Lily descobre o segredo
Estavam os sete na sala da McGonagall ouvindo o sermão que parecia não ter fim. Nenhum deles olhava diretamente nos olhos da vice-diretora. Os olhos de todos estavam fixos no chão.
- ... e quando eu pensei que vocês tomariam juízo, fazem mais isso. Ainda é a segunda semana de aula e vocês já foram chamados duas vezes na minha sala. Vocês não tem vergonha? Por que não gastam esse tempo de pensar em matar aula pra fazer algo útil, como estudar? E eu pensando que os monitores da minha casa eram melhores que isso – olhou significativamente pra Lily e Remus, que abaixaram ainda mais a cabeça. – Podem até ser futuros monitores-chefes, mas se continuarem agindo desse jeito não vai acontecer.
Todos suspiraram, tentando fazer cara de arrependidos. Alguns até estavam, como Lily, Katie e Remus. Mas outros como Marlene, Sirius e James nem se importavam com isso. Quanto a Peter, ele não sabia como reagir. Sabia que não iria conseguir estudar como Minerva dizia, mas poderia ter ficado na cama para não ser pego dentro de um armário com outras seis pessoas.
- Eu vou dar um dia de detenção pra cada um – finalmente olharam pra ela surpresa. – Vocês dois – apontou para Sirius e James – tem uma seleção pra fazer, pro quadribol, e logo começar a treinar pro campeonato desse ano. Porque eu me recuso perder para o Slughorn – disse com voz de desprezo. James e Sirius sorriram de lado. – E quanto a vocês dois – apontou para Lily e Remus – vocês tem muitos afazeres de monitores. Não posso pedir muito pra vocês. E quanto ao resto, não seria justo dar mais dias de detenção que os outros. Dispensados.
Saíram da sala dela antes que ela pudesse mudar de ideia quanto a detenção. Foram direto para o dormitório já que as aulas que mataram eram as últimas, e não fazia sentido entrar na sala no meio da aula.
Sentaram-se nas poltronas mais confortáveis da Sala Comunal. Aquelas que ficavam de frente à lareira.
- Eu vou descobrir quem dedurou a gente e essa pessoa vai pagar caro – Marlene disse fitando a lareira a sua frente.
- Calma ai gangster – Sirius brincou. – Talvez o Filch viu a gente espreitando por ai.
- Eu tenho quase certeza que ele disse que alguém disse pra ele que a gente tava fora da sala – Katie disse olhando para Sirius.
- Verdade. Ele disse que foi informado que tinha alunos fora da sala – Remus concordou.
- Mas quem saberia? Só a gente que conversou – James disse.
- Ninguém mais tava por perto – Lily continuou.
- Foi a Rinkel. Ah, eu vou matar aquela garota – Marlene cerrou os dentes.
- Lene, calma, você não...
- Não sei se foi ela? Claro que sei. Era a única que tava perto da gente quando a gente falou sobre isso.
- Isso foi o café da manhã – Lily disse.
- No almoço ela também tava perto de vocês – Remus disse.
- Viu – Marlene apontou para Remus enquanto olhava para Lily que rolou os olhos.
- Então me diz porque ela delatou a gente agora, mas na coisa das estufas ela não fez isso? – Lily disse erguendo uma sobrancelha.
- Porque ela quer brincar com a gente. Fazer joguinhos mentais, não delatando a gente aquela hora, e agora ninguém suspeita dela.
- E como ela saberia que a gente descobriria que ela sabia que a gente fez aquilo nas estufas?
- Agora to confuso – James disse olhando de uma garota pra outra.
- É tudo parte do joguinho dela – Lene continuou. Lily rolou os olhos.
- Lene, você precisa ter provas antes de tudo. Me deixa falar com ela, talvez eu...
- Talvez ela fala alguma coisa pra você? – Lene disse irônica – Você pediu uma vez desculpa pra menina e já acha que são melhores amigas?
- Calma Lene, eu não to brigando com você – Lily tentou manter a voz calma. – Eu só quero ter certeza antes de acusar alguém.
- Nisso você quer ter né?
- O que quer dizer com isso?
- Ah qual é Lilian – Lene se exaltou. Levantou da poltrona e ficou de frente pra garota. – Quando acontece alguma coisa com você, seus pergaminhos sumindo, tendo tinta espalhada pelas suas anotações, ter algum bichinho perto de você quando você tá estudando só pra te assustar. Tudo isso acontece e você acusa James sem saber se foi ele ou não.
- Isso é totalmente diferente Marlene – Lily levantou também. Os outros tinham prendido a respiração.
- Que parte? Porque não to vendo nenhuma parte que seja diferente – disse irônica. – Você é muito hipócrita Lilian. Você é toda boazinha com todo mundo, mesmo que nunca tenha falado com ninguém, mas no momento que James abre a boca só falta tirar uma bazuca da sua bolsa e atirar no menino.
- Que é bazuca? – Peter sussurrou pra Remus.
- Você tá querendo comparar eu sendo gentil com os outros só porque fui criada desse jeito com o que Potter faz comigo? Sempre me assustando? Sempre me provocando? Me beijando sem eu nem querer? – Lily aumentou a voz a cada sentença.
- Que tá acontecendo aqui? – todos olharam para quem tinha falado isso. Era Rinkel que tinha acabado de entrar no Salão Comunal no meio da discussão.
- Exatamente quem eu queria ver – Marlene foi pra cima da garota que arregalou os olhos.
- Marlene – Lily repreendeu-a. James e Sirius foram atrás da garota e ficaram ao lado dela se por algum acaso ela voasse em Ana.
- Que... que tá acontecendo? – Rinkel olhou de Marlene para James e depois para Sirius.
- O que tá acontecendo é que você falou pra Minerva que a gente ia matar a aula do Binns.
- Quê? Não fui eu que...
- Ah, cala a boca que eu sei que foi você – Marlene cortou-a. – Você perdeu a oportunidade da estufa e quis recuperar delatando a gente.
- Vocês acha que eu não tenho coisa melhor pra fazer do que cuidar da vida de vocês? – ela levantou a sobrancelha ironicamente.
- Claro que não tem. Você não tem amigas – Marlene disse. A garota a olhou estática. Suspirou tentando se acalmar.
- Que pena que você pensa isso de mim – saiu andando, subindo as escadas para o dormitório. Todos ficaram em silêncio. Uns trocando olhares, e outros olhando para o chão.
- Sem querer ser chato nem nada, mas – disse Remus – se fosse a Rinkel, vocês não achariam que ela estaria vangloriando agora mesmo? Na nossa cara?
Todos olharam pra ele concordando, menos Marlene que olhava incrédula.
- Vocês só podem tá de brincadeira né? Saindo desse jeito sem confirmar e sem afirmar? Mostra que foi ela.
- Você tá vendo muita novela Lene – Katie disse. Lily olhou para Marlene ainda brava. Deu as costas pra ela. – Lily, por favor, volta aqui. – A garota fingiu não ouvir e foi para o dormitório. – Ótimo. Mais uma briga – Katie rolou os olhos.
Já havia amanhecido o outro dia. O sol entrava pelas cortinas de Katie a fazendo acordar vagarosamente. Se espreguiçou, preguiçosamente, e sentou-se em sua cama, abrindo as cortinas. Olhou para a cama de Lily e depois de Marlene. Elas não se falaram depois da pequena briga do dia anterior. Lily subira pro dormitório e quando Katie chegara ela já estava na cama, com a cortina fechada e dormindo.
Marlene tinha chegado poucos minutos depois e já fora dormir.
Suspirou, cansada. Pensou "sempre tem que ter alguma briga, senão seria um dia estranho nesse grupo", rolou os olhos com o pensamento, e foi se arrumar.
As três garotas estavam sentadas no Salão Comunal, Lily ao lado de Katie, e Marlene em frente à loira. Nenhuma delas falavam uma só palavra. Só comiam o café da manhã. Os garotos chegaram, cumprimentando a todos, como sempre.
- Bom dia garotas – Sirius disse galanteador.
- Bom dia, Sirius – somente Katie respondeu.
- Nossa, quem morreu aqui? – James disse, se sentando ao lado de Lily. – Oi lírio. – ela nem se dignou a olhar para ele, só rolou os olhos, fazendo-o rir. Marlene percebeu e riu irônica para o ato da amiga.
Lily olhou pra ela, começando a ficar brava. Marlene percebeu.
- Você deveria ficar do meu lado – Lene disse, brava, mexendo rapidamente em sua comida.
- Em um assunto que poderia ser injusto? – Lily levantou uma sobrancelha.
- Sim. É isso que amigas fazem – soou incrédula.
- Lene, eu entendo que ela foi um porre com a gente todo esse tempo, mas você não pode ficar jogando a culpa em alguém só porque não suporta ela. – disse calmamente.
- Aaaah, eu sei Lils – Lene suspirou. – Odeio quando tá certa – resmungou, fazendo Lily rir. – É que ela sempre ferrou com a gente, e não tendo falado nada sobre as estufas soou meio suspeito né?
- Sim, Lene, soou. Mas não quer dizer que foi ela.
- Ai que lindo, agora minhas garotas estão todas de bem – Sirius disse se largando ao lado de Marlene.
- Desde quando somos suas garotas? – Marlene olhou pra ele irônica. Ele sorriu de lado, do jeito cachorro que só Sirius Black consegue fazer. Ela rolou os olhos, mas mesmo assim riu.
- Que bom que se resolveram – Katie disse. – Não gosto de ficar no meio da briga de vocês.
- Ah, eu sei Kay, desculpa – Lily disse abraçando a amiga, que sorriu.
- Que tal me dar um abraço desses hein Lil? – James disse sorrindo de lado, olhando para Lily.
- Você não perde uma – a ruiva rolou os olhos, fazendo todos rirem.
- Oi gente – Luke acabara de chegar se sentando ao lado de Peter, que estava ao lado de Katie.
- Oi Luke – disseram em uníssono.
- Você sumiu, baixinho – Sirius disse.
- Vocês que não aparecem de manhã.
- Culpa da Marlene – Katie e Lily disseram juntas.
- E pra nós é Sirius e James – Remus disse.
- Ei – James repreendeu.
- É verdade – Sirius concordou. – Ele tenta ficar bonitão pra Lily. Mas não dá muito certo. – todos riram, exceto Lily e James, que ficaram carrancudos.
- Claro que não. Tento ficar lindo e maravilhoso pra todas. E não tento. Consigo – disse convencido. Riram mais ainda, Lily dessa vez fazendo parte, rindo debochada.
- Você se acha muito né Potter? – disse se virando pro garoto. Ele deu o famoso sorriso do Potter. Onde ele mostrava todos seus dentes brancos e perfeitos. Ela rolou os olhos se virando para sua comida.
- Tá gostando Luke? Da escola? – Katie voltou a atenção para o garotinho.
- Amando. É tudo tão diferente e... mágico – riu com a própria palavra. Os outros riram com ele.
- A gente entende – Lily disse. – Principalmente eu. No primeiro ano não saía da biblioteca. Queria saber sobre tudo e não conseguia parar de ler.
- Até parecia uma ratinha de biblioteca – James disse e riu da própria piada. Ele e Sirius. Os outros ficaram olhando pra ele, de um jeito reprovador. Lily ficou desconfortável.
- Sério Potter? Você é tão estúpido assim? – Marlene disse pra ele.
- Que foi? – olhou pra todos tentando entender. Lily ainda não se mexera. Ficou olhando para o prato.
- Você é tão idiota às vezes James – Kay disse.
- Eu... Eu acho que esqueci um livro – Lily disse e, sem olhar pra ninguém, saiu da mesa.
- Ponto pro Potter – Lene exclamou ironicamente.
- Alguém pode me explicar o que fiz de errado? – pediu suplicante.
- Lembra na época do primeiro e segundo ano? Quando você enchia ainda mais o saco da Lily? – Remus disse e James concordou. – Você chamava ela de ratinha de biblioteca. E ela ficou mal com isso. E é por isso que ela começou a te odiar. – James ficou olhando de um para o outro, e percebeu que era verdade. Ficou constrangido.
- Por que ela nunca me falou?
- Alguém fala pra você porque te odeia tanto? – Lene disse, novamente soando irônica.
- Mas ela deveria falar. Não deveria?
- Você é estúpido James. Qual é o seu problema? – a morena ficara brava.
- Nossa, calma Marlene. Eu pensava que ela levava na brincadeira essas coisas – tentou se defender.
- É claro que não! Sabe por que ela ficava horas e horas na biblioteca?
- Marlene. Não fala – Katie avisou.
- Por que não? Ele tem que saber pra parar de ser ridículo.
- Saber o quê? – James ficou interessado. Sirius, Remus e Peter não se atreviam a falar uma só palavra. Só ficavam olhando de Marlene para James.
- Que ela tentava saber tudo o que tinha no mundo mágico pra não ficar de fora, porque ela vem de família trouxa. Por que você acha que ela fica louca quando começa a estudar pras provas finais? Ela quer passar, quer pertencer aqui, no mundo mágico. Mas nããããããão, você tem que ser imbecil o suficiente pra fazer brincadeira de algo que ela quer pertencer. – James ficou olhando para Marlene estático.
- Eu... eu não... – não conseguia falar certo. Parecia que tinha uma bola na sua garganta impossibilitando-o de falar qualquer coisa.
- Não sabia. Claro. Porque ela nunca disse isso pra ninguém pra não se fazer vítima – Lene rolou os olhos. – Homens são tão estúpidos. – o maroto respirou fundo. Ele saiu da mesa com o intuito de procurar a ruiva.
Normalmente ele entendia as garotas. Normalmente. Mas por ser um garoto não tinha muita sensibilidade, e não sabia como fazer com que elas soubessem que ele tinha alguma sensibilidade dentro daquele corpo inteiro de falsa arrogância.
Mas era mais fácil ser arrogante, galinha, metido a auror do que ser sensível e tentar entender os sentimentos dos outros. Ele costumava não ligar para o que os outros pensavam dele, mas ultimamente isso tem pesado muito em sua consciência. É o resultado de ficar muito tempo perto de Remus, presumia.
E pra se redimir, pelo menos um pouco, deveria começar por Lily, pela besteira que dissera. E sempre disse.
Tentou procurar ela em meio aos alunos que saíam do Salão Comunal para ir pro Salão Principal e vice-versa. Mas não conseguiu encontrar muitos cabelos ruivos. Os que encontrava eram de garotas mais novas e garotos.
Pensou qual aula seria a primeira, deduzindo que Lily fosse pra lá. Era Aritmância. E ambos faziam essa aula. Eles dois com Remus e Sirius. Foi para o sexto andar, direto para a sala de aula. E lá estava ela no fundo da mesma, na última carteira, com um pergaminho aberto de um lado, do outro um livro enorme, e em cima a tinta da pena que estava na mão.
Parecia estar concentrada, pois não percebeu que ele entrara na sala. Andou até onde ela estava, parando uma carteira antes da que estava sentada. Sentou-se com as costas para o quadro negro e, consequentemente, de frente para a garota.
- Lily? – chamou-a calmamente, com receio. Ela não respondeu, continuou a ler o grande livro. – Lily, por favor. Me escuta. – ele ouviu a garota respirar fundo. Era um sinal de que ela o ouvia, mas não queria falar com ele. – Lily, eu vim me desculpar – e com essa simples palavra ela levantou o rosto e olhou para ele. Mas seu olhar estava muito bravo, intenso, meio decepcionado. Ele engoliu em seco. – Eu soube agora o porquê de você ter ficado brava comigo. Por conta do "ratinha de..." – e parou de falar quando a feição da garota ficou ainda mais brava. Engoliu em seco novamente, e riu sem graça. – Eu sei que pra você é difícil estar nesse mundo onde tenha sonserinos dizendo pra você todos os dias que você não merece estar aqui, que seu lugar não é aqui.
- Você não sabe de nada. Você sempre foi desse mundo. Nunca sofreu por isso. – interrompeu-o.
- Claro que sei. Eu conheço muitas pessoas que são de família trouxa que sempre passam por isso.
- Só porque você conhece elas não quer dizer que sabe o que elas sentem.
- Ok. Desculpa. Não vim pra brigar. Vim pra pedir desculpas. Eu sei que às vezes eu sou estúpido.
- Às vezes – riu com a palavra. Ele riu fraco, junto a ela.
- Tá bom. Na maioria das vezes sou estúpido – ela concordou. – Mas eu nunca pretendo ser assim. É que é no automático. E eu já to tão acostumado a fazer isso que nem percebo. Sei que não é desculpa, mas, eu sempre fui assim. É mais fácil ser desse jeito. E quando falo as coisas eu nem sempre penso. Você acha porquê eu sempre entro em briga com os sonserinos?
- Porque você é idiota pra ir procurar briga.
- Isso também – ambos riram. – Mas é que eu falo sem pensar. Eu vejo um sonserino e tenho vontade de matar. Porque, você concordando ou não comigo, eles não são boas pessoas. – ficou em silêncio por uns segundos, olhando para ela. Ela estava interessada no que ele tentava lhe falar, era a oportunidade que tinha de pedir desculpas pra ela, pra que não ficasse tão brava com ele, como sempre fica. – Eu não entendia o porquê de você sempre ter que ir pra biblioteca. Mas agora eu sei. E eu peço desculpas por isso. Eu nunca quis te machucar nem nada. É que eu sou estúpido, lembra? – ela riu. – Eu acho você a pessoa mais inteligente da escola. Passando por cima de mim, do Sirius e do Remus fácil, fácil. – ela sorriu fazendo-o sorrir, sinceramente. – Então... Você me desculpa? – ela ficou analisando-o por algum tempo.
Ele parecia estar mesmo arrependido, suas desculpas tinham significado, não eram vazias. Ela encarou aqueles olhos castanhos esverdeados por detrás das lentes redondas. Eles tinham intensidade enquanto olhava pra ela, e Lily não lembrava de nenhuma pessoa que a olhasse daquele jeito. Respirou fundo algumas vezes.
- Tudo bem Potter. Eu te desculpo. Não posso ficar sempre brava. Não faz bem pra minha aura, ou algo assim – ele fez uma careta o que a fez rir. – Alice que diz isso. Diz que eu sou muito brava. E às vezes tem uma negatividade me rondando.
- Isso é verdade. Você sempre tá brava quando te vejo.
- É por culpa tua. Você que me faz ficar brava. – ele riu gostosamente.
- Não é minha culpa. É sem querer. Tá no automático – ela sorriu, mais uma vez, fazendo-o sorrir significativamente. – Então, estamos de boa?
- Sim.
- Ótimo. Não consigo suportar que meu lírio fique brava comigo. – ela rolou os olhos.
- Eu não sou seu lírio, Jame... Potter. POTTER. Não sou seu lírio, Potter – ela falara sem querer o nome do garoto, e tentou corrigir na hora, mas ele percebera, e sorriu novamente significativamente. Ela rolou os olhos mais uma vez, mas riu. Voltou para seu pergaminho.
- Vou te deixar estudar então minha ruivinha. – e se levantou, começando a andar.
- Eu não sou sua... Ah, que seja – continuou a ler o livro. James riu, de costas para a garota.
Tinha conseguido o que queria. Ela o tinha desculpado. Ela tinha visto que ele se importava com o que ela pensava dele. E ainda de quebra ela falou seu nome. Tá certo que não falou certinho, e se corrigiu, mas mesmo assim falou. E era tão bonito seu nome da voz dela.
"Ok. Agora para de pensar nisso. Parece um bobo apaixonado"
"E quem disse que to apaixonado?"
"Tá discutindo de novo com sua consciência"
"Ah vai se fo..."
- James?
- Sim – se virou. Eram seus amigos.
- Você tá bem? – Sirius olhou-o com os olhos meio cerrados.
- Sim.
- Você roubou algum beijo da Evans?
- Não.
- E por que tá tão feliz?
- Porque ela me desculpou.
- Meu Merlin. Mais uma pessoa com sentimentos aqui. Eu não aguento isso – Sirius brincou, levantando as mãos pra cima – Vem Peterzinho. Vamos ser sem sentimentos juntos. – colocou o braço sobre os ombros largos do amigo pequenino.
- Mas... Mas eu tenho sentimentos – disse sem graça, com o peso do amigo.
- Até você Peter? – Sirius se fingiu de vítima, colocando a mão no peito. Os três marotos riram da encenação do amigo. Três garotas quartanistas passaram por eles, dando oi e sorrindo para Sirius e James. – Oláááá garotas – somente Sirius respondera dando seu sorriso galanteador. Foi só elas passarem por eles que ele se virou e ficou admirando-as andar, vendo como o quadril das garotas balançavam de um lado pro outro, fazendo suas saias curtas subirem e descerem em ritmo. Entortou um pouco a cabeça ainda olhando-as, mordendo seu lábio inferior.
- Vamos logo cachorrão – James puxou-o pelo colarinho, fazendo-o sair de seus devaneios.
Alguns dias se passaram desde a última detenção dos sete, que cumpriram como McGonagall dissera, somente um dia para todos, e sob a supervisão de Ana Rinkel e Tate Hudson. Ficaram todos juntos arrumando a biblioteca. Marlene não parava de olhar feio para Rinkel, que fingia não perceber os olhares de fúria.
Como sempre James dava investidas em Lily, e recebia soco nas costas e tapas em seu rosto em troca. Sirius fingia limpar, então Katie e Remus tinham que fazer sua parte. Peter limpava mais ou menos, rapidamente.
Já começara a terceira semana de aula e Remus e Lily continuavam sem se falarem. E ninguém sabia ainda da história, somente as garotas e Remus. James somente desconfiava.
As aulas transcorriam normalmente. Peter nunca prestando muita atenção ao que os professores falavam e pegando as anotações de Remus no fim do dia, mesmo que este brigasse sempre com ele por o primeiro sempre fazer isso. Remus sempre ouvindo o que o professor dizia, assim como Lily. Katie fazendo quase isso, quando não estava cansada e dormia de olho aberto nas aulas. Marlene e Sirius nunca prestando atenção nessas aulas, e só pensando em fazer azarações e brincadeiras com as pessoas. E James que ainda chamava Lily pra sair pelo menos duas vezes ao dia, passando a mão carinhosamente pelos braços da garota, e levando um tapa ardido na mão.
Como disse, dias transcorrendo normalmente. Como sempre.
Porém naquele fim de terceira semana de aula, a Lua Cheia iria chegar, fazendo com que Remus ficasse nervoso, e inventasse histórias pra todos do porquê faltava por alguns dias. Mesmo ele ficando nervoso e assustado, seus amigos não conseguiam se aquietar de animação. Era nesses dias que se tornavam animagos, e somente nesses dias. E era algo do qual se orgulhavam e se divertiam.
- Tá tudo certo? – Sirius sussurrava pra James no Salão Comunal.
- Tudo certo – respondeu sorrindo marotamente para o amigo que retribuiu o riso.
- Que vocês tão rindo ai? – Remus olhou de um para o outro com a testa enrugada.
- Calma Aluado – James riu do amigo. – Nesse tempo lupino você fica meio paranoico né?
- Shhhh. Fala baixo cacete – ele sussurrou, bravo, fazendo os três rirem.
- Só tava perguntando se a capa e o mapa estão aqui, Remus – Sirius explicou. E o amigo, que antes estava tenso, relaxou, olhando ao redor da Sala Comunal.
Já passara das onze horas. Daqui uns minutos sua transformação iria começar. Ele só queria sair de lá. Porém ainda tinha algumas pessoas lá com eles.
Seu corpo começara a esquentar, e ele, sem querer, começou a tremer.
- Remus? – James olhou para o amigo que estava com a respiração um pouco ofegante. – Você tá bem? – se preocupou.
- Não – fechou os olhos com força. – Acho que tá começando.
- Agora? – esganiçou Peter.
- Cala a boca Rabicho – Sirius deu um tapa leve na cabeça do amigo que resmungou. – A gente não vai poder esperar mais, James. – olhou significativamente para o amigo, que concordou.
Saíram do Salão Comunal silenciosamente, tentando não ser notados por ninguém. E, aparentemente, ninguém havia notado eles saírem.
Remus começou a suar frio, e a tremer mais, com mais rapidez. Alguns cabelos de seus braços começaram a crescer.
- Pessoal, tá crescendo os pelos – Peter disse meio assustado.
- Vamos logo – James tentou acelerar o passo.
- A gente... Vocês tem que colocar a capa – Remus disse, se esforçando.
- A gente tem que te levar lá fora primeiro. Não se preocupa com isso – Sirius disse pegando em um braço do amigo, enquanto James pegava no outro, para que o amigo não desmoronasse no chão naquele momento.
- Peter. Vai vendo se tem alguém no caminho. Mas vai sem fazer barulho – James disse, e o garoto fez o que lhe pediu.
Remus começou a grunhir, parecendo estar em dor.
- Aguenta firme, cara – James disse enquanto olhava preocupado para o amigo.
-x-
Lily ainda estava fazendo sua ronda pelo castelo. Era sua noite. Estava um pouco cansada. Ela havia começado a se organizar nos estudos, e começou a passar mais horas acordada do que normalmente ficava.
Seu corpo estava dolorido porque não conseguia dormir muito, e quando dormia acordava com mau jeito.
Estava passando as mãos em seu pescoço e em seus ombros para diminuir a aflição quando ouvira passos apressados no corredor a frente. Se escondeu atrás de uma armadura qualquer. - A gente... Vocês tem que colocar a capa.
- A gente tem que te levar lá fora primeiro. Não se preocupa com isso.
"Não acredito que eles saíram do Salão logo agora", pensou e rolou os olhos automaticamente.
- Peter. Vai vendo se tem alguém no caminho. Mas vai sem fazer barulho.
Ela saiu de onde estava para ir atrás deles pra dar uma bronca, até que ouviu o que parecia ser Remus, grunhindo, parecendo estar com dor. Franziu o cenho, tentando ver o que estava acontecendo, e se esconder ao mesmo tempo.
Viu o garoto ser arrastado por James e Sirius, mal conseguindo ficar em pé. Achou estranho. Por que eles estariam agindo daquela maneira? E ainda mais esse horário? Será que James e Sirius tinham drogado Remus?
"Ah, não. Eles são imbecis. Mas não chega a tanto", pensou. E começou a ir atrás dos garotos, sem ser notada.
Eles saíram do castelo, pelo Grande Hall, atravessando o gramado todo, Lily andando no encalço deles, sem perdê-los de vista. Chegaram até o Salgueiro Lutador, e ela começou a ficar preocupada. Aquela árvore já tinha machucado um considerável número de estudantes que se aventuravam por lá, querendo brincar com ela. Pensou que eles não seriam tão estúpidos ao ponto de brincarem com o Salgueiro, até ver Sirius agitando sua varinha fazendo um galho seco, perto dele, se mover e ir até o tronco da árvore e tocá-la, fazendo-a parar naquele instante, como se desse pausa em um vídeo.
Olhou aquilo com completa curiosidade, e ainda com o cenho franzido chegou mais perto a ponto de vê-los entrando por um buraco em um pequeno morro, ao lado do Salgueiro. E foi atrás deles novamente.
Passou pelo buraco tranquilamente, pois era pequena, não tinha dificuldade nisso. Ficou pensando em como os quatro garotos, grandalhões, passaram por lá, mas logo sua atenção foi voltada a um grito de dor, masculino. Olhou pra cima e viu que tinha uma escada, foi um pouco pro lado e reparou que a escada começava logo a sua frente, e que em seu término havia uma porta. E parecia que o grito de dor havia saído de lá.
Andou o mais rápido que pôde sem fazer barulho, e subiu as escadas. A porta estava entreaberta. Ela a empurrou, devagar, e fez um rangido sinistro. Um arrepio percorreu sua espinha.
Naquela hora da noite, em um lugar estranho que ela nunca tinha visto fora do castelo, e uma porta que rangia quando abria, parecia um filme de terror, onde a garota iria direto pro perigo.
Respirou fundo e entrou na sala. Mas ao fazer isso viu à sua frente um lobisomem totalmente transformado respirando ofegante.
Seu coração parou naquele momento. Seus olhos arregalaram. Seus pelos dos braços se arrepiaram como nunca antes havia acontecido. Suas pernas ficaram rígidas sem ela perceber.
Ficou encarando assustada aquele lobisomem que de pé dava o dobro dela. Ele percebeu a presença da garota e virou a cara enorme para olhá-la. Rosnou baixinho e foi se virando em câmera lenta para a garota que, a esse ato, despertou, e sem pensar duas vezes, começou a correr o mais rápido que conseguia, sem notar um gigante cachorro, um pequeno rato e um cervo parados do outro lado da pequena sala empoeirada, com todos os móveis despedaçados.
O lobisomem, por instinto, começou a correr atrás dela, tentando alcançá-la. Porém, quando a garota passou pelo buraco que antes havia passado, parou, não conseguindo passar tranquilamente. Teve dificuldades para passar, dando assim tempo para Lily correr para mais longe dele.
Ela estava assustada, apavorada, não sabia muito bem o que fazer, só seguiu com seu instinto de correr pra longe de uma fera que queria matá-la. Mesmo se fosse a pessoa mais bondosa do mundo, se virasse lobisomem ela teria o instinto assassino.
A garota ainda corria, aos tropeços, e então começou a chorar involuntariamente. As lágrimas taparam sua visão fazendo-a tropeçar em um monte de terra acumulada e se desequilibrar, caindo em seguida com forte impacto no chão. Se virou para ficar cara a cara com o animal.
Ele estava saindo do buraco naquele momento, e começou a farejar. Notou a pequena garota não muito longe de onde estava, e começou a correr, com notável ânsia.
Chegava mais perto a cada segundo, e a cada passo que ele dava em direção a ela, ela assistia em câmera lenta, sendo o espectador, e não a vítima do acontecimento.
Faltando pouco para o lobisomem alcançá-la um cachorro preto e enorme apareceu abocanhando o calcanhar da fera, que soltou um grunhido e se virou para ver o que o atingira. Um cervo apareceu e o acertou com suas galhadas. E se a garota não tivesse tão apavorada conseguiria ver um pequeno ratinho cinzento dando abocanhadas pelas pernas do animal. O cervo, que antes lutava contra o lobisomem, fazendo-o ficar longe da menina, e ir em direção à Floresta Proibida se virou para ela, que continuava no chão, com os olhos verdes arregalados. Começou a ir em sua direção.
Ela se levantou depressa, num súbito. Percebendo que o cervo ia em sua direção começou a correr novamente, agora decidida a ir para o castelo. Olhava para trás pra ver se o animal estava perto dela, a cada três segundos. De repente ouviu uma voz, chamando-a. Se virou.
Era James Potter correndo em seu encalço.
- LILY. ESPERA AI! EVANS. – gritou, ainda correndo atrás da garota. Com seu porte físico e suas pernas grandes foi fácil alcançá-la.
Pegou no braço da ruiva, fazendo-a parar e derrapar por alguns milésimos de segundos na grama que começara a ficar amarela, e se virar para ele. Engoliu em seco vendo o estado dela. Seu cabelo estava todo desgrenhado, com algumas folhas secas nele. Seu rosto estava vermelho pelo esforço feito, mas seu nariz estava mais, por ter chorado. Seus olhos encharcados de lágrimas, que ainda continuavam a cair.
- Lily – falou ofegante, por ter corrido atrás dela, e tentado parar o lobisomem. – Se acalma.
- LOBISOMEM. TEM UM LOBISOMEM – gritou.
- Shhh. Vai acordar o castelo todo – ele apertou o braço dela, puxando-a mais para si. Ela fez uma careta, e puxou seu braço com força, fazendo-o soltar. – Se acalma, por favor.
- Me acalmar? Como que eu vou me acalmar sendo que eu quase fui comida por um lobisomem – ainda falava alto. Estava irritada com a calma com que o garoto falava.
- Mas não foi. A gente já cuidou disso.
- A gente? – olhou-o com o cenho franzido. Não estava enxergando muito bem o garoto por conta das lágrimas, só vendo sua silhueta. Piscou várias vezes para limpar seus olhos. Mas não conseguiu um bom resultado. O garoto deu um pequeno passo para frente preocupado com ela. Levou os dedos até o rosto dela, passando-os pela bochecha ainda rosada. Ela se desvencilhou e o olhou bravo.
- Eu, Sirius e Peter. – franziu o cenho novamente, não entendendo o que ele falava. – Nós somos o cervo, o cachorro e o rato.
- QUÊ? – esganiçou.
- Shh. Nós somos animagos, Evans. – olhou-a significativamente.
- Vocês? Animagos? – ele concordou. – O que diabos vocês estavam brincando com um lobisomem? – frisou a última palavra.
- Lily... – relutou. Mas não poderia dever uma explicação pra garota. Se eles falassem que encontraram o lobisomem na floresta ela acharia que eram malucos, imprudentes. E se ela estava lá na casa, provavelmente tinha os seguido, e visto que Remus também estava com eles. Ele não poderia mentir. Tinha que explicar pra garota, mesmo contra a vontade do amigo. – Aquele lobisomem é... Remus. – rezou para ela entender, para não ter preconceito do amigo, para não o discriminar. A boca dela se abriu em um perfeito "O" quando a ficha caiu. Lily continuou olhando-o com a boca aberta, sem piscar, sem falar nada. – Você tá bem Evans? – ela piscou algumas vezes. Passou as mãos pelo rosto tirando o resquício de lágrimas.
- Remus? Lobisomem? – foi o que ela conseguiu dizer. James concordou com a cabeça, respirando profundamente. – Eu não...
- Não sabia. Ninguém sabia. Só nós – deu de ombros. – E seria ótimo que continuasse assim. – ela o fitou, cerrando um pouco os olhos. Depois concordou.
- Claro. Eu nunca faria isso com o Remus.
- Sério? Mesmo estando brava com ele? – James tentou brincar naquele momento de tensão, mas obviamente não deu certo, pois Lily o olhou brava, parecia que penetrava sua alma.
- Você acha mesmo que eu sou esse tipo de pessoa Potter?
- Não... Claro que não – riu sem graça. Ficara desconcertado. – Só estava tentando amenizar a situação.
- É impossível, se você não percebeu isso – falou, ainda brava. – Eu vou ficar quieta sobre Remus. E sobre vocês serem animagos. Não precisa se preocupar. – ele respirou pesadamente, aliviado com o que ela falara.
- Obrigado Lil. – sorriu minimamente. – Quer que eu te leve pro Salão Comunal?
- Não precisa – disse ríspida. Não tivera a intenção de ser ríspida. Claramente ele estava tentando ajudá-la, por ter tido uma experiência apavorante quanto foi aquela. Pigarreou – Não precisa Potter, obrigada. – sorriu rapidamente e se virou de costas para o maroto, começando a andar de volta para o castelo.
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Primeiramente: perdão pela demora exageradamente longa, sério, fiquei muito triste que isso tenha acontecido, mas provas finais, exames e férias ficaram na frente e eu não sabia o que fazer. Tive que ler muita fic e ouvir muita música pra ter inspiração. Espero que ainda tenha pessoas que leiam a fic, isso me faria muito feliz.
Segundo: Faz tempo que nao respondo as pessoas aqui. E nem sei quem respondi ou não, então esse capítulo é dedicado a todos os que me mandaram comentários. Mesmo que seja só um gostei do capítulo fico absolutamente feliz. Vou tentar lembrar quem respondi e não.
Morgana Pontas Potter: eu demoro bastante pra postar, mas é só você marcar que está acompanhando que vem notificação. Eu prometo não demorar tanto quanto dessa vez. Aliás já até comecei a escrever o próximo capítulo. Espero que ainda goste de ler a fic. Fico feliz quando vocês leem e comentam.
Bru Mckinnon Black: awww obrigada flor. Obrigada por todos os seus comentários. Eles são incentivos sabia né? Eu tentei não demorar, mas dessa vez não deu muito certo. Espero que goste desse capítulo, mesmo não tendo Mckinnon e Black ainda.
Comentários (2)
Uma frase para esse cap: AI MEU DEUS! Porque você faz isso, Má??? Quer me matar né?
2016-02-20Ownttt fiquei feliz em saber que sou uma inspiração pra você continuar a fic. Eu não sei como mais sempre me surpreendo a cada cap. e esse ficou ótimo...mesmo não tento Sirius e Lene AINDA!!! Hahahaha! Muita alegria por saber que você voltou, espero pelo próximo cap.
2015-08-25