Gotta be 24 & 25



Capítulo 24 

Uma batida na porta. Duas batidas na porta. Três batidas na porta. 

Ana? – Perguntei com uma voz quase inexistente. 

Olhei ao meu redor e vi um quarto azul escuro com muitas roupas espalhadas por todos os lados, presumi que estava no quarto do Zayn. Mexi minhas pernas e constatei que estava sem calças e vestindo uma camiseta grande de mangas compridas. Cocei meus olhos ainda ouvindo as batidas do lado de fora e me joguei pra fora da cama, caindo no chão de joelhos. Que dor! Meu cabelo estava preso em um rabo de cavalo bagunçado e meus olhos grudentos, já que a maquiagem estava misturada com o meu choro da noite passada, passei a noite toda chorando com Aninha e Zayn. Novamente mais batidas na porta e eu pensei em gritar com o filho da mãe do lado de fora, mas como minha garganta doía, tive a sensação que estava rouca, ou seja, não ia conseguir gritar. Uma última batida e então, finalmente, eu abri a porra da porta do quarto. Meu coração parou quando eu vi a imagem de Harry ali. 

Usava a mesma roupa da noite anterior, os olhos inchados e vermelhos e os lábios tão vermelhos quanto. As bochechas coradas como quem acabou de correr uns bons quilômetros, porém seu rosto ainda estava branco e meio sem vida, como na noite passada. Grandes sombras escuras pousavam abaixo dos seus olhos, seus cabelos bagunçados como eu nunca tinha visto, não de uma forma charmosa, mas como se ele tivesse puxado os fios para todas as direções na noite anterior em sinal de desespero. Em sua mão pousavam papéis, muitos papéis. Eu mal conseguia abrir a boca pra perguntar o que ele estava fazendo ali, ou como ele estava, ou o que ele tinha feito na noite passada. Eu pensei que ia demorar muito para eu vê-lo novamente, que iríamos cair naquela situação clichê onde os namorados brigados ficam sem se ver, ele vai procurar consolo nos braços de fãs e eu fico choramingando em casa sobre o quão estúpida eu fui na noite passada, por mais que todo mundo esteja falando que eu estou certa. Mas, claro, nada na minha vida parece pré-determinado, tudo acontece na surpresa. Por exemplo, desde quando eu ia imaginar que Harry ia estar agora parado na minha frente desse jeito? 

- Isso aqui é verdade? – Ele levantou os papéis. – Me responde, isso aqui é verdade? 
- Se eu soubesse o que é isso, ficaria bem mais fácil eu te responder se é verdade ou não – respondi. 
- “Você é a garota mais horrorosa que eu já vi na vida”, “O que levou Harry Styles a querer uma brasileira de merda?”, “Ele merece coisa melhor, essa porra de namoro tá demorando demais pra acabar”, “Ela deve ser muito boa de cama, a única coisa que prende o Styles com uma mulher é sexo”, e eu nem vou terminar de ler os outros porque – ele suspirou – eu não consigo. 
- Onde você pegou isso? – Minha voz saiu em um sussurro quase inaudível. – Harry, onde você conseguiu isso? 
- Pedi pra Aninha me dar sua senha do Twitter – ele me encarou. – Como que você lê isso todo dia e NUNCA disse nada pra mim? Todo esse tempo e você, você guardou como se fosse... 
- Um segredo? Uma coisa ruim? – Ri sem humor. – É um segredo, é uma coisa ruim. Só que se você prestasse um pouco mais de atenção em mim ou no que acontece ao meu redor você iria saber... 
- Desculpa – ele largou os papéis no chão e me abraçou. Me assustei quando ele fez isso. Seu corpo tremia e Harry nunca havia me abraçado tão forte e com tanta dor como ele fazia agora. – Por favor, me desculpa. 
Harry, o que você...? 
- Eu devia ter visto antes, eu deveria saber antes e... – ele afastou o rosto e me encarou, seus olhos entregavam tudo. Ele chorava. – Não sabia, eu nunca soube! Sempre achei que fosse implicância ou que fosse uma coisa passageira, que com o passar do tempo as fãs fossem entender que eu te amo e que o temos é verdadeiro. 
- Não é assim que funciona a mente de uma adolescente apaixonada pelo ídolo – eu disse. – Não é culpa sua... 
- A culpa é toda minha, é completamente minha! – Harry segurava meu rosto com as duas mãos, ele estava tão perto que eu podia claramente sentir sua respiração quente e ver suas pupilas vermelhas. – Eu não culpo Niall por ter criado um sentimento por você! Não estava presente como um namorado deve estar, eu só... – ele abaixou a cabeça e vi as lágrimas caírem em cima do seu tênis. 
- Você perguntou pra mim várias vezes se eu estava bem, perguntou se eu confiava em você e todas as vezes eu disse que tudo estava bem. Eu menti – levantei seu rosto e o fiz me encarar. – Harry, a culpa não é totalmente sua. 
- Tudo o que você disse ontem é verdade, tudo – ele encostou a testa na minha. – É claro que você ia mentir, Rhanna, óbvio que sim! Eu preferia acreditar que você estava bem quando eu sabia que nada estava bem, e na minha ausência oNiall veio! 
- Mas eu nunca gostei dele, eu não o amo – agora eu que segurava seu rosto. – Não como eu amo você. 

A respiração de Harry diminuiu e seus olhos vermelhos me encararam. Dizer alto e em bom som que eu o amava estava ficando um pouco fácil, falei ontem no meio da discussão e acabei falando agora de novo, escapuliu como se fosse... Normal? 

- Você... 
- Você possui mil defeitos, Harry, MIL defeitos! Mas eu te amo e estou disposta a aguentar fãs, a me cuidar, a saber lidar com essa pressão, tudo porque eu não estou pronta pra te perder! Eu não estou pronta pra perder meu primeiro amor, o primeiro cara que eu de verdade me apaixonei em minha vida. Mas não consigo fazer isso sozinha, Harry, eu não estou conseguindo lutar sozinha. 
- Eu tô aqui – ele segurou minhas duas mãos e beijou dedo por dedo. – Eu sempre estive aqui, mas agora é diferente. Eu vou ficar presente na sua vida, eu vou me dedicar ao nosso namoro, a você, e nunca, NUNCA mais vou duvidar do que você sente por mim ou... Eu não quero brigar. 
- Nem eu. 
- Eu te amo – ele sorriu, um sorriso misturado com mágoa e alívio. – E no que eu puder ajudar pra deixar esse namoro mais leve eu vou fazer. A última coisa que eu quero é te ver sofrer, é você passar por tudo isso o que você está passando, todo dia! 
- Obrigada – suspirei e selei meus lábios nos dele. – Obrigada. 

Eu passei o resto da manhã lendo tweet por tweet que me era enviado. Puxei o histórico desde o começo do nosso namoro, eu sentia Harry segurar a respiração a cada palavra lida, a cada ofensa, a cada ameaça que me era feita. Tweetei por acaso ‘hoje não está sendo um bom dia’ e no segundo seguinte recebi 600 replies desejando que eu morresse e ‘graças a Deus, espero que não passe de hoje’. As minhas fotos na noite passada estavam em todos os lugares, as fãs tinham feito photosets com dizeres absurdos embaixo, ‘lonely bitch’ era o mais comum. Fofocas dizendo que Harry havia me deixado sozinha na noie anterior brotavam em todos os sites, Harry recebia replies nojentos das meninas parabenizando-o por ‘finalmente ter largado aquela vadia’ ou então ‘graças a Deus você percebeu que ela não é boa o bastante pra você’. Sentei na posição ‘índio’ na poltrona e deixei Harry ler tudo o que estava na web, tenho uma impressão de que ele nunca parou mesmo pra ler o que as pessoas falavam da banda, dele e de mim. Era absurdo e doentio, como que essas pessoas se sentem bem consigo mesmas? Como conseguem dormir à noite? Harry entrou em um site que se chamava ‘diebitch.com’ e nele havia fotos de várias namoradas de pessoas famosas, eu estava ali também. Foto minha em um corpo gordo, foto minha no corpo da menina do Exorcista, foto minha em posições pornográficas. Harry não estava nervoso, ele estava triste; o tempo todo ele segurava minha mão e a cada foto nova ou palavra deferida a mim, ele apertava meus dedos com força, suspirava três vezes e fungava. Eu via que ele podia chorar a qualquer instante, minha vontade foi de fechar todos esses sites, mas eu sentia que ele precisava ver e ler tudo. Essa era a minha realidade, um pouco diferente daquilo que ele tinha em mente. 

Me levantei e fiquei atrás de Harry, massageando seus ombros e ocasionalmente beijando seus cabelos e pescoço. Ele estava rígido e soltando o ar pelo nariz com muita raiva, sua mão segurava o mouse com força e a outra estava pousada na testa, massageando-a. Eu o abracei por trás e fechei meus olhos, querendo passar um pouco da minha calma para ele, mas era difícil porque a cada nova linha que Harry lia, a única coisa que saia de seus lábios era ‘Meu Deus’, e então eu via que não tinha como deixá-lo mais calmo. Desisti e, por fim, fiquei ali o abraçando, sem dizer nada, sem fazer nada. 

- Como você aguentava isso? – Ele disse fechando as páginas abertas. – Todo dia? 
- Desde o primeiro dia, na verdade desde ‘a garota especial’ – respondi. 
- Vem aqui – ele me puxou pela mão e eu sentei-me em seu colo. – Isso acontece com a Aninha, também? – Harry me abraçava forte e beijava meu ombro. 
- Com ela não tanto como comigo, eu acho que as fãs tem uma implicância maior pelo fato de eu ser brasileira. Isso é algo que sempre acaba aparecendo em um tweet ou outro, aquela ‘vaca’ brasileira – suspirei. – Mas falar da minha nacionalidade é o que menos me incomoda. 
- Você acha que eu devo falar alguma coisa? 
- De jeito nenhum – eu o encarei. – A última coisa que você precisa agora é de colocar mais fogo nessa fogueira. Deixa tudo ficar subtendido, Harry. Ninguém precisa saber do que se passa na sua vida pessoal, na nossa vida pessoal. O mundo hoje está achando que eu e você terminamos, deixe assim – falei sentindo um peso sair das minhas costas. – A última coisa que preciso é de mais falatório. 
- Escuta – ele encostou os lábios em meus ombros e me olhou de cima pra baixo, passando a mão discretamente na minha cintura. – Quando que – ele tossiu – quando você começou com, com esse problema? – Senti seus dedos contornarem os ossos de minha cintura. – Você não estava tão magra assim quando eu te conheci. 
- Eu sei – suspirei e delicadamente tirei sua mão da minha cintura e entrelacei meus dedos nos dele. – Uns três meses atrás. 
- Por quê? 
- Não me sinto boa... Quero dizer, não me sentia boa e bonita o suficiente pra você. 
Rhanninha – ele soltou o ar pelos lábios. – Não faz isso com você, por favor. 
- Não é tão fácil quanto parece – eu ri. – E pensar que logo no nosso primeiro encontro, Paul me ofereceu hambúrgueres e eu comi igual uma doida. 
- Promete que não vai ficar brava comigo? – Ele perguntou, óbvio que eu não ia ficar, não agora. – A primeira coisa que me fez ficar gamado por você foi o jeito que você devorou o hambúrguer – ele riu como uma criança e eu tive que rir também. – E depois na casa do Fletcher, aquele brilho em seu olhar e como você devorou a pizza com ele. 
- Eu não me importava com isso porque ninguém se importava comigo – ele me olhou assustado. – Não que você não se importasse, eu sei que você sempre... 
- Entendi – ele disse. – Como o namoro ainda não estava oficial ou, no caso, no nosso primeiro encontro ninguém sabia da sua existência, não tinha porque você se importar com comida, certo? 
- Certo – suspirei. – Nunca fui de ficar me importando com o que as pessoas pensam de mim, do meu corpo, do jeito que eu me visto. Sempre vivi tendo Corduroy do Pearl Jam sendo minha trilha sonora – ele fez cara de dúvida. – E eu acho que você não conhece essa música. 
- Nunca nem ouvi falar – ele riu. – Tenho que parar de ouvir “lixo”, não é? 
- Não disse isso ontem por mal, eu estava no calor do momento – suspirei. – Mas sim, você pode começar a melhorar sua tracklist do Iphone. Não te culpo por ouvir as músicas pop, mas sempre há espaço para um bom som dos anos 80 e 90. 
- Sim – e ele beijou meus ombros. – Sim – e subiu um pouco o beijo. – E sim – selou meus lábios. – Como é essa tal música? 
- Corduroy? – Perguntei e ele afirmou. – Na verdade, a história é a seguinte. Eddie Vedder, no início dos anos noventa, só usava a mesma jaqueta corduroy para todos os eventos, clipes e shows do Pearl Jam, ficou meio que a marca registrada dos caras, sabe? Na verdade, do cara. Então todo mundo na época começou a usar a mesma jaqueta e imitar o jeito que o Eddie se mexia, falava e cantava, até o corte de cabelo, e não tinha corte algum porque Eddie Vedder usava cabelão, época grunge mesmo. 
- Hm... – ele fez de novo aquela cara de interessado, eu sorri. 
- Continuando... Eddie Vedder pagou mais ou menos vinte dólares na jaqueta, porém começaram a fabricar jaquetas do mesmo modelo e cobraram o dobro, triplo, quádruplo do preço original. Eddie Vedder ficou tão puto com isso que fez Corduroy, que é meio uma revolta pra todo mundo que começa a copiar o estilo dele só porque curte a música dele ou o vê como um ídolo. Curta a música, mas não o ídolo, viva sua vida, tenha sua própria personalidade, não perca seu tempo vivendo a vida de outra pessoa só porque ela ‘está na moda’ ou só porque ela ‘é legal’. 
- Uau, o cara era foda – ele riu. – Tem como baixar essa música? 
- Tem sim – sorri. – Está no CD Vitology, e por sinal eles foram indicados ao Grammy por esse álbum e ganharam. Claro que o Eddie Vedder tinha que dar uma de revoltado com o mundo e, quando ele aceitou o prêmio, ele disse ‘eu não faço ideia de que diferença isso vai fazer na minha vida’ – eu ri, Eddie era muito babaca às vezes, mas eu o amava, então. 
- Caralho, que cara tosco! 
- Não fala assim do Eddie Vedder, ele pode falar isso. Por isso que eu gosto de Pearl Jam, eles falam mesmo o que pensam e foda-se quem não gosta. Por exemplo, em Corduroy tem uma parte da música onde ele fala “Segure minha mão e não minha imagem”, ou seja, o prazer que eles têm na música não é o fato deles terem ficado ricos com o sucesso, eles não fazem questão de tirar uma foto com fãs porque ‘é legal’, eles preferem um aperto de mão, um olhar, um sorriso, um contato mais íntimo. ISSO é ser ídolo, isso é se importar com as pessoas, isso é mágico! 
- Tô tentando compreender ainda como que você usa essa música como sua trilha sonora, eu ainda não entendi. 
- O refrão termina dizendo ‘parece que vou acabar sozinho assim como comecei’ e essa na verdade é a vida. Pessoas vão aparecer, vão fazer minha vida feliz, vão me criticar, me derrubar, mas ao final eu vou estar sozinha. Nenhuma ficará comigo até o final, assim é a vida, você nasce sozinho e morre sozinho. 
- Você não precisa terminar sua vida sozinha, Rhanninha. É tudo uma questão de escolha, de quem você quer na sua vida até o final, ou não – Harry me encarou. 
- Eu sei – sorri. – Mas é que eu não estava acostumada a dividir minha vida com alguém, então... Sempre achei que no final eu fosse acabar sozinha, como eu comecei. 
- Hold me til I die meet you on the other side... (Abrace-me até eu morrer, encontro-te do outro lado) – ele declamou e os pelos do meu pescoço se arrepiaram. 
Harry? 
- Fiz a lição de casa ontem – ele riu. – Just Breath é de verdade uma música muito linda, Eddie Vedder mandou bem. 
- Você ouviu Pearl Jam? – Acomodei-me um pouco mais no seu colo passando os braços pelo seu pescoço. – Sério? 
- Precisava de uma música que me ajudasse a te entender, quem me passou essa foi o Niall – ele riu e me encarou. – ONiall te conhece muito bem. 
- Já devo ter falado pra ele em algum momento que essa é uma das minhas favoritas, ele lembrou, só isso – encostei minha testa na dele. – Harry, nós nunca... 
- Sei que não – ele beijou a ponta do meu nariz. – Ele cuidou de você quando eu não pude cuidar, se apaixonar foi apenas consequência – Harry riu. – Mas é bom saber que tinha alguém ao seu lado quando eu estava ausente. 
- Você nunca esteve ausente em minha vida – sorri. – Só um pouco preocupado demais em me levar pra cama ao invés de se preocupar com o motivo pelo qual eu não queria pra cama com você – falei e dei um peteleco em seu nariz. – Eu juro que vou melhorar. 
- Não precisa mudar nada em você – ele me apertou em seus braços e me beijou com os lábios fechados. – Só quero minha namorada com um pouco mais de curvas, tá muito magra. 
Harry...? 
- Vem, vamos comer alguma coisa – ele bateu na minha perna indicando que queria que eu me levantasse de seu colo. – Deve ter alguma coisa na casa do Zayn que seja comestível. 
- Amor, eu não sei se eu quero – suspirei e quando vi Harry virar e olhar pra mim com cara de espantado e com um sorriso trêmulo nos lábios foi que eu me toquei do que tinha acabado de dizer. Eu, de verdade, chamei ele de AMOR? A-M-O-R? 
- Do que você acabou de me chamar? – Agora ele ria e andava na minha direção. Pensa rápido, pensa rápido... 
- NADA! – Isso é pensar rápido? 
Rhanna, você me chamou de amor? 
- Não – bufei. – Ai caralho, chamei! 
- Nem eu te chamo de amor e eu fui o primeiro nessa relação a admitir que estava apaixonado, na verdade ainda nem tivemos a chance de conversar sobre o fato de você ter admitido que me ama, porém, com base no que você acabou de me chamar, acho que nem precisamos – ele sorria, o filho da puta sorria. 
Styles, não abusa porque eu ainda não estou totalmente recuperada do que aconteceu ontem e muito menos do que está acontecendo nessa manhã. NÃO ABUSA! 
- Posso te chamar de ‘amor’ em público? – Ele me agarrou pela cintura e ria, praticamente gargalhava! Eu queria sumir. – Ou devo achar um apelidinho mais carinhoso? 
- Cala a porra da boca? – Fiz careta. – Odeio apelidos, odeio até mesmo ser chamada ou chamar outra pessoa de ‘amor’, é ridículo! Pior ainda minha mãe que fica chamando meu pai de ‘benhê’ e eu de ‘bebê’, ódio mortal! 
- Então, sem apelidos? – Ele fez bico. – Nenhum? 
- Sem apelidos – o empurrei. – No máximo você me chama de Rhanninha, e isso é o máximo. 
- E eu? Como você vai me chamar? 
- Continuo te chamando de Styles, ora! Seu nome é pequeno demais e estranho demais pra ter um apelido. 
- HEEEEY! 
- Ah, tô falando sério. Por exemplo, pega o Tom Fletcher. O nome dele é Thomas, mas o apelido Tom é praticamente implícito! Agora pegamos o seu nome: Harry Styles, que sílaba que eu posso tirar do seu primeiro nome a fim de ter um apelido bonitinho e sem ser brega? IMPOSSÍVEL! 
- Você realmente está falando mal do meu nome? Do meu primeiro nome? 
- Babe – eu disse e depois comecei a rir. – É, acho que posso te chamar de babe, ou baby – dei risada e quem fez careta agora foi ele. – É horrível. 
- Vou mudar meu nome – ele bufou. – E se eu me chamasse Chandler? 
- Friends? 
- Aham. 
- Eu teria que me chamar Monica Geller porque Chandler só combina com Monica. 
- Chandler Styles – ele disse fazendo pose e eu caí na risada. – Chandler Styles da One Direction, e aí? 
- RIDÍCULO! – Fui até ele e fui o empurrando pelas costas até a porta do quarto. – Vai Chan, vai pra cozinha. 
- Tá vendo, tem como dar apelido – Harry riu me abraçando pela frente e me guiando pra cozinha junto com ele. 

Zayn e Aninha apareceram um pouco depois. Conversa vai e conversa vem, Aninha me disse de uma certa ‘aposta’ que ela e Zayn fizeram, aposta essa que era ‘quanto tempo Rhanna e Harry conseguem ficar brigados’. Eu só consegui rir. Quando eles chegaram, o papo sério foi colocado de lado, eu precisava me desligar um pouco dessa tensão em volta da briga de ontem, das revelações dessa manhã e do fato de eu ter finalmente falado ‘eu te amo’ para Harry. Ficamos brincando na cozinha, inventamos comidas com as coisas que Zayn tinha – teve de tudo, panqueca com requeijão e frango, acho que foi a coisa mais deliciosa que eu comi desde que cheguei aqui – depois fomos para a sala e ficamos zapeando nos canais, de forma divertida acabamos parando em “Friends”, Harry decidiu discutir as teorias que estavam passando pela cabeça dele em ‘Por que devo mudar meu nome para Chandler?’. Aninha sabia muito bem que eu queria conversar com ela em particular, por isso depois de uns dois episódios, fui com ela para a varanda aos fundos. A casa dos meninos era bem parecida, todas tinham uma grande varanda que dava para um belo jardim e quintal, e, como era de se esperar, o quintal de Zayn era o mais bagunçado de todos. Eu e ela sentamos na grama gelada e começamos a conversar, nem Harry e nem Zayn iriam aparecer tão cedo por ali. 

- Então? – Ela começou, puxando a grama e espalhando pedacinhos de folhas. – Como que foi? 
- Estranho? – Falei rindo. – Ele ficou bem assustado com as coisas que leu na internet e com tudo o que eu contei – suspirei. – Acho que demorou um certo tempo pra ele assimilar tudo o que estava acontecendo e tudo o que vem acontecendo comigo. No final eu sei que ele sentiu culpa, muita culpa. 
- Queria ficar com pena dele, mas não consigo – Aninha riu. – Eu acho que você fez muito bem em ter surtado com ele ontem, e melhor ainda porque finalmente Harry Styles abriu os olhos para uma realidade que ele negava ver. 
- Acho que ele tinha medo de admitir pra si mesmo que tudo não estava tão perfeito como ele imaginava, a vida dele vem sendo um turbilhão de coisas boas, aparecer um obstáculo no meio pode ser meio desagradável – falei. – E eu estava sendo essa coisa desagradável. 
- Você não estava sendo desagradável, não se coloque mais nessa posição – ela veio até mim e me abraçou de lado. – Desde o começo você sempre pensou mais nele do que ele pensava em você. Não disse nada porque não queria atrapalhar a carreira dele, a imagem dele, isso sempre foi a maior demonstração de amor que você podia ter feito, o fato dele falar ‘eu te amo’ antes não quer dizer nada. 
- Ele demonstrava que me amava de outros jeitos, Aninha – dei de ombros. – Sabe, às vezes eu tenho uma impressão que você tem implicância com Harry. 
- Eu sempre vou ter implicância com os namorados das minhas amigas – ela sorriu e me deu um beijo no rosto. –Rhanna, você é boa demais, inteligente demais e desmiolada demais. Precisa ser muito homem pra aguentar ficar com você, já dissemos várias vezes o quão esperta você é, chega a ser assustador. Harry precisa aprender a valorizar seu cérebro, porque aguentar o que você aguenta todo dia e ainda se dar bem nas aulas e ser foda em tudo o que faz é MUITO difícil. É mais difícil que subir no palco, cantar e sorrir. 
- Agora ele tem noção disso, perdi as contas de quantas vezes ele pediu desculpas hoje, meu coração cortou quando ele começou a chorar. Eu nunca vi o Harry chorar. 
- Que chore – Aninha bufou e eu a olhei assustada. – Tá, me desculpe – nós rimos. 
- A conclusão do assunto foi a seguinte – respirei fundo. – Harry vai começar a prestar mais atenção em mim e no que acontece fora do mundinho perfeito ‘One Direction’, acho que é um grande passo no nosso namoro. É meio que a vez dele aguentar a pressão, sabe? Até quanto ele aguenta – falei. – E também tem o fato de que eu finalmente falei que o amo... 
- HEIN? – Eu sabia que Aninha não estava cem por cento prestando atenção no que eu estava falando, então quando eu disse isso a vi claramente arregalar os olhos. – Espera, depois de tudo o que aconteceu ontem, a briga e de você jogando na cara do Harry todas as coisas babacas que ele fez e o que você passa com as fãs, você diz QUE O AMA? 
- Ando aguentando tudo isso exatamente pelo fato de eu o amar – sorri. – Eu consigo me ver brigando com ele e fazendo as pazes pelo resto da minha vida, não acho que vamos brigar com coisas mais sérias... 
- Isso que aconteceu entre vocês não foi uma coisa séria? 
Harry achava que eu gostava do Niall também, já que ele tá meio que apaixonado por mim no momento. E como eu tava de saco cheio ontem, eu meio que vomitei tudo o que eu to sentindo desde o começo do namoro – respondi. – Vejo isso como uma evolução, está tudo às claras agora no nosso relacionamento, sem dúvidas, sem segredos. 
- Ok, Rhanninha – ela me abraçou. – Mas o Harry sabendo tudo o que está acontecendo com você não me tira a preocupação, e, de qualquer, forma eu vou ficar no seu pé. É meu papel de melhor amiga – ela riu e eu também. – E acho que Niall vai continuar cuidando de você mesmo assim. 
- Ai Jesus, Niall HOran – bati a mão na testa. – Eu devo desculpas pra ele, ontem fui meio grossa. 
- Com o Niall? – Aninha arregalou os olhos. – É praticamente impossível ser grossa com Niall HOran, o cara é a personificação da fofura! 
- É eu sei, mas ontem eu estava em um momento meio delicado e acabei descontando nele – suspirei. – Preciso falar com ele mais tarde. 
- Acho que não precisa ser mais tarde – ela sorriu e apontou pra porta, Niall estava lá. 

Seu olhar era tímido, mas seu sorriso de lado passava um ar de tranquilidade. Na mesma hora eu me levantei e fui até ele, antes que eu pudesse falar qualquer coisa, Niall levantou a mão pedindo pra que eu esperasse. Assim o fiz. 

- Tá tudo bem – ele disse. – Sério. 
- Posso falar agora? – Perguntei rindo. – Niall, não está tudo bem! Ontem eu acabei sendo mal educada com você sendo que, eu nunca quis falar daquele jeito! Eu estava tão nervosa e tão abalada com o que tinha acontecido... 
- Eu sei disso, Rhanninha, tanto que eu nem levei em consideração – ele deu de ombros. – E na verdade eu também queria pedir pra que você não levasse em consideração aquilo que você descobriu ontem – vi suas bochechas ficarem um pouco vermelhas, tadinho. 
- O fato de... – cocei a nuca – Que você gosta de mim? 
- Isso – ele riu e olhou pros pés. – Não queria que nada mudasse entre nós, sabe? Você é uma garota maravilhosa e de verdade merece um namorado igual o Harry, eu nunca quis nada com você, na verdade eu quis, mas não que eu vá prejudicar seu namoro com meu amigo. 
- Eu sei disso, Niall, claro que eu sei! Você nem precisa se desculpar, na verdade eu tô tentando entender como que isso – apontei pra ele e pra mim – aconteceu. 
- Nem eu - ele sorriu. – E eu não quero nem pensar mais no assunto. Você é a namorada do Harry, você o ama, ele te ama e eu amo vocês dois! É apenas um lapso, eu sei que vai passar. É como, sei lá, Joey e Rachel namorando, sabe? Você é a Rachel, eu sou o Joey e com certeza o Harry é o Ross. 
- Na verdade hoje ele estava querendo mudar o nome dele pra Chandler – fiz careta, lembrando da babaquice de mais cedo. – E eu não sou muito fã da Rachel? 
Rhanna, estou tentando apenas fazer uma comparação – ele riu. – E sério que ele quis mudar o nome dele pra Chandler? 
- Eu não consegui achar um apelido pra ele, na verdade tudo começou porque eu acidentalmente chamei ele de amor e aí começamos um papo babaca de ‘dar apelidinhos carinhoso’ – bufei. 
- Você chamou o Harry de ‘amor’? – Niall cruzou os braços e suspirou, soltando um sorriso meio triste em seguida. – Nossa, tá sério assim? 
- Eu acho que está – sorri. – Hey, descruza os braços – puxei seus braços pra baixo e o forcei a me dar um abraço. –Niall, sabe o quanto eu amo você? Sabe o quanto você é especial pra mim? E sabia que se o Harry for um babaca você é minha opção número um? 
- Sempre achei que fosse o Louis – ele respondeu me apertando um pouco mais. 
Louis é a opção do Harry, a minha é você – eu ri e o apertei mais, alguma coisa não queria me fazer largar o abraço. – Eu te amo tanto, mas tanto! Desde o começo você e o Liam foram tão legais comigo que nada nesse mundo pode tirar o que eu sinto por vocês. Mas, de verdade, eu sinto muito que esse meu amor não seja o mesmo amor que você sente. 
- Não fique se achando culpada de alguma coisa – ele beijou meus cabelos. – Os meninos sempre brincavam em ‘quem vai ser o primeiro a se apaixonar pela namorada do outro’, e acabou calhando que fui eu – ele riu e aos poucos soltou o abraço. – Mas eu nunca faria nada pra prejudicar você ou ele. 
- Tenho certeza que não – eu sorri e me inclinei pra dar um beijo em seu rosto. – Isso tudo o que você me disse, já falou pro Harry? 
- Acabei de conversar com ele – Niall suspirou. – Ficou tudo bem, ele é meu irmão e não tem motivo pra ficar um clima ruim entre nós dois. 
- Fico feliz em saber que tudo está resolvido – respondi. – Bom, eu vou entrar porque tá começando a ficar frio aqui fora e a Aninha tá começando a me irritar, como sempre. 
- Na verdade – Aninha apareceu atrás de mim me abraçando, assustei. – E eu vou ignorar o que acabei de ouvir por último. 
- Desculpa – eu ri e Niall também. 
Louis acabou de me mandar uma mensagem pedindo pra irmos até a casa dele, parece que seu homem preparou uma surpresa pra você. 
- Ah, claro! – Niall bateu na própria testa. – Eu vim aqui te chamar pra ir à casa do Louis, acabei me perdendo no assunto – ele riu. 
- Surpresa? 
- É o jeito que o Harry achou para pedir ‘desculpas’ – Niall disse com um sorriso maroto. – Ficou muito bom. 
- E aí, vamos? – Aninha estava já pulando ao meu lado de curiosidade. 
- Vai, vamos logo – eu ri. 

Claro que a casa de Louis era praticamente colada com a casa de Zayn, os meninos moravam todos juntos nesse complexo. Caminhamos um ao lado do outro com Niall ao meu lado me abraçando e Aninha segurando minha mão. Assim que chegamos, vimos logo no quintal da frente um palco improvisado com cinco cadeiras e microfones. Todos estavam lá, e Niall me deu um beijo no rosto e foi se juntar ao meninos. A iluminação improvisada com lâmpadas e velas estava tão fofinha que eu chegava até a duvidar que havia sido os próprios meninos que fizeram aquilo, e tudo em tão pouco tempo. Duas almofadas estavam jogadas na frente do palco, presumi que eram para Aninha e eu, sendo assim fomos pra lá. Harry estava no centro do palco em pé, sorriu quando me viu e soltou um longo suspiro. Os outros meninos também sorriam e pareciam até um pouco nervosos, eu achava tudo uma gracinha. 

- Que é tudo isso? – Perguntei de forma idiota. 
- Show particular – Harry me respondeu. – Eu já vi você ouvindo essa música algumas vezes e sei quão grande é o significado dela pra você. Na verdade já estava nos meus planos a um certo tempo cantá-la pra você, mas acho que hoje é o momento apropriado. 
- Só não começa a chorar, nenhuma das duas – Louis disse. – Não trouxe lencinhos pra todo mundo. 
- Ok, Tomlison – Aninha disse rindo. 
- Vamos? – Harry olhou pros meninos e eles concordaram. – Vai ser a capela, então só aproveita. 
- Aham – sorri. 

Regrets collect like old friends 
Remorsos se acumulam como velhos amigos 
Here to relive your darkest moments
 
Aqui para reviver seus momentos mais sombrios 
I can see no way, I can see no way 
Não vejo nenhuma saida, não vejo nenhuma saída 
And all of the ghouls come out to play
 
E todos os monstrous saem para brincar 

Louis começou cantando a música. Logo na primeira frase eu já me arrepiei toda e reconheci a música. Florence and the Machine, Shake it Off. Eu disse para Harry uma vez que essa música me trazia boas lembranças, me dava forças quando eu achava que não podia mais ficar de pé. Quando Louis cantou, eu mirei Harry e nossos olhares se encontraram, ele sorriu. Eu parecia estar catatônica, porque em questão de segundos era como se eu estivesse sozinha apenas com os cinco, ou que eu estivesse em um plano superior flutuante e essa música fosse a única coisa que me deixasse acordada ou apercebida do mundo. Quis chorar, mas quis sorrir. Ai Harry, dessa vez você acertou em cheio. 

And every demon wants his pound of flesh 
E todo demônio quer o seu pedaço de carne 
But I like to keep some things to myself 
Mas eu gosto de manter algumas coisas para mim mesma 
I like to keep my issues drawn
 
Gosto de manter meus problemas escondidos 
It's always darkest before the dawn
 
É sempre mais escuro antes do amanhecer 

Niall cantava com tanta emoção a segunda estrofe que sem querer acabei derrubando algumas lágrimas. Senti Aninha ao meu lado apertar minha mão e encostar a cabeça em meu ombro. Mordi meus lábios pra não chorar mais ainda, aquele não era o momento. Encarei Niall no momento em que ele cantou ‘mas eu gosto de manter algumas coisas para mim mesmo’ e percebi que houve uma troca de sentimentos entre nós dois. Talvez seja melhor ele manter os seus sentimentos para si mesmo. Na verdade, eu tenho certeza de que era exatamente isso o que ele estava pensando. 

And I've been a fool and I've been blind 
E eu tenho sido tolo, tenho sido cego 
I can never leave the past behind
 
Não consigo nunca deixar o passado pra trás 
I can see no way, I can see no way 
Não vejo caminho algum, não vejo caminho algum 
I'm always dragging that horse around
 
Estou sempre carregando esse peso nas costas 

Harry foi o próximo e devo dizer que, desde o começo, eu sempre fui apaixonada por sua voz. Acho que eu me apaixonei pelo seu timbre antes de me apaixonar pela pessoa. Quando eu fiquei por vários dias ouvindo One Direction, lembro-me de voltar por diversas vezes as partes que Harry cantava, e hoje o sentimento não foi diferente. Quando ele começou eu me arrepiei toda, e se antes eu já estava com um indício fraco de que ia começar a chorar, agora as lágrimas escorriam livremente por meu rosto. Ele cantou com tanta dor ‘e eu tenho sido tolo, tenho sido cego’ que eu consegui sentir sua dor, era como se ele estivesse se punindo por todo esse tempo não ter percebido o que estava acontecendo comigo. 

All of his questions, such a mournful sound 
Todas as perguntas dele, um ruído de sofrimento 
Tonight I'm gonna bury that horse in the ground 
Hoje eu vou enterrar esse peso no chão 
So I like to keep my issues drawn
 
Então eu gusto de deixar minhas dores escondidas 
But it's always darkest before the dawn 
Mas é sempre mais escuro antes do amanhecer 

Liam e Zayn sincronizaram as vozes e fizeram um dueto maravilhoso nessa estrofe. Agora eu e Aninha estávamos com nossas mãos entrelaçadas e uma encostando a cabeça na outra, só prestando atenção. Durante essa parte, novamente meu olhar se cruzou com o de Harry e eu o vi murmurar ‘não chora’, e em seguida esboçar um sorriso. Sem eu nem perceber, já estava com um sorriso singelo no rosto e ele disse ‘isso aí’ e piscou pra mim. Aninha percebeu e me deu um beliscão de leve, o que fez com que meu sorriso se abrisse mais ainda. 

Shake it out, shake it out 
Liberte-se, liberte-se 
Shake it out, shake it out, oh woah 
Liberte-se, liberte-se 
Shake it out, shake it out
 
Liberte-se, liberte-se 
Shake it out, shake it out, oh woah 
Liberte-se, liberte-se 

It's hard to dance with a devil on your back 
É difícil dançar quando o diabo está nas suas costas 
So shake him off, oh woah 
Então liberte-se dele 

No refrão, as vozes dos cinco garotos na minha frente combinadas resultavam em uma harmonia praticamente perfeita. Percebi que eu estava cantando junto com eles, essa era uma das minhas músicas favoritas e meu hino em meus dias baixos, quase como Alive do Pearl Jam. Sabia muito bem que, contando com a última noite, eu estava me libertando de todos os meus demônios, e agora eu tinha Harry ciente de tudo o acontecia, ele era meu anjo, meu protetor. Desde o princípio eu nunca estive nessa batalha contra mim mesma e contra o mundo sozinha, mas agora eu tinha a pessoa que mais me importava ao meu lado. E o tinha comigo. 

And I am done with my graceless heart 
E eu estou cansada do meu coração sem graça 
So tonight I'm gonna cut it out and then restart 
Então hoje a noite eu vou parar com isso e recomeçar 
'Cause I like to keep my issues drawn 
Porque eu gosto de manter meus problemas escondidos 
It's always darkest before the dawn
 
É sempre mais escuro antes do amanhecer 

Harry cantou ‘então hoje a noite eu vou parar com isso e recomeçar’ e apontou pra mim, quase obrigando-me a concordar com ele. Eu fiz um ‘joia’ para ele e os meninos riram. Eu sabia que estava recomeçando, e com ele cantando assim pra mim e ajudando-me seria muito mais fácil dar a volta por cima. 

It's hard to dance with a devil on your back 
É difícil dançar quando o diabo está nas suas costas 
So shake him off, oh woah 
Então liberte-se dele 

Nesse momento os cinco pegaram os microfones que usavam e os tiraram da base. Saíram do palco e vieram caminhando em nossa direção, ainda cantando e sem perder contato visual conosco. Sentaram-se de frente pra nós,Zayn praticamente sentou no colo de Aninha, mas Harry preferiu sentar na minha frente. Niall, Louis e Liam ficaram ajoelhados e mais ou menos abraçados enquanto cantavam. Tudo estava tão lindo e tão perfeito que no fundo eu desejei ter uma câmera agora comigo pra registrar esse momento. Era isso o que eu queria guardar pra minha vida inteira. 

And it's hard to dance with a devil on your back 
E é difícil dançar quando o diabo está nas suas costas 
And given half the chance 
E se fosse dada metade da chance 
Would I take any of it back? 
Eu tomaria alguma coisa de volta? 
It's a final mess but it's left me so empty 
É uma bagunça final que me deixou tão vazia 
It's always darkest before the dawn
 
É sempre mais escuro antes do amanhecer 

Oh woah, oh woah 

And I'm damned if I do 
E eu estou condenada se eu fizer 
And I'm damned if I don't 
E eu estou condenada se eu não fizer 
So here's to drinks in the dark 
Então aqui estou para brindar no escuro 
At the end of my rope 
No final da minha jornada 
And I'm ready to suffer
 
E eu estou preparada para sofrer 
And I'm ready to hope 
E eu estou preparada para ter esperanças 
It's a shot in the dark aimed right at my throat 
É um tiro no escuro mirando exatamente na minha garganta 

Harry agora estava ajoelhado de frente pra mim segurando com mais força minha mão direita, e quando cantou ‘e eu estou preparada para sofrer e preparada para ter esperanças’, seu olhar me passou mais confiança, porque eu sabia que agora era isso o que ele queria que eu tivesse. Esperança! Apesar de eu estar mais forte e talvez agora eu fosse encarar o sofrimento com outros olhos, o essencial era ter esperança, não desistir nunca, não me entregar nunca. A minha batalha comigo mesma já estava quase ganha, faltava muito pouco. 

'Cause looking for heaven, found the devil in me 
Porque procurando pelo Céu eu achei o diabo em mim 
Looking for heaven, found the devil in me
 
Procurando pelo Céu, achei o diabo em mim 
But what the hell
 
Mas que inferno 
I'm gonna let it happen to me
 
Eu deixarei acontecer comigo 

Os meninos terminaram e cantar e a única coisa que eu consegui fazer foi me jogar nos braços de Harry e terminar o pouco do meu choro entalado ali nos ombros do meu namorado. Ele me abraçou com força deixando o microfone de lado, em seguida senti mais abraços e, quando abri meus olhos, vi que todos estavam em cima de mim, também me abraçando, e isso incluía Ana, por mais que ela não fosse fã de chorar, eu sabia que ela também estava chorando. Aquele era nosso recomeço, era o meu recomeço. Estou me libertando de todos os meus demônios essa noite, e com as sete pessoas mais maravilhosas do mundo ao meu lado. 

Capítulo 25 

Paris, Paris, Paris, Paris! Eu ficava repetindo isso pra mim a cada segundo enquanto Olívia e Tyra detalhavam sobre as fotos tiradas no anterior photoshoot. 

Duas semanas se passaram desde o ocorrido no Saturn V, as fotos divulgadas nos jornais, principais tablóides, Tumblr, Facebook, Twitter e qualquer outro meio de comunicação. Como já era de se esperar, o furor do fandom com as fotos durou mais de três dias e acho que o pior mesmo foi a reação feminina quando Harry admitiu em um programa na TV que nós dois ainda estávamos namorando. Nesse dia eu acho que meu Twitter bombou de coisas boas, mas também de coisas ruins. Louis twittou ‘fico feliz de poder contar com a minha irmã, bem vinda a família – de novo @stargirl’ e as garotas foram a loucura! Primeiro porque Louis me chamou de irmã, segundo porque ele disse que eu faço parte de família, terceiro porque... Bom, eu sou uma garota que sou amiga dos meninos e de quebra namoro um deles. Quer mais motivo pra um surto adolescente virtual, ou não? 

As semanas passaram-se de forma tranquila, como fomos avisados que Tyra iria dar os resultados na data de hoje, então minha cabeça ficou lotada, pensativa, preocupada, nervosa e todos esses sentimentos que te deixam com vontade de vomitar e tiram o seu sono. Por falar em vomitar, Harry está cuidando de mim como se estivesse cuidando de um bebê. Até mesmo citou minha frase favorita de um dos meus filmes favoritos, “Ps: I love you”, no primeiro dia de aula depois dos bafos do fim de semana. Harry me segurou nos braços e disse que era pra eu encarar tudo de cabeça erguida e eu que eu era muito mais do que todo mundo achava, eu era a coisa mais preciosa na vida dele, e foi aí que ele disse ‘eu sei exatamente tudo o que eu quero pra mim, porque eu a tenho agora em meus braços’, então eu comecei a chorar e eu juro que ele também quis chorar, mas se segurou, caso contrário ia pegar mal pra pose de machão que ele estava no momento. O que importa é que agora, tanto Harry quanto os outros meninos estão tomando conta de mim, o que me deixa mas tranquila e confiante, e de novo parafraseando minha cantora favorita, Kelly Clarkson, ‘what doesn’t kill you makes you stronger’, ou seja, o que não te mata te fortalece! Se até hoje eu não morri por conta desse abuso infernal eu não vou morrer agora, pelo contrário, ficarei mais forte. E, de novo, tenho o apoio da pessoa que mais importa pra mim:Harry! 

Tentando tirar esses pensamentos da cabeça e me concentrando na aula, eu, Aninha, Sam e Lucas estávamos aflitos, e bem aflitos pra ser sincera. Aninha estava quase destruindo meus dedos tamanha era a força com a qual ela os apertava, mas eu estava de um jeito que não sentia mais dor, acho que já estavam anestesiados. Tyra começou a mostrar foto por foto que foi tirada aquele dia e fazia suas críticas construtivas – menos luz, mais luz, fora de foco, embaçada, preto e branco... – e dizia como podíamos melhorar nossa qualidade de foto, o que fazer para nossas fotos ficarem com um aspecto mais profissional e não tão amadoras. Poderíamos usar a câmera mais foda do mundo, mas se não tivéssemos técnica, a foto ficaria uma merda de qualquer jeito, ou poderíamos usar uma câmera de celular e, com a técnica perfeita, a foto estaria pronta para um editorial Vogue. A cada crítica eu sentia meu estômago descer mais um pouco e mais um pouco até chegar quase nos meus pés, quando um profissional está te julgando, você acaba se sentindo como um lixo e acha que todo o seu trabalho é o pior do mundo. E sentindo isso, eu via meu ticket para Paris ir cada vez mais longe, e mais longe. 

E o resultado? Já saiu? – Harry x 

Peguei meu celular e dei de cara com essa mensagem. Harry e os meninos estavam tentando me acalmar desde ontem à noite, mas tudo estava sendo em vão, mal consegui dormir e perdi as contas de quantas xícaras de leite morno fiz para mim mesma a fim de tentar ficar sonolenta. Óbvio, todas em vão, e, ao final, fiquei enjoada e com muita vontade de fazer xixi. 

Ainda não, elas estão discutindo a qualidade das fotos. Estou a ponto de ter um piripaque – Rhanninha x 

Você vai se dar bem, gênio, e se não for pra ir com a escola para Paris, te levo lá um dia – Harry x 

Ah claro, Paris com você parece bem atraente – Rhanninha x 

Obrigado por não recusar meu pedido, lol. Agora presta atenção na aula e me liga assim que sair o resultado. Te amo –Harry x 

Pode deixar, amo você – Rhanninha x 

Rhanna? – Aninha me cutucou e eu guardei o celular. – Os resultados. 
- Agora? 
- Agora minha amiga, AGORA! 
- Sam? Lucas? – Olhei para os dois garotos ao meu lado que mal piscavam, deviam ter entrado em um tipo de estado de choque ou coisa do tipo. 
- Sem condições de falar agora, Rhanna, sem condições – Sam levantou a mão pra mim e arregalou aqueles olhos azuis, fiquei até com medo. 
- Ok... 
- Como era de se esperar em uma sala de alunos tão espetaculares, foi um decisão muito difícil, mas depois de todas essas semanas, finalmente chegamos a uma conclusão que nos pareceu justa – Tyra olhou para Olívia que sorriu, e depois encarou a sala. – Vocês já devem saber do prêmio, certo? Os quatro vencedores passarão, comigo, uma semana em Paris acompanhando o dia a dia das modelos e, o principal, por três dias vocês vão estar sentados na primeira fileira vendo todos os desfiles das principais marcas, e nos outros dias vão fotografar Paris e as modelos. Todos de acordo? 
- SIM! – Óbvio, todo mundo concordou. 
- Bom – Tyra sorriu para Olívia. – Há com certeza, nessa sala, pessoas com uma grande capacidade, outras que precisar ficar um pouco mais refinadas, outras que precisam aprender a confiar no próprio taco. Porém há um grupo que foi absurdamente RIDÍCULO de tão bom, acrescento até dizer que no grupo parecia haver um gênio – ela sorriu e me encarou, oh não! – Um gênio que pode não ser exatamente reconhecido como tal, que para muitas pessoas não passa apenas de mais uma na multidão, porém eu tenho certeza de que esse gênio sabe da capacidade que tem, e o principal, esse gênio tem o apoio de amigos, professores e da pessoa que ama. 
- Ela tá falando de você – Lucas disse baixinho. – Rhanna, a Tyra está falando de você. 
- Impossível! 
- O Harry te chama de gênio o tempo todo, quem é o outro gênio da sala? 
- Não sei, Sam, não sei, mas não pode ser... 
- Parabéns, Rhanna, Ana, Samuel e Lucas. Vocês vão para PARIS! 

BLECAUTE! TÔ CEGA! E SURDA! 
Não sei o que está sendo pior ou melhor! Eu só sei que as cadeiras que estava na minha frente tombaram pro lado, Sam e Lucas lascaram um beijão ali mesmo na sala na frente de todo mundo, Aninha levantou pra cair de joelhos logo em seguida chorando copiosamente e eu fiquei lá pulando e berrando em círculos parecendo uma idiota. NÓS ÍAMOS PRA PARIS, NÓS VAMOS PRA PARIS, PORRA! Quando eu consegui parar de gritar e Aninha conseguiu ficar de pé, vimos que a sala toda nos olhava e nos aplaudia, todos os alunos ficaram felizes. E quando eu digo todos eu de verdade quero dizer TODOS! Não havia uma pessoa sentada, todos sorriam e batiam palmas dizendo ‘vocês merecem’ e ‘parabéns’, até mesmo as meninas que um dia me olharam de cara feia, que grudaram coisas nas minhas costas, que rabiscaram meu caderno, essas meninas meninas estavam – talvez com um sorriso falso, mas não deixava de ser um sorriso – me encarando e não paravam de bater palmas. Olívia e Tyra estavam ainda na frente esperando por algum movimento nosso, mas eu só conseguia pular e abraçar Aninha e depois abraçar Sam e depois Lucas e gritar mais um pouco. Os alunos foram se aproximando e nos empurrando para a frente, gritavam e pulavam conosco, Sam e Lucas pegaramAninha no colo e a levaram suspensa nos ombros, eu ainda estava sendo arrastada no chão por aquelas mesmas garotas que, meses atrás, pisaram em cima de mim no photoshoot da Surgascape. 

A primeira coisa que fiz foi dar um abraço apertado e choroso em Olívia. Quem pode ter me escolhido pode ter sido a Tyra, mas toda a técnica que eu desenvolvi foi por culpa dessa fadinha loira de paciência eterna. Ela me abraçou de volta tão forte que minha costela estralou, nós duas começamos a rir. Olívia olhou pra mim com aquele sorriso encantador e limpou minhas lágrimas, sussurrando ‘eu sempre confiei em você, sempre’, dito isso me deu um beijo no rosto e mais um abraço. Deus, eu podia ficar ali pra sempre! Quando me soltei de Olívia fui até Tyra, que me esperava de braços abertos e com aquela cara de mamãe orgulhosa. 

- Eu sempre soube que você ia conseguir – ela sorriu enquanto me abraçava. – Por Deus, garota, você praticamente entrou debaixo das minhas pernas pra tirar uma foto! Isso é ter coragem! 
- Quantos homens não queriam estar no meu lugar – gargalhei no meio dos meus prantos. – Tyra, obrigada! 
- Obrigada? Rhanna, quem fez um bom trabalho aqui foi você, meu papel foi apenas escolher uma foto boa, que, vamos combinar, a sua tava dando de mil a zero em cima de muita foto – ela sorriu. – Já pensou nas roupas que vai levar? 
- Tyra! – passei as mãos nos cabelos. – Eu mal tô conseguindo controlar meus batimentos cardíacos, como que você acha que eu vou pensar em roupas? 
Rhanna, você está indo para Paris – ela sorriu. – Me prometa que você vai comprar roupas novas e estilosas! Além de você ser a namorada do Harry, que por sinal precisa ser informado disso, você precisa se vestir como uma fotógrafa moderna profissional que está indo para Paris. 
- Ai meu Deus – eu ri. – Eu não, eu não tenho dinheiro pra gastar com roupas. 
- Por que você não checa sua conta bancária mais tarde? – Ela piscou pra mim e eu arregalei meus olhos. – Digamos que esse seria o seu primeiro salário. 
- Tyra? 
- Agora vai ligar pro seu namorado, tenho certeza de que ele deve estar louco de curiosidade – ela riu. – Vai, vai... 
- Eu não... Tyra, me diz que você não fez nada louco! Por favor, isso seria... 
- Merecido – ela segurou minha mão. – Mais que merecido! Você é uma garota de ouro, Rhanna, merece mais do que ninguém uma oportunidade dessas e uma recompensa como essa! Agora vai e avisa seu homem. 
- Ok – suspirei quase querendo chorar de novo! 

Olhei para Sam, Aninha e Lucas, que se abraçavam freneticamente, e saí de fininho da sala já pegando meu celular. Procurei os últimos números discados e logo achei o de Harry. Não demorou muito para ele atender o telefone, foi logo no segundo toque. 

- CONSEGUIU? 
- CONSEGUI, BABE! 
- EU SABIA, CARAMBA!!!! – Ele berrou e berrou com força. – CARAS, ELA CONSEGUIU, ELA CONSEGUIU! 
- Aeeeeeeeeee. Parabéns, Rhanninha! 
- Sabia que você ia conseguir. 
- ME TRAZ UM PRESENTE DE PARIS! 
- Como você está? Tá tremendo? 
- Eu quero sentar na calçada e chorar de emoção, posso? 
- Vem chorar então na calçada da minha casa, porque eu to doido pra te dar um abraço de parabéns! Na verdade eu quero te dar um beijo como você merece – a última fala Harry disse em um tom mais baixo e malicioso, eu mordi os lábios e dei três pulinhos de excitação. 
- Vai demorar ainda pra eu ir até a sua calçada, mas acho que vou comemorar indo no Starbucks com o pessoal, tudo bem? 
- Pode, sem problema – ele riu. – Espera, você está me pedindo permissão? 
- Não é exatamente permissão, é... – cocei a cabeça. – Ok, eu pedi permissão. 
- Rhanninha, você pode ir onde quiser e quando quiser sem falar pra mim – Harry falou bem calmo. – Só quero que você se alimente, se cuide, apenas isso. 
- Sei disso, babe – eu sorri. – Mas olha, só vamos comemorar agora e depois eu juro que sou toda sua, quero planejar minha super viagem com você e os meninos. 
- Tudo bem, mas já vai se preparando pra trazer mil presentes para os meninos, eles só sabem pedir. 
- Vocês nunca foram para a França? 
- Bem no começo da carreira, mas ficamos pouco tempo. Quem sabe eu não vou junto com você? 
- SÉRIO? 
- Você deixa? 
- Tá me pedindo permissão, Harry Styles? – Eu ri e ele também. – Harry, você pode ir onde quiser e quando quiser sem falar pra mim. 
- Cala a boca, Rhanna Penalva – ele disse meio bravo meio rindo, eu só gargalhei. 
- Bom, seria um prazer ter você ao meu lado em Paris, mas será que sua agenda não vai estar lotada na época? 
- Não sei, você vai quando? 
- Acho que daqui duas semanas, é o tempo que eu preciso pra arrumar meus documentos e o pessoal também. 
- Vocês quatro vão? Aninha, Sam e Lucas também? 
- Sim, todos nós. Acho que dá pra imaginar como os meninos estão. 
- Dando mais pulinhos que você – nós rimos. 
- Mais ou menos por aí. 
- Vamos conversar quando você voltar, ok? Que horas mais ou menos você chega em casa? 
- No fim da tarde – sorri. – Eu te ligo. 
- Vou ficar esperando – ele suspirou. – Novamente, parabéns gênio. 
- Obrigada, Harry. 
- Amo você, vem pra casa logo! 
Aninha, Lucas, Sam e minha pessoa fomos almoçar em um Starbucks próximo da escola, não conseguíamos parar de sorrir em nenhum momento, era emoção demais, felicidade demais, alegria demais, medo demais. Postei no Twitter: 

‘Indo para Paris em algumas semanas. Obrigada por acreditar em mim, Tyra’ 

E esperei para ver qual seria a reação. Bom, primeiro que a Izzy – a noiva do baterista mais lindo do mundo, Judd do McFly – foi a primeira a me responder: 

‘Parabéns, Rhanninha! Já sabia da notícia há uma semana, mas não podia te contar. Estou muito contente por você, aproveite Paris’ 

E depois veio a Giovanna: 

‘Parabéns, fofura! A Izzy já havia me contado, mas agora é oficial! Divirta-se na França, se precisar de alguma ajuda só me pedir, mwaack’ 

E depois vieram os tweets de Tom e Dougie: 

‘Queria deixar meus parabéns para a nossa star girl por conquistar mais um degrau em sua vida profissional. Não poderia estar mais orgulhoso – Tom x’ 

‘Deixo aqui meus parabéns para a Rhanninha’ – e Dougie postou uma foto de um alien sorrindo, coisa mais bizarra! 

E, claro, meu amorzinho Harry Styles não ia ficar fora dessa: 

‘Parabéns, time Sam, Lucas, Aninha e minha princesa @stargirl. Acreditei em você desde o primeiro momento que te vi, te amo, babe’ 

Óbvio que Louis Tomlison não ia deixar de comentar: 

‘Parabéns, sis, me traz presente!’ 

Zayn deixou dois tweets fofinhos para Aninha e o mesmo fez Liam. Leishman deixou um tweet parabenizando o meu trabalho e o de Aninha, e o mesmo fez Dave. Ou seja, eu ganhei meu dia! Algumas fãs também nos parabenizaram e os tweets maldosos falando que nós duas conseguimos o prêmio porque namorávamos os meninos eu simplesmente ignorei, eu estava numa vibe tão feliz que mal me importava com o que elas estavam falando. Eu ia para Paris e eu namorava Harry, fodam-se todos! 

- ROUPAS! EU PRECISO DE ROUPAS! 
- Eu preciso de dinheiro pra comprar as roupas! Não tenho um puto no bolso! 
Harry é o seu namorado, você tem dinheiro até de sobra. 
- Eu não vou pedir pro Harry comprar roupas pra mim, é abuso demais. 
- Tô nem aí, eu vou pedir pro Zayn comprar minhas roupas, ele gosta de me mimar. 
- Mas você é abusada, Ana. 
- Sou mesmo, tô nem aí! 
Rhanna, se você pedir o cartão do Harry, pergunta se ele não pode aproveitar e emprestar pros seus dois amigos gays e falidos, por favor? 
- Sam, eu já disse que não vou fazer isso. 
- Se eu abrir a boca e falar que você precisa de roupas para Paris, Harry é capaz de ir com você em cada loja de Londres a fim de comprar roupas pra você. 
- E eu acho muito bom você não fazer isso comigo, Ana, a última coisa que eu quero é Harry comprando roupas pra mim. 
- É PRA PARIS! – Sam e Lucas berraram. – Rhanna Penalva, eu não vou deixar você ir igual uma mendiga pra Paris, não vou permitir! – Lucas completou. 
- Eu já pedi pro Zayn ir fazer compras comigo, então a essa altura eu acho que o Harry já deve estar sabendo que você também precisa de roupas – Aninha sorriu. 
- Eu odeio você, sabia disso? 
- Eu sei que você me ama em segredo, então isso eu mantenho em meu coração. 
- Babaca! – Bufei. Quando ia completar meu pensamento, ouvi meu celular começar a tocar, pelo toque não era Harry. 
- Seu boyfriend? – Sam piscou os olhos ficando mais gay ainda. 
- Não, quando ele liga toca All About You do McFly – eu ri pegando o celular. – Na verdade não sei quem é. 
- Atende! – Aninha disse dando um gole no seu frapuccino. 
- Alô? 
- Rhanninha? 
- É ela, quem é? 
- É a Lorelai, Lorelai Cohen. 
- Oh! Hey, Cohen – eu disse olhando pra Aninha com cara de dúvida. Óbvio que minha amiga torceu o nariz e tomou mais um gole do seu frapuccino de chocolate. – Tudo bem? 
- Sim, sim. Desculpa te ligar assim, consegui seu número com o Liam. 
- Eu suspeitei – eu ri. – Tá tudo bem? 
- Está sim, na verdade estou ligando pra te dar os parabéns por Paris, na verdade parabéns pro grupo todo, eu vi as fotos e vocês mandaram muito bem. 
- Você viu as fotos? – Arregalei os olhos e os três olharam pra mim. 
- Lary Cohen viu nossas fotos da Tyra? – Lucas perguntou. – Essa menina é diva demais. 
- DIVA? – Aninha berrou. – Nunca mais fale isso na minha presença, Lucas! 
- Ai desculpa, mas ela merece meu respeito. Ela tá pegando Liam Payne e tem uma boa reputação com os famosos, ela merece meu respeito! 
- Tá, tá, tá... – Aninha bufou novamente. 
- Ehr, desculpa, Lary, me perdi aqui com os comentários dos meus amigos. Todos mandaram beijos – falei rindo da careta da Aninha. 
- É, eu imagino – ela respondeu. – Bom, estou te ligando porque na verdade eu gostaria de saber se você está livre no próximo sábado. 
- Sábado? Nunca tenho nada sábado, claro que estou livre. 
- Excelente! Então, por favor, assim que você sair da Starbucks vai direto ao encontro do Harry, planejamos uma surpresa pra você e para seus amigos em virtude da viagem para Paris – sua voz era muito alegre, fiquei mais curiosa ainda. 
- Surpresa? Para todos nós? 
- Claro que sim, não esquecemos de ninguém, até mesmo da Ana. 
- Ah sim, eu sabia que você ia se lembrar com muito carinho da Aninha – eu comecei a rir junto com Lary. 
- Querem parar de falar de mim? Tô ficando incomodada! GARÇOM, TRAZ UM MUFFIN! 
- Não desconta sua raiva no muffin! – Sam disse. – Aninha, você tá ficando gordinha. 
- Quer fazer o favor de calar a porra da boca? E pega meu muffin! 
- Lary, posso te ligar mais tarde? Estou no meio de uma crise comestível aqui – falei baixinho. 
- Claro, na verdade nem precisa me ligar. Liga direto pro Harry, se não me engano é pra todo mundo ir pra casa dele, fechado? 
- Fechado, obrigada por ligar. 
- De nada, até daqui a pouco. 
Aninha, a menina planejou uma surpresa com os meninos e você fica aí pagando de mal humorada, dá uma moral pra ela – disse guardando meu telefone na bolsa e vendo dois muffins enormes de chocolate chegarem até nossa mesa. – Sério? 
Rhanna, não me peça pra ser amiga dessa garota, algo nela não me cheira bem. 
- Ela tem cheiro de Carolina Herrera – Sam disse. – Cheiro de riqueza. 
- Ah, pff... – Aninha resmungou e mordeu o muffin com raiva. 
- Que história é essa de surpresa? – Lucas me cutucou, seus olhos azuis brilhando como nunca. – Podemos ir também? 
- Pelo que ela me disse, a surpresa é para todos nós. Acho que vocês podem ir também, só terminar nosso café e vamos todos para a casa do Harry. 
- Surpresa de Lorelai Cohen – Lucas suspirou. – Se eu fosse hétero, eu pegava! 
- LUCAS! – bati em seu ombro. – Menos, né? 
- Fão queru fafar mais dessa faroga – Aninha falou com a boca cheia de muffin e espalhando farelos de chocolate pela mesa toda. 
- Que nojinho, Gordon – Sam fez careta. – Que porra foi essa? 
- Não quero falar mais dessa garota – eu traduzi. – Depois de um certo tempo morando com a Miss Porquinha você aprende a decifrar esse linguajar peculiar. 
- BOLTON! – Ela berrou depois de engolir. – Linguajar de Bolton, você deveria estar acostumada, Senhora sou-doida-por-McFly. 
- Meu favorito não nasceu em Bolton, Ana – eu ri. – Nasceu em... 
- Não quero saber onde Tom Fletcher nasceu – ela suspirou. – Enfim, eu terminei aqui, querem ir agora? – Todos nós olhamos para Aninha e ela estava com a boca cheia de farelos e suja de chocolate. 
- Me diz que por favor você vai ao banheiro antes dar uma limpada nesse rosto e na roupa, tá muito feio – eu disse rindo assim como os outros meninos. 
- Merda – ela passou as costas da mão sobre a boca. – Volto em cinco minutos. 

E pisando em passos fortes, deixando eu, Sam e Lucas rindo na mesa, Aninha foi para o banheiro se limpar. 

Pegamos um ônibus e fomos direto para a casa de Harry. As luzes estavam acesas e eu conseguia ouvir as risadas dos cinco meninos ali dentro, e via a sombra esguia de Lary ali também, pelo que pude ver, ela estava o tempo todo abraçada com Liam. Lucas e Sam se controlavam para não gritar como duas menininhas cheias de hormônios; só agora que eu percebi que era a primeira vez dos meninos na casa dos nossos namorados, agora estava tudo explicado. 

- Você tem a chave? – Aninha perguntou. 
- Claro que não, ainda não estamos nesse nível de intimidade – eu ri. 
- O nível de intimidade ainda está “com roupas” – Sam disse fazendo aspas e rindo loucamente. – Ainda tá virgem, né, amiga? 
- Tô, caralho – eu ri e dei um soco no ombro dele. 
- Dá pra alguém bater na porta? – Lucas falou. – Eu vou bater, eu vou bater. 
- Não precisa – Niall apareceu abrindo a porta. – Oi, galera. 
Niall HOran – Lucas sorriu de orelha a orelha parando bem em frente ao Niall e claramente o cheirando. – Exatamente como eu imaginava. 
- Hm... Oi? 
- Esse é o Lucas, Lucas esse é Niall – eu falei rápido. – E aqui atrás está Sam, mas acho que dele você se lembra, do dia da SugarScape. 
- Ah, oi – Niall acenou e riu. – Vocês são... 
- Namorados, aham – Aninha completou e escondeu o riso. – Como eu e o Zayn. 
- Até na parte do sexo – Sam disse e eu vi Niall ficar vermelho; Lucas ainda estava ali parado cheirando Niall. 
- Informação demais – eu ri. – Podemos entrar? 
- Claro, a casa é sua, Rhanninha – Niall disse. – Bom... Lucas? 
- Você é absolutamente perfeito! 
- Lucas... ANDA! – eu o empurrei pelas costas rindo muito e vendo Niall ficar com aquela carinha de vergonha, tadinho! 

Fomos recebidos com aplausos e uma energia ótima vinda dos meninos. Eles estavam em círculo na sala, sorrindo de orelha a orelha e berrando nossos nomes. Eu e Aninha nos abraçamos e vimos Lucas e Sam agarrarem todos os meninos – TODOS! – demorando pelo menos uns 30 segundos em cada abraço. Eu só consegui olhar pra cara do Harry, eu sei que ele ficava muito tímido quando algum menino o abraçava, ainda mais sabendo que eles eram gays. Na verdade eu acho que todos os meninos ficavam meio sem graças com o agarramento de Lucas e Sam, confesso que eu estava achando tudo muito engraçado. 

- Posso agarrar meu namorado, agora? – Perguntei para Sam quando ele largou pela terceira vez o Harry. 
- Estraga MUITO prazeres – ele disse meio rindo, olhei para a cara de Harry, ele estava muito sem graça. 
- Own, babe, não tá acostumando com tanto homem te agarrando, não? – Eu ri enquanto jogava meus braços ao redor do seu pescoço. – Que foi? 
- Sério, Rhanninha! Nada contra seus amigos, mas se eles apertarem a minha bunda de novo eu vou ficar muito puto – ele olhava por cima dos meus ombros para Sam e Lucas, tenho certeza de que os dois estavam falando alguma coisa. – Eles não são um casal? 
- São sim, mas convenhamos... É a primeira vez deles aqui na sua casa e eles pagam pau pra todos – dei de ombros. – Hey, não vou deixar nenhum gay malvado te bulinar. 
- Fica quieta – ele riu e me deu um selinho. – Parabéns, gatinha. 
- Obrigada – eu sorri de forma espontânea. – Meu Deus, Paris! Tem noção de há quantos anos eu sonho de ir pra Paris? 
- Não sei, mas sei que parte do seu sonho é se dar bem na sua área, e, porra! Você vai trabalhar com a Tyra Banks em Paris, acho que isso já é uma grande evolução, não acha? 
- Estou a mil passos na frente do que eu esperava da minha vida – eu ri. – Aos poucos eu estou conseguindo definir qual rumo da fotografia eu quero tomar. Vou saber agora como é trabalhar com modelos e, bom, já trabalhei com uma banda – sorri. – Vocês. 
- E ainda tem o McFly, se não me engano eles querem que você faça uma sessão com eles, não quer? 
- Ah, isso foi falado no dia da palestra do Leishman, não sei se foi o calor do momento ou se alguma coisa de verdade vai acontecer – suspirei. – Só de já ter um contato com eles eu me sinto muito feliz. 
- Então se prepara para ficar mais feliz – Harry sorriu e se afastou. – Hey caras, hora de dar a notícia. 
- Opaaaaa – Louis pulou em cima do sofá com Liam e lá eles ficaram. 
- Oi, Rhanninha – Lary apareceu do meu lado, deslumbrante como sempre, e me deu um beijo rápido no rosto. – Parabéns, você mereceu. As fotos ficaram lindas. 
- Como você viu? – Perguntei de forma idiota. 
- Tenho meus contatos – ela sorriu. 
Liam Payne seria um deles? – Aninha apareceu do meu lado me agarrando pelo braço e provocando Lary. Tá saindo faísca dos olhos da Aninha, eu vejo isso. 
- Agência Hot British Girls, a maior agência de modelo da Inglaterra – ela olhou com desdém para Aninha. – Não sei se você já ouviu falar. 
- Não – Aninha quase miou ao meu lado. – Nunca ouvi. 
- Ok, chega por hoje – apertei o braço da minha amiga e repreendi Lary com olhar. Não tô aguentando essas duas. 
- Bom, quarteto fantástico – Zayn subiu na mesinha do centro do sofá junto com Harry, os outros se sentaram no sofá e, não tô surpresa, Sam e Lucas foram sentar quase no colo dos meninos. – Primeiro, gostaríamos de parabenizar o excelente trabalho de vocês! Claro, um parabéns especial para minha linda namorada, Ana. 
- Obrigada, lindinho – ela sorriu e olhou pra Lary que só revirou os olhos. – Te amo. 
- Também te amo, pumpkin – ele disse e todo mundo começou a rir. 
- PUMPKIN? – Liam quase se engasgou – Mate, isso pega mal até pra nós! 
- Deixa eu chamar minha Aninha do que eu quiser – Zayn fez bico. – Enfim, parabéns pra minha princesa e também para os outros três. Porém, eu acho que devo dar um parabéns especial para a fotógrafa mais foda que eu já conheci. RhannaPenalva, você merece esse prêmio mais que todo mundo. 
- Ai cara, não é bem assim – eu respondi. 
- Sem falsa modéstia, Rhanninha! – Sam disse. – Nós nunca iríamos conseguir o prêmio se não fosse por você, fomos apenas atores coadjuvantes, você com certeza era a atração principal. 
- Sua estrela brilha e ofusca todas as outras – Lucas disse. – Eu sinto muito orgulho em ser seu amigo, parceiro e de poder dividir agora a viagem da minha vida com você. 
- I’m glad I share this with yooouuuuuu – Liam cantou No Worries e eu senti minhas pernas ficarem fracas, bem fracas. – Tá vendo, eu sei McFly. 
- “Mwack”, te amo – mandei beijo pra ele e comecei a rir. 
- E já que Liam trouxe a tona o assunto McFly, podemos finalmente falar da surpresa. 
- Como é que é? – Olhei de forma estatelada para Harry. – A surpresa envolve McFly? 
- Claro que ia envolver McFly – Aninha riu. – Fala logo! 
- Bom – Harry começou. – Infelizmente, a surpresa que eu havia preparado para o Saturn V não deu certo e eu quero apagar aquele dia da minha mente – ele suspirou. – Então, conversei com os meninos para saber quando eles fariam um novo show aqui em Londres, e calhou de ser bem nesse fim de semana. 
- Ai meu coração, ai meu coração... 
Rhanna, nós vamos te levar a um show do McFly – ele sorriu e tirou do bolso duas entradas para o show. DUAS ENTRADAS PARA VER MCFLY! 

Eu comecei a gritar, não tava nem aí que todo mundo tava rindo da minha cara! Eu gritei, agarrei a Aninha, agarrei a Lary, agarrei os meninos no sofá – e esse tempo todo eu ainda estava gritando – subi na mesinha e agarrei Zayn e Harry de uma vez só. Peguei as entradas do show e vi “VIP AREA” escrito em dourado, aí sim eu comecei a gritar mais ainda. Eu sentia meu corpo todo tremer, as lágrimas caindo do meu rosto, eu estava mais empolgada com o show do McFly do que ir pra Paris! EU IA VER MEUS MENINOS EM LONDRES! E pela primeira vez em minha vida, porque eu nunca tinha ido a um show do McFly no Brasil, NUNCA! 

- Obrigada – eu disse chorosa para Harry e recebi um beijo como resposta. – Sério, eu não... Não estava esperando por isso. 
- Tudo pra te ver feliz, sempre – ele sorriu e me beijou novamente. 
- Eu te amo, eu te amo – eu dizia enquanto uma chuva de risos e gritaria nos rondava. 

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