiplicando e bicando ainda mais raivosos qualquer que fosse a parte que alcançavam.
— Emme, você realmente é magnifíca quando quer amiga, belo feitiço! – ouviu Alice sorrindo mas de repente seu rosto se fechou - Mas creio que isso nos meteu numa grande confusão! Sem contar que daqui a pouco James e Sirius vão achar que estamos tentando roubar o posto deles!
Julien Mayfair no entanto, não era um campeão Slytherin por indicação, podia ser um garoto frio, e sem emoções mas era talentoso, com um aceno rápido, lançou um feitiço fazendo os pequenos pássaros se transformar em gelo e voar contra as garotas.
— Acho que isso pertence a vocês. – disse ele com um sorriso maléfico e então olhando para Lucius e Bellatrix – Creio que veio da mesa dos leões não?
Sarah sentiu um leve ronronar entre suas pernas e não precisou saber que Luy estava por ali. Isso era sinal que o caldeirão iria ferver ainda mais. "Concentre-se ou vai acabar se encrencando..." - pensou ela, mas de quê isso importava agora? Já estava literalmente encrencada de um jeito ou de outro.
— Magnifico Mayfair... - disse ela a bater palmas sarcasticamente - ... Considerando o nível de inteligência de uma cobra... Também vai conseguir tirar coelhos de dentro dos seus bolsos?- Ouviu o bater de asas, e de relance viu sua coruja piar enfurecida empinando as asas em sinal de ataque contra a mesa das serpentes. Alguém com certeza havia desfeito o encanto de Lucius.
— Ahhh não seja boazinha Perks... com o nível de conhecimento deles eu me surpreendo que consigam se vestir sozinhos todas as manhãs... quem dirá ser capaz de fazer um feitiço.... – ouviu a voz de Emme e então sorriu.
— Pensei que leões rugissem e não piassem. – respondeu Bellatrix quem tomava a palavra - Mas deixa isso pra lá Mayfair... não podem lamentar pelos pássaros, afinal não são da espécie familiar delas, e apesar de terem penas, é bom observar que galinhas voam baixo. Não é mesmo Perks? Ser trocada deve ser traumatizante de qualquer forma.
— Xiiiii agora que o Dragão foi pro Polo norte de vez... – ouviu a voz de Alice para Emme e apenas sorriu, Sarah sabia o que Bellatrix estava tentando fazer, a garota com certeza teria realmente mostrado o "quanto era traumatizante", provavelmente enchendo aquela cara de bofetões, mas não mandava em seus sentimentos e muito menos podia obrigar alguém a amá-la. Contudo também não era alguém fútil ou superficial para esquecer o que sentia tão rápido. Mentir a si mesmo que não sentia nada por James, era o mesmo que evitar a si, respirar. Mas estava decidida a agir com as próprias pernas, e não depender mais de ninguém que tivesse que perder ou ser magoada depois. Talvez não fosse esse o tipo de "motivação" que seus avós queriam que sentisse, mas era o único a que podia se agarrar no momento. Uma idéia um pouco mais ousada passara por sua mente nessa hora.
— Não sei Black... "ser trocada" é traumatizante? – respondeu ela com uma pergunta, com um olhar de falsa inocência que não enganava ninguém - Pelo jeito tens conhecimento o bastante no assunto... poderia... - e trocara olhares com as companheiras que estavam ao seu lado, seguindo o olhar para todo o salão, e voltara a olhar para Bellatrix - ... explicar melhor para nós? Principalmente o quesito "baixo"... rastejar pelas masmorras é algo que você tem um vasto conhecimento disso eu tenho certeza absoluta... - correspondera ao olhar e sorrira da mesma maneira que a sonserina. Ela sabia que o diretor com certeza estaria percorrendo os corredores como uma bala, sonserinos não jogam ingredientes na poção se não querem explodi-la na cara de alguém, obviamente estariam querendo arrumar encrenca para enfim tira-los do caminho...
— Outh.... levar uma dessas no meio da cara deve doer pra caramba hein? – ouviu a voz de Emme mais uma vez e sorriu com o canto dos lábios. Vendo a sonserina levantar-se, Sarah fizera o mesmo, levantara-se e agora subia no banco, passava por cima da mesa saltando no outro lado sem o menor receio de sofrer um ataque. Estava a poucos passos de distância da mesa das cobras. Viu Derick lhe sorrir assim que se aproximou da mesa azul e sorriu de volta.
— Creio que é a única coisa que você e o seu... – continuou Sarah com um olhar de desinteresse imitando o jeito de Bellatrix - Er... grupo? - Então lançara um olhar para as garotas atrás de si - Tem algum conhecimento... no entanto, quando tiver realmente coragem de desafiar um leão, pode se surpreender de como essa regra "de voar baixo" pode ter várias exceções... - seu olhar cintilou, com certeza os grifinórios já saberiam o que ela pretendia. - E como somos gentis e dignos leões, adoraríamos mostrar realmente como se voa...
Fingira uma reverência mas não desgrudara o olhar da mesa sonserina. Preocupada? Sarah não estava nem um pouco, mas sabia exatamente o que era que os sonsos pretendiam, e se tinha que tomar uma detenção e deixar o caminho "livre" para as cobras terem seus planos concretizados, ela faria o máximo para atrapalhar.
— Preparem-se garotas... estou prevendo um jogo nada "amistoso" de quadribol... – ouviu a voz de Olivia e então piscou para a amiga, sim, era exatamente isso que ela estava planejando. Um jogo de quadribol “amistoso” seria o que estava precisando para dar uma lição naquelas cobras. Como diria seu avô, novos tempos, novas histórias e como era de se esperar, novas encrencas. Não que Sarah não estivesse acostumada afinal, com um temperamento explosivo e é claro uma língua afiada e incontrolável era praticamente impossível colocar um freio na garota. E depois dos últimos acontecimentos ninguém se atrevia, a não ser que quisesse acabar com um olho roxo ou simplesmente ser azarado e preso em um armário de vassouras.
Já dizia Olivia "não sei quem mais usa os armários de vassouras... se Black com suas fãs ou Você Perks, trancando suas vítimas". Por um lado ela até tinha razão, a concorrência por armários de vassouras estava acirrada, mas, com motivos distintos. No entanto, a garota estava decidida a fazer "juz" a responsabilidade que caíra em seus ombros. Não tinha mais nada a perder mesmo. E se tivesse de ser uma "desertora" da escola que agora deixava de ser o melhor lugar para se estar, ela assim o faria, talvez fosse por isso que estava agindo tão imprudentemente nos últimos dias. Dumbledore não estava mais em Hogwarts, não podiam mais contar com ele e quanto mais provassem que estavam do lado dele pior era.
Em sua mente a voz de Lorigan novamente ribombou em seus ouvidos, tinha de esperar a hora certa para agir, Dumbledore contava com isso. Eram a única esperança de Dumbledore dentro do castelo, somente eles poderiam pelo menos "atrapalhar" os planos do bruxo das trevas até que tudo pudesse ser resolvido. Perdera os pais, o amor de James, seus avós o que mais lhe restava? Não sabia se era capaz de fazer tal coisa, mas as maldições tinham sido liberadas não? O jornal tinha acabado de noticiar isso a algumas semanas. Mas uma imagem surgiu em sua mente como se alguém a tivesse enviado. A voz de Lorigan em sua mente parecia manipular seu corpo a impedindo de fazer o que realmente tinha vontade.
E seus amigos? E o juramento que fizera diante do túmulo de seu pai de jamais permitir que fizessem com alguém o que tinham feito a ela? O coração foi agora responsável pelo que veio a seguir, tinha de ser mais esperta, que serventia teria a Hogwarts ou Dumbledore se estivesse presa em Azkaban?
A voz esganiçada de Bellatrix a trouxe de volta de seus pensamentos.
— Cuidado Perks, meus conhecimentos podem ir além do que você sequer imagina ou pensa. Quanto as regras, lamento, mas eu faço as minhas regras e acredite você não gostaria de as conhecer de perto, apesar de eu ter imenso prazer de mostrar. – o mesmo ar maléfico de sempre.
— Desde quando anda praticando para ser comediante Black? - disse Sarah cruzando os braços, segurando ainda mais firme a varinha oculta em sua manga, Sarah sorriu como se Bellatrix estivesse dizendo alguma piada. Não era pra ser esse um comportamento normal dela, mas se era um jogo, vamos ao jogo. - Mesmo essa piada tendo graça... Infelizmente você não tem o mínimo talento pra isso... no entanto sempre achei que o motivo de alguém criar suas "próprias regras" é não ser capaz de entender as coisas... mas enfim... - Seus olhos encararam os da jovem bruxa da casa das serpentes. Nunca em sua vida sentira tanta raiva de algo como da superioridade sonserina mesmo sabendo o quão insignificantes eram. Nessa hora foi que ouvira o roncar de algo vindo da mesa das cobras e então percebeu a voz de Mayfair outra vez.
— Voar.... bem, se Você se refere a uma disputa esportiva, teria prazer em mostrar-lhe como arreganhar essas presas subdesenvolvidas de leão não vale nada em termos de estratégia e ataque... é sempre triste quando se toma um bote e nem se sabe de onde este veio... – considerando que Julien ainda tinha um Sirius Black a enfrentar, ele parecia determinado, mesmo não afazendo parte do time sonserino.
— Como se você Mayfair, soubesse o significado da palavra "estratégia"... se nos der licença, a conversa não chegou no berçário ainda... - disse Sarah sem desviar seus olhos de Bellatrix.
—Eu acho apreciável um bom jogo de quadribol. Creio que todos aqui estejam ansiosos para uma leve disputa entre casas não? – disse a capitã do time Slytherin.
Bingo! Pensou a Leoa, se era para haver uma batalha, seria em campo. Pelo menos lá ninguém poderia ganhar uma detenção caso derrubasse alguém da vassoura. Iria responder para a Serpente de Saias quando o que mais temia aconteceu. O plano da garota teria até dado certo se um certo Sr. Capitão Gryffindor não tivesse aparecido. Um lampejo surgiu da porta do salão principal direto para a mesa da Slytherin. Sarah apenas girou os olhos nas orbitas porque os garotos tem de sempre tentar aparecer? Alguém definitivamente tinha chamado aqueles dois? Olhou para Peter que rapidamente balançara a cabeça negativamente. O garoto apontava a varinha para o peito de Lucius que até então não esboçara nenhuma reação.
— Potter definitivamente você faria mais sucesso amarrando uma fruta em sua cabeça grande e desproporcional. – disse Bellatrix com a varinha em punho e então se voltou para Sarah - Como você o aturou tanto tempo? Acho que ele ainda acha que você não sabe se defender…
Era visível que não era só as Leoas que estavam se sentindo enjauladas, corvinais e Lufanos também. A garota ia responder a Cobra quando seu instinto acusou um leve movimento de Bella. Sem saber ao certo como seu braço direito vôou apontando a varinha pra garota em sinal de defesa os olhos faiscaram tão rápido que provavelmente Black só notaria quando olhasse novamente para ela.
— Isso responde a sua pergunta quanto "ele acha que você não sabe se defender"? – disse ela rapidamente com a varinha em punho. - Eu estaria mais interessada é quanto tempo uma Gryffindor agüenta segurar a vontade dar-lhe um feitiço nas fuças... - disse Sarah encarando a garota com o mesmo sorrisinho que estampava o rosto da Sonserina. Sarah conseguia ouvir Pandora Medley, uma corvinal doidinha e muito animada que conhecia de algumas detenções com as costumeiras palavras de “afeto” por assim dizer.
— É ISSO AI APOSTAS COMIGO AQUI HEIN!!! – dizia a Corvinal cutucando o mais próximo - Hey aposta em quem? Eu vou em 10 que Belinha sai de cabelo Pink daqui e você?
— Perks, é só marcar. Data e horário. – voltou-se Bellatrix para ela brincando com a varinha entre os dedos. Sarah no entanto continuava com a varinha em punho.
— Hoje as 15h no campo de quadribol... creio que nosso "ilustre diretor" não se importaria com um joguinho "amistoso"... – a jovem sabia que de "amistoso", aquele jogo não teria nada. Mas estava disposta a levar isso a diante. Quando finalmente Bellatrix começou a andar de costas, indo em direção a mesa das cobras, foi que Sarah abaixou o braço com a varinha. Que a situação estava crítica, todos sabiam. Que Amycus era um maldito bruxo das trevas, mesmo que "inocentado" pelo ministério, apenas os mais experientes ou "inteligentes" reconheciam os "sintomas". Sarah já não estava mais sendo a mesma de antes, isso já era visível, mas um pouco de lógica e bom senso teria de ter se quisesse pelo menos ajudar e não servir de estorvo ou "beneficiar" os inimigos com sua impulsividade que diga-se de passagem estava a mil. Realmente queria fazer justiça com as próprias mãos, e o fato de algumas cobras terem de propósito tentado provocá-la a fez tentar pelo menos começar a se policiar melhor. Se eles queriam "guerra", eles teriam, porém da maneira que ela quisesse. O único problema era o "planeta testosterona". Quando Sarah dera as costas para a mesa sonserina...
— Circumseptum! – ouviu a voz de Mayfair e meneou a cabeça. Não acreditava que ele tinha feito isso.
— Protego! – ouviu a voz de Sírius e então se virou.Sírius lançara o feitiço e uma espécie de escudo a protegeu. Assim como Olivia e Emmeline que estavam com ela.
Dificilmente uma garota vai saber entender suas "razões" para tanta política de "enfeitiçar primeiro e perguntar depois". Tudo bem que ela também era impulsiva mas estava começando a entender que para combater bruxos das trevas, era preciso mais do que força e Magia de alto nível. Era preciso ser esperto e principalmente mais perspicaz.
— Você ficou maluco? – disse ela mais alto do que pretendia. Foi então que viu outro ser lançado na direção de Olivia.
— Quando duelar... faça isso pra valer, Black, não gosto de brincadeiras!!
— Os ânimos aqui estão bem alterados, hein garotas. – Disse Sirius, aproximando-se de Sarah e Olivia. – Parece que está na hora de alguém por aqui mandar essas cobrinhas para o buraco frio e fundo do qual elas não deveriam ter saído.
— Incarcerous – Ela ouviu vindo de alguma parte do local e cordas foram lançadas em direção de Sírius.
— ATRAZ DE VOCÊ BLACK! – disse ela sem pensar.
— Diffendo! – lançou ele o feitiço esquecendo-se por um momento do duelo com os sonserinos.- E aí? Quem foi o covarde que me atacou, han? Tem medo de olhar na cara, por acaso?
— Pela Paciência de Morgana... – disse Sarah tentando colocar um pouco de juízo na cabeça daqueles garotos. Olhou para James que encarava fixamente para a mesa sonserina e mesmo a contra gosto foi até ele. - ... você esqueceu de tudo que Lorigan falou?
Esperava por algum juízo na cabeça de vento daquele maroto. Tudo bem não estava conseguindo encará-lo mas ir a uma “guerra aberta” debaixo do nariz do diretor? Como? Como "ir a forra" como diziam os trouxas sem sofrer as conseqüências "acadêmicas e ministeriais"? Ela sabia que não faltava muito para isso. Não só para ela mas para todos que "oferecessem perigo" ou que fosse apenas uma "pedrinha" no sapato do novo diretor. Ela não se julgava realmente capaz de ser uma "pedra no caminho" mas James e os marotos com certeza eram. James desviou os olhos das cobras enquanto ela andava até ele, e foi mais ou menos nessa hora que as coisas saíram basicamente do controle.
— PROTEGO! – Ouviu a voz de Lupin e não teve muito o que pensar, afinal, sentira um empurrão nas costas e segundos depois estava nos braços de James. Por alguns instantes sua mente ficara atordoada com o que acabava de acontecer, novamente estava com o rosto colado no peito do capitão que a segurou firme e a girou em seus braços a protegendo com o corpo. Erguera os olhos lentamente. Mas James não a encarava, seus olhos estavam fixos na mesa das cobras e a varinha apontada para o peito de Malfoy. Sentiu seu braço direito arder como se fosse queimado a ferro. Levou a mão esquerda e sentira o a manga da camisa branca umedecida, olhou e estava começando a empapar de sangue. Não tinha sido exageradamente grave mas tinha certeza de que era um corte profundo. Apertou o corte para estancar o sangue, e sentiu James a apertar mais contra si. Fizera uma careta afinal, aquilo doía. Sentia o corte queimar como louco enquanto seu sangue manchava de vermelho sua blusa. Que raios de feitiço era aquele?
— JÁ CHEGA! VOCÊ FOI LONGE DEMAIS COM ISSO PULGÃO OXIGENADO... SE QUER COMPETIR EM ALGUMA COISA, O DESAFIO FOI LANÇADO... SE NÃO CONSEGUE FICAR EM CIMA DE UMA VASSOURA, NÃO PRECISA DEMONSTRAR SUA FRUSTRAÇÃO EM QUEM CONSEGUE... – ouviu a voz retumbante de Remus tentando colocar ordem na bagunça que já estava descontrolada.
— Então deixaremos para depois, cretino. Mas saiba que não será um cabo de madeira que salvará a vida de vocês em um possível acidente, o que pode acontecer a qualquer momento... – ameaçou Lucius, olhando furtivamente para a garota – Afinal, estamos, como vocês mesmos dizem, em tempos difíceis...
A porta do salão principal que misteriosamente aparecera trancada ribombou fazendo todos darem um salto.
— Marquem minhas palavras seus trouxas, mestiços e traidores do sangue: vocês escolheram o caminho mais rápido para o abismo! Seu velho não voltará a esta escola. – disse Malfoy praticamente para todos que estavam presentes - Todos estão perdendo tempo em defender sua honra. Ele MATOU Meminger! – e apontou para James que agora deixava Sarah e andava em direção do sonserino - E agora é a vez do diretor Amycus mostrar que são os filhos de Slytherin os melhores para o bem geral do mundo bruxo. – algo marrom viera a sua direção, mas Lucius a defendeu sem mesmo identificar sua fonte – A era de Dumbledore terminou, Potter! E foi... – não continuou o discurso porque foi interrompido.
— OLHA O ABACAXIIIII..- Sarah não pode ver quem fizera o grande arremesso mas, pela voz ela já até imaginava. Uma torta enorme voou em direção a Lucius o acertando e impedindo que continuasse o “seu discurso inflamado”. A porta do salão principal rompeu-se com um estrondo e a figura altiva e cruel de Amycus apareceu diante deles.
— Diretor.... diretor, por favor nos ajude! Eles piraram totalmente! Potter e Black, todos eles piraram! Perderam a razão! Maldito o dia em que meu pai acreditou que essa escola era segura quando tem arruaceiros como esses! – disse Mayfair agora se fazendo de vítima, era nítido o que estava acontecendo ali, era apenas um motivo para castigar ou levá-los para algum interrogatório. Viu o diretor Amycus Carrow I ir em direção ao jovem Lucius Malfoy e nesse momento Sarah já sabia o tamanho da confusão.
— Tsk... Tsk... Então é verdade? Como ousam, Potter, Black? – perguntou o diretor, calmamente, sem ouvir as respostas deles – Ferir gravemente um aluno novato e estrangeiro... o que dirão os bruxos de outros países quando, e se, souberem que esta escola comporta alunos indisciplinados, violentos e anti-sociais? – Sarah podia ver que mesmo com Amycus “tentando” jogar a culpa nos marotos ainda sim James não baixava a varinha da garganta de Malfoy. Estranhou também o fato de James não dizer uma palavra se quer.
— Você está bem? – ouviu a voz atrás de si e viu Derick, sorriu para ele meneando a cabeça. – Ferula. - Uma faixa de atadura percorreu o braço da garota.
— Senhor, Sarah Perks começou tudo! – Sarah ouviu a voz de Malfoy e tentou abrir a boca para protestar mas Derick a segurou firme. – Ela iniciou uma discussão com Bellatrix, e a desafiou para uma partida de quadribol. O que não seria nada demais, se Perks e suas comparsas – Honrby, Vance e Bounce – não iniciassem uma rodada de xingamentos contra nossa mesa. E então... – ele apontou para os marotos – chegam esses traidores do sangue e atacam, de surpresa, a casa verde. Potter e Black lançaram feitiços contra nós. E por terem nos atacado, logicamente tínhamos que nos defender, e como monitor eu deveria colocar ordem neste aposento se os demais – olhou agora para Pandora Medley, Derick e Erick Cooper – também não entrassem para nos atacar. – ele parou um momento para respirar.
Sarah olhou para Derick que mantinha o olhar fixo em Malfoy. Ela não lembrava-se de ter visto algum Corvinal lançando feitiços, na verdade não reparou nisso.
— Como é que é?? Eu ATAQUEI???-Falou Pandora absurdamente indignada com o que ele acabava de dizer - Se você Malfoy é INCOMPETENTE para se defender de uma MISERA torta de ABACAXI que foi tacado na sua cara, não me culpe. Culpe a si mesmo e sua falta de manejo com a varinha, querido... .- era possível ver a acidez em sua voz - Ora essa, eu nem me meti nessa feira..Além de cego é incompetente!
Mas o comentário da corvinal e assim como aos impropérios dos outros corvinais ficaram ao ar. Pois a única explicação que interessava aos ouvidos do diretor era a dos sonserinos.
— Senhor, houve casos de ataques duplos por parte desses delinqüentes. Narcisa e Regulus entraram no combate para nos defender também, pois estávamos em menor número... – agora era Bellatrix a qual distorcia completamente o que havia acontecido.
— Eu, como monitor, sugiro a detenção mais pesadas que eles jamais poderiam imaginar. Daqui, nós somos as vítimas! O senhor mesmo viu o que fizeram com Mayfair! - A cada palavra que Lucius dizia, Sarah podia ver um brilho insano brotar no olhar do diretor. Haviam protestos, sim haviam e muitos, até mesmo dos professores. Sarah pode ver que tanto Minerva quanto Lorigan que haviam chegado após o diretor estavam com o olhar fixo neles. Mas estavam de mãos atadas. Quando o monitor encerrou, Carrow olhou para James Potter. Sarah tinha a mais absoluta certeza de que seriam todos expulsos, mas por fim, um sorriso ainda mais insano brotou nos lábios de Amycus Carrow I.
— Esses argumentos são suficientes... Não sei por que motivo ficaria impressionado. Afinal, isso é tão... Grifinória... – disse ele desdenhoso o que Sarah pode notar fez com que até mesmo Peter respirasse profundamente buscando controle - TODOS os alunos mencionados e que não pertençam à casa de Slytherin estão em detenção! – seus olhos recaíram novamente a mesa dos corvinais e Grifinórios - Amanhã, cada um receberá uma carta para descobrir qual castigo irá cumprir. Agora, todos se dirijam para seus Salões Comunais. Já passa de uma da tarde, o almoço está encerrado! – com um sacudir da varinha apontou para a porta do salão principal que novamente voltou ao seu estado normal.
- Por que isso não me surpreende... – disse Sarah baixinho embora o suficiente para Remus ouvir e mandar que controlasse sua língua.
— Poderia manter sua linguínha ferina atrás dos dentes? – disse Remus em tom calmo mas sério o bastante para a garota compreender que as coisas já estavam ruim o suficiente mas que ainda poderiam ficar piores. Sarah então o encarou e diferente de antes lhe dirigiu a palavra - ... adoro esse seu ar "Responsável", mas tem horas que ele enche o saco sabia?
Apertara seu braço mais um pouco, sentia-o arder como ferro em brasa e com isso fizera uma careta.
— Tem certeza de que está bem? – ouviu novamente Derick e não quis ser indelicada. – Sim...- respondeu ela.
Pode notar que James então esboçou o sorriso desdenhoso enquanto encarava Malfoy e o trio sonserino que sorria vitorioso.
— Nos vemos no campo de quadribol... – disse ele antes que o diretor tomasse-lhe a varinha.
— Os que permanecerem no Salão pelos próximos dois minutos, serão expulsos da escola! Potter, Black! Quero que os dois arrumem toda essa bagunça. Naturalmente, sem a varinha. Boa tarde a todos!
— Pedindo assim com "tanta delicadeza e educação... - murmurou Sarah mais uma vez e recebera uma cutucada mas dessa vez de Derick.
— Precisa ir ver esse braço... - Lupin então se aproximou. Estava o encarando com os olhos cerrados quando ouviu a voz de James.
— Nos vemos no campo de quadribol... Avisem para toda a AG nos encontrar no nosso vestiário, usem tudo que puderem de proteção no lugar... - Recado dado a Remus,
— Quer que te acompanhe? – perguntou Derick mas nesse instante Erick apareceu.
— Até que enfim... o professor Flitwick está procurando por você! – disse Erick.
— Pode ir... – disse Sarah - ... posso ir sozinha...
O garoto parecia ir a contra gosto, e Sírius o encarou com os olhos cerrados o que a deixou um tanto curiosa. Sarah no entanto voltou-se para o que precisava no momento, e isso era uma corrida até a ala hospitalar para ver o braço. Estava guardando sua varinha e pegando sua capa quando erguera os olhos e dera de cara com James. Involuntariamente apertara o braço. Ainda não sabia como lidar com ele depois de ter deixado Remus praticamente a ponto de “morrer” nas mãos daquela cobra. Mas Remus parecia tê-lo perdoado, e se ele que quase morreu em seu lugar havia feito isso, bem, um bom motivo talvez James tinha.
— Você está bem? – perguntou ele parecendo preocupado. Ela apenas meneou a cabeça afirmando que sim.
— Um feitiço nas fuças ou um chute bem dado? – pode ouvir Peter sussurrando para Remus e Sírius que dera-lhe um peteleco na nuca. Lupin não conseguiu conter o sorriso, mas tinha certeza de que se fosse pra ter alguma reação, com certeza seria o tão famoso "gancho de direita", mas no momento, Sarah estava com sua "direita" imobilizada por causa do corte.
— Ham... bem, já que estão todos tão comunicativos hoje... vou aproveitar esse "ar" e comunicar o pessoal... - e olhou para o Peter que ficou sem entender. Movera o cenho tentando fazer com que o minúsculo cérebro de Peter colaborasse e entendesse a mensagem. Olhou para Sírius e cada um deles pegou o pequeno garoto por debaixo do braço e o arrastou do salão. - Vejo vocês no vestiário.
Quando James foi abrir a boca para falar ouviu a voz do diretor.
— Chega de conversinhas Potter... – disse Amycus brandindo a varinha e lançando um feitiço contra James e Sírius – Ficarei com elas até que terminem seu serviço. – Olhou para ela sério. – Está esperando o quê para ir a Ala Hospitalar Srta?
Sarah sentiu os cabelos da nuca ficarem em pé. Olhou para James e Sírius uma última vez e saiu do salão sem dizer uma única palavra. Não podia acreditar que eles ficariam sem suas varinhas. Isso os deixaria vulneráveis.
— Tudo bem... – disse ela enquanto via a porta do salão ser fechada atrás de si. - A professora Minerva pode cuidar disso... - dizendo isso saíra do salão principal jogando a capa por cima de um dos ombros. A mão que tentava estancar o sangue do corte já estava ensopada, e não sabia quanto tempo ficaria com Madame Pomfrey. Mesmo assim não se abateria, jogaria com o braço enfaixado se preciso fosse. Mas uma coisa era certa, tinham de fazer algo o quanto antes.
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