Norberto, o Dragão Norueguês/A
Pov Minerva
–Vou começar-Avisei.
–CAPÍTULO CATORZE
Norberto, O Dragão Norueguês
–Dragão?Que legal-Falou Hugo empolgado.
Quirrell, no entanto, deve ter sido muito mais corajoso do que eles pensaram. Nas semanas seguintes ele pareceu estar ficando mais pálido e mais magro, mas não parecia ter cedido.
Todas as vezes que os meninos passavam pelo corredor do terceiro andar, Harry, Rony e Hermione encostavam as orelhas na porta para verificar se Fofo continuava a rosnar lá dentro. Snape levava a vida no seu habitual mau humor, o que com certeza significava que a Pedra continuava a salvo. Sempre que Harry passava por Quirrell nesses últimos dias dava-lhe um sorriso como a encorajá-lo, e Rony começara a censurar as pessoas que riam da gagueira de Quirrell.
James C. riu.
–Antes vocês riam dele agora vocês o defendem?
Hermione, no entanto, tinha mais no que pensar do que na Pedra Filosofal.Começara a programar suas revisões e a marcar em cores suas anotações de aula para classificá-las. Harry e Rony não teriam se importado com isso, mas ela não parava de chateá-los para fazerem o mesmo.
— Hermione, os exames estão a séculos de distância.
— Dez semanas — retorquiu Hermione. — Não são séculos, é como um segundo para Nicolau Flamel.
— Mas nós não temos seiscentos anos — lembrou-lhe Rony. Em todo o caso, o que é que você está revisando se já sabe tudo?
— Que é que estou revisando? Vocês ficaram malucos? Vocês já perceberam que precisamos passar nesses exames para chegar ao segundo ano? Eles são muito importantes, eu deveria ter começado a estudar a um mês, não sei o que deu em mim...
–Isso Hermione, vê se coloca alguma coisa na cabeça deles-Falei.
Infelizmente, os professores pareciam estar pensando da mesma maneira que Hermione. Passaram tantos deveres de casa que as férias da Páscoa não foram tão divertidas quanto as de Natal. Ficou difícil se descontrair com Hermione ao lado, recitando os doze usos do sangue de dragão ou praticando movimentos com a varinha. Aos gemidos e bocejos, Harry e Rony passaram a maior parte do tempo livre com ela, na biblioteca, tentando dar conta de todos os deveres extras.
— Eu nunca vou me lembrar disso — desabafou Rony uma tarde, largando a pena de escrever na mesa e olhando desejoso pela janela da biblioteca. Era na realidade o primeiro dia bonito que tinham em meses. O céu estava claro, azul-miosótis e havia uma expectativa de verão no ar.
Harry, que estava procurando o verbete "Ditamno" no livro de Cem ervas e fungos mágicos, não levantou os olhos até a hora em que ouviu Rony exclamar:
— Rúbeo! Que é que você está fazendo na biblioteca?
Hagrid veio arrastando os pés, escondendo alguma coisa às costas. Parecia muito deslocado com o seu casaco de pêlo de toupeira.
— Só olhando — disse numa voz insegura que imediatamente despertou o interesse deles. — E o que é que vocês estão armando? — Ele pareceu repentinamente desconfiado. — Não continuam procurando o Nicolau Flamel, continuam?
— Ah, já descobrimos quem ele é há séculos — disse Rony para impressionar. — E você sabe o que é que aquele cachorro está guardando, é a Pedra Filo...
–Metido-Ralhou Mione.
— Chhhhi! — Hagrid olhou à sua volta depressa para ver se alguém estava escutando. — Não saiam gritando isso por ai, que foi que deu em vocês?
— Mas, tem umas coisinhas que queríamos perguntar a você. — disse Harry — sobre as outras coisas que estão protegendo a Pedra além do Fofo...
— CHHHHHI! — fez Hagrid de novo. — Escutem, venham me ver mais tarde, não estou prometendo que vou lhes dizer nada, vejam bem, mas não saiam dando com a língua nos dentes por ai, estudantes não devem saber disso. Vão achar que fui eu que contei a vocês...
— Vemos você mais tarde, então — concordou Harry.
Hagrid saiu arrastando os pés.
— Que é que ele estava escondendo às costas? — perguntou Hermione pensativa.
— Acham que tinha alguma coisa a ver com a Pedra?
— Vou ver em que seção ele estava — prontificou-se Rony, que já estava farto de trabalhar. Voltou um minuto depois com uma braçada de livros e largou-os em cima da mesa.
— Dragões — cochichou — Rúbeo estava procurando coisas sobre dragões! Olhem só estes: Espécies de dragões da Grã-Bretanha e da Irlanda, Do ovo ao inferno, guia do guardador de dragões.
— Rúbeo sempre quis um dragão, ele me disse isso da primeira vez em que nos vimos — comentou Harry.
— Mas é contra as nossas leis — argumentou Rony. — Criar dragões foi proibido pela Convenção dos Bruxos de 1709, todo o mundo sabe disso. É difícil evitar que os trouxas reparem em nós se criarmos dragões no quintal. Em todo o caso, não se pode domesticar dragões, é perigoso. Vocês deviam ver as queimaduras que Carlinhos recebeu de dragões selvagens na Romênia.
— Mas não tem dragões selvagens na Grã-Bretanha? — perguntou Harry.
— Claro que tem — respondeu Rony — Os dragões verdes galeses e os negros das ilhas Hébridas. O Ministério da Magia tem um bocado de trabalho para mantê-los em segredo, posso lhe garantir. O nosso povo vive enfeitiçando trouxas que os viram, para fazê-los esquecer.
— Então o que será que Rúbeo anda armando? — perguntou Hermione.
Quando eles bateram á porta da cabana do guarda-caça uma hora mais tarde, ficaram surpresos de ver que todas as cortinas estavam fechadas. Hagrid perguntou "Quem é?" antes de deixá-los entrar e em seguida fechou depressa a porta assim que eles entraram.
Estava um calor sufocante no interior da cabana. E embora fosse um dia bem quente havia um fogaréu na lareira. Hagrid preparou chá para os meninos e lhes ofereceu sanduíches de carne de arminho, que eles recusaram.
— Então, vocês queriam me perguntar uma coisa?
— Queríamos — disse Harry. Não havia sentido em perder tempo com rodeios. — Estivemos pensando se você poderia nos dizer o que mais está protegendo a Pedra Filosofal além de Fofo.
Hagrid amarrou a cara.
— Claro que não posso dizer. Primeiro, eu mesmo não sei. Segundo vocês já sabem demais, de modo que eu não diria a vocês se soubesse. Aquela Pedra está aqui por uma boa razão. Quase foi roubada de Gringotes. Suponho que vocês já chegaram a essa conclusão. Fico até espantado que saibam da existência de Fofo.
— Ah, vamos Rúbeo, talvez você não queira nos dizer,mas você sabe tudo o que acontece por aqui — disse Hermione num tom caloroso e lisonjeiro. A barba de Hagrid mexeu e eles perceberam que estava sorrindo. — Só estávamos querendo saber realmente quem fez o feitiço de proteção — continuou Hermione. — Estávamos querendo saber em quem Dumbledore teria confiado o suficiente para ajudá-lo, além de você.
O peito de Rúbeo se estufou ao ouvir essas palavras. Harry e Rony se abriram em sorrisos para Hermione.
–Não acredito que vocês fazem isso para conseguir informações-Falei.
–Acredite, tem dado certo-Falou Ronald.
–Ron-Ralhou Hermione e todos os outros riram.
— Bom, acho que não poderia fazer mal contar isso... Vamos ver.. Ele pediu Fofo emprestado a mim... Depois alguns professores fizeram os feitiços... A Professora Sprout.. O Professor Flitwick... A Professora Minerva... — ele foi contando nos dedos — o Professor Quirrell... E o próprio Dumbledore também fez alguma coisa, é claro.
Um momento esqueci alguém. Ah, sim, o Professor Snape.
— Snape?
— É, vocês não continuam insistindo naquela ideia,ou continuam? Olhem, Snape ajudou a proteger a Pedra, não está prestes a roubá-la.
Harry sabia que Rony e Hermione estavam pensando o mesmo que ele. Se Snape fora chamado para proteger a Pedra, devia ter sido fácil descobrir como os outros professores a tinham protegido. Ele provavelmente sabia de tudo, exceto, ao que parecia, o feitiço que Quirrell fizera e de que jeito passar por Fofo.
— Você é o único que sabe como passar pelo Fofo, não e, Rúbeo? — Harry perguntou, ansioso. — E você não diria a ninguém, não é? Nem mesmo a um dos professores?
— Ninguém sabe a não ser eu e Dumbledore — disse Hagrid orgulhoso.
— Bom, isso já é alguma coisa — murmurou Harry para os outros. — Rúbeo, podemos abrir uma janela? Estou assando.
— Não pode, desculpe Harry — disse Hagrid. Harry notou que ele olhava para o fogo. Harry olhou também.
— Rúbeo, o que é isso?
Mas ele já sabia o que era. Bem no meio do fogo, debaixo da chaleira, havia um enorme ovo negro.
–Oh Merlin-Exclamaram Lily E. e Rose.
— Ah — respondeu Hagrid, mexendo, nervoso, na barba. — É... Ah...
— Onde foi que você arranjou isso, Rúbeo? — perguntou Rony, abaixando-se para o fogo para olhar o ovo mais de perto. — Isso deve ter-lhe custado uma fortuna.
— Ganhei. A noite passada. Eu estava na vila tomando uns tragos e entrei num joguinho de cartas com um estranho. Acho que ele ficou bem contente de se livrar do ovo, para ser sincero.
— Mas o que é que você vai fazer com ele, quando chocar? — perguntou Hermione.
— Bom, andei lendo um pouco — disse Hagrid, tirando um grande livro de baixo do travesseiro. — Apanhei este na biblioteca:
A criação de dragões como prazer e fonte de renda. É meio desatualizado, é claro, mas está tudo aqui. Mantenha o ovo no fogo porque as mães sopram fogo em cima deles, sabe, e quando chocar dê-lhe um balde de conhaque misturado com sangue de galinha a cada meia hora. E vejam aqui: como reconhecer os diferentes ovos, e este aqui é um dragão norueguês. São raros esses.
Ele parecia muito satisfeito consigo mesmo, mas Hermione não.
— Rúbeo, você mora numa cabana de madeira — lembrou-lhe.
Mas Hagrid nem escutou. Estava cantarolando alegremente enquanto atiçava o fogo.
Então agora tinham mais uma coisa com que se preocupar: o que poderia acontecer a Hagrid se alguém descobrisse que estava escondendo um dragão ilegal em sua cabana.
— Como será ter uma vida tranquila— suspirou Rony, pois noite após noite eles lutavam para dar conta de todos aqueles deveres de casa suplementares que estavam recebendo. Hermione agora começava a programar as revisões de Harry e Rony também.
Estava deixando os dois malucos.
Então, certo dia ao café da manhã, Edwiges trouxe outro bilhete de Hagrid para Harry. Ele escrevera apenas duas palavras.
―Está furando.
Rony queria faltar à Herbologia e ir direto à cabana. Hermione nem quis ouvir falar nisso.
— Hermione, quantas vezes na vida vamos ver um dragão saindo do ovo?
— Temos aulas, vamos nos meter em confusão, e isso não vai ser nada comparado à situação de Rúbeo quando descobrirem o que ele anda fazendo.
— Cala a boca! — cochichou Harry.
Malfoy estava a apenas alguns passos e parou instantaneamente para ouvir. Quanto teria ouvido? Harry não gostou nem um pouco da expressão que viu na cara de Malfoy.
Rony e Hermione discutiram todo o tempo a caminho da aula de Herbologia e, no final, Hermione concordou em dar uma corrida à casa de Hagrid com os dois no intervalo da manhã.
Quando a sineta tocou no castelo anunciando o fim da aula, os três largaram as colheres de jardineiro e atravessaram a propriedade correndo em direção à orla da floresta.
Hagrid cumprimentou-os parecendo vermelho e excitado.
— Está quase furando. — Conduziu-os para dentro.
O ovo estava em cima da mesa. Tinha fundas rachaduras.
Alguma coisa se mexia dentro dele, fazia um barulhinho engraçado.
Todos puxaram as cadeiras para junto da mesa e observaram com a respiração presa.
De repente ouviram um som arranhado e o ovo se abriu. O dragão-bebê caiu molemente em cima da mesa. Não era exatamente bonito, Harry achou que parecia um guarda-chuva preto amassado. As asas espinhosas eram enormes em contraste como corpo preto e magro, tinha um focinho longo com narinas largas, tocos de chifres e olhos esbugalhados cor de laranja.
Espirrou. Voaram fagulhas do seu focinho.
— Ele não é lindo? — murmurou Hagrid.
–E você tem alguns probleminhas-Arriscou dizer Lily L.
–Mas é claro que não, Hagrid só gosta de criaturas que os outros acham perigosas-Falou Harry defendendo o amigo.
–Se você diz-A garota deu de ombros.
Esticou a mão para afagar a cabeça do dragão. O bicho tentou morder seus dedos, deixando à mostra presas pontiagudas.
— Deus o abençoe, olhe, ele conhece a mamãe! — exclamou Hagrid.
— Rúbeo — perguntou Hermione —, exatamente com que rapidez um dragão norueguês cresce?
Hagrid ia responder quando a cor subitamente desapareceu do seu rosto, ele deu um salto e correu à janela.
— Que foi?
— Alguém estava espiando pela fresta nas cortinas, um garoto estava correndo de volta para a escola.
Harry se precipitou para a porta e espiou para fora. Mesmo a distância não havia como se enganar.
Malfoy vira o dragão.
Alguma coisa no sorriso que rondou a cara de Malfoy durante a semana seguinte deixou Harry, Rony e Hermione muito nervosos. Passaram a maior parte do tempo livre na cabana sombria de Hagrid, tentando argumentar com ele.
— Deixe o dragão ir embora — insistia Harry — Solte ele.
— Não posso — disse Hagrid. — Ele é muito pequeno. Morreria.
Eles olharam para o dragão. Aumentara três vezes de comprimento em uma semana. A fumaça não parava de sair de suas narinas. Hagrid não estava cumprindo suas tarefas de guarda-caça porque o dragão o mantinha muito ocupado. Havia garrafas vazias de conhaque e penas de galinha por todo o chão.
— Decidi chamá-lo de Norberto — anunciou Hagrid, olhando para o dragão com olhos sonhadores. — Ele realmente sabe quem eu sou, olhem. Norberto! Norberto! Onde está a mamãe?
— Ele pirou — cochichou Rony na orelha de Harry.
Todos riram.
— Rúbeo — disse Harry em voz alta —, dê mais quinze dias e Norberto vai ficar do tamanho de sua casa. Malfoy pode procurar Dumbledore a qualquer momento.
Hagrid mordeu o lábio.
— Eu... Eu sei que não vou poder ficar com ele para sempre, mas também não posso largá-lo assim, não posso.
Harry de repente virou-se para Rony.
— Carlinhos — falou.
— Você também — respondeu Rony. — Eu sou Rony, está lembrado?
— Não, Carlinhos... Seu irmão, Carlinhos. Na Romênia. Estudando dragões. Poderíamos mandar Norberto para ele. Carlinhos pode cuidar dele e depois devolvê-lo à floresta!
— Brilhante! — exclamou Rony. — Que é que você acha Rúbeo?
E no fim, Hagrid concordou que podiam mandar uma coruja a Carlinhos para consultá-lo.
A semana seguinte se arrastou. A noite de quarta-feira encontrou Hermione e Harry sentados sozinhos na sala comunal, muito depois de todos terem ido se deitar. O relógio na parede acabara de bater meia-noite quando o buraco do retrato se abriu de repente. Rony se materializou ao tirar a capa da invisibilidade de Harry. Estivera na cabana de Hagrid, ajudando a alimentar Norberto, agora comendo caixotes de ratos mortos.
— Ele me mordeu! — disse ele mostrando a mão, que trazia enrolada em um lenço ensanguentado — Não vou conseguir segurar a pena de escrever durante uma semana. Vou lhe contar, aquele dragão é o bicho mais horrível que conheci, mas quem ouve Rúbeo falar pensa que ele é um coelhinho fofo. Quando o dragão me mordeu, ele ralhou comigo por tê-lo assustado. E quando sai, estava cantando uma canção de ninar.
Todos riram da desgraça do coitado, mas consegui me segurar.
Ouviu-se uma batida na janela escura.
— É a Edwiges! — disse Harry, correndo para deixá-la entrar — Deve estar trazendo a resposta de Carlinhos!
Os três juntaram as cabeças para ler o bilhete.
Caro Rony,
Como vai? Obrigado pela carta, terei prazer em cuidar do dragão norueguês, mas não será fácil mandá-lo para mim. Acho que o melhor será mandá-lo por alguns amigos que estão vindo me visitar na próxima semana. O problema é que eles não podem ser vistos carregando um dragão ilegal.
Você poderia levar o dragão para a torre mais alta à meia-noite de sábado? Eles podem se encontrar com você lá e levá-lo enquanto ainda está escuro.
Mande-me uma resposta o mais breve possível.
Afetuosamente, Carlinhos.
Eles se entreolharam.
— Temos a capa da invisibilidade — disse Harry — Não deve ser muito difícil. Acho que a capa é bastante grande para cobrir dois de nós e o Norberto.
O fato de os outros dois concordarem indicava como a semana fora ruim, Qualquer coisa para se livrarem de Norberto e de Malfoy.
Mas houve um imprevisto. Na manhã seguinte, a mordida do dragão fizera a mão de Rony inchar, ficando duas vezes o seu tamanho normal. Ele não sabia se era seguro procurar Madame Pomfrey, será que ela reconheceria uma mordida de dragão? À tarde, porém, não houve mais jeito. O corte adquirira uma feia cor verde. Dava a impressão de que as presas de Norberto eram venenosas.
Harry e Hermione correram para a ala do hospital no fim do dia e encontraram Rony acamado numa situação horrível.
— Não é só a minha mão — cochichou ele — embora ela pareça que vai cair. Malfoy disse à Madame Pomfrey que queria pedir emprestado um livro meu, para poder vir dar uma boa gargalhada. Ficou ameaçando contar a ela o que realmente me mordera. Eu disse que foi um cachorro, mas acho que ela não está acreditando. Eu não devia ter batido nele no jogo de Quadribol, é por isso que ele está agindo assim.
Alguns lançaram olhares duros ao Draco, mas coitado, ele está se redimindo, temos que dar uma chance ao garoto.
Harry e Hermione tentaram acalmar Rony.
— Tudo vai terminar à meia-noite de sábado — disse Hermione, mas isso não acalmou Rony nem um pouquinho. Pelo contrário, ele se sentou muito empertigado e desatou a suar.
— Meia-noite de sábado! — disse com a voz rouca — Ah, não... Ah, não... Acabei de me lembrar, a carta de Carlinhos estava no livro que Malfoy levou, ele vai saber que vamos nos livrar de Norberto.
Harry e Hermione não tiveram nem chance de responder. Madame Pomfrey apareceu naquele instante e fez os dois saírem, dizendo que Rony precisava dormir.
— Agora é tarde demais para mudarmos de plano. Não temos mais tempo para mandar outra coruja a Carlinhos e essa pode ser a nossa única oportunidade de nos livrarmos de Norberto. Teremos de arriscar. E temos a capa da invisibilidade, Malfoy não sabe disso.
Eles encontraram Canino, o cão de caçar javalis, sentado do lado de fora da cabana com a cauda enfaixada, quando foram contar a Hagrid, que abriu a janela para falar com eles.
— Não vou deixar vocês entrarem — ofegou. — Norberto está passando uma fase difícil, nada que eu não possa cuidar sozinho.
Quando lhe contaram sobre a carta de Carlinhos, seus olhos se encheram de lágrimas, embora isso talvez fosse porque Norberto acabara de mordê-lo na perna.
Todos riram, cada coisa que acontece com esse trio ou que eles presenciam.
— Aai! Tudo bem, ele só mordeu minha bota. Está brincando, afinal é um bebezinho.
O bebê bateu com o rabo na parede, fazendo as janelas estremecerem. Harry e Hermione voltaram para o castelo achando que o sábado talvez não chegasse bastante rápido.
Eles teriam sentido pena de Hagrid quando chegou a hora de dizer adeus a Norberto, se não estivessem tão preocupados com o que tinham de fazer. Era uma noite muito escura e anuviada e se atrasaram um pouco para chegar à cabana de Hagrid porque precisaram esperar Pirraça desimpedir o caminho para o saguão de Entrada, onde estivera jogando tênis contra a parede.
Hagrid aprontara Norberto embalando-o num grande caixote.
— Pus muitos ratos e um pouco de conhaque para a viagem — disse Hagrid com a voz abafada. — E embalei junto o ursinho de pelúcia para o caso de ele se sentir solitário.
De dentro do caixote vinha um ruído de pano rasgado que pareceu a Harry ser o dragão arrancando a cabeça do ursinho.
— Até a vista, Norberto! — soluçou Hagrid, quando Harry e Hermione cobriram o caixote com a capa da invisibilidade e entraram debaixo dela. — Mamãe nunca vai esquecer você!
Como foi que conseguiu levar o caixote de volta ao castelo, eles nunca souberam. Aproximava-se a meia-noite e eles subiram com Norberto pela escadaria do saguão de entrada e pelos corredores escuros. Mais uma escada, mais outra, nem mesmo um dos atalhos de Harry facilitou muito o transporte.
–Harry aprendendo atalhos, muito bom meu filho continue assim e você vai aprender todas as passagens secretas do colégio e quem sabe até outras, que poderia atualizar no mapa do maroto, quando ele estiver em suas mãos é claro-Falou James.
Esse garoto é impossível, é claro que antes era pior, Lily fez um bom trabalho nele, mas não o suficiente para ele não influenciar o filho a fazer um novo grupo dos marotos, velhos hábitos nunca mudam.
— Estamos quase lá! — Harry ofegou quando chegaram ao corredor sob a torre mais alta.
Então um movimento brusco à frente deles quase fez com que deixassem cair o caixote. Esquecendo que já estavam invisíveis, encolheram-se nas sombras, espiando os contornos escuros de duas pessoas que se debatiam a uns três metros. Uma lâmpada se acendeu.
A Professora Minerva, num robe de lã escocesa e rede no cabelo, segurava Malfoy pela orelha.
— Está detido — gritou. — E são vinte pontos a menos para Sonserina. Perambulando no meio da noite, como você se atreve...
— A senhora não compreende, professora, Harry Potter está vindo aí, vem trazendo um dragão.
— Que absurdo! Como você se atreve a contar tais mentiras! Vamos, vou conversar com o Professor Snape sobre você, Malfoy!
Todos riram do coitado.
–Me desculpe por não acreditar em você Draco-Falo para o garoto.
–Tudo bem professora-Falou.
A íngreme escada em espiral até o alto da torre pareceu a coisa mais fácil do mundo depois disto. Somente quando saíram para o ar frio da noite foi que se livraram da capa da invisibilidade, felizes de poderem respirar direito outra vez. Hermione dançou uma espécie de jiga escocesa.
— Malfoy vai ficar detido! Eu seria capaz de cantar.
— Não cante — aconselhou Harry.
Rindo de Malfoy, eles esperaram, enquanto Norberto se debatia dentro do caixote. Passados uns dez minutos, quatro vassouras surgiram da escuridão mergulhando em direção à torre.
Os amigos de Carlinhos formavam um grupo animado.
Mostraram a Harry e a Hermione os arreios que tinham trazido de modo a poder suspender Norberto entre eles. Todos ajudaram a prender Norberto muito bem nos arreios e então Harry e Hermione apertaram as mãos de todos e lhes agradeceram muito.
Finamente Norberto estava indo... Indo... E finalmente se foi.
Eles desceram a escada espiral sem fazer barulho, os corações leves como as mãos, agora que Norberto fora tirado delas. Nada de dragão, Malfoy detido, o que poderia estragar essa felicidade?
A resposta à sua pergunta estava esperando ao pé da escada.
Quando chegaram ao corredor, a cara de Filch assombrou-os, emergindo da escuridão.
— Ora, ora, ora — sussurrou —, estamos encrencados.
Tinham deixado a capa da invisibilidade no alto da torre.
–Putz, vocês são burros mesmo em minha gente-Falou James S.
–Nem usar uma capa da invisibilidade sabem-Falou Al-Até eu despisto Filch melhor.
–Bom saber disso Albus-Falei brincando com ele.
–Quem será o próximo?-Perguntou Scorpius.
–Eu posso?-Pediu Ted.
–Claro-Falei entregando o livro para ele que agora estava com os cabelos azuis.
Pov Teddy
–CAPÍTULO QUINZE
A Floresta Proibida
–Oh oh-Falou Lily L. brincando.
As coisas não poderiam estar piores.
Filch levou-os à sala da Professora Minerva no primeiro andar, onde eles ficaram sentados esperando, sem trocar uma palavra entre si. Hermione tremia. Desculpas, álibis e justificativas fantásticas substituíam-se umas as outras na cabeça de Harry, cada qual mais capenga do que a anterior. Ele não conseguia ver como iam se livrar desta encrenca. Estavam encurralados. Como podiam ter sido burros a ponto de se esquecerem da capa? Não havia nenhuma razão no mundo para a Professora Minerva aceitar que estivessem fora da cama, esgueirando-se pela escola a altas horas da noite, e muito menos que estivessem na alta torre de astronomia, que era proibida aos alunos a não ser durante as aulas.
Some-se a isso Norberto e a capa da invisibilidade e seria melhor começarem a fazer as malas.
Harry achou que as coisas não poderiam ficar piores. Estava enganado. Quando a Professora Minerva apareceu, vinha trazendo Neville.
— Harry! — exclamou ele, no instante em que viu os outros dois. — Eu estava tentando encontrar vocês para avisar que ouvi Malfoy dizer que ia pegar vocês, disse que vocês tinham um drag...
Harry sacudiu com força a cabeça para fazer Neville calar a boca, mas a Professora Minerva viu. Parecia mais provável que ela cuspisse fogo pelas narinas do que Norberto, ali a olhar os três de cima para baixo.
Todos riram e ela ficou emburrada.
— Eu jamais teria acreditado que vocês fossem capazes disso. O Sr. Filch diz que vocês estavam no alto da torre de astronomia. É uma hora da madrugada. Expliquem-se...
Era a primeira vez que Hermione deixava de responder à uma pergunta de uma professora. Olhava para os sapatos, imóvel como uma estátua.
— Acho que tenho uma boa ideiado que anda acontecendo — disse a Professora Minerva. — Não é preciso ser gênio para somar dois mais dois. Vocês contaram a Draco Malfoy uma história da carochinha sobre um dragão, tentando tirá-lo da cama e metê-lo em apuros. Eu já o apanhei. Suponho que achem engraçado que o Neville tenha ouvido a história e acreditado nela também.
Harry surpreendeu o olhar de Neville e tentou lhe dizer, sem falar, que aquilo não era verdade, porque Neville tinha uma expressão de espanto e mágoa. Pobre Neville trapalhão. Harry sabia o que deveria ter-lhe custado tentar encontrá-los no escuro para avisar.
— Estou desapontada — disse a Professora Minerva. — Quatro alunos fora da cama em uma noite! Nunca ouvi falar numa coisa dessas antes!
–Porque geralmente nós não éramos vistos, mas meu filho é um gênio e esquece a CAPA-Berrou James.
Você, Hermione Granger, achei que tinha mais juízo. Quanto a você, Harry Potter, achei que Grifinória significava mais para você do que parece. Os três vão pegar uma detenção, sim e você também, Neville Longbottom, não há nada que lhe dê o direito de andar pela escola à noite, principalmente nos dias que correm, é muito perigoso, e vou descontar cinqüenta pontos da Grifinória.
— Cinqüenta?— Harry ofegou. Perderiam a dianteira, a dianteira que ele conquistara na última partida de Quadribol.
— Cinqüenta pontos de cada um — acrescentou a Professora Minerva, respirando com esforço pelo nariz longo e pontudo.
— Professora... Por favor... A senhora não pode...
— Não venha me dizer o que eu posso e o que eu não posso, Harry Potter. Agora voltem para a cama, todos vocês. Nunca senti tanta vergonha de alunos da Grifinória antes.
Cento e cinqüenta pontos perdidos. Isto deixava a Grifinória em último lugar. Em uma noite, tinham estragado as chances de Grifinória conquistar a taça das casas. Harry teve a sensação de que o fundo do seu estômago se soltara. Como iriam poder compensar a perda?
Harry não dormiu a noite inteira. Ouviu Neville soluçar com a cara no travesseiro durante o que lhe pareceram horas. Harry não conseguia pensar em nenhuma palavra para consolá-lo. Sabia que Neville, como ele mesmo, estava com medo do amanhecer.
O que aconteceria quando o resto de Grifinória descobrisse o que tinham feito?
A princípio, os alunos de Grifinória que passavam pelas gigantescas ampulhetas que marcavam o placar das casas, no dia seguinte, acharam que tinha havido um engano. Como podiam de repente ter cento e cinqüenta pontos menos do que no dia anterior?
E então a história começou a se espalhar. Harry Potter, o famoso Harry Potter, seu herói dos jogos de Quadribol, fora o responsável pela perda de todos aqueles pontos, ele e mais uns dois panacas do primeiro ano.
Da posição de aluno mais popular e admirado na escola, Harry passou a de mais odiado. Até os alunos da Corvinal e Lufa-Lufa se voltaram contra ele, porque todos desejavam há muito tempo ver a Sonserina perder a Taça das Casas. Para todo lado que Harry ia, as pessoas o apontavam e não se davam ao trabalho de baixar as vozes para xingá-lo. Os de Sonserina, por outro lado, batiam palmas quando ele passava, assobiavam e davam vivas.
"Obrigado, Potter, ficamos lhe devendo essa! Somente Rony continuou do seu lado.
— Eles vão esquecer dentro de umas semanas. Fred e Jorge já perderam montes de pontos desde que chegaram aqui e as pessoas continuam a gostar deles.
— Eles nunca perderam cento e cinqüenta pontos de uma tacada, ou perderam? — retrucou Harry, infeliz.
— Bom... Não — admitiu Rony.
Todos riram, mas alguns ficaram desolados.
Era um pouco tarde para consertar o estrago, mas Harry jurou nunca mais se meter em coisas que não eram de sua conta. Bastava de espiar e espionar. Sentia tanta vergonha que foi procurar Olívio para oferecer sua demissão do time de Quadribol.
— Se demitir? — trovejou Olívio. — Que bem faria isso? Como vamos poder recuperar os pontos se não conseguirmos vencer no Quadribol?
Mas até mesmo o Quadribol perdera a graça. O resto do time não queria falar com Harry durante os treinos e quando precisavam se referir a ele chamavam-no de "o apanhador".
Hermione e Neville estavam sofrendo também. Não estavam apanhando tanto quanto Harry, porque não eram tão conhecidos, mas ninguém falava com eles, tampouco. Hermione parara de chamar atenção nas aulas, mantinha a cabeça baixa e trabalhava em silêncio.
Harry quase se alegrava que os exames não estivessem muito distantes. Todas as revisões que precisava fazer o distraiam de sua infelicidade. Ele, Rony e Hermione ficavam sozinhos, trabalhavam até tarde da noite, tentando lembrar os ingredientes das complicadas poções, aprender os feitiços e encantamentos de cor, decorar as datas das descobertas mágicas e das revoltas dos duendes...
Então, uma semana antes de começarem os exames, a nova resolução de Harry de não se meter em nada que não fosse de sua conta, foi submetida a um teste inesperado. Ao voltar da biblioteca, sozinho certa tarde, ouviu alguém choramingando numa sala de aulas mais à frente. Ao se aproximar, ouviu a voz de Quirrell.
— Não... Não... Outra vez não, por favor..
Parecia que alguém o estava ameaçando. Harry se aproximou um pouco mais.
— Está bem... Está bem — ouviu Quirrell soluçar.
No segundo seguinte, Quirrell saiu correndo da sala de aulas ajeitando o turbante. Estava pálido e parecia prestes a chorar E desapareceu de vista, Harry achou que Quirrell nem sequer reparara nele. Esperou até que o ruído dos passos de Quirrell desaparecesse e, então, espiou para dentro da sala. Estava vazia, mas havia uma porta entreaberta na outra extremidade. Harry já ia em direção à porta, quando se lembrou de que prometera a si mesmo não se meter em nada.
Assim mesmo, teria apostado doze pedras Filosofais que Snape acabara de deixar a sala,
–Harry você tem que parar de apostar coisas que não pode dar, agora você nos deve doze pedras filosofais, é tão bom ler esse livro-Falou Ron.
–Eu pensei em apostar, mas não apostei, então não devo nada.
e pelo que Harry acabara de ouvir ganhara uma nova agilidade nos passos. Quirrell parecia ter finalmente cedido.
Harry voltou à biblioteca, onde Hermione estava tomando os pontos de astronomia de Rony. Contou-lhes o que ouvira.
— Snape então conseguiu — exclamou Rony, — Se Quirrell contou a ele como quebrar o feitiço antimagia negra...
— Mas ainda temos Fofo — lembrou Hermione.
— Talvez Snape tenha descoberto como passar pelo cachorro sem perguntar ao Rúbeo — disse Rony, correndo os olhos pelos milhares de livros que os rodeavam — Aposto como tem um livro por aqui que ensina como se passar por um cachorrão de três cabeças. Então, o que vamos fazer Harry?
O brilho de aventura voltava a iluminar os olhos de Rony, mas Hermione respondeu, antes que Harry pudesse fazê-lo.
— Vamos procurar Dumbledore. Isto é o que deveríamos ter feito há séculos. Se tentarmos alguma coisa por conta própria, com certeza vamos ser expulsos.
— Mas não temos provas — disse Harry. — Quirrell está apavorado demais para nos apoiar. Snape só precisa dizer que não sabe como foi que o trasgo entrou no Dia das Bruxas e que nem chegou perto do terceiro andar. Em quem vocês acham que eles vão acreditar, nele ou em nós? Não é bem segredo que nós o detestamos, Dumbledore vai pensar que inventamos isso para ele ser despedido. Filch não nos ajudaria nem que a vida dele dependesse disso, é muito amigo de Snape, e quanto mais alunos forem expulsos, tanto melhor, é o que ele pensa. E não se esqueçam nós nem devíamos saber da Pedra nem de Fofo. O que vai exigir muita explicação.
Hermione pareceu convencida, mas não Rony.
— Se déssemos só uma espiadinha...
— Não — respondeu Harry decidido —, já demos muitas espiadinhas.
E, dizendo isso, puxou um mapa de júpiter para perto e começou a aprender os nomes das luas.
Na manhã seguinte, Harry Hermione e Neville receberam bilhetes à mesa do café da manhã. Diziam a mesma coisa:
―Sua detenção começará às vinte e três horas.
Aguardem o Sr. Filch no saguão de entrada.
Professora Minerva.
No furor provocado pela perda de pontos, Harry esquecera que ainda tinham detenções a cumprir. Esperou que Hermione reclamasse que aquilo representava perder uma noite inteira de revisões, mas não disse uma palavra. Achava, como Harry, que teriam o que tinham merecido.
Ás onze horas da noite eles se despediram de Rony na sala comunal e desceram com Neville para o saguão de entrada. Filch já se encontrava lá e também Malfoy. Harry esquecera que Malfoy pegara uma detenção também.
— Sigam-me — disse Filch, acendendo uma lanterna e levando-os para fora.
— Aposto que vão pensar duas vezes antes de desobedecer novamente ao regulamento da escola, não é mesmo? — disse caçoando — Ah, sim, trabalho pesado e dor são os melhores mestres, se querem saber. É uma pena que tenham suspendido os castigos antigos, pendurar o aluno no teto pelos pulsos durante alguns dias, ainda tenho as correntes na minha sala, conservo-as azeitadas para o caso de precisarem. Muito bem, lá vamos nós, e nem pensem em fugir agora, será pior para vocês se fizerem isso.
Eles caminharam pela propriedade às escuras. Neville não parava de fungar. Harry ficou imaginando qual seria o castigo.
Devia ser alguma coisa realmente horrível, ou Filch não pareceria tão contente.
A lua brilhava, mas as nuvens que passavam por ela lançava-os na escuridão. À frente, Harry via as janelas iluminadas da cabana de Hagrid. Então, ouviram um grito distante.
— É você, Filch? Ande logo, quero começar de uma vez.
O ânimo de Harry melhorou, se eles iam trabalhar com Hagrid então não seria tão ruim. Seu alivio deve ter transparecido no rosto, porque Filch falou:
— Acho que você está pensando que vai se divertir com aquele panaca? Pois pode pensar outra vez, menino. É para a floresta que você vai e estarei muito enganado se voltar inteiro.
Ao ouvir isso, Neville deixou escapar um gemido e Malfoy ficou paralisado.
— A floresta? — repetiu e não pareceu tão tranqüilo como de costume. — Não podemos entrar lá à noite... Tem todo tipo de coisa lá... Lobisomens, ouvi falar.
Neville agarrou a manga das vestes de Harry e pareceu se engasgar.
— Isto é o que pensa, não é? — disse Filch, a voz esganiçando-se de satisfação. — Devia ter pensado nos lobisomens antes de se meterem encrencas, não acha?
Hagrid saiu do escuro caminhando em direção a eles, com Canino nos calcanhares.
Carregava um grande arco e uma aljava com flechas pendurada ao ombro.
— Até que enfim. Já estou esperando há meia hora. Tudo bem, Harry, Hermione?
— Eu não seria tão simpático com eles, Hagrid — disse Filch com frieza — afinal eles estão aqui para serem castigados.
— E por isso que você está atrasado, não é? — disse Hagrid, amarrando a cara. — Andou passando carão neles, não é? Isso não e sua função. Você fez a sua parte, eu pego daqui para frente.
— Volto ao amanhecer para recolher o que sobrar deles — disse Filch maldoso, deu meia-volta e retornou ao castelo, balançando a lanterna na escuridão.
Malfoy virou-se então para Hagrid.
— Não vou entrar nessa floresta — disse, e Harry ficou contente de ouvir a nota de pânico em sua voz.
— Vai, sim, se quiser continuar em Hogwarts — disse Hagrid com ferocidade. — Você agiu mal e agora tem de pagar pelo que fez...
— Mas isso é coisa para empregados e não para estudantes. Achei que íamos fazer uma cópia ou outra coisa do gênero, se meu pai souber que eu estou fazendo isso, ele...
— ... Lhe dirá que em Hogwarts é assim — rosnou Hagrid. — Fazer cópia! Para que serve? Você vai fazer uma coisa útil ou vai sair da escola. E se pensa que seu pai vai preferir que você seja expulso, então volte para o castelo e faça suas malas. Vamos!
Malfoy não se mexeu. Encarou Hagrid furioso e em seguida baixou os olhos.
–Isso mesmo Hagrid.
–UHUUU.
Foram ouvidos pela sala toda.
— Muito bem, então — disse Hagrid — agora prestem atenção, porque é perigoso o que vamos fazer hoje à noite e não quero ninguém se arriscando. Venham até aqui comigo.
Ele os conduziu à orla da floresta. Erguendo a lanterna bem alto, apontou para uma trilha serpeante de terra batida que desaparecia por entre árvores escuras. Uma brisa leve levantou os cabelos dos meninos, quando eles se viraram para a floresta.
— Olhem ali, estão vendo aquela coisa brilhando no chão? Prateada? Aquilo é sangue de unicórnio. Tem um unicórnio ali que foi ferido gravemente por alguma coisa. É a segunda vez esta semana. Encontrei um morto na quarta-feira passada. Vamos tentar encontrar o pobrezinho. Talvez a gente precise pôr fim ao sofrimento dele.
— E se a coisa que feriu o unicórnio nos encontrar primeiro? — perguntou Malfoy, incapaz de conter o medo na voz.
— Não há nenhuma criatura viva na floresta que vá machucá-lo se você estiver comigo e com o Canino. E siga a trilha. Muito bem, agora, vamos nos separar em dois grupos e seguir a trilha em direções opostas. Tem sangue por toda parte, ele deve estar cambaleando pelo menos desde a noite passada.
— Eu quero Canino — disse Malfoy depressa, olhando para as presas de Canino.
— Muito bem, mas vou-lhe avisando, ele é covarde. Então eu, Harry e Hermione vamos por aqui e Draco, Neville e Canino por ali. Agora, se algum de nós achar o unicórnio, disparamos centelhas verdes para o alto, 0K? Peguem as varinhas e comecem a praticar agora, assim. E se alguém se enrolar, dispare centelhas vermelhas, e vamos todos procurá-lo, então, cuidado. Vamos.
A floresta estava escura e silenciosa. Entrando por ela, chegaram a uma bifurcação, e Harry, Hermione e Hagrid tomaram o caminho da esquerda enquanto Malfoy, Neville e Canino tomaram o da direita.
Caminharam em silêncio, com os olhos no chão. Aqui e ali um raio de luar penetrava por entre os galhos e iluminava uma mancha de sangue prateado nas folhas caídas.
Harry viu que Hagrid parecia muito preocupado.
— É possível um lobisomem estar matando os unicórnios? – Perguntou.
— Não com essa rapidez, não é fácil matar um unicórnio, eles são criaturas mágicas poderosas. Nunca soube de nenhum ter sido ferido antes.
Passaram por um toco de árvore coberto de musgo. Harry ouviu água correndo, devia haver um riacho por perto. Ainda viam manchas de sangue de unicórnio aqui e ali pela trilha serpeante.
— Você está bem, Hermione? — sussurrou Hagrid — Não se preocupe, ele não pode ter ido longe se está tão ferido e então poderemos... PARA TRÁS DAQUELA ÁRVORE!
Todos estavam apreensivos dentro da sala, algum deles podia ter se machucado.
Hagrid agarrou Harry e Hermione e guindou-os para fora da trilha e para trás de um enorme carvalho. Puxou uma flecha e encaixou-a no arco, e ergueu-o, pronto para atirar. Os três apuraram os ouvidos. Alguma coisa deslizava pelas folhas mortas ali perto, parecia uma capa arrastando no chão. Hagrid apertava os olhos para enxergar a trilha escura à frente, mas, passados alguns segundos, o ruído desapareceu.
— Eu sabia — murmurou ele. — Tem alguma coisa aqui que está fora de lugar.
— Um lobisomem? — sugeriu Harry.
— Isso não era um lobisomem e não era um unicórnio, tão pouco — disse Hagrid sério. — Muito bem, me sigam, mas tenham cuidado, agora.
Continuaram a caminhar mais devagar, os ouvidos à escuta do menor ruído. De repente, alguma coisa na clareira adiante, alguma coisa sem dúvida se mexia.
— Quem está ai? — chamou Hagrid. — Apareça. Estou armado! E na clareira apareceu um vulto — era um homem, ou um cavalo? Até a cintura, um homem, com cabelos e barba vermelhos, mas da cintura para baixo era um luzidio cavalo castanho com uma cauda longa e avermelhada. Os queixos de Harry e Hermione caíram.
— Ah! É você, Ronan — exclamou Hagrid aliviado. — Como vai?
Ele se adiantou e apertou a mão do centauro.
— Boa noite para você, Hagrid — disse Ronan. Tinha uma voz grave e triste. — Você ia atirar em mim?
— Cautela nunca é demais, Ronan — disse Hagrid, dando uma palmadinha no arco. — Tem alguma coisa à solta nesta floresta. Ah, sim, estes são Harry Potter e Hermione Granger. Alunos lá da escola. E este é Ronan. É um centauro.
— Já percebi — disse Hermione coma voz fraca.
— Boa noite — cumprimentou Ronan — São alunos, é? E aprendem muita coisa na escola?
— Hum.
— Um pouquinho — respondeu Hermione tímida.
— Um pouquinho. Bom, já é alguma coisa — suspirou Ronan.
Depois, jogou a cabeça para trás e contemplou o céu.
— Marte está brilhante hoje.
— É — disse Hagrid, mirando o céu também. — Olhe, foi bom termos nos encontrado, Ronan, porque tem um unicórnio ferido. Você viu alguma coisa?
Ronan não respondeu imediatamente. Continuou a olhar para o alto sem piscar e então suspirou outra vez.
— Os inocentes são sempre as primeiras vitimas. Foi assim no passado, é assim agora.
— É, mas você viu alguma coisa, Ronan? Alguma coisa anormal?
— Marte está brilhante hoje — repetiu Ronan enquanto Hagrid o observava impaciente. — Um brilho anormal.
— Sim, mas estou me referindo a alguma coisa mais perto da terra. Você não notou nada estranho?
Mais uma vez, Ronan levou algum tempo para responder. Por fim disse:
— A floresta esconde muitos segredos.
Um movimento nas árvores atrás de Ronan fez Hagrid erguer o arco outra vez, mas era apenas um segundo centauro, de cabelos e corpo negros e de aspecto mais selvagem do que Ronan.
— Olá, Agouro — cumprimentou Hagrid. — Tudo bem?
— Boa noite, Hagrid, você vai bem, espero.
— Bastante bem. Olhe, eu estava mesmo perguntando a Ronan, você viu alguma coisa estranha por aqui ultimamente? É que um unicórnio foi ferido. Você sabe alguma coisa?
Agouro foi se postar ao lado de Ronan. Olhou para o céu.
— Marte está brilhante hoje — disse simplesmente.
–Acho que já sabemos isso-Falou Sirius irritado, todos estavam preocupados com o que ia acontecer, menos o de presente é claro.
— Já sabemos — respondeu Hagrid agastado. — Bom, se um de vocês vir alguma coisa, me avise, por favor. Vamos indo, então.
Harry e Hermione saíram com ele da clareira, espiando Ronan e Agouro por cima dos ombros até as árvores tamparem sua visão.
— Nunca — disse Hagrid irritado — tentem obter uma resposta direta de um centauro. Vivem contemplando as estrelas. Não estão interessados em nada que esteja mais perto do que a lua.
— E têm muitos deles aqui? — perguntou Hermione.
— Ah, um bom numero... Vivem isolados na maior parte do tempo, mas tem a bondade de aparecer quando preciso dar uma palavrinha. São inteligentes, veja bem, os centauros... Sabem das coisas... Só não falam muito.
— Você acha que foi um centauro que ouvimos antes? — disse Harry..
— Você achou que era barulho de cascos? Não, se quer saber, aquilo é o que anda matando os unicórnios. Nunca ouvi nada parecido antes.
E continuaram a caminhar pela floresta densa e escura. Harry não parava de espiar, nervoso, por cima do ombro. Tinha a sensação ruim de que alguém os observava. Estava contente que tivessem Hagrid e seu arco com eles. Acabavam de passar uma curva na trilha quando Hermione agarrou o braço de Hagrid.
— Rúbeo! Olhe! centelhas vermelhas, os outros estão em apuros!
— Vocês dois esperem aqui! — gritou Hagrid — Fiquem na trilha, volto para apanhá-los!
Eles o ouviram romper o mato e ficaram parados se entreolhando, muito assustados, até não conseguirem ouvir mais nada a volta exceto o farfalhar das árvores.
— Você acha que eles estão machucados? — sussurrou Hermione.
— Não me importo com Malfoy, mas se alguma coisa pegou Neville... É culpa nossa que ele esteja aqui.
Os minutos se arrastaram. Seus ouvidos pareciam mais aguçados do que o normal. Harry parecia estar registrando cada suspiro do vento, cada graveto que quebrava. O que estava acontecendo? Onde estavam os outros?
Finalmente, um grande barulho de mato pisado anunciou a volta de Hagrid. Malfoy, Neville e Canino o acompanhavam.
Hagrid vinha danado da vida. Malfoy, ao que parecia, se atrasara e agarrara Neville por trás para lhe dar um susto Neville se assustara e mandara o sinal.
–Idiota, nós ficamos preocupados-Falou Lily E.
— Teremos sorte se apanharmos alguma coisa agora, com a barulheira que vocês aprontaram. Muito bem, vamos trocar os grupos: Neville, você e Hermione ficam comigo, Harry, você com o Canino e esse idiota. Sinto muito — acrescentou Hagrid para Harry num cochicho — mas vai ser mais difícil ele assustar você e precisamos acabar o nosso serviço.
Então Harry entrou pelo coração da floresta com Malfoy e Canino. Andaram quase meia hora, embrenhando-se cada vez mais, até que a trilha se tornou impraticável porque as árvores cresciam demasiado juntas. Havia salpicos nas raízes de uma árvore, como se o pobre bicho tivesse se debatido de dor por ali.
Harry viu uma clareira adiante, através dos galhos emaranhados de um velho carvalho.
— Olhe... — murmurou, erguendo o braço para deter Malfoy.
Alguma coisa muito branca brilhava no chão. Eles se aproximaram aos poucos.
Era o unicórnio, sim, e estava morto. Harry nunca vira nada tão bonito nem tão triste. As pernas longas e finas estavam esticadas em ângulos estranhos onde ele caíra e sua crina espalhava-se nacarada sobre as folhas escuras.
Harry dera um passo à frente, mas um som de algo que deslizava o fez congelar onde estava. Uma moita na orla da clareira estremeceu... Então, do meio das sombras saiu um vulto encapuzado que se arrastava de gatas pelo chão como uma fera à caça. Harry, Malfoy e Canino ficaram paralisados. O vulto encapuzado aproximou-se do unicórnio, abaixou a cabeça sobre ferimento no flanco do animal e começou a beber o seu sangue.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
Malfoy soltou um grito terrível e fugiu, seguido por Canino. A figura encapuzada ergueu a cabeça e olhou diretamente para Harry. O sangue do unicórnio escorrendo pelo peito. Ficou de pé e avançou rápido para Harry, que não conseguiu se mexer de medo.
Então uma dor, como ele nunca sentira antes, varou sua cabeça, como se a sua cicatriz estivesse em fogo, meio cego, ele recuou cambaleando. Ouviu cascos as suas costas, galopando, e aí alguma coisa saltou por cima dele, e atacou o vulto.
A dor na cabeça de Harry foi tão forte que ele caiu de joelhos.
Levou uns dois minutos para passar. Quando ergueu os olhos, o vulto desaparecera. Um centauro avultava-se sobre ele, mas não era Ronan nem Agouro, este parecia mais novo, tinha cabelos louros prateados e o corpo baio.
— Você está bem? — perguntou o centauro, ajudando Harry a se levantar.
— Estou, obrigado, o que foi aquilo?
Todos estavam apreensivos de modo que ninguém ousava interromper, todos queriamos saber o que estava acontecendo.
O centauro não respondeu. Tinha espantosos olhos azuis, como safiras muito claras. Mirou Harry com atenção, demorando o olhar na cicatriz que se sobressaia, lívida, em sua testa.
— Você é o menino Potter. É melhor voltar para a companhia de Hagrid. A floresta não é segura à estas horas, principalmente para você. Sabe montar? Será mais rápido. Meu nome é Firenze — acrescentou ao dobrar as patas dianteiras para Harry poder subir no seu lombo.
Ouviram repentinamente o ruído de galopes vindo do outro lado da clareira. Ronan e Agouro irromperam do meio das árvores, os flancos arfantes e suados.
— Firenze! — Agouro trovejou. — O que é que você está fazendo? Está carregando um humano! Não tem vergonha? Você é uma mula?
— Você sabe quem ele é? — retrucou Firenze — É o menino Potter. Quanto mais rápido ele sair da floresta, melhor.
— O que é que você andou contando a ele? — rosnou Agouro. — Lembre-se, Firenze, juramos nunca nos indispor com os céus. Você não leu o que vai acontecer nos movimentos dos planetas?
Ronan pateou o chão, nervoso.
— Tenho certeza de que Firenze achou que estava fazendo o melhor — falou em tom sombrio.
Agouro escoiceou com raiva.
— Fazendo o melhor! O que tem isso a ver conosco? Os centauros se preocupam com o que foi previsto! Não é nossa função ficar correndo por aí como jumentos recolhendo humanos perdidos na nossa floresta!
Firenze de repente empinou-se nas patas traseiras com raiva, de modo que Harry teve de se agarrar nos seus ombros para não cair.
— Você não viu o unicórnio! — Firenze berrou para Agouro. — Você não percebe por que foi morto? Ou será que os planetas não lhe contaram esse segredo? Tomei posição contra o que está rondando a floresta, Agouro, tomei, sim, ao lado dos humanos se for preciso.
E Firenze virou-se depressa para partir, com Harry agarrando-se o melhor que podia, eles mergulharam entre as árvores, deixando Ronan e Agouro para trás.
E Harry não fazia a menor ideia do que estava acontecendo.
— Por que Agouro está tão zangado? — perguntou. — O que era aquela coisa de que você me livrou?
Firenze abrandou a marcha, alertou Harry para manter a cabeça abaixada a fim de evitar os galhos baixos, mas não respondeu à pergunta. Continuaram por entre as árvores em silêncio por tanto tempo que Harry achou que Firenze não queria mais falar com ele.
Estavam passando por um trecho particularmente denso da floresta, quando Firenze parou de repente.
— Harry Potter, você sabe para que se usa o sangue de unicórnio?
— Não — disse Harry surpreendido pela estranha pergunta. — Só usamos o chifre e a cauda na aula de Poções.
— Porque é uma coisa monstruosa matar um unicórnio. Só alguém que não tem nada a perder e tudo a ganhar cometeria um crime desses. O sangue do unicórnio mantém a pessoa viva, mesmo quando ela está à beira da morte, mas a um preço terrível. Ela matou algo puro e indefeso para se salvar e só terá uma semivida, uma vida amaldiçoada, do momento que o sangue lhe tocar os lábios.
Harry ficou olhando para a nuca de Firenze, que estava prateada de luar.
— Mas quem estaria tão desesperado? — pensou em voz alta — Se a pessoa vai ser amaldiçoada para sempre, é preferível morrer, não é?
— É — concordou Firenze —, a não ser que ela precise se manter viva o tempo suficiente para beber outra coisa, algo que vai lhe devolver a força e o poder totais, algo que significa que jamais poderá morrer. Sr. Potter, o senhor sabe o que é que está escondido na sua escola neste momento?
— A Pedra Filosofal! É claro, o elixir da vida! Mas não percebo quem...
— Não consegue pensar em ninguém que tenha esperado muitos anos para retomar o poder, que se apegou à vida, esperando uma chance?
–OH Merlin-Exclamou Lily E. logo depois se jogando no sofá, James a abraçou e ficou falando coisas a ela que não dava para escutar daqui.
Foi como se uma mão de ferro de repente apertasse o coração de Harry. Acima do farfalhar das árvores, ele parecia ouvir mais uma vez o que Hagrid lhe contara na noite que se conheceram:
"Uns dizem que ele morreu. Bobagem, na minha opinião. Não sei se ele ainda teria bastante humanidade para morrer".
— Você está dizendo — Harry falou rouco — que aquele era o Vol..
— Harry! Harry, você está bem?
Hermione vinha correndo ao encontro deles pela trilha, Hagrid a acompanhava arfando.
— Estou bem — disse Harry, sem nem saber o que estava dizendo. — O unicórnio morreu, Rúbeo, está naquela clareira lá atrás.
— É aqui que eu o deixo — murmurou Firenze enquanto Hagrid corria para examinar o unicórnio. — Está seguro agora.
Harry escorregou de suas costas.
— Boa sorte, Harry Potter — disse Firenze. — Os planetas já foram mal interpretados antes, até mesmo pelos centauros. Espero que seja o que está ocorrendo agora.
Virou-se e entrou a trote pela floresta, deixando para trás um Harry cheio de tremores.
Rony adormecera no salão comunal às escuras, esperando os amigos voltarem. Gritou alguma coisa sobre faltas no Quadribol, quando Harry o sacudiu com força para acordá-lo. Em questão de segundos, porém, seus olhos se arregalaram quando Harry começou a contar a ele e a Hermione o que acontecera na floresta.
Harry nem conseguia se sentar. Andava para cima e para baixo na frente da lareira. Continuava a tremer.
Snape quer a pedra para Voldemort... E Voldemort está esperando na floresta... E todo esse tempo pensamos que Snape só queria ficar rico.
— Pare de repetir esse nome! — disse Rony num sussurro de terror como se Voldemort pudesse ouvi-los.
Harry nem o escutou.
— Firenze me salvou, mas não devia ter feito isso. Agouro ficou furioso... Falou de interferência naquilo que os planetas anunciaram que ia acontecer. Eles devem estar indicando que Voldemort vai voltar. Agouro acha que Firenze devia ter deixado Voldemort me matar. Imagino que isso também esteja escrito nas estrelas.
— Quer parar de dizer esse nome!— sibilou Rony.
— Portanto só preciso esperar que Snape roube a pedra — continuou Harry febril —, então Voldemort vai poder voltar e acabar comigo. Bem, quem sabe Agouro vai ficar feliz.
Hermione parecia muito assustada, mas teve uma palavra de consolo.
— Harry, todo mundo diz que Dumbledore é a única pessoa de quem Você-Sabe-Quem já teve medo. Com Dumbledore por perto Você-Sabe-Quem não vai tocar em você. Em todo o caso, quem disse que os centauros tem razão? Isso está me parecendo adivinhação, e a Professora Minerva diz que adivinhar o futuro é um ramo muito inexato da magia.
O céu havia clareado antes de terminarem de conversar. Foram se deitar exaustos, com as gargantas ardendo. Mas as surpresas da noite não tinham terminado.
Quando Harry puxou os lençóis da cama, encontrou a capa da invisibilidade cuidadosamente dobrada sobre o forro. Tinha um bilhete espetado nela: ―Por via das dúvidas.
–Vocês gostam de nos deixar ansiosos, não é?-perguntei.
–Como se a culpa fosse nossa-Falou Harry rindo, no final conseguimos descontrair o grupo que antes estava tenso, com os marotos contando algumas piadas e outros conversando, o grupo melhorou e eu entreguei o livro a Lily Luna que pediu para ler.
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