Aprontando
– Você quer a minha ajuda? – estou sem palavras.
– Por que a surpresa? – Sirius Black me olha confuso.
– Sei lá, não esperava.
– Bem, se não quiser, eu vou entender...
– Tá de brincadeira? É claro que eu quero! – exclamei – Só tenho uma condição...
– Que condição? – o maroto me olha desconfiado.
– Quando pegarmos Pettigrew, eu quero lhe dar um soco...
Ele ri.
– Fechado.
– Como vou fazer para me comunicar com você?
– Por cartas – olho-o cética – Use o meu apelido, Almofadinhas.
– Apelido legal – falei com um pouco de ironia.
– Ah, cale a boca.
Rio. Nessa hora, Harry chega.
– Mary, não achei sua varinha...
Sirius quase engasga com o café, tentando não rir.
– Não? – fiz cara de confusa e apalpo meus bolsos fingindo procurar de novo – Ah, está aqui... – falei pegando a minha varinha do bolso de trás. Harry me olha com raiva – Desculpa – sua expressão muda para cética.
– Você fez de propósito não é? – Harry estava desconfiado. Droga. Não devia ter ensinado tanta coisa a ele.
– Eu? Como você pode pensar uma coisa dessas de mim maninho? – encenei uma reação ofendida.
– Quer em ordem cronológica ou alfabética?
– Oh, que bonitinho, até organizou em ordem por mim. Que irmão mais fofo que eu tenho - falo apertando suas bochechas, enquanto Almofadinhas ri abertamente.
Harry senta onde estava antes, emburrado.
– Você ainda vai me pagar Mary...
– Ok! Se você é claro, quiser pagar pelo o que fez depois...
Falo aquilo na boa, mas Harry sabe e percebe que a ameaça é real.
– Bem - Sirius fala - a conversa está ótima, mas eu tenho que ir. Harry, foi um prazer. Mary... Estamos combinados?
– Considere o serviço feito - falei um pouco mais ameaçadora do que realmente era necessário. Black dá um sorriso cúmplice.
– Foi um prazer também Mary - dito isso, ele vai embora.
– Por que você fez aquilo? E o que vocês conversaram?
– Harry, se eu quisesse realmente contar a você, acha mesmo que eu te tiraria daqui?
– Sua confiança em mim às vezes me surpreende - ele está um pouco magoado.
– Não é falta de confiança. Estou só te protegendo.
– De que?
– De levar detenções.
– Como você se importasse com isso...
– Mas é claro que eu me importo. Não quero ninguém com mais detenções do que eu!
Ele gargalha como eu nunca vi.
– Ok! Agora você me convenceu.
Dou um sorriso cúmplice e trato de terminar meu café.
O resto da semana é um completo tédio. Não há mais nada de novo para se fazer ali. Eu quero sair para a Londres trouxa, só que tinha muita gente vigiando e eu também não queria deixar Harry sozinho, afinal ele não quer desobedecer ao ministro. Tadinho. Não sabe que regras foram feitas para serem quebradas.
Na ultima semana de férias, o dito cujo do meu padrinho finalmente aparece. Eu estou voltando com Harry para o Caldeirão Furado, quando o vejo na porta. Como eu estou brava com ele, por além de não me deixar participar do caso, não ter dado notícias esse tempo todo, me deixando preocupada (é claro que esse fato eu nunca irei admitir em voz alta), dou meia volta e sigo de volta o caminho que tinha tomado.
– Mary! – grita Sherlock – MARY! – ele me alcança.
– Nossa – encaro-o com raiva – estou surpresa que ainda lembra do meu nome!
– Não seja dramática... – ele revira os olhos. Vejo Harry entrar no Bar/Hotel rindo.
– Não ser dramática? Você não vem me visitar durante todo esse tempo que eu fiquei aqui e diz para eu não ser dramática? Até parece que você estava mesmo preocupado comigo por que o Black estava à solta.
Ele estreita os olhos.
– Não brinque com isso...
– Não estou brincando – corto-o.
– Mary, eu estava resolvendo um caso. Você fala como se fosse a minha mãe ou minha namorada.
– É, eu não sou sua mãe ou sua... – estranho. Sério mesmo que ele falou isso? – Namorada. Mas eu sou sua afilhada. Também quero atenção – com certeza não era pra ter saído isso. Não sou mimada desse jeito.
– Own, tadinha da Mary – ele começa irônico – você não está brava por que quer atenção. Você nunca foi assim – esse é o lado ruim de além de ter um padrinho que sabe quando alguém mente, ele ainda te conhece o suficiente.
– Então por que eu estou assim brava? – desafiei-o.
Ele se aproxima o bastante para eu ter que levantar a cabeça para encará-lo e ainda por cima sentir o seu hálito de café.
– Você está assim porque eu não deixei você resolver o caso comigo – sussurra.
Droga. Tenho que parecer menos óbvia.
– E o que você vai fazer a respeito disso – ainda mantenho o meu orgulho intacto.
– Eu... – ele se inclina um pouco mais, mas depois se afasta, mudando de ideia do que seja lá o que ele ia fazer e ainda um pouco... Confuso? – Nada. Eu já falei para você que só irá me ajudar nas próximas férias.
Bufo irritada.
– Não foi dessa vez.
Ele ri.
– Anda, vamos jantar.
Reviro os olhos, pego seu braço e coloco o meu por de baixo. Ele fica como sempre, um pouco surpreso e o retira. Quando vou reclamar, ele coloca o braço por trás do meu pescoço, me abraçando. Seguimos assim para o Caldeirão Furado, eu particularmente surpresa com o repentino gesto de afeto, mas eu que não iria reclamar.
Quando encontramos com Harry, vemos que ele está com a sobrancelha erguida.
– O que foi? – pergunto confusa.
– Vocês são as duas pessoas mais bipolares que eu conheço. - Diz colocando uma colher de sopa na boca. Eu e Sherlock nos encaramos e começamos a rir.
Os restos das férias passam voando. Sherlock vem me visitar todos os dias. Quando chega o último dia de férias eu desisto de esperar Fred e George aparecerem. Nem a Mione. Mas como a vida adora curtir com a minha cara, encontro Mione e Rony na sorveteria Florean Fortescue quando estava passeando com Harry.
– Harry! Mary! - eles gritam. Vamos até eles.
– Hey! Já tínhamos desistido de encontrar vocês por aqui - falo um pouco irônica.
– Acho que somos dois Mary... - Harry diz curtindo com a cara dos nossos amigos.
– Ah, que engraçado - fala Mione me puxando para um abraço bem apertado – Procuramos vocês por tudo.
Quando saio do abraço de Hermione, dou um em Rony.
– Bem, somos bons em ficar invisíveis, acho que vocês já sabem – dei uma piscadela pela brincadeira.
Rony e Hermione reviram os olhos. E depois Mione para Harry, de um jeito sério.
– É verdade que você transformou sua tia em um balão? – disse ela, fazendo eu e Rony darmos gargalhadas.
– MARY! – ouço um coro atrás de mim.
– FRED! JORGE! – corro até eles e damos um abraço em grupo.
– Como você está? –pergunta Fred mantendo o abraço mesmo depois de Jorge ter se soltado.
– Bem e vocês? – falo finalmente saindo do abraço.
– Muito bem! – responde o Jorge.
– A gente quer te mostrar uma coisa!
Assinto e me despeço de Harry, Rony e Hermione que discutiam o porquê de Mione fazer Estudo dos Trouxas quando já havia sido criada como uma. Os gêmeos me levam até a Floreios e Borrões. Decido tirar uma com a cara deles.
– Vocês? Me levando para uma livraria? Acho que pegaram sol demais no Egito.
– Que engraçado Mary... – começa Fred.
– Mas não é a livraria. Mas o que tem dentro dela... – termina Jorge.
– Hum. Deixe-me pensar... – finjo que estou pensando – Livros? – termino irônica.
– Realmente você fez falta... – ri Fred.
– Nossas vidas sem suas ironias não são vidas – Jorge finaliza.
– Eu sei que sou insubstituível – brinco e logo mudo minha expressão pra desafio – O que vamos fazer ao Percy?
– Mas com certeza, o que sentimos mais falta foi esse seu senso de saber exatamente o que queremos te mostrar...
– Ainda bem! Já estava começando a pensar que vocês realmente queriam me mostrar livros.
Nós três começamos a rir. Passamos o tempo trocando os livros que Percy pega. É realmente muito engraçado quando o cara do caixa olha o “Manual para Conquistar Bruxos Bonitões” e o Percy berra que tudo aquilo era um engano.
Agora estamos indo para o Caldeirão Furado juntamente com Percy, Gina e a Sra. Weasley. Percy tentando nos convencer que não é gay e mãe lhe diz que não faz diferença para ela.
– Mas convenhamos Percy – começo – Você não devia fazer isso com a Penelope. Ela parece realmente gostar de você.
– Como você pode fazer isso com uma dama, Percy? – Fred entra na brincadeira.
– Só porque agora você acha que é uma igual? – Jorge termina.
Gina finalmente sucumbe e começa a gargalhar pelas ruas do Beco Diagonal.
– Vocês deviam apoiar o seu irmão! – ralha a Sra. Weasley com os gêmeos.
– Mas foi a Mary que começou – Jorge reclamou.
– Mary não começou nada. Ela estava dizendo algo sério e vocês se aproveitaram disso. Peçam desculpas a ela. Onde já se viu? Mary não é que nem vocês dois que vivem ganhando detenção.
Eu quero rir, mas me contenho. Os quatro Weasleys olham descrentes para a mãe. E quando vejo que Percy iria começar a falar, interrompo:
– Eu não sei o que fiz para ter esses dois como amigos. Eu sempre tento ser uma menina obediente e eles vivem tentando colocar a culpa de suas transgressões em mim – falo inocentemente enquanto os gêmeos olham incrédulos para mim.
– Como vocês podem fazer isso com ela? Logo ela? Um anjo! Peçam desculpas! Os dois! AGORA!
Fred e Jorge me fuzilam com os olhos e falam o mais sarcasticamente possível.
– Eu sinceramente peço mil perdões Mary – diz Fred.
– Nós nunca mais faremos esse tipo de coisa com alguém tão pura e inocente como você...
– Ok! – digo tentando segurar um sorriso cruel.
– Ótimo! Agora vamos! – a sra. Weasley a frente com Percy e Gina e eu finalmente solto o meu sorriso maroto.
– Você vai nos pagar Mary!
– Podem vir – digo desafiando-os – vou esperar para ver. Mas não se esqueçam de que eu sempre posso revidar. E é claro – dei um sorriso cruel – a sra. Weasley está do meu lado.
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