O Espelho de Ojesed/Nicolau Fl



Pov Lily Evans


–Vou começar- Aviso.


CAPÍTULO DOZE


O Espelho de Ojesed


O Natal se aproximava. Certa manhã em meados de dezembro, Hogwarts acordou coberta com mais de um metro de neve. O lago congelou e os gêmeos Weasley receberam castigo por terem enfeitiçado várias bolas de neve fazendo-as seguir Quirrell aonde ele ia e quicarem na parte de trás do seu turbante. As poucas corujas que conseguiam se orientar no céu tempestuoso para entregar correspondência tinham de ser tratadas por Hagrid para recuperar a saúde antes de voltarem a voar.


Todos mal aguentavam esperar as férias de Natal. E embora a sala comunal da Grifinória e o salão principal tivessem grandes fogos nas lareiras, os corredores varridos por correntes de ar tinham se tornado gélidos e um vento cortante sacudia as janelas das salas de aulas. As piores eram as aulas do Professor Snape nas masmorras, onde a respiração dos alunos virava uma névoa diante deles e eles procuravam ficar o mais próximo possível dos seus caldeirões.


— Tenho tanta pena — disse Draco Malfoy, na aula de Poções. — dessas pessoas que têm que passar o Natal em Hogwarts porque a família não as querem casa.


Olhou para Harry ao dizer isso. Crabbe e Goyle miraram Harry, que estava medindo pó de espinha de peixe-leão, e não lhes deu atenção. Malfoy andava muito mais desagradável do que de costume desde a partida de Quadribol. Aborrecido porque Sonserina perdera, tentara fazer as pessoas rirem dizendo que um sapo iria substituir Harry como apanhador no próximo jogo. Então percebeu que ninguém achara graça, porque estavam todos muito impressionados com a maneira com que Harry conseguira se segurar na vassoura corcoveante. Por isso Draco, invejoso e zangado, voltara a aperrear Harry dizendo que não tinha família como os outros...


–Eu não acredito que ele tem coragem de falar que você não tem família- Falei.


Era verdade que Harry não ia voltar à Rua dos Alfeneiros para o Natal. A Professora Minerva passara a semana anterior fazendo uma lista dos alunos que iam ficar em Hogwarts no Natal e Harry assinara seu nome na mesma hora. Não sentia nenhuma pena de si mesmo, provavelmente aquele seria o melhor Natal que já tivera.


Rony e os irmãos também iam ficar, porque o Sr. e a Sra. Weasley iam à Romênia visitar Carlinhos.


Quando deixaram as masmorras ao final da aula de Poções, encontraram um grande tronco de pinheiro bloqueando o corredor à frente. Dois pés enormes que apareciam por baixo do tronco e alguém bufando alto denunciou a todos que Hagrid estava por trás dele.


— Oi, Rúbeo quer ajuda? — perguntou Rony, metendo a cabeça por entre os ramos.


— Não, estou bem, obrigado, Rony.


— Você se importaria de sair do caminho? — ouviu-se a voz arrastada e seca de Draco atrás deles. — Está tentando ganhar uns trocadinhos, Weasley? Vai ver quer virar guarda-caça quando terminar Hogwarts. A cabana de Rúbeo deve parecer um palácio comparada ao que sua família está acostumada.


Rony avançou para Draco justamente na hora em que Snape subia as escadas.


Rony agarrou a frente das vestes de Draco.


— Ele foi provocado, Professor Snape — explicou Hagrid, deixando aparecer por trás da árvore a cara peluda. — Draco ofendeu a família dele.


— Seja por que for, brigar é contra o regulamento de Hogwarts, Hagrid — disse Snape insinuante. — Cinco pontos a menos para Grifinória, Weasley, e dê graças a Deus por não ser mais. Agora, vamos andando, todos vocês.


Draco, Crabbe e Goyle passaram pela árvore com brutalidade, espalhando folhas para todo lado com sorrisos nos rostos.


 Eu pego ele — prometeu Rony, rilhando os dentes as costas de Draco —, um dia desses, eu pego ele.


— Odeio os dois — disse Harry — Draco e Snape.


–Todos odiamos Harry- Falou James.


–Não mais- Falou Mione.


–Continuo odiando- Falou Rony.


–Ron...


–Sem spoiler por favor- Falou Harry.


— Vamos, ânimo, o Natal está aí — disse Hagrid — Vou lhes dizer o que vamos fazer, venham comigo ver o salão principal, está lindo.


Então os três acompanharam Hagrid e sua árvore até o salão principal, onde a Professora Minerva e o Professor Flitwick estavam trabalhando na decoração para o Natal.


— Ah, Hagrid, a última árvore, ponha naquele canto ali, por favor.


O salão estava espetacular. Festões de azevinho e visco pendurados a toda à volta das paredes e nada menos que doze enormes árvores de Natal estavam dispostas pelo salão, umas cintilando com cristais de neve, outras iluminadas por centenas de velas.


— Quantos dias ainda faltam até as férias? — perguntou Hagrid.


— Um — respondeu Hermione — Ah, isso me lembra: Harry, Rony, falta meia hora para o almoço, devíamos estar na biblioteca.


— Ih, é mesmo — disse Rony, despregando os olhos do Professor Flitwick, que fazia sair bolhas azuis da ponta da varinha e as levava para cima dos galhos da árvore que acabara de chegar.


— Biblioteca? — espantou-se Hagrid, acompanhando-os para fora da sala — Na véspera das férias? Não estão estudando demais?


— Ah, não estamos estudando — respondeu Harry, animado. – Desde que você mencionou o Nicolau Flamel estamos tentando descobrir quem ele é.


–Harry e sua boca grande- Exclamou Lily Luna.


–Pai, você não consegue ficar quieto uma vez na vida?- Perguntou Al.


— Vocês o quê? — Hagrid parecia chocado. — Ouçam aqui: já disse a vocês, parem com isso. Não é da sua conta o que o cachorro está guardando.


— Só queremos saber quem é Nicolau Flamel, só isso — falou Hermione.


— A não ser que você queira nos dizer e nos poupar o trabalho? — acrescentou Harry. — Já devemos ter consultado uns cem livros e não o encontramos em lugar nenhum. Que tal nos dar uma pista? Sei que já li o nome dele em algum lugar.


— Não digo uma palavra — respondeu Hagrid decidido.


— Então vamos ter que descobrir sozinhos — disse Rony, e saíram depressa para a biblioteca, deixando Hagrid desapontado.


Andavam realmente procurando o nome de Flamel nos livros desde que Hagrid deixara escapá-lo, porque de que outra maneira iam descobrir o que Snape estava tentando roubar? O problema é que era muito difícil saber por onde começar, sem saber o que Flamel poderia ter feito para aparecer em um livro. Não se encontrava em Grandes sábios do século, nem em Nomes notáveis da mágica do nosso tempo, não era encontrável tampouco em Importantes descobertas modernas da mata nem em Um estudo aos avanços recentes na magia. E, é claro, havia também o tamanho da biblioteca em si, dezenas de milhares de livros, milhares de prateleiras, centenas de corredores estreitos.


Hermione puxou uma lista de assuntos e títulos que decidira pesquisar enquanto Rony se dirigiu a uma carreira de livros e começou a tirá-los da prateleira aleatoriamente. Harry vagou até a Seção Reservada. Vinha pensando há algum tempo se Flamel não estaria ali. Infelizmente, o estudante precisava de um bilhete assinado por um professor para consultar qualquer livro reservado e ele sabia que nenhum jamais lhe daria o bilhete.


Eram livros que continham poderosa magia negra jamais ensinada em Hogwarts e somente lida por alunos mais velhos que estudavam no curso avançado de Defesa Contra a Magia Negra.


— O que é que você está procurando, menino?


— Nada — disse Harry.


Madame Pince, a bibliotecária, apontou-lhe um espanador de penas.


— Então é melhor sair daqui. Vamos, fora!


Desejando ter sido um pouco mais rápido em inventar alguma história, Harry saiu da biblioteca. Ele, Rony e Hermione já tinham concordado que era melhor não perguntar a Madame Pince onde poderiam encontrar Flamel. Tinham certeza de que ela saberia informar, mas não podiam arriscar que Snape ouvisse o que andavam tramando.


Harry esperou do lado de fora no corredor para saber se os outros dois tinham encontrado alguma coisa, mas não alimentava muitas esperanças. Afinal estavam procurando havia quinze dias, mas como só tinham breves momentos entre as aulas não era surpresa que não tivessem achado nada. O que realmente precisavam era de uma longa busca sem Madame Pince bafejar o pescoço deles.


–Use a capa da invisibilidade- Falou James como se fosse óbvio.


–Jay, você não tinha dado a capa da invisibilidade para ele- Falei tentando colocar alguma coisa na cabeça dele.


–É claro que eu devo ter dado, eu daria de bom grado ao meu filho a capa e o Mapa Do Maroto.


–James você não daria nenhum dos dois para uma criança de um ano- Falo.


–Mas...- Então ele parece se tocar que não viveu o bastante para dar os objetos ao seu filho e abaixa a cabeça, todos ficam em um silêncio tenso então eu continuo lendo.


Cinco minutos depois, Rony e Hermione se reuniram a ele balançando negativamente a cabeça. E foram almoçar.


— Vocês vão continuar procurando enquanto eu estiver fora, não vão? — recomendou Hermione. — E me mandem uma coruja se encontrarem alguma coisa.


— E você poderia perguntar aos seus pais se sabem quem é Flamel — disse Rony.


— Não haveria perigo em perguntar a eles.


— Nenhum perigo, os dois são dentistas.


Uma vez começadas as férias, Rony e Harry estavam se divertindo à beça para se lembrar de Flamel. Tinham o dormitório só para eles e a sala comunal estava muito mais vazia do que o normal, por isso podiam usar as poltronas confortáveis ao pé da lareira. Sentavam-se a toda hora para comer tudo que pudessem espetar em um garfo de assar: pão, bolinhos, marshmallows e tramavam maneiras de fazer Draco ser expulso, o que se divertiam em discutir mesmo que não fosse produzir resultados.


Rony também começou a ensinar Harry a jogar xadrez de bruxo. Era exatamente igual a xadrez de trouxa exceto que as peças eram vivas, o que fazia parecer que a pessoa estava dirigindo tropas em uma batalha. O jogo de Rony era muito velho e gasto como tudo o mais que possuía, pertencera em tempos a alguém da família, no caso, ao seu avô. No entanto, a velhice das peças não era um empecilho. Rony as conhecia tão bem que nunca tinha dificuldade de mandá-las fazer o que ele queria.


Harry jogava com peças que Simas Finnigan lhe emprestara e estas não confiavam nada nele. Ainda não era um bom jogador e elas não paravam de gritar conselhos variados, o que o confundia:


"Não me mande para lá, não está vendo o cavalo dele? Mande ele, podemos nos dar ao luxo de perder ele.


Na noite de Natal, Harry foi para a cama pensando com ansiedade na comida e na diversão do dia seguinte, mas sem esperar nenhum presente.


Quando acordou cedo na manhã seguinte, porém, a primeira coisa que viu foi uma pequena pilha de embrulhos ao pé de sua cama.


— Feliz Natal — disse Rony sonolento quando Harry pulou da cama e vestiu o roupão.


— Para você também — falou Harry. — Olhe só isso! Ganhei presentes?


— E o que é que você esperava, nabos? — respondeu Rony, virando-se para a sua pilha que era bem maior do que a de Harry.


Harry apanhou o pacote de cima. Estava embrulhado em papel pardo grosso e trazia escrito em garranchos: Para o Harry, de Hagrid. Dentro havia uma flauta tosca de madeira. Era óbvio que Hagrid a entalhara pessoalmente. Harry soprou-a, parecia um pouco com um pio de coruja.


Um segundo embrulho, muito pequeno, continha um bilhete.


―Recebemos sua mensagem e estamos enviando o seu presente. Tio Válter e Tia Petúnia.


Presa com fita adesiva na nota havia uma moeda de cinqüenta pence.


— Que simpático! — exclamou Harry.


Quase todos riram com exceção de mim e James.


Rony ficou fascinado pela moeda de cinqüenta pence.


— Que esquisito! — disse. — Que formato! Isso é dinheiro?


— Pode ficar com ela — disse Harry rindo-se ao ver a satisfação de Rony — Rúbeo, minha tia e meu tio. E quem mandou esses?


— Acho que sei quem mandou esse — disse Rony, ficando um pouco vermelho e apontando para um embrulho disforme. — Mamãe. Eu disse a ela que você não estava esperando receber presentes... Ah, não... — gemeu —, ela fez para você um suéter Weasley.


Harry rasgou o papel e encontrou um suéter tricotado com linha grossa verde-clara e uma grande caixa de barras de chocolate feito em casa.


— Todos os anos ela faz para nós um suéter — disse Rony, desembrulhando a dele —, e o meu é sempre cor de tijolo.


— Foi realmente muita gentileza dela — disse Harry, experimentando as barrinhas de chocolate, que estavam muito gostosas.


O presente seguinte também continha doces, uma grande caixa de sapos de chocolate dados por Hermione.


Restava apenas um embrulho. Harry apanhou-o e apalpou-o.


Era muito leve. Desembrulhou e uma coisa sedosa e prateada escorregou para o chão onde se acomodou em dobras refulgentes. Rony soltou uma exclamação:


— Já ouvi falar nisso — disse em voz baixa, deixando cair a caixa de feijõezinhos de todos os sabores que ganhara de Hermione. — Se isso é o que eu penso que é, é realmente raro e realmente valioso.


— E o que é?


Harry apanhou o pano brilhoso e prateado do chão. Tinha uma textura estranha, parecia tecida com fios de água.


— É uma capa da invisibilidade


–Quem foi que lhe deu isso? Com quem eu tinha deixado minha capa?- Pergunta James que pareceu despertar ao ouvir falar da capa.


–Pode nem ser a sua capa Jay- Falo.


–Mas é claro que é minha.


–Dumbledore, ele pediu para você uns dias antes de...vocês sabem- Falou Harry.


–Santo Dumbledore, me lembrem de agradece-lo- Falou James que agora parecia muito mais feliz.


–Dumbledore lhe devolveu a capa do seu pai? Isso quer dizer que ele queria que você saísse escondido- Falou Draco.


–É claro que não, ela é minha por direito, é da família Potter- Fala Harry.


–A sim o James S. ficou com o mapa do maroto e eu com a capa, mas quando ele saiu de Hogwarts ele me deu o mapa- Falou Al.


–Que deveria ser meu, mas como você sempre me empresta quando preciso, não é necessário- Falou Lily Luna.


— disse Rony, com uma expressão de assombro no tosto. — Tenho certeza de que é. Experimente.


Harry jogou a capa em volta dos ombros e Rony deu um berro.


— É, Sim! Olhe para baixo!


Harry olhou para os pés, mas eles tinham desaparecido. Correu então para o espelho. Não deu outra, o espelho refletiu sua imagem, só a cabeça suspensa no ar, o corpo completamente invisível. Ele cobriu a cabeça e a imagem desapareceu completamente.


— Tem um cartão! — disse Rony de repente. — Caiu um cartão!


Harry tirou a capa e apanhou o cartão. Escritas numa caligrafia fina e rebuscada que ele nunca vira antes estavam as seguintes palavras:


―Seu pai deixou isto comigo antes de morrer. Está na hora de devolvê-la a você.


Use-a bem.


Um Natal muito Feliz para você.


Não havia assinatura. Harry ficou olhando o cartão. Rony admirava a capa.


— Eu daria qualquer coisa para ter uma dessas. Qualquer coisa... Que foi?


— Nada. — Harry estava se sentindo muito estranho. Quem mandara a capa? Será que pertencera mesmo ao seu pai?


Antes que pudesse dizer ou pensar qualquer outra coisa, a porta do dormitório se escancarou e Fred e Jorge Weasley entraram aos pulos. Harry rapidamente deu um sumiço na capa.


Por ora não tinha vontade de compartilhá-la com mais ninguém.


— Feliz Natal!


— Ei, olhe só, o Harry ganhou um suéter Weasley também!


Fred e Jorge estavam usando suéteres azuis, um com um grande F, o outro com um J.


— Mas o do Harry é melhor do que o nosso — comentou Fred, erguendo o suéter de Harry — Ela com certeza capricha mais se a pessoa não é da família.


— Por que você não está usando o seu? — perguntou Jorge — Vamos, vista logo, eles são ótimos e quentes.


— Detesto cor de tijolo — lamentou-se Rony, desanimado enquanto vestia o suéter.


— Pelo menos você não tem uma letra no seu — comentou Jorge. — Ela deve pensar que você não esquece o seu nome. Mas nós não somos burros, sabemos que nos chamamos Jorge e Fred.


Todos riram.


— Que barulheira é essa?


Percy Weasley meteu a cabeça para dentro da porta, com um olhar de censura. Era visível que já desembrulhara metade dos seus presentes porque trazia também um suéter grosso pendurado no braço, que Fred logo agarrou.


— M de monitor! Vista logo, Percy, todos estamos usando os nossos, até Harry ganhou um.


— Eu... Não... Quero — disse Percy com a voz embargada, enquanto os gêmeos forçavam o suéter por sua cabeça, entortando seus óculos.


— E você hoje não vai se sentar com os monitores — disse Jorge.


— Natal é uma festa da família.


E os dois carregaram Percy para fora do quarto, com os braços presos dos lados pelo suéter.


Harry nunca tivera em toda a vida um almoço de Natal igual àquele. Cem perus gordos assados, montanhas de batatas assadas e cozidas, travessas de salsichas, terrinas de ervilhas passadas na manteiga, molheiras com uva-do-monte em molho espesso e bem temperado e, a pequenos intervalos sobre a mesa, pilhas de bombinhas de bruxo. Essas bombinhas fantásticas não se pareciam nada com as bombinhas fracas dos trouxas que os Dursley em geral compravam, cheias de brinquedinhos de plástico e chapéus de papel fino.


Harry puxou a ponta de uma bombinha de bruxo com Fred e ela não deu apenas um estalinho, ela explodiu com o ruído de um canhão e envolveu-os em uma nuvem de fumaça azul, enquanto caiam de dentro um chapéu de almirante e vários camundongos brancos, vivos. Na mesa principal, Dumbledore tinha trocado o chapéu de bruxo por um toucado florido e ria alegremente da piada que o Professor Flitwick acabara de ler para ele.


Pudins de Natal flamejantes seguiram-se ao peru. Percy quase quebrou os dentes em uma foice de prata que estava escondida em sua fatia. Harry observava o rosto de Hagrid ficar cada vez mais vermelho à medida que pedia mais vinho e acabou beijando a bochecha da Professora Minerva, e quase para espanto de Harry, rira e corara, o chapéu de bruxa enviesado na cabeça.


–Hmmm...- Todos os presentes no local falaram e Minerva corou.


Quando Harry finalmente saiu da mesa estava levando uma montanha de brinquedos das bombinhas, inclusive uma embalagem de balões luminosos e não-explosivos, um kit para cultivar capixingui, a planta símbolo de Hogwarts, e um jogo de xadrez de bruxo. Os camundongos brancos tinham desaparecido e Harry teve a desagradável sensação de que eles iam acabar virando jantar de Natal para Madame Nor-r-ra.


Harry e os Weasley passaram uma tarde muito alegre ocupados em uma furiosa guerra de bolas de neve. Depois, frios, molhados e ofegantes, voltaram para junto da lareira na sala comunal de Grifinória, onde Harry estreou o seu novo jogo de xadrez perdendo espetacularmente para Rony. Suspeitou que não teria levado uma surra tão grande se Percy não tivesse tentado ajudá-lo tanto.


Depois de lancharem sanduíches de peru, bolinhos, gelatina e bolo de frutas, todos se sentiram demasiado fartos e sonolentos para fazer outra coisa senão sentar e assistir a Percy correr atrás de Fred e Jorge por toda a torre de Grifinória porque eles tinham furtado seu crachá de monitor.


Fora o melhor Natal da vida de Harry. No entanto, no fundinho da cabeça alguma coisa o incomodara o dia inteiro. Somente quando finalmente se deitou é que teve tempo para pensar nela: a capa invisível e a pessoa que a mandara.


Rony, cheio de peru e bolo e sem nenhum mistério para perturbá-lo, caiu no sono assim que puxou as cortinas de sua cama de dossel. Harry debruçou-se pela borda da cama e puxou a capa que escondera ali.


Do seu pai... Aquilo fora do seu pai. Ele deixou o tecido escorregar pelas mãos, mais macio do que seda, leve como o ar.


―Use-a bem, dissera o cartão.


Tinha de experimentá-la agora.


–Esse é o meu filho- Falou James sorrindo.


E saiu da cama e se enrolou na capa. Olhando para as pernas, viu apenas o luar e as sombras Era uma sensação muito engraçada.


―Use-a bem.


De repente, Harry se sentiu completamente acordado. Toda a Hogwarts se abria para ele com esta capa. Sentiu-se tomado de excitação em pé ali na escuridão silenciosa.


Podia ir a qualquer lugar com a capa, qualquer lugar, e Filch jamais saberia.


Rony resmungou adormecido. Será que Harry devia acordá-lo?


Alguma coisa o deteve, a capa era do seu pai, sentiu que desta vez, a primeira, queria usá-la sozinho.


E saiu sorrateiro do dormitório, desceu as escadas, atravessou a sala comunal e passou pelo buraco do retrato.


— Quem está aí? — perguntou esganiçada a Mulher Gorda. Harry não respondeu. Saiu depressa pelo corredor onde deveria ir? Parou, o coração acelerado, e pensou. E então lhe ocorreu. A seção reservada na biblioteca.


–Não acredito, não, não me diga que a primeira vez que você usa a capa é para ir para a seção reservada da biblioteca, não acredito- Falou Sirius desapontado.


–Era necessário- Falou Harry que corou um pouco.


Poderia ler o tempo que quisesse, o tempo que precisasse para descobrir quem era Flamel. Foi, então, puxando a capa para bem junto do corpo ao andar.


A biblioteca estava escura como breu e muito estranha. Harry acendeu uma luz para enxergar o caminho entre as fileiras de livros.


A lâmpada parecia que estava flutuando no ar, e embora Harry sentisse que seu braço a sustentava, aquela visão lhe deu arrepios.


A seção reservada era bem no fundo da biblioteca. Saltando com cautela a corda que separava esses livros do resto da biblioteca, ele ergueu a lâmpada para ler os títulos.


Eles não lhe informavam muita coisa. Suas letras descascadas e esmaecidas formavam dizeres em línguas que Harry não entendia. Alguns sequer tinham titulo. Um livro tinha uma mancha escura que fazia lembrar horrivelmente de sangre. Os pêlos na nuca de Harry ficaram em pé. Talvez fosse imaginação dele, talvez não, mas achou que ouvia um sussurro inaudível vindo dos livros, como se eles soubessem que havia alguém ali que não deveria estar.


Precisava começar por alguma parte. Pousando com cuidado a lâmpada no chão, ele procurou na prateleira mais baixa um livro que parecesse interessante. Um grande volume preto e prata chamou sua atenção. Puxou-o com esforço, porque era muito pesado, e equilibrando-o nos joelhos, deixou-o abrir ao acaso.


Um grito agudo de coalhar o sangue cortou o silêncio, o livro estava gritando! Harry fechou-o depressa, mas o grito não parou, uma nota alta, continua, de furar os tímpanos. Ele tropeçou para trás e derrubou a lâmpada, que se apagou na mesma hora. Em pânico, ouviu passos que vinham pelo corredor do lado de fora enfiando o livro gritador de qualquer jeito no lugar, ele correu para valer. Passou por Filch quase a porta. Os olhos claros e arregalados de Filch atravessaram-no, Harry escorregou por debaixo dos seus braços estendidos e saiu desabalado pelo corredor, os gritos do livro ainda ecoando em seus ouvidos.


–Que azar- Falou Teddy que não olhava mais para Rem curiosamente, parece que o garoto intendeu que ele passaria um bom tempo com o pai.


Parou subitamente diante de uma alta armadura. Estivera tão ocupado em fugir da biblioteca que não prestara atenção onde estava indo. Talvez porque estivesse escuro, ele sequer reconheceu onde se encontrava. Havia uma armadura perto das cozinhas, ele sabia, mas ele devia estar uns cinco andares acima.


— O senhor me pediu para eu vir direto ao senhor, professor, se alguém estivesse perambulando durante a noite e alguém esteve na biblioteca, na seção reservada.


Harry sentiu o sangue se esvair do seu rosto. Onde quer que estivesse, Filch devia conhecer um atalho, porque sua voz baixa e untuosa estava se aproximando, e para seu horror, foi Snape quem respondeu:


— A seção reservada? Bom, eles não podem estar longe, vamos apanhá-los.


Snape deu um sorrisinho de désdem, é acho que não foi uma boa ideia Dumbledore deixa-lo ler o livro.


Harry ficou imóvel no lugar em que estava quando Filch e Snape viraram o canto do corredor à frente. Eles não podiam vê-lo, é claro, mas era um corredor estreito e se chegassem mais perto esbarrariam nele, a capa não o impedia de ser sólido.


Recuou o mais silenciosamente que pôde. Havia uma porta entreaberta à sua esquerda. Era sua única esperança. Esgueirou-se por ela, prendendo a respiração, tentando não empurrá-la e, para seu alívio, conseguiu entrar no aposento sem que percebessem nada. Eles passaram direto e Harry apoiou-se na parede, respirando profundamente, ouvindo os passos dos dois morrerem a distância. Fora por pouco, por um triz. Passaram-se alguns segundos até ele reparar em alguma coisa no aposento em que se escondera.


Parecia uma sala de aula fechada. Os vultos escuros das mesas e cadeiras se amontoavam contra as paredes e havia uma cesta de papéis virada, mas escorada na parede à sua frente havia uma coisa que não parecia pertencer ao lugar, alguma coisa que parecia que alguém acabara de pôr ali para tirá-la do caminho.


Era um magnífico espelho, da altura do teto, com uma moldura de talha dourada, aprumado sobre dois pés em garra. Havia uma inscrição entalhada no alto: Ojesed stra ebru oy ube cafru oyr on wohsi.


–O espelho de Ojesed- Exclamaram todos empolgados.


Já livre do pânico, agora que não ouvia sinal de Filch e Snape, Harry aproximou-se do espelho querendo mostrar-se sem ver nenhuma imagem como antes. Adiantou-se para o espelho.


Teve de levar as mãos à boca para não gritai, Virou-se. Seu coração batia com muito mais fúria do que quando o livro gritara, porque não vira somente a própria imagem no espelho, mas a de uma verdadeira multidão por trás dele.


Mas o quarto estava vazio. Respirando muito depressa, ele se virou lentamente para o espelho.


Lá estava ele, refletido, parecendo branco e assustado, e lá estavam, refletidos às suas costas, pelo menos outras dez pessoas, Harry espiou por cima do ombro, mas continuava a não haver ninguém mais. Ou será que eram todos invisíveis também? Será que estava de fato em um aposento cheio de gente invisível e o truque desse espelho é que ele refletia tudo, invisível ou não?


Olhou para o espelho outra vez. Uma mulher parada logo atrás de sua imagem sorria e lhe acenava. Ele esticou a mão e sentiu o ar atrás dele. Se ela estivesse realmente ali, ele a tocaria, pois suas imagens estavam muito próximas, mas ele pegou apenas ar, ela e os outros só existiam no espelho.


Era uma mulher muito bonita. Tinha cabelos acaju e os olhos... ―Os olhos são igualzinhos aos meus, Harry pensou, acercando-se um pouco mais do espelho. ―Verde-vivo... Exatamente do mesmo formato... Mas então reparou que ela estava chorando, sorrindo, mas chorando ao mesmo tempo. O homem alto, magro, de cabelos negros, parado ao lado dela abraçou-a. Usava óculos e seu cabelo era muito rebelde. Espetava na parte de trás, como o de Harry.


Não consegui mais segurar cai no choro ali mesmo, o maior desejo dele era ter seus pais, eu e James, James pareceu não entender nada mas mesmo assim me abraçou e eu continuei lendo com a voz embargada.


Harry estava tão perto do espelho agora que seu nariz quase encostava em sua imagem.


— Mamãe? — murmurou — Papai?


Eles apenas olharam para ele, sorrindo, e lentamente Harry olhou para os rostos das outras pessoas no espelho e viu outros pares de olhos verdes iguais aos seus, outros narizes como o seu, até mesmo um velhote que parecia ter os mesmos joelhos ossudos que ele. Harry estava olhando para sua família, pela primeira vez na vida.


Os Potter sorriram e acenaram para Harry e ele retribuiu o olhar carente, as mãos comprimindo o espelho como se esperasse entrar por dentro dele e alcançá-los. Sentiu uma dor muito forte no peito, em que se misturavam a alegria e uma terrível tristeza.


Quanto tempo esteve parado ali, ele não sabia. As imagens não esmaeceram e ele continuou mirando-as até que um ruído distante o trouxe de volta ao presente. Não podia ficar ali, tinha de encontrar o caminho de volta para a cama. Com esforço, desviou os olhos do rosto de sua mãe, sussurrando "Eu volto" e saiu depressa do aposento.


— Você podia ter me acordado — falou Rony, aborrecido.


— Você pode vir hoje à noite. Vou voltar, quero lhe mostrar o espelho.


— Eu gostaria de ver sua mãe e seu pai — disse Rony, animado.


— E eu quero ver toda a sua família, todos os Weasley, você vai poder me mostrar os seus outros irmãos e todo o mundo.


— Você pode vê-los a qualquer hora. E só vir à minha casa neste verão. Em todo o caso, talvez o espelho só mostre gente morta. Mas é uma pena você não ter achado o Flamel. Coma um pouco de bacon ou outra coisa qualquer, por que é que você não está comendo nada?


Harry não conseguia comer. Vira os pais e iria vê-los de novo à noite. Quase se esquecera de Flamel, já não lhe parecia tão importante. Quem ligava para o que o cachorro de três cabeças estava guardando? Quem ligava realmente que Snape fosse roubar a coisa?


–Oh Harry você poderia enlouquecer-Falo preocupada.


Está bem? — perguntou Rony — Está com uma cara tão estranha.


O que Harry mais temia era não conseguir encontrar o aposento do espelho outra vez. Com Rony coberto pela capa também, eles tiveram de andar muito mais devagar na noite seguinte. Tentaram refazer o caminho de Harry ao sair da biblioteca, andando a esmo pelos corredores escuros durante quase uma hora.


— Estou falando — disse Rony, — Vamos esquecer tudo e voltar.


— Não! — sibilou Harry — Sei que é em algum lugar por aqui.


Passaram pelo fantasma de uma bruxa alta que deslizava na direção oposta, mas não viram mais ninguém. Na hora em que Rony começou a reclamar que seus pés estavam dormentes de frio, Harry identificou a armadura.


— É aqui... Logo aqui... É.


Eles empurraram a porta. Harry deixou cair a capa dos ombros e correu para o espelho.


Lá estavam eles. Sua mãe e seu pai sorriam ao vê-lo.


— Está vendo? — Harry cochichou.


— Não consigo ver nada.


— Olhe! Olhe eles todos... Ali, montes deles...


— Só consigo ver você.


— Olhe direito, vamos, fique aqui onde eu estou.


Harry deu um passo para o lado, mas com Rony diante do espelho, não conseguiu mais ver sua família, apenas Rony como seu pijama de lã escocesa.


Rony, porém, estava mirando a própria imagem, petrificado.


— Olhe só para mim! — exclamou.


— Você está vendo toda a sua família à sua volta?


— Não, estou sozinho, mas estou diferente... Pareço mais velho, e sou chefe dos monitores.


— O quê?


— Estou... Estou usando um crachá igual ao do Gui... E estou segurando a taça das casas e a taça de Quadribol, sou capitão do time de Quadribol também!


Rony despregou os olhos dessa visão magnífica para olhar excitado para Harry.


— Você acha que esse espelho mostra o futuro?


— Como pode mostrar? A minha família está toda morta. Deixe-me dar outra espiada.


— Você teve o espelho só para você a noite passada, me deixa olhar mais um pouco.


— Você só está segurando a taça de Quadribol, que interesse tem isso? Eu quero ver os meus pais.


— Não me empurre...


Um ruído repentino do lado de fora no corredor pós-fim à discussão dos dois. Não tinham se dado conta do como estavam falando alto.


— Depressa!


Rony atirou a capa de volta para cobri-los na hora que os olhos luminosos de Madame Nor-r-ra apareceram à porta. Rony e Harry ficaram imóveis, ambos pensando a mesma coisa, será que a capa fazia efeito para os gatos? Passado um tempo que pareceu uma eternidade, ela se virou e foi embora.


— Isto é perigoso. Ela pode ter ido buscar o Filch, aposto que nos ouviu. Vamos.


E Rony puxou Harry para fora do quarto.


A neve ainda não derretera na manhã seguinte.


— Quer jogar xadrez, Harry? — convidou Rony.


— Não.


— Por que não descemos para visitar Rúbeo?


— Não... Vai você...


— Sei o que é que você está pensando, Harry, naquele espelho. Não volte lá hoje à noite.


— Por que não?


— Não sei, estou com uma intuição ruim, e de qualquer forma você já escapou por um triz muitas vezes, demais. Filch, Snape e Madame Nor-r-ra estão andando por lá. E daí se eles não conseguem ver você? E se esbarrarem em você? E se você derrubar alguma coisa?


— Você está falando igual a Hermione.


— Estou falando sério. Harry, não vai não.


Mas Harry só tinha um pensamento na cabeça, voltar para frente do espelho, e Rony não ia detê-lo.


–Sinais de que ele está ficando louco- Falou Snape sorrindo maldosamente.


Naquela terceira noite ele encontrou o caminho ainda mais rapidamente do que nas vezes anteriores. Andava tão depressa que sabia que estava fazendo mais barulho do que seria sensato, mas não encontrou ninguém.


E lá estavam sua mãe e seu pai sorrindo de novo para ele, e um dos seus avós acenava feliz com a cabeça. Harry se abaixou para sentar no chão diante do espelho. Não havia nada que pudesse impedi-lo de ficar ali a noite inteira com a família. Nada.


A não ser..


— Então, outra vez aqui, Harry?


Harry sentiu como se suas tripas tivessem congelado. Olhou para trás. Sentado em uma das mesas junto à parede estava ninguém menos que Albus Dumbledore. Harry devia ter passado direto por ele, tão desesperado estava para chegar ao espelho, que nem reparara. — Eu... Eu não vi o senhor.


— É estranho como você pode ficar míope quando está invisível — disse Dumbledore, e Harry sentiu alívio ao ver que ele sorria.


— Então — continuou Dumbledore, escorregando da cadeira até o chão para se sentar ao lado de Harry — você, como centenas antes de você, descobriu os prazeres do Espelho de Ojesed.


— Eu não sabia que se chamava assim, professor.


— Mas espero que a essa altura você já tenha percebido o que ele faz?


— Bom... Me mostra a minha família...


— E mostrou o seu amigo Rony como chefe dos monitores.


— Como é que o senhor soube?


— Eu não preciso de uma capa para me tornar invisível — disse Dumbledore com brandura. — Agora, você é capaz de concluir o que é que o Espelho de Ojesed mostra a nós todos?


Harry sacudiu negativamente a cabeça.


— Deixe-me explicar. O homem mais feliz do mundo poderia usar o Espelho de Ojesed como um espelho normal, ou seja, ele olharia e se veria exatamente como é. Isso o ajuda a pensar?


Harry pensou. Então respondeu lentamente:


— Ele nos mostra o que desejamos... Seja o que for que desejemos...


— Sim e não — disse Dumbledore — Mostra-nos nada mais nem menos do que o desejo mais íntimo, mais desesperado de nossos corações. Você, que nunca conheceu sua família, a vê de pé a sua volta. Ronald Weasley, que sempre teve os irmãos a lhe fazerem sombra, vê-se sozinho, melhor que todos os irmãos. Porém, o espelho não nos dá nem o conhecimento nem a verdade. Já houve homens que definharam diante dele, fascinados pelo que viam, ou enlouqueceram sem saber se o que o espelho mostrava era real ou sequer possível. O espelho vai ser levado para uma nova casa amanhã, Harry, e peço que você não volte a procurá-lo. Se algum dia o encontrar, estará preparado. Não faz bem viver sonhando e se esquecer de viver, lembre-se. E agora, por que você não põe essa capa admirável outra vez e vai dormir?


Harry se levantou.


— Senhor... Professor Dumbledore? Posso lhe perguntar uma coisa?


— Obviamente você acabou de me perguntar — sorriu Dumbledore. — Mas pode me perguntar mais uma coisa.


— O que é que o senhor vê quando se olha no espelho?


–Harry que indelicado- Falou Hermione- Óbviamente é particular.


— Eu? Eu me vejo segurando um par de grossas meias de lã.


Harry arregalou os olhos.


— As meias nunca são suficientes. Mais um Natal chegou e passou e não ganhei nem um par. As pessoas insistem em me dar livros.


Foi somente quando estava de volta à cama que ocorreu a Harry que talvez Dumbledore não tivesse dito a verdade.


–Sério que você pensou isso Harry?- perguntou Rem debochado.


Mas, pensou, enquanto empurrava Perebas para longe do seu travesseiro, fizera uma pergunta muito pessoal.


–Jura- Exclamaram todos os marotos juntos, junto do pessoal do futuro.


–Quem quer ler o próximo?-Pergunto.


–Eu- Falou Professora Minerva e eu entreguei o livro a ela.


Pov Minerva


Até que era interessante esse livro, as vezes engraçado ver tudo isso na visão do Harry, um aluno, nunca tive essa oportunidade e acho que está sendo incrível, pego o livro que Lily E. me ofereceu e começo a ler.


CAPÍTULO TREZE


Nicolau Flamel


Dumbledore convencera Harry a não tornar a procurar o Espelho de Ojesed, e durante o resto das férias de Natal a capa da invisibilidade permaneceu guardada no fundo do baú. Harry gostaria de poder esquecer o que vira no espelho com a mesma facilidade, mas não conseguiu. Começou a ter pesadelos. Sonhava repetidamente com os pais desaparecendo em um relâmpago de luz verde enquanto uma voz esganiçada gargalhava.


— Está vendo? Dumbledore tinha razão, aquele espelho podia deixar você maluco — disse Rony, quando Harry lhe contou os sonhos.


Hermione, que voltou um dia antes do período letivo começar, viu as coisas de outro modo. Estava dilacerada entre o horror de pensar em Harry fora da cama, perambulando pela escola três noites seguidas ("E se Filch tivesse te apanhado!") e o desapontamento que ele não tivesse ao menos descoberto quem era Nicolau Flamel.


Quase perdera as esperanças de encontrar Flamel em um livro da biblioteca, embora Harry tivesse certeza de que lera o nome em algum lugar. Quando o novo período letivo começou, eles voltaram a folhear os livros durante os dez minutos de intervalo entre as aulas. Harry tinha ainda menos tempo do que os outros dois, porque o treino de Quadribol recomeçara.


Olívio estava puxando pelo time como nunca fizera antes. Até mesmo as chuvas intermináveis que substituíram as nevadas não conseguiam esmorecer a sua animação. Os Weasley reclamavam que Olívio estava se tornando fanático, mas Harry o apoiava. Se ganhassem a próxima partida, contra Lufa-Lufa, passariam a frente da Sonserina nocampeonato das casas pela primeira vez em sete anos. Além do desejo de ganhar, Harry descobriu que tinha menos pesadelos quando voltava exausto dos treinos.


Então, durante um treino particularmente chuvoso e enlameado, Olívio deu uma notícia ruim ao time. Acabara de se enfurecer com os Weasley, que davam mergulhos violentos um sobre o outro e fingiam cair das vassouras.


— Vocês querem parar de se comportar feito bobos! — berrou. — Isso é o tipo de atitude que vai fazer a gente perder o jogo! Snape vai apitar dessa vez e vai procurar qualquer desculpa para tirar pontos da Grifinória!


Jorge Weasley realmente caiu da vassoura ao ouvir isso.


— Snape vai apitar o jogo? — perguntou embolando as palavras com a boca cheia de lama. — Quando foi na vida que ele apitou um jogo de Quadribol? Ele não vai ser imparcial se tivermos chance de passar à frente de Sonserina.


–Putz- Falou Al.


O resto do time pousou ao lado de Jorge para reclamar também.


— A culpa não é minha — disse Olívio. — Nós é que vamos ter de nos cuidar e jogar uma partida limpa, para não dar a Snape desculpa para implicar conosco.


Estava tudo muito bem, pensou Harry, mas ele tinha outra razão para não querer Snape por perto quando estivesse jogando Quadribol.


Os outros jogadores se demoraram conversando no final do treino como sempre faziam, mas Harry rumou direto para a sala comunal de Grifinória, onde encontrou Rony e Hermione jogando xadrez. Xadrez era a única coisa em que Hermione perdia, uma experiência que Rony e Harry achavam que lhe fazia muito bem.


— Não fale comigo agora — pediu Rony quando Harry se sentou ao seu lado. — Preciso me concentrar. – Ai, viu a cara do Harry.


— Que aconteceu com você? Está com uma cara horrível.


Falando baixinho para ninguém mais ouvir, Harry contou aos dois o desejo sinistro e súbito de Snape de ser juiz de Quadribol.


— Não jogue — disse Hermione na mesma hora.


— Diga que está doente — aconselhou Rony.


— Finja que quebrou a perna — sugeriu Hermione.


— Quebre a perna de verdade — insistiu Rony.


— Não posso — respondeu Harry — Não temos apanhador de reserva. Se eu fujo, Grifinória não vai poder jogar.


Naquele momento, Neville entrou aos tombos na sala comunal.


Como conseguira passar pelo buraco do retrato ninguém sabia, porque tinha as pernas grudadas pelo que eles imediatamente reconheceram ser o Feitiço da Perna Presa. Devia ter precisado andar aos pulos como um coelho até a torre de Grifinória.


–Coitado- Falou Rose-Tio Neville é bem legal.


Todo o mundo caiu na gargalhada menos Hermione, que ficou em pé de um salto e fez o contra-feitiço. As pernas de Neville se separaram e ele se endireitou, tremendo.


— Que aconteceu? — perguntou Hermione, levando-o para se sentar com Harry e Rony.


— Malfoy — disse Neville com a voz trêmula. — Encontrei-o na saída da biblioteca. Ele disse que estava procurando alguém em quem praticar o feitiço.


— Vá procurar a Professora Minerva! — insistiu Hermione. — Dê parte dele!


Neville sacudiu a cabeça.


— Não quero mais confusão — murmurou.


— Você tem de enfrentá-lo, Neville! — disse Rony. — Ele está acostumado a pisar nas pessoas, mas não há razão pata você se deitar aos pés dele para facilitar.


— Não precisa me dizer que não sou bastante corajoso para pertencer a Grifinória. Draco já fez isso — disse Neville engasgado.


Harry apalpou o bolso de suas vestes e tirou um sapo de chocolate, o último da caixa que Hermione lhe dera no Natal. Deu-o a Neville, que estava com cara de quem ia chorar.


— Você vale doze Dracos — disse Harry. — O Chapéu Seletor escolheu você para Grifinória, não foi? E onde está Draco? Naquela Sonserina nojenta.


–Nossa pai, obrigado, achei que não ligasse pelo fato de eu ser sonserino- Falou Albus brincando.


–Meu filho, minha opinião mudou muito depois do primeiro ano.


A boca de Neville se contraiu num sorrisinho enquanto desembrulhava o sapo.


— Obrigado, Harry. Acho que vou para a cama... Você quer o cartão, você coleciona, não é?


Quando Neville se afastou, Harry olhou para o cartão de Bruxo Famoso.


— Dumbledore outra vez. Ele foi o primeiro que...


E soltou uma exclamação. Olhou para o verso do cartão. Em seguida olhou para Rony e Hermione.


— Encontrei!— murmurou — Encontrei Flamel! Eu disse a vocês que tinha lido o nome dele em algum lugar. Li-o no trem a caminho daqui. Escutem só isso:


O Professor Dumbledore é particularmente famoso por ter derrotado Grindelwald, o bruxo das Trevas, em 1945, e ter descoberto os doze usos do sangue de dragão, e por desenvolver um trabalho de alquimia em parceria com Nicolau Flamel.


–Aleluia- Exclamou Lily.


Hermione ficou em pé de um salto. Não parecia tão animada desde que eles tinham recebido as notas do primeiro dever de casa.


— Não saiam daqui! — disse e saiu escada acima em direção aos dormitórios das meninas. Harry e Rony mal tiveram tempo de trocar um olhar intrigado e ela já estava correndo de volta, com um enorme livro velho nos braços.


— Nunca pensei em olhar aqui — falou excitada. — Tirei-o da biblioteca há semanas para me distrair um pouco.


— Distrair? — admirou-se Rony, mas Hermione mandou-o ficar quieto, enquanto procurava alguma coisa e começou a folhear as páginas do livro, ansiosa, resmungando para si mesma.


Finalmente encontrou o que procurava.


— Eu sabia! Eu sabia!


— Já podemos falar? — perguntou Rony de mau humor.


Hermione não lhe deu resposta.


— Nicolau Flamel — sussurrou ela teatralmente — é, ao que se sabe, a única pessoa que produziu a Pedra Filosofal.


–Por isso o nome do livro é A Pedra Filosofal- Falou Sirius.


A frase não teve bem o efeito que ela esperava.


— A o quê? — exclamaram Harry e Rony.


— Ah, francamente, vocês dois não leem? Olhem, leiam isso aqui.


Ela empurrou o livro para os dois, que leram:


O antigo estudo da alquimia preocupava-se com a produção da Pedra Filosofal, uma substancia lendária com poderes fantásticos. A pedra pode transformar qualquer metal em ouro puro. Produz também o Elixir da Vida, que torna quem o bebe imortal.


Falou-se muito da Pedra Filosofal durante séculos, mas a única Pedra que existe presentemente pertence ao Sr. Nicolau Flamel o famoso alquimista e amante da opera. O Sr. Flamel que comemorou o seu sexcentésimo sexagésimo quinto aniversário no ano passado, leva uma vida tranquila em Devon, com sua mulher, Perenelle (seiscentos e cinqüenta e oito anos).


— Viram? — disse Hermione, quando Harry e Rony terminaram. — O cachorro deve estar guardando a Pedra Filosofal de Flamel! Aposto que ele pediu a Dumbledore que a guardasse em segurança, porque são amigos e ele sabia que alguém andava atrás dela, esse é o motivo por que Dumbledore quis transferir a pedra de Gringotes.


— Uma pedra que produz ouro e não deixa a gente morrer! — exclamou Harry. — Não admira que Snape ande atrás dela! Qualquer um andaria.


— E não admira que não conseguíssemos encontrar Flamel em Estudos aos avanços recentes em magia — disse Rony — Ele não é bem recente, se já fez seiscentos e sessenta e cinco anos, não é mesmo?


Na manhã seguinte, na sala de Defesa Contra a Magia Negra, enquanto copiavam as diferentes maneiras de tratar mordidas de lobisomem, Harry e Rony continuavam a discutir o que fariam com uma Pedra Filosofal se tivessem uma. Somente quando Rony disse que compraria o próprio time de Quadribol foi que Harry se lembrou de Snape e da partida que se aproximava.


— Eu vou jogar — disse a Rony e Hermione. — Se não fizer isso, o pessoal de Sonserina vai pensar que tenho medo de encarar Snape. Vou mostrar a eles... Vamos tirar aquele sorriso da cara deles se vencermos.


— Desde que a gente não acabe tirando você da quadra — disse Hermione.


À medida que a partida se aproximava, porém, Harry foi ficando cada vez mais nervoso, mesmo que negasse isso para Rony e Hermione. O resto do time também não estava tão calmo assim. A ideia de passar à frente de Sonserina no campeonato das casas era maravilhosa, ninguém fazia isso havia quase sete anos, mas será que conseguiriam, com um juiz tão parcial?


Harry não sabia se estava ou não imaginando, mas parecia estar sempre encontrando Snape por todo lugar em que ia. Às vezes, ele até se perguntava se Snape não o estava seguindo, tentando apanhá-lo sozinho. As aulas de Poções estavam se transformando numa espécie de tortura semanal. De tão ruim que Snape era com Harry. Seria possível que Snape tivesse descoberto que os meninos haviam lido sobre a Pedra Filosofal? Harry não imaginava como, no entanto, por vezes tinha uma horrível sensação de que Snape podia ler pensamentos.


Todos riram do garoto corou, só ele mesmo.


Harry sabia que, quando lhe desejassem boa sorte à porta do vestiário na tarde seguinte, Rony e Hermione estariam se perguntando se o veriam vivo outra vez. Isto não era o que se poderia chamar de consolo. Harry mal ouviu uma palavra da conversa de Olívio para animar os jogadores enquanto vestia o uniforme de Quadribol e apanhava sua Nimbus 2000.


Entrementes, Rony e Hermione tinham encontrado um lugar nas arquibancadas junto a Neville, que não conseguia entender por que eles estavam tão sérios e tampouco por que haviam trazido as varinhas para o jogo. Mal sabia Harry que Rony e Hermione tinham andado praticando secretamente o Feitiço das Pernas Presas. Tinham tido essa ideia ao verem Draco usá-lo contra Neville e estavam preparados para usá-lo contra Snape se ele desse o menor sinal de querer machucar Harry.


— Agora não esqueça, é Locomotor Mortis — cochichou Hermione enquanto Rony escondia a varinha na manga.


— Eu sei — Rony respondeu com maus modos. — Não chateia.


Mas no vestiário, Olívio puxara Harry para um lado.


— Não quero pressioná-lo, Potter, mas se há um dia em que precisamos agarrar o pomo logo de saída é hoje. Termine o jogo antes que Snape possa favorecer Lufa-Lufa demais.


— A escola inteira está lá fora! — disse Fred Weasley, espiando para fora da porta. — Até mesmo, putz, Dumbledore veio assistir!


O coração de Harry deu um salto.


— Dumbledore? — disse, correndo até a porta para se certificar se Fred tinha razão. Não havia como confundir aquela barba prateada.


Harry poderia ter dado uma grande gargalhada de alívio. Estava seguro. Simplesmente não havia jeito de Snape ousar machucá-lo se Dumbledore estivesse assistindo.


Talvez fosse por isso que Snape estava com a cara tão zangada na hora em que os times entraram em campo, uma coisa em que Rony também reparou.


— Nunca vi Snape com uma cara tão feia — disse a Hermione.


— Olhe, começou. Ai!


Alguém cutucara Rony na cabeça. Era Draco.


— Ah, desculpe, Weasley, não vi você aí. — Draco deu um largo sorriso para Crabbe e Goyle. — Quanto tempo será que Potter vai se aguentar na vassoura desta vez? Alguém quer apostar? E você, Weasley?


Rony não respondeu, Snape acabara de achar uma penalidade na Grifinória porque Jorge Weasley mandara um balaço nele.


Hermione, que mantinha todos os dedos cruzados no colo, apertava os olhos fixos em Harry, que circulava sobre os jogadores como um falcão, à procura do pomo.


— Sabe como eu acho que eles escolhem jogadores para o time da Grifinória? — disse Draco bem alto alguns minutos depois, quando Snape aplicou nova penalidade em Grifinória sem a menor razão. — Escolhem as pessoas que dão pena. Vê só, o Potter, que não tem pais, depois os Weasley, que não tem dinheiro. Você também devia estar no time, Longbottom, você não tem miolos.


Neville ficou muito vermelho, mas se virou para encarar Draco.


— Eu valho doze Dracos, Malfoy — gaguejou ele.


Draco, Crabbe e Goyle rolaram de rir, mas Rony, que continuava sem coragem de despregar os olhos do jogo, disse:


— Isso mesmo, responda a ele, Neville.


— Longbottom, se miolos fossem ouro, você seria mais pobre do que Weasley e isso já é muita coisa.


Os nervos de Rony já estavam esticados ao máximo de tanta preocupação como Harry.


— Estou lhe avisando, Draco... Mais uma palavra...


— Rony! — disse Hermione de repente. — Harry!


— Quê? Onde?


Harry inesperadamente dera um mergulho espetacular, que provocou exclamações e vivas da torcida. Hermione se levantou, os dedos cruzados na boca, enquanto Harry voava para o chão como uma bala.


— Você está com sorte, Weasley, Potter com certeza localizou dinheiro no chão! — disse Draco.


Rony reagiu. Antes que Draco soubesse o que estava acontecendo, Rony partiu para cima dele e o derrubou no chão.


Neville hesitou, depois pulou o encosto da cadeira para ajudar.


— Vamos, Harry! — Hermione gritou, pulando em cima da cadeira para observar Harry se precipitar na direção de Snape, ela nem sequer reparou que Draco e Rony estavam embolados em baixo de sua cadeira, nem nos pés arrastados e gritos que saiam do redemoinho de socos que era Neville, Crabbe e Goyle.


Todos estavam apreensivos para saber se ele pegara o pomo.


No alto, Snape virou na vassoura bem em tempo de ver uma coisa vermelha passar veloz por ele, deixando de atingi-lo por centímetros, e no segundo seguinte, Harry saia do mergulho, o braço erguido em triunfo, o pomo seguro na mão.


–Uhu- Todos na sala comunal comemoravam, até os sonserinos, menos é claro Snape e Malfoy.


As arquibancadas explodiram, tinha que ser um recorde, ninguém era capaz de lembrar do pomo ter sido agarrado tão depressa.


— Rony! Rony! Cadê você? A partida terminou! Harry ganhou! Nós ganhamos! Grifinória está na frente! — gritava Hermione, dançando da cadeira para o chão e dali para a cadeira e se abraçando com Parvati na fileira da frente.


Harry saltou da vassoura antes de chegar ao solo. Não conseguia acreditar. Agarrara. O jogo terminou, nem chegara a durar cinco minutos. Quando Grifinória invadiu o campo, ele viu Snape pousar ali perto, a cara branca e os lábios contraídos, depois Harry sentiu uma mão no seu ombro, ergueu a cabeça e deparou como rosto sorridente de Dumbledore.


— Muito bem — disse Dumbledore baixinho, de modo que somente Harry pudesse ouvir. — Que bom ver que você não ficou pensando naquele espelho... Manteve-se ocupado... Excelente...


Snape cuspiu com amargura no chão.


Harry deixou o vestiário sozinho algum tempo depois, para levar sua Nimbus 2000 de volta à garagem. Não se lembrava de ter se sentido mais feliz. Realmente fizera agora uma coisa de que poderia se orgulhar, ninguém poderia mais dizer que ele era apenas um nome famoso. O ar da noite nunca lhe parecera mais gostoso. Caminhou pela grama úmida, revivendo mentalmente a última hora, que era um borrão de felicidade: Grifinória correndo para erguê-lo nos ombros, Rony e Hermione a distância, pulando de alegria, Rony dando vivas como nariz escorrendo sangue.


Harry e Hermione riram do amigo, que deu um sorriso fraco.


Harry chegara à garagem. Recostou-se na porta de madeira e contemplou Hogwarts, com suas janelas avermelhadas pelo sol poente. Grifinória na liderança. Ele conseguira, mostrara a Snape...


E por falar em Snape...


Uma figura encapuzada descia rapidamente os degraus de entrada do castelo. Sem dúvida não queria ser vista, andava o mais depressa que podia em direção à floresta proibida. A vitória de Harry se apagou de sua mente enquanto o observava. Reconheceu o andar predador da figura. Snape, escapulindo até a floresta enquanto todos jantavam, que estava acontecendo?


Harry tornou a montar a Nimbus 2000 e levantou vôo.


Planando silenciosamente sobre o castelo, viu Snape entrar na floresta correndo. Seguiu-o.


As árvores eram tão juntas que ele não conseguia ver aonde fora Snape. Voou em círculos cada vez mais baixos, roçando a copa das árvores até que ouviu vozes. Planou em direção a elas e pousou, sem ruído, em uma alta bétula.


–Curioso- Falou Lily.


Subiu com cuidado em um dos ramos, segurando-se firme na vassoura, tentando espiar por entre as folhas.


Embaixo, na clareira sombria, estava Snape, mas não estava sozinho. Quirrell estava com ele. Harry não conseguiu distinguir a expressão no seu rosto, mas a gagueira estava pior que nunca.


Harry apurou o ouvido para entender o que conversavam.


— ... Não sei por que você quis se encontrar logo aqui, Severo...


— Ah, quis manter o encontro sigiloso — disse Snape, a voz gélida. — Afinal os alunos não devem saber sobre a Pedra Filosofal.


Harry se curvou para frente. Quirrell balbuciou alguma coisa.


Snape interrompeu-o.


— Você já descobriu como passar por aquela fera do Hagrid?


— M... M... Mas, Severo, eu...


— Você não quer que eu seja seu inimigo, Quirrell — ameaçou Snape, dando um passo em direção a ele.


— N... N... Não creio que você...


— Você sabe perfeitamente o que quero dizer.


Uma coruja piou alto e Harry quase caiu da árvore. Firmou-se em tempo de ouvir Snape dizer:


— ... As suas mágicas de araque. Estou esperando.


— M... Mas eu n... N... Não...


— Muito bem — interrompeu-o Snape. — Vamos ter outra conversinha em breve, quando você tiver tido tempo de pensar nas coisas e decidir com quem está a sua lealdade.


E jogando a capa por cima da cabeça saiu da clareira. Estava quase escuro agora, mas Harry pôde discernir Quirrell, parado muito quieto como se estivesse petrificado.


— Harry, onde é que você esteve? — perguntou Hermione com a voz esganiçada.


— Vencemos! Você venceu! Nós vencemos! — gritou Rony, dando palmadas nas costas de Harry — E deixei o olho de Draco roxo e Neville tentou enfrentar Crabbe e Goyle sozinho! Ainda está desacordado, mas Madame Pomfrey diz que ele vai ficar bom.


— Isso é que é mostrar a Sonserina! Todos estão esperando você na sala comunal, estamos dando uma festa, Fred e Jorge roubaram uns bolos e outras coisinhas nas cozinhas.


— Deixem isso para lá agora — disse Harry, sem fôlego. — Vamos procurar uma sala vazia, esperem ate ouvirem isso...


Ele verificou se Pirraça não estava na sala antes de fechar a porta, depois contou aos amigos o que vira e ouvira.


— Então tínhamos razão, é a Pedra Filosofal e Snape está tentando obrigar Quirrell a ajudá-lo a roubar. Ele perguntou se o outro sabia como passar por Fofo, e falou alguma coisa sobre as magiquinhas de Quirrell. Imagino que haja outras coisas protegendo a pedra além de Fofo, uma porção de feitiços, provavelmente, e Quirrell deve ter feito algum contra-feitiço de que Snape precisa para entrar...


— Você quer dizer que a Pedra só está segura enquanto Quirrell resistir a Snape? — perguntou Hermione alarmada.


— Terça-feira ela terá desaparecido — disse Rony.


–Vocês gostam de fazer os outros ficarem curiosos não?- Perguntou Sirius rindo, no final acabei decidindo que leria o próximo.

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