Quebrando o gelo





POV James Potter
 


            - Exato James – disse o pai de Lily – Aqui ele é apenas meu sobrinho que veio passar uma temporada em minha casa porque seus pais estão com problemas, certo?


            - Certíssimo senhor – respondi.


            - Certo pai.


            - Ótimo. Lily quero que mostre a James o quarto dele e também as roupas pra ele se trocar. Depois apresente a casa pra ele e o ajude a levar o cavalo ao celeiro.


            - Tudo bem – ela pareceu não gostar muito, mas assentiu para o pai e foi andando até as escadas – Vamos.


            Segui-a até o andar de cima que continha apenas um corredor e 3 portas. Ela abriu a segunda porta e entrou.


            - Este é o seu quarto. A primeira porta é o meu quarto e a última é o quarto dos meus pais. Qualquer coisa é só chamar.


            - Ok.


            - Essas são suas roupas normais, talvez você demore um pouco pra se acostumar – ela mostrou as peças sobre a cama e logo foi em direção à porta.


            - Não se preocupe me adapto rápido.


            - Sei – isso foi um tom zombeteiro? – Bom, vou esperar do lado de fora, pode se trocar – ela saiu e fechou a porta.


            Realmente ela não foi com a minha cara, mas o que eu fiz de errado? Ah, sei lá. Peguei as roupas e me troquei. Até que fiquei bonitão com essa roupa de camponês, vou até deixar a barba crescer, ficar mais rústico. Dobrei minhas roupas num canto e abri a porta do quarto.


            - E ai? Como fiquei? Convincente? – perguntei a ela, que estava encostada na parede.


            - Até que sim.


            Da primeira vez que nos vimos eu já havia reparado nela. Cabelo longo e ruivo, branquinha e lindos olhos verdes. Ela realmente era muito bonita, e ficava ainda mais quando estava tentando me desprezar.


            - Bom James, vou te mostrar o celeiro, vamos.


            Segui-a até o lado de fora e puxei meu cavalo até a grande estrutura no jardim. Ela olhou para o cavalo, muito curiosa, e vi que tinha gostado dele.


            - Quer passar a mão? Ele gosta de carinho.


            - Não, não, estou bem – disse ela um pouco insegura.


            - Vamos Lily, sei que quer, ele não morde.


            Ela revirou os olhos pra mim, mas aproximou a mão devagar e acariciou o bicho.


            - Como ele se chama?


            - Pontas – respondi, acariciando ele também.


            - Pontas? Dá onde você tirou esse nome?


            - Da crina, está vendo? Ela é toda bagunçada, como meu cabelo, têm várias pontas – ela me olhou como se eu fosse maluco e riu – Eu tinha 7 anos, ok? – ri junto com ela.


            - Entendi, você era um garotinho muito criativo.


            O cavalo virou a cabeça para ela repentinamente e Lily se assustou, deu dois passos para trás e quase caiu.


            - Pontas, quieto – falei para ele – Você tá bem? – perguntei a ela, que deu uma distância do cavalo, com medo.


            - Tudo, só me desequilibrei.


            - Você pareceu bem assustada, tem medo de cavalos? – perguntei me lembrando do nosso primeiro encontro.


            - É uma longa história – ela se limitou a responder, abrindo a porta do celeiro e entrando.


            Vi que provavelmente ela não gostaria de contar essa longa história para um estranho e fiquei na minha. Ela me explicou como funcionava o celeiro e logo a mãe dela apareceu.


            - Lily, seu pai falou que é melhor você levar o James até a vila, enturmar ele com seus amigos, essas coisas. Pra não ficar estranho.


            - Mas e o almoço mãe?


            - Você me ajuda com o almoço e depois vocês vão.


            Lily concordou e foi ajudar sua mãe enquanto eu dava uma volta pela região da casa. Encontrei uma horta no quintal e percebi que alguns minutos de caminhada levavam a um rio. Além de ter um poço e alguns animais em um cercado. Logo depois fui almoçar e realmente estava delicioso e bem mais saboroso que as comidas do castelo. Acho que posso me acostumar com isso.


            Depois que comemos a ruiva esquentada foi me levar até a vila. Fui indo em direção ao celeiro pegar meu cavalo, mas ela reagiu.


            - Aonde você vai?


            - Pegar o Pontas pra gente ir.


            - Não, não, vamos a pé.


            - Por que de a pé se temos cavalos?


            - Porque eu não gosto de andar a cavalo, prefiro andar – ela colocou a mão na cintura, me esperando.


            - Tá bom então – dei de ombros achando aquilo cada vez mais curioso e fomos andando.


            O caminho estava muito silencioso, ela não tentava puxar assunto nem nada, então eu tive que tomar a atitude e quebrar o gelo.


            - Então Lily, parece que temos um longo caminho, perfeito pra você contar aquela sua história.


            - Você é bem curioso né? – ela me olhou desconfiada.


            - Preciso te conhecer se vamos morar na mesma casa e fingirmos que somos primos.


            - Parece um bom argumento – ela cedeu – Bom, eu tinha 9 anos e amava cavalos, meu pai me ensinou a cavalgar e eu vivia por ai montada em um. Porém um dia o cavalo que eu estava se assustou e empinou, me fazendo cair de costas na terra dura e bater a cabeça. O pior de tudo foi que ele pisou na minha perna e fiquei sem andar por meses com ela quebrada. Desde então eu não subo mais em cavalos e sempre que tento me aproximar eu acabo me assustando.


            - Nossa – arregalei os olhos e passei a mão nos cabelos – Agora tudo faz sentido.


            - Sentido?


            - É, quando nós nos conhecemos, aqui nessa estrada, você realmente pareceu apavorada. E depois com uma simples virada de cabeça do Pontas.


            - Ah é – ela pareceu se lembrar – aquela cena realmente fez eu me lembrar de tudo. Aliás, me desculpe, a culpa foi minha que ele se assustou.


            Ela está me pedindo desculpas? É isso mesmo?


            - Que isso Lily, nós dois tivemos parcelas de culpa naquilo. Eu te devo desculpas também – parei em sua frente e peguei sua mão, beijando-a – Perdão senhorita, por assustá-la daquele jeito.


            Encarei seus olhos verdes, ela ficou muito corada e sorriu timidamente.


            - Não seja tão príncipe quando estivermos na frente dos outros – ela riu e voltamos a andar.


            - Pode deixar.


            Chegamos à vila e estava realmente cheia. Lily andou até um bar chamado Três Vassouras e acenou para um casal sentado nos fundos. Fomos até lá e ela cochichou para mim no caminho:


            - Haja naturalmente.


            Paramos em frente à mesa e lá estavam sentados uma garota morena com olhos muito azuis e um cara de cabelos pretos e compridos até os ombros com olhos acinzentados.


            - Gente, esse é meu primo James que falei pra vocês – ela virou para mim – James, esses são Marlene e Sirius, meus melhores amigos.


            - Muito prazer – apertei a mão deles e me sentei ao lado de Lily.


            - O prazer é nosso – falou Sirius – Finalmente outro cara nessa roda – ele riu e eu ri junto.


            Ele começou a me situar sobre o local e as coisas enquanto a Lily conversava com a Lene (esse era o jeito que chamavam ela). Nisso passou um garota loira pela gente e ficou me encarando, achei meio estranho e pensei que talvez tivesse me reconhecido, mas ela apenas parou na mesa e olhou com deboche para Lily.


            - Uau Evans, quem é o amiguinho novo na roda?


            - Esse é meu primo James, Marjorie – Lily revirou os olhos, visivelmente irritada com a presença da garota.


            - Prazer – cumprimentei, com um aceno de cabeça.


            - O prazer é todo meu – a tal Marjorie respondeu, sorrindo cinicamente - Vejo você por ai – ela piscou pra mim e saiu rebolando pra fora do bar.


            - O que foi isso? – perguntei.


            - Marjorie, a grande vaca da vila. Está sempre enchendo nossa paciência – respondeu Lene.


            - Odeio ela, sempre arranja um jeito de me deixar irritada – falou Lily.


            - Até eu não gosto dela, e olha que sou galinha – brincou Sirius, rindo.


            - Ainda bem que você sabe – Lene mordeu na hora e começou a dar uns tapas nele.


            - Ainda deu em cima de você descaradamente, muito atirada – disse a ruiva.


            - Percebi, ficou me encarando com aquela cara estranha.


            - Toma cuidado com ela – Lily me alertou – Não é flor que se cheire.

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