Voltando ao normal
Lily não conseguira dormir naquela noite. Toda vez que fechava os olhos via a figura enorme do lobisomem correndo para ela com anseio de atacá-la. Pensava em como Remus mudara com a transformação, como era irreconhecível. Seus olhos ardiam a esse pensamento, e ela apertava-os para que não derramasse nenhuma lágrima. Precisava ser forte, afinal futuramente seria uma auror, e não poderia sair correndo gritando toda vez que se deparasse com um lobisomem.
Mesmo esse lobisomem sendo Remus, seu amigo querido. Ela se sentiu culpada por ainda estar brigada com ele. E se algo acontecesse com o amigo e ela nunca mais poderia falar com ele, pedir desculpas por ter sido tão infantil nessas últimas semanas? Se martirizava.
Pensou em Potter. Em como ele a ajudou, a salvou. Se não fosse por ele, Black e Pettigrew talvez ela não estaria ali. E se acontecesse alguma coisa com ela, ela tinha certeza que Remus iria se culpar para sempre. Sairia da escola, e se isolaria de todos, ficando infeliz pro resto da vida. E ela não poderia deixar isso acontecer. Ela deveria falar com o garoto o mais rápido possível.
Quando ela percebeu o sol já começara a ficar quente. O despertador do quarto tocou fazendo com que Marlene acordasse e jogasse seu travesseiro no mesmo, com o intuito de pará-lo, porém foi em vão.
Ela levantou e foi logo se arrumar para descer para o café da manhã.
-x-
Estava sentada há dez minutos na mesa da Grifinória no Salão Principal e não tinha sinal nem de Potter, nem de Black, nem de Pettigrew. Remus não iria aparecer tão cedo, ela tinha certeza disso. E, parando pra pensar, ele ficava uma vez por mês por alguns dias fora de Hogwarts, dizendo ser "problema familiar". Sempre achou estranho que desde quando o conheceu todos os meses ele sumia. Pensava que algum parente próximo tinha uma condição de saúde realmente horrível para fazê-lo sempre sair do castelo. "Como não percebi a verdade? Sou tão burra", pensou.
- Lily? – se assustou com a menção de seu nome. Era Katie e Marlene chamando-a. – Tá tudo bem?
- Aham – respondeu rapidamente, olhando pela porta do Salão, vendo se os marotos apareceriam naquele momento.
- Por que saiu tão rápido? – Marlene perguntou, sentando-se ao seu lado.
- Tava com fome – virou-se novamente para frente.
- Comeu tudo hein – Katie apontou para seu prato. Não tinha nada nele, nenhuma migalha. Lily não comera. Ficara preocupada, pensando no amigo o tempo inteiro. Concordou com a cabeça, sem olhar para a amiga. Pegou uma pequena torrada, pra disfarçar.
Depois de alguns minutos os meninos chegaram. Ela viu James chegando perto dela. Se levantou e foi até ele, puxando-o pelo braço para mais longe dos outros. Os amigos ficaram olhando para os dois com interesse.
- Ai, ai, ai calma ruivinha – ele disse tropeçando nos próprios pés. Ela estava o puxando tão depressa que nem conseguiu se estabilizar nos próprios pés.
- Cadê o Remus? – perguntou quando estava a uma boa distância.
- Bom dia pra você também, lírio. Um beijinho? – fez um biquinho se aproximando dela. Olhou-o enfurecida. Ele riu e se afastou.
- Cadê o Remus? – repetiu a pergunta um pouco mais brava.
- Ele tá na Ala Hospitalar.
- Eu vou lá – a garota fez menção de se virar para sair do Salão, mas ele a puxou pelo braço.
- Não. Você não vai.
- Me solta Potter – olhou-o com os olhos semicerrados.
- Ok – soltou-a e levantou as mãos, em sinal de rendição. – O que quero dizer é que não tem como você ir ver Remus.
- Por quê?
- Porque não é permitido nenhuma visita, senão a dos amigos dele.
- Eu sou amiga dele – defendeu-se.
- Os que sabem da situação peluda dele.
- Eu sei da situa... – ela rolou os olhos. – Ah, isso eu ridículo. Vou lá ver ele. – se virou.
- Evans, para de ser teimosa – disse duramente. Lily olhou-o meio impressionada. Nunca tinha ouvido ele falar daquele jeito com ela. Sempre era com um certo carinho que ela desaprovava totalmente, e sempre tentava tocá-la. Ele poderia falar que o céu era azul e mesmo assim tentaria sentir a pele dela roçar em seus dedos. Respirou fundo e cruzou os braços na altura do peito fitando-o. – No almoço te levo lá, senão você não para de me encher o saco. – rolou os olhos. Ela sorriu abertamente o que fez contagiá-lo, abrindo sua boca em um sorriso mínimo. – Agora me bate.
- O quê? – perguntou com o cenho franzido.
- Qual é? Você sempre me bate.– disse como se fosse o óbvio – Adora me bater.
- Não sou sado masoquista Potter. Só bato em você porque na maioria das vezes é indecente e inconveniente. – ele rolou os olhos ironicamente.
- Ai Lily. Não é nada disso. Me bate pros outros nã... – TAP. Ele nem parara de falar e ela já dera um tapa forte na cara dele.
- E FIQUE LONGE DE MIM, POTTER – gritou apontando o dedo pra ele. Saiu andando. Se virou para o garoto que estava com a mão na sua face machucada e riu dele, que sorriu divertidamente.
As aulas de manhã passaram se arrastando para Lily. Ela não prestava muita atenção no que o professor dizia. Mexia em sua pulseirinha com os pingentes, sem nem perceber que o estava fazendo.
Seus pés também não paravam quietos, de tão impaciente que ela estava.
James pôs sua mão na coxa da garota para fazê-la parar. Só que ela entendeu mal, e o olhou com uma raiva contida. Ele sorriu de lado e tirou a mão rapidamente, antes que essa fosse cortada pela garota.
- Se acalma que ficando desse jeito não te leva a nada – sussurrou perto da garota.
- Eu sei disso – ela sussurrou de volta. – Mas não adianta falar nada disso pra mim.
- Eu sei. Você é teimosa. – ela estreitou os olhos fazendo ele rir.
- Você fala isso como se me conhecesse – levantou uma sobrancelha. Ele chegou perto dela, ameaçadoramente, e ela ficou lá, parada, nem fazer nada. Só olhando o rosto do garoto e sentindo o calor do corpo dele perto do seu. Não sabia ao certo porquê ainda não tinha batido nele. Mas de uma coisa ela sabia. Era bom sentir o calor de seu corpo.
- Eu te conheço mais do que você pensa Lílian Evans – James disse roucamente com a intenção de provocá-la. O que deu certo.
A respiração da ruiva começara a ficar pesada e descompassada. Ele sorriu de lado, e involuntariamente ela olhou para os lábios do maroto. James entreabriu os lábios e suspirou fazendo o ar ir direto para o rosto de Lily.
Ela sentiu o hálito quente dele por seu rosto e ficara mais estática, se ainda era possível. O maroto aproximou o rosto mais um pouco para que ela sentisse sua respiração.
- Eu te observo muito Lily. Por isso sei que te conheço – saiu em um sussurro. Ele deu uma risada fraca, e voltou para seu lugar.
Demorou alguns segundos para Lily processar o que acabara de acontecer. Ela ainda estava na mesma posição de antes, com a boca meio entreaberta, e com sua respiração ainda no ritmo errado. Piscou várias vezes, e virou-se para frente, fingindo que nada daquilo tinha acontecido. E rezando pra Merlin para que James não notasse seu pequeno momento de fraqueza.
Porém ele notara. Ele era uma maroto. Ele sabia as falhas das garotas. Como elas ficavam atônitas quando ele as provocava. Lily ficara exatamente igual às outras. Parada. Sem se movimentar. Com a respiração apressada. E com um bônus: olhara para a boca dele.
Ele sabia que ela sentiu alguma coisa. Não sabia o quê. Mas sabia que tinha sentido. Riu fraco, balançando a cabeça. Passou a mão em seu cabelo, automaticamente, para arrepiá-los.
- Vamos logo, Potter – a garota o puxava pelo pulso no corredor, em meio a tanta gente saindo das salas pra ir comer.
- Lily, isso vai pegar mal. Os outros vão pensar outra coisa – ele sorriu sacana e ela deu um soco no peito do garoto, mas fez uma careta de dor.
- Tem ferro ai? – indicou o peito dele.
- Não. Só um abdômen perfeito – levantou um pouco a camisa, mas a garota revirou os olhos e nem prestou atenção, voltando a olhar pra frente. Se tivesse prestado atenção viria o que a maioria das garotas de Hogwarts queria ver e tocar. O abdômen era quase definido, pelos seus quase cinco anos de quadribol.
Seu corpo já tinha se desenvolvido, e por fazer um esporte ele começara a ficar definido. Tirava suspiros de suas admiradoras quando ele treinava com a camiseta branca do uniforme e elas o assistiam. Por treinar por muitas horas a camiseta ficava suada, e grudava no corpo do maroto fazendo marcar seus músculos. Todas elas, sem nenhuma exceção, desejavam ter um momento onde poderiam apalpar a barriga de James. Bom. Nem todas. Lily Evans era a exceção. Aliás ela era a exceção de tudo o que as garotas faziam e falavam a respeito de Potter.
Qualquer coisa que as garotas da escola faziam ou falavam do santo Potter ela desaprovava e revirava os olhos, achando tudo muito ridículo. Falava que daquela forma não tinha como defender as mulheres sendo que algumas delas eram burras o suficiente de caírem na laia de James.
- As garotas não vão suspeitar de nada?
- Não. Elas vão pensar que eu fui falar com algum professor.
- Ah claro. Com certeza – disse como se fosse óbvio.
Chegaram na Ala Hospitalar onde somente tinha um garotinho pequeno, provavelmente primeiranista que fez algum feitiço dar errado na aula de Feitiços. Parecia que fumaça saía de suas narinas e suas orelhas.
- Madame Pomfrey – James disse falsamente gentil e forçando um sorriso. Lily deu uma risadinha contida.
- James, querido – ela disse, enquanto colocava uma poção rosa numa colher e dava para o primeiranista.
- O Remus tá bem?
- Tá tudo certo com ele – ela sorriu e foi de encontro ao maroto.
- Eu queria saber se eu e a Lily aqui – apontou a garota com a cabeça – poderíamos vê-lo.
- Você sabe que não é permitido a entrada de ninguém além de você, o Sr. Black e o Sr. Pettigrew – disse severa.
- Claro que sei. Mas uma garota linda como você poderia deixar Lily entrar só por alguns minutos né? – disse galanteador e Lily teve que forçar uma tosse para cobrir sua risada. A curandeira ficou visivelmente corada e deu um sorriso fazendo aparecer todos os seus dentes amarelos.
- Você sabe que não consigo falar não pra você né. – E com isso foi até uma porta, onde Lily pensou ser uma sala secreta, abrindo, mostrando ser o lugar onde Remus ficava hospitalizado.
- Remus – Lily disse e correu para abraçar o amigo que há tanto não o fazia. James dissera obrigado para Madame Pomfrey, e esta fechou a porta atrás de si quando saiu.
- L-Lily? – Remus estranhou a atitude da amiga. Estava com o olho meio arregalado de surpresa. Ela estava quase jogada em cima dele apertando-o pelo pescoço, quase sufocando-o. – Ai. – ela apertara muito forte.
- Desculpa – disse parando de abraçá-lo e se sentando na beirada da cama.
- Que você tá fazendo aqui? – perguntou, mas não conseguiu olhar direito nos olhos da garota.
- Ela tava enchendo meu saco pra trazê-la aqui pra te ver – James disse da porta. Não saíra do lugar. Deixara a garota ir sozinha de encontro ao amigo. Sabia que deveria deixá-los sozinhos para se entenderem. Eles eram amigos, ele sabia disso. E sabia também que nenhum amigo iria querer ficar brigado com o outro, seja lá o que fosse o porquê, que ele ainda não sabia.
- Sério? – Remus olhou-a com um olhar triste. Ela concordou.
- Só de pensar que poderia acontecer alguma coisa com você, ou comigo, e a gente ainda estar brigados... – ela parou. Um nó na garganta dela apareceu, fazendo seus olhos arderem e se encherem de lágrimas.
- Desculpa Lily – ele sussurrou desviando o olhar. Os amigos tinham contado para ele o que tinha acontecido na noite anterior, porque sabia que a ruiva iria contar de um jeito ou de outro.
Se sentiu culpado, mais do que já se sentira na vida. Era por isso que ele não queria estar junto de pessoas. Porque começaria a se importar com elas, e quando descobrissem que era lobisomem elas iriam se afastar por medo dele. Ou elas ainda correriam perigo quando ele se transformasse, acontecendo o que aconteceu com Lily.
- Não é você que tem que pedir desculpas. Eu que fui infantil em não falar com você. E burra por seguir Potter e Black – ela riu fraco. – Eu tenho que aprender que tudo que eles fazem gera uma confusão. – Remus riu, mas mantinha o olhar baixo. – Remus, por favor me desculpa – pediu, novamente. Ele levantou o olhar triste para a amiga, e abriu um sorriso sincero.
- Não tem nada pra desculpar Lily – ele pegou na mão da garota e apertou gentilmente. Ela sorriu.
- Você é muito bom pra esconder um segredo hein – brincou, fazendo-o rir fracamente. – Vou deixar você descansar. Depois a gente se falar – se levantou e depositou um beijo demorado na testa do maroto, que sorriu, respirando fundo. Se despediu dela, e a viu desaparecer pela porta, junto a James.
- Satisfeita? Ele não tá morto – James disse assim que saíram da Ala Hospitalar.
- Que horror Potter – arregalou os olhos. Ele fungou rindo. Os dois pararam frente a frente, e ficaram se olhando por alguns segundos até Lily cortar o momento. – Mas eu agradeço pelo que fez – sorriu sincera.
- Por nada, lírio – ele sorriu mostrando alguns dentes. – Não rola nem um beijinho? – levantou as sobrancelhas fazendo-a rir e rolar os olhos.
Lily se aproximou dele com um passo largo e se ergueu nas pontas dos pés por ser consideravelmente mais baixa que James. Entortou um pouco a cabeça e beijou a bochecha do maroto por alguns segundos. Voltou ao normal olhando significativamente para ele.
- Obrigada, Potter – ele ficou olhando-a, movendo seus olhos de um olho dela para o outro. Sorriu sem mostrar os dentes, fazendo-a sorrir igual. Ela se virou e saiu de perto dele.
Já se passara um dia desde quando Lily fora visitar Remus na Ala Hospitalar. E ele já havia tido alta da mesma. Estavam almoçando e conversando distraídos, marotos com garotas.
- Mas a gente ainda não sabe o porquê de vocês terem ficado aquele tempo todo sem se falarem – Sirius disse após um longo prazo onde ninguém falava e só comiam. Lily e Remus se entreolharam, corando, desconcertados. A garota deu de ombros e disse:
- A gente se beijou. Ai depois brigamos por isso e paramos de se falar – mais cedo ou mais tarde eles descobririam. Somente os garotos não sabiam do ocorrido. Mas sabia que Remus um dia deixaria escapar aquilo.
- Sabia – James exclamou apontando para os dois. Todos o olharam com o cenho franzido devido sua reação. – Eu tentei descobrir o que era. E a única explicação plausível era de que tinham se catado e depois algum de vocês teria falado algo que machucou os sentimentos do outro.
- Nossa. Você é o Sherlock Holmes do mundo bruxo – Lily disse irônica, no qual todos deram risada. – E por que você tava pensando nisso?
- Porque sou curioso e gosto de saber de tudo que tá acontecendo – ele sorriu de lado para a garota, que só fez revirar os olhos.
- Você é intrometido, isso sim. Esse assunto não tinha nada a ver com você. – continuou.
- Ah, não sei não hein ruivinha – Sirius disse meio risonho. – Remus ter beijado o amor da vida do James parece pra mim ser um assunto dele sim. – Todos gargalharam, com exceção, é claro, de James e Lily.
- Quem disse que ela é o amor da minha vida? – James perguntou fuzilando o amigo moreno com os olhos.
- E quem disse que não é? "Oh, Lily, ruivinha, meu lírio. Quando vamos sair? Eu me jogarei da torre de Astronomia se você não sair comigo pelo menos uma vez na sua vida" – o maroto tentou imitar o amigo, porém não teve muito sucesso. Mas fora engraçado o bastante para o resto rir de sua encenação, e ter roladas de olhos tanto de James quanto de Lily. – Você tá tão fissurado na ruiva que parece que vive por isso. – concluiu.
- Olha James, nisso eu tenho que concordar – Marlene se manifestou. – Você enche tanto o saco da Lily que parece que não tem mais o que fazer da vida.
- Obrigada Lene. Finalmente alguém disse algo decente aqui – Lily disse apontando para a amiga.
- Entretanto – Marlene pôs um dedo na frente, como sinal para que Lily parasse de falar – vocês deveriam sair qualquer dia desses. Um par perfeito – juntou as duas mãos e encostou o cotovelo na mesa, piscando de um falso jeito sonhador, arrancando novas gargalhadas dos amigos.
- Há. Há. Há. Estou morrendo de rir de você McKinnon – Lily disse ironicamente fuzilando a amiga com o olhar. Ruborizou pelo o que a amiga falara e pelos amigos rirem.
- Ah Lily, para com isso – Katie dissera pela primeira vez. – A gente tá brincando – e abraçou a amiga que estava ao seu lado. Os outros ainda tinham risos nos lábios.
"É verdade. Por que será que eu estou tão obcecado em fazer Lily sair comigo?", James pensou. "Deve ser por conta do desafio. Ela nunca me deu um sinal de que queria algo comigo. Em nenhum momento. Sempre falou não para minhas investidas. E não corresponde aos beijos que eu dou. Só me dá um tapa na cara. Ela deve ser maluca. Quem em sã consciência não quer experimentar James Potter? Por isso que ela vive me batendo. Ela é louca, maluca, pirada. E a única coisa que ela consegue fazer é me bater. Só pode ser. É a única explicação".
James debatia esse assunto consigo mesmo enquanto brincava com a comida que ainda restava no prato.
Olhou para a ruiva a sua frente reparando em suas feições. Ela tinha uma ruguinha na testa enquanto conversava com Katie ao seu lado. Ainda parecia meio brava. O rubor em seu rosto não tinha passado totalmente.
Os olhos dela passeavam pelo Salão Principal, apenas pra ver quem estava lá.
De vez em quando abria a boca em um sorriso, e era tão bonito aquele sorriso. Fazia James querer ficar olhando para ele o dia inteiro. Ele podia ter uma câmera ali, naquele momento, pra tirar uma foto dela sorrindo. Pra marcar isso pra sempre.
Mas, espera. Por que ele estava pensando nisso? Por que estava tão ocupado em analisar a garota à sua frente? Ele nem gostava dela pra perder tanto tempo olhando-a analiticamente do jeito que estava fazendo.
Ou será que gostava?
Nah.
Impossível.
James Potter não gostava de ninguém. James Potter não se apaixonava por ninguém. James Potter era daquele tipo de homem que não se apegava com as pessoas do sexo oposto. Ele as faziam se apegar. Eles as faziam se tornar dependentes dele. Ele as faziam se apaixonar, e não o contrário.
Estava certo disso. Tão certo quanto achava que o céu era azul. E não tinha espaço para discussão. Não tinha nem assunto para discussão.
Ele só achava que seria divertido irritar a única garota que até hoje o dispensou, como forma de castigo por fazê-lo duvidar de seus atributos de conquistador.
E ela iria pagar por isso, pois ele continuaria a fazer isso com ela, até que ela saísse com ele.
Naquele momento não importou para as consequências que aquilo traria. Tanto para ele quanto para Lily Evans.
Só iria parar até ela dizer sim a ele.
Saiu de seus devaneios quando Luke chegara e cumprimentara a todos. Somente acenou com a cabeça, olhando o garotinho sentar-se do outro lado de Lily.
- Faz tanto tempo que a gente não se vê – Lily disse sorrindo para Luke.
- Pois é. Que foi que aconteceu?
- Como a gente já disse, culpa de Marlene, Sirius e James – Katie disse olhando para ele, que riu fraco.
- A culpa não é minha se eu gosto de me arrumar – Lene disse revirando os olhos.
- Melhor que isso não vai ficar McKinnon – Sirius, que estava ao lado da morena, disse em tom brincalhão, porém ela dera um soco forte nas costas desprotegidas do garoto, fazendo ecoar pelo Salão Principal.
Os que estavam por perto riram da careta que ele fizera.
- Nossa. Você tem uma mão pesada hein Marlene – ele disse, massageando o lugar em que ela batera. Ela sorriu, vitoriosa. – Única menina que eu conheço que bate como um homem. – E assim que ele terminara de falar ela deu outro soco, igual ao primeiro, fazendo novamente ecoar. Todos riram, até ele dera um sorriso amarelo.
- Olha, duvido muito Almofadinhas – James disse. Todos o olharam. – A ruivinha tem uma mão bem pesadinha também – sorriu de lado olhando para Lily, que somente se dignou a rolar os olhos, e voltar para sua comida. O resto riu em concordância.
- É só você parar de irritar a Lily que ela para de te bater – Luke disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Todos riram, sem exceções.
- Por isso que gosto tanto de você – Lily sorriu, abraçando o garotinho de lado.
- Mas é que é meu passatempo predileto – James disse sorrindo para o garoto que riu fraco. Olhou para a ruiva e deu uma piscadinha rápida abrindo mais seu sorriso. Ela suspirou cansada, e mais uma vez rolou os olhos.
Ela sempre rolava os olhos, pra qualquer coisa que James falava. Até perdia a conta de quantas vezes fazia isso. Mas era impossível não reagir daquela maneira ao que o maroto falava. Ele sempre dizia coisas estúpidas, sem nexo, besteiras adolescentes que fazia Lily desacreditar em garotos de sua idade que tinha alguma decência e maturidade. Ela conseguia ficar desanimada com o sexo oposto sempre quando James abria a boca.
- Hm. Lily – Luke disse olhando-a. – Meu irmão tava perguntando sobre você. Até esqueci de te falar.
- Perguntando o que? – ela sorriu minimamente.
- Se eu ainda falava com você – disse sem importância. – Parecia que queria alguma coisa, mas do jeito que ele é não deve ser nada – abanou a mão em sinal de insignificância.
- Pode ser que ele queira ajuda em algo?
- Como você pode ser tão inocente ruiva? – Sirius disse suspirando impaciente. – É óbvio que ele quer beijar você – a garota a sua frente ficara vermelha nas bochechas. Abriu e fechou a boca sem emitir nenhum som evidente. O maroto riu com a reação dela.
- Ele pode estar querendo saber algo de matéria também – James interviu.
- Outro inocente – Sirius revirou os olhos.
- Não é inocência. É negação – Remus disse rindo fraco. Todos o olharam sem entender nada. Ele deu de ombros. – Ele não quer pensar que alguém tá querendo alguma coisa com a ruivinha dele. – e mais uma vez todos riram, com exceção a James e Lily.
- Até você Remus? – Lily disse de uma forma decepcionada. Ainda estava corada. O amigo deu de ombros mais uma vez sorrindo amarelo.
- Vamos pra aula senão vamos chegar atrasados – Kay disse ainda rindo fraco. Todos se levantaram e rumaram para a sala de Transfiguração.
A professora ainda não tinha chegado, e todos a aguardavam para fora da sala. Estavam conversando animadamente.
As garotas estavam falando sobre a aula de DCAT, em como o professor Shaw dava uma aula maravilhosamente boa. E em como ele era maravilhosamente lindo. Marlene de vez em quando acenava para os garotos mais velhos que passavam por elas, fazendo-as rirem e revirarem os olhos com essa postura da amiga. Porém ela adorava quando os garotos acenavam de volta sorrindo. Ela gostava que eles reparassem nela.
Os garotos estavam de costas para elas e falavam sobre quadribol. Bom, James e Sirius estavam falando sobre quadribol. Que essa temporada já, já começaria e eles deveriam pegar firme nos treinos. James conseguira a posição de capitão no ano anterior, e tinha conseguido a Taça devido ao trabalho árduo com sua equipe. Ela ainda estava formada como no ano anterior. Não precisariam, portanto, de fazer seleção para novos membros da equipe.
Remus lia um livro e de vez em quando levantava o rosto para ver as pessoas passando. Mesmo ele não sendo igual James e Sirius, ele não era tão tímido, nem estava morto. Toda vez que passava alguma menina bonita, de seu interesse, ele a olhava, e se ela retribuísse o olhar ele sorria, para vê-la sorrir. Era com o sorriso que ele conseguia determinar se achava a garota bonita ou não. Pra ele o sorriso era a chave de tudo, diferentemente de seus amigos que falavam que era o corpo.
Peter, porém, estava encostado na parede, de cabeça baixa. Ninguém percebera, mas ele estava cochilando. Depois do almoço ele sempre gostava de dar uma dormida. Mas de segunda feria ele tinha aula depois do almoço, e como demorara para parar de comer, não deu tempo de tirar sua soneca.
Sirius, mesmo conversando com James, toda hora olhava para as garotas que passavam por ele, analisando-as, de frente e de costas, sorrindo. E não era o único. James também fazia isso.
Já fazia muito tempo, na definição deles, pois somente passara uma semana que não tinham beijado nenhuma garota. Eles já estavam ansiando por isso. Estavam olhando para elas a procura de mais uma nova vítima.
Eles tinham que encontrar uma que não tinha cara de louca varrida que iria pensar que só porque ficaram uma vez já considerariam ser namorados. Ou uma que não grudasse neles depois do beijo. Ou uma que não desse um tapa na cara deles depois que eles supostamente "terminaram" com elas, porque eles nunca avisavam às garotas esse desejo. Somente partiam para a próxima garota.
Porém Sirius lembrara da "aposta" que fizera a si mesmo. De conseguir beijar Kay, Lene e Lily. Uma já tinha ido. Mesmo tendo recebido uma azaração em troca. Só faltava duas. E ele já sabia quem seria a próxima.
Lily estava de costas para ele, absorta na conversa com as amigas. Enquanto James analisava o grupo de garotas quintanistas e corvinais que passavam por eles vagarosamente dando risinhos e acenos de mão, Sirius cutucou a ruiva no ombro e se aproximou dela, antes de ela se virar para saber quem a cutucara.
Em um momento ela estava se virando, em outro seus lábios estavam prensados em algo macio e molhado.
Lily arregalou os olhos vendo o rosto, com os olhos fechados, ser de Sirius. Ela não se mexera pois foi pega de surpresa. Sirius continuou com os lábios prensados, sem fazer nenhum movimento.
Todos que estavam por perto se viraram para os dois, surpresos.
A ruiva conseguira recobrar a consciência e empurrou o maroto com força, fazendo-o descolar os lábios e ir para trás, abrindo os olhos rapidamente.
- BLACK – gritara a pleno pulmão e depositara um tapa bem ardido na face esquerda de Sirius, fazendo o estalo ecoar pelo corredor e os outros olharem e gargalharem da cena.
O maroto somente fez uma cara de indignação, passando a mão pela bochecha. Porém sorriu de lado ao ver a fisionomia da ruiva.
Ela estava com os olhos arregalados e o rosto da cor dos cabelos. Não sabia dizer quando terminava o rosto dela e quando começava seus cabelos.
- Você tá certo, Pontas. A ruivinha tem uma mão realmente pesada – disse rindo, ainda olhando para a garota que bufou e girou nos calcanhares com a raiva estampada em seu rosto. Naquele momento a professora McGonagall chegara e Lily foi a primeira a entrar na sala a passos firmes e pesados, bufando.
Sirius continuou a acariciar suas bochechas rindo mais da situação, junto a Katie, Marlene e Remus.
Peter tinha acordado subitamente com o grito da ruiva, murmurando baixinho um "ninguém pode mais dormir aqui" e massageando suas têmporas.
James não sabia como se comportar.
De um lado fora divertido vê-la brava e batendo em Sirius.
Mas de outro fora desconcertante. Teve um quase imperceptível aperto no coração vendo a cena onde os lábios de seu amigo e da ruiva se encontrarem.
Tentou não dar muita atenção, fingindo ser por surpresa, mas ele sabia que não fora somente isso.
Desde a primeira semana de aula ele começara a ter pensamentos mais profundos sobre Lily. Começara quando ele tentara descobrir o que acontecera com ela e com Remus, deduzindo que eles haviam se beijado. Depois se pegou olhando-a e analisando o jeito que ela mexia a boca pra falar, como uma ruguinha aparecia quando ela falava de algo mais intenso, como ela sorria, e como ela tinha vários tipos de sorriso, para determinados momentos, como ela era doce e simpática com Remus, Luke, Kay e Lene, mas sempre ralhava com ele por conta de suas brincadeiras.
Ele dizia a si mesmo que era uma forma de estudá-la para saber como fazê-la dizer sim a ele para seu pedido a ir com ele a Hogsmead. Contudo, naquele momento, duvidava se ainda era realmente isso que acontecia com ele.
- ... fazendo esse movimento com a varinha você conseguirá transfigurar a planta, um ser vivo, em um pote. – a voz da professora estava longe ao ouvido de muitos na sala de aula. Outros, como Lily, Remus e Katie, anotavam tudo o que a professora dizia.
James revirava os olhos toda hora que Lily escrevia freneticamente em seu pergaminho, não perdendo uma vírgula sequer do que a professora dizia. Achava graça desta atitude. Ele nunca se preocupara em anotar a matéria. Conseguia entender praticamente tudo somente ouvindo a professora falar.
Mesmo achando graça admirava o esforço de Lily. Eram poucas pessoas que colocavam a preguiça de lado pra estudar do jeito que ela fazia.
- Terminando. Vocês deverão trazer pra próxima aula um pergaminho sobre Transfiguração de seres vivos em coisas inanimadas. – todos respiraram cansados diante do pronunciamento da professora. – Vocês farão duplas com os colegas que sentam.
- Quê? – Lily disse esganiçada, porém não foi ouvida por ninguém, somente pelos seus amigos, que riram.
Ela teria que fazer seu trabalho com Potter. Com o presunçoso Potter, que acha que sabe tudo sobre tudo, e que, obviamente, deixará ela com o trabalho todo enquanto fica correndo atrás das garotas de Hogwarts.
- Isso é tudo animação por me ter como dupla ruivinha? – James sussurrou perto de seu ouvido fazendo-a pular de susto e ter um arrepio involuntário. Automaticamente rolou os olhos, e se virou para olhá-lo. Ele estava bem próximo a ela, e quando ela se virou quase tocou seu nariz no nariz de James. Se sobressaltou e afastou sua cabeça, fazendo-o rir de lado.
- Se você acha que eu vou fazer o trabalho todo, você tá enganado, Potter. – disse ficando ruborizada – Você vai fazê-lo tanto quanto eu.
- Eu vou te ajudar Lily. Prometo – ele disse rindo dela ter ficado brava com uma simples aproximação. Ela franziu o cenho com a frase do garoto, estranhando.
Mesmo ele dizendo isso, ela pensava, quando fossem realmente fazer o trabalho ele deixaria tudo pra ela fazer. Porém ela iria obrigá-lo a ficar na biblioteca a ajudando. Mesmo que para isso ela teria que lançar um feitiço nele.
- Mas Liiiiiiily...
- Pra você é Evans, Potter.
- Mas Evans Poooooooootter – James dizia andando atrás da garota, que revirava os olhos com a brincadeira sem graça do maroto, e dava passos firmes em direção a biblioteca. – Isso é só pra depois de amanhã.
- Eu tenho muita coisa pra estudar Potter. Preciso fazer isso logo. E quanto mais rápido for melhor pra mim. E pra você. Não precisamos alongar mais que o necessário. E você pode voltar pras garotas que estava xavecando quando te chamei. – disse ainda sem olhar para James.
- Ciúmes, Evans? – ele levantou uma sobrancelha. Ela se virou para ele pela primeira vez com a face de indignação. Abriu e fechou a boca, pensando se deveria se preocupar em responder uma tolices dessas, pensou ela. Somente revirou os olhos, fazendo-o rir com gosto. – Quem cala consente. – ele disse ao seu ouvido, e mais uma vez fê-la de arrepiar, involuntariamente. – Não é esse ditado trouxa que você vive falando pra Lene? – ela continuou andando, sem dar atenção ao maroto, novamente. Ele continuou rindo. Suspirou fundo e continuou a caminhada até a biblioteca, querendo acabar logo com esse trabalho.
Entraram na biblioteca que já estava cheia de alunos. Sempre depois das cinco horas da tarde, quando terminava todas as aulas, a biblioteca se apinhava de gente tentando estudar as matérias do dia, fazendo seus deveres e trabalhos. Foi difícil encontrar uma mesa sobrando, restando ir pra um canto, onde havia algumas garotas quartanistas da Lufa-Lufa que aparentemente não estudavam, somente conversavam, recebendo olhares raivosos de todos ao seu redor.
Lily colocou seus materiais na mesa e foi para as estantes procurar algum livro de Transfiguração que falasse sobre o tema de seu trabalho. James foi ao seu encalço. Começou a olhar as prateleiras da seção de Transfiguração, lendo os títulos, e sendo observada por James. Ela ficou impaciente com isso.
- Faz alguma coisa. Ache algum livro sobre o tema – disse olhando para ele brava. Ele concordou e foi procurar em outra prateleira.
Quando finalmente acharam livros decentes voltaram à mesa. Lily começou a folhear seu livro, porém ouviu umas risadinhas atrás de si. Se virou e viu três garotas dando risinhos e abanando a mão para algo que estava a sua frente. Ela respirou cansada e olhou para o maroto que dava seu sorriso mais cara de pau para as três.
Ela levantou uma sobrancelha fitando-o. Ele percebeu e voltou seu olhar para a ruiva.
- To te atrapalhando ruivinha?
- Eu disse que você iria ajudar Potter – disse seca. – Leia o livro e escreva o que é importante. – apontou para o grosso livro à frente do maroto. James suspirou abrindo-o. Leu dois parágrafos e desabou na mesa fazendo Lily começar a se aborrecer. – Potter. Leia. O. Livro – disse pausadamente e com intensidade.
Ele ergueu um pouco sua cabeça, apoiando-a em seu punho que estava um pouco levantado e apoiado na mesa. Olhou a garota começar a ficar vermelha. Ficaram se encarando alguns segundos até ela desviar o olhar.
Às vezes ela ficava desconfortável quando James mantinha contato visual. Ele parecia nem se importar, e nem perceber que conseguia fazer isso com ela. Ela somente não conseguia manter seu olhar por mais de alguns segundos. Sempre desviava.
Ficava brava consigo mesma, e tentava entender o porquê disso tudo. Era tão estúpido ela não conseguir fazer isso. E queria saber porquê. Talvez ela não gostasse muito de contato visual. Ou talvez ela não gostasse que ele fizesse contato visual. James olhava-a às vezes com um certo brilho nos olhos, parecendo querer fazer algo com ela, então Lily desviava seu olhar para não encorajá-lo.
- Que seja. Eu faço tudo sozinha, como to acostumada, e você sai da minha frente – disse olhando para seu livro. Ouviu-o suspirar. Ele se levantara e recomeçara a ler.
- Não precisa se fazer de vítima, Evans.
Ela o olhou incrédula, levantando uma sobrancelha. Queria falar algo mas nada saía da sua boca. Nenhuma frase se formava, e ela ficou ali olhando para James indignada. Ele, percebendo isso, deu um risinho ainda olhando para o livro. Lily bufou e retomou sua leitura.
Algum tempo se passou, com Lily lendo o livro com veemência, não sendo desconcentrada por nada, porém, sempre tem uma exceção. E para Lily era James.
Ele lia algumas linhas e erguia a cabeça para lançar olhares e sorrisos para as quartanistas que estavam atrás da ruiva.
E a garota percebia isso instantaneamente, porém não queria falar nada. Do jeito que ele era, acharia que ela estava com ciúmes, e isso era a última coisa que Lily queria que ele pensasse.
Nunca gostou dele. Nunca nem mesmo por um minuto passou por sua cabeça se agarrar com ele por algum canto escuro do castelo. Entretanto não era burra nem cega, e sabia que ele era bonito, e ele era o tipo de cara que ela poderia sair algum dia. Porém tem o fato de que ele era o Potter. Arrogante. Prepotente. Estúpido Potter. E ela nunca daria a satisfação de sair com ela pra ele.
Havia passado mais de meia hora e ele continuava com essas investidas nas lufanas. Ela suspirou forte e brava, e ia abrir a boca para xingá-lo, porém alguém parou ao seu lado.
- Evans? – olhou para cima e percebeu que era Brand Adams. O irmão mais velho de Luke, lufano.
- Oi, Brand, né? – ela franziu o cenho tentando lembrar do nome do garoto. Ele sorriu para ela concordando. – Faz tempo que não te vejo por perto.
- É verdade. Faz tempo mesmo. Eu até pensei que você tinha parado de falar com o Luke.
- Não. Claro que não – ela riu fraco. – Nunca vou sair de perto do Luke.
- Eu agradeço por isso. – ela levantou uma sobrancelha, em sinal de não ter entendido o que ele falara. – É que tem uns garotos sonserinos atrás dele, querendo pegá-lo desprevenido.
- Por quê? – arregalou os olhos.
- Tirando o fato de ele ser grifinório – ambos riram. – Ele conseguiu derrubar um garoto com o dobro do tamanho dele na aula de DCAT. – Lily lembrava vividamente disso, mesmo tendo acontecido há umas semanas atrás. Ela concordou.
- Pode deixar que eu fico de olho nele.
- Eu agradeço – ele sorriu. Um silêncio de alguns segundos se instalou entre eles, enquanto se encaravam.
- Luke disse que você perguntou de mim pra ele – o garoto ficou visivelmente desconcertado. Um tom rubro apareceu nas maçãs de seu rosto. Ele sorriu meio envergonhado e passou a mão em sua nuca. Lily sorriu com a reação que acabara de fazer com o garoto, por uma simples frase.
Era bom esse sentimento. Deixar as pessoas desconcertadas por coisas bobas. Mostrava que ela conseguia mexer com o garoto, em vez de ele causar algo nela. E ela adorava aquilo. Se divertia bastante com as ações dos garotos que ela saía.
Teve uma vez em que o garoto era tão tímido que se atrapalhou todo. Ele era um ano mais velho que ela, mas não tinha experiência em encontros. Pra começar eles foram no Três Vassouras, em vez de na Madame Puddifoot. Ele não conseguia manter uma conversa por mais de cinco minutos, e sempre terminava com um "hum, legal", mesmo se não fosse legal. E tudo o que ele fazia era apertar as mãos por cima da mesa, sorrir envergonhado, piscar o olho muitas vezes por alguns segundos. E quando já iam embora ele queria agir, e beijar a garota, que tinha dado vários sinais para ele se tocar, porém ele não pegou nenhum. E quando ele foi beijá-la se esqueceu de entortar um pouco a cabeça e bateu sua testa na da garota.
Até hoje quando ele a vê passando desvia o olhar e seu caminho.
Lily encarou Brand esperando ele responder algo, porém ouviu um bufo. Havia esquecido que James estava ao seu lado, de tão absorta estava na conversa com o garoto.
Ela virou para olhá-lo com as sobrancelhas levantadas ironicamente. Ele a olhava com um sorriso de deboche nos lábios, e ela sabia que ele iria dar o mesmo sermão que ela deu quando ele mexia com as garotas.
- Escuta, Brand, eu to meio que fazendo um trabalho aqui. Depois a gente se fala? – sugeriu.
- Claro, Lily – ela sorriu pois ele falara seu nome, em vez de Evans. Ele sorriu de volta e girou nos calcanhares saindo de perto.
Ela se voltou para o maroto, que ainda tinha o sorriso de deboche no rosto. Ele balançou a cabeça descrente, e depois voltou para seu livro. Ela rolou os olhos e fez o mesmo que ele.
Porém passou apenas alguns minutos e ele falou:
- Então, Evans, você gostou do beijo do meu grande amigo? – ela engasgou com a própria saliva arregalando os olhos para o garoto, que riu.
- Ele que me beijou – disse com certa dificuldade.
- Sim, mas... Você gostou?
- Qual o seu interesse nisso?
- Ele com certeza quer saber se ainda sabe beijar, sabe como é né. A gente tem que ter prática nesse assunto – sorriu sacana, fazendo-a bufar de indignação.
- Você é um porco, Potter.
- Ah, qual é ruivinha. Vai me dizer que você não pratica também?
- Isso não é do seu interesse – disse brava e corou, olhando para o seu livro. Ele riu pelo nariz.
- Faz quanto tempo que você não beija ninguém Lily? – ele olhou para ela, esperando a resposta, porém ela ergueu a cabeça com os olhos cerrados, visivelmente alterada. Seu rosto ficara mais vermelho, não somente nas bochechas. E estava difícil ver as orbes verdes dela, do tanto que os olhos estavam pequenos.
- Isso não é assunto seu, Potter – ela respondeu entre os dentes, fazendo-o rir divertido.
- Deve ser por essa abstinência que você sempre está brava. – ele tinha certeza que saía fumaça de dentro da cabeça da garota do tanto que ela ficara vermelha e nervosa por um simples comentário. Ele riu, mais uma vez sacana, e percebeu o esforço da garota para não gritar com ele no meio da biblioteca e para voltar a respirar normalmente.
Era por isso que ela não conseguia suportar Potter. Sempre que tentava não ficar brava com ele, como nas semanas passadas quando ele pedira desculpas pra ela por tê-la chamado de ratinha de biblioteca, e por ele ter a ajudado a entrar na Ala Hospitalar para ver Remus, e agradecendo-o depois, ele fazia ou falava alguma besteira, fazendo-a ficar bem irritada.
Parecia que ele gostava de vê-la daquela maneira, com a respiração pesada, com o rosto vermelho, com os olhos estreitos prestes a explodir e xingá-lo. Parecia que ele gostava de fazê-la ficar daquele jeito, de provocá-la, como se fosse algum tipo de castigo insano que ele estivesse aplicando nela.
Não gostava que ele tivesse tanto poder sobre ela, só por uma simples frase fazê-la querer dar um soco naquela cara perfeita e forte dele.
Porém não importa o que ela faz, tentando se controlar perto dele, tentando não cair em suas armadilhas, ela tinha medo de que ele continuasse a ter esse poder, e mais medo ainda de que esse poder nunca acabasse.
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Ooooooooooooooi pessoas que ainda leem minha fanfic. Quero agradecer por ainda lerem a fanfic, e agradecer também as novas pessoas que a estão lendo.
Espero que comentem porque eu realmente preciso saber se to na direção certa, preciso saber se gostam do que eu escrevo, e do jeito que eu escrevo.
E bom, espero que eu escreva rápido, que não tenha bloqueio. Agora que tá tudo mais organizado na minha faculdade, e na vida pessoal também, eu espero ser rápida.
Enfim, obrigada por ainda lerem, e obrigada aos novos leitores.
Bru Mckinnon Black: sim menina, você é muita inspiração pra mim. Só de saber que tem pelo menos uma pessoa lendo minha fic eu já fico feliz e quero escrever pra essa pessoa. Aww obrigada. Então, eu quero que tenha logo Sirius e Marlene, porque até agora só teve Jily, mas é que eu to esperando mais um pouco, porque tenho uma ideia que eu acho que vai ser muito boa pra eles. Quando tiver Sirius e Marlene vai ser totalmente pensado em você. Sim, eu voltei, e desculpa por ter ficado tanto tempo longe, tava com muita saudade de escrever s2
Comentários (2)
Ai que amor a reconciliação da Lil e do Remus <3 E o que dizer de Jily? Esses dois são OS MAIS! Hahaha! Beijos
2016-02-20Adorei o cap! Cada vez fico rindo mais com as provocações entre o James e a Lily. Continua logo! Ah, estou esperando anciosamente pelo cap Blackinnon! Hahahaha
2015-08-30