gotta be 2 & 3
Capítulo 02
One Direction, ocasionalmente abreviado para 1D, é uma boyband de pop rock formada na cidade de Londres, Reino Unido, em 2010. É composta pelos britânicos Harry Styles, Niall Horan, Louis Tomlison e Liam Payne e Zayn Malik. O quinteto foi formado após seus membros participarem do programa de televisão X-Factor, um reality show musical, como competidores solo e depois se unirem para concorrer como grupo; eles acabaram na terceira colocação entre os finalistas.
Qual é? Eu realmente fui pro google, digitei ‘ONE DIRECTION’ e entrei no Wikipedia, que seria o único site tecnicamente confiável que eu podia contar. Li algumas coisas sobre os meninos, acabei baixando o CD deles e ouvi durante três dias seguidos. Achei legal – embora seja muito Backstreet Boys meets N’Sync – e eles cantam muito bem! Mas eu, como boa fã de guitarra e bateria, queria um pouco mais de instrumentação. E eu tenho certeza de que se alguma fã da banda me visse falando assim ia começar a gritar no meu ouvido e no mínimo me chamar de ‘idiota, vadia, retardada e quem você pensa que é pra falar assim dos MEUS BEBÊÊÊS’ e coisas do tipo. Não nego que os cinco são gatinhos, mas pra mim precisa um pouco mais do que ‘rostos bonitos’ pra me ganhar. Ouvi o CD, até dancei Up all Night, mas depois acabei cansando. E, ok, vamos de novo pensar isso em voz baixa ou alguma fã vai comer meu fígado, eu estou em Londres, exatamente na cidade DELES! Pelo que eu li é absurdamente difícil chegar perto dos meninos, ou seja, foi uma baita sorte ver Harry naquele dia. Pensando nisso eu sei que nunca vou mais vou vê-lo – posso usar no plural também – e que eu tive uma chance em um milhão! Podem me matar, meninas, o carinha da banda mais hot do Reino Unido estava fazendo pose para as minhas fotos e eu nem sabia quem ele era! Tem como eu ser mais idiota?
Dei uma boa olhada no meu quarto e percebi que estava uma bagunça, mas daquelas bem caprichadas! Meu curso começaria dali cinco dias, mas eu ainda tinha que ir para escola entregar meus documentos, ver se estava tudo certo com a matrícula, visitar minha sala e fazer essas coisas que todo aluno em começo de ano precisa fazer. Dei uma arrumada na pilha de roupas que usei nos últimos dias, joguei um casaco sobre meu corpo, joguei meus cabelos pra um lado só - já que estavam para todos os lados tudo de uma vez –, calcei minhas botas cano baixo por cima da calça jeans que eu usava, comi um donut e saí na direção do prédio principal. Cada vez que saía sentia arrepios em minha pele e não era por culpa do frio, Londres era absurdamente maravilhosa e nem todos os meus sonhos faziam juz ao que eu estava vendo naquele momento. O céu era nublado e claro, as pessoas sorriam o tempo todo e te encaravam sorrindo, o frio cortante era masoquistamente delicioso e o cheiro de café e chá que saía de qualquer lugar era inebriante.
- Hey... hey você!
Estava perdida em meus pensamentos quando uma voz com um grave sotaque supostamente me chamou. Virei-me e vi uma garota sorridente correndo até mim com seus cabelos longos correndo ao lado dela. Ela com certeza era daqui, tinha todo esse ar britânico que eu ainda não tinha e acho que nunca teria.
- Quer falar comigo?
- Na verdade eu estou tentando falar com você desde que saiu do seu dormitório, você deixou cair seu passaporte – ela me entregou aquela coisinha verde e eu quase vomitei uma coisa verde!
- Cacete – eu comecei a rir, geralmente eu começo a dar risada quando fico nervosa e tende a piorar. – Nossa, muito obrigada! Muito obrigada mesmo, se eu perco isso não sei o que faria.
- Iria parar no consulado – ela começou a rir. – Rhanna, certo?
- Sim – sorri.
- Desculpa, tomei a liberdade de abrir seu passaporte, precisava saber se você realmente era a dona do documento – ela disse dando de ombros. – Sou Ana, mas pode me chamar de Aninha.
- Muito prazer, Aninha – dei a mão pra ela, que a apertou de leve, bem que me avisaram que os britânicos são um pouco mais frios. – Acho que deve saber que não sou daqui.
- É meio óbvio – ela riu engraçado, dando uns soluços. – Seja bem vinda à Londres. Não sou daqui também, sou de Bolton. Vim pra cá estudar fotografia.
- Caraca, eu também – sorri. – Bolton é a cidade de um dos meus cantores favoritos.
- Quem?
- Danny Jones do McFly – falei me empolgando um pouco mais do que devia. – É muito longe daqui?
- De trem não – ela deu de ombros. – Engraçado, sou daqui e não gosto de McFly. Só do último CD, prefiro música eletrônica.
- Ah...tá... – fiquei meio sem graça. – Pra quem é fã mesmo de McFly, o último CD foi uma bosta – comecei a rir e ela riu junto. – Desculpa.
- Sem problema, não sou fã nem nada – ela sorriu. – Pra onde você estava indo, brasileira perdida em Londres e quase presa no consulado?
- Eu na verdade estava indo pra escola levar minha papelada final. É por isso que era pro passaporte estar bem guardado na pasta – apontei pra minha pasta rosa um pouco sem graça.
- Estou indo também – ela disse animada. – Vamos ver se estamos na mesma sala, eu acho que sim. Só abre uma turma de fotografia por semestre, então, se você está começando agora e eu também, significa que nós vamos estudar juntas.
- Bom saber que já conheço alguém – falei me animando. – Escuta, você conseguiu entender bem o meu inglês?
- Perfeitamente – Aninha me respondeu caminhando ao meu lado.
- Ótimo, tenho a impressão que ninguém entende o que eu falo.
- Se você for para as cidades interioranas aí sim você não vai entender nada do que eles falam, e olha que é inglês – ela sorriu. – Digo por experiência própria, o sotaque de Bolton é carregado demais.
- Eu consigo entender o que você fala.
- Faço fono desde os meus cinco anos pra treinar a pronúncia, quero ser jornalista então preciso falar direito e de forma que todos entendam – Aninha olhou pra mim e sorriu. – Acho que é por isso que todo o meu sotaque foi embora.
- Entendi – respondi.
Caminhamos juntas até a portaria da escola e em alguns minutos de conversa Aninha já era totalmente íntima comigo, parecia que me conhecia desde sempre. Me contou porque escolheu o curso de fotografia, como foi difícil convencer seus pais que seria bom ela ir para Londres, como foi mais difícil ainda terminar com o namorado e como as pessoas londrinas são muito mais fofas e simpáticas. Já que ela me contou quase tudo da vida dela, eu pude contar um pouco da minha, inclusive do meu acidental encontro com um tal de Harry da banda One Direction.
- MENINA, ELE É LINDO DEMAIS! – ela me segurou pelos ombros e me sacudiu quando chegamos na porta da escola, senti uns olhares estranhos pra nós. – Você tem noção do tamanho da sua sorte?
- Depois que eu pesquisei no Google pra saber quem ele era eu pude ter uma noção mínima da minha sorte – falei sem graça. – Se fosse outra garota no meu lugar...
- Ela teria agarrado o Harry ali mesmo, sem pensar! Ele é um dos mais namoradeiros da banda e ele ficou fazendo graça pra você! Caraca, Rhanna, você nasceu com a bunda virada pra lua! – Ela sorria e eu via que se controlava pra não dar pulinhos de alegria ali mesmo. – Se eu encontro o Zayn eu não sei o que faria.
- Você gosta de One Direction?
- SOU LOUCA POR ELES – ela abriu um sorriso enorme. – Eis uma razão bônus pela qual eu me mudei pra Londres, a chance de ver eles por aqui é altíssima e você é a prova viva e sem graça disso – ela riu e eu fiz careta.
- Ok, recapitulando... Você não gosta de McFly, mas gosta de One Direction! Isso não faz o mínimo sentido pra mim.
- Já ouviu o CD deles? – Ela me perguntou e eu concordei. – Ouviu Everything About You? – Concordei de novo. – Então, ela é totalmente dance! Super me imagino dançando ela numa boate com o Zayn atrás de mim – ela suspirou safada.
- Ok, você será a minha guia londrina! Eu não sei muito sobre aqui então eu preciso que você me ajude, começando com One Direction – eu sorri e ela ficou mais empolgada ainda.
- Vamos entregar nossa papelada aqui e vamos direto pro meu dormitório, tenho vídeos, fotos, revistas, posters... Vou adorar te mostrar algumas coisas! E você finalmente vai se apaixonar pelo Harry e da próxima vez que vê-lo não vai dar uma de tonta! Realmente, minha amiga, esse foi o maior mico do MUNDO!
- Não me culpe – dei de ombros. – Vamos logo então.
Não demorou muito para terminarmos de preencher os formulários de cadastro. Entregamos os documentos necessários e perguntamos se poderíamos conhecer nossa sala de aula e dar uma voltinha. A moça da recepção disse que isso seria possível, e deixou claro que devíamos dar uma olhada no quadro de anúncios... Sempre há vagas de emprego para intercambiários e nossa programação estava lá o tempo todo atualizada.
Subimos dois lances de escada e chegamos a um andar enorme! Nossa sala era a 22B e ficava quase no comecinho, bandeiras inglesas enfeitavam o corredor e por questão de segundos eu me senti mais ou menos em Hogwarts. A escola era um pouco antiga, porém muito modernizada. Suspirei com a sensação de estar pela primeira vez no lugar certo e, graças a Deus, com a pessoa certa.
- Rhanna, você tem que dar uma olhada nisso aqui! – Aninha me chamou olhando para o quadro de atividades. – Carácoles, você é muito rabuda.
- É normal quem vem de Bolton ter um linguajar tão... Singular? – Perguntei rindo e ela me mandou o dedo, ri mais ainda.
- Deixa de ser nojenta e olha o quadro, mais especificamente para a nossa segunda semana de aula – ela apontou e eu, de boa, fui ver. Quase caí para trás.
Ali na minha frente a nossa grade de horário, ali uma atividade que eu obrigatóriamente teria que participar e eu intimimente não queria participar. Aninha, ao meu lado, estava muito feliz com essa possível tragédia.
Fotógrafa: Olivia Shawn
Banda: One Direction Atividade: Os alunos do primeiro semestre do curso de fotografia terão o prazer de acompanhar a professora Olivia (renomada fotógrafa – já trabalhou com moda, bandas e é especializada em casamentos) em um photoshoot para a revista SugarScape da banda do momento, One Direction. Os alunos poderão conversar sobre dúvidas, além de ver o trabalho de um fotógrafo ao vivo. Sobre a banda, os alunos também poderão ter acesso aos meninos, porém se foquem no trabalho e não na banda.
Atenciosamente.
Sério, por que não MCFLY?! Tudo bem, a Olívia já namorou o Danny, mas isso eu acho que são águas passadas! Ele agora tá namorando aquela miss nada e a Olívia tá mais linda, fofa e perfeita do que nunca. E espera, ELA VAI SER NOSSA PROFESSORA?? Momento fangirling total, eu A AMO! Na verdade ela é um dos motivos pelos quais eu me tornei fotógrafa, conheço o trabalho dela por causa do McFly, mas desde então eu virei fã. E agora essa linda vai ser minha professora, e essa linda vai fotografar o One Direction e nós vamos juntos. Como alunos. Caralho!
- Segundo o que eu li é altamente difícil chegar perto do One Direction...
- E você, sua vagabunda, vai ver eles DE NOVO! E o Harry de novo, em um photofuckingshoot – ela falou bem pausadamente, por isso eu entendi. – E eu vou ver meu Zayn, meu lindinho! Diferente de você, eu realmente pretendo agarrá-lo.
- Por acaso você leu uma das coisas mais importantes do comunicado? Se foquem no trabalho e não NA BANDA?
- E depois que o trabalho acabar eu vou me focar em quem? Na banda, óbvio.
- Eu não quero ir, eu não quero ir, eu não quero ir... – comecei a falar como uma lesada e Aninha riu do meu desespero.
- Não seja bundona, você vai e pronto!
- Ele nem vai lembrar de mim, eu tenho certeza – bufei, nem sei ao certo porquê eu bufei.
- Você mal conhecia One Direction uns dias atrás e agora tá se importando se o Harry vai lembrar de você ou não? Oh, Lord! – Aninha fez draminha. – Relaxa, gata. E, olha, podemos chamar a atenção do Harry se você quiser.
- Eu não vou dar uma de groupie! – Falei brava. Meu lado McFly groupie falava alto, porque o que eu mais queria era aparecer na casa do Tom Fletcher, mas me segurei; se não sou groupie com McFly não sou groupie com ninguém.
- Não estou falando de ser groupie – ela riu. – Tem twitter?
- Claro que sim.
- Vem comigo então...
Aninha me puxou pelo braço e saímos correndo da escola, eu ainda teria problemas com ela! Passamos pelos portões, pelos portões dos dormitórios e em um piscar de olhos eu estava em um quarto todo azul e roxo com coisas penduradas para todos os lados e posters em todas as portas e quase janelas. Aninha dormia sozinha, então aquele parecia ser um espaço só dela, e pra quem acabou de chegar em Londres ela estava muito bem acomodada. O lugar era do mesmo jeito que o meu dormitório, só que com a diferença que estava todo decorado, eu queria dormir lá.
Ela sentou-se na cama e abriu o AirMac no colo, me sentei ao seu lado esperando para ver a arte da garota de Bolton agora.
- Qual o login do seu twitter?
- ‘stargirl’ – falei sem graça e ela fez careta.
- Sério?
- Já disse, sou fã do McFly! – respondi na defensiva.
- Ok, senha...?
- tommcflyfletcherjones – falei rapidinho e ela riu mais ainda.
Ela abriu meu twitter e começou a rir. Era tudo do McFly, o background, os followers, tudo deles! Eu posso ter um gosto mais pro rock, mas McFly desperta a adolescente que existe em mim. Aninha deu uma olhada em quem eu seguia e viu que eu não seguia nenhum menino do One Direction, e no segundo seguinte eu estava seguindo todos!
- E por um milagre da natureza, Harry Styles está online no twitter - ela riu me mostrando o último tweet dele, que dizia algo do tipo ‘e aí, galera?’
- Hey, você não tá pensando em mandar um tweet pra ele! Eu NUNCA consegui reply de ninguém que eu gosto, eu já fiz tanto spam pro McFly que acho que fui bloqueada! Nem pensar, Ana, nem pensar.
- Tarde demais, boneca – mandei ela pra puta que pariu quando vi o tweet que ela havia mandado pra ele:
‘oi Harry, ainda tenho as suas fotos daquele dia X’
- Caralho, Ana, você come merda?
- Que foi? – Ela riu enquanto respondia umas replies MINHAS. – Não custa nada tentar, eles vivem respondendo as fãs.
- Mas, minha linda, eu não sou fã dele – bufei. – Espero honestamente que ele não me responda, não quero que meu primeiro reply famoso seja de um cara que eu nem gosto direito. Isso é muito poser.
- Vai que ele responde – ela sorriu. – Olha, to dando F5 na página dele e ele está respondendo várias fãs, devo mandar um tweet de novo?
- Não deveria nem ter mandando o primeiro – falei tentando pegar o AirMac e ela se esquivava pra todos os lados. – Sai do Twitter!
- Ah, tá bom... Tá bom – ela disse ainda rindo – Rhanninha, quantos followers você tinha?
- 97 – é, não sou popular.
- Você está com 98 – ela olhou pra mim apontando o número mágico do Twitter com os olhos brilhando, fiquei sem entender.
- E...
- Sabia que os meninos do 1D tem o costume de dar follow nas fãs?
- EU NÃO SOU FÃ! – É, eu berrei.
- Que seja... – ela deu de ombros – CARALHO, ELE TE DEU FOLLOW!
- O QUÊ?
Agora sim eu consegui pegar a porcaria do computador do colo da Aninha. Olhei para meus followers e ali estava aquela merdinha com uma foto do Harry Styles me seguindo! Fui para minhas replies e estava uma notificação ‘Harry Styles started to follow you’ e eu tive que colocar minha mão na boca pra não gritar. Como assim, meu Deus? THOMAS FLETCHER, APRENDE ISSO, CACETE! Agora o Harry ia ver que não sou popular, que os meus tweets em geral são só sobre comida e nerdices e tá tudo em português! Ele não vai entender nada mesmo, então por que eu tô nervosa? A ideia de ter ele me seguindo no Twitter me dava arrepios, eu vou ter que me vigiar pra não escrever merda? E se ele falar comigo, e se alguma fã vier me xingar? Meu Deus, eu já mandei tanta merda pra Georgia, agora eu vou sentir isso na pele!
- Checa as suas DM’s – Aninha disse baixinho. – Eles mandam DM de vez em quando.
- Ok... Ok – respirei fundo e abri minha DM. Tinha uma. E era dele.
‘hey, a garota das fotos tem twitter, como vai?’
Só isso! Não tinha nada demais, não tinha nada de ‘oi sua linda’ e nem aquele ‘X’ que eles costumam colocar no final dos tweets ou mensagens indicando que ele estaria me mandando um beijo. Nada, nadica! Zero. E eu me importo?
- E aí? Como você vai? – Aninha apoiou a cabeça no meu ombro lendo a DM do Harry e me fazendo a mesma pergunta com uma voz mais grossa tentando imitar o que seria a voz dele.
- Eu vou bem, oras! – Falei meio mal educada, eu estava chateada, tá? Ele é gato, leve isso em consideração.
- Responde pra ele falando que você tá bem – ela disse de uma maneira meio óbvia apontando pra tela.
- Ele foi meio estranho – disse baixinho dando voz aos meus pensamentos.
- Ele foi fofo – ela disse na defensiva. – Responde pra ele, fala do photoshoot que você vai, que mal tem nisso?
- Ana – fechei o note no meu colo e me virei pra ela, e sim, ela gritou. – Eu não sei me comportar perto de pessoas bonitas e muito menos pessoas famosas! Eu sou caipira, eu não gosto de pessoas, não gosto de falar com pessoas e muito menos pessoas famosas, bonitas da minha idade! Precisamente um dos vocalistas da banda mais hot atualmente do Reino Unido! Isso não acontece comigo.
- Eu percebi, Rhanna, você tem 97 pessoas no seu twitter – ela falou e mordeu os lábios meio arrependida. – Rhanninha, ele não tá te vendo! Só responde e pronto, não to falando que você vai namorar ele ou algo do tipo, mas você tem alguma coisa que aguçou a curiosidade do Harry – ela sorriu. – Pelo menos vocês ficam amigos e você me consegue ingressos de graça pra ver o show deles.
- Interesseira – eu sorri. – E eu respondo o quê?
- Fala que tá bem e que vai estar no photoshoot daqui duas semanas, só isso.
- Tá...
Abri novamente o note e abri a página do Twitter. Ele ainda estava on respondendo as fãs, então imaginei que ele iria ver minha DM agora.
‘oi, eu to bem. Bom, vou acompanhar um photoshoot do One Direction semana que vem, nos vemos em 14 dias’
Não mande beijos, tenho sentimentos também! Minha DM foi sem graça, sem sal e sem adição de açúcar. Ele ia responder algo do tipo ‘ahn... ok então’, eu tinha certeza! Aninha estava ocupada demais colocando bobes nos cabelos e fazendo caretas no espelho do banheiro, e eu lá sentada na posição de índio esperando uma resposta de uma DM do Harry Styles! Se eu falar isso em voz alta vai soar ridículo, então vou manter pra mim mesma. Um minuto... dois... três... DM!
‘hell yeah! Vamos nos ver de novo, eu sabia disso. Que tal encurtarmos esse prazo? Já foi ao London Eye? X
C-A-R-A-C-A!
- Ana!!! VEM AQUI AGORA! – Berrei, mas com força mesmo! Como assim?
- Que foi, Jesus? – Ela apareceu com uma máscara branca no rosto e com o cabelo todo embolado por bobes enormes e rosas. Me contorci até meu último músculo pra não sair correndo ou ter uma crise de riso.
- Harry me respondeu! Tá perguntando se pode encurtar o prazo de 14 dias e me perguntou se já fui ao London Eye! – Falei meio rápido e sem respirar, não sei porque eu tava sentindo uma coisinha gostosa na barriga. – Ele mandou aqueleX no final.
- EU SABIA! – Ela sorriu. – Ah Deus, respondeeeeee... Mesmo se você já foi ao London Eye, fala que ainda não foi.
- Eu fui perto...
- Não conta – ela sorriu. – Responde!
‘fui perto, mas nunca fui mesmo ao London Eye. Por que? X’
‘Louis está babando ao meu lado e eu to muito entediado. Aceita minha companhia? X’
Ele tá me chamando pra sair?
‘você tá me chamando pra sair?’
‘se você não se importar em eu ter que parar pra tirar fotos e sairmos com um segurança... eu to sim :D X’
Ele me chamou pra sair, eu nunca fui chamada pra sair! Nem no Brasil.
- Ele me chamou pra sair – falei atônita e Aninha ouviu.
- O QUÊÊÊ? VAI PRA MERDA! – ela riu se jogando na cama ao meu lado, pelo menos a meleca no rosto tinha ido embora, só restavam os bobes nos cabelos. – Cara, ele te chamou pra sair assim na cara dura? Então tudo o que falam do One Direction é verdade, eles realmente chamam as meninas pra sair por Twitter! Algumas até já ficaram com eles, eu já li isso.
- Muito obrigada por tirar todo o encantamento do momento, eu vou ser mais uma na listinha ‘já peguei’ do Harry – fechei o note com força.
- Ai Rhanninha, não tô falando pra você beijar ele! Mas... Deixa eu calar a boca.
- Eu não vou sair com ele Aninha, é ridículo! É assim que eles conseguem ser populares? Beijando as fãs? É assim que nascem as groupies, e eu não sou uma delas!
- Sei disso, Rhanninha, sei disso... Mas acho que você deveria dar uma chance. É uma aventura e você não está sabendo aproveitar.
- Eu sou uma garota normal, por que ele ia querer minha companhia?
- Talvez seja esse o motivo – ela sorriu. – You don’t know you’re beautiful oh oh...
- Não começa a cantar One Direction – falei antes dela cantar What Makes You Beautiful desde o começo.
- THAT’S WHAT MAKES YOU BEAUTIFUUULLLL – ela terminou de cantar sorrindo e eu juro que queria pular no pescoço dela, que coisa chata!
- Ok, senhora, eu vou responder pra ele.
- Aham...
Antes mesmo de eu abrir novamente a página do Twitter, o telefone do quarto da Ana começou a tocar, esse telefone era da escola então eu suspeitei que fosse algum recado para pararmos de gritar, falar mais baixo ou algo do tipo. Aninha, junto com os seus bobes capilares, foi pululante atender ao telefone.
- Ana Gordon falando.
A mocinha do outro lado da linha deve ter falado quem era e eu acho que não era uma notícia boa, Aninha ficou branca. Fui até o seu lado e perguntei baixinho se estava ‘tudo bem’, mas ela apenas colocou a mão na minha frente e fez ‘shhhh’. Tá bom.
- Ok, eu aceito a ligação externa – ela respondeu mordendo os lábios e eu vi um sorriso formar em seu rosto. – Caraca, é você mesmo?
- Quem tá falando? – Perguntei ansiosa, vai saber se alguma coisa ruim tinha acontecido com a família dela, sei lá.
- Eu vou passar pra ela, senão vou começar a gritar aqui, sério! EU AMO VOCÊ!
- Quem é? – Estava na dúvida.
- Atende, só atende! E seja simpática – ela riu e me passou o telefone; ser simpática com quem?
- Alô? – peguei o telefone e atendi meio na dúvida.
- Nunca pensei que iria ser tão fácil achar o número de telefone da sua escola.
- Quem tá falando? – Eu realmente não conhecia aquela voz.
- Harry – pausa pra uma risada do outro lado da linha. – Harry Styles – pausa pra uma Rhanna morta do outro lado da linha.
- Harry? – Perguntei quase gaguejando e vendo a Aninha fazer caras e bocas do tipo ‘seja simpática, diga oi, fica normal’. – Como que você conseguiu esse número?
- Procurei por escolas de fotografia em Londres e achei. Não vou passar meus contatos secretos, isso estraga o momento – ele riu. – E aí? Tudo bem?
- Tô digerindo o fato de estar falando com você pelo telefone – falei meio sem pensar e sem demonstrar emoção alguma, parte de mim tava meio em coma. Aninha só bateu a mão na testa não acreditando no que eu tinha respondido.
- Nossa, é um elogio ou não? - Harry Styles – falei seu nome completo, eu era íntima pra chamá-lo apenas de Harry? Sei não... – É, bem... Agora que eu sei exatamente quem você é, digo que é muito esquisito falar com você pelo telefone – eu soltei uma risada anasalada, ele riu do outro lado da linha.
- E quem eu sou?
- Harry Styles do One Direction – respondi e ele riu alegre. – E eu sou a tonta que nem sabia quem você era uns dias atrás.
- Acontece, não é obrigação de todo mundo saber quem somos – pude sentir um pequeno desapontamento na sua voz. – Vai começar a me tratar diferente por causa disso?
- Devo começar a tratar você diferente? – perguntei na dúvida. – Nunca falei com ninguém famoso, dá uma ajuda aí!
- Faz de conta que eu não sou famoso – ele riu. – E esse cara não famoso tá querendo te levar pro London Eye! Talvez por ele ser muito bonito meninas vão querer tirar fotos com ele e um segurança vai ter que nos acompanhar, e aí?
- Nossa – quem riu fui eu. Aninha estava na minha frente com uma foto do Harry e ela gesticulava demais ‘você tá falando com ele, você tá falando COM ELE’. – Não tem problema pra você? Tipo, não falar que eu sou sua namorada ou algo assim, vão?
- Com certeza vão – ele riu mais ainda. – Vamos ser discretos, é um preço que infelizmente eu tenho que pagar – ele suspirou.
- Ai meu Deus – eu ri e olhei pra Aninha, ela só falava ‘vai logo caralho’ e eu ri mais ainda, que desespero.
- Prometo que te pago um churros – ele disse e sua voz parecia um pouco mais melosa, eu ri. – Minha última oferta.
- Ah, tá bom – falei por fim e vi Aninha fazer um ‘YEEES’ – Como faremos? Eu vou pra lá?
- Sabe chegar lá? - Táxi, amigo, táxi! – Eu respondi e ele gargalhou. – Não estou tão perdida assim em Londres.
- Bom saber, vou fazer um quiz com umas 50 perguntas que todo londrino precisa saber, só depois disso você vai poder falar que conhece Londres muito bem ou não.
- É o preço que eu tenho a pagar – eu ri. – Como te acho lá?
- Vou te esperar no carro, quando eu te ver dou farol alto, pode ser?
- E como você vai saber que sou eu? Lembra da minha cara?
- Claro que sim – ele sorria, eu sabia disso. – Nos vemos em uma hora?
- Tá, fechado – suspirei. – Só não me abandona pra ficar falando com as fãs, sou muito anti-social.
- Há, ok – ele riu. – Até breve, beijo.
- Be-beijo?!
Desliguei o telefone vendo a Aninha pular em cima da cama e parecer absurdamente mais feliz do que eu. Não vou negar que eu estava sentindo calafrios, mas não conseguia decidir se era porque:
- Harry era um gatinho e talvez fosse a primeira vez em minha vida que eu fosse sair com alguém bonito
- Ok, ele era famoso! Ele era famoso! Como assim?
- Ele me ligou, como que essa pessoa conseguiu o telefone?
- Comparando as meninas que ele possivelmente já deve ter saído, eu devo ser a mais sem graça e eu não sei nada sobre ele, absolutamente nada.
- Rhanna? – Aninha me chamou, me tirando dos meus devaneios.
- Que foi, Aninha? – Eu perguntei.
- Você tem aí uma meia hora pra se arrumar, o trânsito em Londres é horrível e nós costumamos ser bem pontuais – ela sorriu. – O Harry vai estar te esperando.
- Aninha, eu... – pânico começou a se apoderar de mim, sério?
- Rhanna – ela veio até mim e sorriu. – Vamos, eu te ajudo a achar uma roupa.
Aninha abriu o guarda roupa e me mostrou algumas peças dela, eu mal sabia o que vestir pra ir pra escola, vou lá saber o que vestir pra ir em um encontro com um cara famoso? Olhei pro relógio, com essa minha indecisão se foram 7 minutos, eu ainda tinha que dar um jeito no cabelo e ficar apresentável. Sem falar da fãs que iriam estar lá e eu tenho certeza de que iam me olhar feio. Será que elas iam falar mal de mim no Twitter? Ai que coisa ridícula! E se falassem que éramos namorados? E se eu saísse na revista? Devo ir, não devo ir? Que seja... Aninha já escolheu a roupa que eu vou vestir, maquiagem e ela está mais preparada pra esse encontro do que eu. Espera, eu chamei de encontro? Isso não é um encontro, Rhanna, não é um encontro.
Eu só vou até o London Eye. Com um garoto. Do One Direction. Harry Styles.
Caralho!
Capítulo 03
Aninha me emprestou um sobretudo que seria capaz de me deixar aquecida o tempo todo, eu não tinha roupas quentes suficientes e não estava em meus planos sair à noite em Londres logo na minha primeira semana – ou nos primeiros cinco dias. Ela apenas arrumou meu cabelo de um jeito que me deixasse com cara de normal e disse pra eu não passar muita maquiagem (“lembre de don’t need make up to cover up, Rhanna!” – ela repetia enquanto passava um blush, me deixando com as bochechas coradas). Me olhei no espelho e me achei totalmente normal! Calça jeans, botas, blusa cacharrel preta por baixo e um sobretudo caramelo por cima. Luvas e um gorro – é, eu estava de gorro, eu sinto frio nas orelhas –, e esse adereço iria sumir no momento em que eu visse o Harry. Se eu falar em voz alta ‘eu vou ver HarryStyles’ vai ser muito estranho, prefiro manter esse pensamento em minha cabeça de forma isolada.
Jeff, meu taxista amigo desde meu primeiro dia, já estava me esperando em frente ao nosso albergue – é estranho falar albergue, então eu vou chamar de apartamento estudantil – e deu umas duas buzinadas, só pra me avisar que já estava ali.
- Perfume, maquiagem... Ai meu Deus, eu não acredito nisso! – Aninha sorria e batia palminhas enquanto dava voltas ao redor de mim pra checar se estava tudo bem.
- Aninha, não faz pressão, por favor – eu ri nervosa. – Ele é simplesmente um garo...
- Um garoto lindo de uma das minhas bandas favoritas! Não tire essa alegria de mim agora, Rhanna, me deixa ser groupie por você, já que você não está agindo como uma!
- Eu não gosto e nem quero ser groupie – bufei e apertei o sobretudo contra meu corpo. – E estou me sentindo assim, odeio essa sensação.
- Você é mais uma garota sortuda que vai dar uns peguinhas de leve no Harry e depois me contar tudo nos mínimos detalhes – ela riu e eu fiz careta. – É sério que você não quer dar uns pegas nele?
- Meu cérebro não funciona desse jeito – bufei de novo. – E agora deixa eu ir, se eu passar mais cinco minutos conversando com você eu desisto.
- Deixa que eu vou no seu lugar então – ela riu.
Cheguei ao andar debaixo em dois segundos, o que a Aninha estava falando não ajudava em nada, só me deixava mais nervosa! Eu não queria ir, ele pode ser bonito, mas e daí? Aposto que tem muitos outros garotos da minha idade que são bonitos, sangue europeu é sempre melhor que sangue brasileiro! Diga-se de passagem o McFly, os quatro são maravilhosos! E por eles eu viro groupie. Agora, com One Direction, eu nem sabia quem eles eram cinco dias atrás e agora estou indo em um pseudo encontro com um deles, eu sei que vai ser estranho!
- Boa noite Jeff – falei meio sorrindo.
- Boa noite, criança, como vai?
- Bem, tô bem... – entrei no táxi e fechei a porta. – Pro London Eye, por favor.
- Hm, já fazendo passeios noturnos? – Ele perguntou com uma malícia na voz e eu apenas ri. – Tome cuidado, os britânicos não pensam duas vezes antes de agarrar uma menina.
- Esse é meio... Diferente – falei e mordi os lábios. – Pelo menos eu acho.
- Como sabe?
- Hm, já ouviu falar da banda One Direction?
- Os cinco garotinhos que foram contratados pelo Simon? – Ele perguntou e eu balancei a cabeça afirmando, ele viu minha resposta pelo retrovisor. – Minha filha é louca por eles, tem posters grudados até no teto!
- Hm, legal – eu ri. – Então, digamos que eu vou sair com um garoto que é bem fã dessa banda – sorri, não ia falar que ia sair com um cara da banda.
- Ah, meio afeminado? – Ele perguntou já rindo e eu ri mais ainda.
- Não diria que é afeminado, apenas com um gosto musical peculiar.
- Gay, aham.
- JEFF! – Eu bati de leve no banco dele e ele gargalhou. – Nem sei porquê estou fazendo isso, esse garoto não faz meu tipo.
- Bom, é sempre legal experimentar – ele sorriu de forma paterna. – Você está em Londres, uma das cidades mais peculiares do mundo, por que não?
E com essa pergunta na cabeça ‘por que não’ eu fiquei meio calada e permaneci assim até chegarmos ao London Eye.
Assim que cheguei já vi umas sete meninas rodeando um garoto e tirando fotos. Claro, o garoto ali no meio era HarryStyles – desculpem, não consigo chamá-lo apenas de Harry! Fiquei parada uns metros longe vendo a cena e balancei a cabeça negativamente, o que eu estava fazendo lá? Aquelas meninas eram lindas demais, maldito sangue europeu, como eu já disse. Os cabelos longos, finos e lisos, o corpo esbelto e a pele branca como marfim, não era meu mundo. Respirei fundo e caminhei mais alguns passos, se eu cheguei até aqui eu ia pelo menos ter a descência de falar oi e me despedir cinco segundos depois. Quando eu estava chegando mais perto eu vi uma menina dar um beijo em sua bochecha e tirar uma foto, ele sorria e eu não posso negar que achei o sorriso dele bobo e infantil, porém lindo. Nossos olhares se encontraram e ele soltou um ‘heeeeeey’ bem animado, a menina que estava há poucos segundos beijando sua bochecha me olhou de cara feia e foi logo puxando o rosto dele chamando sua atenção. Sorri olhando pra baixo, que diabos eu fazia ali?
- Hey, garota – uma voz grossa me assustou e quando eu olhei para o lado vi uma pessoa bem BEM mas bem ‘forte’ e um pouco branquelo. – Por aqui, por favor.
Mas hein?
Olhei pra Harry, que ainda falava com as fãs, só queria que ele me olhasse por cinco segundos pra ver que eu estava mais ou menos querendo ajuda. Olhei pro armário ao meu lado e então vi um crachá escrito ‘1D’ e algumas coisas a mais. Ah, então ele deve ser o tal segurança, ok. Com o coração mais tranquilo eu o segui. Fomos até uma van preta que estava encostada um pouco mais afastada do London Eye, deve ser o carro em que o Harry veio e provavelmente que a banda toda usa. Pensei nas meninas ao lado do Harry Styles, elas iriam morrer pra estarem aqui.
- Bom, vocês dois tem trinta minutos pra ficarem juntos, o Senhor Styles precisa voltar cedo porque amanhã tem entrevistas logo pela manhã, entende? – Sua voz era grave e rouca e me dava medo, muito medo.
- Claro, tudo bem – concordei quase de forma automática.
- Infelizmente não sera possível vocês irem ao London Eye como ele havia combinado com a senhorita, vocês vão ficar aqui perto da van, eu preciso saber o que você gosta de comer. Hambúrguer? – E eu de novo fiz cara de ‘hein?’
- Desculpa, por que não podemos ir ao London Eye?
- Não posso expor o menino Styles, senhorita, há muitas fãs no local que de alguma maneira descobriram que ele viria pra cá hoje – ele falou com a voz um pouco mais calma, menos mal. – Eu tenho por objetivo protegê-lo da mídia e fotógrafos indiscretos. A senhorita deve saber que o senhor Styles é comprometido.
- Co-compro-compro hã?
- Comprometido – ele falou mais pausado pensando que eu fosse ou uma retardada ou não sabia falar inglês. – Tem uma namorada.
- Eu... Eu não sabia – falei baixo. – Então, por que ele me chamou pra vir pra cá?
- Ah meu Deus – ele coçou a nuca, quantas vezes ele não deve ter visto essa cena?
- Desculpa, acho que eu não devo fazer essas perguntas para o senhor, e sim pra ele, estou certa?
- Eu já respondi essa pergunta umas mil vezes por ele – ele sorriu. – Embora ele tenha uma namorada, é mais ou menos fachada pra mídia. É necessário agora no começo da carreira ele ter alguém ao lado, como posso explicar, Teen Vogue acha muito mais bonito fazer uma sessão de fotos com ele e a namorada do que com ele sozinho.
- Então ele namora uma menina apenas porque é necessário? – Perguntei quase aumentando minha voz um decimal acima. – Que ridículo.
- Concordo – o fortão deu de ombros. – É por isso que ele dá essas escapadas com as fãs – eu ia abrir a boca pra falar algo, mas já fui interrompida. – Só pedimos que não comente nada, não tire fotos, seja discreta e não fique no pé dele por Twitter, Facebook ou qualquer outro meio de comunicação virtual. E caso ele te ligue após a noite de hoje, não atenda.
- Fique tranquilo, eu não vou falar nada – quase bufei, sim, eu era a peguete da noite! Vai pra puta que pariu.
- Caso queiram ir para um lugar mais reservado, apenas me informem. Estarei no restaurante logo ali na frente, o senhorStyles tem meu número.
- Se nem podemos ir ao London Eye, pra que eu vou querer ir a outro lugar?
- Se o clima esquentar... Digo... Vocês são jovens...
- Temos trinta minutos! – eu disse entre os dentes. – E eu gosto de hambúrguer.
- Desculpe-me? – Ele não deve ter entendido a última parte, eu tava respondendo uma pergunta anterior.
- O senhor me perguntou se eu gostava de hambúrguer, eu disse que sim – sorri e ele acenou com a cabeça.
- Ok, obrigado pela resposta – quanta formalidade. – Vou buscar o senhor Styles. Por favor, espere perto da van um pouco escondida.
- Tá, já entendi.
Dei um sorriso falso e fiquei ao lado da van de forma escondida como o altão tinha me mandado. Nós estávamos um quarteirão longe do London Eye, a van estacionada em uma rua não muito deserta, mas com outros carros, então ficava meio que camuflado. O céu estava escuro, como uma manta negra, e exatamente nessa rua não tinha luz, o que me deixava mais na escuridão, só a luz de alguns flashes dos carros que passavam ali, mas estavam rápidos demais, então a luz durava pouco. Me encostei na van suspirando e sentindo o vento cortar o pouco de pele exposta que eu tinha, meu rosto. Deve ser muito difícil viver assim, uma pessoa controlando tudo o que você faz, não podendo ir aos seus lugares favoritos e ter que namorar por obrigação apenas pra fazer ‘média’ com a publicidade. Mas ele tinha namorada, de qualquer forma ele tinha uma pessoa, e eu, como foi deixado bem claro, era apenas mais uma que felizmente teria 30 minutos de amor com Harry Styles! Ah, por favor. Depois me dizem que essas meninas não são groupies, é óbvio que são.
Tentei abrir a porta da van, que, ainda bem, estava aberta. Lá dentro estava bem mais quentinho, então me sentei em um das cadeiras, poltronas, sei lá, e fiquei esperando o segurança trazer o garotinho que estava dando uma escapadinha hoje. Estava quase falando pra ele chamar uma das outras fãs e me deixar ir embora pra casa, mas eu iria ganhar hambúrguer de graça, deixa quieto.
- Heeeeeyyy... – a cabeça feliz de Harry Styles apareceu na porta da van.
Suas bochechas estavam rosadas, seus lábios vermelhos e seus cabelos iam de um lado pro outro por culpa do vento. Ele também estava com luvas, manga comprida, calça, todo empacotado. Senti um leve perfume vir na minha direção, mas nem me prendi a isso, caso contrário perderia o pouco que me restava da razão.
- Tudo bem, não vamos sair daqui – ele disse ao segurança, e logo depois entrou na van e se sentou de frente pra mim, acendendo a luz e deixando tudo um pouco mais claro. – Desculpa, não sabia que as fãs iriam descobrir onde eu estava hoje.
- Sem problemas – sorri meio sem jeito. – O fortão já me explicou tudo.
- Paul? – Ele sorriu. – Ele é de boa, sempre me ajuda – Harry Styles suspirou fundo e passou as mãos nos cabelos, empurrando-os para trás. – E então, como você está?
- Com frio – falei meio seca, eu estava desconfortável, ME DESCULPA!
- Olha – ele inclinou o corpo pra frente e pegou minha mão com uma brandura indescritível, quem era esse moleque? – Desculpa por não sair exatamente como eu planejei, eu realmente queria te levar até o London Eye, de noite é uma experiência incrível! – Ele sorriu e eu quase automáticamente sorri junto. – Espero poder marcar um outro dia.
- Sua namorada não vai ficar brava? – Perguntei.
- Ah, o Paul contou – ele soltou minha mão e eu estralei os dedos. – Nós não nos tratamos como namorados, é... Complicado – ele passou a língua pelos lábios e suspirou. – Não queria te colocar nessa situação.
- Harry, digo, posso te chamar de só de Harry?
- É o meu nome – ele riu e eu também, eu sou tão babaca.
- Bom, Harry – enfatizei o nome dele e ele riu de novo. – Eu não sei exatamente o que você estava esperando dessa noite, não sou como uma fã do seu grupo, digo, eu nem sou sua fã – falei e logo em seguida me arrependi. – Não se ofenda.
- De maneira alguma – ele ainda sorria.
- Continuando, eu não acho certo você ter uma namorada, mesmo que seja por conveniência, e sair por aí ficando com as fãs – suspirei e acabei mordendo meus lábios com um pouco mais de força, eu falo demais. – E eu não sou exatamente fã, acho que outra garota deveria estar no meu lugar. Na verdade, eu estou me perguntando por que eu ainda estou aqui – sorri sem graça.
- Rhanninha, posso te chamar assim? – Ele perguntou fazendo um cara engraçada e eu sorri concordando. – Obrigada pelo hm... Conselho – ele coçou a nuca e riu. – Você na verdade é a primeira garota que fala isso, geralmente as meninas não se importam muito com o fato de eu ter uma namorada.
- Eu não sou normal – ri sem humor.
- Não você não é – ele riu concordando. – Mas isso não é uma crítica, eu realmente queria te agradecer. A razão pela qual eu te chamei pra sair hoje foi na amizade, eu sabia que não ia conseguir nada com você, nem vim com essa intenção – arregalei os olhos assustada. – Não que você não seja atraente, de maneira alguma – ele se preciptou em se redimir. – Você é linda, é muito bonita – murchei meus olhos, não preciso de elogios, a besteira foi falada. – Ah meu Deus, agora você vai me achar o maior idiota de Londres.
- Imagine – falei meio sem forças. – Estou acostumada com isso – dei de ombros.
- Acostumada com o quê?
- Em ser a amiga – eu sorri. – Não se desculpe, Harry, de certa forma eu tô aliviada de você ter me chamado só na amizade, amigos são sempre bons – tentei parecer um pouco mais animada, não ia deixar ele mal. – E como eu não sou uma garota que sabe tudo da sua vida, acho que posso te tratar como um amigo mesmo.
- Não se acostume em ser apenas a amiga de um cara, de vez em quando nós queremos um pouco mais – ele sorriu. – Eu não queria te deixar mal, me desculpe.
- Não fica pedindo desculpas – eu ri. – Gente, que conversa desconfortável – comecei a rir e ele riu junto comigo.
- É a primeira vez que eu converso com uma garota desse jeito – Harry ainda sorria e era lindo. – Queria deixar claro que eu te chamei como amiga, mas te achei interessante. Desde que formamos a banda não tenho muito tempo para construir amizades e você me pareceu legal, o fato de não me ver como alguém famoso foi um bônus, me senti mais a vontade de te chamar pra sair.
- De nada? – Perguntei na dúvida e ele abriu o sorriso. – Deve ser difícil não conseguir conversar com alguém sem que essa pessoa tenha segundas intenções.
- Um pouco – ele disse. – Do dia pra noite nossa vida mudou, nem nossos amigos antigos nos tratam como antes. Na verdade, hoje eu considero os meninos da banda como meus melhores amigos, nós passamos por tudo juntos e vimos nossa vida mudar diante dos nossos olhos, ninguém sabe, mesmo que de vez em quando eu queria só chamar uma garota legal pra comer um lanche no London Eye sem ser perseguido por fotógrafos e ver fofocas dela no dia seguinte – ele olhou pra mim e sorriu de forma sincera.
- Bom, nós vamos comer um lanche numa van, isso é bem legal também – eu sorri e ele sorriu junto. – Eu posso vir no London Eye depois, é o número um dos meus pontos turísticos que pretendo visitar.
- Mas não vai ser a mesma coisa se você vier de dia – ele disse brincalhão. – E nem vai ter a minha companhia.
- Eu ligo pra você desde o momento em que eu pisar no London até a hora que eu sair, pode ser? – Falei brincando e só depois me toquei do que tinha dito, eu tava mesmo pedindo o número de telefone dele?
- Hm... – ele fez um estalo com os lábios e eu fiquei vermelha. – Pra isso você precisa do número do meu telefone – ele sorriu.
- É, e você não precisa me dar se você não quiser – eu disse. – Na verdade, o Paul deixou bem claro pra eu não te ligar e nem ir atrás de você pelas redes sociais, então esquece o que eu disse.
- Ele diz isso para as meninas que geralmente beijo – ele mordeu os lábios. – E você não é uma delas – eu sorri totalmente sem graça e, devo acrescentar, sem esperança alguma. – Você é amiga, não tem problema ter meu número.
- Então se eu me perder em Londres e precisar de ajuda eu vou poder te ligar?
- Se eu não estiver ocupado, por que não? – Ele sorriu. – Cadê seu celular?
- Espera...
Peguei meu celular do bolso um pouco tremendo, não pensei que ia ser tão fácil a esse ponto e meu coração dava saltos dentro de mim. Tudo bem que eu realmente ia ser só amiga dele, mas era demais! E ele era bonito, nunca fui amiga de ninguém bonito. Entreguei meu celular em suas mãos e ele rapidamente anotou uns 8 números lá, aproveitou e tirou uma foto dele mesmo fazendo careta e colocou como a foto que iria aparecer caso ele me ligasse ou eu ligasse pra ele. Pensei comigo mesma que aquela foto era algo mais que precioso, imaginei a foto sendo editada no Tumblr e as meninas pagando pau em cima. Pra mim seria a foto de um ‘amigo’ que eu acabei de fazer e estaria em meu celular, e agora eu teria que redobrar o cuidado com o aparelho.
- Pronto – ele sorriu e me entrou meu aparelho móvel. – Aproveitei e já dei um toque no meu celular pra eu gravar seu número, mas preciso de uma foto sua pra eu saber que é você quem está me ligando.
- Fala sério – eu ri vendo meu celular e a foto dele. – Nem pensar, odeio fotos!
- Se você se encontrasse com Tom Fletcher e fosse seu único momento de ter uma foto com ele, você iria se recusar só por que não gosta de fotos? – Ele me perguntou sorrindo com os lábios fechados e fazendo uma cara de arteiro.
- Como que você sabe que eu tenho uma queda pelo Tom?
- A foto dele tá de background do seu celular – ele apontou para o objeto em minhas mãos e eu fiz cara de culpa. – E então, você iria tirar uma foto com ele?
- É diferente – eu disse meio manhosa. – Ele é meu ídolo, eu o amo desde o primeiro CD do Mcfly, se eu não tirasse uma foto com ele seria estúpida! Eu poderia ficar horrorosa, mas seria uma lembrança boa – eu falei meio sonhadora.
- Então você só tira foto com pessoas que você acha especial, tô errado?
- Ai, chega com isso – eu ri. – Você vai querer saber porque você não é especial e blábláblá e eu vou ficar mais sem graça, essa noite já está sendo estranha o suficiente, não torna isso pior!
- Ok – ele ergueu os braços. – Só olha aqui pra mim, rapidão...
E quando eu ergui meu rosto, o filho da puta bateu uma foto minha.
- HEEEEY! – Tentei pegar o celular das mãos dele de onde eu estava, mas ele ergueu o aparelho mais alto e ria descaradamente. – Não te dei liberdade pra você ter uma foto minha no seu celular.
- Eu pego liberdade fácil com as pessoas que eu gosto – ele sorriu e deu uma piscada de leve com o olho. – Pronto, sua foto já está anexada ao seu número de telefone.
- Eu posso pelo menos ver como ficou isso?
- “Isso” ficou lindo – ele sorriu. – Confia em mim, não vou mostrar essa foto pra ninguém.
- Assim espero – eu bufei. – Que saco, garoto.
- Como você é fraquinha nos argumentos – ele gargalhou e eu bufei mais ainda, eu nem sabia mais o que falar! Se ele fosse um amigo meu de longa data, nesse momento ele estaria cheio de marcas de tapas.
Ficamos nessa briguinha de gato e rato por mais uns cinco minutos. Não demorou mais que isso para Dave aparecer com hambúrgueres, refrigerante e uma dose extra de chocolates. E eu achando que ia comer de forma saudável aqui em Londres.
Harry acabou me contando coisas que, eu tenho certeza, nenhuma revista de fofoca sabe. O que ele sentiu quando foi eliminado no Xfactor e depois acabou voltando com os meninos, o que todos sentiram quando conseguiram a terceira colocação, a primeira fã que ele abraçou, a sensação de ter o CD em mãos e, claro, coisas pessoais. Primeira namorada, primeiro beijo, marcas de roupa favoritas, primeiro tombo de bicicleta, essas coisas. Harry ficou querendo saber um pouco de mim, mas eu fui meio seca nas respostas, eu não queria falar tudo de mim assim na primeira conversa, confesso que estava sendo mais interessante saber da vida dele e me sentir especial por alguns minutos, a ideia de que aquelas meninas do lado de fora estavam agora chorando e morrendo porque conseguiram uma foto com ele e eu estava dentro de uma van comendo hambúrguer com Harry Styles me dava arrepios.
- Com licença – Paul abriu a porta da van enquanto nós colocávamos o lixo dentro de sacolinhas plásticas. – SenhorStyles, nós realmente precisamos ir.
- Agora? – Ele fez uma cara tão bonitinha, senti vontade de apertar suas bochechas.
- Infelizmente, o senhor tem entrevistas a partir das 7 da manhã.
- Tá – ele supirou. – Nos dê mais cinco minutos, por favor.
- Ok, estou esperando aqui fora – ele disse calmo. – Senhorita, você precisa de carona pra casa?
- Não, obrigada – respondi. – Eu chamo um táxi.
- De maneira alguma – Harry falou. – Você já está dentro de uma van, pra que chamar um táxi?
- Você não é o único que tem motorista particular – eu sorri. – Já combinei com um taxista que é meio que meu amigo, ele vem me buscar.
- Então liga pra ele agora, não vou deixar você esperando um táxi sozinha – Harry respondeu. – Dê o telefone ao Paul que ele liga, você pode fazer isso, né, Paul?
- Claro que sim – o grandão respondeu. A meio contragosto eu dei o número do telefone do Jeff, em meia hora eu fui mimada de um jeito que eu nunca fui na vida.
Harry e eu saímos da van e colocamos o lixo em uma caçamba ali perto, achei engraçado, ok? Londres também tem caçamba! Paul ligou para Jeff explicando certinho onde nós estávamos, Harry e eu nos sentamos na calçada perto da sarjeta e ficamos ali esperando meu taxista fofo. Estava mais ou menos perto das nove da noite e o frio em Londres tinha se intensificado, eu até mesmo esqueci de tirar meu gorro, porque minhas orelhas estavam frias até mesmo dentro da van. Apertei o sobretudo da Aninha contra meu corpo e abaixei mais meu gorro, estava me sentindo uma bolinha toda empacotada; Harry olhou pra mim de lado e sorriu.
- Não está acostumada com o frio?
- Brasil é bem mais quente que isso até no frio – falei meio que batendo o queixo e sentindo minha boca arroxear. – Isso aqui é frio demais pra mim.
- Toma – ele tirou o cachecol que usava e me deu. – Cobre seu rosto com isso, vai ajudar.
- Não precisa, o Jeff tá chegando – eu sorri meio trêmula e ele me lançou um ar desconfiado.
- Teimosa – ele virou todo o seu corpo pra mim e colocou o cachecol ao redor do meu pescoço. Tinha uma razão pela qual eu não queria usar aquilo, esse pedaço de pano tava no PESCOÇO dele, e o perfume dele, claro, vívido e delicioso ali. – Tá melhor?
- Um pouco – respondi subindo o cachecol até meu nariz, não era pra sentir o perfume dele melhor, eu juro. – Obrigada.
- De nada – ele sorriu e me abraçou de lado, levei um susto e fiquei mais paralisada do que já estava. – Sabe, essa foi uma das noites mais normais que eu já tive desde que entrei na banda.
- Desculpa por não ter sido uma groupie – falei tirando o cachecol de cima da minha boca e rindo. – Acho que você vai ter que agarrar o Paul pra descontar sua frustração.
- Vou agarrar um dos meninos, pode ter certeza – ele sorriu. – E obrigada por não ser uma groupie – viramos nossos rostos ao mesmo tempo e deu aquela coisa bem clichê do tipo ‘nossos rostos estão perto demais’. – Se você fosse groupie, eu não te veria de novo.
- Por que não? São elas que seguem a banda pra todos os lados – falei um pouco baixo, estava perdida no meio do sorriso e dos seus olhos.
- É sempre a mesma conversa, não tem... Entrosamento, se é que posso falar assim. É diferente, bem diferente – ele sorriu. Sua mão, que estava apoiada um pouco mais abaixo do meu ombro, me abraçou mais forte, estávamos mais perto. – Eu tenho certeza de que vou te ver de novo.
- Pra devolver o cachecol? – Perguntei rindo. – Porque eu realmente não vou devolvê-lo hoje, finalmente estou sentindo a ponta do meu nariz.
- Há – ele riu alto. – Exato, vou cobrar o cachecol, e que bom que seu nariz voltou a ser sentido – ele deu um peteleco de leve e sorriu assim como eu, borboletas faziam festa na minha barriga.
- Com licença – Paul, de novo, apareceu. – Acho que o seu taxista acabou de chegar.
- Ah, obrigada – eu sorri.
Harry me ajudou a levantar e foi abraçado comigo até o táxi, que estava parado um pouco mais atrás de onde estava a nossa van.
- Acho melhor nos despedirmos aqui, a filha do Jeff é bem fã de One Direction e ele pode pedir alguma coisa pra você, sei lá – falei parando uns dois carros antes do táxi.
- Fala pra ela vir da próxima vez com ele, aí eu tiro uma foto com ela ou algo assim, pode ser? – Ele sorria, meu Deus, como ele sorriu hoje.
- Fechado – eu disse. – Bom, boa noite, Harry. Obrigada pelo lanche.
- Boa noite, Rhanninha – ele me respondeu vindo até mim e me dando um daqueles abraços apertados que você não quer se soltar nunca. Antes de sair ele me deu um beijo que demorou quinze segundos, beijo na bochecha, e, sim... Eu contei os segundos.
- Boa sorte na entrevista amanhã cedo – falei com as pernas meio bambas, a sensação do rosto dele perto do meu e dos seus lábios era recente e me dava faniquitos. – É pra qual revista?
- SugarScape – ele falou animado. – Hey, você não vai com a sua turma participar de uma sessão de fotos nossa?
- Vou sim, daqui quinze dias – eu sorri. – Finalmente vou conhecer a banda toda.
- Não temos que esperar quinze dias – ele disse. – Nós vamos fazer um show na arena O2 esse sábado, por que não vem?
- Porque não tenho ingressos...? – Perguntei meio na dúvida.
- Ah, claro – ele riu. – Oi prazer, sou Harry Styles da banda One Direction; quer comprar um ingresso? – Ele fez cara de comerciante e começou a rir, assim como eu, a cada segundo eu achava ele mais fofo. – Deixa de ser boba, vai como minha convidada.
- Ah, Harry...
- Hey, você é minha amiga ou não? – Ele sorriu me segurando pelos ombros e quase me abraçando de frente. – Queria muito que você fosse, quem sabe não te transformo em uma ‘Directioner’?
- Hein?
- Fã de One Direction – ele me respondeu fazendo uma cara meio óbvia, eu lá sabia que as fãs tinham nomes!
- Vai ser difícil me levar pro lado negro da força, sou uma fã muito fiel ao McFly.
- O Tom escreveu uma música pra nós...
- O QUÊ? – tá, eu berrei na cara dele. – VOCÊS CONHECEM TOM FLETCHER?
- É essa reação que eu queria quando você ouvisse ‘One Direction’ – ele apontou pra minha cara, que deveria ser de espanto, e começou a rir.
- Desculpa, mil vezes desculpa...
- Tá – ele ainda ria. – Sim, nós conhecemos o Tom. Ele escreveu uma música pra nós, se chama ‘I Want’, geralmente abrimos o show com ela.
- Caramba, caramba – coloquei a mão na boca pra não gritar de novo. – Você... Você fala com ele tipo... Sempre?
- Não sempre – ele deu de ombros. – Mas eu tenho o telefone dele no meu celular, da banda toda pra falar a verdade.
- CARALHO! – Falei em português mesmo, Harry me olhou engraçado. – Nós conversamos por meia hora e você se esqueceu de me falar que você tem o número da pessoa mais perfeita no seu celular! Que tipo de amigo você é? – Tá, eu estapeei ele, no braço, foi sem querer. Assim como o segundo tapa, o terceiro, o quarto...
- Calmaaaaaa... – ele ria alto enquanto segurava meus braços, me deu um desespero, Tom estava tão longe e tão perto de mim; nem percebi quando Harry segurou meus braços atrás de seu corpo e nós estávamos novamente abraçados de frente. – Da próxima vez eu prometo que falo com o Tom, tá bom?
- Tá – eu ri. – Ai, sou groupie do McFly e vou usar você pra chegar até eles!
- Aham... – ele sorriu, assim como eu. – Essa seria a parte da noite onde eu beijaria a garota – Harry sorriu com os lábios fechados. De repente toda aquela excitação McFly foi embora, minhas pernas bambearam e o sorriso que estava antes em meu rosto saiu, eu não estava esperando por aquilo. Pensa rápido, Rhanna, pensa...
- Quer parar de me paquerar? – Saí do abraço e o empurrei pelo peito, já caminhando na direção do táxi, e deixei Harry com um sorriso bobo no rosto, eu acho que devia estar com um também. – É bom que você me liguei de novo, Harry, ou eu vou dar uma de stalker atrás de você.
Nem ouvi a resposta dele, saí correndo na direção do táxi e entrei quase que com tudo, assustando um Jeff que lia o jornal calmamente.
- Menina, que pressa é essa?
- Desculpa, Jeff, eu tô... feliz, só isso – eu sorria enquanto tirava o sobretudo, mas ainda ficava com o cachecol.
- Foi bom o encontro?
- Foi inesperado – eu ri. – Me leva pra Stanton, por favor? Eu só quero me trancar no quarto e ficar sorrindo igual besta pra parede.
- Ok – ele riu. – Ah, adolescentes.
Encostei minha cabeça no vidro enquanto via a London Eye se distanciar ao fundo, vi a van sair de dentro da escuridão e pegar a direção oposta da minha. Queria passar mais tempo com Harry, queria falar mais sobre sua vida, sobre a minha vida, e queria que ele ligasse pro Tom. Isso foi ridículo, mas eu sou fã!
Senti meu bolso vibrar e tive quase certeza de que era uma mensagem da Ana, ela devia estar louca querendo saber como foi o encontro e os detalhes. No fundo eu sabia que iria ficar despontada, não teve amassos como ela pensou. Levei um susto quando vi a foto que Harry havia tirado dele mesmo ali e ‘uma nova mensagem Harry Styles’ piscando no Iphone.
‘Esteja às 4 da tarde na Entrada C da Arena O2. O show começa às 6h, então vamos chegar mais cedo para fazer o soundcheck. Se quiser levar uma amiga, fica à vontade, Paul vai estar te esperando com as credenciais. Não me desaponte X’
Não me desaponte? Como assim? Ai meu Deus, a Ana vai ter um treco! Nós vamos ao show do One Direction.
‘Você esqueceu sua carteirinha do curso na van, vai precisar dela? Aliás, bela foto, Rhanninha X’
- Ah meu Deus! – Eu falei alto e Jeff me olhou curioso.
- Alguma coisa, pequena?
- Não – eu ri. – Coisa minha.
Olhei pra mensagem de novo e tive que engolir a vontade de rir. Eu não ia precisar dela, Harry, meu curso só começa semana que vem. Respondi rapidamente e guardei o celular no bolso novamente. Quando me disseram que a experiência em Londres seria uma coisa única, nunca me avisaram que eu estava correndo o risco de ser amiga de uma banda, de sair pra comer com um dos caras da banda e nem de ficar recebendo mensagens dele. E de ficar absolutamente encantada pelo jeitinho dele a noite toda.
E de ter que me lembrar a cada cinco minutos que ele tem namorada.
É, nada é perfeito...
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