gotta be 26 & 27



Capítulo 26

- Beleza, Tom, é pra esperar o meet acabar então? E quanto tempo mais ou menos falta? Ok, eu aviso aqui pra ela –Harry balbuciava do lado de fora da arena, pelo que percebi ele falava com Tom, FLETCHER! 
- Gente, essa arena é enorme demais, demais! – Louis olhava. – Queria fazer um show aqui. 
- Vocês vão fazer um show aqui, tenho certeza – eu disse. – E, olha, metade das fãs do McFly conheciam vocês, acho digno rolar uma turnê com vocês dois juntos. 
- Pensa uma turnê com os caras, cantar “I Want” com o Fletcher na guitarra! Porra, ia ser muito massa – os olhos claros de Zayn até brilharam, eu comecei a rir. 
- Se isso acontecer, será obrigação minha conhecer as músicas do McFly – Aninha riu. 
- Eu já trabalhei com eles uma vez, mas foi bem no começo da minha carreira, Tom ainda era chamado de fat Tom pelas fãs – Lary disse. Ok, eu confesso que nessa hora até eu fiquei com inveja. – Mas faz muito tempo, aposto que eles nem se lembram mais de mim. 
- Eles se lembram da Rhanninha, na verdade ela é praticamente amiga dos meninos agora – Aninha me abraçou de lado e sorriu. – Não é? 
- Não sou bem amiga deles, sou mais uma conhecida – eu disse dando de ombros. 
- Podemos entrar, cambada – Niall apareceu sorridente. – Acabei de falar com um tal de Tommy, quem é ele, Rhanninha?
- Ai Niall – eu comecei a rir. – Ele é... 
- Psiu, não precisamos saber quem ele é, a informação que eu quero saber é se podemos entrar ou não – Aninha falou meio ansiosa. – Ainda não acredito que o Sam e o Lucas não vieram, bando de viados egoístas. 
- Bem vinda ao mundo dos gays, eles podem ser seus melhores amigos, porém, se aparece alguma coisa mais interessante pra fazer, não pensam duas vezes antes de nos abandonar – falei meio magoada. Os dois acharam uma balada TOP e trocaram McFly por uma noitada de bebidas e flertes com os outros gays londrinos. 
- O que importa, meus amores – Harry chegou e abraçou eu e Ana por trás – é que estamos liberados para uma entrada exclusiva no camarim dos meninos. Bom, a Rhanninha tá liberada pro camarim, nós vamos direto pra área vip. 
- Como assim? – Perguntei virando todo o meu corpo para Harry. – Eu, eu vou no camarim do McFly? Eu vou ver os meninos antes de entrarem no show? 
- Na verdade – ele sorriu e tirou uma câmera digital no bolso – você vai fotografar os meninos antes de entrarem no show – ele sorria e eu quase chorava. – Conversei com o David e o próprio Tom, os dois aprovaram a ideia e suas fotos serão divulgadas na Super City. 
- AI MEU DEUS! – Eu não conseguia respirar, eu não conseguia respirar. Olhei ao meu redor e vi que todos estavam me olhando e sorrindo, eles já sabiam? – Vocês... ? 
- Todo mundo sabia, Rhanninha, soubemos essa manhã – Zayn respondeu. – Foi meio difícil controlar a língua da Ana. 
- Você sabia? – Olhei perplexa pra minha amiga ao meu lado. – Como que você conseguiu guardar essa bomba o dia todo? 
- Cara, sua pessoa estava tão empolgada com McFly pra lá e McFly pra cá, foi até meio fácil, já que você não calou a boca por nem um segundo! – Ela riu. – Mas eu tive que ficar mandando mensagem pro Zayn a cada cinco minutos, porque eu estava com medo de te matar e você não ver McFly hoje à noite. 
- Ai Ana – eu fui até ela e a abracei forte. – Obrigada por não me matar nem estragar a surpresa da noite – eu ri e ela também. 
- Hey, quem armou tudo fui eu aqui! – Harry levantou as mãos e as abanava para cima e para baixo. – Eu tô merecendo um abraço e um beijo. 
- Oh, Harry – larguei de Aninha e fui até ele, lançando-me em seus braços e dando dois beijos em cada bochecha, sorri e vi por cima de seus ombros Niall desviando o olhar. Larguei Harry na hora. – Obrigada, amor, e eu achando que não tinha como você me surpreender mais. Pelo visto estou errada. 
- Tem muito mais de onde veio – ele riu e me deu um peteleco no nariz. – Eu sei que o Niall está atrás de mim, você disfarça muito mal, Rhanninha. 
- Desculpa, eu só não queria que nós dois... 
- Relaxa, tá tudo bem – Harry sorriu. – Eu e Niall já conversamos, está tudo tranquilo entre nós e entre vocês também. 
- Não quero falar disso agora, o Niall foi muito fofo comigo expondo todos os sentimentos, acho que agora é só questão de tempo pra esse furor passar! Ainda não sei direito como isso foi acontecer – dei de ombros. 
- Você é irresistível, Rhanninha – ele beijou a ponta do meu nariz. – Sexy, inteligente, bonita, engraçada, sarcástica. 
- A última também foi um elogio? 
- Tudo o que eu falo de você é sempre um elogio – acabei sorrindo. 
- POMBINHOS! – Liam e Lary gritaram. – Escutem, tá ficando frio aqui do lado de fora da arena e eu quero entrar para garantir um bom lugar pra mim e pra Lary. 
- Vocês dois vão ficar na área vip conosco? – Aninha emburrou. – Sério? 
- Claro que sim, por que não ficariam? – Zayn disse com sua costumeira naturalidade. 
- Você vai adorar isso, né, Zayn? – Aninha bufou. 
Ana... 
- Sério? – Olhei pra Aninha. – Escuta, eu vou fotografar o McFly minutos antes deles entrarem no palco, eu tô realizando dois sonhos da minha vida, e SIM, estou sendo absurdamente egoísta no momento, então, por favor, DÁ PRA PARAR DE FICAR COM CIÚME DA LARY POR UM MINUTO? Ela tá namorando o Liam, ou isso ainda não deu pra perceber? 

Todo mundo parou pra me olhar. Eu sentia minhas bochechas ficarem vermelhas, e dessa vez era de raiva da Ana. Enquanto eu falava com Harry eu a via andando de um lado pro outro, cercando Lary e brigando com Zayn cada vez que ele abria a boca para falar alguma coisa com ela. Liam, por outro lado, estava de boa conversando com os outros meninos, Lary não estava nem aí para Zayn e Ana estava me irritando como nunca! Tudo bem ter ciúme, mas o dela estava sendo descomunal, e dessa vez eu perdi a cabeça, chega, pelo amor de Deus! 

- Que foi isso? – Aninha parou com as mãos na cintura me olhando. Na verdade, estavam todos me olhando. 
- Olha, eu estou a ponto de ter a experiência mais maravilhosa da minha vida! 
- Como que você pode ser tão egoísta? 
- EGOÍSTA? VOCÊ TÁ NAMORANDO A PORRA DO SEU ÍDOLO POR MINHA CAUSA! VOCÊ TÁ FELIZ COM SEU NAMORADO PORQUE EU O CONHECI PRIMEIRO! 
- Amor... – Harry me puxou pelo braço, mas eu delicadamente me soltei. 
- Não, espera aí! Porra, por que sempre que eu vou ter uma experiência maravilhosa com McFly eu preciso acabar brigando? – Bufei. – Ana, se controla, e, por favor, para de ficar com ciúme a cada passo que o Zayn dá! A egoísta aqui está sendo você, porque você está vivendo o maior momento da sua vida desde que você começou a namorar o Zayn! Meus momentos estão vindo em prestações: primeiro Londres, depois a fotografia, depois o Harry e agora o McFly! Pra você ser feliz só bastou uma coisa, pra mim não. Então, para de ficar se estressando com isso, porque, se você ainda não percebeu, Zayn Malik é doido por você e ele não está nem aí pra Lary! – Respirei fundo e olhei pra Lary. – E por tudo o que é mais sagrado, para de provocar a minha amiga porque se não quem vai começar a brigar aqui com você será EU! 
Rhanna? – Ouvi Niall me chamar e apontar pra trás. 
- Que foi? – E então me virei. – Ai porra! – Judd estava parado atrás de mim. 
- Interrompo alguma coisa? – Ele disse com sua voz grave, sotaque forte e espremendo aqueles olhinhos pequenos azuis, LINDO! – Se eu cheguei em má hora posso voltar mais tarde, ou esperar a Rhanninha se acalmar. 
- Puta merda, Judd! – Eu ri e fui até ele o abraçando, tava nem aí. – Não está interrompendo nada não, essa conversa já estava chegando ao fim. 
- Por que sempre que vocês se encontram, precisa acontecer esse tipo de abraço? – Harry caminhou até nos dois sorrindo e cumprimentou Judd. – E aí, cara? 
- Tudo certo – ele sorriu. – Vim chamá-los para os bastidores, a área vip já está limpa, porém estamos precisando da nossa fotógrafa oficial. 
- Que seria eu? – Sorri igual uma retardada. 
- Com certeza, podemos ir? 
- Podemos sim – respondi. – Amor, vai indo com o Judd, por favor? 
- Claro – Harry me deu um selinho e os dois passaram pela porta a caminho dos bastidores. Eu me virei e olhei para as seis pessoas que nem se mexeram direito quando o baterista apareceu. 
- Essa conversa ainda não acabou, porém eu quero curtir o show dos meus meninos em paz, sem estresse e sem ter que ficar me preocupando se a Lary vai se atracar com a Aninha ou vice versa. E o pior de tudo, se o Liam vai se atracar com o Zayn. 
- É claro que isso não vai acontecer – Liam pareceu ofendido. – Tá doida? 
- Prometa pra mim que vocês não vão fazer isso – ninguém respondeu. – ANDA! 
- Prometo. 
- Prometo! 
- Tá bom, prometo. 
- Ok. 
- Obrigada – olhei para Aninha, Lary, Zayn e Aninha. – Louis e Niall, conto com vocês para acalmar os ânimos desses quatro caso alguma coisa aconteça durante o show, tudo bem? 
- Deixa com a gente, Rhanninha. Ninguém vai sair da linha – Louis bateu continência e eu sorri. 
- Entendido, capitã – Niall fez o mesmo, os dois sorrindo. 
- Ok, eu estou indo. Vejo vocês depois do show. 

E virando as costas para uma Ana emburrada, entrei para os bastidores do melhor show da minha vida. 

Tom e Danny estavam em frente ao espelho do camarim arrumando ou bagunçando o cabelo e cantando ‘Everybody’ dos Backstreet Boys e fazendo a coreografia. Devo acrescentar que estavam sem camisa, então eu não conseguia parar de olhar para a estrela tatuada no peito do Fletcher, ela era tão mais linda ao vivo e a cores e perto de mim. Judd e Dougie estavam deitados no sofá conversando com o meu namorado, percebia que Harry estava querendo aprender um pouco sobre bateria, então Judd estava dando umas dicas. Alguém pode comentar dos braços desse baterista? E o perfume que está nesse camarim? McFly é a banda mais cheirosa DO MUNDO! 

- Olha, essa câmera captura movimento, então se vocês dois não pararem de se mexer eu não vou conseguir uma foto bacana – eu brigava brincando com Tom e Danny em frente ao espelho, sempre que eu ia tirar uma foto os dois se mexiam, pareciam duas crianças de vinte e seis e vinte e sete anos. – TOM FLETCHER! 
- Am I the only one? – Tom começou a cantar e eu comecei a rir. – Am I sexuaaaaall??
- Tom, de verdade, meu amigo, quero uma foto sua gatona pra Super City! 
Rhanninha, olha pra mim – Danny fez uma careta e eu aproveitei pra tirar uma foto, até fazendo careta esse homem fica lindo. – Pegou? 
- Valeu, Dan – eu sorri. – Tom, sua vez. 
- Vem aqui então – Tom abriu os braços e eu fui até ele. – Vou contar até três então você e eu vamos gritar, fechado? 
- Fechado – eu ri, Tom me abraçou e eu estiquei meu braço pra frente já preparando pra foto. 
- Um, dois, três – e lá vamos gritar – AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHH! 
- PORRA! – Eu comecei a rir quando vi o resultado da foto, tinha ficado perfeito, Tom como sempre lindo, eu uma aberração. – Cara, isso vai ficar foda demais! Posso usar como foto de perfil? 
- Não pode não – Harry apareceu atrás de mim sorrindo. – Ela não tem nem foto assim comigo, palhaçada! 
- Você ainda tem muito o que aprender sobre as mulheres, Styles – Tom disse sorrindo de forma brincalhona, eu tô repetindo pra mim mesma que ele é casado e a esposa dele é uma fofa! Tom Fletcher é casado, Tom Fletcher é casado, Tom Fletcher podia não ser casado. Ai porra! 
- Agora o Senhor Fletcher, só porque casou, acha que pode ficar dando conselhos amorosos? – Dougie apareceu do nada já rindo. – Que é isso, cara? O Styles era o maior pegador do Reino Unido antes de se enrolar com a Rhanninha, acho que ele sabe como conquistar uma garota. 
- Esse é o problema, Dougie – Harry me abraçou. – Rhanna não é como qualquer outra garota, todas as minhas armas de conquista falharam até esse momento – ele me beijou no rosto e os meninos soltaram um ‘awwnnn’ muito gay. 
- Quem disse que esse cara não sabe conquistar as mulheres? – Judd disse. – Tá todo mundo vendo a Rhanninha vermelha, ou é só eu? 
Rhanninha tá vermelhinha – Danny falou rindo daquele jeito escandaloso. 
- Cara, você sente que ela é a número um? – Tom perguntou. – Você sente que pode tudo com Rhanninha ao seu lado?
- Soube disso desde a primeira vez que a vi – Harry respondeu me abraçando mais apertado e sorrindo pra mim. Meu Deus, isso tudo é um sonho? 
- Então esquece, meu amigo, porque tudo o que você fizer nunca vai ser o bastante pra ela. Porque ela merece o melhor, e você nunca vai conseguir dar o melhor pra ela, é sério – Tom respondeu, meio risonho. – Toda mulher que é a nossa “star girl” nos deixa com os joelhos fracos, raciocínio lento, boca seca, batimentos rápidos, deixa cego, surdo, mudo! Ou seja, perdemos o sentido, perdemos a razão, nunca somos bons o bastante, por mais que elas falem que nós somos. 
- Ai Fletcher – Danny disse. – Que coisa linda, cara! 
- Vou chorar – Dougie falou fazendo biquinho. 
- Neném da mamãe – Judd foi até ele e bagunçou seu cabelo, os meninos riram. Eu ainda estava ali, parada e arrepiada;Harry confessa seu amor por mim assim na cara dura e Tom diz todas essas palavras lindas, meu coração não aguenta. –Rhanninha? 
- Eu ainda tô assimilando tudo isso – ri meio sem humor. – Eu sabia que fiz a escolha certa quando escolhi McFly como sendo minha banda favorita – comecei a gargalhar e os meninos também. 
- Vem, vamos logo bater umas fotos bacanas, temos um show pra fazer! – Dougie rebolou para o lado e saiu andando. 
- Vem cá – Danny entrou no meio entre Harry e eu, batendo uma foto com o seu Iphone. – Direto pro twitter. 
- Hm... – Harry pegou o Iphone e já viu a foto postada. “Preparados pro show de hoje?” e nossa foto. Ele virou o Iphone para mim, eu sorri. 
- Tô mais que preparada – bati palmas como uma foca e Danny sorriu. – Mas antes ainda tenho um trabalho para terminar, vamos fazer as fotos, McFly? 
- Opa! 
- E, por favor, Tom e Danny, coloquem logo a camisa, não consigo me concentrar com vocês desse jeito – eu ri e Harry ao meu lado gargalhou. 
- Essa é minha garota – ele disse, me dando um beijo nos cabelos e voltando novamente para o sofá onde ele estava antes com Harry e Dougie. 

No espaço de vinte minutos, eu acho que bati umas sessenta fotos, e uma pior e mais engraçada que a outra. McFly parecia um bando de adolescentes gays no cio, o que era muito patético e lindo de se ver, acho que ninguém nunca vai entender essa minha paixão por essa banda, só mesmo quem é fã consegue entender o que esses quatro idiotas representam para alguém. Em cada foto, Harry me ajudava, guiava os meninos, ajudava nas poses, começava a cantar alguma música, começava a rir e desconcentrava os quatro; acho que o pior foi quando todos eles começaram a cantar What Makes You Beautiful e fizeram uns passos de dança horríveis, nessa hora eu queria estar filmando e não fotografando. 

Teve foto minha com o Dougie, Tom, Danny, Judd e até mesmo com o Styles. Teve foto nossa, teve foto com McFly todo mostrando a bunda, com o Harry no meio mostrando a bunda, selinho Pudd, selinho Flones, um quase selinho no meu namorado, com camisa, sem camisa! Só sei de uma coisa, quem é fã de McFly não vai ter do que reclamar, porque essas fotos estão maravilhosas! Já as imagino postadas no Tumblr, eu até tenho um favorito com fotos perfeitas. Não sei como a dona se chama, mas o Tumblr é o back-to-transylvania e, pelo nome, dá pra perceber que a menina é Poynter! Ah, eu sei que essa garota vai adorar as fotos, e como eu já vi posts da One Direction no blog, porra, tenho certeza de que ela vai surtar. Tenho que ver com o David quem vai postar as fotos no site. Imagina se sou eu. Meu Deus, IMAGINA SE SOU EU! 

- Hora do show – Harry me abraçou pela cintura quando eu terminei de guardar o equipamento. – E aí, gostou de tudo até agora?
- Só queria pedir uma coisa – eu disse meio molenga.
- O que quiser.
- Queria ficar no backstage do próximo show da One Direction – pedi sorrindo. – Sabe, acompanhar como que meu namorado fica com os outros amigos antes do show.
- Isso é sério? – Ele sorriu de orelha a orelha. – De verdade, você tá brincando?
- Claro que não – eu ri e dei um selinho rápido em seus lábios. – Por que brincaria? - Bom, você é mais fã de McFly e quando o assunto é One Direc... 
Harry – coloquei minhas duas mãos em seu rosto e o beijei. – Meu amor, eu tenho tanto orgulho de estar ao seu lado, de saber que essa vida que você tem hoje é a vida que você sempre sonhou! Por que eu não iria gostar de registrar os momentos mais felizes de sua carreira? Que tipo de namorada eu seria? 
- Você é perfeita – ele não sorria com os lábios, mas com seus olhos. – Tudo, tudo em você é perfeito. 
- Clichê – rolei os olhos. 
- Verdadeiro – ele rebateu. 
- Sabe – passei a mão por seus braços. – Aquele dia da briga, no carro – engoli seco porque não gostava de falar do assunto. – Você foi muito sincero quando disse as coisas pra mim, por mais que tenham sido dolorosas, foram sinceras. 
- Hmm... 
- Parece que, quando sentimos dor, quando sofremos, as palavras se tornam mais verdadeiras – ri sem humor. – Macabro, eu sei. 
- Hmm... 
- Eu amo o que você fala pra mim, eu amo as músicas que você canta. Mas há muito mais em seu coração, muito mais do que frases prontas – eu encarei seus olhos que me fitavam com uma curiosidade que eu não conhecia até hoje. – Descubra meios de falar e mostrar que me ama, Harry, mas meios mais originais. Eu sei que não sou perfeita, não existe perfeição. 
- É um jeito de dizer, Rhanninha. 
- Sei disso, meu amor, e não estou brava nem nada, acho fofo – sorri e beijei seu rosto, sabia que essas coisinhas o deixavam chateado. – Mas eu quero que você me ame por eu ser imperfeita, por eu ter defeitos, por eu ser chata, irritante, teimosa e todas essas coisas. Ame meu defeitos e não apenas minhas qualidades. 
- Você é tão esquisita – ele riu. – Muito, muito esquisita. 
- Então – falei com voz manhosa e melada. – É por eu ser esquisita que eu sou diferente, especial! Não sou perfeita, me ame e me elogie pela minha imperfeição! 
- Ok – ele abaixou a cabeça e encostou a testa na minha. – Já te vi roncando, você tem uma péssima mania de deixar louça suja na pia depois que come, nunca lembra de fechar direito a garrafa de refrigerante e eu sempre derrubo tudo no chão, a única unha que você acaba roendo é a do dedinho e eu não sei o motivo disso, sua risada às vezes é igual da Miss Simpatia... 
- TÁ BOM! – Eu gritei e comecei a rir. – Cara, por que você nunca me disse isso? 
- Porque mesmo com essas imperfeições chatinhas, eu continuo te achando perfeita, embora você ache clichê! – Ele gargalhou. – Rhanninha, aquela coisinha a mais que ninguém tem, você tem! E é por isso que eu te amo, por isso que eu nem vejo essas baboseiras que você chama de imperfeições, porque o conjunto é muito superior e melhor que isso. 
- Oh meu Deus – eu suspirei e acabei ficando sem graça. – Tá vendo, é com coisas assim meio fora dos padrões que você me pega – ri. 
- Eu sempre vou tentar te surpreender – Harry riu e encostou o nariz no meu. – Você merece o melhor, sempre! Por mais que talvez essa sua cabecinha de minhoca ache que não merece, eu tô aqui pra dizer que você é a garota que mais tem direito a ser feliz do mundo, e eu farei isso por você. 
- Te amo – coloquei minhas mãos em seus cabelos e o puxei pra mais perto. – Te amo muito, seu apaixonado babão! 
- Você me disse uma vez que não gostava dessas coisinhas melosas – ele sorriu e me deu um selinho. 
- Acabei mudando de opinião. Na verdade, fui forçada a isso. 
- Ah é? E quem fez isso com você? – Agora suas mãos já estavam em minha cintura e eu mal encostava os pés no chão porque Harry havia me levantado poucos centímetros. 
- Não lembro, mas se eu achar, acabo com a raça desse infeliz – eu ria. 
- Coitado desse bastardo, vai aguentar a fúria de Rhanna Penalva. 
- Ai, Harry! – Acabei soltando um gritinho quando ele me beliscou por debaixo da camiseta que eu usava, fazendo me encolher um pouco em seu colo. 

Paramos com esse momento bonitinho – que são poucos, já que, de verdade eu não curto coisas fofas – porque o McFly em peso entrou no camarim. Tom e Danny já começaram a fazer aqueles sons gays, acho que foi uma das poucas vezes que vi Harry ficar tímido. Judd e Poynter me pegaram, cada um em um braço, me ergueram e foram me carregando para fora do camarim, com a desculpa de que eu estava sozinha com meu namorado há muito tempo e já estava precisando de férias. “Hoje é tudo sobre McFly”, Dougie falou, e eu gargalhei; alguém lembra que eu falei que estou sendo carregada por dois integrantes da minha banda favorita? Ah, tá. 
- Bom show, mate. 
- Bom show, mate. 

Eles falavam isso enquanto davam aqueles ‘soquinhos’ com as mãos desejando boa sorte. Harry fez o mesmo com eles e eu também – eu estava desejando “Boa Sorte” para o McFly minutos antes do show, como assim? – estava me sentindo parte de um time que eu passei minha vida toda querendo entrar, eu era uma McGirl, embora não estivesse em um relacionamento amoroso com nenhum deles, infelizmente. Eles ainda ficaram brincando um com o outro, Tom ajeitava seu cabelo – que pra mim não precisava ser arrumado – Danny aquecia a voz e Harry o acompanhava, Judd brincava com as baquetas e Dougie bebia a água e jogava em quase todo mundo que passava pelo corredor. LINDO de se ver. 

- Hey, star girl, vem aqui – Tom disse meu username e sem querer acabei tropeçando indo até ele, esse é o momento onde devo esconder meu amor de fã. – Cadê meu beijo de boa sorte? 
- Tá aqui – eu ri, fiquei na ponta do pé e dei um beijo em sua bochecha. – Vai lá e arrasa, Fletcher. 
- Não, que na bochecha! Minha mulher não está aqui, e não estou nem um pouco a fim de dar um beijo nesses marmanjos de novo – ele riu. – Beijo de boa sorte é na boca. 
- O QUÊ? – Harry berrou e todo mundo começou a gargalhar. – Eu sabia que não era uma boa ideia te trazer pra esse show, Rhanna. 
- Tá brincando que o Fletcher tá pedindo beijo? Que é isso, rapaz? – Danny brincou chegando mais perto. – Essa eu quero ver. 
- E aí, Rhanna? O que vai ser? – Poynter abraçou Harry, que, eu sei, estava espumando. 
- Só acho que deveria rolar um selinho, só acho – Judd levantou os braços como quem não tem culpa de estar falando aquilo. Eu começava a sentir minhas bochechas ficarem vermelhas e um calor desprovido de fonte tomava conta de mim, eu ia dar um beijo no Fletcher. NA BOCA? 
Rhanna, não faça isso comigo – Harry tapou os olhos e fez uma cara de dor. – Pelo amor de Deus, não faça isso comigo. 
- Qual o problema? Você dormiu com uma fã nos Estados Unidos, eu só vou dar um beijinho no meu ídolo – respondi colocando a mão na cintura e todos os meninos, com exceção de Harry, soltaram um ‘whooooooooooooo’. 
- Vingança? – Ele me olhou ressabiado. – Sério? 
- Ah não, babe. Pra rolar uma vingança tinha que rolar uma suruba McFly – gargalhei. 
- Eu topo – Dougie levantou o braço e recebeu um tapa no estômago do meu lindo e ciumento namorado. 
- Relaxa aí, cara! – Harry me encarou. – E então? 
- Ei, quem tem que fazer pressão aqui sou eu! Eu tô pedindo beijo – Tom começou a pular. – Vai, Rhanninha, tenho menos de um minuto. 
- Ah, um minuto de prazer com Thomas Fletcher – Judd colocou a mão no coração e suspirou. – Que delícia. 
- Ha Ha – Tom riu sem graça e mostrou-lhe o dedo. 
- Vá, eu topo! Óbvio que sim – respondi rindo e controlando pra não ser meio histérica, enquanto o restante do McFly aplaudia e Harry fazia careta. – Vem aqui, Fletcher! 

Fui até ele e o puxei pela camiseta rasgada que usava. Foi rápido, engraçado, desastrado e eu juro que senti minhas pernas bambearem. Segurei Tom pela gola meio rasgada, enquanto ele – depois do susto – colocou as mãos de forma rápida em minha cintura. Acho que o selinho – ou choque entre o meu rosto e o do Fletcher, porque parecia isso – demorou sete segundos, exatos sete segundos. Eu ouvia os meninos gritarem, aplaudirem, gemerem, tudo em sete segundos. Harry ao fundo só falava ‘LARGA, LARGA’, e foi aí que nós dois começamos a rir e nos soltamos. Agora, pausa para o momento onde meu cérebro está ainda processando o fato de que meus lábios foram tocados pelos de Tom Fletcher, e ISSO foi de verdade, e não uma dessas fanfics! EU, DE VERDADE, BEIJEI TOM FLETCHER! 

- Isso foi de verdade? Tipo... – eu ria, e dessa vez de forma histérica. – Eu e você, nós dois... 
- É, é! Vocês se beijaram, supera isso e vamos pro show – Harry bufava, mas eu não estava nem aí pra crise de ciume. Tom era casado e muito bem casado, mas, PORRA! 
- Foi o melhor beijo de boa sorte que eu já tive, depois dos da Giovanna, é claro. 
- Eu nunca ia poder competir com a Mrs. Fletcher – eu ri. – Mas, de nada? 
- É, isso o que você fala depois de beijar uma pessoa – Danny gargalhou. – “De nada”. 
- Essa cena foi muito perturbadora, muito – Harry fechava os olhos com força. – Demais pra minha cabeça. DEMAIS. 
- Ah, Styles... 

Foi tudo tão rápido que eu acabei me engasgando no próprio riso. Todo mundo começou a gritar ‘hey, how, o quê?’, pois, no segundo em que Harry começou a reclamar da vida, Dougie virou seu rosto e lhe tascou um beijaço na boca. E quando eu chamo de ‘beijaço’ é porque durou mais e foi mais quente que o selinho desastrado meu e do Fletcher; Dougie segurou o rosto de Harry com as duas mãos, o beijou e ainda deu uma lambida caprichada nos seus lábios. Eu juro que estava com vontade de fazer xixi na calça do TANTO que eu estava rindo no momento, mas gargalhando como se eu nunca tivesse rido antes na vida! Foi a cena mais sexy e gay que eu já havia presenciado, e olha que dois dos meus melhores amigos são cem por cento boiolas, mas DOUGIE POYNTER NOS SURPREENDE NOVAMENTE! 

- QUE NOJO DA PORRA!!! – Harry passava os dois braços e mãos de uma só vez em cima da boca e esfregava com força, deixando os lábios mais vermelhos. – Que porra, Poynter! 
- Ai neném, vai dizer que não gostou? – Dougie, ainda com uma voz afetada, falava e ria de forma histérica. – Cara, foi o único jeito que eu vi pra fazer você calar a boca. 
- ME BEIJANDO? 
- Ué, foi sexy e você também beijou alguém do McFly, eu – ele sorriu, eu ainda estava rindo muito, tive que me apoiar em Tom pra parar de rir, mas ele também estava no mesmo estado que eu. 
- Que eu tivesse beijado sua namorada então, aí sim estaríamos quites. 
- Lara não está no recinto – ele sorriu. 
- Meu amor, tem muita menina que ia adorar estar no seu lugar, MUITA! – Eu falei indo até Harry (que estava com um bico vermelho enorme) e o abracei. – Considere-se um garoto de muita sorte. 
- Eu devia ter tirado uma foto, como fui burro! – Danny batia a mão na testa e pegava o Iphone do bolso. – Dá pra eu tirar agora? 
- Depois do beijo? Só não nos comprometa – eu respondi. – Na verdade, posso eu bater a foto? 
- Claro – Danny veio até mim e me entregou o Iphone. 
- Dougie beija bem, não beija? – Judd abraçou o meu Harry de lado e riu. 
- Não sei como você aguenta – Harry respondeu. 
- One Direction também tem fama de ser uma banda homossexual, então você nem pode reclamar muito não, Styles – Danny disse. – Já te vi em umas fotos bem comprometidas com Louis Tomlison. 
- Ah, vá! – Harry olhou pra Danny e começou a rir. – Ah, vá! Quer falar de foto comprometedora, parceiro? 
- Gente, por favor – eu os chamei. – Sorriam para a foto – eu sorri e esperei os cinco fazerem uma pose. 

Um, dois, três... Foto tirada e postada no Twitter com a legenda ‘aproveitando boa companhia minutos antes do show’. McFly estava atrasado pro show, dez minutos, devo dizer isso. 

- Estamos indo pra área VIP – eu disse enquanto seguíamos um dos seguranças dos meninos até a área do show. – Nos vemos mais tarde. 
- Ok, aproveitem o show – Tom nos disse correndo pro outro lado com os meninos. 
- Então, como está até agora pra você? – Harry me abraçou e me deu um beijo nos cabelos. – Aproveitando? 
- Acabei de ver meu namorado beijando Dougie Poynter e eu dei um selinho em Tom Fletcher – olhei pra ele e o beijei rápido nos lábios. – Há! Acabei de beijar Harry Styles e Dougie Poynter de tabela – gargalhei. 
- Isso quer dizer que até o momento tá tudo perfeito, é isso? – Ele riu. – Idiota. 
- Awn, é a primeira vez que você não me chama de algo fofinho como ‘linda, princesa, neném, boneca...’, gostei mais disso. 
- Quer que eu te chame de idiota até quando? Se a noite continuar assim, outros apelidos vão aparecer. 
- Por mim, não me chamando de vaca pode me chamar de qualquer apelidinho medíocre que você quiser. 
- Espera aí, então podemos dar apelidos? E toda aquela conversa outro dia de que você não gosta dessas coisas e blá blá blá? 
- Apelidinhos fofos? Nem pensar, Styles, nem pensar – eu sorri. – Apelidos babacas? Sempre é um prazer. 
- Doida, você é doida! – Ele me apertou mais ao seu corpo enquanto ria. 
- Pensei que você tivesse lido o contrato de namoro até o final, babe. Ser doida é apenas uma de minhas qualidades bizarras que você vai descobrir com o passar do tempo – gargalhei, o abraçando mais e, finalmente, chegando na área VIP onde todos os nossos amigos estavam. 

Ana e Zayn estavam longe um do outro, o que eu achei estranho demais. Os dois não se desgrudavam, como que então bem hoje eles estavam cada um em uma mesa diferente? Lary e Liam estavam mais ou menos juntos, mas não juntos demais, Louis e Niall encontravam-se encostados na grade conversando e bebericando alguma coisa. A área VIP era bem grande, fotógrafos da SugarScape, HeatWorld, The Sun e o próprio Leishman encontravam-se ali. Queria que as namoradas também estivessem lá, ia ser interessante assistir um show do McFly com as trocentas fãs ao fundo e as quatro princesas na frente, será que elas também sofriam algum tipo de pressão ou era tudo sempre em perfeita ordem? Tá que minha namorada favorita está longe de ser a Georgia, mas eu não me imagino falando merda pra ela bem no dia do show; primeiro que seria idiotice, segundo que se o Danny ouve uma coisa dessas é capaz de dar um fora épico! Hm, será que as fãs inglesas de McFly são mais educadas que as fãs de One Direction? Eu sei que as brasileiras são barraqueiras quando o assunto é McFly, e bem no estilo barraco novela das nove da Globo. 

- LEISHMAN! – Eu gritei assim que o avistei mais de perto. – OI! 
- Enciclopédia – ele sorriu, largando o copo de cerveja. – Finalmente nos reencontramos, como está? – Leishman me abraçou, dando um beijo em cada bochecha. 
- Ótima, excelente – respondi empolgada. – Acho que já deve conhecer meu namorado, Harry Styles. 
- Claro que sim, porém pessoalmente é a primeira vez – Leishman e Harry se cumprimentaram daquele jeito moleque. – Prazer, cara! 
- Prazer é meu, a Rhanninha é fã do seu trabalho – Harry disse dando um tapinha nas costas de Leishman e voltando a ficar ao meu lado. – Ela se espelha bastante em suas fotos. 
- Orra, que legal – ele sorriu. – Você namora uma pequena enciclopédia, um gênio! Sabia disso? 
- Sempre soube, mas ela sabe que ela é tudo isso? – Harry olhou pra mim com um olhar tão apaixonado que eu senti meu corpo todo derreter. – É bom de vez em quando falar isso em voz alta, ela esquece. 
- Gênios nunca assumem que são gênios – Leishman deu um peteleco carinhoso no meu nariz. – Escuta, quer me ajudar nos próximos dias com as fotos desse show? Vou editá-las para publicar no site e também dar uma mão extra pro David... 
- CLARO! – Eu berrei. – Digo, não tem problema, certo? 
- Eu estou te chamando, Rhanna, claro que não tem problema. E eu disse que queria um dia trabalhar com você, seria uma honra. Você tem um grande talento pra fotografia, quem sabe eu consigo achar alguma coisa pra você nesse ramo. 
- Meu Deus, Leishman – eu coloquei a mão na boca e olhei pra Harry, que sorria sem parar. – Cara, isso seria uma grande honra, eu mal sei... Eu não sei... Como que eu... 
- Não precisa agradecer, é minha obrigação dar uma chance para novos talentos, e você está longe de ser um novo talento! Você é uma peça rara que aparece em poucas gerações... 
- Vou chorar – falei querendo rir e sendo mais apertada por Harry, eu via sua expressão e era de grande orgulho. 
- Chore depois do show do McFly, que eu acho vai começar agora – ele apontou para o palco, as luzes já tinham se apagado. – Eu até te chamaria pra me ajudar nas fotos, mas acho que você não vai querer isso hoje. 
- HOJE NÃO – eu berrei, o logo McFly já estava aparecendo ao fundo no palco, o show estava pra começar. – OBRIGADA, LEISHMAN. 
- DE NADA – sorriu. 
Harry, vamos pra lá? – Apontei para o pessoal. – Quero curtir o show ao lado deles. 
- Com certeza – Harry me puxou pela cintura e fomos ao lado do pessoal. 
- E aí, Rhanna Penalva? – Liam falou com um sorriso torto. – ACHO QUE AGORA NÃO VAI DAR MAIS PRA FALAR COM VOCÊ. 
- NÃO – respondi rápido meio rindo. 

Fiquei colada na grade e Harry atrás de mim me abraçando pela cintura. Infelizmente e de uma maneira muito egoísta, não me dei ao trabalho de ver onde Aninha e Zayn estavam, só sabia que ao meu lado Liam, Louis e Niall bebericavam cervejas e balbuciavam palavras incompreensíveis. Não vi Lary ao lado de Liam, o que me deixou um pouco incomodada também, onde esses três haviam se metido? Merda! 

Harry me apertou um pouco mais quando a sombra dos quatro integrantes do McFly entraram no palco, eu acho que comecei a tremer, por isso recebi o apertão. Danny parou logo na nossa frente com os braços abertos pedindo o grito da galera, e como resposta ele teve um hino de gritos, o meu incluso. Tom ao lado esquerdo do palco fazia caretas segurando a guitarra e também agitava a galera, Judd ao fundo já estava na bateria se alongando e Dougie balançava a bunda para os seguranças e fazia caras e bocas baitolas demais até mesmo para Dougie Lee Poynter (eu amo falar o nome completo deles, parece que estou dando uma bronca, só parece). O palco escureceu e depois voltou com uma luz forte vermelha e laranja, os acordes iniciais de Party Girl começavam e, por mais que essa não fosse nem de longe minha música favorita do McFly, o fato de ouvi-la ao vivo deixava meu corpo todo vulnerável, me fazia tremer, pular, cantar, chorar e fazer tudo isso ao mesmo tempo. Essa seria uma noite memorável. Meus ídolos, meus amigos e o principal: meu amor. 

O setlist era diferente de todo e qualquer outro show do McFly. Harry acabou me contando que pediu para os meninos fazerem uma apresentação especial, já que esse era o meu primeiro show deles. Com a ajuda de Aninha – e da minha MÃE no Brasil, o que me deixou mais chocada – Harry conseguiu coletar as minhas vinte músicas favoritas da banda, dentre elas: Down Goes Another One, Too Close for Comfort, No Worries, The End, I wanna hold you, Don’t know why, Not Alone, Sorry is not good enough e por aí vai. Além das básicas de todo show McFly: Five Colours, Lies, All About You, Obviously, Everybody Knows, One for the radio, Transylvania e outros clássicos. Antes deles cantarem Star Girl, Tom fez questão de dizer que essa música ele estava dedicando pra mim, eu havia me tornado a Star Girl Oficial do McFly e era a Star Girl de um integrante do One Direction; morri de orgulho de mim mesma, e pela primeira vez não senti vergonha e nem medo. Vi os olhares carinhosos dos meninos ao meu lado, Niall coçava a nuca querendo disfarçar uma ponta de ciúme – eu sei que ele ainda gosta de mim, ele diz meu nome enquanto dorme, de acordo com Zayn e o próprio Harry – mas, o mais importante, senti o beijo quente de Harry na minha nuca dizendo o quanto me amava e como ele era sortudo em me ter em sua vida. Alguém mudou de papéis e não me avisou? A sortuda aqui sou, EU sempre fui a loser e olha onde cheguei! Acho que é por isso que me identifico tanto com McFly, de losers a popstars internacionais, ainda não estou nesse patamar, mas um dia chego lá. 

Após o término de The Heart Never Lies, eu sabia que o show estava por um fio de terminar. Meu coração doeu, eu sei que agora eu podia ser chamada de ‘amiga’ pela própria banda, mas shows são experiências únicas e eu não queria que essa minha experiência terminasse NUNCA! Enxuguei minhas lágrimas quando Danny terminou de cantar a última frase da música – quem nunca chora com ‘It’s not always easy, but McFly’s here forever’, por favor, né? – e estava quase me preparando para Shine a Light, mas novamente fomos surpreendidos por um Tom Fletcher que começou a fazer um discurso e olhar na minha direção e na de Harry. Fiquei sem entender nada por alguns segundos, mas Harry e os meninos já estavam rindo, eu precisava saber o que Tom falava! Me concentrei em tentar fazer uma leitura labial, mas nem foi preciso, o público diminui a gritaria e eu finalmente entendi ‘Harry Styles’ e ‘One Direction’ e o pior ‘especialmente para sua namorada’. Hein? 

Harry e eu passamos um bom tempo juntos no último fim de semana pensando em como mudar a letra de What Makes You Beautiful de uma maneira que ficasse legal e todo mundo entendesse, certo, Harry? – Tom olhou pro meu namorado, que disse sim e começou a rir. Que porra é essa? – Então, como convidado especial, eu queria chamar com uma salva de palmas Harry Styles da One Direction! 

E o público foi à loucura, os meninos em cima do palco foram à loucura, os meninos ao meu lado foram à loucura! Eu fiquei ali parada em estado de choque, sentindo Harry passar por trás de mim, passar pela grade e parar na minha frente. 

- O que tá acontecendo? – Perguntei meio tonta, mais. 
- Surpresa – ele sorriu e me deu um selinho. Oh não! 
- Batam palmas para Harry Styles – Danny disse recebendo Harry no palco e dando aquele tipo de abraço que os moleques/homens dão. 

Harry foi até Tom, Judd e Poynter, deu um abraço em cada um e depois pegou um microfone. Se antes a gritaria estava demais, agora eu só ouvia um zumbido em meus ouvidos, era ensurdecedor! Niall, Louis e Liam apoiavam Harry ao meu lado, mas eu não estava entendendo nada! Que versão era essa de What Makes You Beautiful? E com certeza os outros estavam sabendo muito bem dessa tal surpresa, e como sempre eu estava sendo a última a saber! 

- Hey, será que dá pra alguém me explicar? – Puxei Louis pela camiseta querendo chamar sua atenção. – Que tá acontecendo? 
- Apenas sorria e preste atenção, eu sei que você vai adorar – ele sorriu daquele jeito lindo. – Só pra constar, a ideia foi minha. 
- IDEIA DO QUÊ? – Eu berrei, os acordes de What Makes You Beautiful começaram. 

You’re insecure
(Você é insegura) 
Don’t know what for
(Não sei o motive) 
You turn my head when you walk through the door
(Você faz com que eu gire a cabeça quando entra pela porta) 
Don’t need make up 
(Não precisa de maquiagem) 
To cover up
(Para cobrir) 
Because the way that you are
(Porque o jeito que você é) 
It’s enough
(É o bastante) 

A letra tinha algumas mudanças, mas bem poucas. Louis veio e me abraçou de lado, Niall veio do outro e Liam ficou atrás de mim batucando em minha cabeça o ritmo da música. Eu o mandaria parar se não estivesse tão hipnotizada. Não foiHarry quem começou a cantar, foi Danny. Danny Jones cantava uma versão levemente diferente de What Makes You Beautiful com Harry Styles – o meu namorado – ao seu lado. Não entendia mais nada, mas da forma que Louis apertava minha mão, eu sentia que algo grande estava para acontecer, bem grande. 

Everyone else in this room can see it
(Todo mundo nessa sala consegue ver isso) 
Everyone else but you… oh…
(Todo mundo, menos você) 

E dessa vez foi o Harry que cantou pra mim. Oh, Deus! 

Baby you light up my world like nobody else
(Baby você ilumina meu mundo como ninguém) 
The way that you take your pics get me overwhelmed
(A maneira como você tira suas fotos me deixa “boquiaberto”) 
And when you smile at the ground
(E quando você sorri pro chão) 
Baby ain’t hard to tell
(Não é tão difícil dizer) 
You don’t know-oh oh
(Você não sabe) 
You don’t know you’re beautiful
(Você não sabe que é linda) 
If only you saw what everyone can see
(Se você pudesse ver o que todo mundo vê) 
You’ll understand why I love you so desperately
(Você iria entender porque eu te amo tão desesperadamente) 
And now that I am with you
(E agora que estou com você) 
Baby I can’t resist
(Baby eu não posso resistir) 
You don’t know-oh-oh
(Você não sabe) 
You don’t know you’re beautiful
(Você não sabe que é linda) 
And that’s what makes you beautiful
(E isso é o que te faz linda) 

Era Harry Styles cantando, era McFly cantando com Harry! Era uma arena inteira londrina cantando a música que, tecnicamente, Harry modificou pra mim! E ele disse mesmo que ama nas entrelinhas da música? Na verdade, não foi entrelinhado, foi bem claro, todo mundo ouviu, EU OUVI! Eles foram direto para o ‘na na na na na’ e eu agarrei Louis ali do meu lado, encostando minha cabeça na curvatura do seu pescoço e me controlando ao máximo para não desabafar em lágrimas ali mesmo. Eu não fazia questão de uma serenata na minha janela, nem de declarações de amor exageradas, mas essa estava sendo fora de série! Era a minha banda, com o meu namorado, cantando uma versão de uma música foda pra mim! Tô me sentindo meio Giovanna com All About You, eu tenho o direito de me sentir assim, certo? 

- Eu vou matar todos vocês, sabia disso? – Soltei Louis e olhei para os outros dois, secando as lágrimas com meu antebraço. – Por que ninguém me disse nada a respeito disso? 
- Surpresa? – Liam concluiu de uma maneira óbvia. – Ai, Penalva – ele deu dois tapinhas no topo da minha cabeça e começou a rir. 
Harry teve isso muito bem planejado, então apenas curta seu namorado e sua banda favorita com os seus amigos favoritos – Niall disse fazendo um ‘joinha’ com o dedo polegar. – Já que você é do time ‘não curto coisinhas melosas’ – ele imitou muito mal a minha voz e os meninos riram. – Essa é uma demonstração de amor que não tinha como você fugir. 
- Não tem mesmo como eu fugir – eu ri e funguei, olhando pro palco e vendo Dougie Poynter ajoelhado cantando o solo da música para Harry, Harry Styles! – Eu sabia que os dois gamaram no beijo. 
- BEIJO? – Falei alto demais? 
- Que beijo? 
- Seu namorado e o Poynter se beijaram? 
- HEIN? – Liam me virou pra ele e me chacoalhou pelos ombros. – Fala, mulher! 
- Ah, nada demais, rolou um selinho meio gay entre os dois - eu ri. – Por falar em gay... 
- Nenhuma ligação e nem sinal dos seus dois melhores amigos purpurinados, conhecidos como Sam e Lucas – Louis deu de ombros. – Alguma coisa aconteceu entre o Zayn e a Aninha, os dois começaram a brigar, aí o casal purpurina não aguentou e foi embora. 
- Poxinha – fiz bico. 
YOU DON’T KNOW-OH-OH – Harry pulou bem na nossa frente com o microfone em mãos cantando a todo pulmões. –YOU DON’T KNOW YOU’RE BEAUTIFUL-OH-OH!
Styles... – eu falei baixo, óbvio que ele não me ouviu. 
YOU DON’T KNOW YOU’RE BEAUTIFUL-OH-OH – ele continuou cantando sem ao menos dar atenção para o que eu talvez possa ter falado. – LONDRES, ME AJUDA!

E um coro de ‘THAT’S WHAT MAKES YOU BEAUTIFUL’ surgiu, bem como uma salva de palmas vindas dos meninos ao meu lado e do próprio McFly. Eu não conseguia parar de sorrir, só sabia sorrir, e tremer! Sorrir e tremer, não necessariamente nessa mesma ordem, mas era com bastante frequência. 

- Me ajuda, Louis! – Harry pediu, entregando o microfone para o segurança que estava ao lado, Louis e os outros meninos puxaram Harry pelos ombros e pernas até ele passar da grade e voltar para onde estávamos. – Aeee! 
- Que doidera foi essa, seu retardado? – Eu perguntei quase gargalhando, vendo-o arrumar sua camiseta que estava meio pra cima quase no meio do peitoral. Hm. 
- Espera – ele terminou de arrumar, me abraçou e olhou pro palco agradecendo aos meninos, que também sorriram e começaram logo a tocar Shine a Light. – Pronto, o que dizia? 
- Eu te amo – falei ouvindo ‘tell me are you feeling strong’ na voz do Fletcher. As palavras simplesmente escorregaram da minha boca como se eu dissesse ‘estou com sede’ ou coisa do tipo. O sorriso de Harry foi, talvez, o sorriso mais lindo que eu já tinha visto. Eu falo isso demais, não falo? 
- Parabéns – ele sorriu, eu fiquei sem entender. 
- Hã? 
- Sete meses – ele se aproximou mais e me puxou pela cintura. – Sete meses que te vi pela primeira vez igual uma tonta tirando foto do chão perto do London Eye, que te fiz abaixar a cabeça envergonhada porque falei que você era linda, que deixei você escapar daquela van sem um beijo. Parabéns – Harry mordeu os lábios. 

Sete meses, aproximadamente duzentos e quarenta dias. Dos meus quinhentos, tinha-se passado quase metade, e metade eu passei ao lado do Harry. Sete meses, duzentos e quarenta dias. 

- Vem aqui – puxei Harry pelo pescoço e ‘shine a light on her eh eh eh’ berrava ao fundo. – Isso merece uma comemoração. 
- Já não estamos comemorando? Esse foi meu jeito de... 
- Não, Harry – eu ri nervosa, muito nervosa. Nem acreditava que finalmente ia dizer isso, ia dar voz para meus pensamentos. – Uma comemoração só nossa, eu e você. 
- Oi? – Ele me olhou de forma engraçada. – Rhanninha... 
- Eu estou pronta – encostei de leve meus lábios nos seus tentando fazê-lo de uma forma sensual, sem chance. – Estou pronta pra ser sua. 
- Tem certeza? – Ele riu passando os dedos por meus cabelos e beijando-me de leve. 
- Nunca tive tanta certeza em toda a minha vida – suspirei e, ficando na ponta dos pés, o beijei da forma que todos os nossos beijos deveriam ser. 

Capítulo 27 

Flashback

- Kama Sutra? – Peguei o livro e olhei desconfiada para Ana. – Sério? 
- Você é virgem e sua mãe não está aqui pra ter “A conversa” com você, e como eu não vou fazer isso também, achei melhor te mostrar o guia do sexo para as virgens, até pra quem nem é virgem – ela riu e ficou vermelha. – Que foi? OZayn gosta. 
- Ok, Aninha! – eu ri. 

Eu e Aninha estávamos em um Sex Shop, em um legítimo Sex Shop britânico! Vim com roupa preta e capuz, ela também; a última coisa que precisamos agora é de fã ou fotógrafos babacas tirando fotos nossas nesse lugar. E agora, seHarry descobre que estou aqui, as piadas não iam acabar nunca. Eu decidi que queria perder minha virgindade com ele há alguns dias, e por abrir a boca e falar isso para Aninha, acabamos aqui. É sério que tem gente que compra esse tipo de coisa? Medonho. 

- Esse é um guia para ter um sexo mais prazeroso na primeira vez. Vai doer, é óbvio, e por isso você precisa estar relaxada e, o mais importante, lubrificada – Aninha estava com dois saquinhos que me lembravam camisinhas em uma mão, e um livro de capa vermelha com um casal pelado na outra. – Isso é um lubrificante. Tudo bem que a camisinha também é assim, mas é sempre bom prevenir. 
- Você sabe que eu to apavorada, não sabe? – Meu coração batia na boca, eu só queria sumir e ser virgem pra sempre. –Aninha, no fundo eu imagino que você possa estar achando que está sendo útil, mas isso tudo está servindo pra me deixar mais agoniada e nada confiante. 
- É por isso que eu estou aqui, meu papel é te deixar confiante – ela riu. – E vou apagar todas essas babaquices que você disse aí nas entrelinhas – Aninha bufou e abriu o livro. – Lê aqui. 
- NEM PENSAR! – Tapei meus olhos com as mãos, a página aberta era de uma posição bem explícita. 
- Deixa de ser puritana, por favor? É o Harry, você vai fazer amor com o Harry. 
- Eu sei, meu bem – disse ainda com os olhos fechados. – Isso é o que mais está me deixando louca, e não é louca de tesão não! É paranoia. 
- Hey – ela puxou minhas mãos e me encarou com um sorriso no rosto; – Ele te ama, você o ama, o que pode dar errado? Na verdade, não tem como sexo dar errado! Ainda mais entre duas pessoas que já possuem uma afinidade do jeito que vocês têm. Não tem fórmula pro sexo, é instinto; e isso minha amiga, todos nós temos – ela riu. 
- Mas eu... 
- Agora, vamos aprender umas coisinhas legais. Você não vai usar isso na sua primeira vez porque o principal vai ser “retirar seu hímen” – ela fez aspas e começou a gargalhar, eu tive que lhe dar um beliscão pra diminuir o tom da voz. – Ai caralho, desculpa. Mas enfim, continuando, depois da primeira vez, as outras ficam mais fáceis e é aí que você pode começar a inventar umas gracinhas. 
- Hmm... – murmurei baixo – Vai, continua. 
- Aí sim, não mandou eu parar! 
- E adianta? 
- Não – ela sorriu. – Vem, senta do meu lado – nos sentamos no chão na parte literária do sex shop, pra todos os lados que eu virava meu rosto só via livros de capas vermelhas ou pretas, vibradores, algemas e coisas do tipo. – Como eu dizia muito antes, por favor, olha aqui. 
- Hm... – olhei pra página que estava aberta. Havia uma mulher seminua deitada em uma cama, ela tinha o corpo envergado e a cabeça pendia pra trás com a boca semiaberta, imaginei que ela estava gemendo. Também havia um homem (pelado) em cima dela, beijando sua barriga e acariciando seus seios; eu fiz careta. – Tô vendo isso aqui pra quê? 
- Não é pra você ficar olhando pra foto, leia os tópicos ABAIXO da foto – Aninha riu. 
- Tá – então comecei a ler. 

• O balanço
• Posição envolvente lateral
• Posição de mulher de indra
• Sexta postura
• Posição muito aberta
• Postura do elefante

Ai caralho. Não quis virar a outra página, ou ver as outras fotos ou ler que raios era ‘Postura do Elefante’, puta que o pariu! Aninha começou a rir ao meu lado porque, no mínimo, eu deveria estar com uma cara apavorada; não era nojo nem nada, era MEDO! Mas, claro, a curiosidade humana é algo bizarro, e não me controlei virando a página e me deparando com um casal em uma posição que eu pensava ser possível apenas em circos – mas de preferência no circo eles estariam vestidos, e não completamente nus. 

“Na posição do balanço, a mulher faz praticamente tudo, mas ambos aproveitam. O diferencial é que ela fica com o controle da situação. Sente-se de costas para o parceiro sobre o pênis e apoie o corpo nas coxas dele, que devem estar dobradas.” 

- Isso é possível? – Perguntei mostrando a figura para minha amiga ao meu lado, que se divertia vendo alguma pornografia. 
- Não tá vendo a foto? É claro que é possível – ela sorriu. 
- Você... Já...? 
- NÃO, essa não – ela mordeu os lábios. – Mas se você for da página 89 até a 112, bom... Acho que já fizemos todas. 
- “Fizemos”, você e o Zayn? 
- Claro, quem mais? 
- Podia ter feito com algum outro namorado, não sei. 
Zayn é mais safado do que você pensa, e aposto que o Harry está na mesma vibe que ele – vi Aninha ficar vermelha e tentar disfarçar. – Mas estamos no momento falando de você, o que achou? 
- Estranho – eu ri, e dessa vez ri mesmo, com gosto. – Não me imagino fazendo isso, mas estranhamente imagino Harry fazendo. 
- Então aí entra a outra parte do sexo – Aninha sentou-se de frente pra mim na posição índio. – Sexo com prazer é quando os dois têm a mesma intensidade de prazer. Os homens são egoístas, se bem que acho que, na intensidade que o Harry é apaixonado por você, ele não vai fazer o tipo ‘eu, eu, eu, eu’ o tempo todo. 
- Que tipo é esse? 
- “Cala a boca que o meu prazer vem primeiro que o seu, vadia” – Aninha tentou dizer em um tom de voz mais grave, mas ficou parecendo que ela estava constipada. 
- Bom, definitivamente Harry não é esse tipo de cara – falei, não estava totalmente certa disso, mas minha voz interior falava isso. 
- A primeira vez tem que ser algo cem por cento prazeroso PRA VOCÊ, e SÓ pra você! É claro que o Harry vai amar, mas você precisa saber que o seu prazer está sendo lembrado. Vai doer? Óbvio que vai! Um objeto estranho vai estar entrando na sua “caverninha”, que tá fechada a um bom tempo... 
- Desenvolve, Ana, desenvolve... 
- Então – ela riu. – Tenta relaxar, e tenta lembrar dos seus momentos de pegação com o Harry. Onde que ele te tocou e te beijou que você gostou mais. 
- Hm, acho que... 
- Não quero saber – ela riu. – Isso é pra você e pra ele. Esses são os seus pontos de prazer, é aí que ele tem que se concentrar pra fazer você curtir o momento, caso contrário fica uma coisa meio mecânica – ela fez careta. – Estamos entendidas? 
- Ai, Aninha – eu ri. – O que eu faria sem você? 
- Ficaria virgem pra sempre – ela gargalhou. – Vai, vamos continuar com sua aula de educação sexual, tenho que te mostrar os novos brinquedinhos. 
- Brinquedinhos? 
- Vem, Rhanna, só me segue... 

Flashback off 

Harry me deitava aos poucos na cama de casal do seu quarto e, estranhamente, para mim o quarto estava pequeno e abafado, ou eu que estava morrendo de calor? MUITO calor? 

Seus beijos agora eram distribuídos por meu pescoço e sua mão levantava de leve a blusa fina que eu estava usando, causando arrepios longos e deliciosos em minha pele. Eu não sabia a hora que eu deveria me atrever a tentar tirar sua camiseta, mas devo dizer que esse pedaço de pano estava me atrapalhando, alguma coisa dentro de mim queria um contato mais físico com ele, talvez fosse o fato de que eu estava com muito calor, e Harry também estava, já que suas bochechas estavam um pouco mais rosadas. Aos poucos eu fui me acomodando na cama, levando meu corpo mais pra cima a ponto de querer ficar mais confortável. Conforme meus movimentos mudavam, mudavam também os beijos e os toques de Harry, que, por sinal, eram gentis o tempo inteiro. Seus beijos desceram do meu pescoço para meu colo, pularam a parte dos meus seios e foram para minha barriga – que agora encontrava-se totalmente exposta, já que ele tinha levantado toda a minha blusa. Encolhi-a quando senti os lábios de Harry roçarem perto do meu umbigo, e encolhi de novo quando senti sua língua fazer um desenho hipotético na mesma região; era um tipo de arrepio e sensação que até então eu não conhecia e nem fazia ideia que nosso corpo podia sentir algo assim. Senti vontade de chorar, e senti meus batimentos aumentarem, e aumentar lá em baixo. Era o sonho voltando, mas dessa vez eu estava acordada, não era sonho e Harry estava em cima de mim, de verdade. 

Ele subiu novamente o corpo e levou consigo minha blusa. Sorrimos quando nossos rostos ficaram no mesmo nível, e eu levantei meus braços a fim de ajudá-lo a retirar minha peça de roupa. Foi então que me dei conta que eu estava de sutiã, com todo o meu corpo exposto para Harry. Mordi os lábios e dei graças a Deus que a única coisa que iluminava o quarto era a luz fraca do abajur. Suspirei umas três vezes enquanto Harry parava para me encarar de cima a baixo, isso estava me deixando mais nervosa ainda. Inconscientemente acabei cobrindo minha barriga com minhas mãos, mas Harry percebeu e, no segundo seguinte, de forma carinhosa puxou minhas mãos para a lateral do meu corpo. Ele ergueu o corpo sentando-se na cama e me puxou junto. Não conseguia encará-lo, não conseguia encarar meu corpo e, agora sentada, não queria nem imaginar como a minha barriga estava. Cada vez que eu tentava cobrir, Harry ia e puxava minha mão; e eu fiz isso umas três vezes. De forma infantil, Harry ergueu as mãos pra cima e me olhou sorrindo como uma criancinha, mas era muito sexy! Eu comecei a rir e entendi o que ele queria que eu fizesse, era pra eu tirar sua camiseta. Comecei a puxar desde a barra inferior e fui empurrando pra cima, sentindo meus dedos roçarem em sua pele e uma sensação quente espalhar em meu corpo; cheguei mais perto tirando a camiseta por sua cabeça e a joguei para algum lugar no quarto, assim como eu sempre via em filmes. Clichê, eu sei. 

- Agora estamos quites – ele disse em uma voz baixa, apontando para nossos corpos que estavam iguais. Sentados, sem a roupa superior. – Você é linda. 
Harry... – tombei a cabeça pro lado e comecei a rir. – Por favor... 
- Eu estou falando a verdade, o que eu vejo – ele mordeu o lábio inferior e me olhou de uma maneira que nunca tinha o feito. – Você é a menina mais linda que eu já vi. 
- Aham – ri sem humor. 
- Eu te amo – Harry mordiscou meu lábio. – E isso faz uma puta diferença! 
- Tô nervosa – falei com a voz trêmula. – Eu tô muito nervosa! Eu te amo, te amo demais, e acho que isso está me deixando mais louca ainda. 
Rhanninha – ele roçou seu nariz no meu, beijou o canto dos meus lábios e minha clavícula; sem querer soltei um gemido baixo que o fez rir. – Deixa a parte do nervosismo comigo, eu te acalmo. 
- U-hum... – foi a única coisa que consegui soltar. 

Harry me beijou e eu senti meu mudo girar. Nossos lábios se abriram devagar e aos poucos eu sentia sua língua entrando dentro de minha boca, roçando meu lábio superior e depois o meu inferior; eu fazia os mesmos movimentos e nossas línguas se encontravam no meio do caminho, dando um gosto molhado e doce ao beijo. Era devagar, era íntimo, sexy e eu não queria que terminasse nunca. Coloquei minhas mãos em seus cabelos, abrindo e fechando meus dedos e dando mais velocidade ao beijo, dessa vez travando uma guerra deliciosa de quem estava comandando os movimentos, e, felizmente, era eu. Senti-o me segurar pela cintura e me levantar um pouco, empurrando meu corpo pra cima e nos fazendo ficar deitados novamente na cama, na posição em que estávamos antes. Ele, com carinho, abriu minhas pernas, colocando uma das mãos entre minhas coxas e as separando, encaixando-se no meio do meu corpo e fazendo uma pressão leve de sua pélvis contra a minha. Claramente ele tinha experiência no assunto, porque eu suspirei e me assustei com esse simples movimento. Deslizei minhas mãos trêmulas e inexperientes pelas costas dele, sentindo cada ondulação perfeita, e o juntando mais com o meu corpo; era uma sensação maravilhosa e totalmente nova. Paramos de nos beijar e nos encaramos, Harry agora estava com a mão no botão da minha calça jeans e, era como se ele estivesse pedindo autorização para continuar. Sorri. 

- Você já está... – ele brincava com a barra da minha calcinha com a respiração um pouco ofegante. 
- Eu sei, percebi – ri quando entendi do que o comentário se tratava. – Não me obrigue a fazer algum comentário e acabar com o clima. 
- Não vou – ele riu com os lábios encostados aos meus. – Eu vou pegar a camisinha. 
- Ok – suspirei. Harry permaneceu com o corpo em cima do meu e apenas esticou o braço para chegar até a gaveta e dali tirar um preservativo. – Você quer...? 
- Hoje não – mordi os lábios. – Não vou conseguir. 
- Tá bom – ele se ergueu. – Dois segundos. 
- Aham – eu ri e tapei meus olhos com as mãos, Harry começou a gargalhar. – Foi mal. 
- Foi engraçado – ele riu. Ouvi o plástico ser rasgado e depois uns barulhos não conhecidos, acho que ele já tinha colocado a camisinha. Ele voltou a se deitar por cima de mim e, pela primeira vez, senti que Harry estava ali, presente.– Posso, continuar? 
- Hm – eu ri e encostei minha cabeça no ombro dele. – U-hum. 
- Você prefere tirar ou... 
- Você – suspirei. – Prefiro, você. 

Seus dedos entraram dentro da costura de minha calcinha e bem devagar, senti-a deslizar por minhas coxas e depois pararem no meu pé. Harry desceu acompanhando o movimento e depois voltou, ficando por cima de mim novamente. Ele me beijou bem devagar e pousou suas mãos em meus quadris, levantando meu corpo apenas alguns centímetros da cama; eu coloquei minhas mãos em seus ombros e apertei meus olhos com força, já imaginando o que estava por vir. 
Senti uma dor muito forte e ardida, como se eu estivesse sendo rasgada ao meio. Contraí meu corpo todo, e isso incluía minhas pernas, que acabaram sendo flexionadas de forma rápida e assustaram Harry. Ele perguntou se estava tudo bem, se podia continuar, eu disse que sim apesar da dor. E novamente, senti a dor, dessa vez um pouco mais forte, ardida e seca, muito seca. Sem querer acabei puxando meu corpo pra trás, o que resultou em uma dor mais forte, porque alguma coisa deve entrado em alguma outra coisa de forma errada. Novamente, Harry se assustou e parou de fazer o que estava fazendo. Meu coração parecia pular em minha garganta de tanto pavor, sério que doía desse jeito? Mas não era PRA SER BOM? Ele encostou sua testa na minha e eu gemia e sentia meu corpo todo tremer, sem falar que lá estava dolorido e eu sentia vontade de chorar; na verdade eu já estava chorando porque meu rosto estava molhado. 

- Desculpa – falei fungando e fazendo careta. – Desculpa, desculpa. 
- Hey – ele me apertou e me beijou. – Há outros jeitos de se fazer isso, sabia? 
- Outros jeitos? – Soltei em meio a um soluço que foi interrompido. – Como? 
- Se eu pedir pra você relaxar e confiar em mim, você faria isso? 
- Cla-claro. 
- De verdade? Confia em mim? – Seu olhar era mais sexy e sério, seus dedos apertavam meus braços como quem quer passar segurança, de alguém que sabe muito bem o que está prestes a fazer. 
- Confio – falei ao fim, suspirando e cortando meu choro. 

Ele me beijou mais uma vez, dessa vez com um pouco mais de paixão, deixando meus lábios molhados e pedindo por mais. Me assustei com essa demonstração inesperada de paixão e me entreguei, voltando a ficar relaxada. Enquanto nos beijávamos, percebi que ele estava tocando ali, de forma carinhosa e devagar. Era um toque gostoso, diferente do de antes, era uma... Massagem? Parecia que Harry havia achado um ponto e ali ficou, não interrompendo o beijo, porém eu tive que separar nossas bocas, pois um gemido manhoso acabou escapando de meus lábios, um barulho que eu nunca tinha feito antes. Ele intensificou mais os movimentos, agora com a boca apenas em cima da minha, ele tinha os olhos abertos e parecia gostar do que via, porque cada vez que eu grunhia ele sorria e os movimentos tornavam-se mais intensos, mais gostosos. Ergui meu corpo e procurei sedenta pelos lábios dele, porém mal conseguia mexer meus braços ou meu corpo, parecia que eu estava totalmente entorpecida, até minha cabeça parecia zunir e minha visão ficava turva. Ele parou o que fazia e eu arregalei meu olhar pra ele em quase uma situação de desespero, como que ele faz isso agora? Sério, ele desceu o corpo, beijando meu colo, seios, barriga e começando a beijar onde antes sua mão estava. AQUILO era novo, e AQUILO era muito, muito melhor que os dedos. Eu podia sentir os lábios de Harry, as mãos dele apertando minhas coxas e ele parecia dominar muito bem o que fazia, bem até demais. Puxei os meus cabelos para trás e, de novo, arqueei meu corpo, como quem pede por mais. Eu pedia por mais sensações, embora eu tivesse a impressão de que melhor do que estava, não tinha como ficar. Não era mais dor, não era incômodo, era ótimo. E, de novo, quando eu estava perto de ter um colapso, Harry parou o que fazia e subiu o corpo, beijando cada parte de mim e chegando finalmente até minha boca. Eu mal conseguia respirar e cada célula minha pulsava, especialmente lá! Sem dizer nenhuma palavra, ele voltou a me beijar, e quando eu estava totalmente entregue e relaxada, ele novamente tentou. Dessa vez foi mais fácil, apesar de estar dolorido, foi menos seco e menos ardente, parece que “entrou” com mais facilidade. Gritei, mas foi impulso. Meu grito depois se transformou em um gemido alto, dessa vez eu estava conseguindo sentir mais prazer, ficar mais a vontade com a situação. Harry foi uma, duas, três vezes... Cada vez era melhor, mais rápido e mais quente. Meu corpo já estava suado, bem como o corpo dele... Nós dois estávamos quentes e barulhos desconhecidos escapuliam de nossos lábios. Quando eu estava sentindo que ia perder os sentidos, cravei minhas unhas curtas nas costas dele e mordi seu ombro, soltando ali um grito de quem parecia ter chego a um ápice jamais conhecido. Minhas pernas ficaram bambas e meu corpo todo parecia uma gelatina, minha visão escureceu, eu via estrelas e pontinhos brilhantes. Não sentia mais dor, não sentia mais Harry em cima de mim, era só uma sensação de prazer que estava se espalhando em meu corpo. 

Quando abri os olhos, vi Harry deitado ao meu lado, apoiado em um dos braços me olhando e sorrindo com os lábios fechados. Suspirei e então me dei conta de que estava nua deitada de frente com ele me observando. Meu rosto corou e eu procurei o lençol para me embrulhar, e assim que o puxei, vi duas marcas de sangue ali na cama. A vergonha só piorou. Sentei-me puxando o lençol pra mim e me cobrindo, olhando para aquelas manchas que me envergonhavam tanto! Harry me abraçou por trás e encostou a cabeça em meu ombro, depositando um beijo ali. 

- Oficialmente você não é mais virgem – ele disse rindo rouco ao pé do meu ouvido. 
- Você poderia, pelo menos, ter colocado um lençol escuro, pelo menos não ia sofrer com tanta vergonha agora – resmunguei quase chorando. – Não sabia que ia sangrar tanto. 
- É normal, babe – mais beijos no meu ombro. – Não tem problema nenhum, alguma hora isso ia ter que acontecer, certo? 
- Sim, mas... – funguei. – Me incomoda – ri sem humor. 
- Tá dolorido? – Ele fez carinho no meu rosto virando-me para eu poder melhor olhar em seus olhos. – Como você tá? 
- Não vou negar que está doendo – eu ri. – Mas valeu a pena – mordi os lábios sentindo um frio na barriga. – Pelo menos pra mim. 
- Como assim? – Ele me perguntou confuso. 
- Digo – brincava com seus cabelos enquanto falava. – Não posso reclamar, foi muito bom – suspirei. – E pra você? 
Rhanna... – ele rolou os olhos. 
- Desculpa, eu não deveria estar perguntando isso. 
- Foi perfeito – Harry selou meus lábios. – Tá vendo isso aqui? – Ele me mostrou seu ombro e havia ali uma marca roxa. – Se tem marcas depois do sexo, quer dizer que foi bom. 
- Ai, meu Deus! – coloquei a mão na boca e toquei o pequeno espaço onde eu era a culpada por estar machucado. – Desculpa, eu acho que nem me lembro disso, digo, como que eu fui fazer isso. 
- Melhor ainda – ele riu. – Tá tudo bem, meu amor, tudo bem. Já se olhou? 
- Por quê? – Arregalei os olhos. – Tô com algum roxo? - Aqui – ele apertou minha perna e eu senti doer. – E umas no pescoço, mas eu te passo um creme ótimo pra isso depois – Harry gargalhou. 
- Não lembro disso também – respondi envergonhada. – Escuta, eu vou... Tem que tirar seu lençol daqui. 
Rhanninha – ele riu. – Quer parar de se preocupar com isso? Por favor? – Ele se encostou na cama e me chamou, pelo menos ele vestia a cueca. Fui até ele e me sentei no seu colo, tendo meu corpo envolvido apenas pelo lençol branco. – Eu não sei você, mas eu estava esperando por isso há um bom tempo. 
- Sei disso – ri e me aninhei mais ao seu corpo. Ele passava a ponta dos dedos por minhas costas enquanto eu tinha a cabeça encostada na curvatura do seu pescoço, respirando a mistura de suor e perfume. Estranho, mas gostoso. – Também queria, parte de mim queria e a outra estava morrendo de medo. - Sabia que a prática leva à perfeição? – Ele disse brincando e nós dois gargalhamos como duas crianças. – Eu tô falando sério! Não vejo a hora de fazer isso o que nós fizemos, de novo. 
- Eu também não – suspirei. – Mas me dá um tempo, porque eu vou ter que assimilar o que acabou de acontecer. 
- Seu tempo, babe, seu tempo – ele beijou o topo de minha cabeça. – Mas eu aposto que não vai demorar muito. 
Harry! – Eu ri e ele também. 
- Na boa, Rhanninha, é bom demais! E comigo ainda, você não vai conseguir ficar sem. 
- HÁ! Pretensiosa ao extremo – dei um tapa em sua barriga e ele berrou, mas depois sorriu. – Acho bom você não me estragar para futuros namorados, mas algumas coisas eu posso aprender com você. 
- Futuros... Oi? – Ele me encarou e eu mordi os lábios querendo rir. – Tá querendo dizer o quê? Aprende as coisas comigo e depois vai treinar com outros? 
- Não posso ser mulher de um homem só – fiz bico e ele me olhou totalmente indignado. 
Rhanna, retire o que disse – ele me olhava sério, mas eu via o canto dos seus lábios tremendo querendo rir. – Rhanna...
- Não – saí de seu colo e me levantei da cama. – Não retiro. 
Rhanna... 
Harry... – ele já tinha levantado também e caminhava na minha direção. 
- Para, Harry! – Eu gargalhava. – Para com isso. 
- Retira o que você disse, ou vai pagar as consequências – ele agora não aguentava mais e já sorria. 
- Whooo, medo – eu zombei e me arrependi. 

Harry correu até mim e me pegou no colo, o lençol escorreu um pouco na lateral do meu corpo, e, por fim, ele já estava todo no chão. Novamente nós dois estávamos na cama e, concordando com ele, a prática pode levar à perfeição, porque nós decidimos praticar um pouco mais. 

When I see your face…

Abri meus olhos com uma pequena dificuldade, meu celular brilhava e marcava quatro e meia da manhã. Ainda sentia meu corpo dolorido, mas eu tinha uma vaga lembrança de que a última vez havia sido bem melhor. Massageei meus ombros e meus braços e me coloquei para fora da cama, vendo que, novamente, eu estava nua. Ri comigo mesma, eu deveria ficar com vergonha, mas pela primeira vez eu não me sentia assim; Harry havia me desejado e feito amor comigo com este corpo, este rosto, cabelo. Parecia que eu tinha tomado um chá de segurança e eu estava me sentindo mais linda e desejável do que nunca, isso pra mim é uma completa novidade. Procurei pelo chão minha roupa íntima e a encontrei colocada em cima da poltrona, junto com – clichê de todo namorado – uma camiseta de Harry. Havia junto um bilhete: 

“Tome um banho, estou te esperando na sala. Espero que não demore muito para acordar. Amo você – Harry x”

Como não amar? Rindo do meu momento de insegurança em querer colocar o lençol ao meu redor, fui nua até o banheiro, me achando o máximo! Parei em frente ao espelho e encarei meu reflexo; eu estava feliz, parecia feliz e completamente satisfeita. Parece que o corpo pede por uma situação assim, e quando fazemos, a plena satisfação que você tanto procurava, finalmente você acha. Sexo é isso, é complemento na vida, é necessidade! Tá, eu fiz duas vezes, mas já estou filosofando. Suspirei e entrei no chuveiro, me permitindo ter um momento particular, sentindo meu corpo mudando sob meus dedos, percebendo que poucas coisas haviam mudado em mim, deve ser a disposição hormonal. Ainda estava doendo e estava achando uma dificuldade em conseguir encostar uma perna na outra, e eu juro que não é porque “Harry é bem dotado”, eu não posso nem comparar, nunca vi outro. Mas o dele é bom... Enfim, eu tava com dor, e tava com dor lá, não sei quando vai passar, mas se eu falar isso pro Harry sei que ele vai ficar se achando a criatura mais gostosa e foda do planeta, por isso guardo esses comentários apenas para mim. 

Passei a mão por meus seios, barriga, pernas, coxas bunda... fechei meus olhos imaginando o que Harry possa ter sentido quando suas mãos deslizavam sobre mim, será que ele gostou? Apertei a lateral da minha barriga e fiz careta, havia ali algumas coisas que eu não gostava e que custavam a sair; apertei com mais força a ponto de sentir uma dor aguda... Por mais que eu tentasse, por mais que eu tivesse prometido para meus amigos que eu ia parar com isso, prometido para Harry, eu não conseguia. Não era satisfeita com meu corpo, ele agora está melhor do que antes, mas pode melhorar, sempre pode melhorar! Desliguei o chuveiro e, ainda molhada, corri para o espelho grande que havia no banheiro. Me encarei. Em um momento eu consigo me achar a pessoa mais linda, e depois acho que não sou merecedora de tanto amor, ou até acho que Harry pode estar me fazendo um favor. Que tipo de favor? 

Ali, nua em frente ao espelho, pude ver meu corpo. Eu tinha manchas na pele, cicatrizes, minhas coxas eram grossas e estranhas demais, minha barriga poderia desaparecer e ser substituída por uma tábua! Sorri e fechei o sorriso, sorri e fechei de novo, não gostava do que vi. Me virei de costas, nada salvava! Alisei meu corpo e pensei que Harry pode ter se decepcionado, que ele não gostou e que pode ter tentado uma segunda vez para ver se podia melhorar de alguma maneira, mas acho que a decepção foi maior. Talvez seja por isso que ele tenha me deixado sozinha na cama e tenha ido pra sala, para pensar... Ou pensar em um jeito de terminar comigo, porque eu não era boa. Harry havia me visto apenas de roupa, e hoje ele me viu como vim ao mundo, será que a decepção foi tão grande assim? Só de pensar eu sentia meu corpo vibrar de medo e vontade de chorar, de novo. Engoli o choro, se ele ia terminar comigo ou ia falar alguma coisa, tinha que me fazer de forte e encarar isso com a cabeça erguida, sempre com a cabeça erguida. Sequei-me, saí do banheiro e coloquei a roupa que Harry havia separado. Vamos lá! 

- SMILE! Ouch! – Harry brincava no sofá, apenas de cueca com uma câmera... ESPERA! O QUE É AQUILO? – Heey, aí está você. 
Harry... Isso na sua mão, isso... 
- Sim, meu amor, comprei pra você – ele se levantou e veio na minha direção com um sorriso bobo no rosto. – Sorria. 
Styles – eu não conseguia respirar. – Styles, isso é uma polaroid! 
- Eu sei, amor – ele riu. – Tá que eu demorei um pouco pra aprender a usar, mas o cara da loja disse que essa é uma das melhores. 
- Meu Deus – quase comecei a chorar, ele tem IDEIA do que essa câmera faz? Do que é uma Polaroid na mão de um fotógrafo? 
- Gostou? É sua... – ele sorriu e me entregou. – Não consegui achar um outro presente pra te dar em comemoração aos nossos sete meses então, já te vi falando que gostaria de uma Polaroid, e sempre reclamava que não tinha dinheiro pra comprar. 
Harry – meus olhos estavam começando a ficar cheios de lágrima. – Isso é, isso é demais! Até mesmo pra você, não precisava de tanto, eu nunca... 
- Eu te amo, não amo? – Ele beijou a ponta do meu nariz. – É o que as pessoas apaixonadas fazem quando amam, dão presentes. 
- Eu te amo e acho que nunca te dei um presente decente. Acho que não tenho condições de me comprar um presente – ri sem graça enquanto deslizava meus dedos pela câmera Polaroid que encontrava-se agora em minhas mãos. 
- Você me deu de presente você mesma – ele suspirou. – Me deu uma felicidade que eu nunca tinha vivido, que eu não conhecia, que até então eu via em outras pessoas. 
- Para com isso – mordi os lábios. – Você sabe que eu não consigo gostar dessas coisas, e eu tenho um sério problema em acreditar que isso é pra mim, que você de verdade gosta de mim.
- Por que você tem tanto problema com isso? – Ele me abraçou por trás, passando as mãos de forma mais ou menos forte pelos meus braços. – Tá tremendo? 
- Não gosto de falar desse assunto – ri sem humor, me aninhando ao seu corpo e me sentindo um pouco protegida, de uma maneira deliciosa. – Eu só acho que não mereço tudo isso. 
- E por que não deveria merecer? – Ele sorriu e beijou meu pescoço. – Me empresta a câmera. 
- Pra que você quer meu novo brinquedo? – Eu ri e senti sua respiração quente na minha nuca. 
- Pensei que eu fosse o seu “novo brinquedo” – ele me apertou um pouco mais e pegou a Polaroid de minhas mãos. 
- Acabei de te usar duas vezes, você não é mais meu novo brinquedo, mas continua sendo o meu favorito – respondi e ouvi Harry gargalhar atrás de mim. 
- Obrigado – Harry juntou mais seu corpo ao meu e posicionou a Polaroid na nossa frente, como quem vai bater uma foto. Ele ia bater uma foto. – Posso? 
- Promete que essa foto vai ficar apenas entre nós? 
- Prometo – ele beijou meu rosto e eu devo ter feito uma cara de boba apaixonada, aninhada aos braços do meu namorado. – E agora? Que faço? 
- Espera, Harry – eu ri, pegando a câmera da mão dele e vendo a foto sair de maneira instantânea. Peguei, mexi sentindo um cheirinho conhecido de álcool que a câmera soltava e vi a foto sair do negativo e criar cores bem na minha frente, era praticamente mágica. – Agora sim, tá pronta – olhei a foto e fiz careta, como sempre eu me achava detestável. 
- Linda, na verdade lindos, porque somos um casal perfeito – ele riu pegando a foto de minhas mãos. – Gostei. 
- Você sempre gosta das fotos, eu sempre as odeio – ri sem humor algum. – Obrigada pelo presente, você acertou em cheio dessa vez. 
- Conheço minha namorada muito bem – ele beijou meu nariz. – Embora ela tenha um sério problema em aceitar esse fato. 
- Desculpa – fiz careta e tirei uma foto dele enquanto o via me encarar, Harry gargalhou e eu também. – Escuta, você tava cantando alguma coisa antes de eu acordar? 
- Hm... Belos ouvidos – ele riu e apontou pro sofá, vi ali um violão preto encostado; – É do Fletcher – ele coçou a cabeça e eu fiz um ‘awwnnn’, agora eles estão dividindo instrumentos musicais. – Eu estava treinando semana passada umas músicas e, bom, consegui tirar uma do Bruno Mars. 
- Legal – fiz joinha. – Eu curto Bruno Mars. 
- Percebi sua empolgação – Harry começou a rir. – Mas, vem cá, tem outra música que eu quero mostrar pra você. 
- Você quem escreveu? 
- Nhá – ele fez careta e deu de ombros. – É de um amigo nosso, Ed Sheeran? – Ele começou a rir. – Pela sua cara, acho que você não tem ideia de quem ele é. 
- Vai me matar se eu falar que não? – Fiz careta. – ESPERA, ele é ruivo, certo? Tipo, Ronald Wesley? 
- Isso é melhor que nada – Harry sorriu. – Vem aqui no sofá, aprendi a tocar essa música com ele no violão do Fletcher. 
- Awn bebe – sentei-me ao seu lado e fiz carinho nos seus cabelos. – Você precisa comprar um violão seu e compor as suas músicas – eu disse rindo e ele me olhou bravo, fingindo na verdade. – Eu tô brincaaaando! 
- Eu sei, babaca – Harry mordeu meu nariz e eu ri. – O dia que eu fizer uma música pra você no estilo All About You, quero ver você beijando meus pés. 
All About You? É tão amorzinho – fiz coração com as mãos e Harry gargalhou. – Mas, enfim, me mostra essa música. 
- Bom, o Ed me mostrou essa música uns dias atrás e eu perguntei se poderia usá-la no nosso próximo CD porque – ele tossiu – me lembrou, você. 
- Eu? 
- Às vezes eu acho que – e de novo ele coçou a nuca – mesmo eu falando mil vezes que te amo e que não mudaria absolutamente nada em você, sinto que fica um resquício de dúvida. 
Harry... 
- Não a culpo, claro que não! Me incomoda porque parece que não sou o cara certo pra você porque eu não te faço feliz cem por cento – ele deu de ombros e sorriu de forma meio triste. 
- Por Deus – segurei seu rosto com uma de minhas mãos. – Nunca, nunca mais repita isso! Eu sou... Eu estou doida por você e a culpa é sua! Você fez com que eu me apaixonasse. 
- Obrigado – Harry sorriu com os lábios fechados. – Mesmo assim – ele apontou para o violão. – Posso tocar? 
- Claro – dei um selinho rápido em seus lábios e o abracei de lado enquanto ele começava a dedilhar sobre as cordas do violão. 

Your hand fits in mine like it's made just for me 
but bear this mind it was meant to be 
and i'm joining up the dots with the freckles on your cheeks
and it all makes sense to me

A voz de Harry era clara, baixa e leve. O som doce do violão combinado com sua voz me dava a sensação de que eu estava flutuando. Senti meu coração diminuir o batimento e uma onda de choro tomar conta de mim; se for pra comparar, é como se eu estivesse ouvindo No Worries pela primeira vez em minha vida, ou seja, arrepiante. Não estava ainda acostumada a ter Harry ao meu lado cantando, ele mal deixava eu ouvir One Direction quando tocava no rádio, ouvi-lo assim, tão cru sem a ajuda dos amigos, de uma banda... Apenas ele e um violão, era lindo. E essa letra... 

I know you've never loved the crinkles by your eyes when you smile, 
you've never loved your stomach or your thighs 
the dimples in your back at the bottom of your spine 
But i'll love them endlessly 

Me afastei. Harry não parou de cantar e muito menos me encarou, mas sei que ele percebeu que eu havia me afastado. Não consegui controlar meu choro e muito menos o meu soluço, eles estavam baixos, mas estavam ali. Não for a Harry quem escrevera a música, mas se ele a ouviu e lembrou-se de mim, é porque ele me conhecia tão bem como ele havia falado minutos atrás. Apertei meu estômago por cima da camiseta que eu usava e deitei do outro lado do sofá, alguma coisa me impedia de ficar ao seu lado agora. Era vergonha, talvez porque ele sabia de todos os meus medos e pela primeira vez eles estavam sendo exibidos. Por meio de uma letra musical, mas mesmo assim. Não consegui ignorar a frase final: “Eu vou te amar eternamente”. 

I won't let this little things slip out of my mouth 
But if i do, it's you, oh it's you, they add up to 
i'm in love with you and all these little things 

Harry me olhou de canto sem sorrir e sem um olhar preocupado. Apenas acenou com a cabeça como quem sabe o que essas palavras estavam fazendo comigo. Abracei o travesseiro e enterrei metade do meu rosto ali, deixando meu choro ficar abafado e não atrapalhar a concentração dele. Meu corpo tremia de maneira involuntária e eu só conseguia me perguntar: como, COMO ele pode me amar? Como que essas ‘pequenas coisas’ não fazem uma bela diferença na maneira que ele me vê? Que ele me ama? 

You can't go to bed without a cup of tea
maybe that's the reason that you talk in your sleep
and all those conversations are the secrets that i keep 
though it makes no sense to me 

Eu falo dormindo? Primeiro que eu não bebo chá de maneira alguma, eu sou brasileira e nós tomamos CAFÉ e não chá, por mais que Harry já tenha feito chá algumas vezes pra mim, não desce. Ainda mais com leite, é quase que humanamente impossível beber chá com leite. E voltando a falar do assunto de ‘eu falar enquanto durmo’, o que eu falo, como eu falo, e que segredos são esses que não fazem sentido pra ele? A Polaroid! Eu sonhei com Polaroid semana passada... Será? Ele ouviu? 

i know you've never loved the sound of your voice on tape 
you never want to know how much you weigh 
you still have to squeeze into your jeans
but you're perfect to me 

Gravei uma fita para a faculdade quando pleiteei pela bolsa, e acidentalmente Harry a ouviu. Lembro que fiquei reclamando de como minha voz era patética e lembrava um travesti gripado, óbvio, Harry não concordou. Mas o ponto não foi esse, o ponto crucial foi o peso. A coisa que mais me atormentava desde que começamos a namorar, minha eterna obsessão em parecer magra, bonita, digna de estar ao seu lado. Mordi a almofada que segurava e apertei meus olhos, lembrando de todas as vezes em que induzi meu vômito, que pedi a Deus que me ajudasse e que eu acordasse mais magra, que o jeans diminuísse quarto números, que simplesmente eu fosse outra pessoa. Percebi, da pior maneira possível, que isso o incomodava. Era fácil lidar com Ana ou com as ligações preocupadas de minha mãe, mas com Harry eu não conseguia, eu o amava mais do que qualquer pessoa que eu já conheci, e duvido que eu possa me apaixonar assim de novo. Eu o feria, eu sei disso... E mesmo assim ele não saía do meu lado, continuava me amando. Apesar das minhas imperfeições. Do ponto de vista dele, pequenas imperfeições. 

I won't let this little things slips out of my mouth
But if it's true, it's you, it's you, they add up to
I'm in love with you and all these little things 

Pela primeira vez ele me encarou, me passando segurança. Sorriu e cantou abertamente o quanto ele me amava, junto com todas essas pequenas coisas que faziam parte da minha personalidade. Seus olhos sorriam junto com seus lábios; meus olhos eram embaçados pelas lágrimas, mas eu conseguia vê-lo claramente. Aquele garoto na minha frente estava me amando com todo o pacote problemas que vêm junto comigo. 

you never love yourself half as much as i love you 
you'll never treat yourself right darling but i want you to 
if i let you know, i'm here for you
maybe you'll love yourself like i love you oh

Harry parou de cantar e colocou o violão de lado. Eu não conseguia parar de chorar, não parava de soluçar e uma dor no meu peito só crescia ao passo que ele se aproximava de mim. Harry tirou a almofada que eu segurava, passou as mãos por minhas pernas, e depois um pouco em minha barriga. Na mesma hora eu a contraí e olhei assustada para ele, ele me repreendeu com o olhar. Aos poucos seu corpo foi subindo em cima do meu, fazendo carinho por todas as partes que sua mão alcançava, deixando claro em movimentos que ele gostava do que sentia, que eu era a quem ele queria. Finalmente seus lábios encontraram-se com os meus em um beijo doce, sem língua, apenas o toque de nossos lábios quentes, os meus, no caso, trêmulos. 

i've just let these little things slips out of my mouth 
because it's you, oh it's you, it's you they add up to 
and i'm in love with you (all these little things) 

Ele não cantou, ele declamou as últimas estrofes. 

- Você não se vê do jeito que eu te vejo, você não se ama da maneira que eu te amo, mas estou aqui pra fazer você se lembrar que eu te amo! Com tudo isso, com tudo isso que tenho em meus braços agora. Eu amo você, inteira! – Ele não sorria, seu semblante era sério. Me senti pequena, frágil e exposta. 
Harry... 
- Me deixa te fazer feliz, pra sempre. Porque é esse meu papel, é por isso que nos encontramos, é por isso que alguma força no universo me colocou no seu caminho. Foi pra te fazer feliz, foi pra te amar, foi pra ser seu companheiro. 
- Por favor, para... 
- Eu não vou parar, porque não é do meu feitio desistir do que eu mais quero no mundo. E a única coisa que eu ainda não conquistei por completo foi você. Se permita, por mim. 

E então, eu apaguei.

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