Você?





POV Lily Evans


            - Vamos Lily, você precisa ir na festa, vai ser divertido – implorou Marlene, tentando me convencer.


            - Lene, já disse que vou pensar, para de ser chata.


            - Chata? Eu? Você é a chata dessa relação – falou ela, empurrando levemente meu ombro.


            - Ai, sua bruta – coloquei a mão no ombro, fingindo que doeu.


            - Até parece que você é delicadíssima né Lily.


            - Claro que sou, ou pelo menos as pessoas acham que eu sou – disse, olhando pra ela e rindo – Me deixa ir pagar essas coisas.


            Eu estava no mercadinho da vila, comprando algumas coisas que minha mãe pediu. Sempre encontro a Lene por lá, e ela é super festeira e cheia de querer me apresentar caras, mas como ela é minha melhor amiga eu relevo.


            - Bom dia Sr. Thomas – cumprimentei o dono do mercado.


            - Bom dia senhorita Evans – ele acenou a cabeça.


            Thomas somou as compras e eu paguei, coloquei-as na sacola e sai com a Lene.


            - Bom Lene, vou indo pra casa, ainda preciso ajudar no almoço.


            - Tá, vou atrás do Sirius, ver o que aquele galinha tá fazendo.


            - Vai lá.


            Comecei a rir comigo mesma. Sirius é meu outro melhor amigo, e ele é definitivamente muito galinha, tá sempre pegando alguém. E pra piorar a Lene é super a fim dele, mas ela não admite, é claro.


Despedi-me dela e fui andando até a Estrada do Rei. Essa é a estrada principal que leva das casas no campo até a vila, onde fica o mercado, os bares e os eventos principais da região. Eu gosto de andar por ela, tenho um atalho pra chegar a minha casa que facilita bastante já que eu sempre estou a pé.


Eu estava um pouco distraída pensando no que meu pai me falou sobre o príncipe vir passar uma temporada na minha casa. Como pode isso? Um príncipe viver como camponês? Eu sei que o reino está em conflito, mas ele não vai aguentar. Não temos mordomia nem nada, e ele deve ser super mimado.


Pensando nisso fui fazer uma curva fechada que era cercada por árvores, sem visão nenhuma. Quando virei, dei de cara com um cavalo quase em cima de mim. Assustei-me e dei um grito, fazendo o cavalo se assustar também e empinar, me jogando no chão. Derrubei as compras e bati a cabeça na terra dura. Na hora vieram rápidas lembranças em minha mente: cavalo, cair, dor, trauma. Esqueça isso Lily. Porém, logo ouvi quem montava o cavalo descer rapidamente.


- Você se machucou? – perguntou ele preocupado.


Eu encarava o chão e passava a mão no galo que se formava em minha cabeça. No momento que olhei pra responder esqueci completamente o que ia falar. Quem é esse cara?, pensei. Seu olhar puxou o meu e fiquei hipnotizada naqueles olhos castanho-esverdeados. Nos perdemos um no olhar do outro por um longo instante, até que eu caí na real e desviei o olhar.


- Claro que me machuquei, você não sabe controlar o seu cavalo – falei, tentando sair daquela situação.


- Peraí, você que assustou ele – respondeu ele, indignado.


- Agora a culpa é minha?


- Eu não disse isso.


- Ah, me poupe – tentei ficar em pé e ele se levantou e me ofereceu sua mão.


- Vamos, eu te ajudo – olhei com desdém pra ele e tentei me levantar sozinha de novo – Você é bem teimosa né?


Amarrei a cara mais ainda, mas engoli meu orgulho e peguei em sua mão. Um longo arrepio percorreu meu corpo quando nos tocamos, e parece que não foi só comigo. Ele me puxou e nossos olhos se cruzaram novamente. Dessa vez reparei mais nele. Cabelos castanhos e bagunçados, maxilar marcado, barba levemente por fazer e uma boca linda. Boca linda? Acho que eu pirei.


- Doeu?


- Ãhn? – perguntei, voltando a realidade.


- Doeu aceitar minha ajuda? – ele sorriu com o canto da boca.


- Você é tão... – soltei sua mão – idiota.


Virei às costas e peguei minha sacola, saindo dali batendo os pés. Que babaca, além de me atropelar ainda fica fazendo piada.


- Que maluca – ouvi-o dizendo enquanto me afastava.


Quando me virei pra dar uma espiada ele já montava em seu cavalo. Acabei reparando que ele usava uma roupa bem fina, não parecia ser daqui. Chacoalhei a cabeça e continuei meu caminho. Quando avistei minha casa fiquei mais aliviada, mas então percebi um cavalo parado do lado de fora. Franzi o cenho, quem será?


Andei pelo caminho até a porta e entrei na cozinha que estava vazia.


- Pai? Mãe? Cheguei – coloquei as compras em cima da mesa.


- Estamos aqui – ouvi minha mãe.


Segui o som até a sala um pouco desconfiada e quando entro vejo quem é o dono do cavalo.


- Você? – pergunto boquiaberta.


- Eu – ele responde.


- Vocês já se conhecem? – pergunta meu pai.


- É uma longa história senhor – respondeu meu atropelador.


- Que cara de pau – dei uma risada desdenhosa.


- Lily, isso é jeito de falar com nosso hóspede? – meu pai me olhou indignado.


            - Peraí, nosso hóspede? – Não, não, não, NÃO PODE SER – Ele é o...


            - Lily, esse é o Príncipe James – meu pai terminou por mim.


            - Muito prazer Srta. Evans – James cumprimentou-me com um aceno de cabeça.


            COMO ASSIM ESSE CARA QUE ME ATROPELOU É O PRÍNCIPE QUE VAI MORAR NA MINHA CASA? Só pode ser brincadeira, tem como eu ser mais sortuda? Acho que não.


            - Lily? – meu pai me chamou, tentando me incentivar a responder o cumprimento, e de forma educada.


            - Ãhn... O prazer é todo meu, Vossa Alteza – fiz uma reverência e o encarei.


            - Não sou um Príncipe aqui, apenas James.

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