Aniversário do Augusto
Capítulo três – Aniversário do Augusto
Chamas verde-esmeralda apareceram e Adam saíra dela. Havia chegado em casa. Subiu as escadas e entrou no seu quarto. Ele jogou as mala em um canto, assentou-se em sua cama, retirou seus sapatos e deitou-se. Fechara os olhos e ficara pensando no que poderia ser a nevoa negra em sua volta, se ela estava ali neste momento, porque o garoto não conseguia vê-la. Adam se lembrou de Dramian, levantou num pulo e se dirigiu ao sótão.
A porta estava aberta. Adam a abriu devagar, para não levantar nenhuma suspeita que ele entrou no quarto do menino estranho. Subiu as estreitas escadas. No topo se deparou com um aposento empoeirado, com iluminação fraca e, completamente, deserto, Dramian não estava ali e aparentemente em nenhum local da casa.
Adam descera as escadas à procura de sua mãe, para saber onde Dramian havia ido. Ele passou na frente do quarto do irmão, a porta estava entreaberta, Adam bisbilhotou o dormitório de Augusto e ali estava ele, sentado com uma pessoa ao seu lado, uma menina com fios de ouro. Adam empurrou a porta lentamente e ficou parado na entrada, analisando a situação. A garota se virou e olhos azuis o encararam, Sara. Ela deu um sorriso radiante, levantou, fora até Adam e o abraçou.
- Que saudades, Bonitinho! Estou aqui estudando com seu irmão. – disse ela.
- Hã? – Adam olhou estranhamente para Sara. – Como assim? – olhou para Augusto com uma cara curiosa. – Augusto estudando? E o pior, nas férias? Inacreditável, não acredito o que eu estou vendo. Acho que não deve funcionar nada dessa revisão que você esta fazendo. – Augusto olhou desafetamente para o caçula.
- Sara, vamos voltar. E deixa esse pirralho idiota pra lá. – Augusto disse e voltou colocar o rosto nos livros.
- Ei! Olha como você chama seu irmão mais novo, Augusto! – chamara atenção dele. Adam sorri sarcasticamente.
- Viu Sara é assim o tempo todo! Não sei como consegue passar algum tempo com esse metido arrogante. – Augusto virou e se levantou da cadeira.
- Não fala assim do seu irmão também não, Adam! – Augusto sorriu. Adam abaixara a cabeça, não gostava nem um pouco de ter chateado ela de qualquer maneira.
- Ta bom, me desculpa. – Adam disse em tom baixo para a garota. Augusto não segurou a risada e solto uma gargalhada na frente do irmão. Sara o encarou e ele parou automaticamente. Era impressionante como ela poderia ser tão rígida e meiga em mesmas situações. – Augusto, você sabe para onde o Dramian foi?
- Ele já foi para casa da Tia Sabrina. – respondeu secamente. – Vamos voltar aqui Sara, porque alguém me fez perder o raciocínio.
No Natal, Adam ganhou muitos presentes, diferente do irmão que ganhou somente um dos pais, que fora uma Firebolt de última geração. Adam recebera uma caixinha que guardava um cordão com um bonito brasão na extremidade. O pacote viera com um bilhete em anonimato escrito só uma frase, que o garoto de cabelos castanhos não sabia muito bem o que poderia ser aquilo.
Um dia, lhe ajudará a entender melhor os acontecimentos.
O ano de 2010 acabara de chegar, Adam passou a festa quase inteira sozinho. Igor ainda estava em Portugal, ele era sua única companhia, se ao menos seu primo Alan não tivesse morrido Adam não ficaria sozinho. Sara sempre dava um jeito de ficar com ele, mas desta vez não, pois passara a festa inteira rindo com Augusto. O menino não sabia o que houve com ela, pois odiava a presença do irmão dele.
Dias depois, fora aniversário de Augusto, estava completando 15 anos. Felipe e Julieta dissera a ele que não ganharia nenhum presente, porque a vassoura havia sido muito cara, porem poderia chamar seus colegas para a data não passar em branco. Adam detestou a ideia.
Sexta, oito de janeiro, dia da festa. Felipe havia folgado do trabalho para ajudar com os enfeites. Julieta desceu para ajudar, mesmo estando muito fraca no dia. Augusto e Adam, de mal gosto, ajudaram os pais, mas sem o uso de magia, claro. Sérgio, garoto moreno e melhor amigo de Augusto, chegou mais cedo e terminaram de arrumar o local.
Adam subiu para seu quarto, deu uma ajeitada na sua cama e pegou uma roupa, sua toalha e varinha. Quando chegou na porta do quarto Augusto passou correndo empurrou o irmão com um braço.
- Hoje é meu aniversário, eu tomo banho primeiro! – gritara para o irmão, deu risadas.
Adam ficou ali no chão com as mãos nas costas que bateram contra a cômoda de seu quarto. Reclamava da dor, estava enfurecido com o irmão mais velho. Alguém entrou no quarto do caçula, era Sérgio. Ele estendeu a mão para ajudar.
- Não preciso da sua ajuda! – Adam levantara sozinho e se sentou na cama ainda com as mãos nas costas.
- Que isso Adam? Você nunca foi assim comigo. – falara calmamente Sérgio.
- Mas agora você não é a pessoa que eu imaginava. – virou o rosto para sentido oposto do bruxo moreno. – Quando te vi no trem para Strambo com aquele tipo de gente minha ideia sobre você mudou completamente.
- Eles são meus amigos, mas eu não sou igual eles.
- Eu também pensava assim de início, mas a partir daquele dia que te vi pegando alguma coisa da mochila de um menino, vi que era igual os outros. Um monstro.
- Aquele dia que nós batalhamos com Agatha Keller? E que fui estuporado por ela? – questionou Sérgio com a voz não tão solene como antes.
- Isso mesmo. Foi uma vergonha pra gangue se você quer saber. Uma única menina derrotar cinco meninos.
- Eu ataquei porque ela atacou. E nunca roubaria nada de ninguém, o que eu peguei da mochila do Fabrício Souza era um objeto que ele havia furtado de um garoto do primeiro ano da Gryffindor, Edgar Block.
- Então vocês só estavam querendo devolver a coisa pra ele? – a voz de Adam era de surpresa, nunca imaginaria que o menino que estava sendo atacado era um ladrão mirim.
- Isso mesmo. Viu? Nós não somos ruins e eu não sou igual a eles. – Adam sorriu para Sérgio. Considerava ele mais irmão do que Augusto. – Então vê se desce hoje, conhecendo eles melhor pode mudar sua a visão deles, não é verdade. – Adam concordou. Sérgio se levantou e andava par fora do quarto. – Te vejo lá em baixo, ok?
Augusto saiu do banho e Adam entrou. Quando ele terminara percebeu que havia esquecido sua roupa, não esqueceu a varinha nem a toalha, só a roupa mesmo. Adam se enxugou, enrolou na toalha e abriu uma greta da porta para olhar se alguém estava no corredor.
O corredor estava livre, colocou a cabeça para fora visualizando melhor o lugar. Contou até três e saiu correndo a caminho do seu quarto. Augusto aparecera do nada na porta do quarto do caçula. O irmão mais velho puxou a toalha do corpo de Adam que segurou com firmeza encima da sua parte íntima. O menino mais novo foi arrastado até as escadas. Augusto, que já estava alguns degraus abaixo, deu um puxão mais forte, obteve a toalha e desceu o resto da escada.
Adam com isso se desequilibrara no topo da escadaria e rolou para baixo, completamente despido. Ao chegar no fim dos degraus o garoto de cabelos castanhos olhou para todos. Na sala estava muitas pessoas. Rômulo, Giuseppe, Stefan, Sérgio, duas amigas de Augusto, Sara, Tia Sabrina, Dramian Ponzio e Augusto, que dava gargalhadas do outro lado do aposento. Adam ficou ali olhando para todos que focavam nele, assustados. Ele ficou muito vermelho, ainda mais quando as pessoas começaram a rir. Levantou-se, tampou os genitais com as mãos e subiu correndo para seu quarto. O menino vira sua varinha jogada no chão, ele colocou uma cueca e um short o mais rápido possível, pegou sua varinha com firmeza. Desceu para o primeiro andar, as pessoas ainda riam. Adam soltava lacrimogêneos de fúria. Apontara a varinha para o irmão.
- Esqueceu que não podemos fazer magia longe da escola, Maninho? – disse com voz de deboche e logo comeou a rir junto com os amigos novamente. Adam apertou com mais força sua varinha.
- Petrificus Totalus! – gritou a magia que havia lido em um dos livros de sua mãe há algum tempo. O feitiço acertou o alvo, Augusto caiu duro para trás. O silencio dominou o local. Adam se virou e se dirigiu para seu quarto, seus passos eram firmes. Entrou no quarto, se trancou e chutou alguns dos seus objetos.
Instantes depois, sua porta recebia vários toques. Pela voz Tia Sabrina, Sara, Felipe e Walter, seu avô, estavam tentando conversar com Adam para que ele destrancasse a porta. O garoto apagara as luzes para ficar mais tranquilo, assim ele poderia imaginar que estava em outro lugar, bem longe dali.
- Você não vai abrir a porta? – pronunciou alguém que aparecera do nada no quarto. Era Dramian.
- Como conseguiu entrar aqui? Me deixe sozinho! – gritara Adam.
- É melhor para você abrir essa porta. – a voz fria do menino dava calafrios contínuos. - Você usou uma magia, irá receber uma carta do MBB em breve por causa disso. Não pode chatear essas pessoas aqui, porque elas serão peça fundamental para te ajudar a quebrar essa áurea negra em sua volta, então, abra a porta.
Adam acendeu a luz e não havia ninguém ali. Pensou bem no que ouviu, eles o ajudariam a perder essa escuridão perto dele, daí nada mais certo do que liberar a entrada do pessoal. E ele destrancou a porta.
Felipe, Sara e Walter entraram automaticamente, na porta continuou Tia Sabrina e Dramian atrás dela, ambos com seriedade na face.
- Filho, o que passou na sua cabeça? – Felipe gritava com Adam. – Agora com essa sua atitude você estragou a festa do seu irmão. Deixou seu irmão petrificado. Sua mãe está passando mal, porque você sabe que ela está fraca, ainda mais hoje. Ela não pode ter esse tipo de emoção. Quer que sua mãe morra? – Felipe segurou nos ombros do filho e o balançava. Estava cheio de lágrimas nos olhos do pai. – É isso que você quer Adam?
- N... Nã... – Adam não conseguia falar, sua voz não saia da sua boca. Seu pai tocou no assunto que era seu ponto fraco. Ele não conseguia imaginar a morte de sua mãe, aquela que acordava cedo para preparar seu café da manhã, aquela que o consolava quando meninos trouxas do seu bairro mexiam com ele quando era menor, aquela que cuidava dos seus machucados, que lhe dava amor mesmo quando estava mais cansada que tudo. Aquela pessoa que é única e nunca poderá ser substituída
- E ainda tem a carta do Ministério que vai chegar aqui em casa. – Felipe estava bastante irritado. – Tomara que chegue logo, porque tenho que levar seu irmão e sua mãe para o hospital. E quem causou isso tudo foi você Adam. – o pai colocara a mão na testa e outra na cintura, devia estar tentando se acalmar.
- Felipe, por favor não faça isso com ele. Ele só estava com raiva do Augusto. Claro que não queria causar esse caos todo. Ele é só uma criança. – disse Walter para o filho, depois abraçou o neto que retribuiu com um abraço muito forte.
- Pai... Me desculpe. Eu... Eu... – Felipe fez um basta com a mão, Adam se sentiu pior.
Uma coruja entrou no quarto de Adam, misteriosamente. Ela deixou uma carta encima da cama do garoto e foi embora. Adam pegou a carta que havia o símbolo do Ministério Brasileiro dos Bruxos. O menino tremia, rasgou o envelope e leu a escritura.
Prezado Sr. Perone,
Fomos avisados que um feitiço de petrificação foi usado essa noite em seu lugar de residência às 8:16 pm.
Como o senhor sabe, que bruxos menores de idade não tem permissão para fazer magias fora da escola e, a continuar essa prática, o senhor poderá ser expulso da mesma (Decreto para a restrição racional da prática de bruxaria para menores, 1875, parágrafo C)
Gostaríamos de lembrar-lhe que qualquer atividade mágica que possa chamar atenção da comunidade não mágica é uma infração grave, conforme a seção 13 do Estatuto do Sigilo em Magia da Confederação Internacional de Bruxos.
Boas Férias!
Atenciosamente,
Frederick Script
Frederick Script ESCRITÓRIO DE CONTROLE DO USO INDEVIDO DA MAGIA Ministério Brasileiro dos Bruxos (MBB)
Felipe saiu do quarto batendo o pé com força no chão. Adam que estava segurando o choro até agora não aguentou e soltou algumas lágrimas. Seu avô ainda estava ali, junto com Sara.
- Não fique assim, seu pai é explosivo e você sabe disso. Sei que ele pensa que a culpa não foi sua, mas está com muita coisa na cabeça pra te falar isso. – teve um breve silêncio depois o senhor de idade continuou. - Hoje provavelmente terá que dormir na minha casa. Irei fazer um lanche ótimo para te animar, porque eu não gosto de ver meu neto desse jeito e tenho certeza que ninguém aqui gosta. – ele apontou para todos ali presentes. Eles sorriram, menos Dramian. O sorriso de Sara e Tia Sabrina eram os mais confortantes. Adam limpou os poucos lacrimogêneos em seu rosto e se levantou.
Adam foi para a casa de seu avó Walter, ele fizera pizza e suco de abóbora fresquinho.
- Na minha opinião, a pizza foi a melhor invenção que os trouxas fizeram. – dissera Walter, Adam deu um risinho e continuou comendo, estava morto de fome. – A pizza vende muito na Helicia’s. A loja da nossa família.
Quando fora dormir, a cabeça de Adam se lotava de culpa, não devia ter feito aquilo com Augusto, agora sua mãe está pior, Augusto petrificado e Felipe estressado, tudo devido à besteira que ele havia feito. Caiu no sono e teve uma péssima noite com pesadelos que um homem pálido o perseguia para mata-lo.
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